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Academia Maranhense de Trovas renasce no Maranhão

Felizes na FeliS [Feira do Livro de São Luís]. Assim estavam os trovadores maranhenses na tarde da última terça-feira (7/12), dia histórico para o Trovadorismo, no Estado do Maranhão.

Ao celebrar 53 anos de fundação, a Academia Maranhense de Trovas (AMT) realizou a posse coletiva de 40 novos integrantes, incluindo a sua Diretoria. A solenidade ocorreu no Auditório FeliS da 14ª Feira do Livro de São Luís, na Praça Maria Aragão.

“Que a trova nos receba de braços abertos e que saibamos cuidar dela como ela bem o merece”, afirmou a presidente da AMT, Wanda Cunha. A posse dos trovadores efetivos e diretores representa o renascimento da instituição cultural depois de três década de inatividade.

Fundada, em 7 de dezembro de 1968, pelo educador, jornalista, poeta e escritor maranhense Carlos Cunha, com outros trovadores da época, a AMT ficou inativa depois da morte prematura, em 1990, de seu fundador.

Em 28 de agosto deste ano – 30 anos depois – a AMT foi revitalizada. Ganhou vida nova para resgatar o Trovadorismo no Maranhão. À frente do movimento, está a jornalista e escritora Wanda Cunha, filha de Carlos Cunha. Assim como seu pai fez no passado, a trovadora reúne, na atualidade, aqueles que nutrem pela trova a mesma paixão.

A nova AMT tem como patrono Carlos Cunha, o precursor da trova no Maranhão, que, após uma viagem a Salvador na época, liderou o movimento trovadoresco ao lado de: Lourenço Porciúncula de Moraes, Carlso Cardoso, Nicanor Azevedo, Antônio Alves Monteiro, Virgílio Domingues da Silva, Sá Vale Filho, Juvenal Nascimento Araújo, Conceição de Maria Gomes de Oliveira, Olímpio Cruz, Florise Pérola de Castro Vasconcelos, Emílio Azevedo, Vicente Maya, JR de Jesus e Fernando Viana.

A academia revitalizada neste século XXI mescla experiência e juventude na composição de seus integrantes que passam a escrever a nova história da trova no Estado. Elesa têm a responsabilidade de fazer o resgate da memória de seus precursores. A AMT também homenageia outros nomes da literatura maranhense escolhidos como patronos por seus novos integrantes. Nomes como Dagmar Desterro e Silva, Maria Firmina dos Reis, Laura Rosa, Lucy Teixeira, Nauro Machado, Paulo Augusto Nascimento Moraes e José Nascimento Moraes Filho, João Lisboa, João Mohana e tantos outros homenageados.

A nova Diretoria da AMT é composta por Wanda Cunha (presidente), Dilercy Adler (vice-presidente), José Antônio Ferreira da Silva (primeiro-secretário), Paulo Francisco Carvalho Bertholdo – Paulinho Dimaré (segundo-secretário), Márcia Regina dos Reis Luz (primeira-tesoureira) e Jozy Sanches (segunda-tesoureira).

Em seu discurso depois de empossada, Wanda Cunha afirmou que “o momento da posse é apenas o início de uma grande jornada da AMT. Virão outras atividades que servirão de semente para que a trova floresça no Maranhão de forma abundante e permanente”.

Wanda Cunha

Dentre as atividades previstas da nova AMT, estão a realização de oficinas que servirão de esteio para a edificação de uma geração de trovadores. Também serão abertas 10 cadeiras para alunos de 12 a 17 anos, os quais participarão de oficinas e de concursos, e que, mediante seus desempenhos, poderão receber o título de acadêmicos-mirins/juvenis, que migrarão, na maior idade, para o quadro efetivo, respeitando o estatuto.

O Patrono

Carlos Cunha, patrono da AMT, atuou de forma direta na cultura do Maranhão e coexistiu como se fosse muitos. Poeta romântico, simbolista e moderno; jornalista independente; professor autêntico; historiador aguçado; trovador revolucionário e exímio declamador; crítico literário e um estudioso que transpôs as fronteiras acadêmicas comportadas. Pertenceu a várias entidades culturais, entre as quais, a Academia Maranhense de Letras; o Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão; a União Brasileira de Trovas (UBT), sendo o primeiro delegado no Estado e teve assento em outras entidades de respaldo no Brasil. Fundou escola, jornais e publicou mais de 35 livros.

A Trova

A trova é um gênero poético da idade medieval. Ganhou nova roupagem na Europa, mais precisamente no sul da França e em Portugal, onde se desenvolveu como um movimento poético denominado Trovadorismo.

O Brasil herdou a trova de Portugal, gênero poético de forma fixa composto por quatro versos, cada um com sete sílabas poéticas, em que o primeiro, rima com o terceiro, e o segundo, com o quarto. Diferencia-se da quadra pela completude de deleitar corações, com suas abordagens lírica, filosófica, humorística, satírica e descritiva.

Em 1967, foi criada a União Brasileira de Trovadores, expandida por Luiz Otávio, considerado “Príncipe dos Trovadores”, para quase todos os Estados da Federação com seções e delegacias.  Carlos Cunha foi eleito o primeiro delegado da União Brasileira de Trovadores do Maranhão em 1970.

Ainda no início da década de setenta, os trovadores maranhenses fundaram o jornal “O Coruja” e “Cantinho do Trovador”, seção dominical do jornal “O Imparcial”, por intermédio dos quais divulgavam o espírito do movimento. Seus representantes chegaram a participar de eventos trovadorescos fora do Maranhão e trouxeram vários diplomas de honra ao mérito pelas trovas apresentadas.

(Fonte: texto de Franci Monteles, assessora de comunicação e integrante da AMT)