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A Academia Monte Branco de Judô conquistou o título da terceira etapa do Circuito Maranhense de Judô, competição promovida pela Federação Maranhense de Judô (FMJ) e realizada no último fim de semana, no Ginásio Costa Rodrigues, em São Luís. O Circuito Maranhense reuniu alguns dos principais atletas do Estado, com disputas nas seguintes classes: Sub-13, Sub-15, Sub-18, Sub-21, Sênior e Veteranos.

Com esse título, a Academia Monte Branco se consolida como destaque do Circuito Maranhense de Judô, já que também venceu a segunda etapa da competição. Na primeira etapa do Estadual, o Fórum Jaracaty foi o campeão geral.

Para sagrar-se campeã da terceira etapa do Circuito Maranhense de Judô, a Academia Monte Branco faturou um total de 42 medalhas, sendo 26 de ouro, 8 de prata e 8 de bronze. A Academia Judô Goés ficou em segundo lugar, com 17 ouros, 9 pratas e 2 bronzes, enquanto o Fórum Jaracaty garantiu a terceira colocação após conquistar 10 ouros, 8 pratas e 2 bronzes.

Além de garantir a primeira colocação na classificação geral, a Academia Monte Branco venceu a disputa do torneio masculino, com 23 ouros, 7 pratas e 8 bronzes. O pódio foi completado pela Academia Judô Góes (11 ouros, 7 pratas e 1 bronze) e pelo Fórum Jaracaty (7 ouros, 6 pratas e 2 bronzes).

Já na disputa do naipe feminino, a campeã foi a Academia Judô Góes, que conquistou 6 ouros, 2 pratas e 1 bronze. A Academia Shiai de Judô garantiu o vice-campeonato com 5 medalhas de ouro, enquanto o Fórum Jaracaty ficou em terceiro lugar, após faturar 3 ouros e 2 pratas.

Festival de Judô

Em meio às disputas da terceira etapa do Circuito Maranhense no Ginásio Costa Rodrigues, a FMJ também promoveu a segunda edição do Festival de Judô 2023, evento voltado para crianças de 4 a 10 anos.

O Festival de Judô é uma oportunidade de propiciar uma confraternização com os pais e responsáveis dos jovens atletas e integra o projeto da federação de incentivar cada vez mais a prática do judô desde cedo.

RESULTADOS DA 3ª ETAPA DO CIRCUITO MARANHENSE DE JUDÔ

CLASSIFICAÇÃO GERAL

 Academia Monte Branco

  1. Academia Judô Góes
  2. Fórum Jaracaty
  3. Centro de Treinamento Emílio Moreira
  4. Dojô Sensei Kaor Okada

CLASSIFICAÇÃO MASCULINA

  1. Academia Monte Branco
  2. Academia Judô Góes
  3. Fórum Jaracaty
  4. Centro de Treinamento Emílio Moreira
  5. Dojô Sensei Kaor Okada

CLASSIFICAÇÃO FEMININA

  1. Academia Judô Góes
  2. Academia Shiai
  3. Fórum Jaracaty
  4. Academia Monte Branco
  5. Bushido Academia

(Fonte: Assessoria de imprensa

A cidade de São Luís receberá, em outubro, a Copa Internacional Amazônia Ocidental de Natação – Troféu Orleans Tupinambá Nobre, competição realizada e organizada pela Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA), com o objetivo de promover e desenvolver a modalidade na região Norte-Nordeste. Paralelo ao evento, será disputado o Campeonato Maranhense de Natação de Categorias, com os atletas locais disputando medalhas estaduais em meio às provas regionais.

A Copa Amazônia Ocidental terá mais de 90 finais, abrangendo atletas da categoria pré-mirim (7 a 8 anos) até a sênior (acima de 20 anos). De acordo com a FMDA, as provas de natação do evento regional serão disputadas entre os dias 26 e 28 de outubro, na piscina da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal no Maranhão (Apcef-MA), enquanto as competições de águas abertas ocorrem no dia 29 de outubro.

“Estamos muito felizes por receber a Copa Amazônia Ocidental de Natação em São Luís, é um grande evento que resgata o enorme prestígio da natação do Norte-Nordeste no cenário nacional. Essa competição é importantíssima para os nadadores maranhenses, que sempre precisam dessas oportunidades, resgatam a autoestima e ganham motivação por competirem contra atletas de renome em todo o país”, afirma Alexandre Nina, presidente da CBDA.

As inscrições para a Copa Amazônia Ocidental de Natação – Troféu Orleans Tupinambá Nobre começam na próxima segunda-feira (2) e vão até o dia 17 de outubro. Mais informações podem ser obtidas pelo número (98) 98899-3906.

Outras informações sobre a natação no Maranhão estão disponíveis no Instagram da Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (@fmdaoficial).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A maior parte dos formandos em licenciaturas no Brasil não cumpre a carga horária mínima exigida no estágio obrigatório. Além disso, cerca de um a cada dez futuros professores sequer fez o estágio. Os dados são do último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), de 2021, e foram compilados pelo Todos pela Educação, com exclusividade para a Agência Brasil.

O estágio obrigatório é um período que os estudantes de licenciaturas acompanham a rotina escolar, sempre supervisionados por professores. A intenção é que eles tenham contato com as escolas e se preparem para o trabalho como professores. De acordo com resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE), esse estágio deve ter a duração de, pelo menos, 400 horas.

Os dados do Enade, no entanto, mostram que a regra, na prática, não está sendo cumprida. O Enade é um exame realizado por estudantes que estão concluindo os cursos de graduação. A cada ano, o exame avalia um conjunto diferente de cursos. Em 2021, foi a vez das licenciaturas. Além de realizar as provas, os alunos respondem a um questionário sobre a formação.  As perguntas sobre o estágio fazem parte desse questionário.

Cerca de 55% dos concluintes em licenciaturas, o equivalente a cerca de 165 mil estudantes, disseram que cumpriram menos de 300 horas de estágio. Outros 11,82%, o equivalente a 35,5 mil alunos, disseram que sequer fizeram o estágio. Os dados mostram ainda que 19,49%, ou 58,5 mil, cumpriram entre 301 e 400 horas e apenas 13,71%, ou 41,2 mil, fizeram estágios de mais de 400 horas. 

“O estágio permite essa conexão da teoria com a prática. Tudo que se aprende na teoria, se vê aplicações práticas na escola”, diz o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo.  

“É importante que os estudantes conheçam a dinâmica da escola, os papéis e as responsabilidades de cada um dos atores da equipe escolar. Nesse período, vão entender como é a organização do espaço e como é o trabalho ali. O estágio tem caráter de observação e, progressivamente, vai permitindo participar mais, acompanhar professores nas avaliações e atividades. Por isso, a carga horária é grande”.  

Gontijo ressalta que aqueles que se formaram em 2021 foram impactados pela pandemia, que levou ao fechamento das escolas por, pelo menos, um ano. Apesar disso, os dados do Enade mostram que, mesmo antes, o estágio não era totalmente cumprido. Em 2014 e em 2017, anos em que as licenciaturas foram avaliadas, cerca de 3%, ou mais de 7 mil estudantes em ambos os anos, declararam que não fizeram o estágio. Também em ambos os anos, cerca de 60% dos estudantes disseram que não cumpriram a carga horária mínima, fazendo 300 horas ou menos de estágio obrigatório. 

Para receber o diploma, os estudantes precisam cumprir o estágio. Segundo Gontijo, as altas porcentagens de estudantes que declaram que não concluíram os estágios pode ocorrer porque muitos acabam conseguindo documentos afirmando que fizeram as práticas ou mesmo realizaram o estágio de forma não estruturada, o que dá uma sensação de que não o cumpriram.   

“Isso chama atenção desses dados porque em tese é obrigatório cumprir as horas de estágio. Então, para conseguir esse diploma, eles precisaram apresentar algo, mas não têm a percepção de que fizeram o estágio”. 

Nas escolas

Gina Vieira, professora aposentada da rede pública no Distrito Federal, que trabalha atualmente como professora voluntária na Universidade de Brasília (UnB) e atua na formação de professores da educação básica, reforça a importância do estágio.  

“A formação dos professores tem sido cada vez mais frágil e insipiente porque formar um bom profissional é caro. Muitas vezes, há precarização na formação inicial desses profissionais”, afirmou. Segundo ela, muitas vezes os alunos desses cursos precisam conciliar a formação com trabalho e outras demandas, o que faz com que eles não consigam cumprir a carga horária mínima.  

O questionário do Enade mostra ainda que a maior parte dos formandos deseja atuar nas escolas. A maioria (64%) dos concluintes dos cursos de formação inicial docente quer atuar em escolas públicas em médio prazo daqui a cinco anos. Outros 13% preferem atuar com gestão educacional no setor público e 11% pretendem buscar outro campo de atuação, fora da área da Educação. Os dados mostram ainda que 8% desejam ser professor na rede privada e 4% pretendem trabalhar na gestão educacional de alguma instituição também privada.  

“É fundamental que esse profissional, como parte da sua formação, tenha contato com a pratica pedagógica, com a sala de aula, com o chão da escola, porque é isso que vai ajudá-lo a ter um pouco mais de entendimento do que é ser professor. Formar professor com a qualidade que se espera passa por uma articulação permanente entre teoria e prática. Prática sem teoria não sustenta. Mas teoria sozinha não vai te ajudar a ser bom profissional”, ressalta Vieira.  

Vieira explicou que um bom estágio permite que os estudantes tenham contato com as salas de aula, possam dar aulas e também que recebam retornos dos profissionais que os supervisionam e tenham a oportunidade de experimentar o que esses retornos propõem. Para isso, a professora defende, inclusive, a ampliação do tempo de estágio. “Esse estágio precisa acontecer e acho que a carga horária precisa ser ampliada”.

Atualmente, das 1.648.328 matrículas nos cursos de licenciatura, 35,6% foram registradas em instituições públicas e 64,4%, em privadas de ensino superior, de acordo com o último Censo da Educação Superior, de 2021. Dos estudantes matriculados em cursos de licenciatura, 61% frequentam curso à distância.

(Fonte: Agência Brasil)

“–  A BOLSA OU A VIDA?”

(Das lembranças de um poeta caxiense e seu poema)

                           O poeta Deo Silva

*

Exatamente hoje, 27 de setembro de 2023, o poeta caxiense Raymundo Nonato da Silva completa 40 anos de morte (ou encantamento, segundo a máxima de que escritores, em especial poetas, não morrem – encantam-se).

Em 27 de setembro de 1983, com apenas 46 anos, morreu Raymundo e para sempre ficou Déo. Déo Silva. Um dos mais representativos poetas da contemporânea literatura brasileira, maranhense, caxiense.

