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Com a suspensão das aulas na maioria dos Estados devido à pandemia do novo coronavírus, muitos estudantes estão em casa com os parentes, que tentam conciliar o trabalho formal e as tarefas domésticas com as atividades escolares que mantenham os alunos na rotina de estudos.

Segundo dados do Censo Escolar, em 2019, havia 47,9 milhões de alunos matriculados na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) em todo o país, nas redes pública e particular.

Com tantos estudantes em casa, algumas instituições de ensino tentam manter as aulas e as lições à distância, o que também representa um desafio para os pais, muitas vezes, sobrecarregados. E o desafio tem sido grande, relatam muitos pais e mães. Como destaca a vendedora Silvia Cainelli Zicchella, mãe do Caio de 10 anos e da Eva de 6, “Essa pandemia não veio com nenhum manual né?”. Para ela, que sempre trabalhou fora desde que o primeiro filho nasceu, este momento tem sido também de conhecimento mútuo.

“Tenho conhecido meus filhos agora, sempre trabalhei fora e, desde que tive o Caio, nunca tive oportunidade de ficar com ele, estive sempre terceirizando a educação. Isso me doía muito. Queria ter meio período com eles, mas sempre gostei de trabalhar fora e, quando a gente tem essa oportunidade, a gente até se assusta. É uma experiência diferente. Estou conhecendo as pessoas que eu mais amo na vida, porque você tem que ficar trancafiado com eles, sem eles poderem também fazer uma atividade diferente”.

Ela conta que a primeira semana foi a mais difícil, pois queria tentar conciliar tudo. “Confesso que, na primeira semana, eu até surtei, porque eu queria fazer tudo. Mas, de uma semana para cá, eu pus na minha cabeça que minha casa não é prioridade. A atenção que eu tenho que dar para eles é maior e, em relação ao trabalho, caiu o movimento, e a empresa deu férias”, detalha.

Na escola em que os filhos dela estudam, o Colégio Soter, na zona leste da capital paulista, todos os dias, eles assistem a duas aulas de vídeo com a professora “on-line”. O restante das atividades é enviado pelo aplicativo. “A parte da escola estou fazendo na medida do possível. Quando as coisas normalizarem, vamos ver como fica, mas eles têm uma vida toda pela frente para recuperar esse tempo”, analisa Silvia.

A jornalista Keila Mendes, de Belo Horizonte (MG), está mantendo a rotina com seus dois filhos, Davi de 13 anos e Daniel de 3 anos. “Aqui em casa, eu procurei logo de início estabelecer rotinas para que eles não perdessem muito o ritmo e incrementei algumas coisas. De amanhã, a gente tem um momento para cantar e relaxar. Para o Davi, que está no 8º ano, o Colégio Santa Maria já voltou com as aulas ‘on-line’, no horário normal, e o Daniel, que está no maternal, só brinca. E os dois estão envolvidos comigo nas atividades de casa e, assim, o dia passa rápido, quando a gente estabelece essas atividades”.

Para ela, a rotina não tem sido pesada. “Até que, para a gente, não estão penosos esses dias, mas tomara que passe logo porque, daqui para frente, talvez eles sintam a falta dos colegas. Mas, a princípio, eles estão gostando, mas espero que tudo volte ao normal até pela segurança de todos”.

Já o analista de sistemas Leonardo Inácio, de Muriaé, interior de Minas Gerais, disse que está com uma rotina puxada com a filha Isis, de 7 anos. Ele está gerenciando a própria empresa em “home office” em tempo integral, mas considera o momento importante para ficar com a filha. “Estou em ‘home office’ em horário normal, mas, na hora do almoço, eu paro. Vou para cozinha com minha filha, e ela me ajuda a fazer a refeição”, diz Leonardo.

A escola em que a filha estuda, o Colégio Santa Marcelina, está oferecendo também as aulas pela “internet”. “Depois do almoço, ela vai fazer a aula remota. A classe dela começou a ter aula pela ‘internet’ em videoconferência, e a professora passa algumas tarefas. Está sendo muito bom ficar com a minha filha o tempo inteiro, em casa, fazendo as coisas juntos, mas está apertado, porque a gente tem que dar conta do trabalho, o telefone não para, e ainda arrumar a casa. Mas estamos respeitando bem a quarentena e estamos os dois aqui, nos divertindo também”, detalha.

