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Os candidatos pré-selecionados na segunda chamada do Programa Universidade para Todos (Prouni), para o primeiro semestre deste ano, têm até o dia 24 de fevereiro para comparecer às instituições de ensino para confirmar as informações declaradas na inscrição e fazer a matrícula. O prazo começou no dia 8 de fevereiro.

A lista com o nome dos selecionados, bem como o cronograma do programa, pode ser acessada por meio do site do Prouni.

Para aqueles que não foram selecionados nas chamadas regulares, o programa oferece, ainda, a oportunidade de participar da lista de espera. Para isso, o estudante deve manifestar essa intenção pelo site nos dias 1º e 2 de março. A divulgação do resultado da lista de espera sai em 5 de março, e as matrículas deverão ser realizadas entre 8 e 12 de março.

Neste ano, o programa oferece bolsas para 13.117 cursos em 1.031 instituições de ensino, localizadas em todos os Estados e no Distrito Federal. São mais de 162 mil bolsas ofertadas, sendo 52.839 para cursos na modalidade de educação à distância.

O Prouni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudo, integrais e parciais (50%), em instituições particulares de educação superior. Para ter acesso à bolsa integral, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal de até 1,5 salário mínimo por pessoa. Para a bolsa parcial, a renda familiar bruta mensal deve ser de até 3 salários mínimos por pessoa.

É necessário também que o estudante tenha cursado o ensino médio completo em escola da rede pública ou da rede privada, desde que na condição de bolsista integral. Professores da rede pública de ensino também podem disputar uma bolsa, e, nesse caso, não se aplica o limite de renda exigido dos demais candidatos.

É preciso que o candidato tenha feito a edição mais recente do Exame Nacional do Ensino Médio, tenha alcançado, no mínimo, 450 pontos de média das notas e não tenha tirado zero na redação. Excepcionalmente neste ano, os estudantes serão selecionados de acordo com as notas do Enem de 2019, uma vez que as provas do Enem 2020 foram adiadas em razão da pandemia da covid-19.

(Fonte: Agência Brasil)

“Eu sou de uma geração que cresceu escutando que nós só tínhamos os planetas do sistema solar. Não existia essa história de outros planetas, e ninguém perguntava se era o único. Então, houve, sim, uma pequena revolução''.

A declaração é do astrônomo José Dias do Nascimento que hoje tem não só testemunhado revoluções no espaço, como participado delas.

A última colaboração foi com a descoberta, anunciada este mês, de um exoplaneta raro, do tipo sub-Saturno, localizado a 250 anos-luz da Terra. É o TOI 257-b, que leva 18 dias para dar uma volta ao redor de sua estrela.

Um mundo quente, gigante e gasoso, como ele explica. “São planetas maiores que Netuno e menores que Saturno. É um mundo gigante! Um planeta gigante, gasoso, com essa característica. No entanto, apesar desse tamanho, ele está ali colado na estrela. Então, é um planeta do tipo Saturno: muito quente e muito próximo da estrela. E isso é realmente uma coisa espantosa. Esse sistema sub-Saturno tem propriedades bastante interessantes e, por que não dizer, raras. O nosso sistema solar, por exemplo, não tem um planeta do tipo”, afirma.

José Dias e o aluno de doutorado Leandro Almeida são integrantes do Grupo de Estrutura, Evolução Estelar e Exoplanetas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e colaboraram com a descoberta, utilizando dados da missão TESS, da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa).

Essa missão caça-planetas da Nasa está focada em localizar novos mundos, orbitando estrelas brilhantes nas redondezas do Sol.

Para quem aprendeu a contar nos dedos das mãos o total de planetas conhecidos, hoje lidar com os números que apontam a existência de mais de 4 mil planetas representa o conhecimento sobre a história do nosso sistema solar e do universo.

“Nós sabemos hoje que muitas estrelas, praticamente uma quantidade gigantesca de estrelas brilhantes, têm planetas. Então, qualquer teoria que tente explicar quais são, na verdade, as condições para se formar planetas gasosos e rochosos, próximos ou longe da estrela, precisa explicar também a diversidade cósmica que estamos encontrando. Isso tudo é um processo científico bastante complexo e que estamos vivendo hoje'', afirma.

