Skip to content

“MINHA AMADA IMORTAL” – ... E UMA ODE À ALEGRIA...

**

Uma das partes mais tocantes (permitam o trocadilho) do filme “Minha Amada Imortal” mostra a estreia da “Nona Sinfonia”, do grande músico alemão Ludwig van Beethoven.

Era 1824. Beethoven estava com 53 anos, 27 dos quais com surdez (morreria três anos depois, aos 56).

No filme, ao subir para ficar em frente à orquestra, o grande compositor lembra uma marcante e repetida passagem de sua infância de pobreza e sofrimento: o pai, consumido pelo álcool, chegando em casa tarde da noite, raivoso, descontrolado, caçando Beethoven para surrá-lo sem razão.

Os irmãos de Beethoven se abraçam, contraídos de medo.

Beethoven foge pela janela e pelos telhados.

Beethoven corre por vielas, ruelas, por caminhos tantas outras vezes caminhados, (per)corridos como rota de fuga da violência, da dor e humilhação.

Beethoven chega ao lago que reflete luar e calma.

O lago e o luar abraçam o menino – e, nessas cenas magistrais que diretores de filme e diretores de fotografia tanto se matam para construir, lago, luar e céu, menino e estrelas se fundem e não sabemos mais o que é o quê. Simplesmente espetacularl!

E, diferentemente do comum em filmes, onde a música é a trilha sonora da imagem, nesse filme sobre Beethoven as imagens é que são a trilha da música: o som dos violinos parece percutir, repercutir (melhor, reproduzir) a celeridade da corrida do menino rumo ao lago – onde finalmente a calma se instala, inclusive no volume de som e na sonoridade geral da orquestra.

A vida de Beethoven, seus traumas de infância, sua surdez na idade adulta – inimaginável para um músico! –, se o levaram à reclusão não lhe tiraram o gênio, a criação, o espírito de liberdade.

Sim, porque Beethoven foi um libertário, um sadio transgressor de regras. Fazia música que, primeiro, agradasse a seu exigente paladar musical... e às favas com as regras, a burocracia a que se deveria submeter as composições na época.

Assim Beethoven foi reconhecido gênio. Livre em seu fazer musical. Sua “Nona Sinfonia” é considerada um dos maiores feitos do homem, ao lado do “Hamlet” e do “Rei Lear”, peças teatrais de Shakespeare.

Foi Beethoven que, pela primeira vez na história da música, inseriu voz, um coral, em uma sinfonia, exatamente na parte que ficou conhecida como “Ode à Alegria”.

Ainda bem que aos políticos cheios de mesmice, incompetência e corrupção a Humanidade contrapõe gênios sensíveis, criativos, inovadores como Beethoven.

Em “Minha Amada Imortal”, Beethoven é representado pelo genial ator londrino Gary Oldman, filho de pai soldador e mãe empregada doméstica. (Pois é – o reino dos céus é dos humildes...).

Ouvir e, mais que isso, escutar a “Nona Sinfonia” e sua ode “À Alegria” é deixar-se tocar na alma e senti-la escorrer líquida e feliz pelos olhos.

É mesmo de chorar de alegria ante tanta beleza e evocações.

Um brinde à Sinfonia e à oportunidade de nos unirmos a ela, pois, que nem ela, somos sobreviventes – e testemunhas – de dois milênios...

Ouça. Veja. Responda:

Não vale a pena estar vivo?!...

**

Bom fim de semana para você.

* EDMILSON SANCHES

(P.S. – Na tela inicial desse vídeo grafou-se “Immoral Beloved”. Está evidente que nem de longe aquele que escreveu isso queria escrever isso. É “Immortal Beloved” [Amada Imortal]).

https://www.youtube.com/watch?v=7fQG4CcoRuM&fbclid=IwAR3srilun-L3uPWyAaJZJOGAGQOek2WMuKACP6DgU3VxnJD7FzliQgd7QHU

O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. De 2015 para 2019, a porcentagem de leitores no Brasil caiu de 56% para 52%. Já os não leitores, ou seja, brasileiros com mais de 5 anos que não leram nenhum livro, nem mesmo em parte, nos últimos três meses, representam 48% da população, o equivalente a cerca de 93 milhões de um total de 193 milhões de brasileiros.

As maiores quedas no percentual de leitores foram observadas entre as pessoas com ensino superior – passando de 82% em 2015 para 68% em 2019 -, e entre os mais ricos. Na classe A, o percentual de leitores passou de 76% para 67%.

O brasileiro lê, em média, cinco livros por ano, sendo aproximadamente 2,4 livros lidos apenas em parte e, 2,5, inteiros. A Bíblia é apontada como o tipo de livro mais lido pelos entrevistados e também como o mais marcante.

Esta é a 5ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural.

Foram feitas 8.076 entrevistas em 208 municípios entre outubro de 2019 e janeiro de 2020. A coleta de dados foi encomendada ao Ibope Inteligência. A pesquisa foi feita antes da pandemia do novo coronavírus, não refletindo, portanto, os impactos da emergência sanitária na leitura no país.

“Internet” e redes sociais

De acordo com a coordenadora da pesquisa, Zoara Failla, a “internet” e as redes sociais são razões para a queda no percentual de leitores, sobretudo entre as camadas mais ricas e com ensino superior.

“[Essas pessoas] estão usando o seu tempo livre, não para a leitura de literatura, para a leitura pelo prazer, mas estão usando o tempo livre nas redes sociais”, diz.

“A gente nota que a principal dificuldade apontada é tempo para leitura, e o tempo que sobra está sendo usado nas redes sociais”, completa.

