Skip to content

Um sol de verão na paisagem geográfica da ILHA. Um céu límpido, diáfano, num azul esmaecido, um azul na suavidade da cor, um azul com borrões das nuvens alterando o quadro, dando-lhe outra colorização. Mas dominando, totalmente, o Sol-VIDA, o Sol-CALOR. O Sol radiante, fecundando a terra, a terra rica, a terra acolhedora. Um Sol fixo, aparentemente rodando, um Sol que nasce todos os dias e que morre todos os dias. Agoniza. Um Sol que desfalece e que ressurge mais vivo, mais faiscante, mais Sol, exuberante na abundância da luz, no esbanjamento da claridade que fascina, que deslumbra, que irradia, que se extasia diante da Natureza Criadora.

É a paisagem na sua mensagem de Vida. Com as árvores, a descolorização do verde-escuro, do verde molhado de chuva. Do verde suspenso nos galhos distribuindo sombras, sombras do dia, de tarde no envolvimento do Poente. Da manhã na expansão magnífica do nascer, ressurreição da luz, luz em estágios, luz no milagre das energias que criam, que produzem a colheita da fartura.

Tudo assim dominante. Tudo assim que impressiona, que encanta o espírito, que rejuvenesce os sonhos. Tudo assim, festivamente assim, assim luz, assim Vida.

E, diante de todos, a cidade, a cidade que adormece e que acorda, a cidade que se eterniza em nós, em nossas vidas, que está na infância que é o começo, e na velhice, que é o fim. Vida e morte. Sonho e esperança. Alegria e dor. Tristeza e saudade. Depois, este realismo brutal: a vida fugindo da gente, da paisagem, do Sol, da iluminação fascinante dos astros. A vida na moldura de todas as vidas. A vida saindo da VIDA. A vida na caminhada longa das noites intermináveis.

Tudo assim. Assim encantadoramente. Assim desesperadamente.

E, lá no alto, o SOL. O céu azul. As nuvens escrevendo o simbolismo das nossas impressões. Ali, uma criança nasce. Ali, uma criança morre. Ali, a fartura. Ali, a miséria. Ali, um coração que parou. Ali, um coração que começou a pulsar. É sempre isto: os contrastes. Mas com todos, no íntimo, a conformação. Com todos, sempre há a palavra que embala as esperanças e que consola os desenganos. É a vida. É o SOL. Depois, a Noite. Estrelas na iluminação. Focos de luz alumiando a cidade. Adormecendo os sonhos acalentando-os. A noite que sempre chega. Tudo dentro destas impressões que ficam. Impressões que vivem, vibração de nós na Vida, na exaltação dos desejos. Isto sempre.

E a cidade é o palco. O cenário. A personagem. A vida de tantas vidas, o romance de tantos romances. A cidade que continua sempre: que é berço e que é túmulo. A cidade que cresce. Que tem a adubagem do desenvolvimento. Que se veste de ONTEM e de HOJE. Que é Passado e Presente.

E o Sol dominando. Sombras debruçadas nas calçadas, nos caminhos, tomando banho nas fontes, nos córregos, nos rios, nas lagoas quietas. Sombras “na cara geral dos edifícios”. Sombras na luz que é dia e na luz que é noite.

E a vida vivendo, a vida morrendo. A vida em luta, em trabalho. A vida na tormenta de todas as nossas angústias, nossos sofrimentos, nossas alegrias, o nosso pouco de felicidade. Tudo assim no esbanjamento das nossas emoções. Tudo cheio de nós, da poesia que é eterna. Uma canção que se canta sempre. Um verso que se declama sempre. É a paisagem. E este Sol de verão clareando a vida. O Sol filtrando-se por toda a parte, reflexos de luz no ninho dos pássaros e quietude das alcovas, alegrando as almas, despertando-as para o AMOR que é Vida, que é pureza, que é consolação.

No alto, o Sol. Cá embaixo, com o cronista, suas divagações, sua vida na iluminação da luz.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia, 25 de novembro de 1968 (terça-feira).

Neste domingo, continuamos com as...

Flexões Verbais (8ª parte)

Verbos terminados em “-ear” e “-iar”

a) Todos os verbos terminados em “-ear” fazem um ditongo “ei” nas formas rizotônicas (sílaba tônica dentro da raiz = a 1ª, a 2ª  e a 3ª pessoa do singular + a 3ª pessoa do plural dos tempos do presente): ele passeia, freia, saboreia, que eu passeie; nas formas arrizotônicas (a 1ª e a 2ª pessoa do plural dos tempos do presente, todas as pessoas dos tempos do pretérito e do futuro + formas nominais), não há ditongo: passeamos, freando, saboreou:

Formas rizotônicas:

eu passeio, tu passeias, ele passeia, eles passeiam (presente do indicativo);

que eu passeie, tu passeies, ele passeie, eles passeiem (presente do subjuntivo).

Formas arrizotônicas:

nós passeamos, vós passeais (presente do indicativo);

que nós passeemos, que vós passeeis (presente do subjuntivo);

eu passeei, ele passeou, eles passearam; eu passeava, passeara (pretérito);

eu passearei, ele passeará, nós passearemos; eu passearia (futuro);

passeando (gerúndio); passeado (particípio); passear (infinitivo).

b) Os verbos terminados em “-iar” são regulares (= não fazem ditongo): ele copia, premia, anuncia.

Há alguns verbos irregulares (Mediar/intermediar, Ansiar, Remediar, Incendiar e Odiar = grupo do MARIO, como são conhecidos): ele medeia, intermedeia, anseia, remedeia, incendeia e odeia (fazem o ditongo “ei” nas formas rizotônicas).