Rapazote, ainda na minoridade, eu era frequentador assíduo do “Recanto dos Poetas”, o famoso bar do Artur Cunha, ali na Praça Vespasiano Ramos, esquina com a Rua São Benedito, em frente ao largo da Igreja de mesmo nome, em Caxias. Naquele “agradavelmente anti-higiênico bar”, como uma vez o defini, em uma roda de amigos, reuniam-se muitos nomes da “intelligentsia” caxiense, como Déo Silva, Vítor Gonçalves Neto, Arias Marinho, Luís Gonzaga das Chagas Leitão e seu irmão João Leitão, Rodrigo Octavio Teixeira de Abreu (o Tavico), o próprio Artur Cunha (que assobiava e chupava cana, isto é, atendia a freguesia e participava do jogo de “impugna” e das conversas e altas discussões), Cid Teixeira de Abreu, e Edmilson Sanches, o único menor de idade em um grupo de homens que eram jovens há mais tempo – bem mais tempo – que eu.

Todos nos reuníamos em torno de uma mesa, alguns copos e diversos dicionários. Além de conversa fora, jogávamos a tal “impugna”, um jogo de palavras que consistia em ir acrescentando (“jogando”) letras a uma letra inicial jogada, sem deixar que se formassem palavras (não valiam monossílabos). No jogador em que terminasse a palavra, aquele levaria um ponto negativo – e poderia pagar a "rodada" de bebidas. Se alguém “apelasse” para uma palavra “difícil” ou inexistente, os diversos dicionários – possivelmente os mais úteis ou mais consultados de Caxias, de propriedade do Artur – estavam ali, sendo manuseados, mãos e dedos ágeis, sôfregos e perspicazes à cata do termo, do nome, do verbete.

(Exceto por gozação, era difícil apelar para palavras não formalmente existentes, sobretudo porque ali era um ambiente de "feras" das letras, jornalistas, escritores e leitores vorazes, diversos deles professores). O Artur Cunha cunhou uma expressão que se tornou axiomática: ser o jogador depois de Edmilson Sanches era "levar uma de quati”, querendo dizer que o jogador que fosse o próximo depois de mim pegaria um “osso” (numa referência ao ossinho, chamado báculo, no genital do bichinho). Isso porque eu jogava “duro”, frequentemente colocando uma letra que deixava o próximo jogador sem opção, a não ser encerrar a jogada, seja porque a palavra forçosamente terminaria nele, seja porque, por ser “difícil”, não havia como continuar a palavra.

Com efeito, na adolescência eu era cultor de livros, inclusive dicionários, e memorizara alguma coisa, além do recurso de decorar sem esforço os morfemas e afixos, elementos de formação de palavras (prefixos, infixos, sufixos etc.), o que funcionava como recurso dentro das “estratégias” do jogo.

Foi nesse ambiente nublado de cigarros, fluido de álcool e letras em suspensão que conheci Déo Silva. O bigode, o cigarro, o corpo descansando folgada e naturalmente, derreado numa cadeira.

Afora os da geração dele, que conheceram a pessoa, não são muitos os que conhecem o poeta, o escritor, que viveu meros 46 anos e deixou uma obra para séculos, marcante, consistente – embora não a ponto de sensibilizar, de despertar o interesse de muitas mentes dos dias de hoje e dos muitos anos dos ontens, e, parece, infelizmente, dos muitos amanhãs que hão de vir.

Da vida de Déo Silva sei de seus livros “Ângulo Noturno”, de 1959, e o famoso “Equação do Verbo”, de 1980, além de, pelo menos, uns oito inéditos, segundo lista feita pelo poeta Wybson Carvalho, integrante e ex-presidente da Academia Caxiense de Letras.

Por enquanto, de memória, sem consultar ou conferir livros e amigos, falo do episódio que teria sido a gênese de um dos seus mais belos poemas (igualmente transcrito aqui de memória, sem saber as exatas palavras e sua disposição na arquitetura poemática. Prometo redimir-me tão logo esteja com o original em mão*).

Todo poema tem sua história, ou dá uma. Pois bem. Conta-se que estava Déo Silva em São Luís. Situação difícil. Liso. Sem dinheiro. Já o último cigarro prensado aos lábios. Precisava ir para a rodoviária. "Arriscar" uma passagem com eventual passageiro conhecido que por lá também estivesse.

A rodoviária, do ponto em que Déo estava, era longe. A pé. Muito longe. Chuva. A pé. Muita chuva. Começa a cair a noite. Então aparece do nada o bandido, mal amado e bem armado.

Do encontro do ladrão e do poeta surge o poema:

Na rua,

a escuridão.

Eu

e um ladrão.

“– A bolsa ou a vida”.

Ambas vazias.

*

(*) Em 2020, tive boas conversas com o advogado, ex-deputado federal (por São Paulo) e escritor caxiense Frederico Brandão, residente em São Luís e meu confrade na Academia Caxiense de Letras e no Instituto Histórico e Geográfico de Caxias. Frederico, além de primo do poeta Déo Silva, foi seu colega de escola nos bons e velhos tempos de ambos estudantes em nossa cidade natal. Nas conversas, logrei recuperar o exato teor do famoso poema do Déo, que nunca foi publicado (atesta Frederico) e que sobrevive pela força de sua expressividade ao mesmo tempo concisa e eloquente e pela continuada repetição, o boca a boca que migrou dos bares e ruas boêmios para a consciência de parte da coletividade caxiense. Foi assim, na oralidade, que grandes textos se (im)puseram no mundo, até serem pegos no laço pelas mãos aptas, destras, de escribas, escreventes e escritores – estão aí a Bíblia e outros livros sagrados, estão aí diversas histórias da literatura de cordel, entre outros, que não me deixam mentir...

A segurança de Frederico Brandão e sua afinidade pessoal e parental com Déo Silva, além de sua memória (posto que grande memorialista ele é) garantem que o texto que se transcreve a seguir é o definitivo e o que o poeta caxiense compusera.

Contei esse resgate da letra original do poema deo-silviano em prefácio que escrevi para o livro “Há Pedras e Poesia em Meu Habitat”, de Wybson Carvalho, lançado em agosto deste 2021. Este é o poema original (para outras considerações sobre o assunto, inclusive as demais versões do poema, consulte-se o referido prefácio na obra wybsoniana):

 Na rua escura, eu e um ladrão.

“A bolsa ou a  vida”. 

Consultei-as.

Ambas estavam vazias.

*

Ainda o poema

Esse poema, que Wybson intitula “Noite ludovicense”, sempre me lembra do título A Bolsa & A Vida, de Carlos Drummond de Andrade, lançado em 1962. Em setembro de 2020, mantive longas conversas ao telefone e troca de mensagens com o advogado, ex-deputado federal, escritor e acadêmico caxiense Frederico José Ribeiro Brandão, amigo, colega de estudos, parceiro de boêmia e primo de Déo Silva. Atestou-me por escrito ter ouvido inúmeras vezes Déo declamar o poema, a ponto de as exatas palavras lhe terem ficado indeléveis na memória conterrânea. Registre-se, aqui, então, à guisa de tributo iniciado por Wybson, a versão que escrevi (antes do contato com Frederico) e a reprodução textual dos versos deo-silvianos, conforme me disse e escreveu o confrade Frederico, confiável testemunha ocular e auricular, que assim relembra Déo: “Era uma pessoa alegre, comunicativa. Em São Luís, juntou-se a um grupo de intelectuais e boêmios. Não mais saiu dessa ambiência que nem o casamento mudaria. O casamento foi encerrado. Perdeu o emprego”. Quanto ao poema: “Ouvi dele próprio! E, a meu pedido, outras vezes. Estou certo de que Déo não deixou isso em qualquer escrito seu. Déo foi meu colega de turma no Ginásio Caxiense. Meu primo, também. // Não guardo dúvidas sobre o que ouvi. Como também sei que Déo ‘recitava’ esse quase verso para muitos. E,  como não o escreveu, os que ouviram...”

Agora, sobre os famosos versos.

NOITE  LUDOVICENSE

(versão de Wybson Carvalho)

“São Luís, um beco escuro, um ladrão e eu...

ele – mãos ao alto; a bolsa ou a vida!

eu – consulte-as; ambas estão vazias!”

*

“A BOLSA OU A VIDA”

(versão de Edmilson Sanches, baseada em lembranças do que ouvia no bar “Recanto dos Poetas”, em Caxias):

Na rua,

a escuridão.

Eu

e um ladrão.

“– A bolsa ou a vida!”

Ambas vazias.

*

Transcrição de Frederico Brandão, que reitera que os versos, sem título, nunca foram publicados. A partição em linhas (versos) foi por minha conta, observada a pontuação original:

Na rua escura, eu e um ladrão.

“A bolsa ou a  vida”. 

Consultei-as.

Ambas estavam vazias.

Reconheça-se, pois, nos versos acima, a árvore Déo Silva, firmemente enraizada, e, nas duas reescritas antecedentes, as folhas deixadas cair, sazonais, e que Wybson e eu ousamos recolher e conservar... Como se vê e lê, pelo dedo se conhece o gigante ()... e Déo Silva, lembrando verso de Horácio, executou, com as declamações de seu poema, “um monumento mais duradouro que o bronze” ().

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(*) “Pelo dedo se conhece o gigante”: expressão latina – “Ex digito gigas”.  “Um monumento mais duradouro que o bronze”: “Exegi monumentum aere perennius”, “Executei um monumento mais duradouro que o bronze”, verso que, no dizer de Paulo Rónai, em seu livro “Não Perca o Seu Latim”, refletia o “justo orgulho” do poeta Horácio ao publicar os três primeiros livros das suas Odes, em 23 a. C. (o quarto sairia dez anos depois, em 13 a. C.; nesse intermédio se publicariam, entre outras obras horacianas, a “Arte Poética ou Epístola aos Pisões”).

* EDMILSON SANCHES

Após muita expectativa, chegou a hora do pontapé inicial da segunda edição da Taça Grande Ilha de Futebol Society, competição patrocinada pelo governo do Estado, pelo El Camiño Supermercados e pela Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. Os seis primeiros jogos das categorias Sub-15 e Sub-17 da competição serão realizados nesta quinta-feira (28) e sexta-feira (29), na Arena Olynto, no Bairro Olho d'Água, em São Luís.

A bola vai começar a rolar na Taça Grande Ilha de Futebol Society com quatro partidas na noite desta quinta-feira (28). No campo 1 da Arena Olynto, Jeito Moleque e Revelação duelam pelo torneio Sub-15 a partir das 19h45, enquanto Mercado e Audaz jogam às 20h40, em partida da competição Sub-17. Já no campo 2, o GM Sports enfrenta o CT Sports às 19h45, pelo Sub-15, com Geração Alpha e Lyon duelando logo em seguida, a partir das 20h40, na disputa Sub-17.

Outras duas partidas da primeira rodada da fase de grupos da Taça Grande Ilha de Futebol Society ocorrem nesta sexta-feira (29), no campo 1 da Arena Olynto. Pela competição Sub-15, Os Feras enfrentam o Craque na Escola a partir das 19h45. Já às 20h40, será a vez de PAC e Slz Soccer medirem forças em compromisso do torneio Sub-17.