O TOI-257b é o segundo exoplaneta descoberto pelo grupo de pesquisadores, que espera ainda para este ano a localização do TOI-257c.

Sobre revoluções, José Dias destaca o ano de 2021. Especialmente pelas missões a caminho de Marte, como a Persevarance, da Nasa, que está prevista para chegar ao planeta vermelho nesta semana.

'''Marte vai ser ainda o grande desafio, porque é exatamente o limite. É o que representava a Lua lá na década de 70. Então, Marte recebe aí três ou quatro sondas nos próximos anos'', diz.

Para Dias, este ano é o momento espetacular porque cada uma dessas missões ''traz as perguntas essenciais: como é que o sistema solar se formou? Como é que as coisas começaram do ponto de vista de vida? A vida surgiu a partir de qual momento? Por que Marte não é habitável? Então, nós temos, de fato, um ano extraordinário com relação ao espaço".

De acordo com o astrônomo, a ''disputa'' pela conquista espacial tem se destacado também em países fora do eixo Estados Unidos-Europa, como China, Índia, Emirados Árabes e Japão.

Sobre as perspectivas para as missões com exoplanetas, ele chama a atenção para a missão europeia Plato, prevista para ser lançada em 2026.

(Fonte: Agência Brasil)

O Ministério da Educação ampliou, para 23 de fevereiro, o prazo para a adesão das instituições públicas de educação superior ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), na oferta de vagas para o primeiro processo seletivo de 2021.

Até então, as inscrições, que tiveram início em 8 de fevereiro, tinham como prazo final o dia 12. A assinatura do termo de adesão de cada instituição deve ser feita por meio do sistema de gestão do Sisu, no site do programa.

“Essa alteração do edital de adesão ao Sisu, que será publicada no Diário Oficial da União (DOU), no próximo dia útil, apenas unificará os cronogramas, antes estanques, dos dois procedimentos previstos em edital, que são a adesão e a retificação, se for o caso, das informações constantes nos documentos de adesão. O prazo final desse último procedimento não foi alterado. Ele terminará também no dia 23 de fevereiro”, informou o MEC.

O Sisu é o programa do MEC para acesso de brasileiros a cursos de graduação em universidades públicas do país. As vagas são abertas semestralmente, por meio de um sistema informatizado, e, para participar, é preciso ter garantido um bom desempenho nas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e não ter zerado a redação.

É de exclusiva responsabilidade da instituição participante descrever, no documento de adesão, as condições específicas de concorrência às vagas por ela ofertadas no âmbito do Sisu.

(Fonte: Agência Brasil)

Após quase um ano de portas fechadas por causa da pandemia do novo coronavírus, o mês de fevereiro marca a reabertura de escolas na maioria dos Estados. No entanto, o retorno das aulas tem sido cercado de protocolos de segurança e higiene. Algumas escolas começaram apenas com o ensino remoto e, gradativamente, irão retornar as atividades na escola. Outras começaram de forma híbrida de aulas: parte virtual, parte presencial.

Neste momento, além dos cuidados com o distanciamento social, higiene constante das mãos e uso de máscara para diminuir o risco de transmissão do novo coronavírus, é preciso também ter um cuidado especial com a parte emocional de cada estudante, já que muitos voltam desmotivados e com perdas de aprendizado. 

Segundo dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), cerca de 44 milhões de crianças e adolescentes passaram da sala de aula para o ambiente on-line devido à pandemia em 2020, no Brasil. Destes, 5,5 milhões não conseguiram continuar o aprendizado em casa, abandonando os estudos.

A pedagoga Bruna Duarte Vitorino diz acreditar que 2021 será importante para recuperar conteúdos. “Ainda estamos em um momento de incertezas. Por isso, muitos alunos ainda estudarão de maneira remota e precisam se esforçar um pouco mais para manter o ritmo de estudos a distância. Este também será um ano fundamental para a recuperação de conteúdos que não foram consolidados em 2020. É importante identificar a situação da aprendizagem de cada criança e oferecer recursos para que ela consiga recuperar os conteúdos perdidos”.

