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Pesquisadores dizem que a origem da cultura hip hop está relacionada com as festas organizadas no início da década de 70 por jovens afro-americanos que residiam no Bairro do Bronx, em Nova York. Embora esse tenha sido um processo lento, um desses eventos é hoje celebrado como pedra fundamental. Em 11 de agosto de 1973, há exatos 50 anos, um edifício de 102 unidades, situado no número 1.520 da Avenida Sedgwick, testemunhou grande mobilização para marcar a volta às aulas.

A festa foi organizada pelo DJ Kool Herc, que comandou os toca-discos, enquanto B-boys e B-girls dançavam e os MCs agitavam o público. Não é por acaso que o edifício que sediou a agitação daquela juventude foi reconhecido em 2007 como o "berço do hip hop" pelo Escritório de Parques, Recreação e Preservação Histórica do Estado de Nova York.

Curiosamente, em menos de quatro meses, o rapper MV Bill também completa 50 anos. Enquanto o hip hop surgia no Bronx, nascia um menino negro na Cidade de Deus, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. Ele se tornaria um dos precursores do movimento que, inspirado naquele caldo cultural da periferia de Nova York, acabou se instalando no Brasil a partir da década de 80. No fim do ano passado, foi apresentado seu novo álbum Dr. Drill, onde faz novas apostas rítmicas sem perder de vista a crítica social e o chamado à conscientização, marcas de suas letras.

Bill não é só rapper multipremiado, tendo se enveredado ainda por outras áreas como o audiovisual e a literatura. Ccom o produtor cultural Celso Athayde e a artista Nega Gizza, é também fundador da Central Única de Favelas (Cufa), considerada a maior organização não governamental do mundo que atua desenvolvendo projetos em comunidades. Além disso, carrega a experiência de ter integrado, em 2008, a primeira formação do Conselho Curador da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), órgão composto por integrantes da sociedade civil extinto, em 2016, por medida provisória assinada pelo então presidente Michel Temer.

Nessa entrevista à Agência Brasil, ele compartilha perspectivas construídas ao longo de toda a trajetória. Em suas respostas, o rapper revela olhar atento para transformações relacionadas à comunicação social. Ele vê o enfraquecimento do poder da TV, mas faz um alerta sobre a internet: "o algoritmo só apresenta o que mais está em voga".

Agência Brasil: 

 Desde o seu surgimento, o hip hop precisou lutar por espaço e hoje existem diversos festivais específicos de rap, por exemplo, o que não era comum no passado. O Ministério da Cultura propôs instituir o 11 de agosto como o Dia Nacional do Hip-Hop. Como você avalia este momento? Dá pra dizer que o hip hop garantiu seu espaço ou essa é uma luta permanente?

MV Bill: 

Vejo que teve um crescimento muito grande. Avançou bastante, principalmente em uma discussão que, para mim, era totalmente infundada: se o rap é ou não uma música. Acho que ao longo dos anos se provou que rap sim é música, só que tem uma forma diferente de fazer. Você pode fazer com auxílio de DJ, que aí você fica na parte eletrônica. Mas já têm inúmeras experiências que misturam o rap com banda. Eu tenho três ou quatro projetos assim. Houve um preço que a gente teve que pagar lá atrás para que hoje pudéssemos usufruir disso sem ter que ficar explicando que é música. E isso falando da música rap. Podemos também falar mais do hip hop como movimento enquanto cultura que contém quatro elementos: o rap, o DJ, o break dance e o grafite. O rap é só um desses elementos. E tem gente que ainda chama a música de hip hop. É verdade que há muitos eventos rolando, muitos festivais. Mas muitos deles que abrigam somente um dos quatro elementos que é o rap. São poucos os festivais que trazem o hip hop como um todo. Que têm dança, grafite, DJ. Falta um pouco disso ainda no Brasil. Talvez ocorra quando a gente tiver pessoas nossas trabalhando não somente na parte musical, como rappers e MCs, mas também nos bastidores, na curadoria de eventos, captando verba e sendo dono do evento. Acho que isso vai fazer com que a gente coloque o hip hop como um todo em evidência.

Agência Brasil:

No ano que vem teremos olimpíada e, pela primeira vez, o break, que é a dança do movimento hip hop, será uma modalidade olímpica. O que você acha desse movimento? Isso fortalece o hip hop ou precisa ser olhado com cautela?

MV Bill:

 O break dance talvez seja o elemento menos reconhecido da cultura hip hop. Falando bem a verdade, os grafites são bem reconhecidos e bem procurados quando alguém quer fazer uma pintura na fachada de sua casa. Os DJs tocam em tudo que é lugar. Tem DJ que ficou famoso no mundo inteiro. E o rap está em primeiro lugar nas plataformas. Já o break, os B-boys e B-girls não têm tanta visibilidade assim. Então, estarem dentro de uma competição olímpica vai colocá-los em evidência. E acho que em nenhum momento vai tirar a força do break que vem na rua, que é completamente diferente. Às vezes tem uma batalha de rua ou às vezes é só dançar, só exercitar o grupo ou só entrar em contato com o movimento.

Agência Brasil:

A gente sabe que todo o estilo musical sofre transformações ao longo do tempo e não é diferente com o rap. Mas as letras do rap sempre estiveram muito vinculadas a temáticas sociais, chamando atenção para as demandas da periferia. Neste momento, a gente tem alguma questão específica que está mais em evidência? O rap que se faz hoje tem alguma peculiaridade que o faz ser diferente do que se fazia tempos atrás?

MV Bill:

rap se tornou conhecido. E com o conhecimento houve um pouco do esvaziamento desse discurso, na medida em que a gente tem também jovens de classe média, de famílias mais abastadas, jovens brancos fazendo rima e fazendo sucesso. E, com isso, muitos assuntos acabam saindo de pauta. Isso acontece com a questão racial e a questão da violência. Porque são jovens que não vêm necessariamente desse tipo de realidade, não convivem com esses assuntos. São temas que não estão mais tão presentes como já estiveram outrora. Isso não quer dizer que não tenha gente da atualidade fazendo bons trabalhos, trazendo essas questões. Tem, mas tem que garimpar porque senão o algoritmo só apresenta o que está fazendo sucesso e o que mais está em voga. São raps que só falam de amor, de diversão, de ostentação. Há até algumas letras denegrindo a imagem feminina. Quando eu quero fazer uma playlist com músicas que falam de determinados assuntos, eu tenho que garimpar os trabalhos atuais ou recorrer às músicas mais antigas. Mas esse é um caminho natural por conta do crescimento do rap. Eu acompanho bastante a cena norte-americana e a cena do hip hop europeu. Também vejo que eles acabaram indo nessa direção. Acho que o crescimento de qualquer movimento, de qualquer cena, acaba trazendo esse lado mais pop.

Agência Brasil:

Mas o que faz com que esse seja um caminho natural?