Exercício

Complete as lacunas com as formas verbais corretas:

1. Alguns pilotos só __________ (fream OU freiam) em cima da curva.

2. Nós __________ (freamos OU freiamos) bem antes.

3. Antes de bater, ele __________ (freou OU freiou) forte.

4. Ele deu uma bela __________ (freada OU freiada).

5. Ela __________ (recea OU receia) viajar de avião.

6. Trata-se de uma pessoa muito __________ (receosa OU receiosa).

7. O filme __________ (estreou OU estreiou) na semana passada.

8. Este ano, ele __________ (ceará OU ceiará) com os pais.

9. É bom que __________ (passeemos OU passeiemos) pela manhã.

10. Eles estão __________ (saboreando OU saboreiando) um bom sorvete.

11. A verdade é que isto não __________ (varia OU vareia).

12. O festival sempre __________ (premia OU premeia) atores novos.

13. Ela nunca se __________ (maquia OU maqueia).

14. Ele sempre __________ (arria OU arreia) a cortina no fim da tarde.

15. Ordenaram que o diretor __________ (negocie OU negoceie) estes títulos.

16. O diretor __________ (ansia OU anseia) por novos contratos.

17. Ele já disse que não__________ (media OU medeia) este caso.

18. Um bom advogado __________ (intermedia OU intermedeia) as negociações sem emoção.

Respostas

Exercício

1. Alguns pilotos só FREIAM em cima da curva.

2. Nós FREAMOS bem antes.

3. Antes de bater, ele FREOU forte.

4. Ele deu uma bela FREADA.

5. Ela RECEIA viajar de avião.

6. Trata-se de uma pessoa muito RECEOSA.

7. O filme ESTREOU na semana passada.

8. Este ano, ele CEARÁ com os pais.

9. É bom que PASSEEMOS pela manhã.

10. Eles estão SABOREANDO um bom sorvete.

11. A verdade é que isto não VARIA.

12. O festival sempre PREMIA atores novos.

13. Ela nunca se MAQUIA.

14. Ele sempre ARRIA a cortina no fim da tarde.

15. Ordenaram que o diretor NEGOCIE estes títulos.

16. O diretor ANSEIA por novos contratos.

17. Ele já disse que não MEDEIA este caso.

18. Um bom advogado INTERMEDEIA as negociações sem emoção.

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021 começa a ser aplicado amanhã (21), em todo o país nas modalidades impressa e digital. Tanto as provas quanto o tema da redação serão iguais nas duas modalidades. Ao todo, 3,1 milhões de candidatos farão o exame. 

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização das provas, divulgou, nesta semana, os números oficiais do exame, que é a principal forma de ingresso no ensino superior público, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), de obtenção de bolsas por meio do Programa Universidade para Todos (Prouni) e de participação no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Ao todo, 3.109.762 candidatos farão o Enem impresso e 68.891, o Enem digital. A maioria está nos Estados de São Paulo (470.809), Minas Gerais (300.868) e Bahia (239.101). As mulheres representam 61,6% dos candidatos, e as pessoas negras, soma de pretos e pardos, 54% dos inscritos. 

O Enem impresso será realizado em 11.074 locais de prova em 1.747 municípios. Nessa modalidade, são mais de 460 mil pessoas envolvidas na aplicação do exame, entre coordenadores estaduais, municipais, aplicadores, corretores de redação e supervisores. Quase 50 mil pessoas atuam apenas no transporte, segurança e distribuição das provas. Outros mais de 20 mil profissionais dos Correios também fazem parte da operação

Já o Enem digital envolve mais de 17 mil pessoas na realização das provas. O exame nesse formato será aplicado em 831 locais de prova em 99 municípios. 

Este será o segundo Enem aplicado neste ano, já que as provas de 2020 foram adiadas por causa da pandemia e acabaram sendo aplicadas em janeiro e fevereiro.

O que é preciso saber

Assim como a edição de 2020, o Enem 2021 terá regras especiais devido à pandemia. O uso de máscara facial será obrigatório nos locais de aplicação. Participantes que estiverem com covid-19 ou com outras doenças infectocontagiosas não devem comparecer ao exame e podem solicitar a reaplicação. O descumprimento das regras poderá levar à eliminação do candidato.

No dia da prova, além da máscara de proteção facial, é obrigatório levar documento de identificação original, com foto. Não são aceitos documentos digitais. Entre as identificações aceitas, estão a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o passaporte e a Carteira de Trabalho emitida após 27 de janeiro de 1997. 

Outro item obrigatório é a caneta esferográfica de tinta preta fabricada em material transparente. Ela é necessária para preencher o cartão de respostas no Enem impresso e para escrever a redação tanto no Enem impresso quanto no Enem digital. É recomendado ainda que os participantes levem lanche e água, já que a prova tem uma duração longa. 

É recomendado também que se leve no dia do exame o Cartão de Confirmação da Inscrição. Nele está, entre outras informações, o local de prova. O cartão pode ser acessado na Página do Participante

Caso necessitem comprovar que participaram do exame, os estudantes podem, também, na Página do Participante, imprimir a Declaração de Comparecimento para cada dia de prova, informando o CPF e a senha. A declaração deve ser apresentada ao aplicador na porta da sala em cada um dos dias. Ela serve, por exemplo, para justificar a falta ao trabalho. 

Primeiro dia de prova

No primeiro dia do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, no próximo domingo (21), os candidatos farão, além das provas objetivas de linguagens e ciências humanas, a única prova subjetiva da avaliação, a redação.

