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Paulo Augusto Nascimento Moraes partiu um dia para a iluminação dos astros que devem tê-lo recebido com aquela mesma oração a Cassiano Morto, rezada pelo mestre Austregésilo de Ataíde: “assim, vendo-te inerte, não nos espanta nem aflige essa imobilidade natural, pois diante dos nossos olhos está o momento erguido...”.

Paulo foi uma alma emotiva, liberta, um poeta lúcido, cheio de sentimentos puros, um jornalista de estilo claro e elegante, um intérprete da noite, da noite que o fez e para sempre, bruxo e cancioneiro, um homem desprovido daqueles maldizeres e malsinares que sempre conviveram mesquinhamente em nossa província, anunciados pela prédica do Padre Vieira no seu “Sermão da Sexagésima”.

Ficaram-me, na lembrança, muitas imagens do poeta, dentre elas, junto à sua irmã querida Nadir Adelaide Nascimento Moraes, todas as manhãs no sobradinho da família na Rua dos Afogados, onde ia tomar o café e ler os jornais. Ali, as conversas aconteciam envoltas em saudosismos e gostosas gargalhadas, onde sempre a figura central era o pai, o velho Nascimento Moraes, jornalista, escritor e professor catedrático do Liceu Maranhense, autor de vários livros, e figura exponencial da história intelectual do Maranhão; e da mãe, Ana Augusta com quem Paulo não aprendeu a tocar piano, por mais que ela quisesse, porque o velho Nascimento, deitado numa rede preferia que seu filho querido ficasse detrás de uma porta a recitar “Os Lusíadas” em voz alta, para amenizar, pelo menos, aquela sua gagueira familiar, marca registrada de todos os filhos de Nascimento, o que nele, Paulo, não ficaria bem, principalmente para tornar convincente a assertiva do velho: “Era melhor ser orador que pianista, porque a mágica da palavra é o veículo do pensamento, parafraseando Teilhard de Chardin, dizia Nascimento à Dona Sinhá, como era chamada pelos íntimos, a mãe de Paulo Moraes, também educadora e Senhora das mais distintas e elegantes que conheci.

Ficou-me do poeta, aquele Paulo a escrever sua crônica diária em casa de Nadir, sua irmã do peito, na varanda, no corpo da casa, onde funcionava o Instituto Raimundo Cerveira, um sobradinho de azulejos na Rua dos Afogados esquina com Rua de Santaninha; aquele Paulo em casa de Emília, sua companheira querida, e mãe extremada e carinhosa de Paulo de Tarso, na época o pequeno Paulinho, hoje, como não poderia ser diferente, também professor e, mais, consultor de língua portuguesa; lembranças de Paulo a cruzar a Praça João Lisboa, a Benedito Leite, e em outras e tantas paisagens, principalmente nos arrabaldes da cidade; lembranças de Paulo a sair fantasiado de fofão em dias de Carnaval, a se fazer logo conhecido porque o anonimato não convivia consigo, nem por brincadeira. Ficou-me para todo sempre do poeta, aquele Paulo a declamar e a fazer gestos largos e envolventes com as mãos, dizendo pausadamente aos ventos das praças e às algaravias dos botecos:

“Aquarelas de luz numa tarde de agosto...! / e bem junto de nós a canção das cigarras... / e, no azul deste céu, o agitar das fanfarras / destes ventos do sul a beijar o Sol-Posto! / Fim de tarde a cair sem o mal de um desgosto!... / e este mar a gemer como sons de guitarras... / e este amor a morrer, a quebrar as amarras / dessa grande aflição que ilumina o teu rosto!... / Caminhemos então!... Tudo é sombra, querida!... / As cigarras cantando!... as cigarras cantando / afugentam de nós as tristezas da vida! /esta tarde morreu!... tu mo afirmas, num beijo! / eu te digo que não, entre prantos, chorando, / tu me dizes que sim, sepultando um desejo”.

Lembranças de Paulo com as pernas cruzadas, a falar e a rir como se a vida nunca lhe tivesse dado porradas, gargalhando na amplidão das noites que lho assistiam ao talento, à criação e a contemplação das estrelas que respingavam luz nas madrugadas da velha Ilha, que o ouvia melancólica e ao mesmo tempo alegre, porque dela ele era seu cronista maior.

Ficaram-me de Paulo seus olhos ao longe, parados como “poemas de amor que morrem sem rima”, a tagarelar mentalmente lembranças do passado, entre saudades e vivências, envoltas em boêmias dispersas na noite, espalhadas com ternura pelo silêncio da cidade.