Férias antecipadas

Outras escolas optaram por antecipar as férias, já que muitos pais não conseguiram usar as plataformas de ensino. É o caso do Colégio Santa Clara, em São Paulo, onde estuda Luiz Gustavo, de 6 anos, no primeiro ano do ensino fundamental. “O colégio passou exercícios que puderam ser acessadas pelo Portal Pitágoras, que a escola já usava, e pelo Google Classroom. Mas, a partir de 1º de abril, a direção decidiu antecipar as férias de julho, pois alguns pais não estavam conseguindo usar as plataformas e outros reclamaram que precisavam trabalhar em casa e não conseguiam dispor de tempo para ministrar as aulas dos filhos pequenos”, disse a mãe do estudante, a nutricionista Thais Doblado Prodomo, que também é “trader” e já trabalhava de casa com ações na bolsa de valores.

Ela diz que, enquanto isso, o filho tem feito atividades livres. “Ele brinca, joga jogos no computador, e leio livros junto com ele. Aqui, está bem tranquilo”, completa Thais.

Fortalecer laços

Na opinião da professora de educação infantil Angélica dos Santos Benith Belo, mais do que estudar com os filhos, o momento deve ser usado também para fortalecer os laços familiares. “Iniciamos o recesso escolar enviando sugestões de atividades para os pais. A maioria participou com entusiasmo na primeira semana. Já na segunda semana, relataram certa dificuldade em aplicar as atividades e demonstravam, em sua fala, um anseio pela volta das aulas. Percebendo isso, enviamos vídeos que demonstravam a importância do vínculo familiar e dinâmicas de afeto. Neste momento de incertezas, orientamos as famílias para que aproveitem esse tempo juntos sem a correria da vida e do dia a dia com seus filhos”, aconselha.

Aulas por TV aberta e celular

Nesta sexta-feira (3), o governador João Doria anunciou o lançamento do Centro de Mídias da Educação de SP, uma plataforma que vai permitir que os estudantes da rede estadual tenham acesso, gratuitamente, a aulas ao vivo, videoaulas e outros conteúdos pedagógicos durante o período do isolamento social provocado pelo combate à covid-19.

As aulas na rede estadual de São Paulo estão suspensas desde o dia 23 de março, como medida de controle à propagação da doença. Como a Secretaria de Estado da Educação (Seduc) antecipou o período de férias e recesso escolar, neste momento, é importante que os estudantes acessem e conheçam as ferramentas para se familiarizar. As aulas que contarão como dias letivos recomeçam no dia 22 de abril.

Além da ferramenta que vai viabilizar o ensino presencial mediado por tecnologia, o governo de São Paulo também fechou um contrato com a TV Cultura, que vai transmitir as aulas por meio do Canal digital 2.3 – TV Cultura Educação. Depois da reabertura das escolas, a ferramenta vai continuar sendo usada para complementar as atividades presenciais.

TV Escola

A TV Escola lançou o projeto “Seguimos Conectados” que pretende ajudar crianças e jovens brasileiros sem aulas por causa da epidemia. O projeto é um conjunto de ações que utilizam as mais de 500 horas de programação educativa do canal – sendo 200 horas de programação inédita – para manter os estudantes da educação básica engajados nos seus processos de aprendizado, mesmo estando fora do ambiente escolar.

Todas as redes sociais e as plataformas da TV Escola – “app”, portal, canal de televisão aberto, por satélite e pago – vão dar dicas de como os pais podem motivar as crianças a seguirem estudando, como os professores podem compartilhar ideias de utilização da programação do canal e os alunos selecionar conteúdos por área de conhecimento. O acesso aos conteúdos do projeto “Seguimos Conectados” é feito pelo canal TV Escola ou pelo “site” www.tvescola.org.br.

