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Termina, nesta terça-feira (30), o prazo para votação na nova data para a realização das provas adiadas devido à pandemia da covid-19. A enquete, disponível somente aos inscritos pela Página do Participante, apresenta três opções de datas:

1) Enem impresso em 6 e 13 de dezembro de 2020; e Enem digital em 10 e 17 de janeiro de 2021;

2) Enem impresso 10 e 17 de janeiro de 2021; e Enem digital em 24 e 31 de janeiro de 2021;

3) Enem impresso em 2 e 9 de maio de 2021; e Enem digital em 16 e 23 de maio de 2021.

Os inscritos que desejarem votar em uma das três sugestões deverão seguir o passo a passo: Acessar a Página do Participante; fazer o “login” (CPF e senha) no portal; clicar em Enquete; escolher uma das três opções e, finalmente, clicar em "enviar". Finalizado o processo, a contribuição será computada.

O Instituto Anísio Teixeira (Inep) alerta que as informações a respeito do Enem 2020 podem ser acompanhadas nos portais do Ministério da Educação (MEC), assim como nas redes sociais oficiais dos dois órgãos do governo federal. Dúvidas relativas ao processo de inscrição podem ser sanadas pelo Fale Conosco, por meio do autoatendimento “on-line” ou do 0800 616161 (somente chamadas de telefone fixo).

Números

A edição 2020 do Enem tem 5,8 milhões de inscritos. Segundo o Inep, o total marca um aumento de 13,5% em relação ao ano passado. O Instituto credita a ampliação dos participantes a fatores como a modalidade digital, extensão do período de pagamento e gratuidade automática. A modalidade sem custo foi utilizada por 83% dos inscritos.

Do total, 65,6% terminaram o ensino médio em anos anteriores, mais da metade tem mais de 20 anos de idade, e 60% são mulheres. No recorte por cor, 47% são pardos, 34,7% são brancos, 13,3% são pretos e 2,2% são amarelos.

(Fonte: Agência Brasil)

O programa “Impressões”, da TV Brasil, convidou a monja Coen, fundadora da Comunidade Zen-Budista Zendo Brasil, para falar sobre as aflições típicas dos tempos de pandemia e apontar caminhos para se buscar o equilíbrio neste momento.

Mestra dos ensinamentos de Buda e autora de diversos livros, ela recomenda a meditação, que começa pela respiração consciente. Coen admite: “Quando comecei a meditar era muito difícil. Colocava um reloginho à minha frente e cinco minutos pareciam uma eternidade. Era um horror”. Durante a entrevista, a monja ensina algumas técnicas que podem ajudar os iniciantes na prática, que garante trazer alívio para incômodos emocionais comuns neste período, como ansiedade, medo e raiva.

“Você perceber o que está acontecendo com você é a única maneira de você ter algum controle. E não é controlar as emoções. É percebê-las e deixar que passem. Quando a gente fala de budismo, a gente fala de autoconhecimento e autoconhecimento é libertação”, afirma a religiosa.

Este não é um momento para acerto de contas emocionais, nem para remoer os rancores, segundo a monja, mas de considerar tudo o que foi vivido como uma bagagem extra para encarar o presente com plenitude.

“O que passou serviu como uma experiência para o que estamos passando agora, e o que vai chegar, ainda não chegou. Estar presente no momento e ver com plenitude o agora é a única maneira de atravessarmos (esta fase). Só tem uma maneira: atravessar com presença pura. Nós dizemos, no budismo, que presença pura é sabedoria”, ensina Coen.

A missionária zen-budista declara respeito a outras religiões e reconhece que, qualquer que seja o caminho escolhido, exige determinação.

“A mente é incessante e luminosa. Ela não para. Tem inúmeros estímulos. Você pode perceber esses estímulos todos e escolher o que você quer estimular. Como você escolhe que programa você assiste, que livro você lê, como você escolhe seus amigos e como você conversa com essas pessoas e quais são os assuntos. Através das nossas escolhas, nós vamos encontrando estados mentais. E podemos encontrar estados mentais de tranquilidade que a gente chama de estado Buda, de sabedoria e compaixão, onde há tranquilidade, assertividade e ternura”, afirma.

A monja explica que o estado mental tem relação com a imunidade. Manter aceso o olhar curioso da criança, de ver o mundo de uma forma inédita e se apaixonar pelos pequenos detalhes, pode ser um hábito poderoso. “A imunidade depende do nosso estado de tranquilidade. Não só, mas muito. Quando o coração fica quentinho, quando é gostoso. A gente tem que encontrar alguma coisa na vida que sinta prazer em ver”, acrescenta.

Quanto aos questionamentos com os quais muitas pessoas se deparam na atual situação, a monja é assertiva: “Pare de se lastimar e falar ‘queria poder abraçar’. Tem que ser bom agora. Onde você está é o melhor lugar do mundo, porque sua vida está aqui. Aprecie a sua vida. Aprecie as pessoas perto de você”.

(Fonte: Agência Brasil)

Pesquisa realizada pelo Departamento de Psiquiatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), sobre a exposição excessiva às telas de computador, televisão, celular, “tablet” ou videogame mostrou que mais de 55% das crianças avaliadas faziam as refeições assistindo à televisão, e 28% passavam longos períodos utilizando mídias de tela. Além disso, o uso excessivo de mídia de tela aumentou o risco de as crianças apresentarem habilidades motoras pobres, acentuou a inatividade física e diminuiu as horas de sono. O estudo abrangeu 900 crianças em idade pré-escolar, de 4 a 6 anos.

Para a pesquisa foram entrevistados pais ou responsáveis que responderam a questionário para determinar o perfil de atividade física e duração de sono da criança. As perguntas englobaram informações sobre os níveis de atividade física das crianças, número de horas de sono durante a noite e o dia, uso da mídia de tela e hábitos de uso. Para o tempo de uso das mídias de tela havia quatro opções de resposta: menos de 1h por dia; mais de 1h por dia até menos de 2h por dia; 2h por dia; ou mais de 2h por dia.

“As crianças realizaram uma avaliação motora completa, com testes como manuseio de objetos, andar em linha reta, pular, ficar na ponta dos pés, imitação de gestos, noções de direita e esquerda, repetir frases e reprodução de estímulos visuais e auditivos”, explicou a fisioterapeuta e doutoranda do Departamento de Psiquiatria da EPM/Unifesp, que conduziu a pesquisa, Érika Felix.

De acordo com Érika, o aumento do risco de comprometimento das habilidades motoras em função do uso excessivo das telas se justifica pelo fato de que a infância é um período crucial para o desenvolvimento motor e cognitivo e é significativamente influenciada pelo ambiente.