MV Bill:

Isso vai desde os contratantes que preferem os artistas que têm essa cara e essa forma mais pop. E acho que o público também tem influência muito grande nisso, na medida em que faz suas escolhas de qual artista vai ouvir. Hoje, a gente não tem tão forte a cultura do jabá, como era quando o artista pagava para tocar no rádio. Também não vivemos mais no tempo em que a música só vai ser sucesso se for trilha sonora de uma novela. Hoje, muita coisa que faz sucesso sequer aparece na grande mídia. Tem coisa que nunca apareceu na televisão e é supersucesso, como resultado do nosso like, do clique nas pessoas. Então se um grupo de pessoas pretas da favela dá um clique no artista que nunca ligou para elas, estão exaltando alguém que nunca estará preocupado com a sua questão social e racial. Acho que falta um pouco dessa consciência. Somos um público grande e forte, podemos levantar qualquer artista. Podemos levantar qualquer pessoa, qualquer influencer. Mas a falta de consciência pode te levar a clicar na pessoa errada. Tem gente na favela clicando em racista, clicando em fascista, clicando em pessoa que é contra a nossa existência. Então a gente tem que estar atento a isso.

Agência Brasil:

Recentemente, o rapper mineiro Djonga respondeu a um fã nas redes sociais, após ser criticado por ter lançado um álbum mais leve, abordando menos temas políticos. Ele rebateu dizendo que suas músicas antigas são eternas e estão disponíveis para ser ouvidas, mas que é legal explorar outros assuntos. Existe, em alguns momentos, pressão de parte do público para limitar o rap a uma coisa só?

MV Bill:

Eu já sofri muito isso, nunca levei a sério. Nunca deixei isso me interromper ou interferir na minha criatividade. Lancei meu primeiro disco Traficando Informação, em 2000. E, depois, as pessoas começavam procurando em todos os discos a música Soldado do Morro. Todo disco que era lançado, a pessoa ia procurar Soldado do Morro lá. Mas não dá para fazer músicas como essa assim de uma hora para outra. Ali, eu vivi um momento específico,  morando numa Cohab dentro da Cidade de Deus, quase não saía de casa. Então a minha janela virava uma tela de cinema, onde eu ficava vendo acontecer tudo aquilo que narrei. Eu tinha um tipo de vivência. E hoje nem sei se conseguiria fazer uma música como essa, cheia de verdade. Quem quiser ouvir uma letra minha como Soldado do Morro, a música está lá, em todas as plataformas. Está disponível a hora que você quiser. Mas, como artista, preciso ter a criatividade liberada para falar de outros assuntos, ou até para falar desse assunto de outras formas. No caso do Soldado do Morro, ainda fiz mais duas músicas que dialogam entre si: Soldado Morto e Soldado Que Fica. Mas sem pressão. Eu mesmo senti que dava para fazer, que era uma necessidade minha. Isso não quer dizer que eu só vou falar desse assunto. Eu tenho músicas que falam de relacionamento, tenho músicas sobre entretenimento. Acho que tem que ser assim mesmo. Mas sei qual é a minha raiz. Se você se referir a mim, não vai falar: "o Bill é aquele cara, canta a música A Noite". Não. Você vai falar: "o Bill é o cara que canta Soldado do Morro, que canta Só Deus Pode Me Julgar". Essa é a minha raiz. Eu sinto isso que me caracteriza. O que não quer dizer que eu também não possa ter uma música divertida como A Noite. Acho muito importante ter essa diversidade musical dentro de cada artista. Não precisa ter um artista, um rapper, que só sabe cantar música romântica ou só faça música festeira, e um outro que só faz música triste, social. Eu acho que você pode costurar e transitar por todos esses temas, sem ficar preso a um só.

Agência Brasil: 

Eventualmente, ouvimos pessoas tentando desqualificar uma crítica dizendo algo como "Falar é fácil, quero ver colocar a mão na massa". E você não é um rapper que se limitou a escrever e cantar. Como ativista, você passou a liderar projetos sociais e fundou a Cufa. Qual a importância de articular o discurso com esse trabalho buscando transformar a vida de pessoas da periferia?

MV Bill: 

 A Cufa foi uma grande oportunidade que tive de colocar em prática aquilo que estava discursando nas minhas músicas. Lá no início de tudo, com o Celso Athayde e a Nega Gizza, a gente estava fazendo algumas oficinas e aquilo foi crescendo. Como não tinha nenhum trabalho governamental capaz de alcançar o jovem da periferia, o nosso trabalho chegou como uma bomba, como grande salvação, grande território de possibilidade para quem não tinha nenhuma. Com o crescimento do trabalho, começamos a ir para outros Estados. E a cada lugar, fui percebendo que a gente também foi criando novas lideranças. Logo percebi que chegou um momento em que não precisava mais estar à frente de tudo. Já tínhamos construído lideranças que poderiam me substituir. Então, hoje tem oito anos que não faço mais parte da Cufa. Continuo entusiasta da ideia, continuo amigo de todas as pessoas, mas parei para cuidar da minha vida, da minha saúde, da minha música, da minha carreira. Mas sempre participando quando posso. Vejo claramente a diferença dos lugares que abrigam projetos sociais para os lugares que não têm esses projetos. Não estou dizendo só sobre os projetos da Cufa, mas em geral. Nesses locais, a incidência do jovem indo para criminalidade é muito menor. Não estou dizendo que não tenha, mas é muito menor. Onde esses projetos não chegam, infelizmente ainda há muito jovem que acha que o tráfico de drogas é um meio de ascensão social.

Agência Brasil:

Falta um trabalho mais incisivo do Estado?

MV Bill :

Uma das coisas que me preocupavam muito, quando eu estava na Cufa, era a gente não parecer que queria substituir o Poder Público. E sim mostrar que existe uma lacuna na falta de políticas públicas, que eles não implementam. Ou de políticas públicas que são implementadas, mas não chegam a esses lugares. Em alguns momentos, a gente até se colocou como porta-voz, para fazer essa ligação entre as políticas públicas nas favelas, que estão necessitando dessas políticas. Em alguns momentos deu certo, mas em outros não, porque era feito pensando em voto, pensando em eleição, sempre de forma muito eleitoreira. Sou um cara que nunca fez campanha para ninguém. Sou político-social. Tenho meus posicionamentos políticos. Mas levantar bandeira para político e pedir voto nunca foi a minha onda. E dentro da Cufa, também não podia deixar que descambasse para esse lado. Sempre tomei muito cuidado pra não querer substituir o Poder Público e nem deixar que ele nos engolisse.

Agência Brasil

No seu álbum mais recente, Dr. Drill, você trata de duas questões que aparecem também em músicas de outros momentos de sua carreira: a importância de jovens da periferia valorizarem a educação e a ilusão da cultura armamentista. Qual a importância de insistir na discussão dessas questões?

MV Bill :

Nesse trabalho, explorei duas novas vertentes do rap que estão bem em evidência na atualidade. Uma delas é o trap e a outra é o drill. Só que fiz à minha maneira, do meu jeito, sem voz robotizada. Para esse disco, eu quis trazer também algumas parcerias com gente jovem, que realiza um trabalho que gosto. Tem ali o Major RD, o Froid, o Lord, o Rod. E a abertura do disco é feita pelo Erik Skratch. Então, foi muito importante juntar essa galera toda, que é de outra geração e de outro momento, para trabalhar comigo. E ainda tem Rashid. Aí a gente traz esses assuntos que não estão tão em voga. Na música Aulas e Palestras, juntamos três gerações para falar da importância da escolaridade. Na música Soldadrill, a gente fala dessa ilusão dos jovens de favela, que ainda acham que ser criminoso é legal, que entrar para o crime é tirar algum tipo de onda. Quando morre, é a família que vai chorar. E quem estava junto, na situação de amigo, não vai nem ligar. No máximo, vai colocar uma camisa com a sua foto em um baile da semana, que vem pra dizer que está com saudade de você. Vai colocar uma foto no Facebook. Então trazer esses temas em cima desses ritmos, além de ser uma parada interessante, mostra que estou antenado com as novas vertentes que o rap traz. E também mostra versatilidade, capacidade de rimar em vários tipos de batida e de se conectar com as novidades que estão chegando. Talvez eu seja o cara da minha geração, da old school do rap nacional, que mais fez colaborações com novos artistas. Isso é algo que carrego como um dos meus troféus.

