Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) divulgada esta semana apontou que um em cada nove adolescentes brasileiros afirma que usa cigarro eletrônico. O estudo ouviu cerca de 16 mil pessoas de 14 anos ou mais, de todas as regiões do país.
Segundo o levantamento, a quantidade de usuários jovens que usam cigarro eletrônico já é cinco vezes o total daqueles que fumam o cigarro tradicional. A pesquisa utilizou dados de 2022 a 2024 do Terceiro Levantamento Nacional de Álcool e Drogas (Lenad 3). É a primeira vez que cigarros eletrônicos entram no levantamento.
Apesar de o produto ser proibido no Brasil, a coordenadora da pesquisa e professora de psiquiatria da Unifesp, Clarice Madruga, ressalta que é muito fácil comprar o aparelho pela internet, o que amplia o acesso.
Outro problema, aponta a pesquisadora, é o risco à saúde, já que a inalação de substâncias altamente tóxicas, como a nicotina, é muito maior no cigarro eletrônico, se comparado ao cigarro tradicional. Clarice lamenta o retorno do crescimento do uso de cigarro, após o sucesso de políticas antitabagistas, iniciadas na década de 1990, que tinham freado o consumo.
"A gente teve uma história gigantesca de sucesso de políticas que geraram uma queda vertiginosa no tabagismo, mas que um novo desafio quebrou completamente essa trajetória. E a gente hoje tem um índice de consumo, principalmente entre adolescentes, muito superior e que está totalmente invisível”, afirma.
Os participantes ouvidos no estudo receberam a opção de serem encaminhados para tratamento no Hospital São Paulo e no Centro de Atenção Integral em Saúde Mental da Unifesp.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou nesta terça-feira (17) o edital da Prova Nacional Docente (PND) de 2025 com o detalhamento das regras, procedimentos e prazos.
Conforme já tinha sido anunciado, as provas serão no dia 26 de outubro. Os interessados em participar do exame nacional poderão fazer a inscrição no período de 14 a 25 de julho, exclusivamente, pelo Sistema PND, com a informação do número do Cadastro de Pessoa Física (CPF), a data de nascimento, endereço de e-mail e número de telefone fixo e/ou celular válidos.
O valor da taxa de inscrição será de R$ 85. A GRU Cobrança gerada a partir da confirmação da inscrição deverá ser paga até 31 de julho, por Pix, cartão de crédito, débito em conta corrente ou poupança.
No ato da inscrição, o participante da PND deverá indicar a área específica na qual deseja ser avaliado, por exemplo, ciências sociais, matemática, computação, educação física, filosofia, física, português, geografia ou história, entre outras.
Quem pode participar
A Prova Nacional Docente (PND) será aplicada anualmente, voltada aos estudantes concluintes de cursos de formação de professores, inscritos no Enade das Licenciaturas, bem como os demais cidadãos que tenham interesse em participar de concurso ou processos seletivos de contratação de professores nos estados e municípios.
A inscrição no chamado “CNU dos Professores” ou "Enem dos Professores" não dispensa a necessidade de inscrição posterior nos concursos ou seleções de interesse dos participantes, as quais serão conduzidas pelos entes federativos.
De acordo com o cronograma, a solicitação de isenção da taxa de inscrição poderá ser feita entre os dias 30 de junho e 4 de julho.
Para ser isento do pagamento da taxa de inscrição, o participante deve preencher um dos seguintes requisitos:
· ser concluinte em curso de licenciatura no Enade 2025 pelo coordenador do curso da instituição de ensino superior (IES);
· SER membro de família de baixa renda inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico), com renda familiar por pessoa de até meio salário-mínimo (R$ 759, em 2025);
· ser doador de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde, conforme lei federal .
O resultado definitivo de quem conseguiu a isenção do pagamento da taxa de inscrição na Prova Nacional Docente será divulgado em 14 de julho.
Atendimento especializado
Quem deseja fazer uso do nome social ou solicitar atendimento especializado, por exemplo, por pessoas com deficiência (PCD), gestantes e lactantes, também tem entre 14 e 25 de julho para entrar com o pedido.
Mesma prova do Enade das Licenciaturas
O Inep, autarquia vinculada ao Ministério da Educação (MEC), é o responsável pela aplicação anual da PND que, em 2025, está agendada para o turno vespertino do dia 26 de outubro.
Nesta data, a abertura e o fechamento dos portões serão, respectivamente às 12h e 13h, no horário oficial de Brasília. A prova terá a duração total de 5 horas e 30 minutos, com início marcado para 13h30 e término às 19h.
A Prova Nacional Docente terá a mesma estrutura e o conteúdo da avaliação teórica do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) das Licenciaturas, que avalia os conhecimentos dos concluintes dos cursos de licenciatura e teve a primeira edição em 2024.
A prova é composta de duas partes, a de formação geral docente – comum aos cursos de todas as áreas avaliadas – e a outra de componente específico, próprio de cada área de avaliação das licenciaturas, conforme indicação do participante no momento da inscrição.
A parte de formação geral docente, que compreende os conteúdos transversais pedagógicos comuns, terá 30 questões de múltipla escolha, envolvendo situações-problema e uma questão discursiva que avaliará aspectos como clareza, coerência, coesão, estratégias argumentativas, vocabulário e gramática da língua portuguesa.
Já a parte de componente específico de cada área de avaliação da PND terá 50 questões de múltipla escolha envolvendo situações-problema e estudos de caso.
Para consultar as respectivas matrizes de referência das áreas das licenciaturas, os candidatos deverão acessar o Portal do Inep.
Seleção para o magistrado público
Por meio do edital, o Inep explica que a PND não é um concurso público, mas funciona como um processo independente do governo federal, para contribuir para seleções de ingresso no magistério da educação básica pública, conduzidas pela União e pelas secretarias de educação dos municípios, estados e do Distrito Federal.