Os portões abrem às 12h e fecham às 13h. Não é permitido entrar após o fechamento dos portões. As provas começam a ser aplicadas às 13h30 e terminam às 19h. O horário é o de Brasília. No próximo domingo (28), os participantes fazem as provas de matemática e ciências da natureza.

Questões do Enem

Para testar os conhecimentos, os estudantes podem acessar, gratuitamente, o Questões Enem, um banco que reúne todas as questões do Enem de 2009 a 2020. No sistema, é possível escolher quais áreas do conhecimento se quer estudar. O banco seleciona as questões de maneira aleatória. 

(Fonte: Agência Brasil)

Publicados por pequenas editoras, selos independentes e até grandes casas editoriais, livros infantis com protagonistas negros, escritos por autores não brancos, são um segmento consistente no Brasil atual. “A gente tem muita oferta”, afirma a pesquisadora e blogueira Luciana Bento (foto em destaque), especialista no tema.

Segundo Luciana, um dos fatores que elevaram a produção desse tipo de conteúdo foi a inclusão do estudo das culturas afro-brasileiras no currículo escolar, definida por lei, em 2003. “Tivemos um boom de publicações com personagens negros”, afirma, ao comentar o impacto da medida.

Proprietária da Africanidades, livraria especializada em autores negros, Ketty Valêncio confirma que há não só um bom número de títulos disponíveis, como publicações que atraem cada vez mais o interesse. “É um mundo muito rico, e tem muita gente procurando”, destaca. É um momento que abre oportunidades que ela mesmo não teve. “Eu penso muito na minha infância. Minha introdução à literatura foi através dos itãs dos orixás. Minha geração desconhecia literatura infantil com recorte étnico-racial”.

Identidade e possibilidades

O contato com os itãs – contos tradicionais da cultura ioruba – ajudaram a abrir as perspectivas de Ketty quando ainda era criança. “Eu me reconhecia nelas, mulheres pretas incríveis”, diz, sobre impressões deixadas pelas histórias dos orixás femininos que conheceu nessa época. É justamente uma ampliação dessa oportunidade que ela enxerga nas infâncias negras no Brasil de hoje. “A literatura infantil é o início de um acolhimento, porque ali você trabalha diversas questões que vão ocorrer na sua vida adulta: autoestima, pertencimento, orgulho da sua história, de onde você vem, da sua ancestralidade”.

Pensando nisso, a professora e pesquisadora Evelin Oliveira se esforça para trabalhar histórias com esse recorte na escola onde dá aulas para crianças, em Carapicuíba, na Grande São Paulo. “No meu planejamento anual, trabalho desde o primeiro dia a vertente da diversidade étnico-racial, com foco na construção dessa identidade. Porque são crianças de 4 a 5 anos e, neste momento, a diversidade precisa estar presente o ano inteiro e não somente em novembro”, afirma, sobre o processo educacional que desenvolve, levando, inclusive, jogos que ela mesmo cria.

Histórias e tradições

Os quebra-cabeças e os jogos de memória são construídos com elementos tradicionais de culturas africanas, como os adinkras – símbolos que remetem a conceitos e histórias. Segundo Evelin, o contato com essas referências ajuda as crianças a estabelecer a própria identidade. “Principalmente as crianças negras, que não se enxergam enquanto negras. Se tem uma criança com pele mais escura, tem aquela pequena discriminação que precisa ser trabalhada em sala de aula”, ressalta, a partir de sua experiência como educadora.

“O passado é uma forma de abrir a conversa com as questões do presente”, relata, em seu trabalho, o historiador e escritor Allan da Rosa. “Pensar família, abrir o linguajar, viajar, mas com as unhas agarradas no tempo da molecada”, diz o autor, sobre os sentimentos durante o processo de construção do livro Zumbi Assombra quem?, publicado em 2017.

O livro surgiu da conversa com uma colega que teve dificuldade em contar a trajetória do líder quilombola Zumbi dos Palmares a um grupo de jovens em um festival literário. “Ela disse que a oficina tinha sido terrível, que ficou uma hora com a molecada, que falou de Zumbi. A molecada ficou com nojo, disse que Zumbi era um cadáver que anda, que assombra. E ela não conseguia lidar com isso”, lembra.

A partir da provocação, Rosa resolveu trabalhar com fantasmas reais e imaginários que rodeiam crianças e adolescentes, mostrando como surgiu a ideia do livro. “Na hora, eu brinquei e disse que Zumbi assombra mesmo os fazendeiros, os racistas”, disse o escritor, trazendo uma desconstrução do imaginário feito por filmes e jogos da cultura de massa.

De acordo com o autor, o diálogo com o público jovem não torna o livro necessariamente infantojuvenil. “Eu o considero um livro para adultos e crianças, poroso. Cada linha ali tem uma razão, um pulso, que é ser lido em voz alta com a molecada ou com os coroas, nossas pessoas mais velhas”. Para Rosa, o projeto é uma publicação para ser lida de forma compartilhada por duas pessoas, ritual que repetiu todos os dias durante a infância do filho, hoje com 14 anos.

Obras que extrapolam o racismo são fundamentais, na opinião de Luciana Bento. “Poder ver histórias em que as crianças negras têm famílias, sonhos, que não estão sofrendo, é muito importante nesse lugar que a gente se encontra, e nesse espelho em que vivemos nossa realidade”, diz a pesquisadora.

A possibilidade de ser retratada passa até por coisas simples, como no caso de sua filha mais velha, Aisha, que tem 9 anos e gosta de encontrar o próprio nome, de origem africana, nas histórias que lê. “Meninas negras que são cientistas, que tem orgulho do seu cabelo, que fazem várias coisas e conseguem se ver como possibilidade de existência”. São horizontes que se abrem pelas várias histórias.