“Assim, recomenda-se que crianças de até 11 anos realizem pelo menos 60 minutos de atividade física por dia, tenham 2 horas ou menos de uso de mídia de tela de lazer por dia e durmam de 9 a 11 horas por noite”, disse.

Com a chegada da covid-19 no Brasil e a necessidade do isolamento social, as atividades ficaram limitadas, e as crianças aumentaram o uso desses equipamentos. Segundo o levantamento, crianças de todas as idades passavam, em média, cerca de 3 horas de seus dias nas telas antes desta crise, período que passou para 6 horas, número que pode ser até maior, de acordo com a pesquisadora.

“Temos que fazer o que é prático e possível no momento para sobreviver, e isso inclui, também para as crianças, em ter mais tempo de tela. Mas a supervisão dos pais é de extrema importância, enfatizando que o tempo na tela não deve substituir a atividade física e o sono suficiente para todos”, concluiu a fisioterapeuta.

(Fonte: Agência Brasil)

Verbos e acentos gráficos juntos provocam muita dor de cabeça.

Neste domingo, vejamos se eles TEM ou TÊM ou TÊEM razão.

Dicas gramaticais

1. TEM ou TÊM ou TÊEM?
“Ele TEM” = 3ª pessoa do singular do verbo TER (presente do indicativo);
“Eles TÊM” = 3ª pessoa do plural;
“TÊEM” não existe.

2. VEM ou VÊM ou VÊEM?
“Ele VEM” = 3ª pessoa do singular do verbo VIR (presente do indicativo);
“Eles VÊM” = 3ª pessoa do plural do verbo VIR (presente do indicativo);
“Eles VEEM” = 3ª pessoa do plural do verbo VER (presente do indicativo).

OBSERVAÇÃO 1:
Só os verbos do grupo “crê-dê-lê-vê” (CRER, DAR, LER e VER) terminam em “-EEM”:
Ele crê – eles creem (presente do indicativo);
Que ele dê – que eles deem (presente do subjuntivo);
Ele lê – eles leem (presente do indicativo);
Ele vê – eles veem (presente do indicativo).

OBSERVAÇÃO 2:
Esta regra também se aplica aos verbos derivados: descrer, reler, prever, rever...
Ele relê – eles releem;
Ele prevê – eles preveem.

OBSERVAÇÃO 3:
Todas as palavras terminadas em “OO(S)” perderam acento circunflexo: voo (verbo = “eu voo” ou substantivo = “O voo foi ótimo”.), enjoo(s), perdoo, magoo, abençoo...

3. REFEM ou REFÉM?
O certo é REFÉM.

Todas as palavras oxítonas (= sílaba tônica na última sílaba) terminadas em “ÉM (ÉNS)” recebem acento agudo se tiverem mais de uma sílaba: recém, porém, alguém, ninguém, armazéns, parabéns, tu intervéns, tu deténs...

OBSERVAÇÃO:
As palavras monossílabas terminadas em “EM (ENS)” não têm acento agudo: bem, trem, ele tem, ele vem (3ª pessoa do singular)...

4. CONTEM ou CONTÉM ou CONTÊM ou CONTÊEM?
CONTEM = do verbo CONTAR: “É preciso que vocês contem tudo”.
CONTÉM = 3ª pessoa do singular do verbo CONTER: “A garrafa contém gasolina”.
CONTÊM = 3ª pessoa do plural do verbo CONTER: “As garrafas contêm gasolina”.
“CONTÊEM” não existe.

OBSERVAÇÃO:
Todos os verbos derivados de TER ( = deter, reter, manter, obter...) terminam em “ÉM” na 3ª pessoa do singular e em “ÊM” na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: ele detém – eles detêm; ele mantém – eles mantêm; ele contém – eles contêm.

5. PROVEM ou PROVÉM ou PROVÊM ou PROVÊEM?
PROVEM = do verbo PROVAR: “É preciso que vocês provem o que disseram”.
PROVÉM = 3ª pessoa do singular do verbo PROVIR: “O produto provém da Argentina”.
PROVÊM = 3ª pessoa do plural do verbo PROVIR: “Os produtos provêm da Argentina”.
PROVEEM = 3ª pessoa do plural do verbo PROVER (= abastecer): “Os armazéns se proveem do necessário”.

OBSERVAÇÃO:
Todos os derivados de VIR (= advir, convir, intervir, provir...) terminam em “ÉM” na 3ª pessoa do singular e em “ÊM” na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo: “ele intervém, provém...” e “eles intervêm, provêm...”

Acrescentando...

“Veem” sem acento e “vêm” com acento
O Novo Acordo Ortográfico determina a supressão do acento circunflexo das formas verbais terminadas em “-eem”. São palavras paroxítonas cujo acento gráfico é, de fato, desnecessário.

Essas formas aparecem nos verbos “crer”, “ler” e “ver” conjugados na terceira pessoa do plural do presente do indicativo (eles creem, eles leem, eles veem) e no verbo “dar” conjugado na terceira pessoa do plural do presente do subjuntivo (que eles deem), bem como em seus derivados.

Vale observar que, embora não seja um derivado de “ver”, o verbo “prover” se conjuga como ele por analogia. Vale, portanto, a nova regra também para o verbo “prover”: eles proveem.

É importante levar em consideração que os acentos dos verbos “ter” e “vir” e de seus derivados não sofreram alteração. Assim, continuamos empregando as formas “ele tem” / “eles têm” e “ele vem”/ “eles vêm”. Seus derivados, por serem palavras oxítonas (não monossílabos), devem ser acentuados tanto na terceira pessoa do singular como na do plural (o que já ocorre com as demais oxítonas terminadas em “-em”, como “vintém”, “refém”, “ninguém” etc.). Varia, como sabemos, o tipo de acento: agudo no singular e circunflexo no plural. Daí, as formas “ele mantém”/ “eles mantêm” e “ele intervém”/ “eles intervêm”.

Como as oxítonas terminadas em “-ens” também são acentuadas, as formas de segunda pessoa do singular desses verbos são igualmente acentuadas. Assim: tu manténs, tu deténs, tu reténs, tu intervéns, tu provéns etc.

Paroxítonas terminadas em “-oo” perdem o acento circunflexo

As palavras paroxítonas terminadas em “-oo” agora perdem o acento circunflexo. Assim, no lugar de “vôo”, temos “voo”, “enjôo” muda para “enjoo” e assim por diante.

Esse tipo de formação ocorre sobretudo nas formas verbais de primeira pessoa do singular do presente do indicativo dos verbos terminados em “-oar” e em “-oer”. Assim: eu magoo (magoar), eu perdoo (perdoar), eu abençoo (abençoar), eu doo (doar), eu coo (coar), eu moo (moer), eu roo (roer) etc.

A forma reduzida de “zoológico”, “zoo”, também perde o acento.

Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo:
“Se __________ o material necessário, anotaremos tudo que vocês __________ no dia em que nos __________ novamente”.
(a) obtivermos – propuzerem – vermos;
(b) obtermos – proporem – virmos;
(c) obtermos – propuserem – vermos;
(d) obtivermos – propuserem – virmos.

Resposta do teste: Letra (d).
A frase exige o uso dos verbos no futuro do subjuntivo. O verbo OBTER é derivado de TER: se nós TIVERMOS, logo se nós OBTIVERMOS. O verbo PROPOR é derivado de PÔR: se eles PUSEREM, logo se eles PROPUSEREM, com "s". E o futuro do subjuntivo do verbo VER é: quando eu VIR, tu VIRES, ele VIR, nós VIRMOS, vós VIRDES e eles VIREM.

DIA 2 DE AGOSTO, INTERIOR DO MARANHÃO: “ESTOU MORRENDO DE UMA DOENÇA CONTAGIOSA. PEÇO-LHE PARA NÃO INVESTIGAR AS CONDIÇÕES DE MINHA MORTE. VOU COMETER SUICÍDIO”.

Você é jovem. Tem 27 anos e já é um cientista, com doutorado e tudo, com estudos e trabalhos feitos em diversas partes do mundo e é considerado um dos mais promissores talentos em sua área. Tem uma irmã. É bem-nascido: o pai é médico, pioneiro no uso da novocaína em anestesia e fundador do maior hospital da região; a mãe também é médica, dedica-se a crianças e é ativista na luta contra a tuberculose.

Então, em fluente inglês escreve uma carta, onde, de início e diretamente, expõe o próprio drama e anuncia a tragédia particular: “I am dying of a contagious disease. I request you to not investigate the conditions of my death. I am going to commit suicide”.

E o ato final: as mãos empunham uma faca e, incompreensão das incompreensões, desespero dos desesperos, pesadelo dos pesadelos, horror dos horrores, em diversos e sucessivos golpes, a lâmina metálica fria agride, desfere e fere, lacera e dilacera, talha e retalha, parte e reparte partes do próprio corpo.

Mas o fim próximo, se estava anunciado, não estava completo: aos golpes de faca afiada sucedem o martírio derradeiro, a sevícia última, a violência autoinfligida fatal: o corpo esfaqueado, esburacado, sangrento e sangrando, encaminha-se rumo... à forca.

Na presença de duas testemunhas pasmas e impotentes, em um cenário de matas e morros, pendurado a um nó de corda, um homem se mata e morre.

Foi em Carolina, Maranhão, no dia 2 de agosto de 1939. Com apenas 27 anos, o antropólogo e Ph.D. norte-americano Buell Halvor Quain, nascido em Bismarck, cidade de 148 anos, 80 quilômetros quadrados, 61 mil habitantes e capital do Estado de Dakota do Norte, Estados Unidos, comete suicídio. Deixou sete cartas para amigos brasileiros e para familiares e colegas nos Estados Unidos. Lúcido, pode-se dizer, isentou as duas testemunhas – dois índios – de qualquer responsabilidade em relação à sua morte.

Embora tenha merecido registros e elogios de antropólogos e etnólogos como o francês Claude Lévi-Strauss – considerado uma das grandes inteligências do século XX, falecido em 2009, um mês antes de completar 101 anos –, Buell Quain e seus quatro livros (três deles “post mortem”) parecem ter ficado esquecidos. Sua vida e sua morte, ou melhor, o mistério que as circunda e envolve, foi objeto do livro “Nove Noites” (2002), do escritor brasileiro Bernardo Carvalho. A obra é assumidamente parte ficção e parte não ficção, nesse criativo “fiat” frankensteiniano que escritores estão divinamente autorizados a pronunciar, cometer, realizar.

Em um “site” norte-americano sobre doenças ou distúrbios psíquicos (www.bipolaraid.org), há um espaço intitulado “Famous People with Mood Disorders”. Nele, listam-se, em ordem alfabética, pessoas do presente e do passado, mortas e vivas, que são/seriam portadoras desses distúrbios da complicada alma humana. Do “A” ao “Z”, a lista “pega” um mundo de gente. Quem sabia que o ultrainteligente teólogo e escritor espanhol São Tomás de Aquino sofria de depressão?

E o poeta mexicano Manoel Acuna, também depressivo, que se matou tomando cianeto de potássio, um dos mais violentos venenos que a Química já elaborou?

E Pushkin, notável escritor russo? Era bipolar. E Antero de Quental, notável filósofo e escritor português? Também bipolar. Matou-se à bala.

E Boris Yeltsin, o primeiro presidente da democracia russa? Tinha depressão, mas não cometeu suicídio: morreu do coração em 2007 e era uma “figura”, com seu estilo e suas gafes movidas a “nonsense” e vodka – muuuuuuuuuita vodka... Foi a preocupação de diplomatas do seu e de outros países e, também, fez as delícias (e malícias...) de jornalistas e cronistas do mundo político.

E, encerrando a lista, na última letra, está a competente e, com a licença de Michael Douglas, bela cantora e atriz britânica Catherine Zeta-Jones, provavelmente o mais perfeito dos espécimens bipolares vivos...

Não nos esqueçamos do Stefan Zweig, o jornalista e escritor austríaco que veio viver e morrer em terras tropicais e, aqui, escreveu seu famoso livro conhecido mais como frase do que como título: “Brasil, País do Futuro”. Em 1942, em Petrópolis (RJ), após uma tocante e superbem escrita carta de agradecimento, desilusão e adeus, o depressivo Stefan e a esposa, Lotte, tomaram ácido (barbitúrico, em dose mortal). No escrever do escritor, “em boa hora e conduta ereta”, ele achou melhor “concluir uma vida na qual o labor intelectual foi a mais pura alegria e a liberdade pessoal o mais precioso bem sobre a Terra”. No encerramento da breve carta, Stefan saudou todos os seus amigos, desejando-lhes “que lhes seja dado ver a aurora desta longa noite”. Como ponto final, anunciou: “Eu, demasiadamente impaciente, vou-me antes”.

Sem trocadilho, a lista de antropônimos de portadores de distúrbios psíquicos vai de um polo ao outro e, nela, está o (quase) esquecido Buell Quain, após cujo nome registra-se: “depression, American ethnologist, suicide” (portador de depressão, etnólogo americano, suicida).