As redes estaduais e municipais puderam aderir voluntariamente ao projeto até o último domingo (15). Os gestores públicos locais poderão optar por usar a PND como etapa única ou complementar em seus concursos públicos ou processos seletivos simplificados de seleção de professores que venham a realizar. Eles também podem aplicar etapas adicionais, como prova prática e avaliação de títulos.
Após a adesão voluntária, o prazo para cadastro dos editais de seleção pelos entes federativos terminará em 25 de junho.
A divulgação dos resultados individuais finais da PND está prevista para 10 de dezembro or meio do Sistema PND. O Inep também compartilhará estes resultados finais com os sistemas de ensino que aderirem à prova.
País com 112,7 milhões de pessoas pretas e pardas, os negros, que são 55,2% da população, e de 0,8% de indígenas, mais 1,6 milhão, o Brasil custou a ver reconhecida, entre os rostos dos estudantes universitários, a sua diversidade etnorracial. Mas nos últimos 20 anos, as ações afirmativas mudaram o perfil da universidade brasileira para corrigir uma limitação e transformar positivamente os espaços responsáveis pelo conhecimento e pela formação de novas gerações, na avaliação dos sociólogos Luiz Augusto Campos e Márcia Lima.
Campos e Márcia são os organizadores do livro "Impacto das Cotas: duas décadas de ação afirmativa no ensino superior brasileiro", que faz um balanço detalhado da política e aponta desafios, como a permanência dos estudantes nas instituições.
Na obra, eles reuniram 35 artigos que revisam a política desde os primórdios, quando o então deputado Abdias Nascimento, em 1987, ao voltar do exílio nos Estados Unidos, apresenta um projeto de lei para aplicar ação afirmativa na educação.
De lá para cá, o país viu um setor dominado por jovens brancos, de classes média e alta, até o final dos anos 1990, incluir uma maioria de estudantes pretos, pardos e indígenas, que chegaram a 52,4% dos matriculados nas universidades públicas, em 2021, frente aos 31,5% em 2001. No mesmo período, a presença de alunos das classes D e E saltou de 20% para 52%, evidenciando a dimensão econômica da mudança.
Esses avanços são esmiuçados no livro. Os pesquisadores mostram que a política de cotas transformou um dos espaços mais elitizados da sociedade brasileira, a universidade, democratizando seu acesso e redefinindo sua função social.
No prefácio da obra, Nilma Lino Gomes, professora e primeira mulher negra a comandar uma universidade brasileira, lembrou que a política confrontou o Congresso Nacional e setores conservadores da sociedade, até a aprovação da Lei 12.711, em 2012, com respaldo do Supremo Tribunal Federal.
A partir de então, observou Lino, “elas não apenas ampliaram o acesso à universidade, como provocaram mudanças nas práticas pedagógicas e curriculares, desestabilizando estruturas excludentes no sistema educacional", afirmou a educadora.
"Após a adoção das ações afirmativas, em especial na modalidade cotas, as instituições federais de educação superior passaram a se posicionar mais firmemente diante das desigualdades – não apenas em discursos, mas em práticas concretas na gestão acadêmica, nos currículos, nas políticas de permanência, na criação de Pró-reitorias de Ações Afirmativas, nos critérios de distribuição de recursos, nas normas disciplinares, na pesquisa, na extensão, na internacionalização, no combate a violações de direitos, no enfrentamento do racismo, da LGBTfobia e do machismo", disse.
A Lei 12.711, de 2012, conhecida como Lei de Cotas, estabeleceu a destinação de metade das vagas das instituições de ensino federal a alunos da rede pública, a partir do perfil etnorracial e socioeconômico. A lei foi atualizada em 2023, reforçando a prioridade dos cotistas para receber auxílios fundamentais para a permanência nas universidades, como bolsas e moradia, que podem ajuda-los a se manter.
O livro resgata ainda, de forma transversal, o papel da sociedade civil na adoção da medida. Além de citar Abdias, ativista dos direitos humanos, lembra a Marcha Zumbi dos Palmares, na década de 1990, e a Conferência Mundial das Nações Unidas (ONU) contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerância, na África do Sul, em 2001. Pela ótica das universidades privadas, cita o papel de impacto do Programa Universidade para Todos (Prouni), em 2005, que concedeu bolsas de graduação em troca de benefícios fiscais e contribuiu para a mudança no perfil do estudante.
Mitos que marcaram o início da política, como o alegado baixo desempenho dos cotistas, que rebaixaria o nível das universidades, também são retomados e refutados. Os textos mostram que, embora cotistas possam ingressar com notas ligeiramente menores no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o desempenho deles é igual ao dos demais alunos. A performance foi medida por notas semestrais. "Diferentes medidas mostram que cotistas e não cotistas tendem a ter desempenho universitário muito similar, bem como taxas próximas de evasão.", afirmam Luiz Augusto e Márcia Lima.
A pesquisa também faz um mapeamento detalhado da adoção das cotas na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), que foi pioneira, na Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
A obra é fruto da colaboração entre oito centros de pesquisa espalhados pelo país, sob a coordenação do Afro Cebrap e do Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa (Gemaa), vinculado à Uerj -- a primeira a adotar sistema de cotas para ingresso de estudantes.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.
Agência Brasil
Qual o valor da diversidade nas universidades? Por que ela é importante? Em termos éticos e materiais?
Márcia Lima
Formar pessoas e produzir conhecimento são objetivos cruciais da universidade. Nesse sentido, a diversidade contribui de forma inequívoca para agregar qualidade ao conhecimento científico. Diversidade também diz respeito à justiça social e equidade. Instituições de ensino, em especial instituições públicas, têm o dever de garantir acesso a diferentes grupos. O grande impacto das cotas é a transformação dos espaços responsáveis pelo conhecimento e pela formação das novas gerações.
Agência Brasil
Em entrevista à Folha de S. Paulo, Luiz Augusto Campos teria dito que a universidade pública está "à deriva", sofrendo com o abandono das elites e das classes populares Isso ocorre porque o grosso da elite não está mais nas universidades públicas?
