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Está em cartaz nos espaços de artes do Ministério Público do Maranhão em São Luís, a exposição coletiva Ser Menina. A mostra reúne obras dos estudantes do Centro de Ensino Maria José Aragão, da Cidade Operária, e da Fundação Justiça e Paz se Abraçarão, produzidas em oficina ministrada pela artista plástica e arquiteta Cláudia Sopas.

A exposição pode ser visitada no Espaço Márcia Sandes, na sede da Procuradoria Geral de Justiça (Av. Prof. Carlos Cunha, 3.261, Calhau) e no Espaço de Artes Ilzé Cordeiro, no Centro Cultural do MP-MA (Rua Oswaldo Cruz, 1.396, Centro). Nos dois espaços, a exposição poderá ser conferida até o mês de novembro, tanto de forma presencial quanto virtual.

Os trabalhos desenvolvidos no Centro de Ensino Maria José Aragão fazem parte do Projeto Pare. Pense. Leia!, realizado mensalmente com o objetivo de tornar a prática da leitura prazerosa e produtiva e proporcionar a possibilidade de uma leitura crítica do mundo. Foram discutidos desejos, sonhos, descobertas, conquistas, empoderamento, enfrentamento à violência, imposições comportamentais, entre outros temas.

Uma parceria com a Fundação Justiça e Paz se Abraçarão, localizada no Bairro da Cidade Olímpica, em São Luís, proporcionou um segundo grupo de obras. As quinze jovens reunidas na oficina, todas moradoras da macrorregião de São Luís, com idade entre 11 e 25 anos, são atendidas pelo projeto Menina Cidadã, focado no empoderamento de meninas, na luta por direitos, arte e cultura e em temas como a pobreza menstrual, uma questão de saúde pública que afeta diretamente a vida escolar das meninas.

Dia da Menina

A exposição Ser Menina faz parte da programação realizada pelo Ministério Público do Maranhão, por meio de sua Escola Superior, em alusão ao Dia Internacional da Menina e ao Dia Estadual da Menina (instituído pela Lei nº 11.371/2020, de autoria da deputada Daniella Tema), celebrado no dia 11 de outubro.

(Fonte: MP-MA)

Se tudo der certo, o ator William Shatner, famoso por interpretar o Capitão Kirk nos filmes e na série de ficção científica Jornada nas Estrelas, conhecerá, hoje (13), de forma realista, um pouco mais das sensações vividas por seu personagem. Ele participará da segunda missão tripulada da empresa de turismo espacial Blue Origin, que tem como proprietário o bilionário Jeff Bezos.

A decolagem do foguete New Shepard NS-18 está prevista para as 10h30, caso as condições climáticas e atmosféricas estejam adequadas. Aos 90 anos, Shatner será a pessoa mais velha a ir ao espaço. A aventura será transmitida ao vivo pelo canal do Youtube da Blue Origin.

O foguete é totalmente automatizado e reutilizável. Ele decola verticalmente, com uma cápsula que se desprende durante o voo. Na viagem, o ator vai ultrapassar a chamada linha de Karman, o limite reconhecido internacionalmente entre a atmosfera terrestre e o espaço, a uma altitude de 100 quilômetros. A previsão é dque a experiência dure 11 minutos.

Além do ator, estarão a bordo mais três passageiros: Chris Boshuizen, antigo engenheiro da agência espacial norte-americana (Nasa) e cofundador da empresa Planet Labs, que tira fotografias de alta resolução da Terra, utilizando satélites; Glen de Vries, cofundador da Medidata Solutions, empresa de software para a indústria farmacêutica; e Audrey Powers, responsável pelas operações de voo e manutenção de foguetes da Blue Origin.

Esta é a segunda viagem com passageiros da Blue Origin, após o voo realizado em julho com Jeff Bezos a bordo.

(Fonte: Agência Brasil)

Eleito uma das sete maravilhas do mundo moderno, o Cristo Redentor completa 90 anos como a imagem mais famosa do Brasil. Em 1926, começou a construção do monumento de 38 metros de altura no alto do Morro do Corcovado, a 710 metros do nível do mar. Demorou cinco anos para ficar pronto e foi inaugurado em 12 de outubro de 1931.

O dia do aniversário de um dos principais cartões-postais do país começa hoje (12) às 7h15, com o Ato Cívico Religioso e a Santa Missa em Ação de Graças pelos 90 Anos do Cristo Redentor e em honra a Nossa Senhora Aparecida. No evento, que terá a presença de autoridades públicas e religiosas, haverá o lançamento da Medalha Comemorativa dos 90 Anos do Cristo Redentor e do Bloco Postal Especial em Homenagem ao Monumento do Cristo Redentor.

A Esquadrilha da Fumaça, da Força Aérea Brasileira, fará uma apresentação sobrevoando o monumento. A Banda do Corpo de Fuzileiros Navais participará musicalmente do evento. 

Toda a cerimônia será transmitida ao vivo pelo canal oficial do Santuário Cristo Redentor no YouTube.

O reitor do Santuário Cristo Redentor, padre Omar Raposo, destaca que o monumento é o “garoto propaganda do país. É impossível pensar o Brasil no exterior sem que a gente reporte o nosso olhar e a nossa lembrança para esse precioso monumento no alto do Corcovado”, diz. “O Cristo Redentor nos passa a sensação de que parece que foi esculpido na colina da montanha do Corcovado. Isso é tão maravilhoso. Imaginem o que seria do Rio de Janeiro se não fosse o Cristo Redentor?”

Ele lembra que a estátua interage perfeitamente com a natureza ao redor, o Parque Nacional da Tijuca, e traz uma experiência a partir dos braços abertos. “Esses braços comunicam acolhimento e identificam ainda mais o coração do povo brasileiro, que é um coração acolhedor, que também possui braços fortes para trabalho, cheio de energia pra gente poder desenvolver essa nação tão querida”.

Restauração

A qualidade da obra impressiona a arquiteta e escultora Cristina Ventura, coordenadora da mais recente restauração do Cristo. “É uma qualidade que chama a atenção nos dias de hoje. Isso que é o mais espantoso. Você hoje não encontra estruturas muito mais recentes com a qualidade que foi feita nessa obra”, diz Cristina.

“Não tem nenhuma construção nesses moldes, nesse período, com essa audácia que foi o Cristo. Um outro marco é que o Cristo é a maior escultura art déco do mundo”, acrescenta.

A arquiteta lembra que não só engenheiros e arquitetos envolvidos no projeto foram audaciosos mas também os operários sem equipamento de proteção individual pendurados em andaimes sobre um precipício de mais de 700 metros de altura. “Eu fico imaginando isso quando nós, da equipe, fazemos as coisas com tanto amor, imagina para eles que estavam construindo o Cristo Redentor. Que tipo de compromisso que essa galera não tinha aqui, sabe?”, pondera Cristina.

Para o aniversário de 90 anos, foram feitos reparos emergenciais em partes que haviam sido danificadas pelas intempéries: trechos do manto, dedo direito e parte frontal da cabeça. Além disso, como parte da manutenção preventiva, o Cristo ganhou um equipamento para medir os ventos que atingem a estátua e também um para-raios reforçado.

Cristo da Bola

Esse projeto audacioso feito de concreto armado e pedra-sabão foi financiado por doações da população brasileira. Em 1921, nos preparativos para as comemorações do centenário da Independência do Brasil, um grupo católico promoveu concurso para uma estátua em homenagem a Jesus Cristo. O vencedor foi o arquiteto e engenheiro Heitor da Silva Costa, que liderou o projeto, da concepção até a inauguração da obra, em 12 de outubro de 1931.

O projeto inicial, que tinha a imagem de Cristo segurando uma cruz na mão esquerda e o globo, na mão direita, foi apelidado de Cristo da Bola pelos cariocas.

O teólogo Alexandre Pinheiro, coordenador do Núcleo de Acervo e Memória do Santuário Cristo Redentor, conta que não foi fácil na época conseguir a autorização do governo republicano para a obra. Um abaixo-assinado de 20 mil mulheres, lideradas pela escritora Laurita Lacerda, ajudou a vencer a resistência do então presidente Epitácio Pessoa.

A documentarista Bel Noronha, que é bisneta de Heitor da Silva Costa, conta que muita gente chegou a acreditar num mito de que o Cristo teria sido um presente da França para o Brasil pelo fato de a Estátua da Liberdade, em Nova York, ser um presente do governo francês para os norte-americanos. E também porque franceses trabalharam no projeto do Cristo.

Mas foi a arquidiocese do Rio de Janeiro que organizou campanhas de arrecadação de fundos que mobilizou não só o Rio de Janeiro, mas todo o Brasil. Toda a construção do Cristo foi financiada com o dinheiro das doações dos brasileiros.