Livros que precisam, segundo Allan da Rosa, trazer os conflitos e contradições do mundo. “Não fugir das nossas contradições é uma marca da nossa ancestralidade, da epistemologia ancestral, da encruzilhada, a roda com a sua abertura. Muito mais do que uma linha que só vai para frente, do que o maniqueísmo. Eu vejo isso na nossa história estética”, diz o escritor.

(Fonte: Agência Brasil)

Quem é o autor da frase que está na Bandeira Nacional do Brasil?

Dois nomes logo são lembrados na resposta: o primeiro é o de Raimundo Teixeira Mendes, escritor, filósofo, maranhense de Caxias, que, em novembro de 1889, repassou, para os governantes da época, o modelo da bandeira brasileira, prontamente adotado e elogiado (claro, registraram-se algumas insatisfações).

O segundo nome vinculado ao lema “Ordem e Progresso” é o do francês Auguste Comte, escritor e filósofo, que queria uma “religião da Humanidade”, criou o Positivismo – filosófico-religioso ou religioso-filosófico – e, em seus textos sobre a causa, cunhou a frase: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”. Em francês: “L'Amour pour principe, et l'Ordre pour base; le Progrès pour but”.

É patente que o caxiense Teixeira Mendes, à época morando no Rio de Janeiro (RJ), inspirou-se na frase do francês Comte quando pensou no dístico que integraria a Bandeira brasileira, que ele, Teixeira Mendes, criou – e que substituiu a “cópia servil” da bandeira americana então adotada (por quatro dias) como bandeira da novel República sul-americana, em 1889.

Alguns creditam a frase como constante no livro “Testament d'Auguste Comte”, 570 páginas, de novembro de 1896.

Fui pesquisar. Fui ver. Realmente, está ali, na página 90 do “Testament”. A frase francesa distribui-se pela oitava e nona linhas da página e inicia o segundo parágrafo (ou o primeiro, já que as sete linhas anteriores são continuação de parágrafo da página 89).

O “Testament” tem, na verdade, nome mais longo; intitula-se: “TESTAMENT D'AUGUSTE COMTE AVEC LES DOCUMENTS QUI S'Y RAPPORTENT PIÈCES JUSTIFICATIVES PRIÈRES QUOTIDIENNES, CONFESSIONS ANNUELLES, CORRESPONDANCE AVEC Mme. DE VAUX PUBLIÉ PAR SES EXÉCUTEURS TESTAMENTAIRES, CONFORMÉMENT À SES DERNIÈRES VOLONTÉS”.

Como diz o título, foi publicado de acordo com as “últimas vontades” de Comte. Mas o ano de 1896 refere-se à segunda edição. A primeira é de 12 anos antes, 1884. A obra foi publicada por um “fundo tipográfico” da “execução testamentária de Auguste Comte” (“Fonds typographique de l'exécution testamentaire d'Auguste Comte”).

Fui adiante nas pesquisas. A citação constante da edição de novembro de 1896 do “Testament” não caberia, pois a proclamação da república no Brasil dera-se sete anos antes, em 1889 (coincidentemente, em novembro também). Portanto, repita-se, foi neste ano, 1889, que o caxiense Teixeira Mendes apresentou o desenho do nosso pavilhão. Mas como a primeira edição do “Testament” comtiano é de 1884, cinco anos antes da proclamação da república brasileira, a fonte poderia ser essa.

Como disse, fui adiante. Fui ao “site” do prestigioso jornal francês “Le Monde”, um dos mais importantes e mais respeitados do mundo, publicado há 77 anos, desde 19 de dezembro de 1944. Pois bem: no “site” encontro a frase de Comte e o crédito de que ela vem do livro “Système de Politique Positive”, daquele autor. O próprio “site” registra a data de publicação do livro: 1852.

Se forem considerados apenas esses registros, poder-se-ia reivindicar que o caxiense Antônio Gonçalves Dias escreveu a expressão “ordem e progresso” seis anos antes de aparecer, em 1852, a obra “Sistema de Política Positiva”, do francês Auguste Comte.

Com efeito, no dia 8 de maio de 1846, na sua obra “Meditação”, Gonçalves Dias escreveu:

“E não pelejais por amor do progresso, como vangloriosamente ostentais.

Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: – e o que realizar uma obterá a outra”. (Destaque meu).

*

Portanto, façamos a cronologia:

– 1846, 8 de maio: Gonçalves Dias escreve “ordem e progresso” em seu livro “Meditação” (43 anos antes da proclamação da república no Brasil). A frase é: “Porque a ORDEM E PROGRESSO são inseparáveis: – e o que realizar uma obterá a outra”;

– 1852: publicação do livro “Système de Politique Positive”, de Auguste Comte, onde originalmente está a frase inspiradora do lema “Ordem e Progresso”, constante na Bandeira do Brasil. A frase comtiana, seis anos após a de Gonçalves Dias, é: “O Amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim”;

– 1884: primeira edição do “Testament” do francês Auguste Comte;

– 1889, 15 de novembro: Proclamação da República no Brasil;

-- 1889, 19 de novembro (depois oficializado como o Dia da Bandeira brasileira): o caxiense Teixeira Mendes apresenta o desenho da Bandeira brasileira por ele idealizada. Sua sugestão foi imediatamente adotada e não foi demovida por insatisfações de alguns políticos e outros movimentos;

– 1892, novembro: segunda edição do “Testament” de Auguste Comte.

*

Em 5 de setembro de 2021 completaram-se 164 anos da morte do escritor e filósofo francês Auguste Comte, que aconteceu em Paris em 5 de setembro de 1857. O nome completo do talentoso francês era Isidore Auguste Marie François Xavier Comte, e ele nasceu em Montpellier, em 19 de janeiro de 1798. Assim, neste ano de 2021, são 223 anos de nascimento do criador do Positivismo.