Luiz Augusto Campos
Para a Folha, tentei deixar claro que é mito a ideia de que as elites não dependem mais da universidade pública. O grosso das elites brasileiras não têm recursos para pagar as caras universidades estrangeiras e, por isso, ainda recorrem à universidade pública e gratuita para obter diplomas e reproduzir seu estatuto de classe. O que mudou nesse quesito é que essa elite não vê mais a universidade pública como sua propriedade exclusiva, em grande medida por conta do advento das cotas e, por isso, não está mais disposta a defendê-la como antes. Ao mesmo tempo, ainda que a inclusão tenha aumentado, a maior parte das classes populares permanece fora da universidade pública que, por isso, fica sem defesa no debate político.
Agência Brasil
Neste momento da política de cotas, em que pesquisadores sugerem ações de apoio à permanência, diante do contingenciamento de recursos das federais, a política de cotas ainda é sustentável, capaz de promover mudanças?
Márcia Lima
A política de permanência [nas universidades] foi esvaziada no governo anterior e tem sido retomada - ainda que com limitações orçamentárias - na gestão atual. Mesmo com esse desafio, a política de cotas já tem promovido enorme transformação no perfil discente e docente das universidades. A ausência de investimento afeta toda e qualquer política educacional. Não seria diferente com as ações afirmativas. É importante lembrar o que aconteceu nas gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro. Assim como em outras políticas, coube ao atual governo recomeçar e revisar a lei. A nova lei de cotas procura avançar nas limitações identificadas no estudo.
Agência Brasil
Por que é necessário defender as cotas, diante de racismo no mercado, no qual pessoas negras ainda ganham menos e estão em menos postos de comando?
Luiz Augusto Campos
É falso dizer que a ascensão social pela educação é um mito. A rigor, a maior parte dos estudos de mobilidade social mostra que a ascensão social vem, em grande medida, da educação em geral e, mais especificamente, da educação superior. É claro que a expansão do número de pessoas com ensino superior reduz, com o tempo, o valor do diploma, mas esse estrato da população ainda é pequeno no Brasil, menos por exemplo do que em países similares como Chile, Estados Unidos e Coreia do Sul. Isso não exclui, contudo, a persistência do racismo no mercado de trabalho, mesmo quando olhamos as oportunidades sociais de negros diplomados. Daí a importância de combinarmos ações afirmativas na educação superior e no mercado de trabalho.
Agência Brasil
A doutora Cida Bento, diretora do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades e uma das pensadoras sobre o racismo no Brasil, também levanta o conceito do Pacto Narcísico da Branquitude. As cotas conseguem romper esse pacto, em algum momento?
Márcia Lima
A diversidade racial das universidades brasileiras, sem dúvida, colocou em xeque e expôs a imensa desigualdade racial no acesso ao ensino superior. A chegada de um público mais diverso social e racialmente impactou o debate público sobre o papel da universidade, ampliou temas de pesquisa. Em algumas áreas de conhecimento vemos um questionamento crescente sobre a ausência de autoras e autores negros. Portanto, a universidade deixou de ser um espaço majoritariamente branco onde esse pacto era constantemente validado.
Agência Brasil
Qual a chance de o desconforto criado pelas cotas nas universidades despertarem um debate racial real sobre o racismo na construção do Estado brasileiro e os benefícios e a herança que proporcionou à população branca no Brasil?
Luiz Augusto Campos
As cotas já remodelaram o debate sobre raça no Brasil. Antes delas, na década de 1990, o tema era um tabu. O Brasil era encarado como uma democracia racial, livre de racismo e com uma população totalmente mestiça. Hoje, o cenário é outro. O racismo é objeto de debates e todos os círculos sociais e as políticas públicas antirracistas são uma realidade. Isso não foi suficiente, porém, para evitar retrocesso. À direita e à esquerda do espectro político, emergiu a crítica ao chamado “identitarismo”, conceito pouco claro, mas que vem sendo usado para limitar as conquistas recentes. A ideia de meritocracia também continua forte, seja pela valorização dos privilégios herdados de uma elite branca, seja pela difusão desse discurso pelos chamados novos empreendedores. De todo modo, cabe ao futuro e à luta política determinarem se esse debate irá ou não se aprofundar.
O Ministério da Educação (MEC) ampliou o prazo para o pagamento da taxa de inscrição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Com isso, os candidatos terão até o dia 27 de junho para fazer o pagamento.
A inscrição é confirmada após o pagamento.
A taxa de R$ 85 pode ser paga por meio de boleto, gerado na Página do Participante, Pix, cartão de crédito ou débito em conta-corrente ou poupança (a depender do banco).
Para efetuar o pagamento via Pix, o candidato deve escanear o QR Code disponível no próprio boleto. E
Alunos de escolas públicas que terminam o ensino médio em 2025 são isentos da taxa. Por isso, o sistema não gerará boleto para eles.
Provas
As provas do Enem será aplicadas nos dias 9 e 16 de novembro.
O exame será realizado em 30 de novembro e 7 de dezembro nas cidades de Belém, Ananindeua e Marituba, todas no Pará, por causa da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no mês de novembro.
Certificação
Na edição de 2025, o Enem voltará a certificar a conclusão do ensino médio ou a proficiência parcial de estudantes maiores de 18 anos. Para obter a certificação, é necessário que o participante atinja o mínimo de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e o mínimo de 500 pontos na redação do Enem
Após a confirmação da inscrição, o candidato pode pagar o valor de R$ 85 por meio de boleto gerado na Página do Participante, a plataforma oficial do Enem.
O pagamento pode ser feito por boleto, Pix, cartão de crédito, débito em conta-corrente ou poupança.
Para pagar por Pix, basta acessar o QR Code que consta no boleto.
O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) avisa que o sistema não gerará boleto para o estudante concluinte do ensino médio (2025) de escola pública em nenhuma hipótese.