Ah, quantos auroras raiamos juntos, quantos poemas juntos declamamos, quantas amenidades apostilamos no Largo do Carmo, no Bar do Castro, no Narciso, no Pataquinha ou na “Base do Cabral”, na Vila Passos, seu compadre e seu amigo, que no sepultamento de Paulo abriu duas garrafas de cerveja; uma ele bebeu ali, e a outra ele derramou no esquive do ilustre morto, a cumprir, assim, um acordo que ambos fizeram; quantas lembranças!... e ela, a poesia, com música, e mulheres... e Paulo Moraes a cantar acompanhado pelo saxofone do Zé Chagas, que o enxaguava com cerveja para limpar-lhe o azinhavre, e pelo assobio do meu pai, um português que eu, seu filho, o tinha como um irmão mais velho, porque ele, além de meu companheiro, era meu herói; loas dedico-lhe também neste dedo de prosa, a ele, meu pai velho-de-guerra, da família dos “boa gentes”, dos mais finos que conheci, o qual, se não fosse meu pai, tê-lo-ia implorado a Deus que o fosse.

Pois bem, voltando ao pé da conversa, ficou-me de Paulo sua lembrança aos sábados pela manhã, na redação do “Jornal do Dia”, naquele tempo, Paulo escrevia crônicas sobre os conflitos entre Egito e Israel, sem nunca ter cumprido a promessa de ir a Jerusalém receber a comenda que lhe outorgara o Estado Judeu, por meio do seu embaixador no Brasil, leitor de seus apontamentos. Paulo tinha medo de viajar de avião e não pretendia morrer, tampouco, nas Colinas de Golã, na Faixa de Gaza. Era preferível ficar por aqui mesmo curtindo uma cervejinha gelada, sob a lua de São Luís que já lhe derramara prata suficiente nos cabelos.

Ficaram-me de Paulo, suas histórias na Galeria Cruzeiro, no Rio de Janeiro, a declamar seus versos e dos outros, ante as atenções retidas de outros boêmios e artistas; de Paulo repórter a riscar com batom corpos de mulheres na Lapa, para denunciar, nas páginas de “O Jornal”, onde trabalhava, órgão dos Diários Associados, o famigerado Padilha, delegado de polícia, que à época ficou conhecido por chicotear moças da vida airada em Copacabana, conseguindo, assim, Paulo, envolvê-lo num processo jornalístico-criminal e dar um basta naquele exercício de tirania; lembranças de Paulo a discursar no Cemitério do Caju, no enterro do nosso conterrâneo e genial poeta Catulo da Paixão Cearense, a arrancar lágrimas de muita gente, inclusive do nosso querido e já falecido amigo, William Soares de Brito, o saudoso “Lilico”, companheiro de boêmia de Paulo e médico radicado ao tempo no Rio de Janeiro, onde detinha grande clientela, pela sua abnegação e competência à Ciência de Hipócrates.

Este é Paulo Augusto Nascimento Moraes que me legou um dia o luar dos seus cabelos, envolto em saudades e em noites de abusão por esta São Luís que, aos poucos, se desmancha em sal sob a mortalha de um doloroso e cruel esquecimento, e já quase sem memória sob o Sol.

* Fernando Braga, advogado, poeta e ensaísta.

O Brasil conquistou, nesse domingo (13), o título do 1º Mundial de Futebol de Areia Raiz após derrotar, na decisão, a França por 4 a 2 na Arena Gladiadores da Bola, no Parque Olímpico do Rio de Janeiro. A partida teve transmissão ao vivo da TV Brasil.

Como toda grande decisão entre Brasil e França, a partida foi repleta de emoção e lances bonitos.

Favoritismo do Brasil

Como o Brasil já havia vencido a França por 5 a 3 na primeira rodada da fase de grupos do Mundial de Futebol de Areia Raiz, a seleção canarinho chegava à decisão na condição de favorita.

E essa condição não pesou em momento algum para a equipe comandada pelo técnico Henrique da Conceição, o China. Assim, logo aos 2 minutos, o Brasil abriu o placar com Gabriel Novaes, que, após receber passe pelo alto, bateu de primeira, rasteiro, para a bola passar no meio das pernas do goleiro Bruno Ferry.

Porém, a França mostrou ser uma adversária competitiva e empatou aos 7 minutos. O camisa 10 Florent Sinama-Pongolle chutou cruzado, a bola saiu mascada, mas o goleiro Jocimar não conseguiu defender.

O Brasil voltou a ficar na frente novamente aos 11 minutos, quando Pedrinho Carioca bateu muito bem um tiro livre para vencer o goleiro Bruno Ferry.

