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I) 26 DE JUNHO DE 1849, TERÇA-FEIRA

Início da expedição. Onze pequenas embarcações saem do porto de Belém (PA). Noventa e duas pessoas estão a bordo. São religiosos, militares, cientistas, colonos e remadores. Destino: o desconhecido. Mas também rio acima algum santo ajuda – e havia gente santa na expedição. As obrigações: estabelecer um presídio, implantar uma colônia militar e fundar uma missão religiosa.

Alguns personagens dessa história: o presidente da Província do Grão-Pará, Jerônimo Francisco Coelho, que recebeu, ampliou e repassou a ordem do Imperador para instalar um presídio militar e uma missão religiosa; o tenente João Roberto Ayres Carneiro, chefe da expedição; o capitão Constâncio Dias Martins, comandante da futura Colônia Militar de Santa Teresa do Tocantins; o frei Manoel Procópio do Coração de Maria, capelão do futuro presídio e da futura Colônia; o mineralogista Lourenço de Sousa, secretário da expedição e responsável pela exploração científica do rio Tocantins; e Marius Porti, mineralogista estrangeiro agregado à expedição.

II) 16 DE JULHO DE 1852, SEXTA-FEIRA

Fundação de Imperatriz, com o nome oficial de Colônia Militar de Santa Teresa do Tocantins. Até esse dia, a expedição viveu aventuras dignas de cinema. Foram três anos e 20 dias enfrentando perigos na água e fora dela. Cachoeiras, matas desconhecidas, ataques de índios, doenças. Por pelo menos três vezes tentaram fundar a colônia. Mas os expedicionários eram empurrados para mais adiante.

E quando restaram só uns poucos – o frade entre eles –, chegaram...  Às barrancas da margem direita do Tocantins chegaram em pleno período de praia. Escolheram um lugar mais alto para ali fundarem de vez aquele que viria a ser o município que já foi o de maior crescimento do Brasil. E, como reza a tradição histórica, foi ali, na área onde hoje está a praça da Meteorologia (atual praça Dr. Antônio Régis, frente ao Hospital da Unimed), que Imperatriz nasceu, sob o signo simbólico da segurança (dos militares), da fé (dos religiosos), do estudo (dos cientistas) e do trabalho (dos colonos). Com uma fórmula dessas, tinha de dar certo.

III) 23 DE AGOSTO DE 1854, QUARTA-FEIRA

“Maranhensização” de Imperatriz. Imperatriz nasceu paraense, assim como Tocantinópolis era maranhense. Parece que as belas curvas do rio e a voluptuosidade de suas águas tonteavam a geografia e a cabeça dos colonizadores e governantes. Nessa data, uma lei (nº 772), estabeleceu uma linha divisória e a ainda povoação de Santa Teresa ganha sua definitiva identidade, sua “maranhensidade”. Ficou sem a proteção do Pará, mas continuou com a bênção do Frei Manoel Procópio, que decidiu aqui permanecer e continuar lutando pela povoação, como hábil articulador que também era.

IV) 27 DE AGOSTO DE 1856, QUARTA-FEIRA

Criação da Vila Nova de Imperatriz. Quatro anos e 41 dias após sua fundação, a povoação de Santa Teresa adquire um novo status: oficialmente, agora é vila. A Lei nº 398, uma espécie de certidão de nascimento da nova identidade política de Imperatriz. Nela, o presidente da assembleia legislativa provincial do Maranhão, Manoel Gomes da Silva Belfort, que se assinava pelo título de Barão de Coroatá, “mandava a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tal inteiramente como nela se contém”.

Mas política é política, e ainda se passariam quase dois anos até que obedecessem ao “mandado” do Barão. Foi num 13 de maio, de 1858, uma quinta-feira, que o presidente da província do Maranhão, Francisco Xavier Paes Barreto, quebrou os grilhões da burocracia e, por meio de ofício, manda que as autoridades da comarca à qual Imperatriz pertencia (Carolina - chamada naquela época Vila de São Pedro da Carolina) efetivassem a condição de vila, elevando o “status” e mudando o nome da povoação de Santa Teresa para Vila Nova da Imperatriz

V) 25 DE SETEMBRO DE 1858, SÁBADO

Instalação oficial da Câmara Municipal e do Município. Esse dia começou com uma manhã de sol e muita festa. Três meses antes, no início de junho, e seis anos após a fundação, realizara-se a primeira eleição de Imperatriz. Quando setembro chegou, a posse dos primeiros vereadores (eram cinco, com mandato de três anos) também significava a formalização da Câmara e do município, que passou a ser administrado pelo vereador presidente da Câmara, pois essa era a regra vigente. Amaro Batista Bandeira (que era tenente-coronel) foi, portanto, o primeiro prefeito ou mandatário ou governante ou administrador de Imperatriz. Os outros vereadores eleitos: Atanásio Maciel Parente (capitão), Didier Batista Bandeira (capitão), Domingos Pereira da Silva e José Crispiniano Pereira.

VI) 22 DE ABRIL DE 1924, TERÇA-FEIRA

Elevação à categoria de cidade. Não mais Colônia. Não mais povoação. Não mais Vila. Em um artigo de exatas 40 palavras, a Lei nº 1.179, assinada pelo governador Godofredo Viana, eleva à categoria de cidade a vila de Imperatriz e outras três vilas (Carutapera, Icatu e São Francisco). Nessa época, era prefeito Gumercindo de Sousa Milhomem, vice Domingos José Marinho, e vereadores Antônio Batista Bandeira, Coriolano de Sousa Milhomem, Fabiano Ciriaco de Sousa, Fabrício de Sousa Ferraz e Martiniano Alves de Miranda. O nome do governador Godofredo Viana foi dado a uma das principais ruas de Imperatriz, no centro da cidade.

VII) 15 DE MAIO DE 1958, QUINTA-FEIRA

Criação da Comissão Executiva da Rodovia Belém/Brasília (Rodobras), subordinada à Superintendência do Plano da Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA). Essa é a data do Decreto. Não há o que negar: sem a construção e manutenção da Belém/Brasília, muito raramente Imperatriz, Açailândia, Araguaína, Miranorte, Gurupi, Porangatu, como dizem os livros, deixariam sua condição de “pequenos núcleos estagnados” e cresceriam “espetacularmente”. A antigamente – e pejorativamente – chamada “estrada das onças”, inaugurada em abril de 1960, é verdadeiramente uma espinha dorsal de 2.070 quilômetros de extensão, atravessando o leste do Pará, o sudoeste do Maranhão, quase todo o Goiás de norte a sul, e o sudoeste do Distrito Federal. A partir dela surgiram outras ramificações, que irrigam a economia e solidificam comunidades. No trecho denominado BR-010, Imperatriz reina, absoluta.