Provas
As provas do Enem 2025 serão aplicadas pelo Inep nos dias 9 e 16 de novembro, nas 27 unidades da federação.
Em Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, o exame será aplicado, excepcionalmente, nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro, devido à realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que ocorrerá no estado no período da aplicação regular do Enem.
Certificação
Na edição de 2025, o Enem voltará a certificar a conclusão do ensino médio ou a proficiência parcial de estudantes maiores de 18 anos. Para obter a certificação, é necessário que o participante atinja o mínimo de 450 pontos em cada uma das áreas de conhecimento e o mínimo de 500 pontos na redação do Enem.
Pé-de-Meia
Os estudantes concluintes do ensino médio em escolas públicas, que são beneficiados pelo programa Pé-de-Meia, do Ministério da Educação (MEC), receberão uma parcela bônus de R$ 200 se participarem dos dois dias de provas do Enem 2025.
O pagamento será feito após a conclusão dessa etapa de ensino. Além disso, todos os participantes do Pé-de-Meia tiveram direito à isenção da taxa de inscrição do Enem 2025.
Enem
O Exame Nacional do Ensino Médio avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Enem tornou-se a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Programa Universidade para Todos (Prouni) e do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Os servidores públicos do Poder Executivo federal e os professores das redes públicas de ensino estaduais e municipais, efetivos e em exercício em 2025, podem se inscrever para compor a Rede Nacional de Certificadores (RNC) do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 e da Prova Nacional Docente (PND) até a próxima segunda-feira, 30 de junho.
Os interessados em ser um certificador dos procedimentos de aplicação do Enem e da PND 2025 podem se inscrever pelo Sistema RNC do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
É necessário ter formação mínima do ensino médio e não é permitida a inscrição de quem tem cônjuge, companheiro ou quaisquer parentes de até terceiro grau inscritos no Enem ou na PND 2025, também chamada de Enem dos Professores. Caso já tenha cadastro no sistema, o candidato a certificador deve conferir se os dados estão atualizados.
O que faz
O certificador voluntário é o profissional responsável por garantir a segurança, a lisura e a conformidade dos processos de aplicação do exame. Ele atua como um fiscal externo representando o Inep em cada um dos locais de prova.
Entre as atividades realizadas por um certificador estão o recebimento e abertura dos malotes de prova; identificação dos participantes; o controle dos horários de início e encerramento das provas.
Os profissionais selecionados pelo Inep poderão atuar na primeira da Prova Nacional Docente (PND), agendada para 26 de outubro, e nos dois dias de provas do Enem 2025 (9 e 16 de novembro). A remuneração diária é R$ 510. Em casos de atuação em municípios com número insuficiente de certificadores, com deslocamento superior a 150 quilômetros do município de origem, a diária passa a ser de R$ 864.
Nas cidades paraenses (Belém, Ananindeua e Marituba), o Enem será aplicado em 30 de novembro e 7 de dezembro, devido à realização na capital do Pará da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), no período de 10 a 21 de novembro.
Conforme o edital, o certificador participante poderá atuar em um ou mais dias de aplicação das provas dos dois exames (Enem e PND 2025).
Curso de capacitação
A divulgação dos inscritos confirmados e convocados para o curso de capacitação será feita em 14 de julho. Nesta data, a lista dos inscritos convocados para realizar o curso de capacitação e as demais etapas do processo seletivo poderão ser consultadas na Página de Acompanhamento dos certificadores, o Sistema RNC.
Os interessados com inscrição confirmada poderão realizar o curso de capacitação, na modalidade a distância, promovido pelo Inep, conforme o número de vagas disponíveis.
Para ser aprovado com certificador, a pessoa inscrita deve obter rendimento mínimo de 70% no curso de capacitação. A data do início da capacitação ainda será divulgada na Página de Acompanhamento.
Convocação
O Inep pode convocar para o curso de capacitação pela plataforma virtual até três vezes a quantidade estimada da demanda para cada município, usando como critério a ordem de inscrição confirmada.
Caso a quantidade de certificadores aptos a receber a demanda excepcional exceda o quantitativo necessário para preenchimento de determinado município de aplicação, a seleção do certificador ocorrerá obedecendo aos seguintes critérios de prioridade:
atuação como certificador na edição do ano anterior do Enem;
maior rendimento no curso de capacitação;
em caso de empate nos critérios definidos, a demanda será gerada por sorteio realizado no sistema da RNC.
Confira o cronograma da seleção:
inscrições no Sistema RNC: 5 a 30 de junho;
divulgação dos inscritos confirmados e convocados para capacitação: 14 de julho;
período para recursos das inscrições não confirmadas: 15 a 22 de julho;
O cotidiano da preservação do acervo do poeta, dramaturgo, artista plástico e ativista pan-africano Abdias Nascimento poderá ser acompanhado, a partir desta segunda-feira (16), com o lançamento da websérie Andorinha. O trabalho guarda a memória de um dos maiores legados da cultura negra do Brasil e dos países da parte sul do planeta, com estrutura social e econômica de grandes desigualdades, chamada de sul global. Abdias Nascimento foi também deputado federal, senador e professor emérito da Universidade do Estado de Nova York, nos Estados Unidos.
O nome Andorinha foi uma escolha da equipe por simbolizar a força do coletivo. O fato de as andorinhas voarem juntas, de forma sincronizada e por longas distâncias, lutando contra grandes desafios, reflete o trabalho, em rede, do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), fundado por Abdias Nascimento nos anos 1980, ao manter viva a memória dele.
“Ao longo de sete episódios, reunimos as vozes de pesquisadores, artistas e técnicos, destacando os desafios e as conquistas envolvidas na gestão desse valioso patrimônio”, disse o Ipeafro.