Este é um texto aligeirado sobre “anterioridades” relacionadas ao lema “Ordem e Progresso”, que foi apropriado pelo caxiense Raimundo Teixeira Mendes de texto (e ideias) de autoria de um filósofo de que ele era seguidor, Auguste Comte.

Claro que há distinções, diferenciações na textualização de “Ordem e Progresso”: Gonçalves Dias escrevia um romance; Auguste Comte defendia uma causa, queria instituir uma nova religião, por ele considerada a “religião da humanidade”, o Positivismo.

Assim, a palavra “ordem” e a palavra “progresso”, isoladamente ou em conjunto, permeiam os livros, os textos do autor francês, inclusive mesmo antes de sua obra de 1852, considerada a obra-fonte da frase que inspirou o caxiense, maranhense e brasileiro Teixeira Mendes na elaboração da Bandeira de seu país.

Gonçalves Dias dominava o francês, conhecia Paris. Poderia ter tido acesso à obra comtiana? Sim, poderia. Por sua vez, Teixeira Mendes – que conhecia Comte, que conhecia a França e sabia francês – TAMBÉM conhecia seu conterrâneo, o igualmente caxiense, o talqualmente maranhense e patrioticamente brasileiro Gonçalves Dias.

Não tenho dúvidas de que Teixeira Mendes verdadeiramente bebeu na frase de Auguste Comte.

Também não tenho dúvidas de que, consideradas as datas das obras do francês Comte (“Sistema de Política Positiva”) e do caxiense Gonçalves Dias (“Meditação”), este, no mínimo, tem uma certa anterioridade na construção frasal, acrescida de complemento explicativo.

Evidentemente, ninguém tem domínio de tudo o que se escreve e já se escreveu em nosso planeta, nos diversos idiomas, existentes e já extintos. Registros estatísticos nos informam que surge 1 livro novo a cada 30 segundos. Que em UM ANO são UM MILHÃO (1.000.000) de livros, os quais precisariam de 20 quilômetros de estantes para acomodá-los. Tristemente se registra que, para cada livro que um ser humano lesse em 1 dia, ele teria de não ler outros QUATRO MIL livros (4.000).

Desse modo, é quase impossível não haver construções frasais iguais ou assemelhadas nos livros e literaturas deste mundo. Como já escrevi, nós humanos temos de ser ilimitados em nossos limites: temos, em caracteres latinos, apenas 26 letras para escrevermos todos os poemas de amor – e também todas as declarações de guerra;...

... temos apenas 10 algarismos para com eles calcularmos todas as distâncias astronômicas e medirmos as variadas dimensões microscópicas;...

... temos apenas 7 notas musicais, para com elas elaborarmos a sinfonia mais enlevadora e a música brega mais rasgada...

Enfim, somos incontidos em nossas contenções. Somos superposições.

Somos humanos – buscando uma ORDEM no caos ético e o PROGRESSO ante desigualdades sociais.

Somos humanos.

* Edmilson Sanches

A cidade maranhense de Caxias é provavelmente a única a estar presente simultaneamente na história dos dois maiores símbolos da nossa Nação – a   Bandeira e o Hino.

A Bandeira é uma criação do filósofo e matemático caxiense Raimundo Teixeira Mendes (1855-1927). Seu dia, 19 de novembro, é a data em que, em 1889, quatro dias após a Proclamação da República, Teixeira Mendes entregou ao marechal Deodoro da Fonseca o desenho que o maranhense voluntariamente criou. Durante quatro dias, de 15 a 19 de novembro, a Bandeira brasileira era uma “cópia servil” da bandeira dos Estados Unidos pintada de verde e amarelo (no lugar do vermelho e branco americanos).

Na Bandeira brasileira, até a frase “Ordem e Progresso”, extraída por Teixeira Mendes da obra do filósofo francês Auguste Comte, pode ser creditada ao poeta caxiense Gonçalves Dias, que a escreveu e a descreveu em sua obra “Meditação”, de 1846, enquanto o livro “Système de Politique Positive”, de Comte, é de 1852. Trato extensamente desse assunto em meu texto “’Ordem e Progresso’  --  Um Lema Caxiense?”.

Se o Maranhão e Caxias estão presentes na Bandeira do Brasil, com o desenho e, quiçá, com o lema, também é dupla a participação maranhense-caxiense no Hino Nacional: os trechos de versos da “Canção do Exílio”, do caxiense Gonçalves Dias, na letra do Hino (“nossos bosques têm mais vida” e “nossa vida [em teu seio] mais amores”) e a proposição legal de o Hino Brasileiro ter uma letra (pois antes era só melodia).

A proposição foi do escritor caxiense Coelho Netto, quando deputado federal, no Rio de Janeiro (antiga capital da república). Coelho Netto, que era deputado federal e desde 1906 defendia uma letra para o Hino brasileiro, apresentou duas emendas sobre o assunto, em 1909 e 1910, que foram rejeitadas, mas, em 1922, no centenário da Independência, o Congresso Nacional, por pressão do presidente Epitácio Pessoa, finalmente aprovou uma letra para o Hino, de autoria de Osório Duque-Estrada. Coelho Netto escreveu, em 1909: “– Esse hino tem sido companheiro das nossas glórias e vicissitudes e precisa ser cantado por todos os filhos deste grande país. É um hino que canta, mas não fala. É preciso que fale, que saiba traduzir a beleza das nossas mulheres, a pureza do nosso céu, o ruído das nossas cascatas e a impetuosidade do nosso amor”.