VIII) 15 DE JANEIRO DE 1959, QUINTA-FEIRA

Morte de Bernardo Sayão, um dos “pais” da BR Belém/Brasília, a estrada considerada “mãe” do progresso de Imperatriz. A data costuma passar em branco em 2019, quando completaram-se 60 anos da morte do engenheiro. Se Bernardo Sayão de Carvalho Araújo dedicou o resto de sua vida à abertura dessa estrada, desta ele foi a única vítima. Morreu em serviço. Uma das versões: Uma árvore, cortada, na mata vizinha, até ali amparada por cipós, começa a cair. Sayão está dentro de uma barraca, repassando ordens administrativas. Apesar dos gritos de alerta, é tarde: a natureza – a seu modo vingativa – faz com que a árvore cortada desabe rumo aonde Sayão está. Ele é atingido fortemente na cabeça e em outras partes do corpo.

Transportado de helicóptero para Açailândia, não teve jeito: às 19 horas de 15 de janeiro de 1959 a noite negra vela o sono eterno de Bernardo Sayão. Ele dera a vida pela estrada. Agora oferecia a sua morte. Levado o corpo para Brasília, foi a primeira pessoa a ser enterrada... no cemitério que o próprio Bernardo Sayão havia construído na capital federal...

Um ano depois, em 1960, a Belém/Brasília foi inaugurada.

IX) 18 DE JANEIRO DE 1995, QUARTA-FEIRA

Ocorre o movimento que ficou conhecido como a “Revolução de Janeiro”. Desmandos políticos, incompetência administrativa e suspeitas gravíssimas, criminosas, vão-se acumulando no seio dos cidadãos. Líderes classistas, comunitários e políticos unem-se e reúnem-se. Em 10 de maio criam o Fórum da Sociedade Civil de Imperatriz. Em 23 de junho do mesmo ano promovem o Dia da Resistência. O movimento cresce. A insatisfação se materializa e cria mais pés, mais peito, mais voz. Um mar de gente deságua na Praça Brasil, no centro da cidade, para dali, como grande enchente, escoar em caminhada rumo à prefeitura. Nesse dia 18, a sede do Poder Executivo é cidadãmente invadida. O poder retorna ao povo. No dia seguinte, 19, até uma Câmara Popular é instalada. O governo do Estado não vê outra solução: decreta intervenção no município.

X) 16 DE JULHO DE 2023, DOMINGO

Imperatriz, fundada em uma sexta-feira, em 1852, no último, 16 de julho de 2023, domingo, completou 171 anos.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:

Jerônimo Francisco Coelho, presidente da província do Pará; Manoel Gomes da Silva Belfort, o Barão de Coroatá; Godofredo Viana (e autógrafo e dedicatória dele em um de seus livros, do acervo de Edmilson Sanches); o presidente Juscelino Kubitschek e, à direita, Bernardo Sayão (à direita). (Não há foto ou imagem conhecida do frei Manoel Procópio).

A comunidade do hip hop se reuniu em Brasília para uma marcha de reconhecimento do movimento. A marcha reuniu representantes do hip hop de vários Estados do Brasil, que vieram entregar ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) o dossiê que vai dar início ao processo para declarar o movimento patrimônio imaterial do país.

Esse documento foi preparado por grupos de trabalho dentro do movimento do hip hop no Brasil inteiro, com auxílio do instituto. “Este ano, nós completamos 50 anos do hip hop no mundo. E, no Brasil, completamos 40 anos de hip hop”, disse Cláudia Maciel, jornalista e integrante do movimento.

“É a hora da gente ir em busca do título de patrimônio cultural imaterial brasileiro. Cada Estado se reuniu e construiu grupos de trabalho”, acrescentou. Segundo ela, o Iphan ajudou os grupos de trabalho na montagem da proposta a ser apresentada.

A produtora cultural Lidiane Lima destacou a função social de um estilo musical que se transformou e se tornou um indutor de políticas públicas. “O hip hop, trabalha muito pela sociedade brasileira. Aonde o governo não consegue chegar o hip hop está lá, levando também políticas públicas, esperança, transformação. Então, se a sociedade brasileira e o governo reconhecem o hip hop, significa que o nosso trabalho valeu a pena”.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, parabenizou a mobilização de todos os envolvidos com o movimento que, também para ele, representa um estilo musical que se expandiu e se expressa em outros aspectos da sociedade, não apenas o musical.

“[É] uma síntese sincretismo cultural de várias perspectivas, de várias influências que sintetizam justamente este modelo de expressão, que não é só musical. É também em outras vertentes”, disse.

“Agora, tem início o processo de reconhecimento formal institucional da cultura do hip hop como patrimônio imaterial brasileiro. Esse processo vai levar um tempo para que a gente possa consolidar todos esses princípios da cultura hip hop”, completou.

(Fonte: Agência Brasil)

Kitesurfista número 1 do Brasil, o maranhense Bruno Lobo, que é patrocinado pelo Grupo Audiolar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Bolsa-Atleta e da Revista Kitley, conquistou um excelente resultado no evento-teste da Olimpíada, entre os dias 7 e 16 de julho, na Marina de Marselha, na França. Único atleta da América do Sul na disputa, Bruno garantiu presença nas semifinais e faturou o quinto lugar no evento-teste, que foi realizado na sede das provas de kitesurf nos Jogos Olímpicos de 2024 e contou com os principais nomes da modalidade no planeta.

“Ganhei a primeira regata do dia na semifinal e precisava vencer mais uma para avançar à final. Tive uma disputa emocionante com o atleta da Itália e foi tudo decidido realmente nos últimos metros. Foi difícil, uma regata emocionante. Tive uma queda, consegui me recuperar, quase deu certo, mas é isso. Foi um campeonato muito bom. Agradeço a Deus e aos meus patrocinadores pela oportunidade. Fiz o Top 5. É fruto de um trabalho que está sendo bem feito. Estou evoluindo a cada competição e saio de Marselha com boas sensações. Agora, é focar no Mundial. Vamos com tudo para brigar por um pódio lá”, afirmou Bruno Lobo.

Após se destacar no evento-teste em Marselha, Bruno Lobo terá duas oportunidades para confirmar sua vaga nos Jogos Olímpicos. A primeira chance de classificação para o kitesurfista maranhense será o Campeonato Mundial de Vela, entre os dias 10 e 20 de agosto, na cidade de Haia, na Holanda.