O estudo mostra que 82% dos leitores gostariam de ter lido mais. Quase a metade (47%) diz que não o fez por falta de tempo. Entre os não leitores, 34% alegaram falta de tempo, e 28% disseram que não leram porque não gostam. Esse percentual é 5% entre os leitores.

A “internet” e o WhatsApp ganharam espaço entre as atividades preferidas no tempo livre entre todos os entrevistados, leitores e não leitores. Em 2015, ao todo, 47% disseram usar a “internet” no tempo livre. Esse percentual aumentou para 66% em 2019. Já o uso do WhatsApp passou de 43% para 62%.

Dificuldades de leitura

A pesquisa mostra, ainda, várias dificuldades de leitura. Entre os entrevistados, 4% disseram não saber ler, outros 19% disseram ler muito devagar; 13%, não ter concentração suficiente para ler; e, 9% não compreender a maior parte do que leem.

Há ainda entraves para acesso aos livros. “O Brasil está vivendo uma crise na economia, vemos dificuldade para o acesso, para a compra [de livros]. As pessoas estão frequentando menos bibliotecas”, diz Zoara.

Segundo a pesquisa, 5% dos leitores e 1% dos não leitores disseram não ter lido mais porque os livros são caros; e, 7% dos leitores e 2% dos não leitores não leram porque não há bibliotecas por perto.

Incentivos

Um dos fatores que influencia a leitura, de acordo com o estudo, é o incentivo de outras pessoas. Um a cada três entrevistados, o equivalente a 34%, disse que alguém os estimulou a gostar de ler.

Os professores aparecem em primeiro lugar, apontados por 11%. Em segundo lugar, está a mãe ou responsável do sexo feminino, apontado por 8%, e, em seguida, está o pai, responsável do sexo masculino ou algum outro parente apontado por 4%.

“É fundamental investir na formação desse mediador. O professor, mediador de leitura, o bibliotecário que também assume de alguma forma esse papel. A gente viu a importância desse mediador quando é assumido por uma família, mas que é uma família de classe alta, de nível superior. E as crianças que vêm de famílias mais vulneráveis? Eu acho que a escola tem que suprir esse papel”, avalia Zoara.

(Fonte: Agência Brasil)

**

“São Luís ainda brilha
como o fez antigamente.
Em nosso mar, é uma ilha,
na cultura, é um continente”.
(JOSÉ CHAGAS, “São Luís de quatro séculos”)

”É necessário sair da ilha para ver a ilha,
não nos vemos se não nos saímos de nós”.
(JOSÉ SARAMAGO; “O Conto da Ilha Desconhecida”)

**

Na Geografia, uma ilha. Na História, um arquipélago.

A “Upaon-Açu” tupi é uma maravilhosa e maranhense porção de 1.410 quilômetros quadrados de terra abraçada por líquidas e incertas águas dos 106 milhões e 460 mil quilômetros quadrados do Oceano Atlântico.

“Upaon-Açu” é ilha grande, mas 75,5 mil vezes menor que a vasta extensão de água salgada que a rodeia, a namora e permanentemente a abraça e lambe circularmente suas partes...

Upaon-Açu é Ilha do Amor, mas também Ilha Rebelde.

Rebelde, expulsou conquistadores.

Amorosa, conquistou admiradores.

Upaon-Açu nasceu índia. Quiseram-na francesa. Holandesa. Portuguesa. Rebelde – sempre –, recusou estes para, amorosa – sempre –, acolher todos... como brasileira.

Nesta Ilha, brotaram maranhenses e aportaram outros brasileiros, além de estrangeiros. Gentes das várias regiões do país e forasteiros dos diversos continentes do mundo.

Por esse efeito de atração, Upaon-Açu é Ilha Magnética, Ilha Bela.

Sem preconceito, Upaon-Açu é cosmopolita, plurivalente, multicultural. É tanto Atenas quanto tanto é Jamaica.

Upaon-Açu é ilha só na Geografia mas é arquipelágica, plural, tentacular, na História, nas Artes, na Cultura, ou seja: na sua gente.

Em Upaon-Açu, uniram-se cromossomos de interesses histórico-político-administrativos e socioeconômico-culturais e dessa união fizeram nascer cidades. A “alma mater”, São Luís, foi fundada em 1612 – e, por tão antiga, por/tão ancestral, muitas das vezes deixa passar ou assume a condição de ilha quando é, legal e honrosamente, município, mas não apenas: é município e capital, aliás, a única entre as capitais brasileiras com sua área territorial totalmente contida em uma ilha.

Depois de São Luís, a Ilha viu nascerem-lhe mais três filhos-municípios, mais três-cidades-filhas: São José de Ribamar, com fundação em 1627; Paço do Lumiar, em 1761; e Raposa, caçula, existente desde os anos 1940.

E é São Luís que se revela, para olhos e lentes. Máquinas e mentes.

É São Luís, imensa, que se contém neste livro. Do celuloide à celulose. Imagens bem impressas, impressões bem imaginadas.

Imagens atuais que trazem memórias ancestrais. A São Luís da História brasileira, quando o Brasil ainda não era Brasil, nem brasileiro. São Luís-ilha, terra tupi – tupinambás... tremembés... potiguaras... São Luís-porto, de Pinzón, primeiro trimestre de 1500, antes de Cabral (que aqui não aportou).

São Luís de Daniel. Daniel de La Touche, também de La Ravardière. São Luís equinocialmente França, trienalmente francesa: 1612-1615.

