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Lembrando papai… A ALVORADA DOS MOÇOS*

Os alunos do Ginásio Zoé Cerveira, responsáveis pelo setor de divulgação do Grêmio Cultural Nascimento Moraes, do referido estabelecimento de ensino médio, num “tento” admirável, editaram o seu órgão de publicidade o ALVORADA que circulou no dia 4, p. passado.

O jornal estava na programação das realizações dos estudantes que, com a fundação do Grêmio, alimentavam a possibilidade de oferecer ao Maranhão e aos estudantes maranhenses um jornal impresso para, nele, registrar seus trabalhos literários, a marca de suas sensibilidades, seus ensaios, a vida no encantamento da inteligência, plantando a sementeira de seus ideais. E, com esse pensamento, surgiu ALVORADA.

A juventude na rebentação da luz, o toque de reunir, fortalecimento da unidade, do pensamento em vibração, vontades determinadas, decisões inflexíveis.

E o jornal ALVORADA veio para o batismo do Sol-Vida. Calor dos jovens que buscam o caminho certo para o reencontro com este Presente e para as reafirmações com o Futuro. Idealismo em marcha. Realizações que se precipitam, que registram anseios, afirmam suas primeiras convicções.

E os ginasianos do Zoe Cerveira lançaram a boa semente. O jornal impresso está circulando por aí. Está sendo lido e conquistando aplausos, elogios, referências as mais significativas. Um trabalho de moços, de meninos, de homens. Tudo nele tem a espontaneidade de seus redatores. Há a presença dum esforço próprio. O dinamismo de muitas vontades. Uma colaboração eficiente. Digna de elogio. Há revelações. Na primeira página, prata da casa, o artigo de José Antônio Figueiredo de Almeida Silva que faz a apresentação do jornal. E diz o diretor de Imprensa do Grêmio Nascimento Moraes, numa palavra simples, vibrante, convincente: “Mas ALVORADA não foi só sonhado por nós do Grêmio. Não. Não só nós o queríamos, mas, também, os nossos leitores, aqueles que colaboram conosco. Sem eles o nosso ideal não vingaria, sem sua ajuda ALVORADA será um jornal sem sentido, porque não receberia o apoio dos seus primeiros e principais leitores, os colegas do Ginásio Zoe Cerveira; só esta certeza levantou-nos a bandeira”.

Aí está, dentro da medida, o sentido do jornal. Um trabalho de equipe. E desta junção de esforços, desta colaboração, deste comportamento, desta visão global do sentido de unidade, realizou-se o milagre deste realismo impressionante que é o jornal dos estudantes do Colégio Zoe Cerveira.

E como tinha que ser houve a orientação de Nascimento Moraes Filho, o consagrado poeta de AZULEJOS, de CLAMOR DA HORA PRESENTE, o folclorista de PÉ DE CONVERSA que transmitiu aos jovens a orientação, a contribuição válida e tão necessária.

O estímulo. E o jornalista José Antônio no seu “Nosso Jornal VEIO AFINAL”, diz, referindo-se ao mano José: “Foi ele que nos arranjou a impressão mais barata; foi ele que nos apresentou àquelas que nos podiam dar ajuda financeira”. Certo. Tinha que haver esta participação. Tudo o mais pertence aos moços. Deles, a ideia das entrevistas sob o tema. Subversão ou Reformas? E conseguiram pronunciamentos com destacadas figuras da política nacional, da vida brasileira e lá desfilam várias tendências, o problema visto de vários ângulos por meio da palavra dos deputados La Rocque, Renato Archer, Américo de Souza, do intelectual e governador José Sarney, do jornalista Júlio Mesquita do “Estado de São Paulo”, do cel. Liège Braga, comandante da Guarnição Federal de São Luís, de Evandro Lins, integrante da Corte do Supremo Tribunal Federal.

Nessas reportagens, o debate cívico, democrático sobre o problema dos estudantes, a luta dos jovens por um MUNDO MELHOR. E, noutras páginas, a apresentação dos intelectuais do Grêmio. Da prosa à poesia. Em tudo, a valorização de inteligências que se projetam para o futuro iluminadas de fé, de vontade, de pensamentos criadores.

E há, ainda, o informativo sobre vários assuntos de interesses para a classe estudantil. Há a crítica. Há a reclamação. Há a nota picante, o festim das reações corajosas. Tudo assim numa ótima impressão, numa magnífica paginação. Um jornal dando lição de jornalismo. Um jornal de jovens para este despertar de Amanhã: um Maranhão mais jovem. Que ALVORADA continue. Que esteja sempre na vida intelectual da cidade. Nossa mensagem de confraternização. Para frente, confrades ilustres.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 10 de dezembro de 1968 (terça-feira).