A misteriosa, controvertida, complexa e triste morte de Buell Quain talvez não devesse terminar em um dia 2 de agosto, no interior do Maranhão, nem, muito menos, em uma relação não tão famosa de “famosos” psiquicamente perturbados. Além dos estudos linguísticos, antropológicos, sobre nossos irmãos índios (os trumais, no Mato Grosso; os craôs/krahôs, no Maranhão/Tocantins), o Brasil, os Estados Unidos e a Ciência estão devendo um esforço que não apenas esclareça e reconte os mistérios da morte mas, sobretudo, resgate e enalteça o talento, os trabalhos e – ele os devia ter – os sonhos de vida de Buell Quain, jovem, 27 anos, doutor, agente e destinatário da própria e trágica morte – morte testemunhada por dois pares de olhos e ouvidos índios e pelo silêncio ancestral de árvores e bichos habitantes de um pedaço de floresta no município maranhense de Carolina, hoje, há exatamente 81 anos, 2 de agosto de 1939.

* * *

Talvez caibam ao viver e desviver de Buell Quain os versos de Antonio Domenico Bonaventura Trapassi, ou Pietro Metastasio, respeitado e influente escritor romano do século XVIII:

“Não é verdade que seja a morte
O pior de todos os males;
É um alívio dos mortais
Que estão cansados de sofrer”.

* EDMILSON SANCHES

Fotos:
O antropólogo Buell Quain e dois de seus livros, e o romance histórico do escritor brasileiro Bernardo Carvalho.

O comportamento sedentário com o uso exagerado de “smartphones”, telas e computadores pelas crianças e adolescentes, observado já no período pré-pandemia do novo coronavírus, se tornou problema mais agudo com o isolamento social, determinado para evitar a disseminação da covid-19.

Atenta ao tema e diante da perspectiva de reabertura das escolas, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) lançou um manual com orientações às escolas, aos professores de educação física, pais e cuidadores sobre os cuidados necessários para o retorno às atividades.

O coordenador do Grupo de Trabalho sobre Atividade Física da SBP, Ricardo do Rego Barros, lembra que grande parte das crianças e jovens está há quase quatro meses com “zero de atividade física” e, por isso, é preciso parcimônia no retorno aos exercícios.

Segundo ele, crianças menores, que gostam de pular e correr o tempo todo, vão voltar mais ansiosas e com menos fôlego para brincar. A tendência é que as crianças de 2 a 10 anos de idade queiram gastar a energia toda de uma vez. Para adolescentes, a partir de 12 anos, a recomendação da SBP é que façam atividades de maneira gradativa. “Não adianta querer recuperar de uma vez só o tempo perdido porque isso pode provocar lesões musculares”, advertiu o médico.

Na avaliação de Barros, a pandemia foi um fator obesogênico, relacionado a hábitos de vida que apresentam forte relação com a instalação e a manutenção da obesidade. “As pessoas estão comendo mais besteiras, o que é factível, não estão fazendo atividades físicas”, destacou.

Importância da higiene

A SBP lembra que retorno às atividades não pode prescindir da manutenção dos hábitos de higiene, que incluem lavar as mãos com água e sabão, usar álcool em gel e máscara.

“Quando nós falamos na questão do álcool em gel, isso significa transformar o álcool em gel em um item da mochila escolar, em qualquer classe. A criança vai brincar no escorrega. Quem passou por ali? Acabou de brincar tem que limpar a mão, a perna, para não se contaminar. Tem que ter alguém olhando isso”, afirmou.

Professores

Para os docentes, a recomendação da SBP com relação ao retorno às atividades físicas é que sejam feitas turmas menores, com aulas mais curtas, tentando evitar muito contato.

A SBP sugere ainda que os professores planejem as aulas de educação física escolar visando evitar, ou desencorajar, a prática de esportes coletivos e atividades de contato corporal; desenvolvam as práticas corporais ao ar livre ou em espaços mais arejados possíveis; proponham, de preferência, atividades físicas de intensidade moderada, com o objetivo de potencializar a melhora do sistema imunológico a médio e longo prazo.

A entidade também destaca a necessidade de participação dos professores na construção de um plano de trabalho conjunto com toda a comunidade escolar de conscientização dos alunos para prática segura de atividades físicas neste período pós-pandemia.

Atividades esportivas individuais como atletismo, jogos de raquete, caratê, skate e capoeira, na avaliação da SBP, podem ser uma boa estratégia nesse período porque, com poucas adaptações, pode-se garantir o distanciamento físico entre os participantes. Atividades de circuito também podem ser uma opção interessante.

É necessário sempre lembrar às crianças sobre a importância do uso de álcool em gel e máscaras.

“Você não consegue evitar: criança se abraça, se beija. Mas se, pelo menos, ela estiver protegida, muito bem. Os professores de educação física vão ser extremamente importantes para isso. Vão ser, talvez, o pilar mais importante do que pais e pediatras”, estimou o médico.

Escolas

Para as escolas, as orientações sugeridas pela SBP envolvem a elaboração de um plano de volta às aulas presenciais que inclua precauções e cuidados específicos para a prática de atividades físicas.

Além disso, sugere que as escolas devem estar atentas às famílias menos assistidas e em situação de vulnerabilidade social, visando auxiliar pais e cuidadores a manter seus filhos ativos e seguros.

O espaço escolar deve ser organizado para evitar grandes grupos e contato físico. Cabe, também, às escolas propor cursos de formação continuada para professores e demais funcionários sobre autocuidado e cuidado com o outro, nos períodos de pandemia e pós-pandemia, incluindo as atividades físicas nesse processo.

Pais e cuidadores

Na avaliação de Ricardo Barros, os pais devem ser exemplo para os filhos e fazer uso correto do álcool em gel e da máscara. Ele observou, com preocupação, o aumento do número de pessoas que estão fazendo atividades físicas sem máscara na orla e ou em outros locais do Rio de Janeiro. “Está tudo errado”, desabafou.

“A atividade física deve ser retomada, mas nós não sabemos se vai haver um novo pico (da covid) agora. Infelizmente, essa conscientização [do potencial de letalidade da covid-19] é muito difícil”, lamentou o médico.

Para os pais, em especial, o manual da SBP recomenda que devem enfatizar as medidas de isolamento e mínimo contato, principalmente em áreas comuns como parques, pracinhas e condomínios; promover a limpeza constante de brinquedos de uso frequente, em especial aqueles utilizados fora do domicílio e que tenham sido compartilhados com outras crianças; e estimular uso de máscaras faciais de pano adequadas, nas atividades ao ar livre.

Além disso, devem dar preferência a atividades em espaços amplos, ao ar livre, como praças e parques, priorizando sempre o contato com a natureza e evitar que os filhos pratiquem atividades físicas se apresentarem sintomas gripais ou respiratórios.

A SBP considera que dividir atividades domésticas com os filhos pode ser importante tanto para aumentar o nível de atividade física quanto para estreitar os laços e aumentar a cumplicidade familiar.

(Fonte: Agência Brasil)

No dia 16 de junho de 2020, completou 70 anos de vida Haroldo Freitas Pires de Saboia, o Haroldo Saboia.