Agência Brasil:

No ano passado, você lançou o livro A Vida Me Ensinou A Caminhar, reunindo crônicas sobre suas experiências. Dá pra dizer que esse trabalho literário se relaciona com a sua produção musical de alguma forma?

MV Bill:

Acho que estão muito ligados, apesar de um livro ser completamente diferente de uma música na hora da escrita. No livro, dá pra ser mais aprofundado. Mas, apesar de ser literatura, é um livro também muito musical, porque ao fim de cada capítulo tem um QR Code que te leva para alguma mídia relacionada à história que você acabou de ler. E muitas dessas mídias são musicais. E dentro das histórias, eu também cito muitas músicas. É um livro cheio de informações musicais. E que registra, deixa para a eternidade, como foi o meu começo. Como eu conheci o rap, como eu me envolvi, como me inseri na cultura hip hop. E a minha história pessoal se confunde muito com a construção impressionante do rap aqui no Rio de Janeiro. Então, o livro é interessante por conta disso. Dentro do livro, eu falo de coisas e alguns assuntos como nunca falei na minha vida para ninguém.

Para quem faz rap do jeito que faço, que é o rap história, percebe que no livro é possível ir além da música. Quando faço uma música tipo Soldado do Morro, conto a história ali dentro do que o ritmo me permite. Conto a história respeitando o tamanho da música. Agora quando escrevo um livro, o texto é muito mais solto. Eu posso me aprofundar muito mais. Eu posso ser muito mais detalhista. E tem gente que já acha os meus raps cheios de detalhes. Mas, no livro, a gente pode detalhar muito mais. E tem outra vantagem: aqui no Brasil, nosso povo é mais acostumado com músicas que têm mais melodia. E, às vezes, o tipo de rap que faço não tem tanta melodia, ele é mais falado. E não é todo mundo que tem ouvido preparado para isso. Eu conheço gente mais velha que diz que falo muito rápido, que não consegue pescar. Essa mesma pessoa, quando tem acesso ao livro, assimila totalmente o conteúdo. Então, para mim, além de ser uma forma de extravasar, acaba sendo um jeito de me comunicar melhor, mais amplamente.

Agência Brasil

Recentemente, você comentou sobre a desconfiança dos seus familiares com relação à autoria do livro.

MV Bill :

É muito triste lançar um livro e os familiares questionarem se foi eu mesmo que escrevi ou se tive ajuda de alguém. Mas não levei para o coração, porque eles também não estão acostumados a ver muitos escritores pretos. Eu já li muitos escritores pretos, que gosto da atualidade. Mas o que me levou a ser um artista multifacetado foram as referências do rap. Todos os caras que eu admirava, da minha geração, se transformaram em atores, apresentadores de programa, diretores de cinema e alguns deles também lançaram livros. Então, quando vi que dava para ser rapper, mas também dava para ser multifacetado, eu falei 'eu quero isso da minha vida'. Já tenho ideia de um novo livro para o futuro. Mas divulgar um livro é muito difícil. Não tem muito espaço na mídia tradicional. As pessoas também não entendem o livro como uma forma de adquirir conhecimento, acham que é caro. Mas, às vezes, custa o mesmo preço de um balde de cerveja. E elas não entendem que o livro também é para alimentar a mente, outra parte do seu corpo. Por isso, o período de lançamento de um livro no Brasil, ainda mais independente, pode levar até três anos. Ainda vou correr bastante para fazer mais coisas com esse livro. Mas até pelos resultados já alcançados, me deu muita vontade de começar a pensar numa sequência. Porque eu fui parar para pensar, cara, e há vários outros contos tão interessantes quanto esses.

Agência Brasil:

Contornar limitações da mídia tradicional é inclusive uma das missões da Empresa Brasil de Comunicação. E você fez parte do Conselho Curador. A partir dessa experiência, como você vê hoje o papel da comunicação pública?

MV Bill :

Penso sempre que a imprensa precisa ser livre, ter total liberdade. Talvez a Empresa Brasil de Comunicação seja uma das poucas oportunidades que a gente tem de dizer o que pensa, de os artistas poderem expor sua arte. É um dos poucos lugares que pode ter uma programação isenta do poder do dinheiro das grandes corporações da propaganda. Mas ela não pode sofrer interferência governamental. Tem que trabalhar com muita independência e liberdade. E inclusive para criticar o próprio governo, se for o caso. Infelizmente, o último período foi bem desastroso. No último governo, achei até que fosse acabar. Que bom que não acabou. Torço para que exista bastante liberdade para fazer um jornalismo do jeito que tem que ser: livre.

Agência Brasil:

Em 2006, você produziu o aclamado documentário Falcão - Meninos do Tráfico, que retrata a cooptação de jovens pelo tráfico de drogas e traz entrevistas com alguns deles. É um documentário que aborda uma realidade social preocupante, muitas vezes é produzido pensando em pressionar pela transformação dessa realidade, em alertar para um problema, em conscientizar. Você acha que passando todo esse tempo, quase 20 anos, algo mudou?

MV Bill:

Quando a gente lançou o documentário houve uma comoção nacional. Muita gente se mostrou preocupada. Mas foi uma comoção que acabou passando. Virou uma comoção momentânea. Eu acho que ali a gente, como sociedade, perdeu grande oportunidade de olhar mais para a juventude. Não tinha como tirar da criminalidade aqueles jovens que me deram entrevista, não tinha como tirar quem estava no tráfico naquele momento. Mas podia ser feito um trabalho para coibir a entrada de novos jovens, por meio de projetos. Tentar se antecipar à criminalidade. Não deixar que o crime virasse algo atrativo para a juventude. Nada foi feito. A política de guerra e de combate às drogas se demonstra fracassada, na medida em que a violência só aumenta. Não existe um plano de inteligência. Não estou nem falando de inteligência só para prender, mas para fazer com que os jovens não entrem na criminalidade. Porque uma vez que ele entra no crime, é mais difícil resgatar esse jovem. Então precisava de um trabalho governamental de muita força, para fazer com que mais jovens estivessem dentro da escola e em projetos sociais. Mas parece que não é tão interessante salvar esses jovens. E isso virou uma tarefa mais nossa, do morador, de agentes sociais espalhados pelo Brasil. Isso deveria ser uma preocupação do governo. Por isso que sou um grande incentivador de pessoas de favela e de pessoas pretas se candidatarem a cargos públicos. Como exigir de um político branco, hétero e rico que olhe para essas mazelas que existem no Brasil? Ele não vai olhar, não vai se sensibilizar. Então precisamos de mulheres pretas em cargos públicos, de pessoas de favela, de pessoas trans. Essas pessoas que sentem na pele o dia a dia.

Agência Brasil :

Você já havia feito uma crítica nesse sentido sobre os impactos do filme Cidade de Deus (2002), dizendo que a comunidade ficou esquecida após o sucesso. Faltou um olhar de como transformar essa realidade social?