Quem assistir a websérie Andorinha poderá ver os bastidores da organização do acervo Abdias Nascimento no Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro), reconhecido internacionalmente e inscrito no Programa Memória do Mundo da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Composto por documentos, obras de arte, livros e registros de toda uma trajetória negra ao longo do século 20, o trabalho passa também pelas organizações criadas pelo artista e ativista, como o Teatro Experimental do Negro (TEN), o Museu de Arte Negra e o Ipeafro. Como parlamentar, Abdias Nascimento foi autor das primeiras propostas ao governo federal para políticas públicas de combate ao racismo, em 1983.
Na websérie, depoimentos exclusivos detalham o trabalho de conservação desse patrimônio histórico e cultural que o Ipeafro abriga, incluindo o acervo documental, de aproximadamente 3.500 livros na coleção bibliográfica, 600 obras artísticas e 20 mil imagens no acervo iconográfico.
Além da produção do Ipeafro, a websérie tem o apoio do Instituto Ibirapitanga. O projeto está inserido na nova fase do sistema de gestão e difusão do legado de Abdias Nascimento.
“A iniciativa reafirma o compromisso do Ipeafro com a valorização e difusão da cultura afro-brasileira, celebrando a vida e a obra de seu fundador”, informou o Ipeafro.
A intenção da websérie é documentar os processos técnicos e momentos de destaque do Ipeafro, entre eles o retorno e a acomodação das obras da coleção Museu de Arte Negra, que compuseram a mostra no Museu Inhotim, em Minas Gerais. A exposição integrou, em quatro atos, o Programa Abdias Nascimento e o Museu de Arte Negra, em uma parceria entre o Inhotim e o Ipeafro no período de 2021 a 2024.
A websérie traz ainda a atuação do grupo de trabalho que institui o Programa Abdias Nascimento: Memória, Patrimônio e Reparação. A iniciativa conjunta do Ipeafro e da Fundação Casa de Rui Barbosa conecta representantes de instituições públicas e da sociedade civil, que possuem acervos relacionados à cultura e à memória afrodescendente, dos povos originários e comunidades periféricas.
Outro aspecto da websérie é que ela dá continuidade à produção, pelo Ipeafro e parceiros, do registro audiovisual de memória negra dos documentários: Abdias Nascimento Memória Negra (2008), de Antonio Olavo; Abdias Nascimento (2013), de Aída Marques; Abdias Vive (2011), de Fernando Bola; 70 anos do Teatro Experimental do Negro (2014), Ipeafro/ Cultne; e Entre o Aiyê e o Orum - Abdias Nascimento (2021).
Casada com Abdias na volta dos dois ao Brasil, depois do exílio, a cofundadora e atual presidente do Ipeafro, Elisa Larkin Nascimento, revelou que no retorno ao país, Abdias veio com o compromisso de fortalecer a democracia brasileira e participar da fundação do PDT, com Leonel Brizola, que, depois do partido criado, foi eleito governador do Rio de Janeiro pela nova legenda. Nessa época, o casal chegou com muitos elementos que hoje fazem parte do acervo do Ipeafro.
Elisa Nascimento
“Trouxemos muitos livros que ele havia colecionado, obras de arte que reuniu no exterior e ainda a produção pictórica, a pintura dele que, em sua grande maioria, foi produzida fora do Brasil. Ele começou em 68 a pintar, na época em que realizou a Exposição inaugural do Museu de Arte Negra, projeto que começou nos anos 50”, informou em entrevista à Agência Brasil, acrescentando que Abdias estava exilado em Nova York quando no Brasil foi promulgado o AI-5, impedindo-o de voltar ao país, mas não de continuar a interlocução do exterior com artistas brasileiros.
Cristo Negro
Elisa lembrou uma das criações de Abdias que causaram discussões à época - a proposta, em 1955, de lançar um concurso de artes sobre o tema do Cristo Negro, no momento em que o Rio de Janeiro recebia o 36º Congresso Eucarístico Mundial.
“A Igreja Católica do mundo inteiro, reunida no Rio de Janeiro, e o pessoal do Teatro Experimental do Negro propõem o concurso sobre o tema do Cristo Negro. Foi um escândalo, em 1955. Foi considerado grande blasfêmia, um atentado contra as artes e a religião. Foi descrito nos jornais como um grande problema, no entanto mais de 120 artistas fizeram a exposição e o concurso. A partir dali, o projeto do Museu de Arte Negra recebeu doações de artistas brasileiros das mais variadas origens e alguns dos mais eminentes como Alfredo Volpi, Ivan Serpa, Aldemir Martins, Augusto Rodrigues, a lista é muito grande”, disse.
A presidente do Ipeafro afirmou que o trabalho da instituição, como o próprio nome de Abdias, é pouco conhecido, mas que acredita que o audiovisual e a comunicação por meio das redes sociais vão permitir maior divulgação.
“O Abdias como ser político, como ator cultural, nunca chegava e nem se apresentava sozinho, se apresentava como uma pessoa que representa toda uma história, toda uma ancestralidade, uma luta de gerações de que ele faz parte disso. Era isso que ele queria realmente - difundir a mesma coisa com a nossa websérie. A gente considera que a websérie não fala só do Ipeafro, nem só do Abdias, mas sobretudo está na coletividade da população negra, por meio dessas histórias que incorporam tanto o Teatro Experimental do Negro, quanto o Projeto de Arte Negra. A vida e as obras do Abdias, como intelectual e ativista, representam algo maior, que é a luta coletiva pela população afro-brasileira”, afirmou.
Para a assistente de comunicação do Ipeafro, jornalista e diretora da websérie, Duda Nascimento, o projeto permite compartilhar as tecnologias de preservação que fazem o instituto resiliente.
"A minha ideia com a direção, a narrativa que eu queria comunicar, tem sido eficiente, dadas as exibições que a gente já fez no Ipeafro para a equipe. É possível identificar o compartilhamento da maneira de fazer o Ipeafro com outras organizações, para que elas possam tanto aprender como compartilhar as técnicas de preservação ou até mesmo de pessoas com acervo pessoal. Isso é um debate importante; como fazer com que a memória de personalidades e de acervos negros sejam permanentes”, observou.
