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O Ministério da Educação (MEC) informou, nesra sexta-feira (8), que encaminhará o projeto de Lei do novo Plano Nacional de Educação (PNE) 2024-2034, no primeiro semestre do próximo ano. Apesar de a legislação em vigor determinar que a proposta seja encaminhada ao Congresso Nacional em junho, a pasta disse não considerar que o trâmite está em atraso e que a intenção é debater as novas metas com a sociedade, nas conferências municipais, que começam em outubro, conferências estaduais e na conferência nacional de educação, que ocorrem na sequência.

O MEC disse reconhecer que o cenário é desafiador e que está trabalhando ao longo dos últimos meses em políticas voltadas à educação básica e superior em vários eixos. Para tanto, foi constituído um grupo de trabalho (GT), com caráter consultivo e propositivo, para avançar nas discussões sobre as estratégias e diretrizes do PNE, decênio 2024-2034.

“No momento, os membros do GT sistematizam os macroproblemas apontados para o estabelecimento de novas metas e estratégias. O documento produzido pelo GT será discutido nas conferências municipais, que começam em outubro, conferências estaduais e na conferência nacional de educação, que acontecem na sequência, para subsídio à elaboração da minuta de Projeto de Lei, contendo diagnóstico, diretrizes, objetivo, metas e estratégias para o Plano Nacional de Educação do próximo decênio”, informou o MEC por meio de nota.

A proposta que está sendo desenhada a partir do debate e articulação entre as secretarias do MEC e entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), o Fórum Nacional de Educação (FNE), o Conselho Nacional de Educação (CNE), o Fórum dos Conselhos Estaduais de Educação (Foncede), o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a Câmara dos Deputados e o Senado.

O PNE atual traz 20 metas para gestores públicos, da educação infantil ao ensino superior. No total, são 56 indicadores passíveis de mensuração e que não possuem valor de referência.

Ações do MEC

O MEC reconhece o cenário desafiador e vem trabalhando ao longo dos últimos meses em políticas voltadas à educação básica e superior em vários eixos.

Na educação básica, foi lançado o programa Escolas em Tempo Integral, com um orçamento inicial de R$ 4 bilhões, para que Estados e municípios ampliem as matrículas de tempo integral em suas redes. O programa prioriza secretarias com menor expansão, auxiliando-as financeiramente para este primeiro passo. 

O ministério também quer ampliar as vagas em creche e pré-escola. O programa Pacto Nacional pela Retomada de Obras da Educação Básica vai retomar quase 3,6 mil obras paradas em escolas de todo o Brasil, das quais mais de 1.200 são creches e pré-escolas. O total de investimentos é de R$ 4 bilhões até 2026.

Outra meta do governo, por meio do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, é subsidiar ações concretas dos Estados, municípios e Distrito Federal, para a promoção da alfabetização de todas as crianças do país. Para isso, o investimento será de cerca de R$ 1 bilhão, em 2023, e mais R$ 2 bilhões durante os próximos três anos. A expectativa é beneficiar 4 milhões de estudantes de 4 e 5 anos de idade, em 80 mil escolas públicas que ofertam pré-escola; 4,5 milhões de 6 e 7 anos de idade, em 98 mil escolas públicas de anos iniciais; e 7,3 milhões de 8 a 10 anos de idade, em 98 mil escolas públicas de anos iniciais.

Há, ainda, o Programa de Apoio à Manutenção da Educação Infantil em 2023, que transfere recursos com o objetivo de garantir a expansão da oferta e regular o funcionamento das novas matrículas. Neste ano, foram investidos R$ 53.954.754,36 para novas turmas, beneficiando 10.636 novas matrículas na educação infantil, e R$ 28.118.471,34 em novos estabelecimentos, beneficiando 5.495 novas vagas na educação infantil. A educação infantil está inclusa e beneficiada também no Programa EscolaEEm Tempo Integral.

Edição: Valéria Aguiar

O cantor, compositor, ex-ministro da Cultura e imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) Gilberto Gil é o grande homenageado da 8ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), que será realizada de 19 deste mês a 1º de outubro, no norte fluminense.

O convite a Gil será feito durante a Ciranda Literária da ABL, no próximo dia 10, na Bienal do Livro do Rio, pela estudante Ana Cláudia Santana de Morais, de 14 anos, do Centro de Apoio Integral à Criança e ao Adolescente (Caic) Elomir Silva. A aluna foi selecionada em concurso literário cujo tema foi o multiculturalismo.

Participam da Ciranda Literária os imortais Ana Maria Machado, Antônio Carlos Secchin, Antônio Cícero, Antônio Torres, Carlos Nejar, Domício Proença Filho, Geraldo Carneiro, Godofredo de Oliveira Neto e Rosiska Darcy de Oliveira.

A mestre de cerimônias será a acadêmica e atriz Fernanda Montenegro. Durante o evento, a estudante vai ler sua redação, em formato de carta, e passará a Gilberto Gil uma caneta de pena estilizada, símbolo da literatura, e a chave da cidade de Maricá.

Multicultural

O secretário municipal de Educação de Maricá, Márcio Jardim, informou à Agência Brasil que a escolha de Gil se deve à vasta contribuição nas áreas de música, literatura e política. “O Gil é um imortal exatamente por essa contribuição que ele tem deixado, que é eterna para a literatura, a música, a cultura popular. Essa é a razão da homenagem”. Outro motivo é que o tema da edição deste ano da Flim é o multiculturalismo. “E o Gilberto Gil é uma expressão, por si só, dessa ideia de um país e de um mundo multicultural”.

O secretário de Educação de Maricá ressaltou que a festa literária deste ano tem números que não se comparam a nenhuma outra do país. “Em primeiro lugar, temos 13 dias de duração, o que não ocorre em outro lugar. Segundo, Maricá é uma cidade do livro. Estamos no caminho contrário daqueles que querem substituir o livro impresso por tecnologias outras que se oferecem hoje nas escolas”.

Mumbucas literárias

Na avaliação de Márcio Jardim, nada substitui o livro. Serão distribuídos, nesta edição, mais de R$ 10 milhões em mumbucas literárias, moeda social local, a diversos segmentos vinculados à educação. Isso engloba todos os 35 mil alunos da rede municipal de ensino, professores, cujo valor da mumbuca literária será o equivalente a R$ 200.

Para alunos do Passaporte Universitário, programa de concessão de bolsas totalmente gratuitas a 6,3 mil estudantes do ensino superior, o voucher terá valor de R$ 100.

Serão beneficiados ainda alunos da rede estadual e os 1,2 mil estudantes do projeto municipal de alfabetização Sim, eu posso, que concluiu recentemente sua primeira etapa e é inspirado no programa de alfabetização de Cuba, que conseguiu erradicar da ilha o analfabetismo.

Também recebem mumbucas os aposentados da Secretaria de Educação de Maricá, orientadores pedagógicos e educacionais da rede de ensino.