*

A Bandeira brasileira

Nos mais diversos lugares e localidades deste país, seja em um submarino brasileiro no fundo do mar, seja no Pico da Neblina, no mais rarefeito ar, está tremulando especialmente a Bandeira do Brasil – criação de um caxiense, Raimundo Teixeira Mendes.

Desde 19 de novembro de 1889, após a proclamação da República, a bandeira que estamos vendo agora é a mesma que vem presidindo e testemunhando, do mais alto ponto, o correr dos acontecimentos em nosso território.

Cada símbolo nacional tem a sua função, o seu valor. Mas nem o selo, nem o sinete, nem mesmo o brasão das armas nacionais têm estado tão presente nos olhos e na alma do povo brasileiro quanto a sua bandeira.

A bandeira é o hino em tecido: basta vê-la nos grandes momentos para sentirmos aquela mesma comoção sadia, a mesma emoção positiva de orgulho cívico, de cidadania gloriosa.

É assim ao vibrarmos com o esportista vitorioso que empunha, mesmo sem mastro, o quadrilátero verde-amarelo.

É assim ao nos comovermos com a bandeira enorme sob a qual desfilam anônimas pessoas do povo nas passeatas.

É assim quando a vemos empunhada por braços firmes e passadas fortes dos estudantes e dos soldados nos desfiles de 7 de setembro.

A Bandeira brasileira não deve ser um objeto com datas certas para acontecer, aparecer. Ela deve estar mais presente no dia a dia. Na capital do país, Brasília, pessoas da iniciativa privada mantêm um movimento cívico para ter-se e manter-se a Bandeira brasileira frente aos prédios de suas empresas. Não se trata de ufanismo piegas, mas de orgulho de ser cidadão e de pertencer a esta nação.

A Bandeira é isso: aquela que se eleva no simbolismo da luta; aquela que se declina no momento de luto.

Seja no calor da batalha ou na frieza da mortalha, a bandeira, a meio mastro ou no alto, ensina que não nos devemos baixar, derrotados ou derrotistas. Devemos, sim, abrir os olhos e firmar a visão, num gesto de determinação e de superação que “aos fortes e aos bravos só pode exaltar”.

E pelo pouco tempo de existência de nosso país, ter conseguido o destaque que nós temos no concerto das nações significa que esta também é uma terra de bravos.

Viva a Bandeira brasileira! Tenha-a sempre à mão. Agite-a: ela espanta os insetos da anticidadania. Use-a: ela é um tônico contra a falta – ou a fraqueza – de civismo.

Que a mensagem de ORDEM E PROGRESSO de nossa Bandeira continue a balizar o caminho pelo qual todos nós, governantes e governados, empregadores e empregados, devemos trilhar. Que a ordem, aqui, signifique não só disciplina e disposição, mas também boa administração das coisas e das causas públicas. E que o progresso seja, por sua vez, sinônimo de justiça social.

Que as cores da bandeira adquiram outros tons. Que o verde, além do simbolismo das matas, seja o da esperança realizadora daqueles que não se acomodam.

Que o amarelo não represente apenas a fartura do nosso ouro, mas a riqueza da cultura do nosso povo.

Que o azul não se limite ao limite das nossas vistas, que é o céu; mas se amplie por uma visão além dele, que é o espírito.

E o branco, que este não simbolize apenas a paz que é a ausência de guerra, mas a paz de consciência ante as muitas guerras que temos de vencer para reabilitar a maior parte do nosso povo e fortalecer, assim, a própria cidadania, a própria nacionalidade, o próprio país.

* Edmilson Sanches

Fotos: A Bandeira brasileira em Brasília (DF). A bandeira que vigorou no Brasil por quatro dias, de 15 a 18 de novembro de 1889. O livro de Teixeira Mendes sobre a Bandeira (1958; acervo de Edmilson Sanches). O livro de Edmilson Sanches sobre Teixeira Mendes (2ª edição, 2020).

Como são escolhidas as questões do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem)? O que é o Banco Nacional de Itens (BNI)? O nível das provas é o mesmo todos os anos? Qual o impacto disso nas notas dos participantes? Colocar de pé uma avaliação como o Enem não é algo simples, envolve diversas pessoas e instituições. A Agência Brasil preparou um passo a passo de como as provas do Enem são elaboradas.

O Enem é composto por uma prova de redação e quatro provas com 45 questões objetivas cada uma: linguagens, matemática, ciências humanas e ciências da natureza.

Os itens do Enem são elaborados por especialistas selecionados por meio de chamada pública do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Eles devem seguir a matriz de referência, guia de elaboração e revisão de itens estabelecidos pelo Inep. Após escritos, os itens passam, então, por revisores e, depois, por especialistas do Inep.

Finalmente, os itens são pré-testados em aplicações feitas em escolas pelo país. O processo é sigiloso, e os estudantes não sabem que estão respondendo a possíveis questões do Enem. Com a aplicação, avalia-se a dificuldade, o grau de discriminação e a probabilidade de acerto ao acaso da questão. Os itens aprovados passam a compor o BNI, que fica disponível para aplicações futuras do Enem.

Acesso ao BNI

Para ter acesso ao BNI, é preciso seguir um protocolo de segurança. Todos os servidores e colaboradores com autorização de acesso aos itens assinam termos de sigilo e confidencialidade.

O BNI fica no Ambiente Físico Integrado Seguro, localizado na sede do Inep, em Brasília. O ambiente fica isolado, possui salas com abertura somente com o uso de digitais e computadores sem acesso à internet ou à intranet da autarquia.