Vale destacar que, durante o lançamento desta edição da Taça Grande Ilha, todos os 24 times participantes receberam kits contendo uniforme completo (camisas, calções e meiões) e bolsas esportivas personalizados. Todo o material será utilizado pelas equipes ao longo de toda a competição.

Todos os detalhes da Taça Grande Ilha de Futebol Society estão disponíveis nas redes sociais oficiais do evento no Instagram (@tacagrandeilha).

TABELA DE JOGOS

QUINTA-FEIRA (28/9) – ARENA OLYNTO (CAMPO 1)

19h45 – Jeito Moleque x Revelação (Sub-15)

20h40 – Mercado x Audaz (Sub-17)

QUINTA-FEIRA (28/9) - ARENA OLYNTO (CAMPO 2)

 Sports x CT Sports (Sub-15)

20h40 – Geração Alpha x Lyon (Sub-17)

SEXTA-FEIRA (29/9) - ARENA OLYNTO (CAMPO 1)

19h45 – Os Feras x Craque na Escola (Sub-15)

20h40 – Pac x Slz Soccer (Sub-17)

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Apresentação

Esta Obra Reunida, de Adailton Medeiros (1938-2010), há muito deveria ter chegado às mãos dos leitores. E não foi por falta de esforço dos irmãos Medeiros e da Editora, que tanto fizeram para o livro estar em circulação.

Coincidentemente, sem nada premeditado, Obra Reunida sai exatamente no ano – 2022 – em que, no Brasil, se registram três datas “redondas” relacionadas a movimentos culturais, literários e poéticos aos quais, pode-se dizer, vincula-se o fazer poético-literário de Adailton Medeiros: o centenário do Modernismo (com a Semana de Arte Moderna, 1922), os 70 anos do Concretismo (com os poetas da revista Noigrandes, 1952) e os 60 anos da Poesia Práxis (com o livro Lavra Lavra, de 1962, do paulista Mário Chamie, amigo de Adailton). E, entre essas efemérides, outra, cara à bibliografia de Adailton Medeiros: em 2022 também completam-se os 50 anos de publicação de seu primeiro livro, O Sol Fala aos Sete Reis das Leis das Aves, de 1972.

Nascido em 16 de julho de 1938 no Povoado Angical, em Caxias, Maranhão, onde também surgiu literária/mente, Adailton Medeiros faleceu em 9 de fevereiro de 2010, no Rio de Janeiro (RJ). Viveu 71 anos, 6 meses e 24 dias, mais de oitenta por cento desse tempo na capital fluminense, cidade de protagonismos e coadjuvações e de convergências e dispersões de fluxos e influxos culturais, (r)evoluções artísticas e feitos literários e seus efeitos coliterais.

Mas, se habitava numa capital, Adailton, em si e em sua obra, nunca se desabitou de seu interior – porque não desabilitou o rememorar, não desativou o revivescer. Infância, juventude e adultidade compõem a santíssima trindade que o faz ser ele o mestre de obras que se replica nelas, suas obras de mestre.

Nesse processo, a “Princesa do Sertão” (Caxias) se une à “Cidade Maravilhosa”, com a geografia literária adailtoniana, com seu próprio tópos, mostrando que o Riacho Praquê deságua no Rio de Janeiro. O Praquê, riacho onde diziam ter ouro enterrado, era lindo e o caminho para ele, limpo. Caminho de árvores, flores. Caminho de pedras. (E me vem à memória “Caminho de pedra”, música de Tom Jobim e Vinicius de Morais, gravada, em 1958, por Elizeth Cardoso: “Velho caminho por onde passou / O meu carinho chamando por mim, ô, ô / Caminho perdido na serra / Caminho de pedra / Onde não vai ninguém / Só sei que hoje tenho em mim / Um caminho de pedra / No peito também”.

Escrevendo sobre o homem

Foi no Povoado Angical, nas proximidades do Riacho Praquê, em Caxias, que Adailton Medeiros expatriou-se do ventre máter, depois de evoluir de “espermatozoide feio e raquítico” (1), com cauda, para um “lagarto sem rabo” (2). Nasceu numa “casa de palha” (3), onde havia quintal com “folhas das trepadeiras que se escancham na cerca” (4). Nasceu sobre um “jirau, […] nobre catre” (5), numa “bela manhã” (6) daquele sábado, 16 de julho de 1938. (Neste mesmo dia e mês, cinquenta anos depois, apesar dos pesares e pensares, da vida ascética, anacorética, à inflexão para a lida literária, poética, Adailton, “criança cinquentenária” (7), reconhecia: “ como deve ser bom / nascer crescer envelhecer e morrer” (8).

Adailton foi o primeiro de dez irmãos, filhos do casal maranhense Dª Raimunda Borges de Lemos e Sr. Nadir Medeiros, proprietário de uma terra onde marido e mulher trabalhavam e de onde tiravam o sustento e tocavam a existência. Sobre o irmão, Maria Hilma, professora, escreveu: “Adailton Medeiros   ‘Dudu’, como era chamado pela família , um grande exemplo de dedicação e bondade, o esteio da família na formação de seus irmãos no Rio de Janeiro. // Foi Irmão Cirilo Alexandrino no Mosteiro de São Bento por 4 anos, no Rio de Janeiro. Renunciou à vida religiosa para dedicar-se à vida de escritor, pois seu maior objetivo era deixar seu nome nas páginas dos livros, ser imortal. // Como irmã caçula, minha dedicação ao meu inesquecível ‘Dudu’: Um sonho que se foi  a vida. / O silêncio calou sua voz  a morte. / Um cérebro que não morre  a Sabedoria. / A saudade que fica para sempre  o adeus” (9).

Mas antes de sair do Angical para a cidade grande, Adailton foi para uma grande cidade – a dele, Caxias, terra e rima de Gonçalves Dias, de Teófilo Dias e de Celso Menezes, precursores, respectivamente, do Indianismo e do Parnasianismo na poesia e do Modernismo nas Artes Plásticas brasileiras; terra de Coelho Netto, indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, introdutor do cinema seriado no Brasil, o escritor mais lido do Brasil e Portugal em sua época; terra de Ubirajara Fidalgo, criador do Teatro Profissional do Negro no país; de Liene de Jesus Teixeira, engenheira-agrônoma e doutora em Botânica, primeira mulher a se formar em Agronomia na Universidade Federal de Viçosa (MG); de Raimundo Teixeira Mendes, criador da Bandeira do Brasil, redator de leis que, pioneiramente, no Brasil, levaram à separação Estado/Igreja, à proteção do doente mental e da mulher e do menor trabalhadores; terra de João Mendes de Almeida, que em São Paulo foi advogado e jurista, jornalista, presidente da Assembleia e principal redator da Lei do Ventre Livre; Aderson Ferro, pioneiro da Odontologia no Brasil e primeiro brasileiro a escrever e publicar livro sobre essa especialidade paramédica; e de tantos outros caxienses que, mercê de seus talentos, coragem e trabalho, legaram ontem um Brasil melhor hoje.

Com a família, Adailton mudou-se do Angical e foi para a zona urbana de Caxias, para o Bairro Cangalheiro, Rua do Fio (10) – que, nos anos 1950, antes de ser a via por onde também passava a fiação do telégrafo (daí o nome), era chamada de Rua dos Velhacos, denominação que Adailton recupera e data em poema onde acopla uma cópula entre flor e folha, pendão e concha de plantas quiçá hermafroditas do novurbano quintal (11). A literatura adailtoniana rima – inclusive em versos brancos – poesia com (auto)biografia. Nada de egocentrismo, mas, sim, muito humanismo.

No mundo citadino caxiense, novas situações e emoções, peripécias e personagens se foram adentrando na vida e no imaginário de Adailton. A família mudou-se para a Rua do Cotovelo, onde a casa até hoje é dos Medeiros. Entre os personagens (de)cantados em poemas, o “grande” Ilário da Costa Veloso, o Seu Ilário, da Rua do Angelim, homem peiudo, de genitália acavalada, motivo de gozação da meninada e de gozo da mulherada (segundo Adailton alinhavou em trinta e quatro versos igualmente… desmedidos…[12]). O velho Ilário se inscreveria na memória menina e na poesia madura de Adailton Medeiros, espaços onde já pulsava, por exemplo, o cantador e rabequista Zé Baú (13), preto velho do povoado caxiense de mesmo nome – Baú –, amigo da família Medeiros. Zé Baú cantava bem, “tirava” Reis, isto é, executava música, canto ou oração no Dia de Reis, que a tradição cristã “calendarizou” como 6 de janeiro. Maria Hilma (re)lembra uma quadra do reisado: “Senhora dona de casa, / saia à porta da rua, / venha ver o Santo Reis, / que vem à procura tua”.

No início da adolescência, aos 13 anos de idade, o talentoso Adailton, aluno do Ginásio Caxiense, por seu desempenho nos estudos (1º lugar), ganha bolsa do governo do Maranhão (à época, administrado por Eugênio Barros, nascido politicamente em Caxias, onde foi prefeito). O garoto vai para o Rio de Janeiro, matricula-se no famoso Colégio Pedro II e, motivado e preparado, volta a cursar o restante do hoje ensino fundamental.

Mas, como se diz pelos desvãos da hinterlândia brasileira, às vezes, quando Deus dá com uma das mãos, o Capeta vem e sorrateiramente tira com a outra… Eis que o garoto Adailton é contagiado por um vírus e desenvolve parotidite, que não é outra senão a caxumba, a papeira. Fica 15 dias fora das aulas. A doença passa, Adailton volta para a escola, a doença passa… para o outro lado – porque, em pobre lutador, desgraça pouca é bobagem. Mais 15 dias sem ir ao colégio. Total: um mês – e o rigoroso e quase bicentenário estabelecimento de ensino federal não teve misericórdia com quem tanto merecera estar matriculado nele… O menino Adailton voltou para a terra natal. Perde um ano. Reinicia, outra vez, os estudos. Torna-se líder e referência estudantil em Caxias. Vai crescendo e se desenvolvendo. Na Escola Técnica de Comércio, criada pelo amigo Monsenhor Clóvis Vidigal (falecido), presidiu o grêmio e, com a irmã Adailma, formou-se em Contabilidade. Estreia literariamente em jornal (o Cidade de Caxias), onde tinha seu nome no expediente. Assim nascia em letra de fôrma o jornalista e literato que anos mais tarde, em 1961, de volta ao Rio de Janeiro, trabalharia em Contabilidade com a irmã Adailma e, depois, sairia desse mundo de números para voltar-se para o universo das Letras, formando-se na última turma de Jornalismo (Comunicação Social) da antiga Universidade do Brasil, depois Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFR)J, onde também fez mestrado em Literatura. Como se diz, Deus escreve certo até por linhas incertas.