São Luís de Alexandre e de Jerônimo. Alexandre de Moura e Jerônimo de Albuquerque. Um expulsa os franceses; o outro, passa a administrar o lugar.

São Luís de Maurício e de Johann. Maurício de Nassau e Johann von Koin. São Luís novamente “estrangeira”, trienalmente holandesa (1641-1644).

São Luís novamente retomada. Portugueses e colonos em armas desarmam a continuação das ambições neerlandesas. Para os batavos, agora é vazão. Hora de evasão. Saída. Fuga.

São Luís das guerras e dos amores – Gonçalves Dias e Ana Amélia.

São Luís da lavra e palavra. Prosa e verso. Ficção e realidade.

São Luís em qualquer canto: música, canto, encanto.

São Luís histórica. Retórica. Pictórica. Escultórica.

São Luís carmelita. Jesuíta. Franciscana.

São Luís indígena. Europeia. Africana.

São Luís maranhense. Brasileira. Americana.

São Luís cultural – patrimônio. Mundial.

São Luís dos desejos – miragem.

São Luís ao longe – paisagem.

São Luís das chegadas – ancoragem.

São Luís vida – aprendizagem.

São Luís casarões e ruas – viagens.

São Luís neste livro – Que imagens!

* EDMILSON SANCHES

Texto publicado originalmente no livro “Nossa São Luís”, de Brawny Meireles.

Consuelo Velásquez

A música “Bésame Mucho” é uma das melhores e mais conhecidas interpretações do arranjador e líder de banda norte-americano Joseph Raymond Conniff, o Ray Conniff, falecido em 2002.

“Bésame Mucho”, pelo título e pela letra, sugere que quem a compôs fosse a mais beijoqueira das pessoas, e um dos mais apaixonados seres humanos da História...

Entretanto, “Bésame Mucho” foi feita pela pianista e compositora mexicana Consuelo Velásquez quando tinha 25 anos de idade e nunca houvera dado um único beijo – pai militar, educação em escola de freiras etc.

O sucesso foi imediato. Mais de 20 idiomas têm essa música em seu repertório. Dezenas e dezenas e dezenas de cantores e conjuntos gravaram, à sua maneira, esse estrondoso “hit” dos anos 1940. Do “A” de Andrea Bocelli, “B” de Beatles, “C” de Charles Aznavour, “J” do brasileiro João Gilberto etc., todos pediram: “Beija-me muito”, “como si fuera ésta noche la última vez”...

Agora, quando você novamente ouvir “Bésame Mucho”, saberá que ela não foi resultado de uma realidade feminina, de uma mulher querendo os beijos mais linguodentais (credo!...), mais íntimos, com receio de uma presumida última noite.

Consuelo Velásquez – ela mesma contava (faleceu em 2005, aos 88 anos) – “não sabia, não fazia ideia” do que era um beijo. Nem mesmo sua mãe lhe antecipara coisa alguma sobre beijo.

Como disse Albert Einstein: “Eu acredito na intuição e na inspiração. A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado [...]”.

Imaginação é tudo...

* EDMILSON SANCHES

Link: https://www.youtube.com/watch?v=ZSYh19zMqjg&fbclid=IwAR3TaLIsCdCOP7bFf-OGkOQlvHNrYBRD7DVBr6-3fFyidlVZc_UQWiaGTQ

 

Em entrevista coletiva realizada na sede do PDT, nesta quinta-feira (10), o pré-candidato a prefeito de São Luís, deputado estadual Neto Evangelista (DEM), anunciou a assistente social Luzimar Lopes Corrêa como sua pré-candidata a vice. Formada em Assistência Social, Luzimar Lopes Correa tem 48 anos. É militante, mãe solteira de três filhos, evangélica, negra e moradora do Bairro Coroadinho.

“Foi uma escolha feita com diálogo entre todos os partidos aliados que entenderam que precisávamos de um nome que represente a cidade, que ajude a construir e a governar São Luís. E para o nosso projeto arrojado, com um plano de governo para execução em quatro anos de gestão, o nome para compor a nossa chapa à Prefeitura de São Luís é a Luzimar, uma mulher que tem formação em Assistência Social, é evangélica, mãe solteira e negra. Uma mulher lutadora da comunidade do Nairro Coroadinho e que sabe muito bem quais são as necessidades do nosso povo”, afirmou Neto Evangelista.

O senador Weverton (PDT) disse que o grupo tem a maior militância política e social e fará a diferença no período eleitoral. “Estou bastante motivado e, cada dia que passa, tenho mais certeza de que fizemos a escolha correta ao decidirmos apoiar Neto, um jovem preparado, líder nato e que sabe agregar. Será a eleição da nossa vida. A militância maior de São Luís está aqui e será nosso diferencial”, afirmou.

O presidente municipal do PDT, vereador Raimundo Penha, também enalteceu o poder da militância do partido e disse: “Andar e lutar ao seu lado, Neto, é um orgulho para qualquer um e eu não tenho dúvida de quem for anunciado como seu pré-candidato a vice não representa apenas o PDT, mas algo maior, que é a cara da cidade de São Luís”, disse.

Luzimar agradeceu a indicação e disse que se tratava de um dia memorável e histórico. “Tenho a certeza de que seremos vitoriosos, pois Deus está conosco. Sou uma mulher que vem da periferia [o Coroadinho], sou mãe solteira [de trigêmeos] e creio que represento essas pessoas. Eu sou aquela mulher que não se deixa vencer. Digo que não foi fácil, mas sempre pensei que pudéssemos construir um lugar melhor”.