Efervescência

“A novidade é que a Flim não é só uma feira de livros, mas uma festa literária da cidade, no patamar de disputar com outras feiras já mais consolidadas no calendário literário do país, como a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) ou de Salvador. Essa é a nossa pretensão, com esta oitava edição. Vai ter muita efervescência de cultura. Será um festival de arte e cultura chamado Sete Sóis e Sete Luas, nascido na Europa, cujo objetivo é formar elos entre povos e culturas”, disse o  secretário municipal de Educação.

O evento será realizado pelo segundo ano consecutivo, no Bairro de Itaipuaçu, em uma cidade cenográfica que está sendo construída para abrigar o evento. “São mais de 6 mil metros quadrados de área”. Outra novidade deste ano é uma Flimzinha, espaço específico para a literatura infantojuvenil, que terá recreações educativas, jogos lúdicos. “Vai ter tudo que for vinculado à literatura infantil, com troca e venda de material em um mesmo espaço, dentro da Arena da Cidade do Livro.” 

O Espaço Criança vai abrigar a Vila Pé de Maricá, em alusão à árvore que dá nome ao município, e contará com 76 estandes dedicados ao público infantojuvenil.

Porão cultural

O espaço Porão Cultural será reservado a apresentações de artistas locais de diferentes vertentes. A Tenda Literária abrigará 154 estandes de vendas de livros e, na Tenda Festart, haverá um amplo espaço para descanso dos visitantes.

A Tenda Codemar + Recarregue-se será um local com redes, cadeiras de praia e tomadas para recarregar a energia e os aparelhos celulares.

A Flim reunirá mais de 100 editoras, nomes da literatura e da cultura. Está confirmada a participação de Leandro Karnal, Frei Betto, o compositor Nei Lopes, o ator e roteirista Hélio de La Peña, o jornalista Juca Kfouri, a bailarina Ana Botafogo; os escritores Sonia Rosa, Ondjaki, Rossandro Klinjey, Roger Mello, Israel Neto, Luiz Antônio Simas, Pastor Ed Renê, Maria Chocolate, Felipe Eugênio e Eliana Alves Cruz. Além dos convidados, participam ainda 50 escritores da cidade de Maricá.

Os shows no Palco Multicultural serão diários, com Adriana Calcanhoto, Zelia Duncan, a banda Maneva, Bia Bedran, Daniel Jobim, neto do compositor Tom Jobim, a cantora maranhense Flávia Bittencourt, entre outros artistas. A programação prevê ainda palestras, debates e rodas de conversa, que vão reunir escritores, convidados, professores, filósofos e chefs para um bate-papo com o público.

Um amplo espaço gastronômico com diversos restaurantes funcionará na Praça Camburi, derivado de uma fruta da região.

Transferência

A prefeitura e a Secretaria Municipal de Educação vão transferir atividades para o Espaço Gonçalves Dias, homenageando o bicentenário de nascimento do poeta maranhense, precursor do Romantismo no Brasil.

Márcio Jardim informou que para a abertura da Flim, no dia 19, às 16h, está programado um desfile cultural com manifestações diversas, bateria de escola de samba, capoeira. “Tudo que tiver de batida e de ritmo vamos fazer nesse desfile cultural”, disse. A Flim funcionará diariamente das 8h às 20h.

Os investimentos da prefeitura na festa chegam a quase R$ 20 milhões, incluindo os R$ 10 milhões de mumbucas literárias. 

(Fonte: Agência Brasil)

A Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa (Secec) do Rio de Janeiro realiza, a partir desta sexta-feira (8), a ocupação cultural da Casa de América, em Madri. É o festival Hola Rio!, que vai até 7 de outubro, na capital espanhola.

 “Nós vamos levar cerca de 120 artistas e também gestores culturais do Estado do Rio de Janeiro, porque a ideia da ocupação não é somente a fruição artística, no sentido de mostrar o potencial daquilo que temos de cultura no território”, disse à Agência Brasil a secretária de Cultura, Danielle Barros. A ocupação tem também o objetivo de criar intercâmbio de negócios no campo da cultura.

A ação inédita, com foco na internacionalização das artes produzidas no Estado do Rio de Janeiro, será aberta pela Focus Cia. de Dança e pelo Corpo de Baile do Theatro Municipal, que prepararam um número específico para o evento. Também, vão se apresentar artistas renomados, como a cantora Teresa Cristina, e muitos outros que foram selecionados por meio de edital público lançado pelo governo do Estado. A programação pode ser acessada aqui.

Danielle destacou que o grande parceiro nessa ação internacional é o Serviço Social do Comércio do Rio (Sesc RJ). A Federação do Comércio do Estado (Fecomércio) está levando mostra audiovisual e uma exposição de artes plásticas, que ficará aberta à visitação do público durante toda a temporada da ocupação.

A iniciativa recebeu mais de R$ 4 milhões do governo fluminense, incluindo a própria chamada pública e o deslocamento de servidores que vão acompanhar a ação. Segundo a secretária, já surgiram convites de países vizinhos da Espanha para sediar ações semelhantes. “A ocupação está alcançando os holofotes europeus, e a gente vai avaliar qual será o próximo país que vamos ocupar.”

Internacionalização

Danielle Barros informou que existe hoje, no Rio, o Comitê de Internacionalização das Artes. Por isso, ela considera ser importante olhar para o Estado com esse potencial. “Certamente, esta vai ser a primeira de outras missões oficiais do Estado do Rio de Janeiro, no sentido de garantir oportunidades para os próprios artistas mas, também, visibilidade para a nossa cultura”.

O Festival Hola Rio! apresentará iniciativas de teatro, dança, música, cinema e exposições de artes visuais. O evento é uma iniciativa do governo do Estado, em parceria com a Casa de América, Sesc RJ, em correalização com a Prefeitura de Madri.

Na avaliação do diretor artístico do programa madrilenho, Adrian Sepiurca, o caráter inovador da parceria internacional resultou no Festival Hola Rio!. “Esse encontro expande fronteiras artísticas e de comunicação. Além de fortalecer laços culturais e afetivos entre artistas do Rio e de Madri, a programação vai possibilitar que a população da capital espanhola acesse um relevante panorama das artes produzidas no Brasil”, afirmou.

Os agentes culturais fluminenses selecionados para participar da programação na Espanha estão recebendo formação específica em internacionalização das artes na Biblioteca Parque Estadual, no centro do Rio. Os módulos envolvem planejamento para o mercado internacional de artes, logística para circulação internacional, relações de cooperação entre o artista e o programador na circulação internacional, entre outros temas, além de uma orientação individual para elaboração de portfólio específico para circulação internacional.

Casa de América

A chamada pública foi lançada pela secretaria em junho, com premiação total de R$ 3.780.500, com o objetivo de promover o intercâmbio dos artistas e a internacionalização da cultura fluminense na Europa, por meio da ocupação de um dos mais importantes centros de arte da Espanha.

As apresentações serão feitas não só na Casa de América, mas também em praças e ruas de Madri, com o intuito de democratizar o acesso do público local.