(Fonte: Agência Brasil)

Os estudantes da área de saúde estão sendo chamados para atuar no enfretamento ao novo coronavírus (covid-19) no país. Isso está sendo feito pelo Ministério da Saúde, por meio da ação O Brasil conta comigo. O edital sobre a medida está publicado no “Diário Oficial da União” dessa quarta-feira (1º).

O documento estabelece as providências emergenciais e traz informações sobre como os alunos de medicina, enfermagem, fisioterapia e farmácia devem proceder para atuarem no combate ao covid-19 no Sistema Único de Saúde (SUS).

“Podem participar alunos matriculados em instituições de ensino superior, públicas e privadas, que integram o sistema federal de ensino, cursando o 5º e 6º ano de Medicina, além de alunos do último ano dos cursos de graduação em enfermagem, fisioterapia e farmácia. Os estudantes deverão reforçar de forma prioritária a atuação na Atenção Primária à Saúde do SUS”.

De acordo com o edital, os estudantes chamados terão direito a uma bonificação, que incluem o recebimento de uma bolsa, enquanto durar a medida, de acordo com a carga horária do estágio supervisionado – de 40h no valor de um salário mínimo (R$ 1.045) e de 20h no valor de meio salário mínimo (R$ 522,50).

Eles ainda receberão 10% de pontuação no ingresso em programa de residência do Ministério da Saúde, no prazo de dois anos, além de certificado de participação. O Banco do Brasil apoiará a iniciativa do ministério, disponibilizando solução 100% digital para o pagamento das bolsas dos estudantes.

Inscrição: passo a passo

O cadastro dos alunos poderá ser feito via endereço eletrônico http://sgtes.unasus.gov.br/apoiasus/ a partir desta quinta-feira (2), com o preenchimento da Ficha do Aluno. Ao ser chamado, por meio de correspondência eletrônica, o aluno deverá se apresentar em até 48h no estabelecimento de saúde indicado. Os estudantes também poderão atuar nas áreas de clínica médica, pediatria e saúde coletiva, de acordo com as especificidades de cada curso.

(Fonte: Agência Brasil)

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou, na última terça-feira (31), o edital do Exame Nacional do Ensino Médio. As datas de aplicação do exame impresso, nos dias 1º e 8 de novembro, e do digital, nos dias 11 e 18 de outubro, anunciadas no ano passado, foram mantidas pela autarquia.

Em todo o país, com as aulas presenciais suspensas para combater a pandemia do novo coronavírus (covid-19), estudantes buscam se preparar com as ferramentas que têm à disposição.

Desde o dia 18 de março, a estudante do 3º ano do ensino médio do Colégio Mopi, no Rio de Janeiro, Júlia Lima tem aulas “on-line” diariamente. “Para mim, que estudo em escola particular e tenho todos os recursos para estudar, tenho acesso ao computador, não altera muita coisa [no preparo para o Enem]. Mas, para aqueles que não têm acesso à ‘internet’, vai mudar muito”.

O horário das aulas presenciais foi mantido na modalidade a distância. Segundo Júlia, há um esforço de toda a equipe escolar para oferecer o melhor conteúdo possível. “Eu acho que [aula ‘on-line’] é um pouco mais complicada porque não tem a interação real da sala de aula, mas é bem similar. A escola está fazendo um esforço de mobilizar os professores, e estamos tendo aulas ao vivo, realmente”, conta a estudante que quer cursar psicologia em alguma das universidades públicas no Rio.

As aulas a distância de Sabrina Lopes, estudante do 3º ano do Colégio Estadual Vicente Jannuzzi, localizado na Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio de Janeiro, começaram nesta semana.

“Está sendo muito difícil porque é um ano complicado, mas que era muito esperado para mim. Eu sempre quis saber como era o 3º ano e agora está sendo uma experiência horrível. Sempre gostei de estudar, de aprender coisas novas. Agora, a gente não pode ir para a escola, está sem a convivência com os amigos, sem a convivência com os professores, que são ótimos”, diz.