Depois do Campeonato Mundial, Bruno Lobo ainda disputará outro seletivo olímpico. Entre os dias 25 de outubro e 5 de novembro, o principal kitesurfista do país vai competir nos Jogos Pan-Americanos, em Santiago, no Chile. O Pan traz ótimas recordações para Bruno, que teve um desempenho histórico e faturou a medalha de ouro na competição de 2019, em Lima, no Peru.

Temporada 2023

Antes de brilhar no evento-teste da Olimpíada, Bruno Lobo teve um ótimo desempenho na Allianz Regatta, evento válido como etapa da Copa do Mundo de Vela e disputado no início de junho, em Lelystad, na Holanda. O atleta maranhense foi o melhor kitesurfista das Américas e conquistou a nona posição na classificação geral da competição.

Bruno Lobo também garantiu uma boa colocação na 52ª edição do Troféu Princesa Sofia, um dos eventos mais tradicionais da vela, em Palma de Mallorca, na Espanha. Na competição, realizada em abril, Lobo foi o melhor atleta das Américas, ficou em sétimo lugar entre os países e também conquistou a 11ª posição na classificação geral, que contou com a participação dos 115 melhores kitesurfistas do mundo. Também em abril, Bruno representou o Brasil na tradicional Semana Olímpica Francesa, disputada em Hyères.

Referência no Brasil e nas Américas

Nos últimos anos, o maranhense Bruno Lobo tornou-se a principal referência no kitesurf tanto no Brasil quanto nas Américas. Hexacampeão brasileiro de Hydrofoil, o atleta é dono de uma vasta coleção de títulos: foi campeão dos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019, tricampeão das Américas (2020-2021-2022), octacampeão maranhense, entre outros.

“Só tenho a agradecer aos patrocínios do Grupo Audiolar, do governo do Estado, do Bolsa-Atleta federal e da Revista Kitley por estarem ao meu lado nesse sonho de representar o Maranhão e o Brasil nas Olimpíadas de Paris. A cada competição, buscamos evoluir para conquistar a vaga olímpica. Muito obrigado pelo apoio e incentivo”, concluiu Bruno Lobo.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A mulher que deu nome à cidade maranhense de Imperatriz nasceu no dia 14 de março de 1822, em Nápoles, uma das principais cidades italianas, de mais de três milhões de habitantes (em 2019). Sua Alteza Imperial Dona Teresa Cristina Maria de Bourbon era a filha mais nova do rei das Duas Sicílias, Francisco 1º, e de sua segunda mulher, Dª Maria Isabel de Bourbon.

Por procuração

Em 20 de abril de 1842, Teresa Cristina casou-se por procuração com o Imperador Dom Pedro 2º, que ratificou o contrato nupcial em 23 de julho do mesmo ano. No dia 30 de maio de 1843, ela veio para o Brasil, juntar-se ao marido. O casal teve quatro filhos: Afonso, que nasceu em 1845 e viveu só dois anos; Isabel (a princesa que assinou a Lei Áurea), nascida em 1846 e falecida em 1921; Leopoldina, que nasceu em 1847 e faleceu em 1871; e Pedro Afonso, que nasceu em 1848 e, como seu irmãozinho Afonso, também viveu só dois anos.

Culta

A imperatriz Teresa Cristina era uma mulher de grande cultura. Chamada “a Imperatriz arqueóloga”, também cultivava outros campos da Cultura, entre eles Artes, Religião e Música. Quando se mudou para o Brasil, trouxe em sua companhia artistas, intelectuais, cientistas, artesãos e coleções de obras, objetos e documentos de grande valor. Apoiou brasileiros, como o músico Carlos Gomes, a quem enviou para estudar na Europa.

Mãe dos brasileiros

Era muito discreta e avessa às pompas da corte imperial. Dotada de enorme sensibilidade humana, não se recusava a atender pessoas doentes e carentes. Foi tão amada no Brasil que chegou a ser chamada de “Mãe de Todos os Brasileiros”. Viveu 46 anos no Brasil. Com a proclamação da República – e, portanto, fim do governo imperial –, foi para a cidade de Porto, em Portugal, onde faleceu em 28 de dezembro de 1889.

Contato

O momento de contato da cidade de Imperatriz com a Imperatriz Teresa Cristina teria se dado em meados da década de 1860 a 1869, aí por volta de 1864 ou 1865. A povoação de Santa Teresa (o nome de Imperatriz à época) disputava com Porto Franco a condição de sede da Vila Nova da Imperatriz. Uma lei (nº 631, de 5 de dezembro de 1852) já fora assinada autorizando a mudança, mas ainda não fora cumprida. Dois anos se passaram e os líderes de Santa Teresa, entre eles o fundador frei Manoel Procópio, despacharam um emissário até a Corte, no Rio de Janeiro.

Esse emissário era portador de uma comunicação à imperatriz Teresa Cristina, onde se informava que o nome Vila Nova da Imperatriz era uma homenagem a Sua Majestade. Simultaneamente, pedia-se a real intercessão da imperatriz junto ao presidente da província do Maranhão, para este fazer valer a lei de dois anos atrás.

Doações

Acredita-se que dona Teresa Cristina tenha dado uma força, pois logo a povoação de Santa Teresa retomou seu status de sede da Vila Nova da Imperatriz. E Sua Majestade teria feito mais: doou “um conjunto de pesos e medidas em cobre, artisticamente trabalhados”, por ela enviado “como presente”, como grata retribuição à lembrança dos moradores, capitaneados por frei Manoel Procópio, em denominar a vila com o título de imperatriz. Foram vários caixões contendo os pesos e medidas vigentes à época, que chegaram em Imperatriz em 1875.

Ilegalidade e localização

Essas peças, juntamente com a imagem de Santa Teresa d’Ávila, são provavelmente os itens mais antigos do patrimônio histórico-cultural do município. Mas, enquanto a imagem da santa se encontra protegida na igreja que leva o seu nome, os pesos e medidas tomaram vários destinos. Um dos conjuntos de medidas está, ilegalmente, em museu de São Luís. Ele foi localizado e documentado fotograficamente pelo jornalista Edmilson Sanches em 2002.