Quatro jovens do projeto Trio da Cultura do Rio de Janeiro vão viajar para a Espanha para apresentar o espetáculo de dança inédito Alma Brasileira: Um Tributo Musical. O grupo inclui ainda o professor e bailarino Nildo Muniz e a produtora Rachel Mandarom e foi selecionado no edital Casa de América. No festival Hola Rio!, as bailarinas se apresentarão nos dias 16 e 17 deste mês, no Centro Cultural Casa de Vacas, em Madri.

“Estou muito feliz e grata com essa grande oportunidade, até por ser um grande sonho poder viajar para outros países através da minha arte e poder viver da dança com as minhas companheiras”, disse Maria Helena Mendes, de 20 anos, integrante do grupo. Com nove anos de prática, a dança contemporânea é o foco de Maria Helena, que viajará com a bailarinas Luana Aguiar, Larissa dos Santos e Giovanna Duarte.

O projeto social Trio da Cultura, idealizado por Nildo Muniz, atende mais de 400 jovens gratuitamente em Campo Grande, zona oeste do Rio, criando oportunidades de emprego e renda por meio da arte. O projeto é aberto para pessoas de todas as idades e atende gratuitamente em dois endereços diferentes: Vila Olímpica Dr. Sócrates, em Guaratiba; e no Campo Grande Atlético Clube, em Campo Grande. Contatos podem ser feitos pelo instagram @triodacultura ou @rachelmandaron_producoes, oupelo telefone 21 98359-3945.

Notícias do Brasil

A exposição Notícias do Brasil, composta por peças de Carybé, Cícero Dias e Glauco Rodrigues, pertencentes ao acervo do Sesc RJ, é uma das atrações do festival Hola Rio! As obras foram recuperadas e recolocadas no circuito expositivo. A exibição será na Casa de América, um dos mais importantes centros de arte da Espanha.

A mostra, que estreou em janeiro de 2022, no Espaço Cultural Arte Sesc, em comemoração ao centenário da Semana de Arte Moderna, marcou a reabertura do ambiente, após a instituição restaurar a Mansão Figner, casarão centenário que foi residência do empresário considerado o pioneiro da indústria fonográfica no Brasil, Frederico Figner.

Com curadoria de Marcelo Campos e Pollyana Quintella, Notícias do Brasil é composta por 48 gravuras nas quais é possível perceber um Brasil de forte tradição popular, nas festas, relações interétnicas, vendedoras de tabuleiro, janelas e sacadas dos sobrados coloniais, informou a secretariaa.

Além da exposição, o Sesc RJ levará ao evento a Mostra de Cinema – Território Fluminense, composta por oito filmes que traduzem a cultura e a arte fluminense.

(Fonte: Agência Brasil)

O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura, é o que apontam especialistas ouvidos pela Agência Brasil para falar sobre o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado nesta sexta-feira (8). Dados recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a partir das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) dos anos de 2019 e 2021, revelam que houve uma queda no desempenho da alfabetização, mostrando que, em 2019, 54,8% das crianças avaliadas foram consideradas alfabetizadas. Entretanto, em 2021, o percentual caiu para 49,4%.

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1967, com o objetivo de promover a discussão sobre a importância da alfabetização, principalmente em países que ainda têm índices consideráveis de analfabetismo.

De acordo com o Saeb, são consideradas alfabetizadas as crianças que conseguem atingir a nota mínima de 743, o que as tornam aptas para ler palavras, frases e pequenos textos; localizar informações na superfície textual; escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras e escrever textos que circulam na vida cotidiana, ainda que com desvios ortográficos e de segmentação.

Para o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, organização que trabalha pela melhoria na qualidade da educação básica no Brasil, Ivan Gontijo, o cenário é desafiador, “mas existem perspectivas de futuro”.

“Basicamente, metade dos alunos do Brasil que estão na faixa dos 7 anos não conseguem ler e escrever de uma forma minimamente adequada. Esses dados retratam uma realidade muito alarmante, mas não são novidades. Desde a Avaliação Nacional de Alfabetização, a ANA, que começou a ser implementada desde 2014, o Brasil já apresentava indicadores bem preocupantes, e esse resultado de 2021 mostrou que a pandemia teve um impacto relevante, e entre todas as etapas da educação básica foi na alfabetização. Os dados são inequívocos em dizer que, no Brasil, existe um grande desafio em relação a alfabetização das crianças”, disse Gontijo à Agência Brasil.

O Todos pela Educação defende a efetivação de políticas públicas educacionais que garantam aprendizagem e igualdade de oportunidades para as crianças e jovens. Gontijo alerta que a alfabetização é uma habilidade base, e que se a criança não for alfabetizada adequadamente na idade certa, ela terá dificuldades ao longo da sua vida escolar.

“Acho muito importante a gente dar a devida centralidade para a questão da alfabetização no Brasil, porque a alfabetização é uma habilidade base. Se o aluno não se alfabetiza na idade certa, de forma adequada, ele vai ter dificuldade em todas as disciplinas, não só em língua portuguesa, ele vai ter dificuldade em matemática, ciências, história etc. Então, é uma habilidade muito central para o aluno conseguir ter uma trajetória acadêmica muito adequada. Por isso que a gente precisa colocar tanta energia nesse processo”, defende.

Pandemia

A CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mariana Luz, que atua no debate sobre a primeira infância, com crianças do nascimento até os 6 anos de idade, avalia que a pandemia do coronavírus, com o fechamento dos espaços educacionais, afetou o desempenho das crianças em creches e pré-escolas, esta última considerada uma etapa fundamental para auxiliar no processo de alfabetização, segundo Mariana.

“Esse quadro [da pandemia] gerou um deficit educacional e ampliou as desigualdades. Infelizmente, quem teve menos acesso, menos apoio, menos instrução, menos oportunidade de aprender foram as camadas vulnerabilizadas, foram pretos, pardos, indígenas, e os que vivem em uma situação de pobreza, e isso gerou um distanciamento”, disse Mariana que ponderou sobre a necessidade de se dar mais atenção a espaços como creches e pré-escolas.

Segundo Mariana, pesquisas feitas pela fundação apontaram um atraso pedagógico de seis a sete meses nas crianças nos componentes de linguagem e de matemática, mas destacou que a recomposição dessa perda foi possível com o retorno às atividades presenciais.

“É na educação infantil, sobretudo na pré-escola, que é etapa obrigatória, que a criança vai ter contato com letras e números de uma forma mais intencional, com o entendimento de que a etapa seguinte é o primeiro ano do fundamental, onde a alfabetização acontece. Então, essa familiaridade, esse gosto, esse conhecimento, esse despertar do interesse e da curiosidade, isso tudo acontece na educação infantil”, explica.

A coordenadora de Programa e Políticas da Campanha pelo Direito à Educação, Marcelle Frossard, também avalia que a pandemia do coronavírus contribuiu em parte para o resultado negativo, ressaltando que as crianças foram afetadas de diferentes formas, especialmente as moradoras de zonas rurais e as negras.

“As consequências da pandemia na educação brasileira não foram uniformes, mas afetaram, principalmente, estudantes de zonas rurais e negros. Essas estatísticas e porcentagens são, na verdade, pessoas, vidas e estudantes por trás desses números. A desigualdade educacional brasileira, que o PNE [Plano Nacional e Educação] pretendia superar, continua presente, manifesta na ausência de tantos alunos que não conseguiam assistir às aulas durante a pandemia”, disse Marcelle à Agência Brasil.