Os desenhos do projeto de Heitor da Silva Costa foram feitos pelo pintor Carlos Oswald. E Heitor buscou parcerias na França para a obra. Para fazer os cálculos estruturais, contratou o engenheiro Alberto Caquot e para fazer a estátua, o escultor franco-polonês Paul Landowski, grande expoente do movimento art déco. Landowski fez uma maquete e a escultura em tamanho real da cabeça e das mãos do monumento, cujos moldes em gesso foram enviados ao Brasil em partes numeradas.

A escultura foi reproduzida em concreto armado e revestida em pedra-sabão. Grupos de mulheres se reuniam na casa paroquial para fazer os mosaicos que eram posteriormente aplicados na estátua. Muitas escreveram os nomes dos entes queridos no verso dos triângulos de pedra-sabão.

Além de ser retratado na arte brasileira, como na música Samba do Avião de Tom Jobim, visitas ilustres como o papa João Paulo II, o líder espiritual Dalai Lama, a princesa Diana e príncipe Charles e o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, com sua família, já estiveram no alto do Corcovado.

(Fonte: Agência Brasil)

As estudantes Letícia, de 8 anos de idade, e Maitê, de 7 anos, estudam na mesma sala do 2º ano do ensino fundamental de uma escola da zona leste de São Paulo. Elas estão entre os milhares de crianças que enfrentaram o primeiro ano da pandemia com aulas on-line e afastadas de parentes e amigos da escola. 

Este ano, elas voltaram a estudar presencialmente, mas ainda não é como antes, conta a Maitê Bellentani Bento. “Não pode abraçar, nem dar as mãos para fazer aquela brincadeira de ficar girando”. 

Maitê voltou às aulas em agosto, depois de muito insistir com a mãe. “Meu primeiro dia foi bem legal. Quando cheguei me cumprimentaram com alegria. Porque quando eu fazia aula on-line, eu ficava implorando para minha mãe deixar eu voltar para a escola. Aí, ela me deu uma oportunidade e eu fui para a escola”, disse entusiasmada. 

Mesmo com a volta à escola, algumas atividades ainda estão restritas, o que deixa Maitê entristecida.  “Já faz dois anos que meus amigos não vêm nos meus aniversários, também tenho saudade de sair com meus primos e saudade das minhas amigas aqui na minha casa”.

Letícia Oliveira de Paula também sente falta de uma festa. “Não pode fazer festa, não pode chamar meus amigos aqui em casa”, lamenta. Da escola, ela sentiu saudade de conversar com os amigos, de perto, “e sentir que eles estão lá!”. Ela voltou às aulas presenciais em fevereiro, quando foi autorizado o retorno com 35% dos alunos por dia nas salas de aula.

As meninas relembram o início do isolamento social.  “Eu não gostei porque não podia ver meus primos, ir na quadra e na piscina. A única coisa legal era quando eu ligava de vídeo para minhas amigas e a gente brincava de boneca [on-line]”, conta Maitê. 

“O isolamento foi difícil, fazer aula on-line não é muito legal, porque na escola tem a professora para ver a gente e também não fica travando!”, disse Letícia em tom de brincadeira. Mas, mesmo indo às aulas e seguindo os protocolos sanitários, tem uma coisa que Letícia sente vontade, e quer fazer quando puder. “Tirar a máscara, é o que eu mais tenho vontade!”.

Vacina

Apesar do medo de ficar com o “braço doendo”, a estudante Letícia não vê a hora de se proteger com a vacina contra a covid 19. “Tenho medo de meu braço ficar mole como uma slime [massinha de modelar caseira], mas também estou ansiosa porque vou estar protegida da covid!”.

Um mundo melhor

Para essas meninas, o mundo pós-pandemia será melhor e mais feliz. “As pessoas vão poder sair e viajar juntas, fazer encontros, abraçar umas às outras, tomar sorvete juntas, ir nos aniversários uma das outras, brincar juntos. E sem usar as máscaras. O mundo vai ser assim, mais  feliz!”, disse Maitê.

Letícia torce por um mundo diferente quando acabar a pandemia. “Estará bem melhor, porque todo mundo vai poder se ver, falar sem máscara, e vai poder se abraçar, falar pertinho, isso também vai ser melhor”. E completa, “acho que o mundo vai ficar melhor, porque vai ter a lição que a pandemia aconteceu, e as pessoas não vão mais ficar tossindo em cima das outras, vai tentar não ter muita aglomeração e ficará essa lição de que não foi legal e não vai querer ter uma pandemia de novo”. 

Apesar de todos os pontos negativos da pandemia, uma lembrança boa ficará na memória da Letícia. “Vou lembrar de ficar mais perto da minha mãe. Eu ficava na aula on-line, no escritório com ela”. 

E quando for decretado o fim da pandemia, Letícia diz que quer abraçar tanta gente que nem sabe quem será a primeira. “Mas eu queria muito poder abraçar as minhas amigas da escola! Também estou com muita saudade de ficar viajando para os lugares”.

Retomada das atividades

O que essas duas crianças descrevem mostra a esperança em um futuro pós-pandemia e que, aos poucos, as atividades estão sendo retomadas, mas ainda é preciso ir devagar com  o retorno às atividades coletivas, e ser feita respeitando a individualidade e a característica de cada criança, orienta a psicóloga e psicoterapeuta positiva Luciana Deutscher. 

“Os pais podem ajudá-las conversando antes para saber como ela se sente com essa volta, com esse retorno para escola, com essa nova socialização, e como é que eles se sentem revendo os amigos. Por menor que a criança seja, se você explicar, conversar com ela na linguagem dela, ela sempre vai entender. Temos uma questão cultural, às vezes, de não conversar com as crianças, mas o diálogo e a conversa são sempre a melhor alternativa”, orienta a psicóloga.

Mesmo que a criança apresente esta vontade de tirar logo a máscara, como a Letícia se manifestou, é preciso explicar para a criança que ainda é preciso continuar com os cuidados como o uso do álcool em gel e da máscara. “Mas que ela vai poder estar no mesmo lugar que a professora, com os amigos, e que vai poder voltar a visitar a casa dos avós”, disse Luciana Deutscher.

Atividades lúdicas

O desenvolvimento cognitivo na infância exige atividades lúdicas, em grupo e com contato. A pandemia interrompeu esse processo, prejudicando o progresso de grande parte das crianças. Além disso, a alta exposição às telas pode ter causado dependência. Para mudar esse cenário, a psicóloga defende que as escolas deveriam aproveitar o momento para focar nas atividades lúdicas. 

“Vejo no meu consultório os pais reclamando que as escolas estão dando muita importância ainda para a questão do conteúdo e muito pouco para essa questão de lazer das crianças e mesmo dos maiores. Principalmente as crianças pequenas reclamam que não querem ir para a escola porque não podem fazer nada, não podem brincar, e tudo é realizado dentro da sala de aula, sem atividades externas por conta da pandemia, quando na verdade sabemos que basta ter criatividade e paciência!”, disse Luciana.  

Para a especialista, é preciso dosar as atividades na escola, em casa, com os primos e amigos que respeitem os protocolos sanitários. “Devemos inserir o lúdico no meio disso tudo! E nisso eu percebo que as escolas estão ligando muito mais para o conteúdo do que para a diversão e lazer, e isso, na minha percepção, é muito errado! Agora não devia ser uma época para encher criança pequena de lição de casa, de tarefa, e manter dentro da sala o tempo inteiro. Devia ser uma época onde deveríamos estar em ambientes externos, com uma roda com distanciamento, onde faríamos atividades a mais com lazer durante o dia para poder trabalhar com a ansiedade das crianças”.

Novo normal

O “novo normal” traz junto atividades que foram necessárias durante o isolamento social, como o uso de telas pelas crianças. E para chamar a atenção das crianças para outras atividades, é preciso explicar aos pequenos e incentivá-los, aconselha a psicóloga. 

“Para as crianças que são muito dependentes das telas de celular e computador,  é necessário regrar essa convivência. Agora é explicar que voltamos às atividades na escola, que as coisas estão voltando para o presencial, que, se antes ela podia ficar mais tempo no videogame, porque ela não tinha todas as atividades, agora ela está retomando a essas atividades e precisa planejar o tempo. E se se deu essa liberdade durante a pandemia, foi para ela poder conversar com os colegas on-line, e que ela ficou mais à frente da tevê, porque ela não tinha esse espaço fora e até porque a mãe e o pai precisavam trabalhar dentro de casa”, explica a psicóloga. 

O momento foi de adaptação das atividades escolares com as atividades profissionais dos pais, acrescenta a psicóloga, que é criadora do Protocolo de Apoio Psicológico Pós-Covid específico, tendo acompanhado mais de 250 pacientes pós-covid 19.

“A gente nem sempre faz tudo que gostaríamos de fazer, precisamos ser flexíveis e principalmente nos adaptarmos a essa flexibilidade, e essa adaptação ainda vai continuar. O corte não pode ser dado repentinamente, com essa retomada do convívio social. Então, por isso, é fundamental o diálogo. As crianças entendem conforme vamos explicando e conforme vamos repetindo”, disse Luciana Deutscher.  