Outras cidades

Além da maranhense IMPERATRIZ, outras cidades brasileiras têm seu nome dado em homenagem a Teresa Cristina:

TERESINA, capital do Piauí (o nome “Teresina” é um diminutivo de “Teresa”);

TERESÓPOLIS, no Rio de Janeiro (o nome “Teresópolis” significa “cidade de Teresa”);

e SANTO AMARO DA IMPERATRIZ, município de Santa Catarina.

imperatriz Teresa Cristina. A última foto da família imperial no Brasil, em 1889, antes da partida para o exílio. Da esquerda para a direita: (sentados) Imperatriz Teresa Cristina e Príncipe Dom Antônio; (em pé) Princesa Isabel, Imperador Dom Pedro 2º, Príncipe Dom Pedro Augusto, príncipe Dom Luís, conde d'Eu Gaston d'Orleans e príncipe Dom Pedro de Alcântara.

* EDMILSON SANCHES

O cantor, compositor, multi-instrumentista e arranjador João Donato morreu, aos 88 anos de idade, na madrugada desta segunda-feira (17), no Rio de Janeiro. O artista tinha sido internado, na semana passada, por causa de infecção pulmonar. O perfil de João Donato do Instagram informou sobre a sua morte em uma mensagem. “Hoje, o céu dos compositores amanheceu mais feliz: João Donato foi para lá tocar suas lindas melodias. Agora, sua alegria e seus acordes permanecem eternos por todo o universo”.

O perfil informa ainda que o velório será realizado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em horário a ser divulgado brevemente. O corpo de Donato será cremado no Memorial do Carmo.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva postou no seu perfil do Twitter que o país perdeu hoje um dos maiores e mais criativos compositores brasileiros. “João Donato, pianista, acordeonista, cantor e compositor, foi um dos gênios da música brasileira. Perdemos hoje um de nossos maiores e mais criativos compositores. Nascido no Acre, foi no Rio de Janeiro que construiu sua trajetória e marcou a história da música em nosso país, com composições que correram o mundo. João Donato via música em tudo. Inovou, passou pelo samba, bossa nova, jazz, forró e na mistura de ritmos construiu algo único. Manteve-se criando e inovando até o fim. Que encontre a paz que tanto cantou. Sua música permanecerá conosco. Meus sentimentos aos familiares, amigos, músicos que nele se inspiraram e fãs no mundo todo”.

Também no Twitter, a ex-presidente Dilma Rousseff escreveu que a música popular brasileira está de luto. “A morte de João Donato deixa o Brasil e o mundo tristes. Ele era um gênio e um músico profundamente identificado com o país. Meus sentimentos a Ivone Belém e família. As melodias de João estarão para sempre na alma do povo brasileiro”.

No Instagram, o compositor e cantor Marcos Valle publicou uma mensagem. “Meu amigo. Boa viagem! Que você seja recebido com muita música e muitas cores. Vá em paz meu amigo, meu parceiro, meu ídolo”.

Donato nasceu no dia 17 de agosto de 1934, em Rio Branco, no Acre, e 11 anos depois se mudou com a família para o Rio de Janeiro. Talvez por influência do pai, que tocava bandolim, e da mãe, que cantava, a música surgiu cedo na vida dele e aos 5 anos de idade o menino já tocava acordeon.

Já no Rio de Janeiro, depois de participar de festas musicais em colégios da Tijuca, na zona norte da cidade, aos 15 anos começou a frequentar as jam sessions realizadas na casa do cantor Dick Farney e no Sinatra Farney Fã Club.

A primeira gravação em disco foi como músico da banda do flautista Altamiro Carrilho. Foi nessa época também que começaram os contatos com outros artistas importantes como Lúcio Alves e passou a ser conhecido além do Brasil inclusive por Chet Baker.

Nos anos 50, participou do programa de música nordestina Manhãs da roça, comandado pelo cantor e compositor paraibano Zé do Norte, na Rádio Guanabara. Donato chegou a dizer que a carreira dele no rádio tinha começado com Zé do Norte.

Na mesma década, se mudou para os Estados Unidos e lá conseguiu desenvolver a área musical que mais o interessava, uma fusão do jazz com a música latina.

Autor de composições de sucesso como AmazonasA RãLugar ComumSimples Carinho e Nasci para Bailar, foi arranjador em discos de Gilberto Gil e Gal Costa.

Em 2016, o seu álbum Donato Elétrico foi indicado ao Grammy Latino de Melhor Instrumental. O trabalho também foi eleito como 11º melhor álbum brasileiro do ano pela revista Rolling Stone Brasil.

(Fonte: Agência Brasil)

Sua Majestade Imperatriz. Flor da Amazônia, vitória-régia – grande, incultivada e bela.

Imperatriz. Cidade de antônimos.

Polo de concentração e dispersão.

De importação e exportação.

Imigração e emigração.

Desejo e decepção.

Imperatriz anfíbia: Nordeste e Amazônia.

Sol e água.

Seca e selva.

Areia e relva.

Sofá e sela.

Porta e porteira.

Pórtico e cancela.

Mansão e palhoça.

Carro e carroça.

Asfalto e roça.

Misto de trabalho e desemprego,

de produção e carência,

de oferta e procura,

desperdício e fartura,

resultado de seus contrários,

pastel de paradoxos,

Imperatriz é o retrato ampliado de nossos acertos e imperfeições, virtudes e incompletudes.

Uma São Paulo no interior do Maranhão, todos nós brasileiros temos algo a ver com esta cidade

– Imperatriz, Majestade.

171 anos.

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RIO TOCANTINS

Rio Tocantins... Personagem maior.

Foi por ele, foi com ele e foi nele que tudo começou. “Tudo”, aqui, é Imperatriz.

O registro de nascimento de Imperatriz não foi grafado à tinta – foi escrito com água. O Tocantins é a grande pia batismal onde a cidade, ontem, fez sua iniciação e, hoje, tenta a purificação... salvação... redenção...

O Rio Tocantins trouxe, há 171 anos, os fundadores da cidade. Ajudou a fazer a cidade. Ajudou a fazer história.

Um rio que só é velho porque se renova.

Desde 16 de julho de 1852 o Tocantins foi um rio que passou – e continua – em nossa vida. Líquido e certo.

Um rio que é permanente porque é passageiro.

Transitoriamente eterno.

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RIO TOCANTINS (2)

     Entre dois Estados, há um rio. Um rio rico – traz fartura. Um rio às vezes brabo – traz agrura. Um rio único e vário, como o são todos os rios. Separa terras, une gentes, leva coisas, banha corpos, lava a alma. Um rio com um toque especial: Toc Toc Tocantins.

Estamos na Pré-Amazônia. “O Rio Tocantins é o elemento de maior relevo – na geografia e em nossos corações”.

Durante todo o dia, raios de sol tocam o Tocantins. São dedos cálidos penetrando a intimidade receptiva e envolvente das águas. Sol e água. Fértil encontro de contrários. Homem, mulher.