Um técnico com boa formação acadêmica. Um político com positiva prática ética. Uma pessoa com saudável percepção humana, ou humanista.

Agora, Haroldo Saboia é o homem que sabe que está em seu passado o maior legado que deixará ao futuro – de presente. Claro, um passado que será enriquecido, fortalecido, com os muitos dias e meses e anos e décadas que Haroldo haverá de incorporar em seu ser e de enriquecer esse tempo com seu trabalho e viver.

Com graduação e mestrado em Economia em Paris (Sorbonne) e Direito (UnB, Brasília), além de ter estudado, sem concluir, Jornalismo, Haroldo Saboia é desses “think tanks” (ou “réservoir d'idées”), além de sua capacidade de trabalho, a serviço da causa de um maior e melhor desenvolvimento para todos, em particular, para o Maranhão.

Em fevereiro de 1979, quando ele assumia como deputado estadual no Maranhão, em São Luís, eu estava tomando posse no Banco do Nordeste do Brasil, em Imperatriz. Poucos anos depois, na década seguinte, como acadêmico do curso de Letras, eu participei de mais uma edição do Congresso Universitário, que só se realizava na capital maranhense. Uma de minhas propostas naquele evento era o que eu chamava de “interiorização dos congressos universitários no Maranhão”. Na época, Jomar Fernandes, também acadêmico, e eu éramos diretores do Diretório Acadêmico. O Joãozinho Ribeiro era o presidente do Diretório Central (DCE). Minha proposta, depois de colocada em pauta, chegou a ser combatida por colegas universitários de Imperatriz (comportamento que não entendi, mas respeitei, claro). A minha defesa enfática e pragmática convenceu Joãozinho Ribeiro, que se manifestou favoravelmente à proposição – e, logo no ano seguinte, realizamos o melhor e mais produtivo Congresso até aqueles idos de meados dos anos 1980.

O que tem a ver Haroldo Saboia com isso? Nada. Exceto que, não fosse aquele Congresso Universitário na capital, eu não teria sido apresentado a ele (acho que pelo Jomar), em almoço que, solidariamente, Haroldo nos serviu em sua residência. (Ocorria que, nos congressos universitários em São Luís, no horário das refeições, cada um se virava, e isso causava uma indesejada dispersão, além de muitos estudantes não retornarem para a continuidade dos trabalhos após o almoço. Isso não aconteceu em Imperatriz, pois eu próprio garanti alimento para todos, tendo adquirido bois inteiros e sacos de arroz, além de outros ingredientes para as refeições, que eram feitas e servidas nas dependências da Uema, em cujas salas também foram colocados colchões e colchonetes que o Armazém Paraíba, a meu pedido, gentilmente cedeu, para repouso e dormida dos acadêmicos de outras cidades, durante todos os dias e noites do evento. Deste modo, no Congresso Universitário de Imperatriz, o grau de dispersão foi mínimo, e o de interação, máximo).

Daqueles idos da década de 1980 para cá, Haroldo Saboia e eu mantivemos mais ideias e ideais do que conversas e outros contatos. Afinal, ele é destacado nome federal e estadual; eu, quando muito, ultrapasso as linhas de meu próprio leito... Ainda assim, esporadicamente, lembramo-nos um do outro. Por exemplo, há exatamente um ano e 25 dias, em 22 de maio de 2019, Haroldo contatou-me para informar que o escritor mineiro, radicado em São Paulo, Fernando Morais iria proferir palestra naquela data em Imperatriz. Haroldo disse ainda que, sendo amigo de Fernando, falou sobre mim para o conhecido biógrafo, autor de “A Ilha” e “Olga” e duas vezes deputado estadual paulista. Pedia Haroldo que eu estivesse presente à palestra e, se possível, ofertasse ao Fernando Morais um exemplar de um livro acerca do qual ele, Haroldo, já falara ao Fernando.

Eu já estivera com Fernando Morais (que completa 74 anos em 22 de julho) na época em que ele foi secretário estadual de Cultura de São Paulo (1988-1991). Morais e eu fomos palestrantes em um Congresso de Jornalismo no Memorial da América Latina, na capital paulista. Ali, nós dois pudemos conversar e, lembro-me, à época ele segredou-me sobre alguns aspectos do que viria a ser seu futuro “best-seller” “Chatô, O Rei do Brasil”, biografia do grande imperador do jornalismo Assis Chateaubriand, que fundou os “Diários Associados” (do qual faz parte o jornal maranhense “O Imparcial”). O livro foi lançado em 1994 e, como me disse Fernando Morais, o título inicial seria “O Tigre de Papel”. Fernando também foi secretário estadual de Educação, de 1991 a 1993.

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Pois é. Na vida, as tramas, teias, laços e nós enredam e enleiam pessoas. A vida é um texto têxtil que se tece com muitos fios, deles que não se veem e, de repente, se fazem vistos. Alguns desses fios, como cordames ou rédeas, ficam em nossas mãos, mas, a maioria deles, não.

Os 70 anos de Haroldo Saboia, como qualquer idade de quaisquer outras pessoas, são assim essa trama tecida em invisíveis teares manuseados por invisos tecelões.

No caso de Haroldo, esse tecer o tecido de sua vida levou-o a estudos primeiros e posteriores em São Luís, onde nasceu, em Minas Gerais, em Brasília, em Paris... O tear também uniu fios haroldianos a fios de vida de brava gente brasileira como João Quartim de Moraes, Maria José Aragão, Cristovam Buarque... Outros fios o (e)levaram a mandatos políticos, parlamentares, de vereador a deputado federal... Bem que tentou ser prefeito, governador, senador, mas, já se disse, cabeça de juiz, bumbum de bebê e voto de eleitor... é bom não ter certas certezas...

Uma vida setentã tem muuuuuuuitos e compriiiiiiiiidos fios. Mas o melhor é que, com saúde e paz, uma vida assim está pronta para tecer ou ser tecida por muitos anos mais.

É isso que desejamos a Haroldo Saboia. Sendo, além de economista, político, jornalista, advogado também, que o Contrato de Haroldo com a Vida se renove por muitos e muitos anos, pois esse bom maranhense é necessário como testemunha, usuário e agente destes estranhos dias de agora e dos outros – estranhos ou não – tempos que hão de vir.

Felicidades, Haroldo.

* EDMILSON SANCHES

Acompanhar de perto escolas, professores e estudantes, com visitas frequentes aos centros de ensino; monitorar a aprendizagem dos alunos continuamente e oferecer formação continuada e diversificada aos educadores são algumas das práticas de redes de ensino públicas que se destacam no país por bom desempenho. O estudo Educação que Faz a Diferença, divulgado nessa quinta-feira (25), mapeou 118 redes de ensino municipais com bons resultados no ensino fundamental e que, também, atingiram critérios mínimos de qualidade na educação infantil.