Todo o processo de captação, elaboração e revisão de itens para compor o Enem e outros exames do instituto ocorre nesse espaço. Não se sabe ao certo quantas questões compõem o banco do Enem, pois a informação é sigilosa.

Elaboração das provas

As questões que vão compor a prova do Enem são selecionadas no fim do primeiro semestre do ano, por especialistas do Inep, com auxílio de professores de diversas instituições de ensino básico e superior. A seleção, de acordo com cartilha disponibilizada pelo Inep, leva em conta a cobertura da matriz de habilidades e competências de cada área do conhecimento, bem como a atualidade das temáticas dos itens e seus parâmetros psicométricos.

As questões são selecionadas de forma que o nível de dificuldade das provas seja o mesmo todos os anos. Assim, é possível comparar o desempenho dos candidatos em anos diferentes. Em 2021, as questões do Enem impresso e do digital serão as mesmas. O tema da redação também será igual.

Selecionados, o tema da redação e as questões da prova são salvos em um HD levado de avião, por um servidor do Inep, até a gráfica de segurança máxima, onde o exame é impresso. Outro servidor embarca, em um avião diferente, levando a senha que permitirá a abertura dos arquivos do HD.

A videoprova em Língua Brasileira de Sinais (Libras) é gravada em um estúdio montado dentro do Ambiente Físico Integrado Seguro, no Inep. Os DVDs com o conteúdo da prova também são enviados para a gráfica. As provas são empacotadas e recebem lacres de segurança, que registram o momento em que os malotes são abertos. Os pacotes das provas são separados por sala e local de aplicação. Todo esse processo é feito pelo menos três meses antes da aplicação do exame.

O processo de elaboração da prova ganhou evidência na reta final para a realização do Enem. Este mês, servidores do Inep realizaram ato para informar problemas que vêm acontecendo na atual gestão do presidente Danilo Dupas. O ato culminou no pedido de exoneração dos cargos ocupados por 37 servidores.

Diante dessa situação, a Defensoria Pública da União (DPU) acionou a Justiça Federal para pedir ao Inep documentos que comprovem as medidas que estão sendo tomadas pela autarquia para garantir a segurança do Enem. Tanto Dupas quanto o ministro da Educação, Milton Ribeiro, negam que tenha havido fraude na prova e garantiram a realização do Enem.

Em 2019, o Inep chegou a criar uma comissão para definir o que não seria usado no Enem. O grupo fez uma análise dos itens da BNI. Em sessão no Senado Federal, esta semana, Dupas afirmou que as provas do Enem 2021 “foram montadas pela equipe técnica seguindo a metodologia que vem sendo adotada, a Teoria de Resposta ao Item (TRI). A prova possui um conjunto de questões de diversos níveis de dificuldade que são calibradas para garantir um certo nível de prova. É comum, portanto, que, durante a montagem da prova, tenha itens que são colocados e itens que são retirados justamente para garantir o nivelamento das provas”.

Enem 2021

O Enem será aplicado nos dias 21 e 28 de novembro para mais de 3 milhões de estudantes em todo o país, tanto na versão impressa quanto na versão digital. No primeiro dia de prova, os participantes farão as provas de linguagens, ciências humanas e redação. No segundo, matemática e ciências da natureza. Os locais de prova estão disponíveis no Cartão de Confirmação de Inscrição na Página do Participante.

O Enem seleciona estudantes para vagas do ensino superior em universidades públicas, pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu), para bolsas em instituições privadas, pelo Programa Universidade para Todos (Prouni), e serve de parâmetro para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Os resultados também podem ser usados para ingressar em instituições de ensino portuguesas que têm convênio com o Inep.

Para testar os conhecimentos, os estudantes podem acessar, gratuitamente, o banco de questões do Enem de 2009 a 2020, organizado pela Empresa Brasileira de Comunicação (EBC). No sistema, é possível escolher quais áreas do conhecimento se quer estudar. O banco seleciona as questões de maneira aleatória. 

(Fonte: Agência Btasil)

A pesquisa Educação não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias revelou que estudantes negros mais pobres sofreram mais com impactos negativos durante a pandemia de covid-19 no país. No período de escolas fechadas, este foi o grupo que mais demorou para ter acesso a atividades remotas e não conseguiu aumentar o acesso a computadores com internet.

A análise foi feita pela Plano CDE com base nos dados de pesquisa Datafolha, encomendada por Itaú Social, Fundação Lemann e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), entre maio de 2020 e setembro de 2021, que entrevistou com pais e responsáveis por crianças e adolescentes da rede pública.

Nos dois recortes de renda analisados – até dois salários mínimos e mais de dois salários mínimos –, os estudantes negros foram os mais impactados negativamente no que se refere a acesso a atividades remotas, conectividade, medo de desistir dos estudos e reabertura de escolas.

Quando a questão é o acesso a atividades remotas, seja digital ou impresso, no início do período em que as escolas ficaram fechadas, o acesso a atividades remotas era desigual. Em maio de 2020, 79% dos estudantes brancos já tinham esse tipo de acesso, contra 70% dos alunos negros.

A proporção se revelou ainda pior quando considerada a classe social: 84% para estudantes brancos com renda de mais de dois salários mínimos e 68% para os negros em famílias que recebem até dois salários mínimos. Em setembro de 2021, houve queda na desigualdade de acesso a atividades remotas, sendo que 98% dos estudantes brancos tinham tal acesso ante 97% dos estudantes negros.

Conectividade

Em relação à conectividade, a desigualdade entre estudantes negros e brancos não diminuiu ao longo da pandemia. Dados de setembro de 2021 mostram que um estudante negro de renda familiar abaixo de dois salários mínimos tem quatro vezes menos chance de ter em sua casa um computador com internet na comparação com um branco de renda familiar maior que dois salários mínimos, são 21% contra 86%, respectivamente. Em maio de 2020, eram 23% ante 79%.