Ela falou um pouco sobre sua trajetória e afirmou que lutará por dias melhores para São Luís. “Iniciei meu trabalho em um clube de mães. Cuidávamos das crianças para que as mães pudessem trabalhar. E, hoje, Neto, você terá a voz de uma mulher que faz política para todos. Essa luta não é minha, não é de Neto. Essa luta é nossa. Vamos buscar o melhor para nossa cidade”, concluiu.

Participaram do evento o presidente do Diretório Estadual do Democratas, deputado federal Juscelino Filho; Tadeu Lima, representando o deputado federal Pedro Lucas (PTB), e Kécio, representando o MDB, além da militância pedetista e diversas outras lideranças.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Karoline Ramos Rocha

Estimular o eleitor maranhense a refletir sobre a escolha dos seus representantes nestas eleições municipais de 2020. Esse é o objetivo da campanha “Rumbora Marocar”, tema da “live” do Inspire e Comunique de hoje (10/9) à noite.

Para falar sobre detalhes da campanha, o Inspire e Comunique receberá a advogada popular e integrante do Coletivo Re(o)cupa, Karoline Ramos Rocha, em um bate-papo por meio do Instagram da jornalista Franci Monteles, da Inspirar Comunicação, às 19h30.

A campanha “Rumbora Marocar” é idealizada pelo Coletivo Re(o)cupa, um espaço plural, criado em 2016, aberto para diversas manifestações artísticas com o intuito de democratizar a arte, a cultura e a educação por meio de novas perspectivas coletivas, influenciando e modificando a forma de ser e coexistir em sociedade.

Por meio da disseminação de conteúdos informativos e educativos de forma ampla, a campanha utilizará peças em jornais locais, rádios e programas de televisão, divulgação em todas as redes sociais, YouTube e plataformas de “streaming”, ressaltando fatos ao eleitor visando propiciar melhor entendimento tanto da política institucional quanto da política local. Distante de interesses particulares e partidários, a proposta do Re(o)cupa, que conta com 12 profissionais da área de Direito e Comunicação, é contribuir na ampliação de conhecimento aos ludovicenses sobre o processo eleitoral.

O Inspire e Comunique é um projeto da Inspirar Comunicação, idealizado pelas jornalistas Yndara Vasques e Franci Monteles, que realizam diálogos semanais sobre projetos, histórias e experiências que possam contribuir com o

conhecimento ou servir de inspiração.

Serviço:
Live: Inspire e Comunique com a advogada popular Karoline Ramos
Quando: 10/9 (quinta-feira)
Hora: às 19h30
Onde: Instagram @franci_monteles

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Arthur Carlos da Cunha.

– Arthur Cunha cultivava a Língua Portuguesa. Escreveu poesias e contos. Foi tipógrafo, revisor, microempresário. No último domingo (6/9), completaram-se 104 anos de seu nascimento, em 6/9/1916.

**

Filho de João Carlos da Cunha e Joana Francisca de Carvalho, Arthur Carlos da Cunha nasceu em Caxias, no dia 6 de setembro de 1916. Ele foi fundador, proprietário e administrador do “Recanto dos Poetas”, tradicional bar das décadas de 1970 e 1980, localizado na Praça Vespasiano Ramos, centro de Caxias, que reunia expressivas figuras do mundo intelectual, empresarial e político caxiense.

Frequentador do bar quando adolescente, pesquisei sobre Arthur Cunha junto a dois de seus filhos, João Carlos e Benedito Alexandre.

O “Recanto” tinha uma característica que o tornava único: um jogo de palavras chamado “impugna”, onde cada participante adicionava uma letra, desde que esta letra não formasse palavra (exceto monossílabos). Quem desconhecesse como a palavra continuaria poderia “impugnar”, e o jogador que colocara a última letra teria de explicar que termo queria formar. Para tirar as dúvidas, dicionários de diversos autores de nomeada espalhavam-se por sobre o balcão, para serem consultados. Quem perdia pagava a rodada de bebidas e acumulava “paus” (pontos negativos).

O jogo “impugna” chegou a ter sua Academia Vocabular de Impugna (Avoci), criada por Arthur Cunha, que mandou imprimir formulários próprios para anotações. O nome do jogo – “impugna” –, é quase óbvio, veio da expressão “Eu impugno!” ou da forma reduzida de “impugnação”.

Entre outros frequentadores do “Recanto dos Poetas”, a maioria de jogadores de “impugna”, citem-se:

– Adílson (servidor do INSS), Álvaro Simão (empresário), Aniceto Cruz (empresário), Antônio Paula (marinheiro), Arias Marinho (aposentado do Banco do Brasil);

– Carlos Gama (gerente da Caixa Econômica Federal), Carlos Jorge Pereira (servidor público estadual), Carlos Maranhão, Carlos Rodrigues (que tem diversos poemas de Arthur Cunha), Cid Teixeira de Abreu (professor universitário, latinista, escritor);

– Delmar Silva (comerciante), Déo Silva (poeta);

– Edmilson Sanches (jornalista e escritor), Elmar Machado Torres (proprietário de terras), Elmary Machado Torres (proprietário de terras e político), Enoque Torres da Rocha (farmacêutico);

– Fause Elouf Simão (político), Fernando Chaves (médico), Floriano Pereira de Araújo e Silva, Francisco Neto Frazão Muniz (o Lito; bancário – Banco do Estado do Maranhão);

– Gentil Menezes (administrador, escritor), Heitor Barreto, Hélio de Sousa Queiroz (empresário e ex-prefeito de Caxias), Isaac Pereira (comerciante);