Marcelle destaca que, no cenário pós-pandemia, é preciso promover um diagnóstico sobre o impacto da pandemia na saúde mental de crianças e adolescentes. Ela considera fundamental a integração entre políticas de saúde mental e a área de educação.

“Até o momento, o país ainda não tem uma dimensão do que foi esse período e o impacto para as pessoas, a educação e outras áreas de importância. Temos que considerar que a maioria dos estudantes brasileiros estão na escola pública e com dificuldade de acesso a equipamentos e profissionais de saúde mental. Assim, sem essa integração, dificilmente haverá apoio a essas crianças”, alerta. “Em relação aos professores, também devem usufruir desse mesmo tipo de política e terem formação continuada para lidarem com o atual momento, lembrando que a responsabilidade em relação a saúde mental deve ser dos profissionais de saúde e não dos professores”, argumenta Marcelle.

Municípios

Pela Constituição, os municípios têm papel fundamental na oferta da educação infantil e respondem pela maioria das vagas nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Já os Estados devem priorizar o ensino médio, mas podem atuar, em parceria com os municípios, na oferta de ensino fundamental.

Para a coordenadora de Programa e Políticas da Campanha pelo Direito à Educação, que aglutina diferentes forças políticas, priorizar ações de mobilização, pressão política e comunicação social, em favor da defesa e promoção dos direitos educacionais, é fundamental para que Estados e municípios atuem conjuntamente para buscar soluções.

Marcelle destaca que outro problema que deve ser enfrentado é a evasão escolar. Apesar de o país já ter leis e programas assegurando o direito ao transporte escolar, ele sofre com problemas orçamentários para execução e implementação dessas políticas.

“Para evitar a evasão, é importante a garantia de educação integral, transporte escolar e alimentação escolar, por exemplo. Os programas de busca ativa são importantes, mas é preciso também garantir a permanência desses estudantes na escola. Por isso, a rede de proteção deve funcionar para garantir o bem-estar e a redução de vulnerabilidades sociais e econômicas das famílias, para que os estudantes tenham acesso ao direito à educação”, destacou.

“As famílias também precisam de condições para garantir que seus filhos continuem a estudar. Nesse sentido, para garantir o direito à educação, é fundamental o investimento em políticas sociais para que as famílias tenham condições de manter os filhos na escola”, concluiu.

Segundo ela, para o país avançar na alfabetização de crianças na idade certa, é preciso que o Estado e a sociedade atuem de forma a garantir o cumprimento das políticas planejadas, como o Plano Nacional de Educação 2014-2024.

“É [preciso] aumentar os investimentos em educação, que sofreram cortes importantes nos últimos anos. É importante compreender que as metas são interligadas e dependem umas das outras para o cumprimento integral. Ou seja, não é possível escolher uma ou outra meta entre as 20, é preciso seguir todas, progressivamente”, disse.

Diante desse cenário, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao término do 2º ano do ensino fundamental; além da recomposição das aprendizagens, com foco na alfabetização, de 100% das crianças matriculadas no 3º, 4º e 5º ano, afetadas pela pandemia.

O compromisso é baseado no protagonismo de Estados e municípios na construção das soluções para enfrentar os problemas do processo de alfabetização das crianças. Cada Estado, em colaboração com os municípios, deve elaborar a sua política territorial, de maneira a dar conta de suas especificidades. Cabe à União apoiar, técnica e financeiramente, os entes federados na medida das suas necessidades.

Segundo o Ministério da Educação, o programa pretende atingir cerca de 4 milhões de estudantes de 4 e 5 anos de idade em 80 mil escolas públicas que ofertam pré-escola; 4,5 milhões de alunos de 6 e 7 anos em 98 mil escolas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental e 7,3 milhões de estudantes de 8 a 10 anos em 98 mil escolas públicas também dos anos iniciais do fundamental.

Na avaliação do gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, a iniciativa tem o potencial de melhorar os índices de alfabetização de crianças. Ele cita a experiência do Ceará, em que o governo estadual tem um programa de alfabetização em regime de colaboração com os municípios. Pelo programa, o Estado apoia os municípios com suporte técnico e recursos financeiros.

“Ele se inspira muito na experiência cearense que vem sendo implementada há praticamente 15 anos, para levar esse modelo da alfabetização em regime de colaboração para todos os Estados brasileiros. É uma política muito bem formulada, olha para os critérios de sucesso da experiência cearense e tem tudo para dar certo. O grande desafio, agora, é conseguir implementar todas essas medidas para que os Estados estejam preparados para apoiar de forma técnica, com formação, material didático, avaliações, os municípios que são os principais responsáveis pela alfabetização das crianças”, disse.

A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no Paraná e dirigente municipal de educação de Cascavel, Marcia Baldini, também ressaltou a importância do trabalho conjunto entre Estados e municípios. Ela também citou o exemplo do Ceará como uma experiência exitosa.

“É necessário que haja realmente um regime de colaboração muito forte, e cito, aqui, o exemplo do Estado do Ceará. Friso que isso deve ser uma política de Estado e não uma política de governo que vai passar. É necessário subsídios financeiros e técnicos para orientar os municípios, mas, no entanto, há que se pensar na responsabilidade e no respeito à autonomia de cada município. O Estado não pode simplesmente vir e impor. É necessário ouvir os municípios e todas as realidades diferentes que temos no país e dentro de cada Estado”, defendeu.

Gontijo disse à Agência Brasil que o principal papel dos Estados será atuar na coordenação da política de alfabetização nos seus territórios, fornecendo apoio técnico, por meio de avaliações, material didático, mas também de suporte para as equipes das secretarias conseguirem implementar boas ações de alfabetização.

“A gente precisa entender que a alfabetização está nas mãos dos municípios. A alfabetização aconteceu principalmente nos anos iniciais, onde 80% das matrículas estão nas redes municipais. E muitos municípios têm muitas dificuldades do ponto de vista técnico de implementação de políticas educacionais para terem boas políticas de alfabetização. Boa parte dos municípios brasileiros é de pequeno porte. E, então, não têm capacidade de montar, muitas vezes, uma superformação continuada de professores ou ter um ótimo material didático sobre alfabetização para os estudantes”, observou Gontijo.

Ele destaca que a Emenda Constitucional do Fundeb Permanente, aprovada em 2020, já trouxe elementos para que Estados apoiem os municípios com recursos, em especial a que determina aos Estados a criação da Lei ICMS Educacional – que determina que um percentual do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja redistribuído aos municípios em razão de melhora nos indicadores de alfabetização e proficiência em língua portuguesa e matemática dos estudantes do ensino fundamental.

“Por mais que o cenário seja extremamente preocupante, eu vejo perspectivas futuras bem interessantes, por conta da aprovação da Lei ICMS Educação, por conta do programa do governo federal Criança Alfabetizada. Acho que é muito desafiador conseguir atingir resultados expressivos e excelentes em educação, mas a gente está construindo bons pilares para avançar de forma nacional, baseado nas experiências de sucesso para os próximos 10, 15 anos”, afirmou.