Encontros muitos. Encontros marcados. À tardinha, após tantas horas de luz e calor, o sol, cansado, mergulha n’água – imersão total – e, sem forças, afoga-se nela, para depois renascer, fortalecido, anunciando o dia seguinte. Que vem envolto em halo, aura, auréola, aurora.

O sol nasce e (re)pousa no Tocantins.

* EDMILSON SANCHES

Filho de um intelectual que se notabilizou como um dos grandes literatos do Maranhão, na primeira metade do século XX, o professor José Nascimento Moraes Filho não é apenas aquela corajosa figura que, no início dos anos 80, deflagrou o movimento ecológico no Maranhão, com a criação do Comitê de Defesa da Ilha de São Luís.

Na época, ele mobilizou a opinião pública contra a instalação de grandes projetos industriais na Ilha e chegou ao fim da vida reconhecido como o poeta e cronista que sempre retratara, em sua poesia, os problemas sociais do Maranhão.

Com mais de 10 livros publicados, Nascimento Moraes Filho é dono de uma obra que muitos quiseram condenar ao ostracismo, por conta das ousadas atitudes políticas que assumiu ao longo da vida. Cioso da ascendência africana da sua família e do exemplo de vida de seu pai, o jornalista e escritor Nascimento Moraes (1882-1958), que sofreu na pele o escancarado preconceito racial que havia na sociedade maranhense, Nascimento Moraes Filho travou uma luta à sua maneira pelo respeito e pela valorização dos negros. Como parte desse esforço, ele gostava de lembrar que ficou na imprensa do Maranhão o exemplo do grande jornalista, que foi seu pai.

De fato, Nascimento Moraes, autor do livro “Vencidos e Degenerados”, deixou uma vasta colaboração sob diferentes pseudônimos nos jornais maranhenses mais importantes da primeira metade do século XX. Escritor e homem de ação, Moraes lutou contra os preconceitos de uma sociedade injusta e, até mesmo, desumana para com os escritores pobres e negros.

Polêmico, levando às últimas conseqüências as suas convicções, ele atraiu amigos e inimigos com a mesma intensidade. E jamais se intimidou ante os que negaram o valor de sua obra, opondo-se, bravamente, nos jornais da época, contra os representantes de uma cultura racista e elitista.

“Meu pai foi vítima dos preconceitos daquela época. Negro, homem de fibra, jornalista de talento, ele era tolerado pelos poderosos. Até os inimigos respeitavam meu pai. Mas ele venceu no Maranhão e essa foi, talvez, uma de suas maiores glórias, porque, até hoje, o intelectual ou então o artista maranhense precisa sair daqui para poder ser reconhecido”, afirmou Nascimento Moraes Filho pouco antes de morrer, em entrevista ao jornalista Manoel Santos Neto.

Nascido em São Luís, aos 15 dias de julho de 1923, o autor de “Clamor da Hora Presente”, desde cedo, mostrou sua forte vocação de agitador de ideias. Assumiu a liderança de um grupo de jovens e, com eles,kl fundou e dirigiu o Centro Cultural Gonçalves Dias, considerado o mais importante movimento cultural de São Luís, na década de 40.

Na condição de auditor fiscal aposentado pela Secretaria da Fazenda do Estado, Nascimento Moraes Filho preocupava-se com as novas gerações, que não contam mais com as tertúlias – as conversas noite adentro nos botecos do Largo do Carmo e na Praça Benedito Leite, nas quais jovens poetas e jornalistas falavam de literatura, amor e política.

Recolhido às memórias, Nascimento Moraes Filho não arquivou a paixão pela poesia, tampouco se esquivava da militância pública. Casado com a enfermeira Conceição Moraes, o poeta falava com orgulho de seus cinco filhos: o professor de Física José Nascimento Moraes Neto; a bacharel em Filosofia Ana Sofia Fernandes Nascimento Moraes; a enfermeira Eleuses Moraes Garrido; o médico-veterinário Renan Fernandes Moraes; e a professora Loureley Fernandes Nascimento Moraes.

Seu primeiro livro, “Clamor da Hora Presente”, publicado em 1955, foi traduzido para o francês e para o inglês por uma freira dos Estados Unidos da América do Norte. Depois, ele publicou “Pé de conversa” (1957); “Azulejos” (1963); “O que é o que é?” (1971); “Esfinge do Azul” (1972); “Esperando a Missa do Galo” (1973); “Maria Firmina – fragmentos de uma vida” (1975) e “Cancioneiro geral do Maranhão” (1976).

Nascimento Moraes Filho também promoveu a reedição fac-similar do romance “Úrsula” (1975) e do livro de versos “Cantos à beira-mar” (1976), ambos de Maria Firmina dos Reis, além de “A metafísica da contabilidade comercial” (1986), de Estevão Rafael de Carvalho, e do jornal “O Bentivi”, 1838 (1986), reimpressos na Editora Gráfica Diário do Norte, em São Luís.

(Fonte: Blog do Manoel Santos)

ESTA É IMPERATRIZ

(UM HINO DE AMOR E DOR PARA A CIDADE)

*

Imperatriz. Fundada em 16 de julho de 1852. 171 anos de história e desenvolvimento. 273 mil habitantes. Um dos maiores índices de crescimento do País: 10,57% no período 1970/1980.

Cidade-majestade, crescendo no tempo e no espaço.

Esta é Imperatriz. Uma das maiores cidades de todo o país. A de número 102 em população, no total de 5.570 cidades brasileiras. Uma das maiores economias do Brasil, com seus mais de 7,2 bilhões de reais em 2020, o que a coloca em 165º lugar no “ranking” de todos os 5.570 municípios.

Imperatriz de muitos títulos: Princesa do Tocantins. Portal da Amazônia. Capital Brasileira da Energia. Metrópole da Integração Nacional. Polo Nacional do Xadrez. Capital Norte-Nordeste do Automobilismo. Cidade Esperança.

Imperatriz é sede de uma grande região, polo urbano de grande influência, reinando absoluta em todo o sudoeste do Maranhão, sul do Pará e norte do Tocantins. Dezenas de municípios com ela convivem e muitos dela dependem.

Imperatriz é a Pré-Amazônia Maranhense, entre a região dos Cerrados e a região Amazônica.

Nosso clima é tropical. Vai do úmido ao de savana. Terra de calor gostoso (veja-se o crescimento da população...), cidade que já foi de poucas luzes (lâmpadas), mas sempre de muito sol: o astro-rei bota quente e está presente com cerca de 2.500 horas de calor e iluminação por ano. A incidência solar é direta durante todo o ano devido à nossa privilegiada situação tropical.