O retorno de Adailton ao Rio, sabe-se, é protagonizada pela irmã Adailma, que, tendo se mudado para a Cidade Maravilhosa, para lá levou de volta o primeiro irmão. Mais velha das irmãs, Adailma fora para o Rio trabalhar (inicialmente, com Contabilidade, numa editora e nos Correios), ser professora e fazer novos estudos. Formou-se em Administração e em Direito, tornou-se advogada e aposentou-se em cargo de destaque na área jurídica de uma das Forças Armadas do Brasil. Adailma é personagem e referência em poesias do irmão; leia-se, por exemplo, em “No divã amarelo”, poema do livro Lição do Mundo“Ah minha irmã (a que se encontra mais próximo) me liga / sempre e assim relemos antigos palimpsestos Ocorre que / (apesar das nossas variáveis psíquicas) somos unidos e mais: / depositários e cúmplices de alguns segredos de família / […]”. No poema “O casmurro”, no livro Bandeira Vermelha, o poeta lembra-se da irmã quando conta/canta sobre Zé Aleixo, homem caboclo vindo de Loreto (MA), onde protagonizara um terrível drama familiar, e que era “pau pra toda obra”, de semear grãos a enterrar defuntos: “Mana a minha irmã Adailma / ele [Zé Aleixo] a chamava com saudade / da sua pobre menina morta / O velho Zé-Aleixo era casmurro: / “homem calado e metido consigo”. Em muitos textos, nos diversos livros, em títulos, citações e dedicatórias, Adailton traz para perto de si a família – pais, irmãos, sobrinhos e outros, ascendentes, colaterais e descendentes.

De 1990 a 1994, Adailton Medeiros viveu no multissecular Mosteiro de São Bento, localizado no morro de mesmo nome, no Rio de Janeiro. Ali era o Irmão Cirilo Alexandrino – certamente uma referência ao grego Cirilo, grande nome da Igreja, o Patriarca de Alexandria, que viveu nos séculos IV e V e foi homem de elevada erudição e grande fecundidade na produção escrita.

Entretanto, o espírito beneditino do Verbo parecia menos intenso que o espírito bendito das Letras. Aquele exigia desapego, abandono, rejeição; estas, serviam (para) busca, encontro, subversão. Onde o espírito beneditino do Verbo impõe renúncia e cala, o espírito bendito das Letras põe denúncia e fala. Em um caso, o escritor é interdito; no outro, é internúncio.

E Adailton queria voltar a se dedicar à vida de escritor… Desde o início da carreira literária a até seu período monástico, já escrevera oito obras e publicara sete: Oculto Piano (a primeira obra; inédita); O Sol Fala aos Sete Reis das Leis das Aves (1972); Cristóvão Cristo: Imitações (1976); Revoltoso Ribamar Palmeira (1978); Braçada de Palmas (1981); Poema Ser Poética e Mais Oito Pré-textos (1981); Floração de Minas (1982)Lição do Mundo, que saiu em 1992, no meio do período da vivência monacal. Todo esse vigor literário e toda essa força literal trouxeram um bilhete azul para o monge beneditino e uma Bandeira Vermelha para o escritor bendito. Adailton saiu do mosteiro secular para continuar testamenteiro do século. E voltou a publicar.

Com duas edições em 2001, a primeira com o título As Mulheres & As Coisas (cuja edição, do governo do Rio de Janeiro, Adailton classificou como de “péssima qualidade” [14]), o livro  Bandeira Vermelha é, na primeira parte, uma tertúlia, um agrupamento de familiares, amigos e personalidades de A de Adélia a Z de Zuleide. Em outros livros (por exemplo, CristóVÃO Cristo : Imitações), seja com poemas, em epígrafes ou dedicatórias, Adailton também exibe uma saudável destimidez ao tornar público seu apreço e carinho em relação àqueles que lhe são cara referência e para os nomes a quem dispensa rara reverência.

Sobre o homem que escreve

A obra de Adailton Medeiros junta-se às tantas obras dos tantos autores a merecerem estudo mais acurado. Aspectos literários e linguísticos, históricos e geográficos, políticos e sociais, pessoais e que tais, entre outros, ululam e pululam, passam e perpassam nos/pelos textos adailtonianos. Um exemplo de pessoalidade, entre tantos, lê-se em “Objeto torturante”, do livro Lição do Mundo:

“Quando eu era menino desejava ter

algum dia um relógio de parede

pra bater como um sino de hora em hora

(bam bam bam) contando o tempo

Mais tarde percebi que esse objeto torturante

não consegue contar o tempo que é unitário

agorúnico

Ele vai contando isto sim nossos passos

para a morte”

A gênese desses versos vem, como dito no poema, do tempo do Adailton menino, que, ao visitar residências de pessoas “de condições”, via, dentro delas, o relógio, o que fazia germinar, nele, a vontade de ter um objeto igual em parede de sua casa.

Os aspectos pessoais – como os já referidos aqui – compreendem desde as mais ancestrais lembranças da infância na zona rural, as referências à primeira professora, Rosa Martins (“Recordações” e “Minha Mestra”, por exemplo, em Oculto Piano), às mais comuns ou improváveis ocorrências da maturidade na urbanizada metrópole carioca.

Desencoberto pela irmã Adailma no Rio de Janeiro, pós-morte do autor, Oculto Piano era o primeiro livro que Adailton Medeiros pretendia publicar; fora escrito em Caxias, concluído provavelmente em 1958/1959, quando o autor, com pouco mais de 20 anos, trabalhava na prefeitura local. Mas, pelas razões que nossa desrazão sequer atina, os originais – bem organizados, como organizado era o autor (15) –  foram ficando… ficaram esperando. Até familiares próximos desconheciam a existência desse Piano realmente, sem fazer blague, oculto. Adailton, os irmãos reconhecem, era de “temperamento fechado” em relação a certos assuntos (e quem não?).

A pretendida obra inaugural (Oculto Piano), quando se lê nela logo se vê: o poeta (diletantemente?) se desafia, ousa, experimenta e experiencia – comete um soneto assonante hexassílabo em “A”, isto é, com todas as 40 palavras iniciadas por essa letra, da monossilábica interjeição “ah!” ao polissilábico adjetivo “arcangenal” (16).

As referências a Caxias e ao Maranhão, ao tempo passado e às lembranças presentes, sejam lugares, pessoas, fatos, reflexões etc., iniciam-se com esse livro e, como um cambo ou fieira, vão elas transpassar praticamente toda a obra adailtoniana. Um trabalho de Onomasiologia, Onomatologia ou Onomástica e um Glossário, para esse e para todos os livros, poderiam destacar, explicitar e enriquecer mais ainda os termos ou expressões que, em muitos casos, jazem ou subjazem apenas como nomes próprios ou vocábulos ou acepções regionais ou unidades lexicais destinadas a “iniciados”.

Em 1972, logo no primeiro mês, como se abrindo as homenagens pelos dez anos da Poesia Práxis (17), Adailton Medeiros publica O Sol Fala aos Sete Reis das Leis das Aves, dedicado aos pais, Dª Raimunda e Sr. Nadir. Adailton parece estar à vontade: inicia o livro com um poema (“Concubinato dele & dela”) formado de oito estrofes (sete septilhas e uma oitava), somando 57 versos eneassílabos perfeitamente metrificados (observadas as sinalefas próprias). Em seguida, adentra a obra com a variada configuração multicênica e polissêmica que o Modernismo, em especial a Poesia Práxis, adota ou rejeita, em termos de forma e conteúdo. Nesse encontro de contrários (tradição da escansão X introdução da inovação), o leitor vê e revê aliterações (como “jorro brotado no brejo do busto”); neologismos (“agorúnico”, “brasilindo”, “senxual”, “sisifuriosamente”, “textória” etc.); internetês, ou a linguagem abreviada da Internet (como o “q” [que] no verso “ante boca q engole […]” (18); e um caudal de paronomásias (“de porto e parto”, “nave de neva de limo e lume”, “de sinos cimos”, “das misérias eternas / e ternas do tempo”, “tu âmago […] / ou ômega […]”, “barro berro”,  “porto perto”, “plano / salão / pleno”, “asfalto bom creme / assalto com crime”, “terra torre”, “Aída // a ida”, “pela pele / velar levar”, “prolíferas – proles e feras […]”, “meninos sem rugas nem rusgas”, “poeta –  o poema independe de formas / de firmas […]”).

Em 1976, Adailton Medeiros publica, no Maranhão (São Luís), seu terceiro livro: CristóVÃO Cristo: Imitações. À contenção formal da primeira parte, com 60 poemas de estrofe única com cinco versos (quintilhas), o autor ajuntou sete “pré-textos”, com as características da Poesia Práxis, oferecidos para quatro grandes nomes da Literatura brasílica – Cassiano Ricardo, João Guimarães Rosa, Mário Chamie e Mário de Andrade –, além de um para o pai, outro para a mãe e o último para o filho (ele mesmo). É claro que, sendo um dos principais nomes da Práxis no Brasil, o caxiense diversificou na forma e, no conteúdo, referenciou e referendou obras daquele fantástico quarteto literário, “praxizando” os textos com a disposição das palavras e/ou versos, o aproveitamento, realce ou exploração das possibilidades visuais e semânticas dos vocábulos e linhas, a construção de neologismos e a desconstrução de termos etc.

O ano de 1978 marca a estreia de Adailton Medeiros em prosa de médio (per)curso, uma novela, um pequeno romance –  que o autor, em curta nota prévia, antecipa ser texto mal estruturado (“narrativas descosidas flácidas”),, com língua sem maior coesão (“não muito consistente”) e linguagem claudicante (“amparada por muletas quebradiças”). Essa advertência preambular parece exagerada e, sempre ali presente, parece cilício cingido à vista ao corpo da obra, sujeitando-a ao voluntário sacrifício de uma imprópria, indevida (des)consideração. É assim que Adailton Medeiros “apresenta” Revoltoso Ribamar Palmeira, obra de “maranhensidade”, indicada para os que sabem e para os que querem saber de alguns recortes acerca de coisas e causas, de conflitos e conflagrações e peculiares contornos de características históricas, político-sociais e regionais do Estado. É um ótimo livro, gostoso de ler, com o Maranhão presente na linguagem e nos ambientes e com boas “surpresas” linguísticas/literárias, como  rimas internas e aliterações (“sangue de lama, de limo e lodo”, “cachorros bebem, bala berrando, metralha malha”) e assonâncias (“um véu de urubus escurece teu tempo”  – neste caso, o som /u/ presente em todas as palavras, exceto a preposição).