MV Bill:

Uma das minhas críticas é que a ação policial ficou mais violenta, legitimada pela história do filme. Aquilo que foi chamado de ficção virou uma grande realidade. Quem morava naquele local - que existe e que não é um local fictício - sofreu o reflexo daquilo que foi mostrado. E parece que a mesma produtora que fez o filme está prestes a fazer uma série com o mesmo nome. Podiam colocar um nome fictício. Dependendo do que for contado nessa série, vai acabar trazendo problemas de novo.

(Fonte: Agência Brasil)

Em 1827, teve início a história formal do ensino jurídico no Brasil, com a edição do decreto que criou cursos de direito em São Paulo e em Olinda, Pernambuco, por meio de uma lei de 11 de agosto daquele ano. A criação das faculdades foi necessária porque, depois da Independência do país, em 1822, foi preciso haver brasileiros com conhecimento nessa área.

Desde então, muita coisa mudou no país, que, de monarquista, passou a ser república. A linguagem jurídica, entretanto, não se descolou do passado e continua usando termos rebuscados e de difícil entendimento para o cidadão leigo.

Pensando em auxiliar na mudança dessa situação, a advogada, escritora e jornalista Ivy Farias, que também é autora de Escrever Direito: Manual de Escrita Criativa para Carreiras Jurídicas, vai ministrar nas seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e de Mato Grosso um curso inédito para “ensinar” os profissionais da área a simplificar a linguagem. A ideia é trocar o “juridiquês” por uma linguagem que seja compreendida por qualquer pessoa.

“O Brasil mantém uma forte tradição portuguesa, colonialista, no direito. Então, o primeiro ponto é entender que estamos reproduzindo, em vez de produzindo, muitas vezes sem refletir. Hoje, nós lemos mais, mas compreendemos menos, e há uma série de conteúdos que não existiam décadas atrás. A atenção é dispersa. Então, tudo que é feito para economizar o tempo de quem lê é bem-vindo”, diz Ivy.

Segundo a advogada, a questão é complexa, porque faz com que a “pessoa comum” não entenda um direito que é dela, já quem nem mesmo aquelas que têm mais escolaridade compreendem os textos e as sentenças. “É como se você tivesse algo, mas não usasse. Como é possível ter Justiça se ela não é compreendida? Este é o ponto. Se uma pessoa com alto grau de escolaridade não entende, significa que tem algo errado. A proposta é que todo mundo entenda, e de primeira, porque isso economiza tempo e dinheiro.”

Ivy observou ainda que a compreensão dos textos e sentenças do Judiciário encosta na questão da inclusão, pois o princípio da linguagem simples é incluir. “Todas as pessoas se beneficiam muito com isso. E o curso de direito prepara profissionais que acabam atuando na esfera pública e na defesa da cidadania, como a Defensoria Pública, por exemplo”.

Serviço público

Com base nisso, há pelo menos 80 anos, existe um movimento que busca simplificar o linguajar jurídico, tentativa que se estende ao serviço público para diminuir a burocracia estatal. As iniciativas pelo país são inúmeras e, na capital paulista, por exemplo, há uma lei de autoria do ex-vereador, ex-secretário de Inovação e Tecnologia da prefeitura de São Paulo e ex-coordenador do Poupatempo, Daniel Annemberg, que determina que todos os órgãos públicos da cidade busquem esse objetivo.

“Quando a gente está há bastante tempo na área pública, tem a mania de falar por siglas, falar por termos técnicos. Isso é muito ruim porque não se democratiza o acesso às pessoas. Muitas vezes, explica-se algo, e elas simplesmente não entendem. Daí vem a importância de haver, na área pública, como já ocorre em vários países, uma lei que deixe muito clara a forma de se comunicar com a população”, explicou Annemberg.

Para ele, já ficou clara a importância de reduzir a distância entre os órgãos públicos e a população por meio da linguagem. Entretanto, é preciso que, por meio de uma lei, os servidores assimilem esse conceito. Por isso, há ainda necessidade de que todos sejam conscientizados e capacitados para fazer isso na prática.

“A mania de falar difícil afasta as pessoas do que você está dizendo, e são poucos os entendidos em uma linguagem rebuscada. E por que não falar em uma linguagem que as pessoas possam entender de forma mais clara, mais simples, mais transparente? Aí, se atinge muito mais gente”, ressaltou.

De acordo com Annemberg, quando a pessoa atendida em um serviço público não entende o que foi dito, obviamente voltará para falar do mesmo assunto, o que vai provocar filas e idas a lugares incorretos, na tentativa de resolver o problema. “Isso prejudica o cidadão, e o próprio serviço público, que vai ter que atender de novo essa pessoa que não entendeu o que o funcionário escreveu ou falou. Aumenta muitas vezes o trabalho, quando a comunicação não é simples ou direta”, ponderou.

A educadora, jornalista e empresária Heloisa Fischer enfatizou que sempre houve desconexão entre a linguagem técnica, administrativa e burocrática e a linguagem compreendida pelo cidadão. E isso não é exclusividade do Brasil, além de estar muito relacionado à falta de empatia, disse Heloisa. Ela citou como exemplo a linguagem previdenciária, que tem termos técnicos e modos de expressão atrelados a pessoas muito especializadas no assunto.

“Mas o que acontece é que essa pessoa não consegue se colocar no lugar do cidadão que vai ler, que não conhece nada daquele assunto. Isso pode ser levado para qualquer área, pois há sempre uma pessoa técnica, que conhece muito bem o assunto e dá as instruções a quem procura. Heloisa cita o caso de uma pessoa que está dando entrada no pedido de aposentadoria. “Ela só faz isso uma vez na vida. O texto que a informa tem que ser claro para o nível de conhecimento dela no tema”, disse a jornalista.

Para Heloisa, a transformação digital tornou a questão ainda mais urgente, já que a “plataformização” dos governos está baseada em autosserviços, sem que o cidadão precise passar antes por uma pessoa, ir a um balcão ou telefonar para buscar informações. “Dessa forma, consegue-se atender em escala, atender mais gente, porém, isso requer não só letramento digital, como de leitura, além de um conhecimento sobre as plataformas digitais e do próprio funcionamento do sistema”, disse ela.

Por isso, Heloisa afirma que os textos que informam as pessoas nos ambientes digitais precisam reduzir as dúvidas, levando em conta também o alto índice de analfabetismo funcional. “Temos 29% de analfabetos na população brasileira, ou pessoas que têm uma alfabetismo tão rudimentar que elas não funcionam em sociedade, não conseguem dar conta do que precisam ler. Nós só temos 12% de pessoas com proficiência em leitura e 88% com grau de dificuldade para lidar com texto longo, complexo, com informações não tão explícitas, o que já justifica que os textos sejam mais fáceis”, concluiu.

(Fonte: Agência Brasil)

Estão abertas as inscrições para seleção do curso de ciência e tecnologia da Ilum Escola de Ciência, faculdade ligada ao Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNpem), em Campinas (SP). As inscrições podem ser feitas até 20 de dezembro.

São ofertadas 40 vagas para curso em tempo integral, sendo metade para alunos do ensino médio de escolas públicas. O curso tem duração de três anos.

Além do curso gratuito, os aprovados têm direito à moradia, à alimentação, a transporte, a curso de inglês e a laptop equipado com softwares acadêmicos.