(Fonte: Agência Brasil)

Um espaço inédito, batizado Artists Alley, foi aberto nesta edição comemorativa dos 40 anos da Bienal do Livro do Rio de Janeiro e abriga quadrinistas independentes para que tenham contato direto com o público fã de histórias em quadrinhos e seus heróis.

“Sempre foi um desejo grande nosso ter esse espaço”, disse à Agência Brasil Bruno Henrique, gerente de Marketing e Conteúdo na GL Events Brasil, empresa organizadora da Bienal, em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). “O segmento de história em quadrinhos [HQ] vem crescendo muito no Brasil, nos últimos anos, e a gente não podia deixar de ter isso na Bienal”.

Henrique disse que o Artists Alley, embora ainda seja um pouco tímido diante do número crescente de quadrinistas e ilustradores do país, já é um primeiro passo, para que se tenha, a partir de agora, ter sempre esse espaço oficial dentro da Bienal. "E que cresça cada vez mais.” No total, 31 artistas participam da Bienal do Livro do Rio 2023.

O espaço celebra a fusão entre literatura e arte e permite que os leitores interajam diretamente com seus ilustradores e quadrinistas preferidos e acompanhem o processo criativo de cada um deles. Os estandes dos autores independente estão situados na Rua Z do Pavilhão Verde. O espaço tem tido muito público, formado principalmente por apaixonados por HQ. Os visitantes podem participar também de sessões com os autores de histórias em quadrinhos. O objetivo é fazer as pessoas entenderem que esse formato de leitura é tão importante quanto os outros, disse Henrique.

Para ele, o resultado tem sido muito satisfatório, porque todos estão vendendo bastante. “Para um primeiro espaço de quadrinistas, a gente está muito satisfeito com o resultado. Não só a gente, como os próprios quadrinistas.” Lembrou que muitos dos artistas independentes começam a expor seus trabalhos em blogs e nas redes sociais e acabam ganhando ali edições de livros e vendem bastante. Para ele, a leitura de quadrinhos vai muito além daquele eixo dos heróis Marvel e, também, do grande ilustrador e escritor brasileiro, que é Maurício de Sousa. “O cenário é muito prolífico e vem trazendo nomes muito fortes”.

Receptividade

O quadrinista gaúcho Gustavo Borges, autor das webcomics A Entediante Vida de Morte Crens e Edgar, está comemorando, em 2023, dez anos de carreira profissional. Como amador, ele começou há 12 anos. Segundo Gustavo, a experiência na Bienal tem sido positiva e a receptividade do público, “muito bacana”. Em 2018, ele esteve no Rio para o lançamento da coletânea Memórias do Maurício. Nesta obra, o quadrinista Mauricio de Sousa convidou autores nacionais para reinterpretar seus personagens, e Gustavo lançou o Cebolinha: Recuperação. Ele está festejando na Bienal a nova tiragem desse livro, que estava esgotado há algum tempo. “Agora está disponível de novo, para todo mundo levar para casa”.

“Estou feliz porque a Bienal abriu o espaço Artists Alley para que os quadrinistas pudessem vir. De tão abrangente que é a Bienal, eu vou conhecer público novo, vou ter um público novo que gosta de literatura e é apaixonado pela Bienal e vou poder apresentar o meu material. Furar um pouco essa bolha e entrar no público do Rio de Janeiro. Fico feliz também de ver leitores meus, que acompanham meu trabalho há anos e estão vindo me encontrar no evento”. Até o fim do ano, Gustavo Borges lançará o quarto livro com o personagem criado há 12 anos, intitulado O Entediante Apocalipse de Morte Crens e mais um título da série Como Fazer Amigos e Enfrentar Feiticeiros, que está concorrendo a três prêmios.

Fãs do trabalho de Gustavo Borges, as amigas Julia Maia e Juliana Simão puderam conhecê-lo pessoalmente no Artists Alley. “Ele me explicou um pouco do projeto dele, que Morte Crens foi seu primeiro livro. É uma troca que a gente só tem aqui”, destacou Juliana.

Espaço assertivo

Outro quadrinista independente conhecido é o carioca Rapha Pinheiro, que iniciou a carreira em 2014, com a publicação da webcomic Os Tomos de Tessa na plataforma digital Tapastic, atual Tapas. A HQ mistura elementos de ficção científica e mitologia egípcia. Para Rapha, é muito assertivo ter esse espaço na Bienal não só para pessoas que gostam de literatura conhecerem quadrinhos também, mas artistas locais que, muitas vezes, fazem sucesso lá fora e não são conhecidos do público brasileiro. “Acaba-se uma bolha. A gente acaba falando muito de HQ para quem gosta de quadrinhos e aborda um público novo que pode se tornar leitor de quadrinhos. Todo mundo ganha”, afirmou à Agência Brasil. Ele disse que as vendas na Bienal estão muito boas.

Rapha começou publicando trabalhos na Inglaterra, e depois, na França, onde também morou, mas como trabalho acadêmico. Em 2021, publicou um quadrinho em uma plataforma digital francesa. Durante o mestrado, foi professor de HQ na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Foi muito legal”. Na Bienal do Rio, ele está vendendo quadrinho lançado no fim do ano passado, intitulado Ruas, que reúne quatro histórias do cotidiano do Rio de Janeiro, com pessoas que não se conhecem e que acabam sendo conectadas por intermédio de um gari de limpeza urbana.

No fim do ano, ele deve lançar uma história em quadrinhos infantojuvenil, feita em parceria com seus alunos. “É o primeiro quadrinho em que eu não faço tudo”. Rapha escreveu o enredo, um aluno desenhou e uma aluna coloriu. Quando voltei da França, virei editor e abri uma escola. “Hoje tenho pouco tempo para fazer minhas histórias. Uma equipe é melhor”. Pinheiro dá aulas atualmente na Escola de Comunicação e Design Digital, no Rio de Janeiro, e na Escola de Mídias Criativas, da qual é fundador, onde forma quadrinistas. “Começou presencial e virou on-line na pandemia da covid-19. Temos alunos do Brasil inteiro e até de fora do país. O legal da escola é que a galera publica histórias semestrais. No fim do ano, todos publicam um quadrinho. O cara sai [do curso] sendo, oficialmente, quadrinista”.

(Fonte: Agência Brasil)

Uma das escritoras brasileiras mais celebradas da atualidade, Conceição Evaristo, disse, no Café Literário da 40ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (5), que a literatura negra incomoda e faz pensar.

“A nossa literatura não é só uma literatura do prazer, é uma literatura que incomoda, que tira fora do lugar, que perturba e faz pensar. Não fazemos elogio à ‘casa-grande’. Pelo contrário, a gente denuncia a prepotência da ‘casa-grande’, essa colonização moderna que ainda existe na medida em que grupos sociais herdeiros da casa-grande ainda pretendem manter mulheres negras numa situação de subalternidade”, afirmou.