Ainda no primeiro tempo, aos 16 minutos, Florent Sinama-Pongolle acertou voleio, Jocimar espalmou, e a bola sobrou para Benjamin Deukmedjian apenas conferir.

O empate por 2 a 2 permaneceu até o intervalo. Mas, logo no início da etapa final, o Brasil volta a ficar na frente logo no segundo minuto, quando Pedrinho Carioca marcou seu 13º gol na competição em tiro livre direto (garantindo a artilharia da competição).

A seleção brasileira continuou melhor e, aos 16 minutos, chegou ao quarto gol, quando Gabriel Novaes cobrou falta para Guto Maranhão, que girou em cima da defesa e chutou mascado para a bola passar por baixo das pernas do goleiro Bruno Ferry.

A partir daí, o Brasil administrou a vantagem e comemorou o título do Mundial de Futebol de Areia Raiz.

Terceiro lugar

Pelo terceiro lugar, Colômbia e Uruguai fizeram uma das partidas mais disputadas do campeonato, com empate em 4 a 4 no tempo normal. Na decisão por pênaltis, os colombianos levaram a melhor: 2 a 0.

Prevenção à pandemia

Por causa da pandemia do novo coronavírus (covid-19), a competição foi disputada sem a presença de púbico. As delegações e toda a equipe de organização e transmissão do evento fizeram testes de covid-19 antes do início da competição. A arena também seguiu todos os protocolos de higienização e de prevenção de aglomerações.

(Fonte: Agência Brasil)

O Senado deve votar, nesta semana, o Projeto de Lei (PL) 4.372/2020, que regulamenta o novo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). O Projeto de Emenda à Constituição (PEC) que torna o fundo permanente foi aprovado pelo Congresso em agosto e promulgado.

A regulamentação de que trata o PL 4.372 é necessária para que os recursos do fundo possam ser utilizados em 2021. Por isso, ele precisa ser aprovado ainda este ano. De acordo com o senador Izalci Lucas (PSDB-DF), o presidente da Casa, Davi Alcolumbre, pautará o projeto para a próxima sessão, na terça-feira (15). O PL foi aprovado pela Câmara na última quinta-feira (10).

O texto define detalhes do repasse de recursos do fundo às escolas. Na aprovação, os deputados incluíram a possibilidade de destinação de 10% dos recursos do Fundeb para instituições filantrópicas comunitárias, confessionais e para educação profissionalizante, inclusive promovida por entidades do Sistema S (Senai e Senac) – já financiadas pela taxação de 2,5% sobre a folha de pagamento das empresas brasileiras. Esses valores são recolhidos com os tributos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O Fundeb atende todas as etapas anteriores ao ensino superior e representa 63% do investimento público em educação básica. Os recursos do fundo são destinados às redes estaduais e municipais de educação, conforme o número de alunos matriculados na educação básica. O fundo foi criado em 2007, substituindo o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), e perderia a validade no fim de 2020.

O investimento do país em educação é, atualmente, de R$ 3,6 mil por aluno. Na estimativa do senador Flávio Arns (Podemos-PR), relator da PEC do Fundeb no Senado, o investimento chegará a R$ 5,5 mil por aluno em 2026. Ainda em agosto do ano passado, na época da votação da PEC na Casa, ele afirmou que se o Fundeb não existisse, o investimento seria em torno de R$ 500 por aluno.

(Fonte: Agência Brasil)

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Memorial de Paulo Augusto Nascimento Moraes – para a coleção “Crônicas Maranhenses”.

[Paulo Augusto Nascimento Moraes, São LuÍs (MA), 23/11/1912 – São Luís (MA), 11/9/1991].

Por incrível coincidência, as coisas naturais só se nos fazem ratificar a assertiva de que nada acontece por acaso, daí a sincronicidade de há muito estudada por Karl Jung.

Refiro-me ao quarto centenário de São Luís, fundada, em 12 de setembro de 1612, pelo fidalgo francês Daniel de La Touche Monsieur de La Ravardière, ao tempo do Rei-Menino Luís XIII, com o centenário de vida de Paulo Augusto Nascimento Moraes, nascido em 23 de novembro de 1912, o cronista que cantou nossa Cidade com seus gestos de amores por ela e, que, também, por ela chorou lágrimas de dores e saudade.

Enquanto São Luís era fundada sob a égide de uma monarquia europeia, trezentos anos depois, nascia no seio de uma aristocracia de professores, egressa do sentimentalismo escravo, Paulo Augusto Nascimento Moraes.