Assim como citaram as meninas Letícia e Maitê, a especialista acredita que o que as crianças mais querem fazer quando a pandemia for contida, é mesmo poder se abraçar com liberdade e conviver socialmente. 

“Acredito que também os maiores anseios é quando essa pandemia for contida vai ser de poder abraçar, beijar, de não ter essa liberdade tolhida do convívio social. Poder fazer uma festa de aniversário com mais gente, como a gente fazia antigamente, poder ir ao cinema, ao teatro, poder mesmo conviver mais socialmente. Eu acho que o que as crianças pedem por esse futuro pós-pandemia, que não está tão longe”, disse.  

Neste Dia das Crianças, Letícia, Maitê e tantas outras crianças ainda não poderão abraçar-se longamente e brincar como antes da pandemia. Mas, Maitê espera que isso aconteça logo. “Vamos brincar juntos, sem usar as máscaras. O mundo vai ser assim, mais feliz!”.

(Fonte: Agência Brasil)

Bruno Lima

A partir desta quinta-feira (14), o kitesurfista maranhense Bruno Lima, do Time Fribal, estará na disputa da IX Copa Brasil de Vela, competição nacional que será realizada em Ilhabela (SP). O atleta, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Fribal por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, chega a este evento como um dos favoritos a conquistar a medalha de ouro.

Bruninho, que, no ano passado, foi campeão na categoria Sub-23 e vice no geral, quer aproveitar a oportunidade para chegar ao topo do pódio nesta competição. “Estou bem preparado e espero ter um bom desempenho na Copa Brasil de Vela. Vou dar o melhor para conquistar o título deste ano”, disse.

Em 2021, Brunino já participou do Pan-Americano realizado em Cabarete, na República Dominicana. Na ocasião, o atleta do Time Fribal foi bem e, atualmente, está entre os cinco melhores kitesurfistas das Américas.  

“Foram dias incríveis e de muito aprendizado ao lado de alguns dos melhores atletas do mundo. Feliz com a 5ª posição que conquistei com muito suor, trabalho duro e determinação na minha primeira participação em um Pan-Americano de kite. Muito obrigado a todos que, de alguma forma, estão ao meu lado me dando forças e me apoiando. Um agradecimento especial aos meus patrocinadores, Fribal e governo do Estado, pela confiança”, concluiu.

Socorro Reis no Mundial

Também durante esta semana, a kitesurfista maranhense Socorro Reis, que também integra o Time Fribal, compete no Campeonato Mundial de Kitesurf, competição que será realizada em Torre Grande, na Itália. Atual tetracampeã brasileira e campeã sul-americana de Hydrofoil, Socorrinho, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Fribal por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, é o principal nome do kitesurf feminino no país.

Para esse evento de altíssimo nível técnico, a maranhense planeja ficar entre as dez melhores. De acordo com Socorrinho, o Mundial na Itália abre o ciclo olímpico para o kitesurf, modalidade que vai estrear nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, e, por isso, é importante começar bem e velejar ao lado das melhores atletas do planeta.

“É um evento importantíssimo porque vamos conseguir ver o que precisaremos realmente melhorar para brigar pela vaga olímpica. Quero chegar no Top 10 neste Mundial. Se eu conseguir mais do que isso, já vai ser uma vitória imensa. Para chegar ao topo, precisamos subir degrau em degrau. Por isso, chegar entre as 10 melhores do mundo neste campeonato é o primeiro degrau”, afirmou a atleta do Time Fribal, que já embarcou para a Europa.

Vale destacar que, a partir da Olimpíada de Paris, em 2024, o kitesurf fará parte do programa olímpico. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Apenas quatro times seguem na briga pelo título da segunda edição da Copa Santa Inês de Futebol Amador, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado e pelas Drogarias Globo, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. No último fim de semana, foram realizadas as disputas de quartas de final da competição que definiram os confrontos das semifinais. Além do Fluminense, atual campeão do torneio, os times da Escolinha Peniel, América Sabbak e Jardim Brasília se classificaram para a próxima fase.

Dos semifinalistas apenas a Escolinha Peniel se classificou no tempo normal ao derrotar a Vila Juventus por 3 a 2. Os demais, precisaram das disputas por pênaltis para assegurar um lugar nas semis.

Pela segunda fase consecutiva, o Fluminense se classicou nos pênaltis. Desta vez, o time tricolor ficou no empate por 1 a 1 com os Amigos da Cohab e venceu nas penalidades por 5 a 4. Já o América Sabbak, fez 4 a 2 sobre o LL Solar nos pênaltis e também está nas semis após empate por 2 a 2 no tempo normal.

O último time classificado à próxima fase foi o Jardim Brasília, que ficou no 2 a 2 com o Panelinha. A igualdade levou o jogo para os pênaltis e, após 16 cobranças, o Jardim Brasília venceu por 8 a 7 e se classificou.

Assim, os confrontos das semifinais ficaram da seguinte maneira: Jardim Brasília x América Sabbak e Fluminense x Escolinha Peniel. Os jogos serão realizados no próximo fim de semana. Tudo sobre a Copa Santa Inês de Futebol Amador está disponível nas redes oficiais do evento (@copasantaines).

RESULTADOS DAS QUARTAS DE FINAL

Fluminense 1 (5) x (4) 1 Amigos da Cohab

Escolinha Peniel 3 x 2 Vila Juventus

Panelinha 2 (7) x (8) 2 Jardim Brasília

América Sabbak 2 (4) x (2) 2 LL Solar

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Renato Russo

Foi em meio a risadas de uma mãe em pleno trabalho de parto que veio ao mundo aquele que, para muitos, é o maior dos poetas do rock brasileiro. De tão inusitado, o caso chegou a ser analisado por um comitê de médicos, conforme lembra a própria mãe. “Ninguém acredita, mas eu dei à luz dando risadas, enquanto me dava conta de que o parto seria bem mais fácil do que dizia uma guria que fez curso de pré-natal comigo”, lembra Carmen Manfredini, dona Carminha – a mãe que trouxe ao mundo o pequeno Júnior, mais conhecido como Renato Russo.

Renato Manfredini Júnior morreu há exatos 25 anos, completados neste 11 de outubro. Sua obra, no entanto, continua viva e atemporal para aqueles que tanto se identificam com suas letras e reflexões sobre a “tchurma”, termo que ele costumava usar para o grupo de amigos com quem conviveu a adolescência e a juventude; sobre as cidades onde viveu, em especial, a musa Brasília dos anos 70 e 80; sobre o Brasil; e sobre os sentimentos que fazem, de cada um de nós, humanos.

Parte das lembranças e memórias deixadas por Junior a sua família e pelo Renato “Manfredo” aos amigos foram contadas com exclusividade à Agência Brasil por parentes, amigos, músicos e profissionais que tiveram o privilégio de conhecer, de perto, a pessoa, o artista e a obra de Renato Russo, líder da Legião Urbana.

Júnior

“Foi uma gravidez e um parto tranquilíssimos, apesar da minha inexperiência. Não tinha a menor ideia de nada sobre isso, motivo pelo qual fiz um curso de pré-natal. E me assustava quando diziam que eu sentiria muita dor e que seria necessário fazer muita força para o bebê nascer. No entanto, bastaram três ou quatro contrações para ele pular fora. Em meio às contrações, eu não parava de rir ao lembrar disso. Foi uma sensação muito boa”, conta dona Carminha ao recordar o marcante 27 de março de 1960.

A mãe do poeta que acabara de nascer diz que seu filho sempre foi “um menino fora de série”, que “não criava caso com nada”, a ponto de sequer precisar de babás ou empregadas. “Era um menino exemplar, excepcional no colégio, alegre, comunicativo e brincalhão, principalmente com os primos e com a irmã”, acrescenta. “E assim foi até entrar no bendito rock”, complementa em tom de brincadeira, uma vez que, até o fim da vida, Renato continuava sendo, para a mãe, “o rapaz doce que sempre foi”.

O gosto pela música já se manifestava quando ele tinha seis ou sete meses de idade, ainda dentro do berço onde, entre os brinquedos, havia um pequeno rádio de pilha tocando “as músicas brasileiras de ótima qualidade da Rádio Tupi”.

“Um dia, me deparei com ele em pé, pulando e segurando na grade do berço. Eu fiquei preocupada, mas a cara dele era alegre. Descobri que era por causa da música porque, quando eu tirava o rádio da cama, ele chiava. O rádio foi a melhor babá que podia existir para meu filho”, recorda dona Carminha.

Livros e discos foram objetos muito presentes na vida do Júnior. “O pai [Renato Manfredini] também era intelectual. Aos domingos, ficávamos todos em uma saleta, cada um com um livro na mão. Escutávamos músicas clássicas e músicas americanas que estavam na moda, em uma vitrola baixa daquelas com pé palito”.