Os pais têm papel fundamental neste atípico retorno às aulas. Se antes a adaptação escolar já exigia atenção especial, agora há diversos pontos a mais a se considerar. Quando o estudante não quer voltar às aulas presenciais, os pais e a escola devem formar uma rede de apoio sempre se comunicando para observar o comportamento da criança em casa e no retorno à escola.

“A criança, quando bem amparada, sente-se segura e, consequentemente, gosta mais do ambiente escolar. Os pais devem conversar com as crianças, escutar quais são seus receios e conversar mostrando os pontos positivos de voltar à escola”, sugere a pedagoga, que é coordenadora do Kumon, método que visa desenvolver o autodidatismo nos alunos.

Já nas famílias que optaram por não levar os estudantes para a escola, o esclarecimento é fundamental para que eles compreendam a decisão dos pais. “O diálogo sempre é a base para que a criança compreenda os direcionamentos dos pais. É fundamental explicar quais são os motivos que levaram a família a optar por não levar a criança à escola e não apenas impor, pois o autoritarismo não promove que a criança desenvolva a capacidade de refletir e fazer julgamentos, habilidades que serão exigidas delas futuramente”, completa Bruna.

Para quem está no ensino híbrido, os pais devem observar se o estudante mantém o foco nas aulas on-line, além de incentivar as conquistas. “O retorno para alguns dias presenciais já será de grande motivação para as crianças, pois poderão socializar, sair de casa e ter contato com os professores. Para manter a motivação em casa, os pais devem continuar prestando suporte, observando se estão atentos às aulas, elogiando a cada aprendizado novo e conversando para conhecer os sentimentos da criança”.

Seja a forma escolhida para a volta às aulas, o primeiro passo é os pais terem a segurança de enviar os filhos à escola, aconselha a pedagoga. “A postura de confiança dos pais ajuda muito para que as crianças sintam o entusiasmo para voltar. Se os pais não estão convictos, o melhor é não enviar, pois a criança perceberá e se sentirá insegura. Para aqueles que enviarão as crianças para as aulas é importante motivar e conversar com a criança mostrando todos os pontos positivos de ir à escola. Mesmo que a criança seja pequena, é importante conversar e escutar quais são as expectativas que a criança tem com o retorno”.

Controvérsia entre os pais

Entre os pais, a abertura das escolas tem sido um assunto controverso. Há uma parcela de pais ainda temerosa com a contaminação pela covid-19, enquanto outro grupo é a favor do retorno às aulas presenciais. É o caso dos pais da Isabela, a coordenadora de comunicação Maria Cecília Floriano Stiipp Korek e o consultor de planejamento financeiro Alexandre Korek. 

“Acredito que não somente a minha filha, mas muitas crianças estavam ansiosas para o retorno das aulas presenciais. Claro que as escolas precisam estar preparadas, seguras e seguindo todas as regulamentações. Visitei a escola da minha filha para verificar se estava tudo ok, assim poderia ficar mais tranquila em relação a este retorno presencial, e está sendo bem tranquilo. Ela ficou bem feliz em reencontrar os amigos e professores. Acho muito importante esta socialização, necessária para o desenvolvimento da criança”, afirma Maria Cecília. 

A Isabela está no 4º ano do ensino fundamental. A mãe dela entende que ficaram falhas no aprendizado com a suspensão das aulas presenciais, mas a expectativa é que, com o tempo, isso será normalizado. 

“Em relação aos estudos, sei que neste início ainda vai ser mais lento, porque estão revisando os conteúdos do ano passado, que pode ter deixado lacunas no aprendizado, mas acredito que tudo se regulariza aos poucos. Então, as expectativas precisam estar de acordo com este momento. Foi preciso nos adaptar e nos adaptamos”.

Segundo a pedagoga, este período de isolamento social trouxe muito aprendizado para as famílias. “Neste momento, muitas crianças puderam observar de perto a rotina de trabalho dos pais, e isso será um grande aprendizado. Os exemplos que as crianças estão observando em casa serão reproduzidos por elas. Se a família não tem uma rotina organizada, dificilmente esta criança terá, assim como se os pais não têm o hábito da leitura, será mais difícil fazer a criança ler. Por isso, é muito importante que os pais continuem oferecendo suporte aos filhos não somente com cobranças, mas também com atitudes e carinho”, finaliza.