Novas gerações
A doutora em história social da USP, Clícea Maria Miranda, responsável pelo acervo documental e integrante da gestão colegiada do Ipeafro, vê o trabalho também alinhado com uma preocupação constante de Abdias, que era a educação da população negra, capaz de aproximar novas gerações.
“A gente entende que o movimento negro e as ações do movimento negro também educam. Esse acervo reunido aqui também pode ser um lugar de informação e formação. Recebemos um conjunto de estudantes, alunos e alunas de pós-graduação que vêm pesquisar o acervo. Infelizmente o racismo, durante muito tempo, inviabilizou figuras como o Abdias e todo esse legado. A nossa tarefa, e uma das nossas missões, é levar todo esse conhecimento que ele produziu de forma que as novas gerações possam beber nessas fontes para atuar no futuro”.
Como o nome da websérie é Andorinha, Clícea reforçou a necessidade de a luta contra o racismo ser coletiva e, dessa forma, marcar o trabalho desenvolvido pelo Ipeafro.
"É um trabalho coletivo. Todas as áreas aqui têm a perspectiva de se comunicar para que a coisa aconteça, o que se reflete muito no que foi Abdias. A coisa só anda e acontece porque todo mundo trabalha junto e voa junto”, disse, lembrando o ditado popular “uma andorinha só não faz verão”.
A partir de hoje (16), o primeiro episódio de Andorinha ficará disponível no canal do Ipeafro no YouTube, justamente no mês em que o instituto completa 41 anos de criação. Novos episódios vão ao ar nas próximas segundas-feiras. Quem tiver interesse em buscar mais informações pode acessar o endereço: ipeafro.org.br ou então os perfis nas redes sociais @ipeafro no Instagram e no Facebook.
No Ibura, bairro da periferia do Recife, Cris Martins e o marido, Albert Ventura, desempregados e em meio a pandemia de covid-19, vivem uma jornada heroica para dar conta da criação de três filhos, da gravidez de mais uma criança, a busca por uma laqueadura no SUS e a luta pela reconstrução, tijolo a tijolo, da casa da família.
Em sua luta para reconstruir a vida, garantir seus direitos reprodutivos e sustentar a família, Cris também se destaca atuando como micro-influenciadora digital.
Essa história real emocionante, que tem sensibilizado plateias por onde passa, está documentada em Tijolo por Tijolo, filme dirigido por Victoria Alvares e Quentin Delaroche, consagrado neste domingo (15) com as principais premiações do 26º Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (Fica), na Cidade de Goiás.
O documentário, que exibe grande qualidade cinematográfica ao mergulhar com profundidade na vida familiar de Cris, ao mesmo tempo arranca risadas e comove o público durante a sessão.
Essa potência levou Tijolo por Tijolo a vencer o grande troféu Cora Coralina de melhor filme do festival goiano, eleito pelo júri oficial, com prêmio de R$ 35 mil.
A obra também faturou o prêmio de melhor direção, o troféu Imprensa, concedido por um júri de jornalistas especializados, e o troféu do júri jovem, obtendo, assim, todas as premiações possíveis.
O reconhecimento confirma o sucesso que o filme vem experimentando por onde tem circulado. Recentemente, foi destaque em premiações no festival curitibano Olhar de Cinema.
"Tijolo não é sobre um assunto só. A gente fala sobre justiça climática, sobre racismo ambiental, a gente fala sobre uma maternidade real, sobre direitos reprodutivos, a gente fala sobre afeto, sobre periferia, sobre paternidade preta, sobre redes sociais, sobre as big techs, essa pulverização dos trabalhos", afirmou Victoria Alvares à Agência Brasil, logo após a premiação no festival goiano.
"São temáticas muito globais, o que faz com que um público muito diverso consiga se sentir tocado pelo filme de formas distintas", destacou a diretora. "Então, é muito comum as pessoas saírem do filme dizendo assim: 'Meu Deus, eu estou me sentindo prima desse pessoal'", observou.
Nos cinemas
Victoria e Quentin assinam não apenas a direção, mas a fotografia, o som, a montagem e a produção do longa, uma equipe mínima. Eles passaram dois anos registrando a intimidade de Cris e de sua família, após construírem fortes relações com esses personagens reais. A expectativa, agora, está no lançamento do filme em salas comercias, viabilizada por meio de edital público. A data de estreia ainda não foi anunciada.
"Com a mudança de governo e o restabelecimento de políticas públicas de cultura, a gente conseguiu finalizar o filme e ganhamos também um edital para a distribuição do filme. Então, filme vai ser lançado em salas comerciais, o que é uma vitória muito grande, porque a gente sabe o quanto é difícil o cinema nacional ocupar esse espaço nas salas comerciais e ainda mais cinema documental", celebrou Victoria.
Mostras competitivas
Considerado o maior evento audiovisual com temática ambiental da América Latina, o Fica distribuiu, ao todo, cerca de R$ 220 mil em prêmios para quatro mostras competitivas.
Entre os filmes goianos, o documentário Entre as Cinzas, que mostra brigadistas atuando contra incêndios florestais criminosos, levou o prêmio de melhor filme goiano eleito pelo júri.
O prêmio de melhor filme de curta e média metragens ficou com a animação Marés da Noite.
O júri oficial ainda concedeu menções honrosas aos filmes Nós vivemos aqui e Mãos à terra.