“Uma de nossas maiores preocupações está nesse gargalo de conectividade entre estudantes de diferentes raças e classes sociais. A dificuldade em acessar os conteúdos remotos gera desmotivação, e essa falta de engajamento pode agravar o risco de desistência dos estudos, principalmente quando falamos de crianças e adolescentes negros com menor renda familiar”, avaliou Cristieni Castilhos, gerente de Conectividade da Fundação Lemann.

Evasão escolar

O medo dos pais com a evasão escolar cresceu em todas as dinâmicas familiares analisadas, entre maio de 2020 e setembro de 2021. No entanto, os dados sobre estudantes negros com renda de até dois salários mínimos apresentaram desvantagem. Metade (50%) deles estava em risco de desistir dos estudos em setembro deste ano, enquanto, entre os brancos com renda de mais de dois salários mínimos, esse número foi de 31%.

Nesse quesito, o gênero também influenciou os resultados, sendo que 47% de pais ou responsáveis por meninas negras de famílias mais pobres têm medo que os jovens desistam da escola, contra 36% para as meninas brancas com renda maior.

Em maio do ano passado, eram 37% dos pais e responsáveis de estudantes negros com renda de até dois salários mínimos tinham medo que o jovem desistisse da escola, ante 13% para os estudantes brancos com renda de mais de dois salários mínimos.

“Estudantes negros de famílias de menor renda enfrentam um cenário de crescentes dificuldades e desemprego em alta. Como muitos são responsáveis por suprir a renda familiar, não veem na educação uma perspectiva de melhoria da qualidade de vida. Assim, diminui muito seu interesse pela continuidade dos estudos”, explicou Angela Dannemann, superintendente do Itaú Social.

Segundo Angela, para proporcionar mais equidade, é importante alocar mais recursos em escolas localizadas nas periferias, além de realizar ações de recomposição da aprendizagem e correção de defasagem dos estudantes em relação à idade e à série.

Reabertura de escolas

O processo de reabertura de escolas, que tem acelerado neste ano, também atingiu os grupos de forma desigual. Em setembro de 2021, 74% dos estudantes brancos contavam com suas escolas abertas, contra 63% dos negros.

Os números são ainda mais distantes quando considerada a classe social, sendo 53% para alunos negros com renda abaixo de dois salários mínimos e 83% para os brancos com famílias acima de dois salários mínimos.

“A reprodução de padrões de desigualdade da sociedade brasileira no processo de reabertura das escolas preocupa pelos potenciais prejuízos para o futuro desta geração. Os estudantes negros, que já sofreram com o menor acesso a conectividade enquanto estavam com aulas remotas, têm hoje menos garantia de retorno às escolas, o que pode afetar negativamente o seu aprendizado e a própria permanência na escola”, avaliou Daniel de Bonis, diretor de Políticas Educacionais da Fundação Lemann.

(Fonte: Agência Brasil)

A Academia Brasileira de Letras (ABL) elegeu, hoje (18), o médico e escritor Paulo Niemeyer Filho como o novo ocupante da Cadeira 12 de seu Quadro de Membros Efetivos, que ficou vaga com a morte do acadêmico e professor Alfredo Bosi, que aconteceu no dia 7 de abril de 2021. Niemeyer foi eleito com 25 votos.

Participaram da eleição 34 acadêmicos de forma presencial ou virtual. Os ocupantes anteriores da Cadeira 12 foram: Urbano Duarte (fundador) – que escolheu como patrono França Júnior –, Augusto de Lima, Vítor Viana, José Carlos de Macedo Soares, Abgar Renault e Dom Lucas Moreira Neves. Niemeyer concorreu com Joaquim Branco e o indígena  Daniel Munduruku.

De acordo com o presidente da ABL, Marco Lucchesi, “Paulo Niemeyer entra para a Academia Brasileira de Letras como agente da ciência e da cultura, em sintonia com o humanismo e a modernidade. Sua presença reafirma o compromisso desta Casa com o conhecimento integral, de que ele, Paulo, é mestre consumado”.

Biografia

Paulo Niemeyer Filho nasceu no dia 9 de abril de 1952, no Rio de Janeiro. Filho de Paulo Niemeyer Soares e Maria Pia Rafaela Guilhermina Alice Torres Guimarães, graduou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1975. Iniciou sua residência em Neurocirurgia na Clínica Neurocirúrgica Dr. Paulo Niemeyer, na Casa de Saúde Dr. Eiras e dedicou seu primeiro ano de residência ao estudo da Neurologia e Neurorradiologia, no The National Hospital for Nervous Diseases, Institute of Neurology, University of London, Queen Square, onde estagiou como Post-Graduate Fellow.

Em 1977, foi nomeado Chefe do Serviço de Neurotomografia Computadorizada da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. No ano seguinte, foi contratado como médico Neurocirurgião do Hospital Municipal Souza Aguiar. Em 1979, introduziu, no Brasil, nova técnica microcirúrgica para tratamento de nevralgia do trigêmio, que teve a oportunidade de aprender na University of Gainsville, na Flórida. Ao término de 1979, foi nomeado diretor do Instituto de Neurocirurgia da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.

Entre outros títulos, Niemeyer atualmente é diretor médico do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer e Membro do Conselho da Fundação do Câncer. Na ocasião de sua candidatura como Membro Titular da Academia Nacional de Medicina, apresentou memória intitulada Experiência com a Cirurgia dos Aneurismas Intracranianos da Fossa Posterior.

(Fonte: Agência Brasil)