Assim, tanto São Luís como Paulo nasceram ligados por um mesmo espírito; a Ilha o inspirava, e ele escrevia “O Retrato da Cidade”. E morreu abraçado àquela paisagem de amores e poesias, feliz por não a ter decepcionado, porque dalgum lugar onde se achava, voltava sempre para encontrá-la, como aquele estroina que partira um dia...

A incrível coincidência que aqui me refiro, cabe ao fruto do amor do talento de Paulo Moraes e da bondade e querença maternal de Emília, sua mulher pela vida inteira, a educarem ambos, Paulo de Tarso, único filho do casal, o qual era ainda um garoto, como o Rei-Santo de França, quando saí de São Luís; um menino dedicado aos estudos, sem fugir à tradição da sua família. Paulo de Tarso fez-se professor de português e consultor dessa nossa “Última Flor do Lácio inculta e bela”, cujo idioma Camões cantou o gênio audaz do lusitano na epopeia maior de “Os Lusíadas”, enquanto, à noite, nas soturnas ruas de Lisboa, no apogeu do século XVI, pedia esmolas... e Paulo de Tarso com o faro do pesquisador, vindo, por certo, do atavismo do seu tio Nascimento Moraes Filho (José) reuniu em livro que intitulou de “A Volta do Boêmio – Crônicas Maranhenses”, escritos do pai, para presentear a São Luís de agora, o cronista, o articulista e o poeta que foi Paulo Nascimento Morais, a par com o boêmio, com o esbanjador de talento, com o orador e, sobretudo, com o humanista, reconstrutor nas últimas décadas do século passado, em São Luís, de outra “Belle Époque” que todos nós vivemos intensamente, como a viveu no passado, o velho mestre Nascimento Moraes, seu pai, no começo daquele mesmo século, quando escreveu várias obras de fôlego, dentre elas “Vencidos e degenerados”, que a crítica o tem, como trabalho sociológico, o topofísico, em síntese, de “O Mulato”, de Aluízio Azevedo, na quietude daquela São Luís de seu tempo, de ares burgueses e de convivência intelectual europeia, a respirar da cidade o purismo brilhante dos jovens da época que formavam a plêiade de “Os Novos Atenienses”.

Orgulho-me em ter tido Paulo Moraes como companheiro querido em minhas andanças literárias, em tê-lo tido do meu lado, e recebido dele uma amizade recíproca e um amor paternal e, com ele, aprendido muitas lições de vida e declamado, pelas madrugadas da Cidade, poesias que se foram com os ventos marítimos que varrem a Ilha, a nossa velha e querida Ilha...

Era no poeta que Paulo Nascimento Moraes, em si, mais existia: “Meus versos / tenho-os impressos e nítidos, / na doçura de um riso de criança / ou na expressão dolorosa de um cego / sob o batismo de um Sol-poente”.

Neste livro, vivencia-se apenas o jornalista brilhante, a escrever seus textos em forma de artigos onde seu lirismo se limita com o emocional que sempre gritou em seu peito ou, então, em artigos onde a coerência e o bom senso de suas análises transcendiam, quase sempre, para a política internacional.

Certa vez, Paulo Augusto Nascimento Moraes, o cronista, o poeta, o articulista, o orador e, principalmente o humanista, sem querer, mas levado pela insistência do irmão Nascimento Moraes Filho (José) e de alguns amigos, como Erasmo Dias e Fernando Viana, reuniu todas suas emoções em “Aquarelas de Luz”, o qual, a ser publicado, arrancou do poeta, lá do fundo de sua alma, esse canto de adeus que ele emoldurou dizendo: “Aquarelas de Luz ilumina-me na velhice com teu Azul vestido de pássaros eternamente voando, banhado de Ocaso. Não te pude guardar, como dantes. Agora, tu te libertas de mim para curiosidade dos outros. E eu te ficarei olhando neste bater de asas”.

Paulo Augusto Nascimento Moraes, como seu pai, José Nascimento Moraes e Nascimento Moraes Filho, seu irmão, pertenceu à Academia Maranhense de Letras, onde ocupou a Cadeira 16, patroneada por Raimundo da Mota d’Azevedo Correia e fundada por Raimundo Correia de Araújo.
Este é Paulo Augusto Nascimento Moraes que me legou, um dia, o luar dos seus cabelos, envolto em saudades e em noites de abusão a cair sobre a nossa cidade de São Luís, e a nos deixar em “Aquarelas de Luz”, além dos belos versos, sua imagem impressa de corpo inteiro e de alma extensa, como se me segredasse: “És tu, Fernando, que irás dizer isso um dia...” E disse!

* Fernando Braga, in prólogo para o livro no título acima anunciado, enfeixado também em “Conversas Vadias”, antologia de textos do autor.