Um dia, os Manfredini foram surpreendidos ao verem o Júnior, aos 2 anos, tirando um disco da vitrola e, com todo cuidado, colocando-o certinho na capa correspondente.

“Não tinha nada na capa. Só nome de artista. Em seguida, ele pegou outro disco e o colocou na vitrola. Ficamos muito impressionados porque ele era muito pequenino para fazer aquilo. Dali em diante, sempre que queria ouvir música ele ia lá colocava o que queria. E sempre guardando na capa certa”, detalha dona Carminha.

“Nunca contei isso a ninguém da família porque achava chato esse negócio de historinha bonitinha de filho”, acrescentou.

“Opípero”

Aos 5 anos, o pequeno Renato escreveu seu primeiro livro. “Um livrinho com ilustração e índice. Era a história de um príncipe que tinha ido no castelo para um jantar ‘opípero’. Eu me surpreendi porque não conhecia essa palavra. O pai então me explicou que era um ‘jantar grandioso, com muita comida’. Aprendi essa palavra com meu filho”.

Outra pessoa que aprendeu muita coisa com o Júnior foi a irmã, Carmen Teresa. “A coisa mais marcante que tenho do meu irmão é o fato de ele gostar de me explicar as coisas. Principalmente a parte cultural: literatura, música, arte, teatro, cinema. Aprendi quase tudo com ele. E também as preocupações que ele tinha com relação à carreira que eu iria escolher. Aquela história do ‘o que você vai ser quando você crescer?’. Ele era muito atento ao que me interessava”, lembra Carmen Teresa que, hoje, é professora de inglês e cantora.

As primeiras lembranças que tem do irmão são de cuidados, proteções e as manifestações de afeto e carinho tanto com ela quanto com a mãe. “Mas ele sempre foi muito generoso com todas as pessoas. Tinha uma empatia fora do comum. Era uma pessoa boa, honesta e muito espiritualizada. Ouvia e seguia a própria consciência como ninguém. Inclusive com relação à música. Ele jamais faria música por dinheiro”.

Ainda é cedo, Mônica!

Renato Russo

Essa personalidade “doce” se manifestava também na vida amorosa, principalmente com as namoradas. “Sim, ele namorou muito com mulheres, e sempre de uma forma muito respeitosa”, diz a irmã. Segundo Carmen Teresa, Renato tinha uma predileção por mulheres de personalidade forte, a exemplo da personagem Mônica, da música Eduardo e Mônica, e da personagem cantada na música Ainda é Cedo.

“Uma menina me ensinou

Quase tudo que eu sei

Era quase escravidão

Mas ela me tratava como um rei”.

Trecho de Ainda é cedo, da Legião Urbana

“Ele não se sentia atraído por mulheres submissas ou dependentes, e isso também pode ser percebido na música Submissa, dos tempos de Aborto Elétrico, quando ele usa a palavra ‘submissa’ até em tom depreciativo. As amigas e namoradas dele, em geral, eram mais velhas e inteligentes, já com personalidade e carreira própria”.

Na opinião da irmã, Renato gostava de se relacionar tanto com homens quanto com mulheres. “Meu irmão era, na verdade, bissexual. Essa impressão foi, inclusive, corroborada pelo psiquiatra dele, de que o Renato queria, até do ponto de vista artístico, levantar a bandeira em favor da liberdade de as pessoas serem o que quiserem ser”.

Marcelo Beré, o amigo

Renato Russo

Um dos grandes amigos do Renato já dos tempos de Manfredo foi o ator e “palhaço muito sério”, integrante do premiadíssimo Circo Teatro Udi Grudi, Marcelo Beré, que, atualmente, faz pós-doutorado sobre “excêntricos musicais” na Universidade de Londres.

A exemplo da irmã de Renato, Beré diz que Renato levantava bandeiras que estavam à frente de seu tempo. “Renato sempre falava que era pansexual, e que transava com a natureza, com o rio, com homem e mulher ou com tudo que despertasse nele o tesão pela vida e por estar aqui e agora. Nunca tive problema nenhum com as opções que ele fez da vida. Desde que tivesse algum tipo de prazer ou até mesmo romance, eu acho que fazia bem a ele”.

Outra bandeira levantada por Renato foi contra alguns movimentos radicais de jovens que começavam a aparecer na capital do país. “O Renato era extremamente antifascista e sempre foi um lutador de causas antifascistas. Teve muitos problemas com skinheads e neonazistas da época. Era uma posição política que ele sempre teve, e uma clareza que quase anteviu o presente do Brasil. Tudo que está acontecendo hoje faz parte das piores previsões dele”, recorda Beré.

Os dois amigos se conheceram por meio da Léo Coimbra, irmã da Nice com quem Beré era casado à época. As duas irmãs foram, com seus respectivos maridos (Fernando Coimbra e Marcelo Beré), fonte de inspiração para a música Eduardo e Mônica.

Sábio, precoce e culto

A amizade entre Manfredo e Beré nasceu em uma noite conturbada. “Eu estava enamorado com uma mulher que estava em meio a um processo de separação. Estava na casa dela, quando o marido entrou e tive de sair quase como um fantasma. Cheguei no Bar Adrenalina e encontrei o Renato. Passamos a noite juntos conversando sobre vida, morte e sobre o risco que eu havia acabado de correr. Falamos também sobre sexualidade, música, poesia. Vimos que tínhamos muito a ver. Foi ali que começou uma amizade que durou a vida inteira”.

Beré descreve o Renato como uma pessoa “extremamente gentil quando queria ser”, além de “sábio, precoce e culto”. “Tinha lido muito, tinha muitas referências e uma imaginação extremamente privilegiada, além de uma forma incrível de entregar e articular ideias. Desde o começo, nossa amizade foi regada a muitos papos cabeça e muitas trocas extremamente interessantes”.

Acrilic on Canvas

Esses “papos cabeça” entre Renato e Beré foram, inclusive, matéria-prima para alguns dos grandes sucessos da Legião Urbana. Em especial, Acrilic on Canvas, a música predileta da irmã de Renato e um dos grandes hits de Dois, o segundo disco da banda.

Acrilic on Canvas, ele fez logo depois de uma noitada na minha casa. Eu morava no final da Asa Sul, em uma casa que ele adorava frequentar. Ficava mais lá do que na casa dos pais. A gente fazia comida juntos e ficava por ali a noite inteira. Eu pintava muito nessa época e tinha vários cavaletes. Minha casa era um ateliê”, lembra o multiartista.

“Passamos a noite inteira conversando sobre a história da arte. Falamos de várias obras e de vários assuntos ao longo da noite inteira, com ele me vendo preparar tintas, têmpera e telas.”

Renato, então, pegou um táxi no meio da noite e saiu. “No dia seguinte, ele me liga e pede que eu ouça o que ele havia escrito. Leu a letra inteira de Acrilic on Canvas. Eu fiquei impressionado. Disse que ele foi fundo e que tinha pego o lado mais poético do nosso papo”, relata Beré.

Tempos depois, Renato mostrou a melodia colocada em cima da letra. “Eu imaginava que seria um rock pesado ou algo mais punk. Ele, pelo contrário, apresentou uma música extremamente melódica. Fiquei superemocionado porque astralmente havia, ali, uma parceria. Ele era uma esponja. Era capaz de absorver o momento e traduzi-lo em música e poesia”.

“Os traços copiei

Do que não aconteceu.

As cores que escolhi,

Entre as tintas que inventei,

Misturei com a promessa

Que nós dois nunca fizemos

De um dia sermos três”.

Trecho de Acrilic on Canvas, da Legião Urbana

Processo de composição

A amizade entre os dois possibilitou a Beré conhecer a fundo o processo de composição de Renato Russo. “Ele pagava um preço muito alto para poder frequentar os abismos mais profundos e trazer à luz [o que vivenciava e sentia]”.

Renato era bastante metódico. Um hábito dele era o de carregar, o tempo todo, um caderninho de anotações. “Ele tinha a genialidade de pegar frases que os amigos falavam, ou o que escutava em uma mesa de bar; ou mesmo o que lia em um livro. Eu o vi compondo Pais e Filhos, no Rio de Janeiro. Ele me chamou para o estúdio, que era em Botafogo. Enquanto o Dado [Villa Lobos, guitarrista] e o Marcelo Bonfá [baterista] ensaiavam ritmos e passavam músicas, o Renato, em um balcão, pegava várias páginas picotadas desses caderninhos e fala assim: ‘quer ver como é que eu faço uma música?’ Foi colocando essas frases uma seguida da outra, quase em um processo dadaísta de construção e composição. Assim nasceu Pais e Filhos. Uma coletânea de anotações do dia a dia”.

“Quero colo, vou fugir de casa

Posso dormir aqui com vocês?