– Jadihel Carvalho (engenheiro), Jaime Ferreira de Araújo (juiz de Direito), João Cunha (fiel depositário do Banco do Brasil), João Lobo (comerciante), João Vicente Leitão (poeta, irmão do também poeta Luiz Gonzaga Mascarenhas Leitão), José Alves Costa (comerciante), José de Ribamar Mascarenhas (servidor público estadual – Secretaria da Fazenda), José Simão (comerciante), Josino Frasão (músico; levava a banda Lira Caxiense, conhecida como “Furiosa”, para tocar na Praça Vespasiano Ramos e na frente do bar);

– Lafite Fernandes (servidor público estadual, área de Trânsito), Luís Gonzaga de Abreu Sobrinho (jornalista), Luís Gonzaga Mascarenhas Leitão (ex-diretor da Receita Estadual; poeta, irmão do também poeta João Leitão), Luís Paula (funcionário do Banco do Brasil e proprietário do primeiro restaurante flutuante de Caxias, no Rio Itapecuru);

– Mateus Assumpção (comerciante, “bom cozinheiro”; irmão do ex-prefeito Marcello Thadeu de Assumpção), Moisés Varão (fazendeiro), Mota Andrade (revendedor de quadros e molduras);

– Naldson Pereira de Carvalho (advogado, escritor), Neto Saldanha (da empresa de ônibus Expresso Saldanha);

– Odaque (policial rodoviário federal), Orlando Gonçalves (diretor do INPS);

– Pedro Cerma (que trouxe a representação da cerveja Cerma para Caxias), Pedro Soares, Pedro Sousa (o Pedro Avião; gerente da Folha de Caxias Artes Gráficas);

– Raimundo Mário Rocha (comerciante), Rodrigo Baima (servidor público municipal), Rodrigo Octavio Teixeira de Abreu (o Tavico; tabelião);

– Sillas Marques Serra (professor, reverendo), Sinésio Santos (fotógrafo);

– Veloso (representante de mesas de sinuca em Caxias), Vítor Gonçalves Neto (jornalista e escritor, meu grande amigo de muitas escritas e caminhadas pelas noites e dias em Caxias, São Luís, Teresina, Imperatriz, São José dos Campos/SP...);

– Wilson Egídio dos Santos (odontólogo, escritor, professor universitário), Wybson Pereira de Carvalho (jornalista e escritor).

Arthur Cunha estudou até a 6ª série; entretanto, autodidata, cultivava a Língua Portuguesa e a leitura, gosto que foi aguçado pelo incentivo de sua ex-professora Edmée Assunção. Revisava textos e escrevia contos e poesias, especialmente sonetos, diversos deles na posse de familiares e ex-frequentadores do “Recanto dos Poetas”. Gostava dos poemas do caxiense Vespasiano Ramos, alguns deles recitados de memória. Junto com João Vicente Leitão e Luís Gonzaga de Abreu Sobrinho, entre outros, iniciaram um movimento para fundação de uma academia de letras em Caxias, que não se consolidou.

O “Recanto dos Poetas” foi seu quarto bar. Teve outros, todos no centro de Caxias, um deles em sociedade com o comerciante e meu amigo Olavo Bilac Rêgo, também já falecido. Antes de ser proprietário de bares, Arthur Cunha, ainda criança, foi tipógrafo no jornal “O Caxiense”. Na juventude, foi fotógrafo “lambe-lambe”. Depois, agricultor e fabricante de cachaça. Era topógrafo e administrou empresa de construção de rodovias, inclusive as estradas ligando Caxias a Santa Inês e a São Raimundo das Mangabeiras.

O “Recanto dos Poetas” inspirou seu frequentador Neto Saldanha, que compôs a seguinte quadra em heptassílabos:

“É neste agradável abrigo
Onde se encontra a amizade
Quem chega se torna amigo,
Quem parte deixa saudade”.

A quadrinha foi reproduzida na principal parede do bar, com desenho feito pelo pintor D’Alves.

Arthur Carlos da Cunha faleceu em 18 de agosto de 2006. Com a esposa, Maria José Pereira, teve 16 filhos (nove homens e sete mulheres), oito dos quais vivos (cinco homens e três mulheres).

Encerro com uma das muitas lembranças de Arthur Cunha e eu. Certa noite, estávamos uns seis jogando, à mesa (exceto o Arthur, que era dono do bar mas fazia as vezes de garçom, pois ele próprio atendia aos pedidos de bebidas. Mas isto não tirava a atenção e a argúcia do esperto Arthur Cunha, sempre participante do jogo e permanentemente “ligado” nas jogadas).

Vai que, numa das jogadas, a letra inicial foi “O”. O segundo jogador acrescentou “S”; o terceiro repetiu o “S”. Eu era o quarto jogador e a palavra corria o risco de terminar em mim: “OSSO”. Só que, embora ainda menor de idade, eu já era devorador de livros, inclusive dicionários, tendo lido e até feito correções na edição de luxo do “Aurélio”, ainda hoje na minha biblioteca. Pois bem, fiz um suspense, demorei-me um pouco analisando o que deveria fazer. Alguns, apressadamente, achavam que eu não tinha saída. Mas, na verdade, eu estava era calculando quem eu queria “matar”, porque eu poderia jogar a letra “A”, e a palavra prosseguiria, para formar “OSSADA” ou “OSSAMENTA” ou “OSSATURA” ou outras. Mas, em razão de um comentário brincalhão do jogador depois de mim, decidi eliminá-lo, e joguei a letra “E”, que formaria o adjetivo “ÓSSEO”, portanto, terminando no meu vizinho de mesa, que eu intuía, pela experiência dos jogos, que ele não saberia evoluir a palavra para “OSSEÍNA”.