Confira, a seguir, todos os premiados da 26ª edição do Fica:
Mostra Internacional Washington Novaes
Prêmio Cora Coralina – melhor longa-metragem: Tijolo por Tijolo
Prêmio Carmo Bernardes - melhor direção: Tijolo por Tijolo
Prêmio Acari Passos – melhor curta ou média-metragem: Marés da Noite
Prêmio João Bennio – melhor filme goiano: Entre as Cinzas
Menções Honrosas do Júri Oficial: Nós Vivemos Aqui e Mãos à Terra
Prêmio José Petrillo – Júri da Imprensa: Tijolo por Tijolo
Prêmio Jesco Von Puttkamer – Júri Jovem: Tijolo por Tijolo
Prêmio Luiz Gonzaga Soares – Júri Popular: Encontro das Águas
Prêmio Fiocruz: Mãos à Terra
Mostra do Cinema Goiano
Melhor filme de longa metragem: Mambembe
Melhor filme de curta metragem: Entressonho
Melhor direção de longa metragem: Fabio Meira, por Mambembe
Melhor direção de curta metragem: Yorrana Maia, por Fidèle
Melhor direção de fotografia: Larry Machado, por A Mulher Esqueleto
Melhor roteiro: Yorrana Maia, por Fidèle
Melhor montagem: Afonso Uchoa, Fabio Meira e Juliano Castro, por Mambembe
Melhor personagem: Francisca Americo dos Reis, por Planta de Raiz Profunda
Melhor som: Theo Farah e Bruno Fiorezi, por Goiânia Rock City
Melhor trilha musical: Goiânia Rock City
Melhor direção de arte: Paulo César Alves, por A Mulher Esqueleto
Menção Honrosa: Jamming - O ano em que Junior Marvin morou em Goiânia
Mostra do Cinema Indígena e Povos Tradicionais
Melhor filme de Longa-metragem: Originárias
Melhor filme de curta ou média-metragem: Sukande Kasáká / Terra Doente
Menção Honrosa: ADOBE: Habilidades tradicionais da construção Kalunga
Mostra Becos da Minha Terra (filmes produzidos na cidade de Goiás)
As tradicionais festas juninas brasileiras nasceram na Europa católica e foram introduzidas no país pelos portugueses durante o período colonial, celebrando as solenidades católicas de Santo Antônio, São João Batista, São Pedro e São Paulo. Com fogueira, quermesse e quadrilha, as festas trazem afetividade, ensinamentos religiosos e narrativas que atravessam séculos de história popular.
Segundo a doutora em Teologia e professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Ana Beatriz Dias Pinto, no Brasil, mais do que datas litúrgicas, são experiências coletivas que misturam devoção, comida, dança e memória afetiva.
“Cada arraial, cada fogueira acesa e cada simpatia feita com fé expressam uma catequese viva, transmitida não por livros, mas por gestos, sabores e ritmos que fazem universo de sentidos para a religiosidade popular e dizem muito sobre nossa cultura”, diz.
A professora, explica que a tradição da fogueira vem de um acordo entre Isabel e Maria, primas grávidas. Elas combinaram que, quando João nascesse, Isabel acenderia uma fogueira para avisar Maria. "Assim surgiu o sinal, que se acende até hoje em cada quermesse do Brasil para celebrar o nascimento do único santo festejado no dia em que nasceu, e não no dia da morte".
A fogueira de São João representa a luz da vida para os momentos de escuridão, a expectativa de exteriorizar e queimar pelo fogo tudo aquilo que tira a alegria da vida, explica professora. Há ainda o ato de pular a fogueira, que representa purificação, renascimento, desejo realizado.
"No Brasil, isso se popularizou ao ponto de virar a cantiga Pula a fogueira, ioiô. Esse gesto é arquétipo de purificação, de queimar energias e experiências negativas, reduzindo a cinzas o que não é bom para a vida", .
Outro símbolo tradicional das festas juninas, o arraial é a recriação de uma aldeia temporária e sagrada, onde há sempre uma igreja, um padre, um casamento e padrinhos.
"É uma miniatura da própria organização social católica, mas numa versão colorida e brincante, homenageando o povo caipira, o povo que oferece aos centros urbanos o alimento".
Quadrilha, pau de sebo e quermesse
De acordo com Ana Beatriz, a origem da quadrilha, uma dança de casais que se abrasileirou nos nossos arraiais, tem origem nas danças de salão francesas. Aos poucos se transformou em uma dança coreografada no Brasil.
O pau de sebo também faz parta da folia junina. "Enquanto alguns o veem simbolismo fálico, como pecado, algo do demônio, outros veem só como diversão. O fato é que pela cultura popular, o pau de sebo é tão somente uma brincadeira de festa junina. Em sua ponta, sempre há uma imagem de Santo Antônio ou um prêmio cobiçado. Quem consegue apanhar é o vencedor".
O termo quermesse para denominar a festa da igreja vem do flamengo kerkmisse, palavra que nasceu da língua falada na região da Flandres (atualmente parte da Bélgica). A festa nasceu como evento beneficente e, com o tempo, incorporou forró, barracas de jogo, bingo e cachorro-quente aqui no Brasil.
"No fundo, continua sendo celebração comunitária, de agradecimento pelas colheitas e para celebrar que o povo quer missa, mas também quer festa, união, convivência e amizade. Valores presentes à formação social brasileira no campo e na cidade", explica Ana Beatriz.
Comidas e bebidas
As festas juninas no Brasil coincidem com a colheita de alguns alimentos, como o milho, amendoim, pinhão, uva. Desses produtos resultam pratos como a canjica, a pamonha, o bolo de milho, o curau, o pé-de-moleque, pinhão cozido ou assado. As bebidas, como o quentão e o vinho quente, que têm origem portuguesa, surgiram como função social de aquecer o corpo e a alma.
"Todos representam uma forma de Ação de Graças a um plantio bem-sucedido, em forma de gratidão disfarçada de quitute", explica a professora de teologia.
Papel das festas
Para Ana Beatriz, as festas juninas são ainda mais importantes no período atual, com a existência da comunicação digital e das redes sociais, como ritual coletivo, memória afetiva e expressão de uma espiritualidade popular legítima falando de pertencimento, alegria e esperança por meio das danças, das brincadeiras e da celebração da colheita dos alimentos típicos do inverno.