O estudo foi feito pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), o Instituto Rui Barbosa (IRB) e os Tribunais de Contas do país com jurisdição na esfera municipal e está disponível na “internet”. O mapeamento foi realizado em 2019, antes da pandemia do novo coronavírus e da suspensão das aulas presenciais. A Agência Brasil conversou com alguns dos gestores dos municípios reconhecidos para saber como as boas práticas, que já adotavam, ajudam agora em momento de crise mundial.

“A gente tem um acompanhamento sistematizado, aluno por aluno, turma por turma, escola por escola. E esse acompanhamento é feito pelo coordenador pedagógico de cada escola. Como a gente já vem de um processo muito bem organizado, onde cada um sabe qual o seu papel, não foi difícil começar a fazer as atividades remotas”, diz a secretária de Educação de Licínio de Almeida, na Bahia, Mychely Teles.

Localizado a 675 quilômetros (km) de Salvador, o município tem 12 de 16 escolas municipais de ensino fundamental na zona rural. Um dos destaques do município, segundo o estudo, é a adoção de um Plano de Ações e Metas, feito com base no desempenho das escolas a cada ano e que serve de referência para o ano seguinte. A cidade conta também com um Núcleo de Atendimento Municipal Especializado, com nutricionista, psicopedagogos e psicólogos, entre outros profissionais.

Com a pandemia, começou a ser criado a chamada Educação Sem Fronteiras, que oferece aulas “on-line” e material impresso para aqueles que não conseguem acompanhar as aulas pela “internet”. Na educação infantil, o material é enviado aos pais e responsáveis, ou aos chamados padrinhos, que são outros entes familiares, vizinho ou pessoa que ajudam na educação das crianças. Não está sendo dado, nessa etapa, nenhum conteúdo novo. A secretária estima que apenas 5% dos alunos não estejam participando das atividades.

“É uma coisa nova, que chegou de surpresa. A gente começou a ressignificar a prática da escola e dos professores. Procuramos fazer o melhor. O que estamos fazendo é o ideal? Acredito que não, mas é o possível no momento”, diz.

Equipe unida

Em Paraíso do Tocantins (TO), a Secretaria de Educação usa, até mesmo, o transporte escolar para garantir que todos tenham acesso, pelo menos, ao material impresso. Toda semana, os professores passam novas atividades e as corrigem na semana seguinte. Os pais e responsáveis que não podem buscar o material na escola, tomando os devidos cuidados de proteção para não propagar o vírus, recebem as tarefas em casa.

O material impresso é complementado por videoaulas e por trocas de mensagens por meio de grupos em aplicativos. “Nem todas as famílias têm acesso a essa tecnologia em casa. Fizemos um estudo e detectamos que muitos não têm ‘internet’; Então, distribuímos as tarefas impressas para que ninguém fique sem”, explica, a secretária de Educação do município, Lizete Coelho.

Paraíso do Tocantins é um município com pouco mais de 50 mil habitantes, localizado a cerca de 70km da capital do Estado, Palmas. Na rede municipal, há oito escolas urbanas e três rurais. Segundo o estudo, a desburocratização no contato com a secretaria é um ponto positivo. Os educadores afirmam que a comunicação é fluída e ocorre por vários meios, como telefone, aplicativo de mensagens, redes sociais, ofícios formais e pessoalmente. As escolas têm autonomia para adaptar suas práticas pedagógicas e currículo segundo as diretrizes da rede. Embora as médias nas avaliações externas sejam relevantes, a secretária enfatiza que a preocupação maior é com o desenvolvimento do aluno como indivíduo.

Lizete conta que o principal segredo para o bom desempenho das escolas é “a união da equipe. O nosso planejamento é participativo. Não fazemos nada na secretaria sem que a escola participe. Todo ano, construímos a agenda pedagógica, com meta, ações. Definimos onde estamos e onde queremos chegar”, diz.

Habilidades de cada professor

Em Sengés (PR), uma das ações tomadas pela secretaria foi verificar em qual etapa os professores queriam lecionar. “Temos uma equipe boa, mas faltava ver o perfil de cada um. Acertamos o perfil, colocamos na alfabetização ou nas séries maiores de acordo com o perfil dos professores. Demos suporte pedagógico e conseguimos fazer com que os pais participassem mais da vida dos filhos”, diz a secretária de Educação, Rosângela Ferreira.

Conhecer bem as aptidões dos docentes foi, segundo a secretária, importante no momento da pandemia. “Eu sabia que era um desafio grande. Tenho professores que têm habilidade com a mídia e outros que não sabem, por exemplo, como formar um grupo no WhatsApp. Eu não podia deixar nenhum aluno sem assistência”, diz. A estratégia foi, então, além das apostilas impressas, disponibilizar aulas gravadas com uma equipe de professores na “internet”, para que toda a rede pudesse acessar.

“Temos um grupo de estudo por série. Os professores se reúnem e decidem o que é prioridade. Fizemos uma flexibilização no planejamento [para o ano] e vimos o que era prioridade para trabalhar neste momento”, explica.

Sengés, fora da Região Nordeste, é o município brasileiro que atende alunos de mais baixo nível socioeconômico. A cidade tem oito escolas urbanas e três rurais. O município fica a 272km da capital, Curitiba. De acordo com o estudo, a rede trabalha com gestão para resultados, com atribuição de notas para cada uma das unidades de ensino e também para os trabalhos da secretaria. Em 2019, uma psicóloga passou a integrar a equipe para auxiliar nas questões mais complexas com os estudantes e suas famílias.

Avaliações periódicas

Em Cruz (CE), os estudantes são avaliados constantemente. “Isso é importante porque a gente tem um parâmetro de como estão todas as escolas”, afirma o secretário de Educação, Raimundo Motta. “Se eu observo que em uma escola não conseguimos fazer com que as crianças aprendam, a gente chega na escola e tenta saber o motivo. Conversamos com diretores e coordenadores. Com a avaliação, a gente tira uma foto rápida de como está a aprendizagem e tem como fazer intervenção imediata”.

As avaliações continuam em período de distanciamento social e com as aulas presenciais suspensas. Segundo o secretário, 80% dos estudantes têm acesso à “internet” e estão tendo aulas “on-line”. Os demais 20% buscam atividades impressas na escola e têm prazo para devolvê-las aos professores. As avaliações permanecem, segundo Motta, medindo o aprendizado.

Cruz é um município que fica a 242km de Fortaleza. O estudo destaca as instalações físicas das escolas, que estão acima da média da realidade do interior cearense, além do monitoramento quinzenal da aprendizagem dos estudantes em língua portuguesa e matemática. A rede tem cinco escolas urbanas de ensino fundamental e 20 rurais.