E nessa história de sol e água, o Rio Tocantins é o elemento de maior relevo – na geografia e em nossos corações. 

Imperatriz é uma São Paulo no interior do Maranhão, começo da Amazônia. População comprovadamente heterogênea, uma estatística do IBGE já de décadas dizia que apenas 37% dos imperatrizenses nasceram aqui. A grande maioria, 63%, vem de tudo quanto é lugar, da Amazônia e do Nordeste, do Brasil e do mundo.

É Imperatriz, oferecendo seu corpo a gentes cosmopolitas, cidadãos do mundo, que aqui trabalham e sofrem, constroem e edificam, empurrando para frente, erguendo para mais alto os destinos de uma comunidade – que são, em última análise, o destino de cada um.

Área de forte imigração, Imperatriz recebeu os maranhenses de vale do Mearim, em 1950. Eles começaram, espontânea e mansamente, a ocupação das terras devolutas do município. Muitos queriam ir para o Goiás e Pará. Mas beberam da água do Tocantins e aqui ficaram e começaram a fazer história, muitos antes da existência dos grandes eixos viários que rumavam para o inferno verde da Amazônia.

Nos fins da década de 1950, começa a construção da rodovia Belém-Brasília. Depois, a Transamazônica e o sistema rodoviário do Maranhão na década de 1960. E a partir de 1970, o asfalto na Belém-Brasília e a criação do Programa Grande Carajás. E aí nem a cidade nem a região aguentaram. Virou o fole do velho Félix. Gente de todo jeito. Gente entrando pra dentro – ou seja, saindo da zona rural e indo pra cidade.

Em 1960, apenas 23% da população estavam na zona urbana; 77% queriam mesmo era viver no campo. Em 1970, o percentual da população urbana pulou para 43%. Em 1980, chegou a mais da metade (50,72%). E, a partir do ano 2000, quase a totalidade (95%) da população de todo o município passou a viver, sobreviver e subviver na chamada zona urbana.

É o fascínio do concreto armado. Do ferro fundido. Da pedra lascada, concretada. Da vida agitada. Estranho canto de sereia em selva-mar de pedra.

Em 1970, Imperatriz tinha 6 pessoas e uns quebrados para cada quilômetro quadrado. Dez anos depois, havia mais de 16 pessoas, que aumentou mais de ONZE vezes mais em 2019, com 188,95 habitantes ocupando a mesma área (população oficial de 258.682 habitantes – IBGE, 2019). A densidade populacional de Imperatriz, nesse período, era 7,6 vezes maior do que a do Brasil. Agora em 2022 a densidade subiu para 199,49 habitante por quilômetro quadrado 

Em 2002, na área do pretendido futuro estado do Maranhão do Sul, de 146.539 quilômetros quadrados (km2), a população era de 1.126.050 habitantes. Sozinha, Imperatriz tinha mais de 20% dessa população... em menos de 1 (um por cento) do território. Resultado: uma elevada taxa de densidade demográfica imperatrizense, que pulou de 34 habitantes em 1995 para quase 190 em 2019, o que, nesta época, representa 7,6 vezes mais do que a densidade populacional do Brasil (de 24,69 habitantes/km2) e 8,8 vezes mais a densidade do Maranhão (21,46 habitantes/km2).      

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Imperatriz tem classes de gente e, pois não, temos gente de classe: professores, pregadores espirituais e funcionários públicos, garis do homem e da terra que alimentam mentes, almas e estruturas.

Temos também aqueles que sobrevivem com o salário-miséria do mês, trabalhando o dia todo todo dia, para ganhar o pão de cada café da manhã  – e às vezes somente este ou, pior, nem esse. (Mas – tá dito – nem só de pão vive o homem. Para alguns há a água também. A rapadura. A farinha de puba. Os “lixões” fora e dentro da cidade, em terrenos – DEZENAS DE MILHARES deles –  espalhados pelos desvãos urbanos... e até no centro também, bem na fusca das tais autoridades. Os tonéis de lixo dos supermercados. Felizes os muito pobres que comem carne seca. Farinha seca. A garganta seca. Os olhos secos. Vidas secas. E a vontade líquida de chorar. E vai por aí, e olhe lá. Pois a vida é uma grande rapadura: é doce, mas é não é mole. Osso duro de roer.

Esta é Imperatriz. De gente forte. E de doentes também. E por isso os muitos hospitais, clínicas, institutos, centros e postos médicos. E os próprios médicos, centenas e centenas de médicos, em mais de vinte especialidades que cuidam do corpo todo e dos poucos por cento da mente, que tratam o indivíduo (paciente ou não) da cabeça aos pés, que assistem à criança que nasce e ao velho que morre.

Há, em Imperatriz (saúde!), o clínico médico, cirurgião, o ginecologista, o dermatologista. Há o sanitarista, o patologista, o anestesiologista. Há o cardiologista, o neurologista, o oftalmologista, o optometrista. Há o obstetra, o pediatra e o psiquiatra. Há o ortopedista, o traumatologista, o urologista.

Há, também, os indizíveis acupunturistas, os gastroenterologistas e (valha-me Deus) os otorrinolaringologistas.

Há o hemoterapeuta o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. O radiologista, o pneumologista, o nefrologista, o proctologista e o próprio legista.

Não esquecer o neonatologista, o clínico geral, o cirurgião vascular, o médico nuclear, o psicólogo, o odontólogo, o podólogo. O bioquímico, o farmacêutico, o instrumentador cirúrgico, as enfermeiras, os técnicos e os auxiliares de Enfermagem. Os assistentes sociais e os administradores hospitalares.

Há, aqui, toda essa gente sadia. E há doentes para todos, para essas e outras especialidades, ao gosto do freguês.

Para quem é de saravá, há, opcionalmente, macumbeiros e rezadeiras, umbandistas e quimbandistas, cartomantes e quiromantes.

Esta é Imperatriz. Das igrejas e religiões.

Das crenças e seitas.

Do espírito e do espiritismo.

Dos cultos e missas.

Dos encontros e sessões.

Das romarias e procissões.

Do corpo e da alma.

Matéria e anti.

Céu e inferno.

Esta é Imperatriz.

De homens fortes, inclusive o sertanejo.

Imperatriz de gente-nordeste, cabras da peste.

Terra de fulano. De sicrano. E de beltrano também.

Esta é terra de gente da terra inteira. Sem eira. Nem beira.

Às vezes, gente sem parente. E nem aderente.