Seleção

A seleção tem três etapas. A primeira é a inscrição e vale 100 pontos. Os candidatos devem preencher formulário com dados pessoais, informações da vida estudantil, atividades extracurriculares e expectativas sobre o curso.

A segunda etapa é a avaliação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Essa fase vale mil pontos. Os 100 melhores avaliados passam para etapa seguinte.

A terceira, e última etapa, consiste em uma entrevista individual por meio virtual. A banca é formada por oito professores, quatro da Ilum e o restante de outras instituições. A pontuação nesta fase é de mil pontos. Serão aprovados os 40 candidatos com a melhor pontuação em todas as fases.

O que é a Ilum

Criada em 2021, a Ilum é ligada ao CNpem, organização social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A instituição sem fins lucrativos oferece cursos superiores gratuitos, por meio de financiamento do Ministério da Educação (MEC). Os cursos têm nível de bacharelado.

(Fonte: Agêbcia Brasil)

A instalação de uma unidade do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em Fortaleza, no Ceará, deverá impulsionar o desenvolvimento tecnológico de todo o Nordeste e ajudar a dar mais equilíbrio no desenvolvimento do país, disse Suzeley Kalil, pesquisadora e professora da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas.

“A instalação do ITA traz a promessa de desenvolvimento realizada pela implantação do instituto na cidade de São José dos Campos (SP), que passou a ser atrativa para empresas de alta tecnologia. Porém, se olharmos para outros centros de ensino, verificamos que não o ITA em si, mas a presença de centros de pesquisa de alta complexidade é que traz o desenvolvimento. Assim, penso que a instalação de qualquer centro de pesquisa no Nordeste é de grande importância, não apenas para o desenvolvimento regional, mas também para promover maior equilíbrio no desenvolvimento do país”, acrescentou.

História

A primeira escola de formação de engenheiros aeronáuticos do Brasil surgiu em 1950, na cidade de São José dos Campos, no interior paulista. Considerado referência no ensino de engenharia do Brasil, o ITA é uma instituição universitária pública, mas ligado ao Comando da Aeronáutica.

Hoje, ele oferece seis cursos de graduação nessa unidade. E, agora, essa escola deve se expandir para o Nordeste, com o anúncio feito, recentemente, pelo governo federal. Essa nova unidade deverá ter cursos voltados a estudos sobre energia.

Para a professora, a criação de uma unidade do ITA no Ceará pode ter sido motivada pela grande aprovação de alunos do Estado nas vagas oferecidas pelo instituto. Um levantamento feito pelo ITA mostrou que mais de 36% dos aprovados na instituição estudaram em Fortaleza.

“Creio que este fato impactou na decisão do governo de criar uma nova unidade, mas não deve ser o único motivo. É provável que tenha havido demanda por parte do próprio Estado do Ceará nessa direção. Também deve ter pesado a expressiva votação de [do presidente da República] Lula na região. É bom lembrar ainda que os governos anteriores de Lula e Dilma [Rousseff, ex-presidente da República] alimentaram uma visão de desenvolvimento e de educação melhor distribuída no território”, disse ela.

Outra razão que poderia explicar a instalação de uma unidade do ITA no Ceará, disse Suzeley, é o fato de que o idealizador e verdadeiro construtor do ITA, Casimiro Montenegro, era natural do Ceará.

Um desses alunos cearenses aprovados no ITA foi Leonardo Bruno Pedroza Lima. Hoje, ele leciona Física e é supervisor pedagógico do Colégio Ari de Sá Cavalcante, em Fortaleza, que tem turmas voltadas para a preparação ao vestibular do ITA e do Instituto Militar de Engenharia (IME).

“Eu sou engenheiro de computação formado no ITA. Sou cearense e me preparei para o ITA na escola em que hoje trabalho, o Colégio Ari de Sá. É uma enorme satisfação poder ajudar outras pessoas a realizar o sonho de ingressar no ITA”, disse ele, em entrevista à Agência Brasil.

Segundo Leonardo, as turmas voltadas para o vestibular do ITA e do IME no Colégio Ari de Sá Cavalcante tem alta procura e são frequentadas por cerca de 350 alunos a cada ano. Além desse colégio, há muitos outros cursos preparatórios voltados para o ITA na Região Nordeste. E para o professor, esse mercado deve crescer nos próximos anos, caso a nova unidade do instituto seja, de fato, instalada no Ceará.

“Há cursos específicos para a preparação para o vestibular do ITA em Fortaleza, Teresina, Recife e Salvador. Em Fortaleza, há sete escolas que possuem turmas específicas voltadas para o vestibular do ITA. Na Região Sudeste, o principal curso que prepara para o ITA fica em São José dos Campos (SP), a mesma cidade onde fica o ITA. Tudo indica que a instalação de uma unidade do ITA aqui no Ceará fará com que este mercado cresça ainda mais”, disse.

Para o professor e supervisor do cursinho preparatório para o ITA, a instalação de uma unidade no Ceará pode também contribuir para a permanência desses talentos na região.

“Uma parcela significativa das nossas mentes mais brilhantes é enviada para São Paulo e, após se formar,  acaba sendo absorvida pelo mercado de trabalho da Região Sudeste. Com um ITA aqui no Ceará, aqui na Região Nordeste, seguramente teremos mais chances de reter esses talentos e criar as condições para que eles contribuam para o desenvolvimento da região, se envolvendo nos problemas que temos por aqui e olhando para os potenciais do Nordeste que podem ser desenvolvidos, como por exemplo, a indústria das energias renováveis”, opinou.

Em setembro, durante uma visita do ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, o reitor do ITA, Anderson Ribeiro Correia, também falou sobre o avanço que a nova unidade poderá trazer para a região. “Será uma oportunidade de reter mentes brilhantes, que, historicamente, vêm sendo aprovadas nos vestibulares para o ITA, e aproveitá-las na contribuição para esse desenvolvimento”, disse ele, na ocasião.

Modelo avançado

Suzeley Kalil afirmou que o modelo de educação proposto pelo ITA – com a formação de engenheiros militares e civis - é avançado, mas com poucos exemplos pelo mundo.

“O ITA traz em si uma visão de desenvolvimento muito particular, que visa a autonomia do país e que tem no Estado seu grande pilar. Tal visão é o reverso da concepção liberal que é majoritária no Brasil. Os anos que separam a inauguração do ITA sudestino para o nordestino estão basicamente relacionados com uma visão vira-lata de país – a função do Brasil no mundo é produzir commodities – e preconceituosa de seu povo – o brasileiro é preguiçoso e indolente”, avaliou.

Para ela, o ITA não se encaixa como uma escola militar, mas como um centro de pesquisa, que deveria ser um exemplo para o país.

“A educação militar deveria ter no ITA seu padrão, isto é, defendo que não deveriam existir escolas apenas para a formação de oficiais das Forças Armadas, mas escolas que formassem cidadãos e academias de tempo parcial para treinamento específico militar. Assim, penso que se tivéssemos mais escolas como o ITA não teríamos Forças Armadas apartadas da sociedade, como são as nossas Forças Armadas hoje”, disse ela. E finalizou: “As escolas militares são celeiro de autonomia militar, desenvolvendo militares que acreditam ter como missão tutelar a sociedade”.

(Fonte: Agência Brasil)

Começa, no dia 19 de outubro e vai até 1º de novembro, a 47ª Mostra Internacional de Cinema, que, neste ano, vem com a seleção de 360 filmes de 96 países. Serão 24 salas de cinema, espaços culturais e Centros Educacionais Unificados (CEUs) espalhados pela capital paulista, incluindo exibições gratuitas e ao ar livre. Além disso, as plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e Spcine Play vão dar acesso gratuito a títulos selecionados pela curadoria do evento. 