Para Conceição, o Brasil é um país “extremamente” racista. “Cada vez que a sociedade nos nega um espaço, essa sociedade se torna cada vez mais manca. Há um vazio que somos nós que temos que preencher. Só não percebe o racismo brasileiro a pessoa muito alienada ou a pessoa muito cínica”, acrescentou.

Escritora, ficcionista e ensaísta, Conceição Evaristo é uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil. Com sete livros publicados, entre eles o vencedor do Prêmio Jabuti de 2015, Olhos d’Água, suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe.

40ª edição da Bienal no Rio Centro, zona oeste da cidade, tem, entre as suas atrações, a produção literária de escritoras negras na atualidade. 

Escolhas públicas

A Bienal deve receber mais de 100 mil estudantes da rede pública, que estão recebendo voucher para a aquisição de livros. A Secretaria Municipal de Educação do Rio também anunciou a liberação de incentivo para os profissionais de escolas do município. Serão R$ 13,5 milhões em subsídio para a compra de livros na edição deste ano – um recorde, segundo a organização, o que também tem provocado boas expectativas nas editoras presentes.

O programa Visitação Escolar tem o objetivo de aproximar crianças e jovens do universo literário, fomentando a criatividade, a capacidade de sonhar e a consciência crítica. Das mais de 100 mil vagas disponíveis para a rede pública nesta edição da Bienal, metade está reservada para alunos da rede municipal do Rio e para estudantes de escolas públicas municipais, localizadas em cidades como Petrópolis, Niterói, Queimados e Angra dos Reis. A iniciativa é destinada exclusivamente aos estudantes e seus acompanhantes das unidades de ensino.

(Fonte: Agência Brasil)

O Campeonato Maranhense de Futsal (CMFS) 2023, competição promovida pela Federação de Futsal do Maranhão (Fefusma), está com inscrições abertas. De acordo com o cronograma divulgado pela Fefusma, as equipes interessadas em participar do Estadual nesta temporada devem realizar as suas respectivas confirmações e inscrições até o dia 18 de setembro. Vale ressaltar que as vagas para o Maranhense de Futsal 2023 são limitadas.

Em 2023, o Maranhense de Futsal terá 26 torneios em 16 categorias, nos naipes masculino e feminino. Uma das novidades do Estadual nesta temporada é a criação da Série Prata na categoria Adulto Masculino, de caráter aberto.

Além disso, o Maranhense de Futsal 2023 garante classificação para a Taça Brasil de 2024, competição organizada pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS). A vaga na Taça Brasil será da equipe que garantir a melhor campanha no Maranhense, estiver filiada/vinculada à Fefusma e regularizada com todas as entidades até antes do início do torneio estadual.

“Estamos muito felizes com o pontapé inicial para mais uma edição do Campeonato Maranhense de Futsal, que tem tudo para ser um grande sucesso e empolgar os amantes da modalidade. O Estadual 2023 promete um alto nível técnico e um número recorde de atletas inscritos em várias categorias, fortalecendo a tradição do futsal maranhense", afirma Alex Ricarte, presidente da Fefusma.

As equipes interessadas em mais informações e em receber o material para inscrição no Campeonato Maranhense de 2023 devem entrar em contato com a Diretoria Técnica da Fefusma pelos e-mails [email protected] ou [email protected]

Siga as redes sociais oficiais da Federação de Futsal do Maranhão (Fefusma) no Instagram e no Facebook (@fefusma) e fique por dentro de todos os detalhes do Campeonato Maranhense de Futsal 2023.

(Fonte: Assessoria de imprensa) 

O fim de semana será de muito futebol 7 em São Luís. Tudo por causa da segunda edição do projeto “Mais Futebol, Mais Inclusão”, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado, pela Friobom, pelo Aço Bom Preço e pela Potiguar, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, que busca incentivar a prática esportiva na Grande Ilha de São Luís. Em sua segunda edição, o torneio será realizado neste fim de semana (9 e 10), na Arena Olynto, no Bairro do Olho d'Água, e contará com a participação de mais de 250 atletas distribuídos em quatro categorias: Sub-10, Sub-12, Sub-14 e Sub-16. 

Nesta edição, 16 escolinhas de futebol 7 vão competir no “Mais Futebol, Mais Inclusão”, que tem o formato de minitorneios. Durante a solenidade de lançamento do projeto, que ocorreu na noite dessa terça-feira (5), na Arena Olynto, todas as equipes participantes foram beneficiadas com uniformes e coletes de treinamento.   

Os duelos dos torneios Sub-10, Sub-12, Sub-14 e Sub-16 foram definidos em congresso técnico. No sábado (9), haverá disputas em duas categorias: Sub-10 e Sub-12. Já no domingo (10), a bola rola para as partidas do Sub-14 e Sub-16. Nos dois dias, a programação de jogos terá início às 14h45, na Arena Olynto. 

De acordo com a organização do “Mais Futebol, Mais Inclusão”, os torneios serão realizados em formato mata-mata, com semifinais, decisão de terceiro lugar e final, totalizando quatro partidas em cada categoria. 

“Estamos muito felizes com a realização de mais uma edição do projeto ‘Mais Futebol, Mais Inclusão’. Sabemos da importância de um bom material esportivo para a execução das atividades nas escolinhas e nos projetos sociais, e poder colaborar com essas iniciativas em um festival que também terá um minicampeonato de futebol 7, incentivando a prática do esporte entre as crianças, é uma satisfação imensa. Só temos a agradecer ao governo do Estado, à Friobom, ao Aço Bom Preço e à Potiguar pelo apoio nesse projeto e pela confiança no nosso trabalho”, destacou Waldemir Rosa, diretor-técnico do “Mais Futebol, Mais Inclusão”.

Premiação

No término de cada minicampeonato do “Mais Futebol, Mais Inclusão”, ocorrerá a solenidade de premiação com entrega de troféu e medalhas para o campeão, além da entrega de medalhas de participação para as equipes que ficarem em segundo, terceiro e quarto lugares. Os torneios também terão como premiação bolas de futebol, obedecendo a uma proporção de acordo com a posição do time: o campeão recebe 20 bolas, o segundo colocado fica com 15 bolas, o terceiro colocado ganha 10 bolas e a equipe que ficar na quarta posição leva cinco bolas. 

Todos os detalhes do "Mais Futebol, Mais Inclusão" estão disponíveis nas redes sociais oficiais do evento no Instagram (@maisfutebolmaisinclusao).