"As festas juninas são expressão simbólica do imaginário devocional e cultural brasileiro, com direito a muitas orações, simpatias e à consciência simbólica de que o ano chegou à sua metade, convidando cada um de nós a olhar para trás, agradecer, e reacender a fé para o que ainda está por vir".
A abertura do edital 2025 do Prêmio Periferia Viva ocorreu na tarde desse sábado (14), na Associação dos Moradores de Heliópolis e Região (Unas). É possível inscrever os projetos participantes nos próximos dias por meio do site do Ministério das Cidades.
Promovida pela Secretaria Nacional de Periferias, do Ministério das Cidades, a iniciativa, em sua terceira edição, vai distribuir prêmios em três eixos: iniciativas Populares, no qual 150 projetos receberão R$ 50 mil; Assessorias Técnicas com premiação de R$ 30 mil e três Iniciativas de Entes Públicos Governamentais, que receberão troféus.
O tema desta edição é “Periferia Viva é construção coletiva”. O objetivo é valorizar iniciativas nas periferias, produzidas pelos seus moradores e com recursos direcionados para coletivos dos próprios territórios. Os candidatos devem participar de projetos que estejam em andamento e que promovam enfrentamento da desigualdade socioespacial e a potencialização e transformação dos territórios periféricos.
“O Prêmio Periferia Viva fortalece o papel ativo das comunidades em decisões significativas, destacando suas capacidades frequentemente ignoradas, e responde ao engajamento de redes e movimentos sociais que buscam melhorar a vida urbana periférica”, destacou em nota o secretário Guilherme Simões.
Museus, agroecologia e projetos culturais foram alguns dos selecionados em 2024, entre os quais a Okupação Cultural C.O.R.A.G.E.M., sediada na Cohab José Bonifácio, na Zona Leste de São Paulo.
Para a Okupação, o prêmio foi fundamental para fortalecer a sustentabilidade e continuidade das ações. “Com o recurso, conseguimos criar um caixa emergencial, o que nos permitiu atender às principais necessidades do espaço. Realizamos pequenas reformas estruturais que melhoraram o conforto para quem frequenta nossas atividades, além de garantir mais segurança para o nosso acervo, equipamentos e materiais das coletivas que integram a Okupação. Esse apoio também nos trouxe mais fôlego para seguir desenvolvendo ações de forma autônoma”, explicou Letícia Ferreira, gestora e produtora cultural que atua na iniciativa.
O processo de seleção foi um momento importante para o grupo Okupação, que já tem 10 anos de atuação. Para Letícia, se tratou de um incentivo para manter documentos e registros atualizados, além de revisitar e reconhecer a trajetória. “Esse exercício de sistematização nos fortaleceu no que se refere à ampliacao da nossa capacidade de organizar informações, comunicar melhor e planejar projetos futuros de forma mais estruturada e estratégica. Também nos tornou mais preparados para participar de outras seleções e fortalecer nossa atuação em rede”, completou a gestora.
O espaço, que revitalizou uma área abandonada na COHAB, recebe artistas, oficineiros e produtores e mantém programação gratuita.
Além de viabilizar a ampliação de projetos, como a compra de um terreno pelo projeto Quebrada Orgânica, o reconhecimento ajuda na construção de portfólios para projetos futuros. A agricultora Joy Izauri, que é gestora do projeto na região do Jardim São Luiz, na zona sul de São Paulo, detalhou como os frutos deste reconhecimento já estão aparecendo. Chamados para oficinas em uma unidade do Sesc, ter o Periferia Viva no portfólio foi um elemento a mais na seleção.
“[o prêmio] ajuda não só na parte financeira, mas ajuda as iniciativas a serem reconhecidas no próprio território e a mostrar para a própria comunidade, superando dificuldades de diálogo com os outros moradores do território”, contou Joy.
O Quebrada Orgânica é um projeto de agricultura familiar em contexto urbano e periférico, formado por ela, pelo marido Robert, pelo sogro Gil, e pelos filhos do casal, Leônidas, de 8, e César, de 4 anos. Além de produzirem meia tonelada de alimentos por ano, parte da qual é doada aos vizinhos, também realizam um festival de agricultura urbana, em um trabalho que não vê um fim próximo.
“A gente acredita que tem trabalho para fazer para o resto da vida, sabe? E dentro disso a gente pode se especializar e fazer mil coisas, porque a gente pensa a terra como laboratório mesmo, porque a gente não trabalha só a produção de alimento aqui. Os menus do nosso festival anual são criados a partir daquilo que a gente planta aqui. O espaço é pensado como museu a céu aberto. Então, se você vier para o nosso festival, você vai ver as obras de arte, as instalações, em meio aos canteiros de produção de alimentos. Você vai ver informação em agroecologia, em ecologia”, explica a agricultora.
Também de outra periferia, mais próxima do mar, um outro projeto premiado em 2024 mostrou o potencial deste tipo de edital na continuidade de políticas culturais. No Museu de Favela do Pavão, Pavãozinho e Cantagalo, na cidade do Rio de Janeiro, foi criado o primeiro Ponto de Memória, no Programa de Segurança Nacional, o PRONASC, com apoio de outros órgãos, como o IPHAN.
“A dinâmica do Periferias Viva em 2024 foi de muito aprendizado. Os encontros foram muito importantes, dando a dimensão do programa no território nacional”, nos contou Sidney Silva, que também atende por Tartaruga.
Neste Museu, que nasceu como uma estratégia de valorização da comunidade e elemento de segurança comunitária e que o mestre Sidney conceitua como “museu de território”, há um circuito de arte denominado Circuito Casas-Telas. Esse circuito tem 27 obras de arte, nas fachadas das casas de moradores. “São obras de grafite que retratam a nossa memória nas fachadas da casa dos moradores”.
Com o recurso, a instituição carioca ampliou o atendimento, criou brinquedotecas itinerantes e apoiou outras iniciativas que realizavam, já que o Museu só pode ser visitado ao se andar pelas comunidades, ampliando ações que já são apoiadas pela secretaria estadual de cultura fluminense.