Estou com medo tive um pesadelo

Só vou voltar depois das três

Meu filho vai ter nome de santo

Quero o nome mais bonito

É preciso amar as pessoas

Como se não houvesse amanhã

Por que se você parar pra pensar

Na verdade não há”.

Trecho da música Pais e Filhos, da Legião Urbana

Ver a dimensão que as músicas e as poesias do amigo iam ganhando era algo que orgulhava Marcelo Beré. Mas a experiência que ele aponta como a mais emocionante ocorreu em uma atividade coletiva no Centro de Ensino Fundamental Caseb, escola onde Beré dava aula. “Os alunos cantaram Faroeste Caboclo, uma música imensa, inteira. Foi uma das experiências mais emocionantes que já tive porque eu ouvi uma das primeiras vezes que essa música foi cantada, na minha casa”, lembra Beré.

“Renato pegou um violão Gianinni vermelho que eu tinha, de criança e que acabou ficando com ele, e disse que fez uma música estilo Bob Dylan, com mais de 15 minutos. Eu disse que ele nunca ia conseguir gravar a música. Ele, então, sentou no jardim e começou a cantar. Um monte de vizinhos foi chegando e sentando na grama. Ao final, todo mundo ficou pirado. Depois, a primeira vez que apresentou essa música em Brasília foi no teatro da Escola Parque. Quando começou a parte final, que vai esquentando, parecia que a escola ia desmoronar, tamanha comoção”.

“Não tinha medo o tal João de Santo Cristo

Era o que todos diziam quando ele se perdeu”

Trecho de Faroeste Caboclo, da Legião Urbana

Primeiro guitarrista

Primeiro guitarrista e fundador da Legião Urbana, Kadu Lambach – ou Eduardo Paraná, como Renato gostava de chamar, também tem muitas memórias com o parceiro musical e amigo.

Ele acaba de lançar o livro Música Urbana: O Início de uma Legião, onde, com a ajuda do jornalista André Molina, fala sobre o período de fundação da banda, além de apresentar composições e textos inéditos de Renato Russo, “guardados há mais de 30 anos em um baú”.

Entre as pérolas do livro, está a letra daquela que foi a primeira música da Legião Urbana, chamada Provençal das Quadras. Música que, segundo Paraná, só teve sua parte instrumental concluída após a morte do amigo.

O lançamento do livro será transmitido hoje (11) do palco do Hard Rock Cafe em Curitiba, via YouTube, Facebook e Instagram @kadulambachoficial, a partir das 19h30.

Instrumentista como poucos, “Paraná” foi citado nos quadrinhos do encarte do álbum Que País É Este como o "grande ídolo dos anos 70" que teria deixado a Legião “para estudar violão clássico em São Paulo” – e que, por isso, deveria ter “problema em casa”.

Sobre a saída, Paraná diz que precisava desenvolver sua musicalidade, mas que, naquela época, não encontrava professores em Brasília e que tinha ouvido falar de um “conservatório muito bacana” em Tatuí.

“Saí da banda porque eu queria tocar uma música chamada O Cachorro, um instrumental muito bom que tinha compasso 6/8 que, depois, virava um 4/4. Realmente, não tinha nada a ver com a estética punk. Musicalmente, eu precisava me desenvolver como artista, mas lembro que, logo depois, já em Tatuí, meu pai enviou uma reportagem enorme falando da Legião Urbana. Ali, eu senti que a Legião ia explodir para o Brasil inteiro”.

Influências

A Legião, mesmo com seu minimalismo, influenciou a formação do virtuoso Kadu Lambach. “Vi o Renato chegar em um nível tão alto que eu pensei, comigo, que, como instrumentista, eu preciso chegar também em um nível alto, inclusive para justificar minha saída da banda. Achei muito bacana ele ter colocado o sarrafo lá em cima. Essa foi a maior influência na minha vida”, disse à AgÇencia Brasil o músico que já tocou com Belchior, Tunai, Márcio Montarroyos, Arthur Maia, Jane Duboc e Victor Biglione, entre outros. Uma de suas composições, inclusive, foi gravada pelo ícone do jazz mundial Stanley Clarke.

As primeiras impressões sobre as músicas do Renato, no entanto, passam longe do aspecto técnico que desde cedo atraíam o musicista – o que, segundo ele, não tornou a experiência menos marcante.

“Conheci o Renato na banda Aborto Elétrico, na peça O Último Rango, na 308 sul. Depois, vi uma apresentação no Colégio Marista, onde eu estudava. Fiquei impressionado porque soava como o Sex Pistols da época. Os músicos não tinham técnica, mas tinham uma energia muito forte e equivalente à da banda inglesa. Lembro de ter ficado muito impactado ao ouvir Que País É Este”, recorda Kadu “Paraná” Lambach.

Dias depois, após uma apresentação no projeto Concertos Lago Norte, veio o convite de Renato, para que o ajudasse a formar uma nova banda. “Ele me chamou em um sábado e, na segunda-feira, já estava montando uma agenda de ensaios superprofissional. Achei bacana da parte dele. Fizemos praticamente todos os 25 ensaios previstos, fora os ensaios a dois violões. Gravamos todos os ensaios, e ele não perdia uma ideia. Pegava as ideias, ia para casa e já trazia no outro ensaio as músicas prontas. Essa era a velocidade do Renato”.

Cafofo

Maestro, compositor e arranjador, Rênio Quintas também percebeu inquietude em um garoto que, ainda que de forma silenciosa, frequentava o Bar Cafofo, do qual era proprietário. O subsolo era um espaço onde, à noite, havia muitas apresentações musicais. “E todas as tardes fazíamos reuniões de comissões temáticas, como resistência à ditadura”, lembra Quintas referindo-se aos núcleos de cinema, música, literatura, jornalismo, poesia e teatro.

“Eu dava aulas de harmonia e de qualquer assunto que fosse do meu conhecimento. Falávamos muito sobre resistência, agitações e manifestações na Universidade de Brasília, já que o local era muito frequentado por estudantes da UnB”, lembra o então coordenador do Núcleo de Música.

Rênio notava “um rapaz magrelo de uns 17 anos, tímido, que descia quase diariamente, durante dois ou três meses, ficando sentado, observando sem falar nada”. Era o Renato, que um dia disse ser baixista e que “queria fazer música”.

O jovem pediu para ter uma conversa com Rênio após uma das reuniões. Nela, disse ter observado que o espaço não era utilizado aos domingos, e queria saber se poderia tocar ali com uma banda chamada Aborto Elétrico.

“De imediato, eu perguntei se não tinha nome melhor para dar. Renato então disse que era para ‘chocar a burguesia’. Aquela timidez desapareceu quando ele começou a defender as coisas em que acreditava. Eu disse que não tinha problema, se ele se comprometesse a não estourar o equipamento”.

Como Rênio não costumava ir ao Cafofo no domingo, encarregou um funcionário para receber a banda e seus convidados. “Quando voltei, o funcionário disse que muita gente foi ao local; que o evento foi muito agitado e muito legal; e que o som era ‘o maior barato e com muita gente tocando junto’. Foi ali que conheci, de fato, o Renato Russo”, disse Rênio.

O sobrenome artístico adotado por Renato dá uma amostra do quão erudito era aquele menino punk que frequentava as mesas de debate do Cafofo e tanto gostava de conversar sobre arte com Marcelo Beré. Trata-se de uma homenagem ao filósofos Bertrand Russell e Jean-Jacques Rousseau, e ao pintor Henri Rousseau.

Rock Brasília

Mergulhado na cena instrumental da cidade, Rênio Quintas ficou alguns anos sem encontrar Renato. Até que um dia, após uma apresentação no Bom Demais – bar brasiliense conhecido por ser celeiro de vários músicos de primeira linha da capital federal, como Cássia Eller, Zélia Duncan e Adriano Faquini –, o musicista foi abordado pelo “garoto da banda punk de nome esquisito”.

“Referindo-se à minha banda, a Artimanha [banda que tinha, entre seus integrantes, Toninho Maya, instrumentista idolatrado por Renato Russo, falecido em fevereiro de 2021 devido à covid 19], ele disse que nós éramos músicos de verdade, e que ele, Renato, usava a música como plataforma para poesias”.

“Notei então uma fila se formando na nossa frente, e pessoas entregando disco para ele autografar. Perguntei o que estava acontecendo, e ele perguntou se eu não sabia que ele estava fazendo sucesso com a Legião Urbana, após o lançamento de um disco”. Na medida em que a conversa ia se estendendo, a fila foi aumentando a ponto de dobrar a esquina.

“Naquela época não tínhamos ideia de que estávamos fazendo um movimento que ia se tornar o pop rock nacional. A gente sentia que aquilo ia dar em um movimento muito forte, mas nunca imaginamos que a gente ia escrever o pop rock nacional, e que todo aquele movimento ia se confundir com a história do país”, diz Kadu Lambach, o primeiro guitarrista da Legião, antes de Dado Villa-Lobos.