Assim, estavam todos ali em volta observando a jogada e vendo a “encrenca”, o “cala-te, boca” que eu dera no jogador seguinte. Este finalmente impugnou e pediu, conforme regra do jogo, que eu, que colocara a última letra, dissesse que palavra eu queria formar. Aí, altaneiro e aliviado, respondi: “ÓSSEO, adjetivo de OSSO”. Neste instante, o Arthur Cunha, que observava tudo, comentou, irônico e brincalhão:

– O Sanches é mesmo osso; agora botou uma e foi de quati...”.

Todos riram muito e a frase arthuriana ficou na mente e se espalhou entre outros jogadores nos dias seguintes. Ali, só homens cultos e bem vividos, sabiam da relação “osso” e “quati”, mencionada jocosamente pelo Arthur Cunha. É que, como explica a Biologia, o narigudo animalzinho (seu nome em tupi, “quati”, significa “nariz pontudo”) tem em seu órgão sexual masculino um osso, chamado báculo – osso, aliás, presente nos machos em diversos grupos de mamíferos, entre estes os cães, alguns primatas, roedores e até morcegos (no ser humano, masculino a evolução não deixou que tivéssemos nosso osso número 207).

Aqui e acola ouvia-se em Caxias a expressão “Essa foi de quati”, para referir-se a uma ocorrência ou situação “dura”, difícil, trabalhosa. Há expressões assemelhadas, como “É osso!” e “Ossos do ofício”.

Saudades, meu amigo Arthur Carlos da Cunha.

* EDMILSON SANCHES

Em 5 de agosto de 1967, há exatamente 53 anos, surgia o primeiro disco da banda Pink Floyd: “The Piper at the Gates of Dawn” (em português: “O Flautista nos Portões do Amanhecer”). Tenho um exemplar dessa obra inicial na minha coleção de quase todos os discos e videos dessa banda britânica.

Formada em Londres dois anos antes (1965), Pink Floyd revolucionou e influenciou artistas e a própria música em nível mundial.

Ainda menino, tomei conhecimento e tomei gosto pela música do conjunto, classificada como “rock progressivo” – embora os taxonomistas musicais também listem as produções do Pink Floyd como “art rock”, “rock psicodélico”, “rock experimental”, “space rock”, “rock sinfônico”, “blues rock” e, até, “hard rock”. Só sei que esse gênero levou-me ainda aos grupos Yes, Genesis, Emerson Lake & Palmer, ao Rick Wakeman (hoje com 71 anos) e tantos outros.

Depois de idas e vindas, e após gravarem em 2014 seu canto de cisne, o último disco (“The Endless River”), foi anunciado o fim da banda em agosto de 2015, exato meio século após sua criação.

Pink Floyd era formado por Syd Barrett (que saiu do grupo; falecido), Nick Mason, Richard Wright (falecido), Roger Waters e David Gilmour – estes dois com carreira solo e vários discos individuais lançados.

No “link” abaixo, a música “Comfortably Numb”, em apresentação ao vivo em 1994.

* EDMILSON SANCHES

&

As inscrições para a Rede Nacional de Certificadores (RNC), a fim de atuação em atividades de certificação dos procedimentos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, começam nesta quarta-feira (9) e vão até o dia 29 deste mês. O cadastramento destina-se a servidores públicos federais e professores das redes públicas estaduais e municipais.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou na última sexta-feira (4), no “Diário Oficial da União”, o Edital nº 64 de chamada pública. As inscrições podem ser feitas no seguinte endereço na “internet”: certificadores.inep.gov.br ou no aplicativo móvel, disponível nas principais lojas de aplicativos.

“Para realizar a inscrição, o candidato deverá atender aos requisitos descritos no edital, como: ser servidor público, efetivo e em exercício, do Executivo Federal ou ser docente, em exercício, das redes públicas de ensino estaduais e municipais e estar devidamente registrado no Censo Escolar 2019; ter formação mínima em ensino médio; não estar inscrito como participante no Enem 2020; não ter cônjuge, companheiro ou parentes de até 3º grau inscritos no Enem 2020; e possuir “smartphone” ou “tablet”, com acesso próprio à “internet” móvel”.

Entre as atribuições, os servidores vinculados à RNC deverão certificar “in loco”, sob demanda do Inep, a efetiva e correta realização dos procedimentos de aplicação nos dias de realização do exame; registrar, em sistema eletrônico, as informações coletadas com base em sua atuação; e informar ao instituto possíveis inconsistências identificadas. Segundo o Inep, o cadastramento prévio não garante a inscrição para atuação como certificador no Enem 2020.

Os convocados deverão participar de uma capacitação a distância promovida pelo Inep para divulgação de normas, procedimentos e critérios técnicos da RNC. Eles só serão considerados aptos somente após a participação e a aprovação nas atividades desenvolvidas no curso de capacitação, com, no mínimo, 70% de aproveitamento.

A atividade desenvolvida pelo certificador terá o valor de R$ 342 por dia. A remuneração se enquadra em atividade prevista no anexo do Decreto nº 6.092, de 2007 (elaboração de estudos, análises estatísticas ou relatórios científicos de avaliação), equiparando-se ao valor da hora do servidor público do Poder Executivo Federal, de R$ 28,50.