A abertura do festival, no dia 18, na Cinemateca Brasileira, só para convidados, fica por conta de Anatomia de uma Queda (Anatomie D'une Chute), de Justine Triet, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes. A arte do cartaz da 47ª Mostra é assinada pelo italiano Michelangelo Antonioni, que recebe uma tripla homenagem, com uma retrospectiva com 23 títulos do cineasta. Serão exibidos curtas e longas, documentários e ficções, realizados entre 1947 e 2004. 

Entre os títulos confirmados para a 47ª edição, estão Maestro, de Bradley Cooper, A Teoria Universal, de Timm Kröger, Ervas Secas, de Nuri Bilge Ceylan, Fallen Leaves, de Aki Kaurismaki, A Besta, de Bertrand Bonello, Bom Dia à Linguagem, de Paul Vecchiali, Mulher de..., de Malgorzata Szumowska e Michal Englert, O Livro das Soluções, de Michel Gondry, Juventude (Primavera), de Wang Bing, Na Água, de Hong Sang-soo, Evil Does Not Exist, de Ryûsuke Hamaguchi, La Chimera, de Alice Rohrwacher, Anselm – 3D, de Wim Wenders, Fechar os Olhos, de Victor Erice, e O Espectro do Boko Haram, de Cyrielle Raingou. 

Em homenagem ao dramaturgo, diretor, ator e encenador José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, que morreu em julho, o festival faz uma sessão especial dia 25. O filme, dirigido por ele e por Celso Luccas, registra as transformações provocadas pela Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique). O longa foi apresentado na primeira Mostra Internacional de Cinema, em 1977, sem a presença dos diretores, exilados pela ditadura militar. 

Serão exibidos cerca de 60 longas brasileiros, integram as seções Apresentação Especial, Competição Novos Diretores e Perspectiva Internacional. Os filmes das duas últimas são inéditos em São Paulo. No caso dos novos diretores, exibe títulos de cineastas que têm até dois títulos no catálogo. Todos os brasileiros da Perspectiva Internacional e da Competição Novos Diretores concorrem ao Prêmio do Público da Mostra, que inclui o Troféu Bandeira Paulista de Melhor Filme Brasileiro. 

Novo espaço

Uma das novidades deste ano é a inauguração de uma área temporária na Cinemateca Brasileira, o Espaço Petrobras, que, além de sessões tradicionais na área externa, vai abrigar o Domingo Musical, no dia 22, com a exibição do filme Saudosa Maloca, de Pedro Serrano. A exibição será precedida por uma roda de samba com Everson Pessoa, que fez a trilha do filme, e convidados. Meu Sangue Ferve por Você, de Paulo Machline, encerra a noite com canja de Sidney Magal. 

No dia 19, será exibido, no local, o filme De Longe Toda Serra É Azul, de Neto Borges, seguido de show de Zeca Baleiro, autor da trilha sonora. No dia 26, é a vez da sessão do vencedor do Festival de GramadoMussum, O Filmis, de Silvio Guindane, ter apresentação de uma roda de samba na sequência. 

Ainda na programação, está a exposição O Filme Perdido, com desenhos originais da graphic novel homônima de Cesar Gananian e Chico França. As obras ficarão expostas no foyer do Cinesesc, a partir do dia 18 de outubro. O livro também será lançado durante a Mostra, assim como outros dois livros em homenagem a dois críticos brasileiros: Inácio Araújo – olhos livres, organizado por Sérgio Alpendre e Laura Loguercio Cánepa, e A Arte da Crítica, de Luiz Zanin Oricchio. 

Os ingressos estarão disponíveis para compra quatro dias antes de cada sessão pelo aplicativo do evento e pelo site da Velox. No dia da sessão, uma pequena cota estará disponível para compra diretamente na bilheteria do cinema. Os valores dos ingressos são R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia).  

Na Cinemateca Brasileira, todos pagam R$ 10 para acessar o Espaço Petrobras  e, no Circuito Spcine: CCSP – Centro Cultural São Paulo (Sala Lima Barreto), Spcine Olido e Biblioteca Roberto Santos, os valores são de R$ 4 e R$ 2. Para mais informações, basta acessar o site do festival  ou  o e-mail[email protected], e redes sociais Instagram: @mostrasp e Facebook: @mostrasp. 

(Fonte: Agência Brasil)

O mais novo imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL), o escritor, filósofo e ativista Ailton Krenak considera surpreendente a eleição dele para uma instituição que resguarda a língua portuguesa. Krenak será o primeiro indígena a ocupar uma cadeira na ABL. Ele foi eleito na noite da última quinta-feira (5), com 23 votos.

A academia é de língua portuguesa. Então, admitir o Ailton lá é admitir mais ou menos 200 línguas diferentes”, disse à Agência Brasil e Rádio Nacional.

“Isso não é brincadeira, é como se a academia tivesse se abrindo para uma multiplicidade de diálogos que implicaria traduzir os textos para dezenas de línguas nativas”, observa o escritor que completou 70 anos no último dia 29.

Ailton Krenak se disse “muito surpreso” com a escolha de seu nome para a cadeira de número 5 da academia: “eu fiquei muito surpreso com a minha admissão neste lugar que, historicamente, nunca se abriu para a diversidade das culturas dos povos originários”. 

Um fato que confirma a surpresa é que o escritor não acompanhou a votação na sede da ABL. Ele estava em um táxi, quando recebeu a ligação do presidente da academia, Merval Pereira, com a notícia de que fora eleito.

Para o mineiro de Itabirinha, na região do Vale do Rio Doce, o resultado da eleição rompe uma tradição na ABL. “A academia é uma instituição da lusofonia, da língua portuguesa, ela vigia o bom desenvolvimento da língua portuguesa. O Brasil é um país colonizado onde eu nasci, onde outros parentes nasceram de várias etnias”, diz.

Direito na Constituição

Autor das obras Ideias para adiar o fim do mundo (2019), A vida não é útil (2020), Futuro ancestral (2022) e Lugares de origem (2021), entre outras, Krenak é ativista socioambiental e pelos direitos dos povos indígenas. Um dos marcos na trajetória dele foi o discurso que fez na Assembleia Constituinte, em Brasília, em 1987.  

Representando a União das Nações Indígenas, ele subiu à tribuna de terno claro e pintou o rosto de preto em uma crítica ao que classificava como postura anti-indígena nas discussões parlamentares. Foi uma voz ativa para que a Carta Magna brasileira garantisse os direitos indígenas à cultura e à terra.

A eleição para a ABL ocorreu justamente no dia em que a Constituição completou 35 anos. Passadas essas três décadas e meia, Krenak avalia que a Constituição Cidadã é fundamental para os povos originários. Ele ressalta o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) para o cumprimento dos direitos garantidos pela lei. “Se não fosse assim, os povos indígenas teriam sido triturados”.

Exemplo

Preocupado com o legado para representantes de comunidades indígenas, o novo imortal diz que não deixa uma mensagem, mas sim, exemplo.

“A gente não deixa mensagem, deixa exemplo. Quem convive comigo, outros jovens indígenas, crianças, meus netos, eles têm o meu exemplo, eles que escolham o que querem fazer”.