Gente de dentro e gente de fora.

Paulistas e mineiros. Amazonenses e acrianos, roraimenses e rondonianos. Amapaenses, paraenses e tocantinenses. Mato-grossenses e sul-mato-grossenses. Goianos e candangos. Paulistas e mineiros. Capixabas e fluminenses. Gaúchos, catarinenses e paranaenses. Baianos, sergipanos e alagoanos. Pernambucanos e paraibanos. Potiguares e cearenses. Piauienses e maranhenses.

De todos os continentes, todas as gentes. Americanos das três Américas. Africanos das várias Áfricas. Europeus e asiáticos. O Ártico e o Antártico. A Oceania e a Zelândia – e, se brincar, até a Atlândida...

Esta é Imperatriz. Terra da gente.

Nos confins do Maranhão, o portão da Amazônia, pulso do planeta, peito aberto, fronte erguida. Nosso mundo. 

Esta é Imperatriz.

171 anos.

* EDMILSON SANCHES

 (Texto publicado originariamente em “O Imparcial”, São Luís – MA, década de 1980; com atualizações e alterações.)

* Entrevista com Edmilson Sanches, para o jornal “Arrocha”, do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz/MA, 2019)

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1 - ADALBERTO FRANKLIN NO LIVRO “APONTAMENTOS E FONTES PARA A HISTÓRIA ECONÔMICA DE IMPERATRIZ”, FALA SOBRE CICLOS IMPORTANTES DA CIDADE (COMO O CICLO DO GADO, DA BORRACHA, DA CASTANHA, DO ARROZ E DA MADEIRA). A CONTRIBUIÇÃO DOS MESMOS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE FOI SIMILAR OU DENTRE OS CICLOS PODEMOS ENCONTRAR ALGUM QUE FOI DE MAIOR DESTAQUE?

EDMILSON SANCHES

Minha opinião é a de que os ciclos não tiveram contribuição semelhante.

Embora todos os ciclos listados na pergunta tenham origem no Setor Primário da Economia (gado, borracha, castanha, arroz, madeira), alguns incorporaram valor agregado, por sua utilização no  Setor Secundário (indústria) de Imperatriz  – como, por exemplo, a indústria de beneficiamento de arroz e a indústria madeireira e moveleira.

Também no gado bovino, houve, em termos de pecuária leiteira, aproveitamento industrial no município, com processamento tecnológico e artesanal do leite, daí derivando desde o leite integral ou em pó até o fabrico de queijo e outros derivados, embora em menor escala.

Não tenho conhecimento, ou ainda não localizei, dados segmentados, séries históricas da produção primária, industrial e terciária dos produtos desses ciclos. De qualquer modo, ressalvados aspectos ambientais e sociais, o ciclo da madeira teve forte influência durante as décadas de 1970 e 1980. Depois, as fontes de extração da madeira se foram distanciando, chegando às matas do Pará, o que onerava a produção, com os custos de logística.

Na década de 1980, Imperatriz foi impactada com a extração de ouro do garimpo de Serra Pelada. Muitos imperatrizenses eram investidores (“donos de barrancos” ou de percentuais deles) ou trabalhadores (os chamados “formigas”). Muitos milhões foram internalizados em Imperatriz e sua região mais próxima, a partir dos valores que eram transferidos para cá das agências bancárias das terras paraenses ou que eram trazidos em espécie e depositados na rede bancária imperatrizense, em cujo mercado também grande parte desses valores era aplicada, em especial no segmento agropecuário (com compra de fazendas) e imobiliário (com aquisição ou construção de imóveis, deles de muitos andares).

Registre-se, por oportuno, que o ciclo do arroz sofreu bastante com o que atribuo a descaso das autoridades públicas e lideranças empresariais do segmento. De grande região produtora e exportadora, Imperatriz e sua jurisdição tornou-se importadora de arroz. Para se ter uma ideia, minhas pesquisas mostram números desconcertantes em relação à cultura do feijão (primeira e segunda safras), arroz, milho e mandioca. No caso do arroz, por exemplo  – e para citar só o mais grave e simbólico –, comparado a um período de dez anos, de 1984 a 1994, enquanto, em 1984, a produção de arroz ocupava 40.000 hectares e atingia 60.480.000kg do cereal, em 1994 a produção desabou: menos de 7.000 hectares de área e menos de 14.000.000kg de arroz. E o mais grave: nesse período (1984 a 1994), não houve desmembramento territorial de Unidades Federativas, e nenhum político ou referência empresarial do segmento procurou saber se essa queda de produção era ocasionada por falta de terras produtivas, por falta de estradas vicinais, por falta de sementes adequadas, por falta de mão de obra especializada, por falta ou excesso do regime hidrológico/de chuvas, por falta de recursos financeiros nos bancos emprestadores, por elevação excessiva das taxas de juros, por mudança dos padrões de consumo à mesa, por falta de dinheiro no bolso dos consumidores etc. etc.

O descompromisso, a falta de inteligência e competência de autoridades fizeram Imperatriz submergir em relação à produção e produtividade de um dos itens mais essenciais do cotidiano dos cidadãos maranhenses e brasileiros.

2 – QUAL A IMPORTÂNCIA DA RODOVIA BELÉM/BRASÍLIA PARA A CIDADE DE IMPERATRIZ?

EDMILSON SANCHES

Importância total, fundamental, essencial, vital... Qualquer que seja o adjetivo, deverá ser definidor do que chamo de “refundação” de Imperatriz: a Rodovia Bernardo Sayão (nome oficial da Belém/Brasília) foi o caminho para o crescimento de Imperatriz e de outros municípios em sua área de influência. Exemplifique-se que, até antes de sua inauguração e asfaltamento, na década de 1950, o máximo da população de Imperatriz era 14.064 habitantes. A partir da década de 1960, Imperatriz aumentou quase geometricamente sua população: quase 40.000 habitantes em 1960, chegando ao pico de 310.894 em 1995, menos de duas gerações após a conclusão da rodovia.

3 – O QUE O RIO TOCANTINS REPRESENTOU E REPRESENTA PARA IMPERATRIZ?

EDMILSON SANCHES

Seja na História, seja na Economia, o Rio Tocantins foi elemento de existência e de permanente suporte para a vida do município. Na História, foi o caminho líquido e certo que deu na fundação da cidade em 1852, pelo frade baiano Manoel Procópio do Coração de Maria. O Rio Tocantins é a pia batismal de Imperatriz.