Em 1982, Adailton Medeiros torna público um “corpo estranho”, como foi classificado em texto prefacial (19). Trata-se do livro Poema Ser Poética e Mais Oito Pré-textos. A “estranheza” da obra é que se trata de uma dissertação de mestrado apresentada em… versos –  o que era inusual naqueles idos e, creio, ainda hoje incomum. O autor explica que o trabalho acadêmico recebeu o conceito “excelente”, com o que conquistou o título de mestre em Ciência da Literatura. Poema Ser Poético apresenta-se sem os penduricalhos (“detalhes”) metodológicos da dissertação, mas “compensa” com os “pré-textos” incluídos no título, oito poemas “praxísticos”, seis deles já constantes de livros anteriores e dois em homenagem ao baiano Adonias Filho e ao maranhense Josué Montello. Em Poema Ser Poética, o autor exclama e, didático e incisivo, ensina:

“[…]

dura porém verdadeira distinção

aclaradora: artista versus ho-

mem comum. Pois no primeiro a

imaginação é produtiva ao passo

que reprodutiva no segundo no

homem comum: na gente domada.”

Uma década depois, em 1992, Adailton Medeiros tem lançado seu livro Lição do Mundo, obra demarcadora na vida do autor – que, em um de nossos raros encontros em Caxias, em maio de 1998, pessoalmente ma ofereceu, com singela dedicatória: “Para o Escritor e Acadêmico Edmilson Sanches, caxiense de sempre, com a admiração, estima e o abraço do Confrade e Conterrâneo Adailton”).

Lição do Mundo, dedicado a Honorato Medeiros, avô paterno (portanto, homem de muitas “lições do mundo”), reúne poemas do período de 1978 a 1990, este exatamente o ano de ingresso de Adailton na ordem beneditina. O próprio poeta caracteriza essa obra como linha divisória de sua biografia. Ele escreve sobre o livro, em pequena nota antes do primeiro poema: “[…] encontrarás nele [no livro] as alegrias e as tristezas de um viver que se finda, e os gestos iniciais de um novo existir, pleno em busca da Justiça e da Graça”. Parece que o poeta estava se despedindo, ou, como aqui e acolá se diz acerca dos que optam pela vida religiosa de renúncias e clausura, parece que estava “morrendo” para a existência secular e “renascendo” para a essência espiritual. Lição do Mundo é quase uma autobiografia, repleto de autorreferências, de lembranças da infância, de tempos idos e vividos na terra natal. Tem até poemas com a data completa de nascimento e de aniversário de Adailton Medeiros, além de referências a seu cinquentenário (20), sua solidão, a religião/espiritualidade, a política, as citações citadinas, a sensualidade e o erotismo, a metapoesia, a Poesia Práxis, personagens e personalidades, as dedicatórias para familiares, amigos e colegas escritores dali e d’além Mar/anhão. E a exclamação visceral:  Caxias! / Caxias! / Caxias! / ó Pátria […]” (21).

Esta particular heptalogia – Obra Reunida – de Adailton Medeiros se encerra em 2001, com Bandeira Vermelha, redenominação e reedição revista e aumentada do livro As Mulheres & As Coisas, lançado no mesmo ano. Na nova edição, o poeta manteve “as coisas” no lugar e ampliou, com mais dois poemas, a seleta de mulheres, todas homenageadas com o nome como título do respectivo poema. Na segunda parte (“Sentido de Coisas”), o autor traz de volta mais memórias de criança e escreve sobre o povoado caxiense onde nasceu – Angical: “[…] as terras de meu avô / são apenas / palavras vazias / mapas rasgados / lugares mortos […]” (22). Pareceu-me ouvir semelhante – e anterior –  lamento de Carlos Drummond de Andrade: “Alguns anos vivi em Itabira. / Principalmente nasci em Itabira. / […] / Tive ouro, tive gado, tive fazendas. / Hoje sou funcionário público. / Itabira é apenas uma fotografia na parede. / Mas como dói!” (“Confidência do itabirano”, in Sentimento do Mundo, 1940).

Vanguarda poética

Adailton Medeiros é referência na vanguarda poética brasileira. Tem seu nome como verbete em enciclopédia e texto seu como exemplo em antologia – e aqui se tratam de obras de referência e excelência como a Enciclopédia  de Literatura Brasileira (2001), dos respeitados Afrânio Coutinho e José Galante de Sousa, edição conjunta da Biblioteca Nacional e Academia Brasileira de Letras, e a igualmente (re)conhecida Antologia dos Poetas Brasileiros: Fase Moderna (volume 2, 1967), organizada por uma dupla de peso da grande Literatura Brasileira: o pernambucano Manuel Bandeira e o gaúcho Walmir Ayala.

Os livros de Adailton Medeiros mereceram a apreciação escrita de nomes entre os maiores e melhores da literatura, no Brasil e além  – professores, escritores e críticos, conhecidos na academia e reconhecidos no país e no exterior. Entre estes nomes, Affonso Romano de Sant’Anna, mestre e doutor em Literatura, poeta, professor universitário e crítico literário mineiro; Afrânio Coutinho (1911-2000), bacharel em Medicina e doutor em Letras, professor de Literatura, ensaísta e crítico literário baiano; Antonio Olinto (1919-2009), contista, dicionarista, ensaísta, historiador da Literatura, novelista, poeta e romancista mineiro; Assis Brasil (1929-2021), crítico literário, cronista, ensaísta, jornalista e romancista piauiense; Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), poeta, contista, cronista e farmacêutico mineiro; Cassiano Ricardo (1894-1974), jornalista, ensaísta e poeta paulista; Cunha e Silva Filho, piauiense, doutor em Letras e pós-doutor em Literatura, professor, crítico literário, escritor, amigo e biógrafo de Adailton Medeiros; Fausto Cunha (1924-2004), crítico literário, biógrafo, contista, novelista e romancista pernambucano; Foed Castro Chamma (1927-2010), ensaísta, poeta e tradutor paranaense; Francisco Venceslau dos Santos, doutor em Literatura, escritor, crítico literário, ensaísta, professor (universidades estadual e federal do Rio de Janeiro), integrante da Academia Brasileira de Filologia; Laís Corrêa de Araújo Ávila (1928-2006), bacharel em Línguas Neolatinas, poeta, editora literária e ensaísta mineira; Leodegário A. de Azevedo Filho (1927-2011), professor titular e emérito das universidades estadual e federal do Rio de Janeiro, ensaísta e filólogo pernambucano; Luciana Stegagno Picchio (1920-2008), filóloga, historiadora da cultura e crítica literária italiana, especialista em Literatura Brasileira, entre outras áreas, com mais de 500 publicações sobre as literaturas e culturas de língua portuguesa, considerada a mais importante pessoa da Europa em estudos luso-brasileiros; Mário Chamie (1933-2011), fundador da Poesia Práxis, doutor em Literatura, poeta e crítico paulista; Nauro Machado (1935-2015), escritor maranhense, de reconhecimento nacional e internacional; Nelly Novaes Coelho (1922-2017), professora, crítica literária, ensaísta e pianista paulista; Sílvio Castro, escritor fluminense (poeta, romancista, ensaísta e crítico literário), graduado em Filosofia, doutor em Letras, livre-docente e professor de Literatura Brasileira na Universidade de Pádua, Itália; Telênia Hill, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, pós-doutora em Letras, escritora e crítica literária.

Especificamente, quando se fala sobre Praxismo/Poesia Práxis, o nome de Adailton Medeiros logo aparece ali entre os primeiros, com Mário Chamie. Trabalhos vários confirmam essa importância histórico-literária do poeta caxiense, inda que só em 1965 ele tenha aderido à Práxis, iniciada, como dito, em 1962, um ano depois do retorno definitivo de Adailton para o Rio). Alguns registros:

– o texto “Decisão – Poemas Dialéticos”, de Assis Brasil, publicado no número 15 da Revista de Letras (Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 1993) historia: “E temos, enfim, a linhagem dos poetas construtivistas, reunindo-se aqui as Vanguardas: Concretismo, Praxismo, Processo, em destaque Augusto e Haroldo de Campos, Wlademir Dias Pino e, a esta altura, os menos ortodoxos Mauro Gama, Armando Freitas Filho, Adailton Medeiros”. O texto é sobre o livro de mesmo nome (Decisão Poemas Dialéticos, Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1983; 2ª edição em 1985), de Pedro Lyra (1945-2017), professor, poeta, ensaísta e crítico cearense);

– Nielson Ribeiro Modro, em sua dissertação A Obra Poética de Arnaldo Antunes (Universidade Federal do Paraná, 1996), relaciona: “Mário Chamie foi não apenas o criador da poesia Práxis como também o principal poeta desta manifestação literária. Entretanto, podem ser citados ainda Cassiano Ricardo, Armando Freitas Filho, Adailton Medeiros, Camargo Meyer, Antônio Carlos Cabral, Mauro Gama, Ione Gianetti e mesmo Chico Buarque de Holanda que, em composições como ‘Construção’, utilizou o ‘espaço em preto’”. Nielson Modro é professor universitário em Joinville (SC), com mestrado em Literatura, Ciências Jurídicas e Direito;

– o artigo “Uma Odisseia no Centro Histórico de São Luís”, de Dinacy Mendonça Corrêa, publicado na Revista Garrafa, nº 22 (setembro/dezembro 2010), da Universidade Federal do Rio de Janeiro, historiografa: “Os anos [19]70/80, aqui (no Maranhão) convencionados Geração Luís Augusto Cassas, abrem-se com o poeta Jorge Nascimento (1931), continuando com Arlete Nogueira (1936), Eloy Coelho Neto (1924), Cunha Santos Filho (1952), João Alexandre Júnior (1948), Chagas Val (1943), Francisco Tribuzi (1953), Alex Brasil (1954), Adailton Medeiros (1938)… Este último, tendo participação confirmada na vanguarda Práxis, no eixo Rio/São Paulo, sob a liderança de Mário Chamie”. Dinacy Corrêa é mestre e doutora em Letras e professora da Universidade Estadual do Maranhão;

– em texto inominado, publicado em blog na Internet (23), Francisco Miguel de Moura escreve sobre o poeta pernambucano Jamerson Moreira de Lemos e, a certa altura, destaca: “[Jamerson Lemos] Deixou muitos inéditos, entre os quais “Istmo Soledad”, ao qual dei um prefácio já publicado aqui e alhures, situando sua poesia e seu fazer poético entre os melhores cultores da poesia-práxis, uma corrente derivada do concretismo, cujos poetas brasileiros mais conhecidos são Mário Chamie, Armando Freitas Filho, Mauro Gama e Adailton Medeiros (este natural de Caxias/MA)”. Francisco Miguel de Moura é crítico e cronista, poeta e romancista, integrante da Academia Piauiense de Letras;

– o livro Música Popular e Moderna Poesia Brasileira (São Paulo: Nova Alexandria, 2013), de Affonso Romano de Sant’Anna registra sobre a Poesia Práxis, nesta ordem: “Poetas: Mário Chamie, Armando Freitas Filho, Mauro Gama, Adailton Medeiros, Ione Gianetti, Camargo Meyer, O. C. Lousada Filho, Antônio Carlos Cabral, Cassiano Ricardo e o crítico José Guilherme Merquior”;

– e, mais recentemente, o livro Pedro Geraldo Escosteguy: A Poética que Ultrapassa Fronteiras (Porto Alegre: ediPUCRS, 2021), de Soraya Patrícia Rossi Bragança, que anota: “Participam do movimento Práxis, além de Mário Chamie, os poetas Armando Freitas Filho, Mauro Gama, Adailton Medeiros, […]”. Soraya Patrícia é graduada em Letras e em Ciências Jurídicas e Sociais e mestre e doutora em Linguística e Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Adailton Medeiros foi integrante de diversas instituições: Academia Brasileira de Literatura, Academia de Letras do Estado do Rio de Janeiro, Academia Internacional de Ciências Humanísticas (Uruguaiana – RS), Academia Uruguaianense de Letras (Uruguaiana), Associação Brasileira de Imprensa, Instituto Histórico e Geográfico de Uruguaiana, International Writers and Artists Association (Toledo, Ohio, Estados Unidos), Sindicato dos Escritores do Estado do Rio de Janeiro e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do município do Rio de Janeiro. É claro, Adailton era integrante efetivo da Academia Caxiense de Letras (ACL), em sua terra natal. Éramos confrades na ACL – e lembro-me das boas conversas nas poucas vezes em que nos encontramos. Saíamos da Academia rumo ao tradicional Excelsior Hotel, onde sentávamos a uma das mesas postas na larga calçada.