Novas gerações

A trajetória de Krenak inspira outros artistas de origens indígenas. Um deles é a ativista e artista visual Daiara Tukano. “Ele é um pensador de Brasil e sua flecha é afiada”, disse à Agência Brasil

Para Daiara, o acolhimento de Krenak pela ABL significa “muito mais que a chegada da primeira pessoa indígena nesse grupo historicamente fechado e dominado por homens brancos”.  

“Ailton tem a rara qualidade de ser um corpo coletivo de território e pensamento. Caminha acompanhando as histórias de muitos povos e embalado nas vozes dos rios, das florestas e da própria natureza. Sua produção é mais que literária: carrega a força da oralidade que bate na alma ao declarar que o amanhã não está à venda, que a vida não é útil e o futuro é ancestral”, disse a artista plástica, inspirada em nomes de obras do novo imortal.  

“Ele está espalhando sementes que conseguem segurar a terra no seu lugar, que nos permitem pensar em outros futuros”, conclui Daiara, que espera ver mais representantes de minorias eleitos para a ABL, para que a população brasileira “de fato, se reconheça”.

“Que possam vir não apenas os indígenas. Eu quero ver o mestre Antônio Bispo, com o pensamento quilombola, contracolonial, a Conceição Evaristo, uma mulher negra, uma filósofa”, conclui.

A eleição desta semana na ABL foi marcada pelo fato de ter dois candidatos representantes de minorias. O também indígena Daniel Munduruku ficou em terceiro lugar, com quatro votos. A historiadora Mary Del Priore obteve 12.

A posse de Krenak ainda não está marcada, mas deve ocorrer em 2024, segundo informações da ABL. A cadeira número cinco, era ocupada por José Murilo de Carvalho, que morreu em 13 de agosto de 2023.

(Fonte: Agência Brasil)

As principais orientações para a elaboração da prova de redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano já estão disponíveis para os candidatos. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) disponibilizou o documento A Redação do Enem 2023 – Cartilha do Participante, com informações sobre a Matriz de Referência da prova, além de apresentar amostras comentadas de redações que receberam pontuação máxima (1.000 pontos) no Enem do ano passado.

A prova de redação, que neste ano será aplicada no dia 5 de novembro, exige a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. O candidato deverá defender um ponto de vista apoiado em argumentos consistentes, estruturados com coerência e coesão, formando uma unidade textual. Também deve elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto. Essa proposta deve respeitar os direitos humanos.

Os aspectos avaliados relacionam-se às competências que devem ter sido desenvolvidas durante os anos de escolaridade. Ao elaborar a redação, os participantes devem ficar atentos às cinco competências que serão exigidas do texto:

* Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;

* Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa;

* Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;

* Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;

* Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Entre os critérios que podem conferir nota zero à redação estão a fuga ao tema, texto com até sete linhas, trecho deliberadamente desconectado do tema, desobediência à estrutura dissertativo-argumentativa e desrespeito à seriedade do exame.

(Fonte: Agência Brasil)

Para aprofundar a discussão sobre a formação da cidade de São Paulo, o artista Jaime Lauriano criou imagens que se desmancham à medida que se desce pelas escadarias do Beco do Pinto, no centro histórico paulistano. O espaço fica entre dois casarões do século XIX - o Solar da Marquesa e a Casa nº 1, que fazem parte do Museu da Cidade. O trabalho será aberto à visitação neste sábado (7).

Os três painéis instalados no local trazem reproduções do Panorama da Cidade de São Paulo, pintado por Arnaud Julien Pallière, em 1821, com intervenções propostas pelo artista. O quadro mostra a paisagem da região da antiga Rua do Carmo, onde fica o Beco do Pinto, à época. “Nada mais é que uma vista do outro lado do Rio Tamanduateí, no século XIX, olhando para cá”, diz Lauriano, ao apontar para uma caixa-d’água no horizonte, onde antes era a margem do rio, atualmente canalizado e coberto por concreto e asfalto.

“Então, você tem a várzea do Carmo, você tem o Convento do Carmo, você tem todo um landscape [paisagem] dessa parte do centro de São Paulo, vista de lá, que era periferia à época”, detalha o artista sobre o que é possível ver no afresco original.

Militares e bandeirantes

Para os trabalhos, Lauriano removeu as figuras humanas que também faziam parte da composição e inseriu, em uma montagem, personagens de diversos momentos da história do país. Aparecem montados em cavalos, Dom Pedro I, o general João Figueiredo, o ex-governador paulista João Doria, policiais militares e bandeirantes. “Eu vou adicionando também alguns elementos que fazem parte da minha gramática visual, que são desenhos feitos com pemba, que é esse giz usado nos rituais afro-brasileiros”, explica Lauriano “Aqui, eu desenhei três caças da FAB [Força Aérea Brasileira]e adicionei palavras, como genocídio e invasão”, completa sobre as intervenções em um dos painéis.

Imagens que se desmancham

As imagens, no entanto, foram construídas com uma estratégia usada para outdoors, dividida verticalmente em prismas, de modo que, ao olhar o painel em outro ângulo, há outra figura no lado inverso. Essa montagem também faz com que a imagem mude à medida que a pessoa se movimenta pelo espaço. “A partir do momento que você vai andando, ela [imagem] vai se destruindo e vão se revelando os tridentes de Exu desenhados com pemba. Então, se você vir nesse outro ponto de vista, você já não vê mais nenhuma imagem colonial”, mostra.

Para quem sobe as escadarias, são visíveis inicialmente os símbolos que remetem a Exu, orixá cultuado pela umbanda e candomblé. “Ele é o primeiro orixá, porque o criou vazio. Dentro da cosmologia iorubana, se você não criar o vazio, você não consegue criar nada”, explica o artista sobre a escolha. “A gente não vai apagar e não vai esquecer essa história, só que nesse movimento decolonial [de enfrentar o pensamento colonial], a gente vai criar um vazio para a possibilidade de criação de outra história”, acrescenta.

Apagamento

A proposta surgiu a partir de um incômodo do artista com o apagamento da história da cidade anterior a década de 1920. “A gente anda pelo centro de São Paulo e não vê quase nenhuma referência ao período de colonização, de escravização e ao período de independência também, antes de 1920. E, aqui, é um lugar desses que a gente tem a memória do período colonial brasileiro”, comenta Lauriano, que fez o trabalho a pedido do museu municipal que funciona no espaço.

O local, que fica ao lado do Pateo do Collégio e próximo a Praça da Sé, marcos de origem da capital paulista, é também por onde passava a rota usada por povos indígenas antes da invasão, chamado de Caminho do Peabiru. “O Beco do Pinto fazia parte do Caminho do Peabiru e a gente esquece. Isso não é um dado conversado em museu nenhum, centro cultural nenhum”, enfatiza.

Samba e hip hop

Os painéis devem ocupar o beco até julho de 2024. Para que a obra suporte a exposição ao Sol e à chuva, Laureano se baseou nas estratégias de construção popular e optou por estruturas metálicas. “É o mesmo zinco usado em barracão de escola de samba e banca de jornal. Usar esse tipo de material informa também essa ideia de ostentação, de uma arquitetura colonial, que está nas imagens, em contraste com a popular”, diz.

A inauguração do trabalho será feita por um cortejo, performado pelo Coletivo Legítima Defesa, com saída da Praça da Sé, às 15h. Ao longo do período de exposição, serão realizados ainda eventos com grupos de pagode, samba e hip hop.

