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Moto. Motor. Morto*

27 DE JULHO – DIA NACIONAL DO MOTOCICLISTA

– Maranhão superou o 1 milhão de motocicletas, motonetas e ciclomotores. Os números de Imperatriz e Caxias, Açailândia e Santa Inês.

– Há os que maldizem o agente ou policial que multa. Mas a multa não é gerada por órgãos de trânsito e policiamento. Ela é gerada pela pressa, arrogância, sensação de impunidade, imperícia, negligência de quem conduz um veículo.

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Antes de você terminar de ler este texto, um motociclista terá morrido. É um morto a cada 90 segundos, no mundo. No Brasil, são 12 mil por ano, ou 33 motociclistas mortos a cada dia, quatro a cada três horas.

O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) fez, em 2015, o estudo intitulado “Acidentes de Trânsito nas Rodovias Federais Brasileiras: Caracterização, Tendências e Custos para a Sociedade”, registra que foram gastos R$ 12 bilhões e 300 milhões com os acidentes de motos.

A morte de um motociclista paulista em 27 de julho de 1974 deu origem ao Dia Nacional do Motociclista.

No Maranhão e em Imperatriz, a motocicleta, o ciclomotor e a motoneta constituem a maioria dos veículos oficialmente existentes.

No Maranhão, são 1.019.787 motocicletas, motonetas e ciclomotores, que representam 60,44% do total de 1.687.248 veículos registrados no Estado.

Em Imperatriz, são 152.276 veículos, dos quais 82.782 são motocicletas, motonetas e ciclomotores – quase 55% (exatamente 54,36%) dos veículos registrados no município.

Em Caxias, existem 53.769 veículos, dos quais 40.272 (ou 74,89%) são motocicletas, motonetas e ciclomotores.

Em Açailândia, são 41.031 veículos, dos quais 24.001 (ou 58,49%) são motocicletas, motonetas e ciclomotores.

Em Santa Inês, são 32.685 veículos, dos quais 20.599 (ou 63,02%) são motocicletas, motonetas e ciclomotores.

Todos números atuais do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) do Maranhão.

No passado, debati sobre essa realidade de veículos e mortes – por exemplo, em 2010, quando, a convite da Secretaria Municipal de Trânsito de Imperatriz (Setran), fui um dos instrutores dos cursos de atualização para os profissionais de táxis e mototáxis.

Nessas minhas palestras – “Ética, Cidadania e Meio Ambiente” – para cursos de taxistas e mototaxistas, em Imperatriz, chamei muito a atenção para um fato que é de conhecimento de todos: a extrema vulnerabilidade do piloto de motocicletas.

Seja motociclista, mototaxista, motofretista, motoboy, motoqueiro, todos correm muito perigo. Coloque no Google as palavras “moto” e “morte” sem aspas e você verá as fotos mais trágicas que documentam essa tragédia cotidiana que é andar sobre duas rodas motorizadas.

O trânsito precisa e depende de pessoas vivas e éticas: a ética do respeito ao outro, às leis de trânsito, ao bom senso (sobretudo em uma cidade como a nossa, onde a infraestrutura da área de Trânsito é, para dizer o mínimo, um desrespeito às necessidades desse setor).

Motoristas, motociclistas, ciclistas, carroceiros, pedestres... todas as pessoas e todos os veículos interdependem. Onde um erra, outro pagará – ou ambos pagarão.

Há os que maldizem o agente ou policial que multa. Mas a multa não é gerada por órgãos de trânsito e policiamento.

Ela é gerada pela pressa, arrogância, sensação de impunidade, imperícia, negligência de quem conduz um veículo.

Qualquer que seja o nível de automação de um veículo, este ainda dependerá de um cérebro humano que lhe dê voz de comando e início de circulação. Portanto, a multa é gerada pelo condutor, não pelo agente de trânsito.

O respeito ao trânsito, mais que uma forma de respeito ao outro, é uma forma de respeito a si mesmo, onde o bem maior que é preservado não é nem o veículo nem o dinheiro.

É a sua vida.

* EDMILSON SANCHES

(Texto publicado há oito anos, em 27/7/2012. Com atualizações.)