Notas editoriais

 I) Nesta Obra Reunida, promoveu-se atualização ortográfica mas, em respeito ao próprio processo do fazer poético na Poesia Práxis, preservou-se o uso do hífen do jeito que o Autor originalmente grafou – por aglutinação ou contração ou justaposição – diversas palavras compostas, inclusive antropônimos e neologismos. Evidentemente, em raríssimos casos, quando o texto e seu contexto não davam pretexto para uma hifenização “artística”, justificada pelo processo criador e criativo e pela liberdade poético-literária, decidiu-se, na forma das Bases XV, XVI e XVII do Acordo Ortográfico de 1990, pela atualização ortográfica da palavra até então composta –  como é o caso, por exemplo, de “sub-povo”, tornada “subpovo”, a exemplo de “subpor”, “subprefeito”, “subproduto”.

II) Por outro lado, note-se e anote-se a eliminação do hífen como um recurso da Práxis de Adailton Medeiros: “ajudarme”, “sonharte”, “apertarme”, “descobrirme”, “roemte”, “consolate”.

III) Havia também duplo modo de grafar palavras e expressões estrangeiras, ora utilizando-se a tipologia normal, ora aplicando-se itálico, este que se preferiu, igualmente respeitada a permanência em normal para casos de nomes próprios e em situações que a razão do Autor preferiu não grifar.

IV) Os títulos de poemas, de livros e publicações periódicas também acomodavam grafias distintas, embora a tendência de o autor ser majoritariamente pelo uso da grafia em caixa alta (para títulos de poemas) e, na forma da Base XIX, 1º, “c”, do Acordo Ortográfico, com maiúscula inicial no primeiro e nos demais vocábulos, à exceção de alguns elementos específicos, como preposições, conjunções etc., desde que no interior do bibliônimo, título ou intitulativo.

*

Contam os irmãos Adailma, Amaury e Maria Hilma –  e o confirma Cunha e Silva Filho (24), amigo: era desejo recorrente de Adailton Medeiros reunir seus livros em volume único. Foi feita sua vontade.

No futuro, estou torcendo, a produção de Adailton Medeiros ganhará sua “Obra Completa”, com fixação de textos e com:

1) elementos pré-textuais – textos laudatícios de irmãos e outros familiares, apresentação, introdução, nota editorial, perfil biográfico, cronologia / linha do tempo;

2) elementos textuais – a) todas as dez obras publicadas – as sete aqui reunidas mais os discursos Braçadas de Palmas (de 1981) e Floração de Minas (1982) e os “Quatro Ensaios” (1985); b) os textos esparsos (poesia e prosa de antologias e outras obras coletivas, de revistas, jornais e outras publicações); c) os textos inéditos (manuscritos, datilografados, digitados e, havendo, os textos gravados em áudio e/ou áudio e vídeo); d) as entrevistas; e) a correspondência expedida (ativa) e recebida (passiva); e

3) elementos pós-textuais – a) comentários e textos críticos e acadêmicos (fortuna crítica) sobre o autor e sua obra; b) dedicatórias para Adailton Medeiros; c) iconografia (fotografias, documentos, imagens de objetos e outros itens); d) Imprensa / Internet (clipping: recortes – de jornais, revistas e outras publicações, impressos; print screen de textos e imagens em portais, sitesblogs e outros espaços da rede mundial de computadores e grupos sociais em telefones celulares); e) glossário (lista de palavras específicas da obra de Adailton Medeiros –  termos regionais, neologismos, palavras menos usuais etc., para maior compreensão do universo literário e pessoal do autor); f) referências (relação de livros, revistas, jornais etc. consultados; arquivos particulares, públicos e institucionais visitados e utilizados); e g) índices cronológico, onomástico-enciclopédico e geral do volume.

Portanto, acima, nesta Apresentação, e mais adiante, nas obras reunidas, está o que, por enquanto, se deseja e o que, por enquanto, se oferece em termos da produção literária de Adailton Medeiros. Acerca dele, duas constatações finais, fraternas e eternas:

– do Adailton ser humano ficam nos irmãos as recordações do germano mais velho, que, como se fosse obrigação de primogênito, como se fosse dever de pairmão, acolheu, estimulou e protegeu os demais o quanto pôde. São lembranças fra/ternas;

– e do Adailton intelectual, acadêmico, escritor, poeta, novelista, ensaísta, orador, professor (breve período nas Universidades Gama Filho, privada, e Federal do Rio de Janeiro) fica uma obra farta, forte, fértil, em livros autorais e antologias (inclusive no  Exterior) e textos em publicações dispersas em revistas e jornais e mesmo inéditos– toda uma rica obra carregada de intensidade, técnica, criatividade, ousadia, emoção e muita referência e reverência à terra natal: a cidade de Caxias e sua caxiensidade. Lembranças e/ternas.

E falando em “caxiensidade”:

Angical, onde nasceu Adailton Medeiros… Boa Vista, onde nasceu Gonçalves Dias… Canabrava, onde nasceu Salgado Maranhão, amigo e, talqualmente Adailton, residente no Rio… Na História e na Geografia de Caxias, esse lugares – Angical, Boa Vista e Canabrava, todos na zona rural, ou ontem ou ainda hoje –  coincidentemente formam um ABC simbólico da Grande Poesia brasileira, maranhense e caxiense que está varando séculos, por sua qualidade e identidade. Esse imprevisto ABC diz-nos que talento, Poesia, Literatura, Cultura são tanto necess/cidade capital quanto revel/ação interior. Nesse diapasão, estendo ao que já escrevi e indaguei: “[…] haveria no solo caxiense, no seu ar, na água, no ambiente, alguma etérea substância, uma intangível matéria, um invisível elemento ou uma especial propriedade que, por razões que a razão desconhece, se introduzisse, se infiltrasse em um ser e nele se impregnasse, hibernasse e homeopaticamente liberasse um poder, uma energia ou uma força que estimulasse a pessoa a esculpir caráter, a ter comportamentos e fazer brotar talentos e trabalhos diferenciados em relação ao comum da população? Enfim, pode a terra em que se nasce ter ou conter algo que influencie positivamente a inteligência e o desempenho de um filho dela? // A resposta parece ser sim. / […] // Há quem defenda a influência direta dos fatores geográficos e climáticos na formação de pessoas e sociedades” (25).

*

As cinzas do corpo de Adailton Medeiros estão depositadas no Mosteiro de São Bento, na cripta de Nossa Senhora do Pilar (título espanhol e o mais antigo da Virgem Maria; outro título é Nossa Senhora do Carmo, cuja data litúrgica, 16 de julho, é o dia em que nasceu Adailton Medeiros. Não se sabe de um santo de devoção de Adailton, mas ele era um grande admirador de Santo Agostinho [354-430], o bispo de Hipona, filósofo e teólogo baluarte do Cristianismo).

A morte do talentoso maranhense de Caxias, após cirurgia para tratar de problemas no estômago, na madrugada de 9 de fevereiro de 2010, desapossou a Literatura brasileira de um dedicado escritor e dos mais consistentes cultores e representantes da Poesia Práxis. Tendo nascido numa manhã e falecido de madrugada, pode-se dizer que Adailton Medeiros saiu mais cedo do que chegou. Cedo demais… Antes de mudar de vida, ainda havia muito a escrever e muito escrito para publicar.

*

Eis assim, aqui, um tanto do Adailton Medeiros. Com sua emoção, seu telurismo, sua humanidade, suas utopias. Como, no ser humano, é de praxe.

Eis assim, aqui, um tanto do Adailton Medeiros. Com seu talento, sua inventividade, sua polifonia e polissemia. Como, em Poesia, é da Práxis.

Boa leitura.

NOTAS

  • 01 “Autorretrato”, in Lição do Mundo.
  • 02 “Autorretrato”, in Lição do Mundo.
  • 03 “Quartinha Bordada”, in Lição do Mundo).
  • 04 “Meu Amor”, in Lição do Mundo.
  • 05 “Autorretrato”, in Lição do Mundo.
  • 06 “Questão Ontológica”, in Lição do Mundo.
  • 07 “Homenagem”, in Lição de Mundo
  • 0(idem)
  • 09 Fotocópia de texto manuscrito entregue para Edmilson Sanches.
  • 10 Redenominada como Rua Dirceu Baima, nome que ainda não “pegou”.
  • 11 “Meu amor”, in Lição do Mundo.
  • 12 “Retrato n.º 3 – o desmarcado (Ilário da Costa Veloso)”, in Lição do Mundo.
  • 13 “Rabequinha de mandacaru”, in Lição do Mundo.
  • 14 “Quanto ao livro que ele relançou mudando o nome – Bandeira Vermelha –, que foi patrocinado pelo Governo do Rio de Janeiro com a Academia Brasileira de Letras, ele [Adailton Medeiros] o achou de péssima qualidade. O caso foi isso.” (Mensagem em áudio da advogada e administradora Adailma Medeiros, irmã do Autor, em 11/01/2022).
  • 15 “Adailton era metódico” (declaração de Maria Hilma Medeiros, professora, irmã do Autor, em 14/12/2021).
  • 16 “Aurora”, in Oculto Piano.
  • 17 Adailton Medeiros escreve “praxis”, sem acento, seguindo a opção gráfica do iniciador desse movimento, Mário Chamie, em 1962.
  • 18 No poema “Pré-texto para Pobrícia/Lavadeira”.
  • 19 “Teoria & Prática”, de Francisco Venceslau dos Santos, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
  • 20 “Questão ontológica” e “Autorretrato”.
  • 21 “Caxias recordada”.
  • 22 “Fazendas”.
  • 23 Link do texto: http://krudu.blogspot.com/2012/01/jamerson-lemos-nos-suburbios-do-ocio.html.
  • 24 Blog “As Ideias no Tempo – Cunha e Silva Filho”. Link: https://asideiasnotempo.blogspot.com/2010/02/adailton-medeiros-perda-de-um-poeta-e_5988.html
  • 25 Veja-se Teixeira Mendes – Esse Nome é Uma Bandeira (2ª edição, 2019), de Edmilson Sanches.