De acordo com o cronograma previsto no edital, o resultado da chamada pública e o endereço eletrônico com a relação da homologação das inscrições e dos colaboradores convocados para realizar o curso de capacitação serão divulgados no “Diário Oficial da União”, no dia 14 de outubro.

O documento estabelece, ainda, que os certificadores selecionados deverão, obrigatoriamente, nos dias de atuação, portar álcool em gel e usar máscaras para proteção contra a covid-19. As máscaras poderão ser artesanais ou industriais e deverão ser utilizadas ao longo da aplicação e trocadas quando ficarem úmidas ou a cada quatro horas. Será proibida a entrada do certificador no local de aplicação sem a máscara de proteção facial. O Enem impresso está marcado para os dias 17 e 24 de janeiro de 2021.

(Fonte: Agência Brasil)

Com o objetivo de despertar o interesse pela leitura de textos e, principalmente, conhecer a produção de escritores maranhenses, o projeto LITERATURA MARANHENSE está abrindo espaço no BLOG DO PAUTAR... Aproveite... Boa leitura!

PREFÁCIO

(Ao livro “Esperantinópolis – História e Desenvolvimento: Minha Cidade, Meu Legado”, da professora Clara Lopes Jovita, a ser lançado em outubro, em Esperantinópolis/MA)

**

“Todo mundo canta sua terra
Eu também vou cantar a minha
Modéstia à parte seu moço
Minha terra é uma belezinha”.

(João do Vale / Julinho do Acordeon, “Todos Cantam Sua Terra”)

**

São muitas as formas de expressar a saudade da terra natal, o amor pelo lugar de origem.

Em uma de suas formas mais complexas, esse sentimento se revela no banzo, um processo psicológico que se instalava e se desenvolvia nos africanos retirados à força da própria terra e levados como escravos para longes lugares d’além-mares.

Muitos dos que sobreviviam às semanas de cruel tratamento e solavancos oceânicos, quando em terra se iam sendo possuídos de tantos penares e decaíres, tantos pesares e ruíres, tantos pensares e sentires que então tanto corpo quanto mente quanto alma se amalgamavam até chegar a um estado que crescia da irritação à exasperação, à destruição, à prostração pela mais profunda das nostalgias por sua mãe África, pela mais desanimadora, triste e abatedora das melancolias pela vida livre que tinham e não mais poderiam ter – e tudo isso, como um manto de chumbo, lhes pesava e os levava à falta de energia moral e física, ao abatimento, ao desânimo, à inanição, à indiferença, ao desinteresse pela vida.

Loucura, suicídio, morte – eram o resultado, ou a realização de um desejo, daquilo que a alma sentia pelo que lhe fizeram a ela...

Saudade – sabe-se – também mata...

Horácio (65 a.C.-8 a.C.), um dos maiores poetas e filósofos da Roma antiga, dirigindo-se ao amigo Virgílio, já indagava em suas odes acerca dos deslimites e despudores que a saudade de ambos poderiam ter ante a perda de outro amigo. O italiano Dante (1265-1321), em seu “Inferno”, já versejava sobre a “maior dor”: a de lembrar, nos maus momentos, “a hora feliz”. Camões (1524-1580) lamentava que, mesmo que voltassem os bons tempos, não voltariam “as idades” para curti-los (como se diria, na linguagem de agora). Shakespeare (1564-1616), o grande, o maior poeta e dramaturgo inglês, soneteava convocando as lembranças do passado e “sentindo a ausência” do que amou. Camilo Castelo Branco (1825-1890) queria para sempre, no coração, “os belos quadros da florida idade”.

Saudades, lembranças, nostalgia, praticamente todos as temos ou tivemos. E, sobre a terra de cada um de nós, a forma de expressar esse sentimento é inesgotável. Pintores pintaram, nos limites da tela, a terra natal – o catalão Joan Miró, o holandês Vincent Van Gogh, o espanhol Pablo Picasso (como nas pinturas do chamado período de azul e verde), o brasileiro Cândido Portinari (“Nenhum pintor pintou mais um país do que Portinari pintou o seu...”, disse o pintor, escritor, crítico de arte e professor universitário mineiro Israel Pedrosa, 1926-2016). Os pintores sempre entintam seus quadros de seus chãos...

Músicos compõem, cantam, interpretam sua terra... A canção é uma das formas mais completas para se extravasar as emoções que inundam coração e mente apaixonados também pelo torrão natal. Seja música sacra, erudita, clássica, folclórica, popular, não há estilo, gênero, não há limite, divisa, fronteira para a música como comunicadora, partilhadora de saudades telúricas e ufanismos pátrios.

Se os “Concertos de Brandenburgo”, de Bach, se referem ao sobrenome do colecionador que os encomendou em 1721, não há como, ao menos nominalmente, não os associar ao Portão e ao Estado de Brandenburgo e à Alemanha, já que Brandenburgo circunda completamente Berlim, a capital alemã, como o Estado de Goiás envolve a capital do Brasil. E, no Brasil, canta-se ou lembra-se o país tanto com a música clássica de Villa-Lobos que destaca a Amazônia com sua música orquestral (“Amazonas”, de 1917), piano (“Saudades das Selvas Brasileiras”, de 1927), vocal (“A Floresta do Amazonas”, de 1958, e o “Poema de Itabira”, de 1942) quanto com o romântico Roberto Carlos cantando sua Cachoeiro do Itapemirim. Agnaldo Timóteo, com “Os Verdes Campos de Minha Terra”, recantou “Green Green Grass of Home”, a clássica canção “country” de Claude Curly Putnam Jr., composta em 1965 e gravada e regravada por muitos e muitos nomes da música americana e europeia – Tom Jones, que fez muito sucesso com ela, embora morando nos Estados Unidos, nasceu no País de Gales (Europa). Julio Iglesias fez sucesso com “Un Canto a Galicia” (“[...] um canto à Galícia, terra de meu pai, minha terra mãe [...]”). O sanfoneiro Severino Januário compôs e cantou “Saudades de Montalvânia”, cidade mineira. Jussara Silveira, a mineira-baiana, que canta fado sem enfado, promete, em “Voltarei à Minha Terra”, de Armandinho e Tiago Torres da Silva: “Voltarei à minha terra / Quando já estiver cansada / Do destino que me leva / A andar de estrada em estrada”.