O rock produzido em Brasília ganhou o país, a ponto de a cidade passar a ser nacionalmente conhecida como “Capital do Rock”, após o estouro, em uma mesma leva, das bandas Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, que tinha à frente, nas guitarras, o também amigo do Renato, Philippe Seabra. Atualmente, o “rude plebeu” trabalha como produtor musical de trilhas sonoras.

O primeiro contato dele com Renato foi em um show de bandas locais – Aborto Elétrico, Metralhas e Blitz 64 – na lanchonete Foods, localizada na entre quadra 110/111 Sul. “Eu tinha uns 13 anos e esse show foi minha apresentação ao movimento punk. Achava engraçado aquelas figuras descabeladas, as roupas e a música agressiva e embolada. O som era tosco, mas legal porque a mensagem ressoava”.

Brasília

Se a Brasília recém-nascida fosse uma tela em branco prestes a ser assinada por vários artistas, o nome de Renato Russo estaria entre eles. Afinal foi ele, poeta e músico, o responsável por apresentar, ao Brasil, a efervescência de uma cidade recém-criada, na busca por uma identidade que tinha, como característica, tantos pedaços de Brasil trazidos por aqueles que começavam a povoá-la.

Brasília influenciou Renato, que influenciou Brasília. Essa troca de energia é percebida nas temáticas das letras de Renato, nas legiões de novos poetas e artistas que surgiram a partir da cena e, até mesmo, em monumentos e espaços que têm o artista como referência.

O antigo Teatro Galpão, espaço consagrado das artes na cidade, atualmente se chama Espaço Cultural Renato Russo. O nome do artista foi adotado também por sete brinquedotecas localizada em hospitais públicos da cidade, por meio de uma parceria da ONG Amigos da Vida com o Instituto CNP Brasil.

Além disso, o governo local criou o Rota Brasília Capital do Rock, projeto que colocou 41 placas na cidade, marcando locais que foram referências para a cena roqueira local. O projeto, que tem como curador Philippe Seabra, pode ser visitado também de forma virtual por meio do Google Earth.

“Eu sempre disse ao Renato que nada disso teria acontecido se não fosse Brasília. Claro que se alguém tem o ímpeto artístico, ele vai se manifestar de um jeito ou de outro. Mas por ter sido em Brasília, naquele espaço-tempo, saiu do jeito que saiu, com a força, a verve e a ressonância que teve”, diz o curador e guitarrista da Plebe referindo-se “ao momento e às experiências ímpares” que viveram na adolescência, em uma cidade descrita como “um entreposto burocrático no meio do nada”, com passagens aéreas caríssimas e culturalmente isolada.

“A gente cresceu em uma cidade que tinha praticamente a nossa idade. Ninguém da turma tinha nascido em Brasília. Fomos transplantados para cá. Enquanto tentávamos encontrar nossa própria personalidade, a própria cidade estava tentando encontrar a sua cara cultural. Olha que engraçado: foi essa turma que acabou dando a cara cultural da cidade, colocando ela no mapa cultural brasileiro”, acrescentou Seabra.

Show no Mané Garrincha

Renato Russo

O fatídico show no Estádio Mané Garrincha mudou a relação entre a capital federal e Renato Russo, a ponto de fãs revoltados pintarem “Fora Legião” em um muro na frente do prédio onde Renato morava, na 303 Sul, região central da cidade.

Vários erros na organização, falhas técnicas e uma polícia que não soube lidar com uma plateia bem maior do que a estimada acabaram por fazer deste show, segundo a irmã do cantor, “uma espécie de Gimme Shelter do Planalto Central”, disse ela, referindo-se ao trágico show da banda Rolling Stones, que resultou no assassinato de um jovem nos EUA, em 1969.

“Não havia, em Brasília, uma cultura de grandes eventos. Sei que meu irmão errou em suas falas também. Enfim, foi um dia desfavorável”, resume Carmen Teresa ao confirmar que, no dia, o irmão “abusou de algumas substâncias”.

Após esse show, em que houve confusão, pessoas se machucaram e que o cantar acabou xingando a plateia e deixando o palco, Renato prometeu nunca mais voltar a fazer espetáculos na cidade. E isso acabou realmente ocorrendo.

Álcool e drogas

O integrante da Plebe Rude classifica Renato como “um cara muito bem versado e muito legal, que quase escondia a erudição porque falava com muita gíria”. “Era um cara bacana, mas nunca o vi como Messias, como as pessoas falam. Era um bom amigo. Um amigo fiel e muito engraçado. Mas, como qualquer bêbado, um bêbado chato quando bebia demais. E ele bebia muito”, disse referindo-se a um histórico problema do amigo: o alcoolismo.

Marcelo Beré também se preocupava com a relação do amigo com o álcool. “Ele sempre foi extremamente compulsivo. Era difícil controlar. Passava dos limites sempre. E eu também, então era duplamente complicado, porque tinha, ainda, a questão das drogas”.

A mãe do artista percebia os riscos que o filho corria. “Ele mudou quando começou a usar drogas de forma mais intensa. Chegava tarde, dormia o dia inteiro e acordava mal-humorado. Era outra pessoa. Eu sabia o que estava acontecendo. Recorremos a um psiquiatra, que nos disse que o Renato era um cara inteligente, e que só pararia de fazer uso dessas substâncias caso realmente quisesse. Optamos por não interferir na vida dele e nos limitamos a mostrar as consequências que esse caminho poderia trazer. Mas ele já sabia disso”, lembra dona Carminha.

“O que mais nos preocupava era o álcool. Com relação às drogas, ele conseguia entrar e sair até facilmente. Já o álcool era problemático porque se enquadrava como doença crônica. Ao contrário do que dizem, ele morreu completamente limpo, sem nada. A verdade é que meu irmão não morreu em consequência da aids. Ele morreu de depressão, com taxas estáveis e controladas. Foi de desilusão com a vida e, em especial, com o amor idealizado que não encontrou”.

Filmes e livros

O interesse e a curiosidade por aquele que, para muitos, foi consagrado como mito estimulou a produção de vasto material, em especial livros e filmes. Entre eles, a biografia Renato Russo – O Filho da Revolução, escrito pelo jornalista Carlos Marcelo; O Diário da Turma 1976-1986: A História do Rock de Brasília, de Paulo Marchetti. No cinema, Renê Sampaio, um adolescente na década de 80 e fã do cantor, colocou, na tela, a história de João de Santo Cristo, no filme Faroeste Caboclo. O cineasta está prestes a lançar outro filme inspirado em uma música de Renato Russo: Eduardo e Mônica.

Como milhares de jovens brasileiros da época, Carlos Marcelo foi impactado pela sonoridade da Legião Urbana. “A banda encabeçou um movimento, o que me motivou a dar início aos planos de escrever a biografia do Renato. Eu queria entender um pouco sobre esse personagem que tinha me fascinado na adolescência e que continuava sendo muito marcante para mim e para tantos brasileiros”.

O Filho da Revolução

Renato Russo

O livro Renato Russo – O Filho da Revolução entrelaça, segundo o próprio autor, a história do Renato, em Brasília, com a história da cidade e do país. “Como me disse um amigo, a biografia contrabandeia um livro de história porque conta muito sobre a história recente do país. Queria mostrar o crescimento de um jovem brasileiro durante a ditadura militar, e como ele foi influenciado por essa vivência em uma cidade adolescente, sendo que o Renato também era um adolescente. É muito raro ter uma geração de adolescentes tomando conta de uma cidade que também é adolescente”, argumenta.

Esses adolescentes citados por Carlos Marcelo foram também abordados no livro O Diário da Turma, de Paulo Marchetti. O livro apresenta depoimentos de diversos integrantes da cena que tinha, ao centro, o Renato, ainda nos tempos de Manfredo.

Como era também integrante da “tchurma”, Marchetti conviveu com Renato. “Ele sempre falava que um dia a Legião ia terminar, e que ele ia virar escritor. Dizia inclusive que o primeiro livro que ele gostaria de escrever seria sobre a ‘tchurma’, para contar histórias de Brasília”, lembra o escritor que é também diretor de TV.

“Quando o Renato morreu, liguei para alguns integrantes da turma, como o Dinho [vocalista do Capital Inicial], o Bonfá e o André Muller [baixista da Plebe Rude]. Ninguém estava pensando em escrever. Então resolvi escrever, após passar por uma síndrome de pânico que me fez pegar essa missão. Eu achava que o Brasil devia conhecer a história que vai além das bandas famosas”, detalha.

René Sampaio não conheceu pessoalmente Renato Russo. Mas se sente íntimo das obras do artista. “Renato Russo mudou minha vida várias vezes. Quando era moleque, escutando suas músicas, via em cada disco uma mensagem e uma reflexão diferente. Depois, já adulto, fazendo filmes sobre suas músicas. Ele me influenciou pessoalmente e influenciou, também, minha carreira. Mudou o meu rumo para uma grande virada”, diz o diretor de cinema.