O Sesc de São Paulo está com 18 exposições abertas no Estado, nas unidades da capital, interior e litoral. No entanto, o público só poderá visitar as mostras de forma presencial mediante agendamento prévio “on-line” no “site” da instituição. A entrada é gratuita.

De acordo com o Sesc, para assegurar o distanciamento recomendado entre os visitantes, as vagas para sessões são limitadas e variam conforme a unidade, sempre respeitando o limite de até cinco pessoas a cada 100 metros quadrados. O uso de máscara é obrigatório durante todo o período de permanência na unidade.

Entre os destaques, está a mostra Oficina Molina – Palatnik, no Sesc Avenida Paulista. A partir de obras do Acervo Sesc de Arte e de outras coleções, a primeira exposição de Abraham Palatnik (1928-2020), desde seu falecimento em maio deste ano, vítima da covid-19, reúne obras de sua autoria e propõe diálogo com a produção artística do Mestre Molina (1917-1998).

No interior de São Paulo, ocorre a 15ª edição da Bienal Naïfs do Brasil, realizada pelo Sesc São Paulo na unidade Piracicaba. Com curadoria de Ana Avelar e Renata Felinto, a Bienal reúne obras de 125 artistas de 21 Estados brasileiros, além do Distrito Federal, e também conta com a participação das artistas convidadas Carmela Pereira, Leda Catunda, Raquel Trindade e Sonia Gomes.

No Sesc Rio Preto, a mostra PretAtitude – Emergências, Insurgências e Afirmações na Arte Afro-brasileira Contemporânea reúne trabalhos de artistas negros de diversas gerações, nomes consagrados e emergentes no circuito de arte brasileira. A curadoria é de Claudinei Roberto da Silva.

Veja a programação completa aqui.

(Fonte: Agência Brasil)

Dos mais de 360 monumentos que homenageiam personalidades e fatos históricos na cidade de São Paulo, menos de 3% representam pessoas negras e indígenas. Levantamento realizado pelo Instituto Pólis avaliou 367 monumentos oficiais da capital paulista, com o objetivo de identificar como essa população é representada na história visual da cidade.

Das 367 obras, 200 retratam figuras humanas, mas apenas cinco são de pessoas negras, sendo quatro figuras masculinas e uma feminina. Em relação a representações de indígenas, quatro estátuas trazem a temática, todas de figuras masculinas. Monumentos em homenagens a homens brancos somam 137 obras. O estudo foi feito a partir de dados da plataforma GeoSampa, mapa digital da cidade, e está disponível no “site”.

“Além de um número infinitamente menor, os monumentos dedicados a pessoas negras e indígenas têm dimensões reduzidas. As obras erguidas às pessoas brancas são muitas e diversas e garantem complexidade às identidades representadas. Enquanto negros e indígenas têm suas histórias apagadas como um projeto de manutenção do poder e da hegemonia branca”, disse a pesquisadora Cássia Caneco, responsável pelo levantamento com Felipe Moreira, ambos do Instituto Pólis.

Para os pesquisadores, a sub-representação de pessoas negras e indígenas nos monumentos da cidade evidencia o racismo estrutural. Além da importância do tamanho e da quantidade dos monumentos, é preciso abrir espaço para suas narrativas.

A escultura da Mãe Preta, a única que representa uma mulher negra na cidade, localizada no Largo da Paissandu, um bairro historicamente negro do centro, retrata uma ama de leite com formas distorcidas, com a cabeça menor do que o resto do corpo. Os pesquisadores avaliam que essa representação condiciona e reforça a ideia de controle e subalternidade das mulheres negras.

Em relação à dimensão, a imagem da Mãe Preta tem 3,6 metros, enquanto a escultura do bandeirante Borba Gato, obra do mesmo artista, tem quase 13 metros de altura. “Controlar a forma, a história e as narrativas são um instrumento poderoso. Não basta apenas termos mais monumentos de negros e indígenas, é preciso que essas obras tragam também seus pontos de vista”, disse Moreira.

Estátua Índio Caçador, do escultor João Batista Ferri, na Avenida Vieira de Carvalho – Rovena Rosa/Agência Brasil

O levantamento avaliou ainda os bairros em que estão localizados os monumentos. A maioria deles está localizada na região central e em bairros nobres: Moema, Sé, República, Jardim Paulista e Consolação são os distritos com mais esculturas, sendo 44, 43, 37, 24 e 23 monumentos respectivamente. Por outro lado, 39 distritos – a maioria com localização periférica – não têm nenhum monumento, e 21 contam com apenas uma obra. A capital tem um total de 96 distritos.