PROGRAMAÇÃO DE JOGOS

Sábado (9/9) / Arena Olynto 1

14h45 – Os Feras x Gladiadores (Semifinal Sub-12)

15h40 – Jeito Moleque x GPV (Semifinal Sub-10) 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 2

14h45 – Meninos de Ouro/Santa Rita x Bola na Rede (Semifinal Sub-12)

15h40 – Transformar x Titans (Sub-10) 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 2

16h20 – Disputa de 3º/4° Sub-12

17h- Disputa de 3º/4° Sub-10 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 1

16h20 – Final Sub-12

17h – Final Sub-10 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 1

14h45 – Ulbra x Camboa  (Semifinal Sub-16)

15h40 – Ferinhas da Vila x Geração Jovem (Semifinal Sub-14) 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 2

14h45 – Corinthians do Bequimão x Grêmio Ribamarense (Semifinal Sub-16)

15h40 - Revelação x Estrelinha Bom de Bola (Semifinal Sub-14) 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 2

16h20 – Disputa de 3º/4° Sub-16

17h- Disputa de 3º/4° Sub-14 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 1

16h20 – Final Sub-16

17h – Final Sub-14 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Não há começo e não há fim na Bienal de Arte de São Paulo, evento que começa nesta quarta-feira (6), no prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, na capital paulista. No ano em que adota como tema as Coreografias do Impossível, a Bienal deste ano propõe ao visitante que se movimente por entre os sons dos ambientes e dos objetos expostos, e que encare o tempo não como uma linha reta ou com destino definido, mas como um círculo de muitos inícios e retornos.

“As coreografias do impossível nos ajudam a perceber que, diariamente, encontramos estratégias que desafiam o impossível, e são essas estratégias e ferramentas para tornar o impossível possível que encontraremos nas obras dos artistas”, explicam os curadores em texto sobre esta edição da mostra.

É embalado por esses sons que permeiam várias salas e andares do prédio da Bienal, que o corpo vai se movimentar por entre 1,1 mil obras em exposição, criadas por 121 artistas, e que exploram os sentidos e discutem sobre as urgências do mundo.

“O som está sempre ligado ao movimento. Mas acho que, acima de tudo, uma das grandes bases do nosso pensamento é que a música é criada através do movimento no espaço. Ou seja, a forma como nós ritmamos e como atravessamos o espaço e o tempo é que cria a música”, explica Grada Kilomba, uma das curadoras da Bienal deste ano.

Grada ressalta que até mesmo a disposição dos objetos no espaço expositivo cria ritmos para essas coreografias que pretendem enfrentar as impossibilidades do mundo. “Nesse espaço da Bienal onde estamos, o som também está presente na coreografia dos objetos que estão suspensos no ar. Eles têm um ritmo para serem vistos, que são vistos em seguida e, depois, há uma pausa e, depois, há um crescendo, e a música aparece, mesmo sem ser audível. Isso para nós foi um conceito extremamente importante na expografia”, ressaltou.

Essa profusão de sons, por exemplo, pode ser sentida na obra Floresta de Infinitos, criada por Ayrson Heráclito e Tiganá Santana e que convida o visitante a entrar em uma mata sagrada, povoada de vidas materiais, inanimadas ou ancestrais. “Discutindo sobre as nossas florestas interiores e também gritando pela preservação da natureza, a floresta é um labirinto de bambus, espelhos, ruídos, projeções e baixa iluminação. E que convida o público a coreografar por entre seus sons, cheiros e urgências”, dizem os artistas.

“Já vínhamos sonhando com nossas florestas internas e, a partir dessa obra, quisemos homenagear entidades antropomórficas e biomórficas que se extinguiram e que voltam, nessa floresta sonhada, como forças protetoras do que existe”, explicou Tiganá Santana, em entrevista à Agência Brasil.

“A ideia é que essa instalação toda reacenda essas florestas interiores, com os abismos e mistérios. Por isso, ela é sinestésica e sensorial, para ativação do corpo. Ela não se pretende explicativa ou informativa. A ideia é que ela se comunique com os corpos diversos aqui. Que florestas as pessoas verão? Que ideia de natureza ou de morte ou de vida ou de encantamento as pessoas em contato com essa obra terão?”, explica o artista.

Assim como o tema dessa Bienal, essa floresta infinita cria diversas coreografias e não tem linearidade. “Acho que a reta não pertence bem à natureza. Acho que coreografar é isso, é serpentear a experiência de viver, de se espantar, de temer e de se encorajar”, avalia Tiganá Santana.

A ideia de movimento e de bailado contra as impossibilidades do mundo percorre toda a Bienal. O seu projeto arquitetônico e expográfico foi realizado pelo escritório Vão, que pensou em propor um novo fluxo para o visitante, no qual ele escolhe seu caminho e se torna protagonista de todo o processo. Com isso, o vão central do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, da Bienal, será inteiramente fechado pela primeira vez na história. A ideia é que o visitante construa sua própria Bienal, desafiando o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.

Coreografia coletiva

Como em uma coreografia, a Bienal deste ano propõe que os corpos dos visitantes se movimentem por esse espaço e que esse embalo seja feito de forma coletiva. Esse senso de coletividade já se inicia pela curadoria do evento que, pela primeira vez, é feita de forma compartilhada por quatro pessoas - Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, sem a figura de um curador-chefe.

Essa coletividade se estende também entre obras e artistas selecionados e é uma forma de se combater os limites históricos, territoriais e coloniais que nos foram impostos, destacou Grada Kilomba.

“Para nós é extremamente importante ir além dessa noção de nação tendo em conta que muitos artistas vêm de territórios que se estendem por várias nações e que não se identificam necessariamente como uma única nação. Ou tendo em conta também que muitos de nós habitam várias diásporas que atravessam várias nações e vários territórios. Esse é um momento em que nós refletimos e desmantelamos todos esses saberes e terminologias que nos foram dadas e que, no fundo, reduzem nossa existência para uma única identidade e que não é capaz de mostrar nossa complexidade. Eu tenho várias nações em minhas diásporas”, disse Kilomba.

Coletivos

Nesta edição, a Bienal será formada por diversos coletivos e movimentos sociais, como a Sauna Lésbica e a Ocupação 9 de Julho, que tomará conta da cozinha do evento, promovendo uma alimentação por meio de uma cadeia produtiva de agricultura familiar.

A Cozinha Ocupação 9 de Julho nasceu em 2017, por meio do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC). “A nossa atuação não é só pela moradia. É também pelo direito à cidade e tendo a moradia como porta de entrada para outros direitos”, explica Carmen Silva, uma das fundadoras do MSTC e que faz a gestão de cinco ocupações em São Paulo, entre elas a Ocupação 9 de Julho.

Segundo ela, a cozinha vai mostrar ao público que comida também é cultura. “Comida saudável é arte, é alquimia, é ancestralidade e é resgate de origem pelo cheiro e pelo gosto. Comida é arte”, ressalta.

Nesta Bienal, a Cozinha Ocupação 9 de Julho vai preparar um prato novo a cada dia, a preço popular. E, nos fins de semana, o preparo ficará por conta de um chef convidado. “Estamos aqui com a presença dessa cozinha, que passa a ser uma presença artística, trazendo também toda nossa rede de parceiros que nos fortalecem. Além da comida de qualidade, além das questões de soberania alimentar e da autonomia coletiva, trazemos para cá a ideia de que, juntos, conseguimos mudar a realidade de uma população que sempre foi marginalizada e que nunca teve oportunidade de adentrar outros espaços”, disse a artista Cacá Mousinho, apoiadora da ocupação.