* Edmilson Sanches

Estudantes de baixa renda que estão no ensino médio terão acesso à bolsa de permanência na escola, além de uma poupança que poderá sacar ao concluir esta etapa da educação formal. O formato do novo programa, que está em fase final de elaboração, foi anunciado, nessa terça-feira (26), pelo ministro da Educação, Camilo Santana. Ainda não foram divulgados valores da bolsa e da poupança.

“Nós estamos finalizando o desenho, dentro das possibilidades de recursos orçamentários que existem, tanto no MEC quanto no Ministério de Desenvolvimento Social. Vamos utilizar o CadÚnico [Cadastro Único de inscritos em Programas Sociais] e o programa Bolsa-Família, juntamente, integrando com o Censo Escolar do Inep [Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira], para que a gente possa atingir”, afirmou Santana durante uma coletiva de imprensa para detalhar o decreto que cria a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas. Segundo o ministro, cerca de 7% dos estudantes do ensino médio abandonam a escola, número que o governo pretende mudar com a medida.

“A ideia é que a gente possa garantir um apoio porque quando um aluno chega no ensino médio, idade de 14 ou 15 anos, geralmente é aquela fase que, diante da dificuldade da família, ele precisa trabalhar. Então, muitas vezes, o aluno abandona a escola, falta demais, é reprovado. A ideia é dar um auxílio que será mensal e uma poupança para que ele possa receber ao final do ensino médio, por ano”, acrescentou o ministro da Educação. O objetivo da bolsa é ajudar em despesas do dia a dia. Já a poupança poderá ser resgatada pelo aluno para projetos individuais dele, como abrir o negócio ou pagar estudos em uma faculdade. Nos dois casos, segundo Camilo Santana, serão exigidas contrapartidas dos beneficiários, como frequência escolar e aprovação.

Escolas conectadas

Durante evento no Palácio do Planalto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou o decreto que cria a Estratégia Nacional de Escolas Conectadas, cuja meta é expandir a conexão em banda larga para todas as 138,4 mil escolas públicas de todo o país até 2026. Serão investidos cerca de R$ 6,5 bilhões em recursos do Novo PAC para financiar a infraestrutura, por meio de convênios com Estados e prefeituras.

Ao todo, segundo dados do MEC, cerca de 40,1 mil escolas não têm disponibilidade de tecnologia para acesso à banda larga e outras 42,7 mil não têm acesso à internet em velocidade ou disponibilidade adequadas. Em pelo menos 4,6 mil escolas, nem sequer há rede de energia elétrica. O programa pretende levar energia para essas unidades de ensino a partir de placas solares, em parceria com o Ministério de Minas e Energia. O governo estima que 4,1 milhões de alunos no país não têm acesso adequado à internet nas escolas. E quase 80% das escolas sem infraestrutura estão concentradas no Norte e Nordeste.

Segundo o ministro da Educação, a estratégia pretende não apenas levar conexão e distribuir equipamentos, como tablets e computadores, mas alinhar à Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para promover o ensino da cidadania digital e adaptar a conectividade para melhorar os recursos educacionais e a qualidade da aprendizagem, além da gestão da escola. Outro anúncio é o de que, além de levar conectividade às escolas, o programa vai oferecer acesso à internet também em unidades básicas de saúde que ficam nas proximidades.  

(Fonte: Agência Brasil)

Nota prévia:

O professor, gestor escolar, escritor e ativista cultural Carvalho Jr., de Caxias (MA), pediu-me este posfácio em junho de 2015. Originalmente, escrevi-o nesse mês, dia 12. Daí a 114 dias, em 4 de outubro de 2015, o escritor completaria 30 anos e, para marcar a nova fase etária e, quiçá, literária, planejava lançar sua Trintologia Poética. Jovem, forte, casado, duas filhas, de bem com sua existência, tinha pela frente todo um futuro de vidas (pessoal, poética, na Educação, nos movimentos literários…)  –  como se deseja e se expressa na linha última do Posfácio. Nada na terra poderia prever que cinco anos depois, em 30 de março de 2021, sua vida física teria ponto final, pelo vírus da tal covid-19. Pouco tempo antes, estivemos juntos  –  como costumávamos fazer – ele, eu e o arquiteto, professor universitário e pesquisador Ezíquio Barros Neto, presidente da Academia Caxiense de Letras. Nós três, atulhados de ideias, ideais e inquietações sadias e apaixonados por nossa cidade natal, Caxias, andávamos a pé, vespertinos ou noctívagos, por diversas ruas da cidade, parávamos o mais das vezes no bar do Fiapu (Paulo Sérgio Barros Assunção), em frente à antiga e ancestral Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição e São José, ou no bar do Excelsior Hotel, e falávamos nossos pensares e pesares em relação a Caxias e ao mundo.

A história literária registra que os três mosqueteiros eram quatro  –  nunca dois… (E. S.).

***

Posfácio

Todos cantam sua terra. Alguns contam sua idade.

Carvalho Jr. faz os dois. Poeta e professor, canta e conta.

Ele agora conta trinta anos e, nesta sua Trintologia Poética, faz um retrospecto literário pessoal, espécie de anamnese textual de sua produção publicada até agora.

O autor não quis esperar a formação de um conjunto maior de títulos, não quis “ficar velho” para se dar ao luxo ou ao direito de organizar sua própria e primeira antologia.

Existiria um tempo certo para se proceder a uma autoantologia, uma colheita de flores poéticas no próprio horto literário, jardim de palavras?

Adrede e alhures, escrevi que, para alguns, haveria um marco etário, um mínimo cronológico, para alguém ser algo  por exemplo, ser autor de obras poéticas e constituir-se ator na cena literária.

Esquecem que  sem desprezar a importância/influência da vivência  literatura tem a ver mais com intensidade que com idade. Lembrem-se dos exemplos  muitos de escritores e artistas (deles adolescentes) que, décadas, séculos e milênios depois, continuam sendo motivo de citação e excitação. Rimbaud, francês que traficava e transgredia, poeta de rotas roupas e retos versos, escreveu obras-primas dos 15 aos 18 anos.

Castro Alves conheceu triunfo e glória literária aos 19 anos.

Mozart já compunha aos cinco anos e, aos 17, era contratado pela realeza austríaca.

Mary Shelley, britânica, nascida em 1797, tinha 18 anos quando começou a escrever Frankenstein, antropônimo que, mais que título de romance (terminado um ano depois), tornou-se sinônimo de “monstro” em todo o mundo  e é mais difícil criar pro mundo todo uma palavra do que, com palavras, criar uma história pra todo mundo.

Aos 19 anos, Clarice Lispector escrevia seu Perto do Coração Selvagem, romance de 1944.

Nesta entressafra de séculos e milênios, há muitos casos, como os do alemão Benjamin Lebert (nascido em 1982), que faz sucesso como autor de romance publicado quando tinha 16 anos.

Também o californiano Christopher Paolini, nascido em 1983, que nunca foi à escola e, aos 15 anos, escreveu Eragon, história que virou filme e que é parte de uma quadrilogia de mais de 15 milhões de livros vendidos em todo o mundo.

O americano Nick McDonell tinha 17 anos (2001) quando escreveu Doze, seu muitíssimo aclamado romance de estreia.

Raquel de Queiroz, brasileira e nordestina, tinha 18 anos quando escreveu o famosíssimo O Quinze.

***

Escrevi, subsequentemente, que, em literatura, o novo não é estabelecido por certidões de nascimento (menos ainda cruz credo! por atestados de óbito). O novo é descoberto ou sentido no acento diferenciado com que um conteúdo (o sentimento) é revelado como forma.

***

Já li em algum lugar: Toda idade tem seu encanto, e não foi à toa que Balzac escreveu A Mulher de Trinta Anos.

Sendo homem e não tendo à disposição um competente escritor francês, resolveu Carvalho Jr. ele mesmo fazer sua Trintologia Poética, uma antologia  ou, como define o autor, “um álbum comemorativo”  de seus contados trinta anos.

Assegura Carvalho Jr. que sua Trintologia  “encerrará um ciclo de publicações” até ele “voltar a publicar novamente só depois de um bom tempo”.

Sei o que é essa comichão de ver os próprios textos em letra de fôrma e enfeixados em livro. Quando na década de 1970 estava com meus dois primeiros livros (Larva e Ninfa) impressos na Folha de Caxias Artes Gráficas, já com notícias do lançamento produzidas e publicadas pelo Vítor Gonçalves Neto em O Pioneiro, com direito à ilustração (tempo de clichês feitos em São Luís, no Jornal Pequeno, ou em Teresina, na Companhia Editora do Piauí (Comepi), já com isso e mais o Gentil Menezes e o Raimundo Mário Rocha prometendo-me um diploma de homenagem (eu ainda na minoridade) em festa no seleto clube social Cassino Caxiense, com tudo isso e algo mais, de repente me bateu uma repentina desvontade de lançar (os) livros… e autorizei o operador de guilhotina e hoje excepcional encadernador Aldenor Pereira de Almeida a cortar, fragmentar todos os exemplares impressos… E, para o tonel de resíduos de papel, foram as tiragens impressas dos dois livros, para incredulidade do gerente da Folha de Caxias, Pedro Sousa (o Pedro Avião), e frustração de expectativas do dono da gráfica, o industrial Alderico Silva (cuja esposa, Dinir Silva, colega na Academia Caxiense de Letras). Bem antes de minha decisão de retalhar os livros, Seu Dá (como também era chamado Alderico Silva) costumava me convidar para conversar com ele, na sua espetacular residência, na Rua 1º de Agosto, no Centro de Caxias. Além de bater bom papo e trocar ideias, Seu Alderico me cumprimentava pelos trabalhos que seriam (seriam!…) lançados. (Mesmo sem eu ter lançado os livros, fui convidado pela direção do Cassino Caxiense para receber o tal diploma, das mãos do presidente Raimundo Mário Rocha, presidente do clube, em noite de gala e destaques que contou com outros homenageados e presença do cantor Dave MacClean, sucesso à época…).