“Escolher posicionar a maior parte dos monumentos na região central, em áreas já valorizadas da cidade, não é um acaso e sim um projeto. O mesmo que promove despejos, remoções e valores proibitivos de acesso à terra nessas áreas”, segundo avaliação dos pesquisadores sobre a desigualdade existente entre as regiões da capital paulista.

(Fonte: Agência Brasil)

Considerado um dos principais eventos de São Paulo, a Virada Cultural chega, hoje (13), ao segundo e último dia, com diversas atrações. Este ano, em virtude da pandemia de covid-19, a organização decidiu realizar parte delas em formato “on-line”.

Para este domingo, está programado um “show” da “drag queen” Gloria Groove, uma das cantoras mais ouvidas da atualidade, que mistura pop, rap e trap em suas canções. A apresentação, que poderá ser conferida somente pela “internet”, começa às 16h30.

Conhecida pelo amplo repertório, que vai do baião ao frevo, a cantora paraibana Elba Ramalho também se apresenta neste domingo, às 18h. As músicas escolhidas irão homenagear Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro e Dominguinhos.

A Casa de Cultura Brasilândia recebe a Batalha da Brasilândia, uma espécie de duelo entre “rappers” que se provocam por meio de rimas e que traz à tona debates relacionados à justiça social e à juventude. Assim como o “show” de Elba Ramalho e Gloria Groove, a apresentação poderá ser vista somente por transmissão “on-line”, com início às 15h30.

A organização do evento dá, ainda, continuidade ao projeto Matriarcas Quilombolas, exposição que faz uma crítica ao apagamento histórico de mulheres negras do Brasil. A sessão, a segunda do dia, será realizada às 15h.

A edição deste ano da Virada Cultural conta com mais de 400 atrações, entre atividades “on-line” e intervenções urbanas, abrangendo artes visuais, circo, dança, literatura, moda, música, “performance” e teatro.

No total, participam seis teatros, nove centros culturais, 18 casas de cultura e 22 bibliotecas. A programação completa pode ser conferida no “site” oficial do evento, onde também é possível acessar as transmissões dos eventos.

(Fonte: Agência Brasil)

O ministro da Educação, Milton Ribeiro, homologou o Parecer nº 19, do Conselho Nacional de Educação (CNE), que estende até 31 de dezembro de 2021 a permissão para atividades remotas no ensino básico e superior em todo o país. A validação da decisão do CNE foi publicada na edição da última quinta-feira (10) do “Diário Oficial da União” (DOU), em despacho assinado pelo próprio ministro.

De acordo com o parecer, aprovado pelo colegiado em outubro, os sistemas públicos municipais e estaduais de ensino, bem como as instituições privadas, possuem autonomia para normatizar a reorganização dos calendários e o replanejamento curricular ao longo do próximo ano, desde que observados alguns critérios, como assegurar formas de aprendizagem pelos estudantes e o registro detalhado das atividades não presenciais.

Outra regra definida no parecer é a que flexibiliza formas de avaliação dos estudantes durante a vigência do estado de calamidade pública. "Em face da situação emergencial, cabe aos sistemas de ensino, secretarias de Educação e instituições escolares promover a redefinição de critérios de avaliação para promoção dos estudantes, no que tange a mudanças nos currículos e em carga horária, conforme normas e protocolos locais, sem comprometimento do alcance das metas constitucionais e legais quanto ao aproveitamento para a maioria dos estudantes, aos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento, e à carga horária, na forma flexível permitida por lei e pelas peculiaridades locais".

Atividades presenciais

A volta às aulas presenciais, segundo a decisão CNE, também homologada pelo MEC, deve ser gradual, por grupos de estudantes, etapas ou níveis educacionais, "em conformidade com protocolos produzidos pelas autoridades sanitárias locais, pelos sistemas de ensino, secretarias de Educação e instituições escolares".

Esse processo de retorno ao presencial também deve envolver, segundo as diretrizes aprovadas, a participação das comunidades escolares e a observância de regras de gestão, de higiene e de distanciamento físico de estudantes, de funcionários e profissionais da educação, com escalonamento de horários de entrada e saída para evitar aglomerações, além de outras medidas de segurança recomendadas.

Apesar de estender o prazo para atividades remotas em todas as instituições de ensino até dezembro do ano que vem, o MEC determinou, em portaria editada na terça-feira (8), que o retorno às atividades presenciais nas instituições federais de ensino superior deve começar antes, a partir do dia 1º de março. A data anterior previa esse retorno já no dia 4 de janeiro, mas a pasta decidiu prorrogar esse prazo após reclamação das universidades e dos institutos federais.

