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Lembrando papai… O PREFEITO DE CODÓ*

Codó (MA)

Estávamos no Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda) e conversávamos com o sr. José Ribamar Monteiro, delegado neste Estado, desse setor de assistência e de desenvolvimento da economia nacional. Conhecemos Monteiro de muitos tempos. Uma vibração de inteligência, de trabalho e de responsabilidade. Um caráter. Uma capacidade indiscutível.

Mas, sim. Estávamos no gabinete de trabalho do Monteiro e íamos em busca de informativos sobre a renovação de mais um Convênio entre a DAC e o Inda. Aí está a justificativa da nossa presença naquele setor de administração. E, de momento, entra, no gabinete, uma comissão de homens ilustres, gente da área administrativa municipal, da representação do Legislativo Estadual e, na comitiva, o senador Clodomir Millet.

E fomos identificando esses visitantes: o sr. René Bayma (prefeito de Codó), sr. Inácio Braga (gerente do Banco do Estado do Maranhão), deputado estadual José Anselmo, um dos mais conceituados médicos daquela comunidade, um nome na tradição da vida social da cidade progressista do Itapecuru. Um quarteto de maranhenses conceituados na terra natal e, com todos, acentuadamente, parcelas vivas de contribuição para o soerguimento da vida econômica, política e social do Estado e energias válidas que lutam, que trabalham nos seus setores de atividade pelo programa democrático e desenvolvimentista do país.

Olhamo-nos e, dentro de nós, as reflexões num “ballet” de curiosidades, de indagações. E acalentamos a interrogativa: “Que haverá entre eles e o Inda?”

Mas tínhamos, para depois, um ponto de referência: a presença encantadora do poeta e jornalista, amigo de muitos anos, Nicanor Azevedo que se aproximou de nós com a sua especialíssima atenção, seus cuidados de estima e de apreço. Uma vida que viveu muito tempo na amizade de meu Pai, o inesquecível Nascimento Moraes.

Mas, sim, a entrada daquela comitiva interrompia a conversação já iniciada entre nós e o delegado do Inda no Maranhão. Certo.

E a revelação veio sem atropelos: Codó havia sido beneficiado com um financiamento de 60 mil cruzeiros novos para a construção duma Escola Agrícola no próspero e progressista município administrado tão bem que vem sendo pelo prefeito René Bayma.

E ficamos na escuta dos acontecimentos. Monteiro teria feito a participação do benefício e convidara o deputado, o senador, a imprensa e o prefeito Bayma. Ali, numa reunião simples, num ambiente de trabalhos, ia se processar o que foi feito: a entrega do cheque com que o Inda resolvera atender aos reclames da comunidade codoense.

Um fotógrafo registrou o importante acontecimento. Monteiro, palavra fácil, firme, fez uma exposição sobre as finalidades do Inda e registrou a certeza, que tinha, de que, com Bayma, haveria a aplicação da ajuda dentro dum programa de realizações tão necessárias a mais cooperar pelo progresso e desenvolvimento do município da margem esquerda do Itapecuru.

Alegria nos olhos de todos. E falou Millet. Como sempre, inclusive, preciso, enalteceu a presença do Inda na administração do país e traçou alguns perfis do atual diretor desse serviço de desenvolvimento econômico do país.

Monteiro deixou escapar uma alegria no seu rosto magro, e seus olhos denunciaram a mensagem de aprovação. E falou o deputado, o médico, meu irmão, Anselmo, integrado na vida de Codó. Uma vida ali, vivendo ali, sofrendo ali, dando um muito de si para Codó, para as suas populações pobres, sua gente aflita. Palavras de contentamento. Palavras de estímulo. Enalteceu a obra que René Bayma vem realizando.

E faliu o sr. Inácio Braga. O dinâmico gerente do Banco do Estado do Maranhão também justificava a sua presença. Estivera no Ceará, numa reunião que tinha como tema problemas de desenvolvimento do Estado e ali, naquela ocasião, completa-se esta reunião. Tudo certo, medido, tudo num ambiente de entendimentos e de responsabilidades.

Por fim, falou René Bayma. Nele, fixamos a nossa atenção. Para ele, em nós, acordado, o jornalista. Dele, ouvimos, sempre, as mais destacadas referências, elogios, afirmações encantadoras. Mas, ali, nós o tínhamos sem a assistência do seu eleitorado, sem a vibração de seus conterrâneos.

Estávamos à vontade. E Bayma falou. Reflexões de momento e jogou a palavra dura do agradecimento. Nada a adjetivações e foi logo atingindo o alvo certo. E disse mais ou menos isto: “Sim. Este 60 mil cruzeiros novos, não tenha dúvida (dirigia-se ao Monteiro), será devidamente aplicado. Dentro de alguns dias V. Sª. ou V. Exª (não nos lembramos bem do tratamento) receberá o convite para a cerimônia do lançamento da pedra de fundação da Escola que vamos construir. Sim, dentro de poucos dias”. Isto atirado assim, resolução, firmeza, determinação de um homem que vai realizar e que está mesmo construindo Codó.

E depois, mais incisivo: “Dentro de mais dias (cantou o número de dias) V. Exª., os srs. que aqui estão vão receber o convite para a inauguração da escola”.

Estava feita a maior homenagem de sua administração. Millet, sentimos, comoveu-se. Monteiro iluminou-se de alegria. Nós outros sentimos as mesmas emoções. Aqui, estamos dizendo: muito bem, sr. prefeito de Codó. Muito bem. E, nele, um exemplo que deve ser seguido.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 25 de junho de 1968 (terça-feira).