Registros fotográficos

Outro que teve a carreira impulsionada pela cena e, em especial, por Renato Russo, foi o fotógrafo Ricardo Junqueira, ou “Bolinha”, como era conhecido na época.

“Após as fotos que fiz para divulgação do primeiro disco da Legião, vi que poderia ganhar dinheiro vivendo de fotografia. No dia seguinte pedi demissão do banco onde trabalhava, porque o que ganhei naquele trabalho era equivalente ao que ganharia em um mês de banco. Só tenho a agradecer à banda, à Fernanda [Vila-Lobos, produtora do primeiro disco] e ao Renato, que me proporcionaram isso”.

Ricardo Junqueira assina, ao lado do também fotógrafo Nick Elmoor, o livro Pós-New Brasília 1981-1989, a Biografia Fotográfica de um Tempo que Não Foi Perdido. Trata-se do maior registro fotográfico já feito das principais bandas brasilienses da época, em especial da Legião Urbana, uma vez que, além de fazer imagens para álbuns, Junqueira foi encarregado de registrar algumas das turnês da banda.

“O fato de estudar publicidade me aproximou do Renato, quando estudava Jornalismo. Era bom conversar com ele, que tinha posições muito fortes. Era muito frontal com muita gente. Nunca foi uma pessoa muito simpática ou muito tranquila. Às vezes era até agressivo com algumas pessoas que tinham opinião muito diferente da dele”, lembra o fotógrafo que desde 2012 trabalha em Lisboa.

25 anos sem Renato

As lembranças que Junior (ou Manfredo, para os amigos) deixou àqueles com quem conviveu e o legado artístico de Renato Russo acabam por produzir uma sensação de “equilíbrio distante”, como dizia o artista, e de perda de noção de um tempo que, de fato, não foi perdido.

Após um quarto de século de sua morte, ele continua presente e “vivo” por meio de sua obra. Renato Russo deixa um legado que possibilitará, a várias outras gerações, entender parte do que foi este “nosso próprio tempo”.

(Fonte: Agência Brasil)

Ao anunciar, hoje (11), os nomes dos ganhadores do Prêmio Nobel de Economia, a Real Academia de Ciências da Suécia encerrou as condecorações deste ano em que o mais cobiçado prêmio mundial completou 120 anos de existência.

Os economistas David Card, Joshua Angrist e Guido Imbens se somaram as 947 pessoas e 28 organizações laureadas desde 1901, quando o prêmio foi instituído, por inspiração do químico e inventor sueco, Alfred Bernhard Nobel (1833-1896). 

Também empresário, Nobel ficou milionário ao desenvolver uma forma de ampliar a produção de nitroglicerina, inventar a dinamite e criar um detonador que tornou mais seguro o uso de explosivos em várias atividades.

Um ano antes de morrer, o inventor determinou, em testamento, que, após seu falecimento, a maior parte de sua fortuna fosse destinada a uma fundação que levaria seu nome e ficaria encarregada de premiar, anualmente, “a quem tiver feito a descoberta mais importante” nos campos da Física, Química, Medicina, Literatura e para promover a paz.

Inspirado na iniciativa de Nobel, o banco central da Suécia criou, em 1968, o chamado Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas, que passou a ser chamado de o prêmio Nobel de Economia – ainda que, originalmente, o inventor sueco não o tenha previsto.

Não só porque a categoria Ciências Econômicas foi instituída 67 anos após as primeiras, mas também porque houve anos em que a Fundação Nobel não concedeu o prêmio em um ou mais campos, o total de láureas já entregues a cada área difere. Assim como o número de premiados, já que é comum que duas ou mais pessoas dividam o prêmio em uma mesma área do saber. 

Dos 609 prêmios distribuídos até hoje, 115 reconhecem a importância de descobertas e invenções no campo da Física e 114 distinguem as contribuições mais relevantes à Literatura. As condecorações foram entregues 113 vezes para estudos e invenções ligadas à Química e 112 para a Medicina. A Fundação Nobel também já distribuiu 103 prêmios da Paz, enquanto o Nobel da Economia (o único distribuído ininterruptamente) foi concedido em 53 ocasiões. 

Mulheres

No total, 947 pessoas e 28 organizações receberam o Prêmio Nobel entre 1901 e 2021. Destas, apenas 58 são mulheres. 

Por outro lado, desde 2014, cabe a uma mulher, a paquistanesa Malala Yousafzai, o título de pessoa mais jovem a receber o prêmio: por seu ativismo em prol do acesso de crianças e mulheres à educação, Malala também recebeu o Nobel da Paz quando tinha apenas 17 anos de idade. Além disso, a cientista polonesa Marie Curie é uma das quatro únicas pessoas que conseguiram o feito de serem laureadas duas vezes - com o detalhe de que Marie Curie obteve dois prêmios em áreas diferentes: Física, em 1903, e Química, em 1911, feito só alcançado pelo químico Linus Pauling (vencedor em Química, em 1954, e da Paz, em 1962). A família Curie ainda faturou outros dois prêmios: em 1903, o prêmio de Física também foi concedido ao marido de Marie, Pierre Curie. E , em 1935, foi a vez da filha do casal, Iréne Joliot-Curie ser escolhida uma das vencedoras em Química. 

Entre os 13 ganhadores deste ano, há apenas uma mulher, a jornalista filipina Maria Ressa, que dividiu com o também jornalista russo Dmitry Muratov o Prêmio Nobel da Paz. A título de comparação, no ano passado, quatro dos 11 premiados eram mulheres. Em 2009, ano com o maior número de ganhadoras, cinco pesquisadoras foram agraciadas. 

Este ano, além de Ressa, Muratov e dos economistas David Card, Joshua Angrist e Guido Imbens, também foram agraciados o escritor Abdulrazak Gurnah, da Tanzânia, que recebeu o Nobel de Literatura; os neurocientistas norte-americanos David Julius e Ardem Patapoutian, laureados com o Nobel de Medicina, e os pesquisadores Benjamin List, que é alemão, e David MacMillan, norte-americano, em Química. Já o prêmio de Física foi concedido ao norte-americano nascido no Japão Syukuro Manabe, ao alemão Klaus Hasselmann e ao italiano Giorgio Parisi. 

Os ganhadores de cada categoria dividem, entre si, um prêmio de 10 milhões de coroas suecas, ou cerca de R$ 6,3 milhões, além de uma medalha e um diploma. Ao longo do tempo, só duas pessoas recusaram a distinção voluntariamente: o filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre, que, em 1964, se negou a receber o prêmio de Literatura, e o político vietnamita Le Duc Tho, um dos fundadores do Partido Comunista da antiga Indochina e que, em 1973, receberia o Nobel da Paz por, com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger, ter negociado o acordo de paz que selou o fim da guerra do Vietnã. 

Além dessas duas ocasiões, quatro vencedores foram forçados a recusar o prêmio . No fim da década de 1930, o ditador Adolf Hitler proibiu três cientistas alemães (Richard Kuhn e Adolf Butenandt, em Química, e Gerhard Domagk, em Medicina) de aceitarem o prêmio – os três receberam suas medalhas e diplomas posteriormente, mas já não puderam receber a premiação em dinheiro. Em 1958, foi a vez das autoridades da extinta União Soviética coagirem o ganhador do Nobel de Literatura de 1958, Boris Pasternak, a não aceitar o reconhecimento a sua obra. 

Brasil

Apesar de, oficialmente, nenhum brasileiro jamais ter ganhado a maior honraria científica, literária e cultural mundial, há, entre os 975 premiados, uma pessoa que nasceu em solo brasileiro. 

Filho de pai libanês e de mãe inglesa, o ganhador do Nobel de Medicina de 1960, o biólogo Peter Brian Medawar, nasceu em Petrópolis (RJ), em 1915. Sócio de um então importante fabricante de instrumentos odontológicos e ópticos, o pai de Medawar e a família mudaram-se para o Brasil a fim de inaugurar uma revendedora no país, a Óptica Inglesa. 

Com dupla cidadania, o futuro cientista cresceu entre a capital fluminense e Petrópolis até que, na adolescência, seus pais o enviaram para estudar na Inglaterra. Aluno aplicado, Medawar logo recebeu uma bolsa de estudos do governo britânico. 

Segundo a versão mais conhecida, foi para que Medawar não perdesse a chance de prosseguir com os estudos que sua família recorreu à influência do ex-ministro da Aeronáutica e ex-senador, Salgado Filho. Padrinho do futuro vencedor do Nobel, Filho pediu diretamente ao então ministro da Guerra, o futuro presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), que ajudasse o rapaz a ser dispensado de retornar ao Brasil para cumprir o serviço militar obrigatório. 

Como o pedido não foi atendido e Medawar não retornou para se alistar, acabou perdendo sua nacionalidade brasileira, tornando-se unicamente cidadão inglês e graduando-se pela prestigiada Universidade de Oxford. 