(Fonte: Agência Brasil)

Estávamos na nossa mesa de trabalho, na Divisão de Assistência ao Cooperativismo, quando dela se aproximou o nosso amigo Gerson Tavares, diretor da Rádio Ribamar. Debruçou-se à mesa e sussurrou: “O Castro morreu”. E... “Sim, o Leôncio Castro”.

Olhamos para o Gerson. Nenhuma palavra. Dentro de nós, um mundo de emoções. O pensamento fixou-se ao longe. A notícia trazia uma porção de coisas: o Passado e o Presente. Sem ouvirmos, repetimos o nome: Leôncio Castro.

No nome a nossa São Luís de ONTEM, a cidade da minha infância, da minha juventude. A cidade tradição. A cidade de tantas recordações. A cidade e suas histórias. A cidade e os seus filhos ilustres dum tempo que ficou longe de nós. A cidade da vida em sonhos, da vida em companheirismo, da vida em trabalho. Da vida na comunhão da espiritualidade. Da vida agitada de meu Pai, do jornalista polemista, brigão, criticando governos, travando polêmicas memoráveis. Sim, tantas coisas. Tantos acontecimentos políticos, tantas alterações. A vibração da cultura maranhense e, vivos, um muito de seus homens ilustres. Tudo isto em comunidade, em exercício mental, em produções literárias que marcaram épocas.

Na imprensa, tínhamos Nascimento Moraes, Antônio Lopes, Ribamar Pinheiro, Armando Vieira da Silva Filho, Luís Viana, Rubem Pinheiro, Tarquínio Lopes Filho, Luso Torres, Correia de Araújo, Astolfo Serra, Domingos Carvalho, Freitas Carvalho, Crisóstomo de Souza, Vale Sobrinho, Apolinário de Carvalho e tantos outros vultos da intelectualidade maranhense. Poetas, jornalistas, professores, ensaístas etc. Uma geração ainda na vibração da inteligência enchendo as páginas de jornais. E tínhamos a polêmica acadêmica, a polêmica política, enfezada. Uma trepidação de intelectualidades.

Sim, tudo isto vivendo horas, momentos de espiritualidade no Bar, no Restaurante do Castro, do Leôncio Castro. E do espanhol a alma no esbanjamento das amabilidades, do convívio amistoso e amigo. Era o ponto de referência, de encontro. De vida literária. E, com o Castro, as atenções, a participação, a atitude independente, a colaboração válida. Nele, havia a mensagem da sua parcela de cooperação e de entendimentos. Uma inteligência vibrante. Sim, havia a reserva impressionante de conhecimentos primorosos. Era uma alma enamorada, um espírito vivo, uma palestra que interferia, que abordava vários assuntos. Era assim o Leôncio Castro.

Muito tempo ficamos pensando em tudo isto. Olhamos para o Gerson Tavares. Um silêncio entre nós. E Gerson, emocionado, disse: “Vim para lhe dizer: escreva a notícia, a crônica para ser lida daqui há pouco, no horário do programa ‘Bom Dia, São Luís!’. Eu estou esperando”. Olhamos a máquina. Debruçamos sobre os seus teclados. Nossos dedos começaram a bater sobre as letras. Dentro de nós, a vibração do informativo. Dentro de nós, o adoentado. Mas estava na vida. Na existência. Sua fisionomia escondia os seus 79 anos. Uma firmeza em tudo. Uma decisão em tudo. Todos os dias, atravessava a João Lisboa e ia ter com o filho Manuel Castro na sua casa comercial, ali na Rua do Sol. Ali, demorava-se. Ficava na conversação. E, de quando em quando, a palestra com um amigo. O registro dum fato, dum acontecimento político, literário, artístico. O registro sobre a vida dum boêmio. A piada. Sempre assim Leôncio Castro que, aqui, constituiu família. Junto dele a esposa, os filhos, os netos.

Sim, os dedos iam batendo, imprimindo o registro da homenagem. Narrando o fato, o acontecimento que consternou a cidade. Leôncio Castro. A vida num desfile de emoções. A cidade em quadrinhos, a vida filtrando-se pelas lembranças, as recordações. A máquina correndo, imprimindo as palavras. Nos olhos, trancados neles, as lágrimas. Dentro de nós, a Dor, a Dor estrangulada, sofrendo o aprisionamento das nossas íntimas expansões. Do nosso lado, o Gerson Tavares, esperando a crônica. A notícia. E terminamos. Dentro, a cidade estava vestida de tristeza. O coração do cronista vestido de tristeza.