Na Economia, o Rio Tocantins, desde meados do século XIX, era a via por excelência para que chegasse até Imperatriz os produtos indispensáveis para a população. Por barcos e canoas eram transportados e comercializados diversos itens, além do transporte de pessoas, que chegavam e que saíam. Embora, no Maranhão, o Rio Tocantins só ocupe 9,4% da área e 3,8% da bacia, ainda assim  – todos os imperatrizenses sabem –  o Rio Tocantins não só é o responsável pela criação de nosso município quanto, também, é, em grande parte, a razão de sua existência, além de orgulhosa referência geográfica, turística e sociocultural para todos de Imperatriz. Falta, só, boa vontade e competência de autoridades para uma ação interinstitucional, intermunicipal e interestadual  – pois o rio é federal, passando por cinco Estados mais o Distrito Federal –  para que haja maior acompanhamento e tomada de decisões em relação aos usos econômicos que estão acontecendo, desde sua nascente até a sua foz, tanto no aspecto de geração de energia (usinas hidrelétricas) quanto nas atividades pesqueira e agrícola e de lazer, além dos efluentes urbanos, atividades essas que contribuem para impactos que precisam ser avaliados, tendo em vista a maior e melhor qualidade das águas e existência do rio.

4 – QUAL A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO NA CIDADE PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO?

EDMILSON SANCHES

O total da Economia de Imperatriz é de R$ 5 bilhões e 964 milhões. É o chamado Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma do que se produz no município em termos de produtos e serviços. Desses quase R$ 6 bilhões, o Setor Terciário (Serviços) contribui com R$ 2 bilhões e 803 milhões, ou praticamente 47% do total  – quase a metade. O comércio  – atacadista ou varejista –  é um segmento do Setor de Serviços (ou Setor Terciário). Portanto, os números justificam que os segmentos do Comércio, da prestação de serviços de Educação, Saúde, Cultura etc., são formadores de grande parcela da Economia do município, o que implica geração de trabalho, formal ou não (formal é o trabalho com carteira assinada).

5 – EM VISTA DA ATUAL SITUAÇÃO DA CIDADE NO QUE DIZ RESPEITO AO DESENVOLVIMENTO E GERAÇÃO DE EMPREGO, COMO VOCÊ VÊ IMPERATRIZ HOJE E COMO VOCÊ IMAGINA ELA NOS PRÓXIMOS ANOS?

EDMILSON SANCHES

Imperatriz está distante centenas de quilômetros de capitais e de outras grandes cidades. Assim, não tendo proximidade com nenhuma cidade grande, Imperatriz, pela força de seu povo, teve de tornar-se ela mesma grande. Tornou-se destinatária e intermediária de aquisição de produtos e prestação de serviços. Dezenas de municípios do Maranhão e de outros Estados têm na segunda maior cidade maranhense o suporte essencial para o dia a dia de suas populações.

Imperatriz saiu de uma situação estacionária até a década de 1950, entrou em fase de progresso (aumento da produção econômica) e, depois, passou para a fase de crescimento (que adiciona componentes de tecnologia). Agora, precisa ser pensada para entrar na fase de desenvolvimento, que acontece mais nas pessoas e menos no exterior delas.

Não é preciso ter chaminés (indústrias) para um município ser desenvolvido. Imperatriz pode e deve ter indústrias-âncora, indústrias de referência, sobretudo indústrias de produtos de valor agregado, mas precisa, sobretudo, e a partir de um planejamento estratégico, pensar e coletivamente fazer um desenvolvimento que seja inclusivo, participativo, mitigador de desigualdades socioeconômicas.

Precisa de projetos que se iniciem no pensar o município (pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades – a chamada Matriz SWOT) e continuem com projetos de captação de recursos, atração de investimentos e empreendimentos, sensível ampliação de sua Economia da Cultura, um capilarizado projeto de geração de trabalho e renda para nano, micro, mini e pequenos empreendedores (isolados / autônomos ou organizados em associações e cooperativas), criação de uma Agência de Desenvolvimento Municipal (ADM), criação de Empresas de Participação Comunitária (EPCs), forte integração aos “think tanks”, representados por mais de cem cursos superiores presenciais e não presenciais, às Empresas Juniores, desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica (EBTs)..; enfim, entrar na era do desenvolvimento significa, literalmente, entrar de cabeça, isto é, com o cérebro, com a mente – claro, sem esquecer os braços e pernas que, bem comandados pelo cérebro, carregam e conduzem as pessoas e sua cidade para o futuro que há muito tempo lhe é devido, e que é de seu direito reivindicar... e por ele lutar.

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Foto (Aeroset): Que ponte unirá Imperatriz ao desenvolvimento? (Ponte Dom Affonso Felippe Gregory, em Imperatriz. Edmilson Sanches ministrando palestra de Economia na Faculdade Santa Teresinha (Fest).

A exposição Karingana, no Sesc Bom Retiro, no centro da capital paulista, reúne a arte de 47 ilustradores negros de diversas regiões do país. Mais de cem trabalhos voltados para a literatura infantil estarão expostos a partir desse sábado (15) até 28 de fevereiro de 2024.

A mostra está instalada no segundo andar do edifício e busca oferecer ao público uma imersão no universo lúdico infantil, com a celebração das culturas afro-brasileiras e reflexões sobre negritude, ancestralidade e antirracismo.  

“Se olharmos para a história da literatura infantil brasileira, a gente sabe que personagens negros eram estereotipados ou invisibilizados. E essa é a relevância talvez dessa exposição: quando a ilustração negra está presente ela traz outra perspectiva, outro olhar para os personagens, vendo boniteza e beleza nessa história e nesses corpos que habitam esse livro”, destaca a curadora Ananda Luz.

A montagem do espaço e a própria disposição das obras compõem um mosaico de diferentes técnicas, linguagens e significados, que parte do ponto de vista da própria criança.

“É um reconto de mundo. Quando estou ilustrando, o foco é trazer uma nova visão de como o mundo pode ser construído, mais afrocentrada. Eu acho que a força está em trazer essa ancestralidade do reconto; e nas crianças poderem ter uma outra visão de mundo que não das visões ocidentais”, ressalta um dos ilustradores da mostra Rodrigo Andrade.   

A mostra coletiva também oferece oficinas, bate-papos, contação de histórias e atividades que promovem a interação entre crianças e adultos, baseadas na educação antirracista.

O Sesc Bom Retiro fica na Alameda Nothmann, 185. A visitação vai até 28 de janeiro de 2024, de terça a sexta, das 9h às 20h (exceto 21 de novembro); sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h. O ingresso é gratuito.   

(Fonte: Agência Brasil)