Embora prometendo a si mesmo dar-se “um bom tempo” enquanto publicador de livros, não é o caso do Carvalho Jr. mandar estraçalhar obras inteiras, como fiz em meu citado (mau?) exemplo. Porém, isto não eximiu o trintenário escritor de, para os efeitos desta antologia, assumir o ingrato ofício de verdugo de seus próprios textos, pois que, (de)limitado pelo número, ele teve de executar a pena de isolar textos do contexto físico (o livro) que os unia uns aos outros: a Trintologia, como diz o título, compõe-se de trinta textos poéticos publicados em livros até agora em sua carreira indiminuta. É um mister dorido o ser juiz e algoz das próprias crias textuais, tanto que, na hora quase derradeira, o autor teve de informar ao prefaciador e ao posfaciador que fizera troca de textos. Sei que não foi fácil para ele, nem o é para nenhum autor que verdadeiramente estime os versos e textos que comete. Por que uns e não outros? Por questão de gosto pessoal? Por que são “melhores” ou mais “representativos”? Não são respostas fáceis.

De qualquer modo, nas palavras do autor, “quem não teve a oportunidade de conhecer minhas publicações anteriores”, agora a terá, com uma seleção em um só volume, constituindo-se, os textos selecionados, o crème de la crème ou as desejadas cerejas poéticas que se colhem de sobre a massa adiposa de bolos textuais.

Parar de publicar não é parar de escrever, muito menos deixar de ser a todo instante submetido às “tentações” sem-fim, endógenas e exógenas, dos mundos extra e intracorpóreos – tentações que, com o cardápio de conteúdos e a competência (e)laboradora do autor, podem se transformar em linhas diversas, de versos.

Esta Trintologia carvalhiana, no aniversário do autor, é o seleto presente que o escritor dá a si mesmo e irmãmente o abre e o reparte com outros.

Carvalho Jr., trinta anos. E cantando…

Carvalho Jr., trinta anos. E contando… 31… 40… 50…

* Edmilson Sanches

Uma das principais revelações do esporte maranhense, a nadadora Sofia Duailibe, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, está confirmada no Norte/Nordeste de Natação – Troféu Walter Figueiredo Silva, que será realizado entre quinta-feira (28) e sábado (30), em Fortaleza (CE). Determinada a ampliar sua coleção de títulos, a atleta da DM Aquatic vai competir nas provas dos 50m costas, 100m costas, 200m costas, 100m livre, 200m livre, 400m livre, 800m livre e 1.500m livre.

Sofia Duailibe viaja para Fortaleza com a confiança renovada pelo excelente desempenho nos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) 2023, realizados em agosto, na piscina da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal – Maranhão (Apcef-MA), em São Luís. Representando o Colégio Literato, a atleta da DM Aquatic conquistou quatro medalhas de ouro e registrou o melhor tempo da carreira em três provas da categoria Infantil Feminino (12 a 14 anos) da natação nos JEMs.

Sofia Duailibe acumula conquistas nas piscinas durante todo o ano. Em junho, a atleta da DM Aquatic faturou duas medalhas de ouro nas provas dos 100m costas e 400m livre do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, realizado na piscina do Nina Natação, em São Luís.

Antes dos dois ouros no Maranhense de Inverno, Sofia Duailibe representou o Colégio Literato na categoria infantil feminino dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs), no início de junho, faturando três medalhas de ouro nas provas dos 50m costas, 100m costas e 400m livre.

Sofia também brilhou na Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, que foi realizada em abril, em São Luís. A nadadora maranhense conquistou 10 medalhas na categoria Infantil 1 da competição regional: foram cinco ouros nas disputas dos 200m costas, 400m livre, 800m livre, 1.500m livre e 2,5km (águas abertas), quatro pratas nos 50m costas, 100m costas, 200m livre e 200m medley, e um bronze no revezamento 4x50m livre misto.

Águas Abertas

Em meio aos resultados expressivos nas piscinas, Sofia Duailibe se destaca ainda nas competições de águas abertas. No fim de julho, a nadadora maranhense subiu quatro vezes ao pódio na 11ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e realizada em Brasília (DF), sendo campeã Infantil I e terceira colocada Geral Feminina nas provas de 1,5km e 2,5km.

Com a atuação de alto nível em Brasília, Sofia Duailibe aumentou a sua coleção de conquistas na Copa Brasil e se consolida como uma das maiores revelações das águas abertas no país. Nas últimas seis etapas do evento nacional, a nadadora maranhense faturou 10 títulos, além de quatro vice-campeonatos e duas terceiras colocações, disputando provas de 1,5km, 2,5km e 5km nas categorias Infantil I e Geral Feminino.

Em julho, Sofia Duailibe também foi campeã geral da prova dos 1.650m feminino e garantiu a primeira colocação do Aquathlon feminino na 10ª edição do Desafio do Cassó, um dos eventos mais tradicionais de águas abertas do Maranhão, que foi disputado em Primeira Cruz, a 215km de São Luís.

Já no fim de abril, Sofia Duailibe sagrou-se campeã na prova dos 5km da categoria Infantil I Feminino no Campeonato Brasileiro de Águas Abertas e venceu a disputa geral dos 2,5km na Copa São Luís.

A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pela Potiguar, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com os apoios da DM Aquatic e do Colégio Literato.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

As escolas brasileiras estão mais conectadas após a pandemia, mas ainda faltam dispositivos para acessar a internet. É o que mostra a pesquisa TIC Educação 2022, lançada, nesta segunda-feira (25), pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O estudo mostra que 94% das escolas têm internet, no entanto, pouco mais da metade, 58%, têm equipamentos como computadores, notebook, desktop e tablet e conectividade à rede para uso dos alunos.

A educação foi um dos setores mais afetados pela pandemia. No Brasil, as escolas ficaram fechadas por cerca de 1 ano e, nesse período, buscaram formas de chegar aos estudantes com atividades remotas com e sem o uso de tecnologia.

O estudo mostra que a porcentagem de escolas conectadas aumentou em relação a 2020, no início da pandemia. Nesse ano, 98% das escolas de ensino fundamental e médio localizadas em áreas urbanas tinham conexão de internet. Em 2022, essa porcentagem aumentou para 99%. Entre as escolas em áreas rurais, essa porcentagem passou de 52% em 2020 para 85%, em 2022. Consideradas apenas as escolas públicas, essa porcentagem passou de 78% para 93%. Entre as particulares, de 98% para 99%.

A disponibilidade da internet não é, no entanto, suficiente. É preciso que haja equipamentos nas escolas para acessar a rede. De acordo com a pesquisa, 86% das escolas públicas estaduais contam com notebook, desktop ou tablet para uso dos alunos, o que significa que 14% não possuem esses equipamentos. Por outro lado, nas instituições municipais essa porcentagem chega a menos da metade, 49%. Nas áreas rurais, essa porcentagem é menor ainda, 38%. Nas áreas urbanas, 78%. Entre as escolas particulares, 80% possuem equipamento para uso dos alunos.

Qualidade da internet

A pesquisa mostra que, assim como a conexão, a velocidade da internet também aumentou nas escolas. No início da pandemia, entre as escolas públicas, 22% das estaduais e 11% das municipais tinham velocidade da principal conexão à internet igual ou superior a 51 megabits por segundo (Mbps). Uma a cada três escolas particulares (32%) tinham essa velocidade. Agora, 52% das escolas estaduais, 29% das escolas municipais, e 46% das particulares declararam ter 51 Mbps ou mais de velocidade da principal conexão da instituição.

Segundo o NIC.br, a velocidade e qualidade da internet são importantes para que a escola possa realizar as atividades. No ano passado, o Grupo Interinstitucional de Conectividade na Educação (Gice), formado por mais de 20 instituições, entre órgãos governamentais, operadoras, associação de provedores, empresas de tecnologia e organizações do terceiro setor, elaborou a nota técnica Qual a velocidade de Internet ideal para minha escola?

Para se ter uma ideia, o documento define que 1 Mbps por aluno é capaz de viabilizar a maior parte das atividades escolares, como aquelas que envolvem áudio, vídeo, download, jogos e uso geral. Como, de acordo com a nota, metade das escolas públicas têm até 118 estudantes no maior turno, isso significa que elas precisariam contratar um plano de 100 Mbps, para atender ao parâmetro de 1 Mbps por estudante no maior turno. 

Desafios

Na edição de 2022, a TIC Educação realizou, presencialmente, entre outubro de 2022 e maio de 2023, 10.448 entrevistas em 1.394 escolas públicas municipais, estaduais e federais e em escolas particulares. Ao todo, os pesquisadores ouviram 959 gestores escolares, 873 coordenadores, 1.424 professores e 7.192 alunos.

Entre os fatores que afetam a conexão foram apontadas, em escolas públicas estaduais, situações como o sinal de internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador (55%); a internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo (50%) e a qualidade da internet ficar ruim (41%). Nas instituições particulares, esses aspectos são também citados, mas com porcentagens inferiores: 21%, 15% e 14%, respectivamente.

Nas escolas municipais, o principal obstáculo apontado foi o fato de a internet não suportar muitos acessos ao mesmo tempo (45%), seguido de o sinal de internet não chegar às salas que ficam mais distantes do roteador (38%) e de a qualidade da internet ficar ruim (35%).

Os estudantes destacam outras dificuldades no uso da internet, como o fato de os professores não utilizarem a rede em atividades educacionais (64%). Além disso, apontam como motivo, a escola proibir o uso do telefone celular (61%) ou proibir o acesso à internet para os alunos (46%).

Formação de professores

Para a maior parte dos professores, 75%, falta um curso específico voltado para a adoção de tecnologias digitais nas atividades educacionais com os alunos. Além disso, 50% dizem que os alunos ficam dispersos quando há uso de tecnologias durante as aulas. Metade dos professores diz, ainda, utilizar aplicativos de mensagem instantânea para tirar dúvidas dos alunos.

A pesquisa constatou que pouco mais da metade, 56%, dos professores disse ter participado de formação continuada sobre o uso de tecnologias digitais em atividades de ensino e de aprendizagem nos 12 meses anteriores à realização da pesquisa. O uso de tecnologias na disciplina de atuação (53%) ou na avaliação dos alunos (53%) estão entre os temas mais abordados nas formações continuadas das quais participaram.

O uso da internet traz também situações sensíveis, que os professores precisaram lidar nas escolas. A maioria dos professores, 61%, afirmou ter apoiado alunos no enfrentamento de situações sensíveis vivenciadas na internet. Essa porcentagem aumentou em relação a 2021, quando 49% disseram ter apoiado os estudantes nessas questões. Entre os motivos estão o uso excessivo de jogos e tecnologias digitais (46%); cyberbullying (34%); discriminação (30%); disseminação ou vazamento de imagens sem consentimento (26%); e assédio (20%).

A pesquisa TIC Educação é realizada desde 2010 e tem o objetivo de investigar a disponibilidade de tecnologias de informação e comunicação (TIC) nas escolas brasileiras de ensino fundamental e médio e o uso e apropriação por estudantes e educadores. A pesquisa está disponível na internet.

(Fonte: Agência Btrasil)