Medawar morreu em Londres, em 1987 – vinte e sete anos após ser mundialmente reconhecido por seus estudos a respeito da tolerância imunológica e o transplante de órgãos.

(Fonte: Agência Brasil)

Neste domingo, continuamos com as...

Flexões Verbais (2ª parte)

Caso 3

Uso do infinitivo

a) Eles DEVEM ASSINAR o contrato hoje.

b) Eles foram chamados para ASSINAR(EM) o contrato hoje.

c) O diretor deu uma ordem para eles ASSINAREM o contrato hoje.

d) Eles foram proibidos de ASSINAR o contrato hoje.

e) O diretor mandou os advogados ASSINAREM o contrato hoje.

f) O diretor mandou-os ASSINAR o contrato hoje.

g) O diretor mandou ASSINAR o contrato hoje.

Exercício

Complete as lacunas das frases abaixo com a forma do infinitivo mais adequada:

a) Em locuções verbais:

1. Os convocados vão todos __________ (viajar OU viajarem) hoje à noite.

2. Podem os atores indicados __________ (sentar-se OU sentarem-se) na primeira fila.

3. O original será arquivado, devendo todas as cópias __________ (ser OU serem) destruídas.

4. Casos como este deveriam, sempre que possível, __________ (ser OU serem) resolvidos internamente.

b) Em duas orações com o mesmo sujeito:

5. Os advogados foram chamados para __________ (resolver OU resolverem) o problema.

6. Os empresários estão aqui para __________ (assinar OU assinarem) o contrato.

7. Nós fomos convocados para __________ (analisar OU analisarmos) o caso.

8. Eles foram proibidos de __________ de casa. (sair OU saírem).

9. Eles foram obrigados a __________ em casa. (ficar OU ficarem).

10. As secretárias remeteram as cartas sem __________ (anexar OU anexarem) os gráficos.

11. Para __________ (tratar OU tratarem) do assunto, os empresários foram a Brasília.

12. Ao __________ (chegar OU chegarmos), encontraremos as portas fechadas.

13. Eles correram muito para __________ (ser OU serem) os primeiros.

14. Os trabalhos são dignos de __________ (ser OU serem) publicados.

15. O juiz chamou os dois para __________ (se reconciliar OU se reconciliarem).

16. Autor e réu tinham vontade de __________ (se agredir OU se agredirem)

Respostas

Exercício

1. Os convocados vão todos viajar hoje à noite.

2. Podem os atores indicados sentar-se na primeira fila.

3. O original será arquivado, devendo todas as cópias ser destruídas.

4. Casos como este deveriam, sempre que possível, ser resolvidos internamente.

5. Os advogados foram chamados para resolver (OU resolverem) o problema.

6. Os empresários estão aqui para assinar (OU assinarem) o contrato.

7. Nós fomos convocados para analisar (OU analisarmos) o caso.

8. Eles foram proibidos de sair (OU saírem) de casa.

9. Eles foram obrigados a ficar (OU ficarem) em casa.

10. As secretárias remeteram as cartas sem anexar (OU anexarem) os gráficos.

11. Para tratar (OU tratarem) do assunto, os empresários foram a Brasília.

12. Ao chegar (OU chegarmos), encontraremos as

13. Eles correram muito para ser OU serem os primeiros.

14. Os trabalhos são dignos de ser OU serem publicados.

15. O juiz chamou os dois para se reconciliar OU se reconciliarem.

16. Autor e réu tinham vontade de se agredir OU se agredirem.

Codó (MA)

Estávamos no Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda) e conversávamos com o sr. José Ribamar Monteiro, delegado neste Estado, desse setor de assistência e de desenvolvimento da economia nacional. Conhecemos Monteiro de muitos tempos. Uma vibração de inteligência, de trabalho e de responsabilidade. Um caráter. Uma capacidade indiscutível.

Mas, sim. Estávamos no gabinete de trabalho do Monteiro e íamos em busca de informativos sobre a renovação de mais um Convênio entre a DAC e o Inda. Aí está a justificativa da nossa presença naquele setor de administração. E, de momento, entra, no gabinete, uma comissão de homens ilustres, gente da área administrativa municipal, da representação do Legislativo Estadual e, na comitiva, o senador Clodomir Millet.

E fomos identificando esses visitantes: o sr. René Bayma (prefeito de Codó), sr. Inácio Braga (gerente do Banco do Estado do Maranhão), deputado estadual José Anselmo, um dos mais conceituados médicos daquela comunidade, um nome na tradição da vida social da cidade progressista do Itapecuru. Um quarteto de maranhenses conceituados na terra natal e, com todos, acentuadamente, parcelas vivas de contribuição para o soerguimento da vida econômica, política e social do Estado e energias válidas que lutam, que trabalham nos seus setores de atividade pelo programa democrático e desenvolvimentista do país.

Olhamo-nos e, dentro de nós, as reflexões num “ballet” de curiosidades, de indagações. E acalentamos a interrogativa: “Que haverá entre eles e o Inda?”

Mas tínhamos, para depois, um ponto de referência: a presença encantadora do poeta e jornalista, amigo de muitos anos, Nicanor Azevedo que se aproximou de nós com a sua especialíssima atenção, seus cuidados de estima e de apreço. Uma vida que viveu muito tempo na amizade de meu Pai, o inesquecível Nascimento Moraes.

Mas, sim, a entrada daquela comitiva interrompia a conversação já iniciada entre nós e o delegado do Inda no Maranhão. Certo.

E a revelação veio sem atropelos: Codó havia sido beneficiado com um financiamento de 60 mil cruzeiros novos para a construção duma Escola Agrícola no próspero e progressista município administrado tão bem que vem sendo pelo prefeito René Bayma.

E ficamos na escuta dos acontecimentos. Monteiro teria feito a participação do benefício e convidara o deputado, o senador, a imprensa e o prefeito Bayma. Ali, numa reunião simples, num ambiente de trabalhos, ia se processar o que foi feito: a entrega do cheque com que o Inda resolvera atender aos reclames da comunidade codoense.

Um fotógrafo registrou o importante acontecimento. Monteiro, palavra fácil, firme, fez uma exposição sobre as finalidades do Inda e registrou a certeza, que tinha, de que, com Bayma, haveria a aplicação da ajuda dentro dum programa de realizações tão necessárias a mais cooperar pelo progresso e desenvolvimento do município da margem esquerda do Itapecuru.

Alegria nos olhos de todos. E falou Millet. Como sempre, inclusive, preciso, enalteceu a presença do Inda na administração do país e traçou alguns perfis do atual diretor desse serviço de desenvolvimento econômico do país.

Monteiro deixou escapar uma alegria no seu rosto magro, e seus olhos denunciaram a mensagem de aprovação. E falou o deputado, o médico, meu irmão, Anselmo, integrado na vida de Codó. Uma vida ali, vivendo ali, sofrendo ali, dando um muito de si para Codó, para as suas populações pobres, sua gente aflita. Palavras de contentamento. Palavras de estímulo. Enalteceu a obra que René Bayma vem realizando.

E faliu o sr. Inácio Braga. O dinâmico gerente do Banco do Estado do Maranhão também justificava a sua presença. Estivera no Ceará, numa reunião que tinha como tema problemas de desenvolvimento do Estado e ali, naquela ocasião, completa-se esta reunião. Tudo certo, medido, tudo num ambiente de entendimentos e de responsabilidades.

Por fim, falou René Bayma. Nele, fixamos a nossa atenção. Para ele, em nós, acordado, o jornalista. Dele, ouvimos, sempre, as mais destacadas referências, elogios, afirmações encantadoras. Mas, ali, nós o tínhamos sem a assistência do seu eleitorado, sem a vibração de seus conterrâneos.

Estávamos à vontade. E Bayma falou. Reflexões de momento e jogou a palavra dura do agradecimento. Nada a adjetivações e foi logo atingindo o alvo certo. E disse mais ou menos isto: “Sim. Este 60 mil cruzeiros novos, não tenha dúvida (dirigia-se ao Monteiro), será devidamente aplicado. Dentro de alguns dias V. Sª. ou V. Exª (não nos lembramos bem do tratamento) receberá o convite para a cerimônia do lançamento da pedra de fundação da Escola que vamos construir. Sim, dentro de poucos dias”. Isto atirado assim, resolução, firmeza, determinação de um homem que vai realizar e que está mesmo construindo Codó.

E depois, mais incisivo: “Dentro de mais dias (cantou o número de dias) V. Exª., os srs. que aqui estão vão receber o convite para a inauguração da escola”.

Estava feita a maior homenagem de sua administração. Millet, sentimos, comoveu-se. Monteiro iluminou-se de alegria. Nós outros sentimos as mesmas emoções. Aqui, estamos dizendo: muito bem, sr. prefeito de Codó. Muito bem. E, nele, um exemplo que deve ser seguido.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 25 de junho de 1968 (terça-feira).