(Fonte: Agência Brasil´)

A imensa variedade de materiais necessários para montar fantasias, adereços e outros elementos que encantam o público nos sambódromos do país movimenta um mercado que hoje depende frequentemente de importações, muitas vezes atreladas ao dólar. Para o presidente da Federação Nacional das Escolas de Samba  (Fenasamba),, Kaxitu Ricardo Campos, a solução pode estar no fomento a um parque industrial voltado a atender a essa enorme, permanente e colorida demanda. 

De acordo com Campos, esse é um dos temas em que será preciso avançar durante a Assembleia Geral Anual da Fenasamba, que será realizada neste fim de semana, na Cidade do Samba, no Rio de Janeiro.  A proposta de garantir a criação de um parque industrial para produção dos materiais usados na preparação do Carnaval das agremiações foi lançada desde a criação da Fenasamba, em 2017. “Às vezes, tem que comprar na China, porque não tem no Brasil. Se compra em dólar, fica mais caro. Fica uma roda-gigante que vai girando, e a gente com cada vez mais dificuldades”.

A filiação nacional de escolas de samba e blocos carnavalescos tradicionais do Brasil em uma entidade se propõe a contribuir com o avanço de políticas públicas para o setor. Fundada em 15 de julho de 2017, a Fenassamba reúne 87 ligas e agremiações carnavalescas de todo o país, representando mais de 1.000 blocos temáticos e escolas de samba. Atualmente, a federação representa escolas de samba e blocos em 18 Estados. 

“Na verdade, nós somos uma confederação, e a gente recebe a filiação das ligas basicamente municipais, porque o Carnaval é organizado nas cidades. A gente representa do ponto de vista político o segmento carnavalesco e faz um diálogo com as instâncias federais para a criação de políticas públicas para o Carnaval”, explica Campos.

Segundo Campos, a ideia de união, organização e de um pensamento nacional sobre as escolas de samba surgiu em 2013. Naquele momento, houve uma audiência pública na Câmara dos Deputados para discutir a economia do Carnaval.

“A maioria das ações que a gente tem conseguido andou por causa do Congresso, desde a criação da Fenasamba. A Câmara dos Deputados provocou o governo federal, que participou e montou um grupo de trabalho, e em 2016, o governo caiu [impeachment da presidente Dilma Rousseff] e a gente perdeu completamente a relação com o Executivo. A partir daí, foi só a relação com o Parlamento. Em 2023, a gente voltou a se relacionar com o governo federal”, lembra Campos.

Um exemplo de política pública de impacto positivo para o setor apontado por Campos foi a sanção, em maio deste ano, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da lei que reconheceu desfiles, música, práticas e tradições das escolas de samba como manifestação da cultura nacional. De acordo com a legislação, o Poder Público tem que garantir a livre atividade das escolas e a realização dos desfiles.

Na visão do presidente da Fenasamba, a sanção da lei foi uma conquista com apoio político da federação. O dirigente lembrou ainda que nas leis emergenciais Paulo Gustavo e Aldir Blanc, criadas para reduzir os efeitos econômicos e sociais decorrentes da pandemia da covid-19 no setor cultural, inicialmente deixaram de fora as escolas de samba.

“Não eram pensadas para o segmento do Carnaval. Em 2021, não teve desfile, mas as escolas de samba têm atividades e precisavam viver. A gente fez uma interlocução para que tivesse um parágrafo [na lei] que pudesse contemplar as escolas de samba. Na época, foi incluído. As escolas conseguiram, a Liesa inclusive fez lives com aportes da [Lei] Aldir Blanc e outras ligas como aqui de São Paulo”, lembra o presidente da Fenasamba, acrescentando que a federação também participou da regulamentação da Lei Paulo Gustavo, para que as escolas de samba pudessem ser beneficiadas como qualquer outra manifestação cultural do país.

“Uma coisa é o desfile da escola de samba, que normalmente são ações que têm recursos porque o Carnaval impacta nas cidades. Mas as escolas de samba têm uma série de outros trabalhos que precisam de apoio. Na cabeça das pessoas, parece que as escolas funcionam só para os desfiles, mas também são um organismo cultural e social vivo, que faz atividades”.

O presidente da Fenasamba disse que, como a capilaridade do Carnaval é muito grande, tem buscado entendimentos com a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) para a transmissão de eventos do setor.

“Um dos maiores carnavais do Brasil é em Corumbá, na fronteira com a Bolívia. A gente tem dialogado, e a EBC tem aberto um canal de conversa com a gente. [Já] Transmitiu vários desfiles este ano. Da nossa parte, as pessoas têm acompanhado muito”.

Temas

Na Assembleia Geral Anual deste ano serão discutidos temas como mercado e oportunidades para o profissional do Carnaval 365 dias; experiências carnavalescas na gestão pública e desfiles das escolas de samba e o turismo.

Além de carnavalescos e jornalistas, participam dos debates parlamentares e representantes do governo federal. Estão previstas as presenças do assessor da Secretaria Executiva do Ministério da Cultura, Yuri Soares; do diretor de Políticas para os Trabalhadores da Cultura do Ministério da Cultura, Derek Santana; e do coordenador de atenção à população negra do Ministério da Saúde, Marcos Moreira da Costa.

No primeiro dia da Assembleia Geral Anual da Fenasamba, às 16h30 vai ocorrer a eleição para a renovação da diretoria executiva da entidade para o triênio 2023-2025. No dia seguinte, será feita a entrega do Grande Prêmio do Carnaval Brasileiro 2023, nas categorias Benemérita da Folia, Musa Cidadã, Social Nota 10, Mestre da Administração, Bambas do Samba (M), Bambas do Samba (F), Resistência Carnavalesca, às 16h. A Portela será uma das homenageadas com o Prêmio Resistência Carnavalesca pelo seu centenário.

(Fonte: Agência Brasil)

Foi inaugurada nessa sexta-feira (6), no Espaço de Artes Márcia Sandes, na Procuradoria Geral de Justiça, em São Luís, a exposição Retratos, com 20 desenhos de servidores do Ministério Público do Maranhão feitos pelo artista Nuna Neto.

Produzidos em prancha digital, a partir de fotos enviadas pelos servidores, os desenhos ficam em cartaz até 30 de outubro.

Nuna Neto nasceu em São Luís, em uma família de artistas. Ele é jornalista, chargista, caricaturista, desenhista e músico. Trabalha como caricaturista há 33 anos.

Após sofrer um infarto, há três anos, Nuna Neto buscou novos instrumentos para sua criação artística, e um deles é a mesa digital. “Tive que me reiventar. Em vez de usar tela, uso uma mesa digital”.

O procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau, agradeceu o expositor e sua dedicação à produção das imagens expostas no Espaço Márcia Sandes. “Fico feliz por ter prestigiado nossos funcionários, e seu trabalho só engrandece nosso espaço”.

No mesmo sentido, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Jurídicos, Danilo Castro Ferreira, destacou a qualidade artística do trabalho. “Ser artista é um dom de Deus e aqui temos um belo trabalho”.

Também presente na abertura, o promotor de Justiça e coordenador da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Ednarg Fernandes Marques, contou que a exposição surgiu da ideia de homenagear os servidores, considerados por ele como parte indissolúvel do MP.  “Parabéns, Nuna. Servidores, sintam-se homenageados”.

(Fonte: MP-MA)