E nem se fale da música que abre este prefácio. Composta pelo maranhense João do Vale e o acordeonista e maestro cearense João Aguiar Sampaio, o Julinho do Acordeon, falecido em 2008, “Todos Cantam Sua Terra” tem gravação de 1960, com o potiguar Aldair Soares, e com a maranhense Alcione Nazareth, cantora, compositora e instrumentista, que, além de agregar a sua maranhensidade, deu a voz mais conhecida à música, gravada no disco “Alerta Geral”, de 1978. Registre-se que, como todos cantam a própria terra, os dois primeiros versos da canção de João do Vale e Julinho – “Todo mundo canta sua terra / Eu também vou cantar a minha” – recantam e praticamente repetem, exatos cem anos depois, os versos iniciais do poema “Minha Terra”, do poeta carioca Casimiro de Abreu: “Todos cantam sua terra, / Também vou cantar a minha”. Casimiro, por sua vez, escreveu esse poema inspirado na “Canção do Exílio”, do grande poeta maranhense de Caxias, Antônio Gonçalves Dias, que dá a epígrafe ao poema casimiriano, publicado em 1859, na obra “As Primaveras”. Conhecido por fazer poemas sobre lembranças da casa dos pais e de saudade de sua terra, Casimiro José Marques de Abreu viveu apenas 21 anos, de 1839 a 1860.

**

Esse apanhado, quase aleatório, de referências sobre a permanência da terra natal naqueles que saem dela, reforça que Clara Lopes Jovita, com “Esperantinópolis – História e Desenvolvimento: Minha Cidade, Meu Legado”, traz mais um atestado de compromisso de um ser com o solo que o viu nascer e crescer, sem deixar de a ele pertencer, mesmo quando, no caso de Clara, a terra não a podia ter todo dia.

De sua terra, Clara Jovita, sim, trouxe saudades mas nenhuma culpa por ter se “aventurado”, franzina e sozinha, por outras terras. Muito ao contrário, a saudade alimentava o amor – e o orgulho – pela própria terra. E aqui e acolá se reforçavam os laços de filiação, seja presencialmente, pelas viagens, seja à distância, pelos contatos com familiares e amigos.

Com este livro, guardadas as proporções, Clara Lopes Jovita materializa seu desejo de legar para Esperantinópolis um trabalho específico, todo voltado para os aspectos que, de regra, são os mais presentes na existência de uma comunidade: a História, que tem a ver com o passado até ontem, e o Desenvolvimento, que é o próprio povo em movimento, no aqui e agora, presente e futuro sendo construídos, ambos deixando, como rastro, o passado.

Os esperantinopenses (ou esperantinopolenses) podem ficar certos de que um livro – este livro – estará presente até mesmo quando muita coisa, e muita gente, não estiver. É a sina ou destino dos livros: embora aparentemente frágeis, resistem ao tempo, como se fossem diamantes cristalizados, endurecidos à base de celulose e tinta.

Quando muitos não puderem ser, o livro – este livro – o será. Será a testemunha de um recorte de tempo absolutamente único, que reúne a singularidade de tornar-se a conexão entre algumas décadas, dois séculos e três milênios. Realmente, é um tempo deveras rico em simbolismo e História.

E neste tempo, embora carregando mais de três gerações e meia nos couros, Clara Lopes Jovita, olhando para o futuro, não se furta como ente presente.

“Esperantinópolis – História e Desenvolvimento: Minha Cidade, Meu Legado” convida estudantes, professores, jornalistas, pesquisadores, políticos, investidores e todos em geral para que, com calma, como deve ser a ingesta de alimentos para a alma e a mente, folheiem e leiam as palavras e os números, vejam as imagens e sintam, a partir disso, que a cidade, o município, ficou um pouquinho mais conhecido de cada um.

O papa João Paulo II, em um momento de angústia, disse que não se devem arrancar as raízes de onde viemos.

De quantas maneiras pode-se homenagear a terra natal? De muitas. Uma delas é ser boa pessoa, honesta e trabalhadora. A outra, é fazer o bem para outros. E uma terceira, entre tantas maneiras, como a aprofundar – e não arrancar – as próprias raízes, é lançar um livro sobre sua cidade.

Professora, religiosa, devotada aos seus alunos, dedicada a ações caritativas que não divulga, Clara Lopes Jovita vem, há muito, homenageando sua cidade sem esta o saber.

Como se fosse aquela montanha de gelo (o “iceberg”), que só deixa ver a pontinha e não mostra o tamanhão que existe abaixo, o trabalho, a espiritualidade e as ações voluntárias de Clara Jovita são, na verdade, senão a grande herança, o maior exemplo que pais, família e uma cidade deveriam esperar dessa filha, irmã e cidadã.

O legado, agora se sabe, não é só este livro.

O legado também é sua autora.

Na memória, para os seus.

E na História... para sempre.

* EDMILSON SANCHES