Ao promover um diálogo com a curadoria da Bienal, a Cozinha Ocupação 9 de Julho reforçará a ideia de que cozinhar é revolucionário e que essa é uma forma de coreografar estratégias para a sobrevivência. “A arte está entrelaçada com o ativismo, com o dia a dia, com políticas de direitos humanos e em uma interseccionalidade que, muitas vezes, é entoada em um coletivo”, disse Grada Kilomba. “O movimento coreografa o impossível desde sempre, quando ele ocupa prédios abandonados que deveriam ser devolvidos à população na sua função social”, acrescenta Cacá.

Sauna Lésbica

Também mostrando a força da coletividade, a instalação da Sauna Lésbica se encontra no subsolo do edifício, trazendo, em sua fachada, um letreiro em néon com o nome do projeto. A obra foi construída com base em políticas de esquecimentos e silenciamentos. Segundo Malu Avelar, uma das artistas da Sauna Lésbica, ainstalação surgiu a partir do questionamento “e se existisse uma sauna lésbica?”.

“O que vai ter aqui na sauna, para além do espaço estético que foi produzido por esse coletivo, é um lugar de escuta. Acho que estamos precisando ouvir. Ao mesmo tempo, a obra vai sendo construída de acordo com o tempo”, explicou Malu Avelar. “E o que mais faz essa obra acontecer é sua ativação, que é quando conseguimos convidar as pessoas a entrarem e elas fazerem parte daquilo. É isso o que as pessoas vão sentir aqui, um lugar de escuta e um lugar de fazer parte e de construir juntas”, acrescentou.

E é assim que essa obra também vai dialogar com o tema Coreografias do Impossível. “Para se coreografar, para querer estar junto, você precisa se deslocar no espaço-tempo. Então, a partir desse deslocamento é que temos os encontros. E aí acontecem as relações. Acho que a sauna entra nesse lugar de ter que se deslocar até ela para que a relação aconteça e aí coreografarmos juntas o que queremos para o agora e para o futuro”, disse a artista.

“É a primeira vez que participo [da Bienal] e me emociono porque é uma obra que sai de um nicho. Desenvolvo trabalhos de lesbiandade há muitos anos, e ela acaba sendo restrita para sapatonas. É a primeira vez que estou nesse espaço e tendo a oportunidade de dialogar com uma população mais ampla. Tivemos a consciência de que era muito importante que esse lugar, apesar de permear o erótico, fosse de classificação livre para fazermos esse diálogo maior com a população”, explica Bárbara Esmenia, que também compõe a Sauna Lésbica.

A 35ª Bienal de São Paulo ocorre no Pavilhão Ciccillo Matarazzo – prédio da Bienal –, no Parque Ibirapuera, até o dia 10 de dezembro. O evento também prevê uma programação pública, que inclui apresentações musicais, ativações de obras, performances, encontros com artistas e mesas de discussão. A entrada é gratuita.

Outras informações sobre a mostra podem ser obtidas no site da Bienal.

(Fonte: Agência Brasil)

A partir de agora, ficou mais fácil encontrar um local de educação popular para estudar para o exame vestibular que está aproximando-se, ou mesmo se cadastrar para dar aulas. Fato se tornou possível em um mapa como os usados em aplicativos de celular. Disponível na plataforma Vicon Saga, o Mapeamento dos Pré-vestibulares Populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi realizado pelo projeto Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior. 

“Como muitos desses pré-vestibulares não têm recursos para investir em divulgação de suas ações, acabam ficando conhecidos apenas no entorno ou por quem atua na militância da educação popular”, explica doutora em história do Vila Isabel Vestibulares (Vive), no Morro dos Macacos e integrante da coordenação do projeto Tecendo Diálogos, Taisa Falcão. “Esses espaços não são apenas uma plataforma de acesso à universidade, mas polos de engajamento da juventude favelada e periférica com os movimentos sociais”.

Arthur Carrica, trabalhador que atua na portaria no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), conheceu seu atual pré-vestibular pela plataforma. “O pré que eu escolhi não tinha vaga, mas encontrei fácil esse que é perto do trabalho. Agora, estou animado para tirar as minhas dúvidas e direcionar meus estudos”, explica ao informar que pretende cursar Letras ou Educação Física.

Pesquisa

Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2023, os pesquisadores de campo, mesmo com os desafios da pandemia da covid-19, localizaram e conseguiram contato com 301 pré-vestibulares populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desse total, uma parte foi forçada a fechar em razão da pandemia. Mesmo assim, 130 pré-vestibulares populares se disponibilizaram a participar do mapeamento socioeconômico realizado pelos pesquisadores do projeto Tecendo Diálogos.

“Valorizamos cada pontinho desse mapa porque sabemos a dificuldade que foi se manter com a covid-19. Quem ficou fortalece muito seus territórios”, diz Anna Carolina Santos, assistente de pesquisa do projeto Tecendo Diálogos, educadora popular do pré-vestibular social do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais no Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj) e graduanda de geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Os 130 pré-vestibulares responderam a um questionário socioeconômico com mais de 40 perguntas que também estão disponíveis na plataforma e foram sistematizadas pelo projeto. Para Taisa Falcão, esses dados ajudam a compreender quais estratégias públicas são mais importantes para essas iniciativas. “Desejamos pautar políticas públicas de fomento, para que os pré-vestibulares possam melhorar suas estruturas e promover a educação popular de forma mais inclusiva, equitativa em ambientes mais saudáveis e sustentáveis”, afirma.

Análise dos resultados

Matemática, Redação e Biologia são as disciplinas mais oferecidas. Já História da África, Inglês e Espanhol são menos disponibilizadas. Mais de 80% dos pré-vestibulares funcionam em espaços cedidos, revelando ameaça à autonomia e à permanência nos seus locais de atuação. Um terço deles recebem apoio financeiro de instituições religiosas ou precisam fazer eventos e vaquinhas para captação de recursos. Cerca de 21% cobram um valor mensal dos estudantes.

Destaca-se que mais de 98% das pessoas que assistem às aulas são pretas (62,62%) e pardas (35,51%). O perfil do corpo docente muda um pouco: 33% se declaram pretos; pouco mais de 34% são pardos; 30% são brancos; e 2% são indígenas. O racismo é tema de atividades e debates em 80% dos pré-vestibulares. Enquanto 67% dialogam sobre questões de gênero e diversidade sexual.

Apoio

O Mapeamento dos Pré-vestibulares Populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro está hospedado na plataforma Vicon – Vigilância e Controle, uma iniciativa nacional e livre de custos, desenvolvida pelo Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lageop/UFRJ) em parceria com o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Anselmo Rocha Romão, mestre em Saúde Pública pela Escola de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e integrante da equipe do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do ICICT/Fiocruz, apoiou o cadastro dos dados na plataforma e reforçou o valor da disseminação das informações da pesquisa.

“O Vicon Saga vem de vigilância e controle. Não uma vigilância coercitiva, mas no sentido de transformar a sociedade no processo de inclusão das pessoas. Vigiar o que é injusto e criar justiça social”, explicou Romão. “Ressalto a qualidade de produção de conhecimento pelos movimentos populares e grupos no território”, valorizou Pricila Magalhães, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ.

(Fonte: Agência Brasil)