Educação que Faz a Diferença

O estudo Educação que Faz a Diferença, para identificar as redes de ensino, analisou indicadores como aprendizado dos estudantes em língua portuguesa e matemática, segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) atual e evolução desde 2005 e taxas de aprovação, conforme o Censo Escolar.

As redes reconhecidas buscam garantir a aprendizagem da maioria dos alunos, esforçam-se para reduzir as desigualdades e não deixar ninguém para trás, trabalham para que todos fiquem na escola e apresentam avanços consistentes na aprendizagem dos estudantes ao longo dos anos.

(Fonte: Agência Brasil)

Dois conterrâneos meus de Caxias (MA), dois Josés, acabam de mudar de vida. Deixaram a transitoriedade que é esse curto viver terreno e foram para um endereço definitivo, para sempre.

Nenhum dos dois esperou a manhã se fazer completa. Trabalhadores, saíram cedinho, com diferença de um dia para o outro.

José Acúrcio de Sousa Queiroz foi à frente. Primeiro, os mais velhos. Zé Acúrcio, como era chamado, tinha 84 anos e fez sua viagem definitiva nas primeiras horas de domingo, 14 de junho de 2020.

José Gentil Rosa, 80 anos, resistiu mais um pouco. O tempo suficiente para o amigo Zé Acúrcio abrir caminho e recebê-lo amistosamente no outro lado. Zé Gentil, como era conhecido, lutando pela continuidade de sua vida em uma UTI, não tinha como ver os primeiros raios de sol e foi amanhecer, sem dor nem sofrimento, em território celeste.

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José Acúrcio de Sousa Queiroz

Lembro-me do José Acúrcio de Sousa Queiroz quando eu fui estagiário do Banco do Brasil, dos 13 aos 17 anos. Menino ainda, eu via Seu Zé Acúrcio na agência. Alto, magro, discreto, quase um “lord” inglês.

Lembro-me da empresa que ele criou nos anos 1970, a Mavel – Maranhão Veículos Ltda., que também se tornou cliente do Banco. Eu era craque na preparação dos talonários de cheques das pessoas físicas e jurídicas, nossas clientes. Assim, fixei o nome do Zé Acúrcio e de muitos outros empresários e empreendedores, entre eles Alderico Jefferson da Silva, Antônio Apolônio de Alencar (que conheci desde que ele vendia a crediário, de porta em porta), Constantino Ferreira de Castro (e sua indústria Francastro), Edmar Gurgel Brasil, Francisco Bezerra (da Casa / Supermercado Bezerra, pai do Paulo, amigo e colega de escola, falecido ainda jovem), Hélio de Sousa Queiroz (irmão do Zé Acúrcio e pai dos amigos Carlos Maurício e João Antônio, colegas do Colégio São José), João da Providência Lima (da farmácia), Olavo Bilac Rego, Jonas Guimarães (e sua indústria Sanharó), Raimundo Nonato Saraiva de Carvalho (Nonato Babá, cuja filha Julieta, com o marido Manoel Rodrigues Neto, me recebeu em almoço em sua residência em Teresina), Raimundo Vilanova Assunção (o Dico Assunção, pai dos gêmeos e amigos João e Joaquim, vizinhos da Rua Afonso Pena), Salvador Moura (de longas conversas pessoais e por telefone), Santino Moreira Caldas (e seu Armazém Nova Aurora)... Tantos...

Se não estou enganado (mudei-me de minha cidade há décadas), Zé Acúrcio morava ou morou em bonita residência de cor branca no Largo de São Benedito (ou Praça Vespasiano Ramos), na continuação da Rua Afonso Pena. Assim, fomos quase vizinhos.

Que José Acúrcio de Sousa Queiroz descanse em paz.

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José Gentil Rosa

Nesta segunda-feira, 15 de junho de 2020, havia exatos 28 dias que José Gentil Rosa completara 80 anos de idade. Nasceu em Caxias, em 18 de maio de 1940, filho de seu Talmir Rosa e Dª Elizabeth Frazão Rosa (que morava ali na área da Rua do Pau d’Água – oficialmente, Rua Manoel Gonçalves). Na árvore genealógica de Zé Gentil, há também a família Farias, do coronel Manoel Farias, irmão de Maria dos Anjos Farias, que se tornou a mulher de Gentil Augusto Frazão, avô de Zé Gentil. .

Com sintomas da doença provocada pelo novo coronavírus e portador de comorbidades como diabetes, hipertensão e doença renal crônica, Zé Gentil foi levado, dia 7 de junho, de Caxias para Teresina (PI), onde resistiu por mais de uma semana até o suspiro final, por parada cardiorrespiratória, às 5h17 (segunda-feira, 15/6), no Hospital da Unimed, no Bairro Primavera, na capital piauiense.

José Gentil foi secretário municipal. A “veia” política veio do avô Gentil Augusto Frazão, proprietário de terras na região do Buriti Corrente, zona rural de Caxias, que foi vereador e presidente da Câmara Municipal de Caxias, além de ter tido um filho, o bioquímico Gentil Frazão Filho, que foi prefeito de Coroatá (MA).

Alguns poderiam dizer que José Gentil Rosa entrou “tarde” na Política, aos 42 anos. Mas já entrou vencedor. Em 1982, elegeu-se vereador de sua terra natal, Caxias, desempenhando seu mandato de 1º de fevereiro de 1983 a 1º de fevereiro de 1987. Nem terminara o mandato e, em 1986, já era eleito deputado estadual, a primeira de uma sucessão de vitórias para a Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão. Foi deputado por três mandatos sucessivos, de 1º de fevereiro de 1987 a 1º de fevereiro de 1999, doze anos, correspondentes às eleições de 1986, 1990 e 1994. Em 2018, foi eleito pela quarta vez. O mandato, que iria até 1º de fevereiro de 2023, encerrou-se na segunda-feira, 15, após 16 meses e meio.

José Gentil Rosa teve seis filhos de duas uniões. De seu casamento com a professora e servidora pública Maria do Rosário Pereira Rosa foram cinco: Talmir, administrador e servidor público; José Gentil Filho, que morreu jovem, aos 17 anos, e teve seu nome dado ao Complexo Hospitalar Municipal Gentil Filho, o antigo Hospital Geral; Fábio, único dos filhos que conheço, que é engenheiro civil e prefeito de Caxias; Elizabeth, administradora e empresária em São Luís (MA); e a filha do coração Idenilde, graduada em Enfermagem e enfermeira no Serviço Público. Com Dª Auricilene (Auri), pedagoga, Zé Gentil teve um filho, Sebastião – nome do único irmão, falecido, de Zé Gentil.