Sabrina tem, desde segunda-feira (30), conteúdos disponibilizados na plataforma Google Classroom, graças a um convênio firmado pela Secretaria estadual de Educação do Rio de Janeiro. Mas, ela conta que aprender “on-line” é um desafio. “Eu acho que a gente não aprende de verdade. Têm que olhar várias e várias vezes até entender”. A estudante pretende cursar educação física na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

No Distrito Federal, o estudante Axel Mark de Matos, do 3º ano do Centro de Ensino Médio 304 de Samambaia, está com as aulas suspensas. Ele busca, por conta própria, manter os estudos em dia. “Eu tento revisar o que foi dado este ano, faço pesquisas de matérias que podem cair e peço ajuda a um dos professores, que mora aqui no meu prédio”, diz.

Mesmo sendo vizinho de um dos professores, Matos diz que, na maior parte do tempo, estuda por conta própria, sem auxílio. “Eu acho que o que mais dificulta é não ter acesso a esse ambiente que a escola gera. Na escola, os professores ajudam muito a gente”, diz o estudante que pretende seguir, no ensino superior, a área de Tecnologia da Informação (TI), em que está finalizando um curso técnico.

Estudos pela “internet”

A manutenção do calendário, de acordo com o professor de redação do ProEnem, plataforma “on-line” de preparação para o exame, Romulo Bolivar, causou apreensão entre aqueles que estão preparando-se para o Enem. “Os alunos ficaram muito apreensivos porque não há uma naturalidade no curso, na formação do ensino médio este ano. Os alunos ainda estão muito inseguros, as escolas ainda estão se mobilizando. Não sabem se vão conseguir dar conta do conteúdo que estava previsto até a data do Enem”.

Além das aulas no ProEnem, o professor envia “podcasts” a pré-vestibulares e cursinhos comunitários, onde, segundo ele, há pessoas que têm dificuldade de conexão para acessar vídeos. “As escolas particulares se mobilizaram para colocar videoaula, enviar material. Nas públicas, apesar do esforço dos governos, muitas vezes não há nem celular para receber esse material ‘on-line’, há alunos que não estão nem a par se as aulas irão ou não continuar [no formato a distância]”.

Nesse cenário, o professor recomenda que, na medida do possível, os estudantes estejam informados das decisões do Inep, que acompanhem as medidas tomadas e que sigam o calendário estipulado. Para os estudos, ele recomenda àqueles que não podem pagar, que pesquisem conteúdos “on-line”, que acessem videoaulas, que façam exercícios e reservem um horário no dia para os estudos. O ProEnem é uma das plataformas que oferece aulas gratuitas pela manhã.

“É importante tentar, se inscrever no Enem, não desistir. A gente não sabe o que vem pela frente. Não sabe dos rumos da pandemia. Os alunos devem buscar informações. Devem ficar tranquilos e continuar na disputa”, aconselha.

No Brasil, em todos os Estados, há suspensão de aulas para conter o avanço da pandemia do novo coronavírus. A medida não é exclusiva do país. No mundo, de acordo com os últimos dados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), que monitora os impactos da pandemia na educação, 188 países determinaram o fechamento de escolas e universidades. A decisão afeta 1,5 bilhão de crianças e jovens, o que corresponde a 89,5% de todos os estudantes no mundo.

(Fonte: Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro assinou,nesta quarta-feira (1º), a Medida Provisória nº 934, que “estabelece normas excepcionais sobre o ano letivo da educação básica e do ensino superior”.

A medida foi baixada em razão dos riscos de contágio do novo coronavírus. Conforme descreve o texto, as normas excepcionais são “decorrentes das medidas para enfrentamento da situação de emergência de saúde pública”.

De acordo com a MP, “o estabelecimento de ensino de educação básica fica dispensado, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho escolar (...), desde que cumprida a carga horária mínima anual estabelecida nos referidos dispositivos”.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) determina que “a carga horária mínima anual será de oitocentas horas para o ensino fundamental e para o ensino médio, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver”.

No caso das aulas em faculdades e universidades, a MP estabelece que “as instituições de educação superior ficam dispensadas, em caráter excepcional, da obrigatoriedade de observância ao mínimo de dias de efetivo trabalho acadêmico (...) observadas as normas a serem editadas pelos respectivos sistemas de ensino”.