Depois, o fim. O enterro. O cemitério. Agonia do Sol, no Poente. O corpo de Leôncio Castro na imobilidade, no seu caixão de pinho, polido. O Castro ali, quieto, sereno. Tranquilo. Fisionomia calma. Depois, aqueles homens cobrindo o caixão. A terra caindo sobre ele. A vida ficando sem ele. Sim, Castro, Leôncio Castro de volta para outra caminhada: a da Eternidade. Foi se encontrar com Jesus. Com o Grande Arquiteto do Universo. E, na noite, haverá mais uma luz clareando a Terra. Mas, na cidade, ficará esta nítida lembrança: Leôncio Castro, o espanhol que era maranhense. Sim, ficará sua presença por aí, na cidade, no coração de todos. É esta a nossa homenagem.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 15 de dezembro de 1968 (domingo).

Neste domingo, ainda falando sobre...

Falsos sinônimos

...

68 MADRUGADA
É o período do dia que vai da zero hora até o amanhecer. Evite: “Transmitiremos a luta na madrugada de sábado para domingo”. O correto é: “… na madrugada de domingo”.

69 MAIOR/MAIS
“Maior” refere-se à intensidade ou tamanho: “O empresário espera maior êxito desta vez”; “Precisamos de maior ajuda”.
“Mais” deve ser usado para palavras ou expressões que indiquem quantidade: “Precisamos de mais detalhes”; “Os dirigentes querem mais recursos”.
Assim, o correto é “mais informações”, e não “maiores informações”. Em rádio e televisão, para não confundir “mais notícias” com “más notícias”, é preferível usar “outras ou novas notícias”.

70 MAIORES
Significa “mais grande”. Portanto, não se dá “maiores informações”, e sim “outras ou novas informações”. Dar “mais informações” não está errado, mas devemos evitar na linguagem falada, porque o ouvinte pode entender “más informações”. Com palavras masculinas, não há problemas: “mais detalhes”.

71 MEDÍOCRE
Apresenta sentido pejorativo. Um “desempenho medíocre” não é um “desempenho médio”, e sim um “desempenho ridículo, abaixo da média”.

72 MEMBRO
É bom evitar. Pode provocar constrangimentos: “Todos os membros se levantaram”; “Os membros da comitiva presidencial estavam muito agitados”. Melhor usar “Os integrantes da comitiva”. Podemos usar “membro” como adjetivo, quando vier depois de um substantivo: “Estado membro, países membros“.

73 MESMO
Não é sinônimo de “igual”. “Mesmo” é “um só”; “igual” é “outro”. O “mesmo problema” do ano passado é um problema só (= o problema do ano passado ainda não foi resolvido). Um “problema igual” ao do ano passado é outro problema, com as mesmas características. Exemplo duvidoso: “O Senado vai receber a mesma verba da Câmara dos Deputados (= uma única verba que será dividida entre as duas casas)”. Ou “O Senado vai receber uma verba igual à Câmara dos Deputados (= se forem duas verbas de mesmo valor, uma para cada casa)”.

74 MILITÂNCIA
É a condição de militante, é a prática, a atuação: “Isto tudo ocorreu durante sua militância no Partido Comunista”. Para designar as pessoas, devemos usar “militantes”: “Os militantes (e não “militância”) do partido invadiram o plenário”.

75 MINIMIZAR
Cuidado. Significa “reduzir ao mínimo”. Palavra perigosa. Apresenta certa carga pejorativa (“fazer parecer menor”): “Precisamos minimizar a crise” (diminuir ou fazer a crise parecer menor?). Evite usar: “A solução para minimizar o impacto das novas dívidas”. Prefira “… para atenuar ou diminuir o impacto das novas dívidas”.

76 NORMALIZAR
Significa “tornar normal”: “Agora, a situação já está normalizada”. É usada também no sentido de “normatizar” (= criar normas): “É um instituto especializado em normalização técnica.”
Obs.: “A situação se normaliza” (e não “a situação normaliza”).

77 NORMATIZAR
É um neologismo já registrado em nossos dicionários. Significa “criar normas”: “Em sua empresa, tudo está sendo normatizado”.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, as lacunas da frase abaixo?
“Entreguei a carta __________ homem __________ que você se referiu __________ tempos”.
(a) aquele / à / à;
(b) àquele / à / há;
(c) aquele / a / a;
(d) àquele / à / à;
(e) àquele / a / há.

Resposta do teste: letra (e).
Quem entrega sempre entrega alguma coisa (objeto direto = a carta) “a” alguém (objeto indireto = àquele homem). Antes do pronome relativo “que” só encontramos a preposição “a” exigida pelo verbo “referir-se”. E na expressão “há tempos”, devemos usar o verbo “haver” por tratar-se de tempo decorrido (há tempos = faz tempos).