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Conheci a professora Maria do Rosário Pereira Rosa. Ela foi minha diretora, em escola pública, o Ginásio Duque de Caxias, do Projeto Bandeirantes (projeto iniciado pelo governo maranhense em 1968). Inicialmente, o Duque de Caxias ou Bandeirantes ficava no Morro do Alecrim; depois, foi transferido para um grande prédio na Rua Professora Ana Correia, próximo ao Ginásio de Esportes João Castelo, ao Largo São Sebastião e, mais ao fundo, ao Cemitério Nossa Senhora dos Remédios.

Eu estudava no Duque de Caxias/Bandeirantes quando fui selecionado para ser menor estagiário do Banco do Brasil, aos 13 anos. Era secretária da escola a Márcia Maria Moura, filha do popular Antônio Fazendeiro, amigo de Zé Gentil e que também foi vereador. Na época de estudante, estive algumas vezes na residência de Dª Rosário, lá na Avenida Santos Dumont, logradouro que levava ao antigo aeroporto de Caxias, hoje um conjunto habitacional.

Ligado aos familiares, Zé Gentil emocionou-se muito quando esteve em Fortaleza (CE), em agosto de 2019, e pôde rever dezenas de parentes, no que ficou conhecido como o “Encontro dos Primos” – entre estes a servidora pública Ludce Frazão Machado.

Aliás, foi a Ludce Machado o pivô, com o testemunho do poeta Wybson Carvalho e de meu tio Raimundo João Gama Soares (o J. Gama), do encontro – que seria o último – entre mim e o Zé Gentil.

Foi no primeiro trimestre deste ano de 2020. Eu passava algumas semanas em Caxias. Estávamos em um quase meio-dia de domingo na Praça Vespasiano Ramos, o antigo Largo de São Benedito, na região central caxiense. Fui levado pelo poeta e jornalista Wybson para falar com o Fábio Gentil, prefeito, que também estava na praça. Mais adiante, sentado, com pessoas à mesa, estava o Zé Gentil Rosa, pai do prefeito. Logo ali ao lado, mas um pouco afastado, meu tio me esperava em outra mesa. Wybson, meu tio e eu começamos a conversar. Daí, chega Ludce Machado, fundadora e vice-presidente da Associação da Velha Guarda Caxiense, que me leva à mesa onde está o deputado Zé Gentil. No seu jeito Ludce de ser, Ludce Machado vai logo chamando a atenção de Zé Gentil e apresentando minhas credenciais. Ao final, tasca: “– Zé Gentil, sugere ao Fábio [prefeito] para tirar uns oito secretários e colocar o Sanches no lugar! Este é homem! É o cara! É caxiense dos bons!”

Todos em volta das mesas pareceram se interessar pela resposta de Zé Gentil. Antes disso, falei ao deputado que não se preocupasse e lembrei a ele os tempos em que eu estudava na escola pública (o Bandeirantes) que a mulher dele, à época, dirigia. Trocamos umas poucas e rápidas amenidades e procurei retornar à minha mesa, antes que José Gentil se sentisse obrigado a responder ou comentar assuntos que, evidentemente, poderiam ter tempo e lugar mais adequados para serem tratados – neste caso, nunca foram.

Sendo do chamado grupo de risco e sabedor da agressividade da doença covid-19, José Gentil Rosa mantinha-se em isolamento e tomava todas as precauções possíveis. Não foram suficientes. Aos 80 anos, com vitoriosa carreira na Política e um grande círculo de familiares e amigos, reconhecido por seus conterrâneos, Zé Gentil deixa de fazer leis, falar à tribuna, reunir-se com pessoas para tornar-se referência e verbete permanentes no dicionário político caxiense e maranhense.

A terra de onde ele saiu o recebeu de volta. Apesar das restrições acerca de aglomerações, muitas pessoas, em automóveis e motocicletas, em bicicletas e mesmo a pé, acompanharam o cortejo pelas ruas de Caxias até o repouso definitivo do corpo de José Gentil Rosa no Cemitério de São Benedito, que fica em frente à Praça Dom Luís Marelim, a querida Praça da Chapada, e ao lado da Avenida Santos Dumont, onde, décadas antes, viveu o conhecido parlamentar caxiense.

Com Zé Gentil confirmam-se os paradoxos, estranhezas e surpresas da vida: ele, que já sobrevivera a um acidente de trem e a outro, de avião, não resistiu a algo que sequer se vê a olhos vistos e arregalados. Como se diz, pequenas coisas derrubam grandes pessoas...

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Zé Acúrcio e Zé Gentil vão reforçar o time dos Zés lá por cima. Tem razão de sobra o excelente cantor, compositor e multi-instrumentista paraibano Jackson do Pandeiro (1919-1982), que também era Zé (José Gomes Filho): agora, na feira e nos céus, “tem mais Zé do que coco catolé”, aquele da palmeira anajá ou pindoba.

Depois de mais de 164 anos, somados, de vida e trabalho, os conterrâneos Zé Acúrcio e Zé Gentil mereceram a Paz Eterna...

“Requiescant”.

* EDMILSON SANCHES

O presidente Jair Bolsonaro anunciou, na tarde desta quinta-feira (25), que o professor Carlos Alberto Decotelli da Silva será o novo ministro da Educação. O decreto de nomeação foi publicado em edição extra do “Diário Oficial da União”. Em uma postagem nas redes sociais, Bolsonaro publicou uma foto ao lado de Decotelli e destacou a formação acadêmica do novo ministro.

“Decotelli é bacharel em Ciências Econômicas pela Uerj, mestre pela FGV, doutor pela Universidade de Rosário, Argentina, e pós-doutor pela Universidade de Wuppertal, na Alemanha”, escreveu o presidente.

O novo ministro ocupava, até recentemente, o cargo de presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia vinculada ao Ministério da Educação, responsável por executar parte das ações da pasta relacionadas à educação básica em apoio aos municípios, como alimentação e transporte escolar. Ele entra no lugar de Abraham Weintraub, demitido na semana passada. É o terceiro ministro a comandar o MEC desde o início do governo Bolsonaro.

Segundo informações oficiais, Decotelli atuou durante toda a transição de governo após a eleição de Bolsonaro, em 2018, e ajudou a definir ideias e novas estratégias para as políticas educacionais da atual gestão.

Financista, autor de livros e professor, Decotelli fez pós-doutorado na Bergische Universitãt Wuppertal (Alemanha), é doutor em administração financeira pela Universidade Nacional de Rosário (Argentina), mestre em administração pela Fundação Getulio Vargas (FGV), possui MBA em administração também pela FGV e é bacharel em ciências econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O novo ministro ainda passou pelas Forças Armadas como professor e, atualmente, é oficial da reserva da Marinha.

(Fonte: Agência Brasil)