Para o ensino superior, a LDB também estabelece que o ano letivo regular tem, no mínimo, duzentos dias, excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver.

A lei prevê, porém, que “é obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo nos programas de educação a distância”.

Para os cursos de Medicina, Farmácia, Enfermagem e Fisioterapia, a MP assinala que “a instituição de educação superior poderá abreviar a duração dos cursos (...) desde que o aluno, observadas as regras a serem editadas pelo respectivo sistema de ensino, cumpra, no mínimo: I – setenta e cinco por cento da carga horária do internato do curso de medicina; ou II – setenta e cinco por cento da carga horária do estágio curricular obrigatório dos cursos de enfermagem, farmácia e fisioterapia”.

(Fonte: Agência Brasil)

Um em cada três estudantes (33,5%) que tentaram vaga no curso superior, nos últimos cinco anos, por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), não tem acesso à “internet” e a dispositivos, como computador ou celular, que permita, por exemplo, aprender por meio de Educação a Distância (EaD).

Em tempos da pandemia de covid-19, recursos de teleaula em aplicativos fornecidos por faculdades têm sido estratégicos para manter o semestre letivo e viabilizar a aprendizagem.

Conforme análise dos dados colhidos nas respostas do questionário socioeconômico aplicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao Ministério da Educação (MEC), na inscrição para o exame nos últimos cinco anos, 65,9% dos egressos desse nível de ensino declararam acessar “internet” e celular; 61,9% tinham computador e celular; e 54,81% tinham os dois dispositivos e acessavam a rede mundial de computadores. Quase 98% declararam ter celular.

Os dados foram levantados pela plataforma interativa Quero Bolsa, criada para estudantes buscarem auxílio e descontos para inscrição em faculdades particulares.

Pedro Balerine, diretor de Inteligência Educacional da plataforma, ressalta que os dados são colhidos antes do ingresso universitário, mas assinala que “se um terço dos egressos [do nível médio] não dispõe dos meios necessários para a EaD, é improvável que esse número caia a zero quando esses alunos entrarem na faculdade”.

Conforme o especialista, “as instituições precisam se preocupar com esse assunto, senão correrão o risco de lidar com evasão e baixo desempenho acadêmico”. Para ele, “as instituições de ensino superior, principalmente aquelas que ficam em regiões mais pobres ou remotas, precisam ficar atentas ao fato de que possivelmente uma boa parte de seu corpo discente não tem infraestrutura doméstica adequada para o aprendizado a distância. Então, a migração intempestiva para o EaD, em tempos de covid-19, pode vir com alguns riscos”.

O quadro, no entanto, “não invalida nem tira o mérito do EaD, que, de fato, veio para ficar e cujo crescimento é inegável”, opina. “[A] EaD tem tido um papel importante em combater essa desigualdade, pois, além de baratear muito o curso – tornando-o, assim, acessível para mais gente –, ele traz uma novidade ao setor, que é o uso intensivo de inovação tecnológica e recursos tecnológicos para personalizar a experiência de aprendizado do aluno e garantir resultados melhores”, reforça Pedro Balerine.

Conforme nota distribuída à imprensa pela Quero Bolsa, “em nove Estados, mais da metade dos estudantes não têm estrutura básica para cursar ensino superior a distância. O Amapá é o Estado com menor proporção de estudantes com estrutura mínima para cursar o ensino superior a distância, com apenas 36,5%. Além dele, nos Estados do Pará, Maranhão, Acre, Amazonas, Piauí, Roraima, Ceará e Tocantins, menos da metade dos estudantes responderam que tem “internet” em casa e computador ou celular. O Estado com maior proporção é Santa Catarina, com 82,9%”.

“O Brasil é um país bastante heterogêneo e desigual”, ressalta o diretor da plataforma. “Muitos Estados têm amplo acesso a dispositivos eletrônicos (computadores e celulares) e ‘internet’, mas, em vários outros, nem tanto. Isso é fruto principalmente da desigualdade de renda e, em menor grau, da infraestrutura de telecomunicações limitada no interior de vários Estados”.

(Fonte: Agência Brasil)