(Fonte: Agência Brasil)

Escolas públicas de todo o país começam a retomar as atividades, e as redes de ensino anunciam os calendários do ano letivo de 2021. As datas para início e término das aulas, assim como os modelos adotados variam. Algumas redes estaduais anunciaram que manterão o ensino exclusivamente remoto. Outras, retomam as atividades presenciais, mantendo ainda as aulas a distância. 

Ao todo, as redes públicas de educação de 15 Estados retomam as atividades escolares neste mês de fevereiro: Acre, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima, São Paulo e Tocantins. O Estado de Goiás é o único em todo o país que já retornou às atividades escolares em janeiro deste ano.

A Bahia ainda não divulgou informações sobre o início das atividades escolares na rede estadual. Os demais Estados e o Distrito Federal devem começar o ano letivo em março.

Os Estados concentram a maior parte das matrículas do ensino médio e dividem com os municípios as matrículas nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano. 

“As redes têm autonomia para fazer suas escolhas tanto do formato quanto do momento do retorno”, diz o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), o secretário de Educação do Espírito Santo, Vitor de Angelo. Segundo ele, a tendência dos Estados é retomar aos poucos a educação presencial, com o chamado ensino híbrido, que combina o ensino presencial com o remoto.

“Não vejo perspectiva de longo prazo para a gente ter um ensino remoto, ou seja, um discurso de que 2021 ficaremos com as escolas fechadas e ensino totalmente remoto até que haja vacina para todo mundo ou o fim da pandemia. A perspectiva é de volta, no modelo híbrido. Alguns vão voltar mais à frente que outros, mas há uma perspectiva mais ou menos disseminada [entre secretários de Educação] de volta”, diz.  

A preocupação, de acordo com Angelo, é que todos possam ter acesso à educação. “De fato pessoas ficaram excluídas e isso independentemente do que se fez porque, em muitos casos, a exclusão decorre de fatores externos às secretarias de Educação”, diz e acrescenta: “Todo esforço tem sido feito para mitigar essas situações. Muitos Estados estão em processo de compras para distribuição de computadores. Oferta de internet gratuita acontece em praticamente todos os Estados. Busca de alternativas com atividades impressas para contornar aqueles que não tiveram acesso à tecnologia, mesmo com oferta de internet gratuita”.

Aulas nos municípios

Assim como nos Estados, a situação nas escolas públicas municipais também varia. Segundo o presidente da União dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Martins Garcia, a tendência é por ofertar, mesmo que para parte dos estudantes, aulas presenciais. “Há uma sensação muito forte da necessidade da volta presencial. Todo mundo se pergunta como vai ser a volta, mas hoje, apesar do medo, é forte o consenso da volta”, diz. 

Os municípios concentram as matrículas da educação infantil e dos primeiros anos do ensino fundamental, etapa que vai do 1º ao 5º ano. São, portanto, os maiores responsáveis, por exemplo, pela alfabetização das crianças. Garcia diz que os gestores municipais estão buscando se articular com a área da saúde e da assistência social municipal, estão embasados em protocolos municipais e estaduais. A intenção é que sejam incluídos, sobretudo, aqueles que foram mais prejudicados em 2020.

“Esse deve ser um processo gradativo de inserção dos grupos. A prioridade é daqueles que ficaram sem condições de acesso e não sentiram a presença da escola [em 2020]. Na sequência, é ir inserindo, nas, aulas presenciais, aqueles cujas famílias optaram pela volta presencial mais rápida possível. Vamos respeitar o sentimento e a opinião das famílias que ainda estão com medo, vamos respeitar e oferecer ainda atividades não presenciais”, diz. 

Três anos em dois

As escolas terão o desafio este ano de recuperar, ao menos o essencial, do que não foi aprendido pelos alunos em 2020, além de ensinar o conteúdo já previsto para este ano. De acordo com o Conselho Nacional de Educação (CNE), as escolas devem se preparar para avaliar o aprendizado dos estudantes e planejar a recuperação dos conteúdos. 

De acordo com o conselheiro do CNE Mozart Ramos, no entanto, com o agravamento da pandemia, é possível que 2021 seja ainda um ano atípico e que a recuperação se estenda para 2022. A ideia é discutida entre conselheiros. “É pensar três anos em dois, pensar 2020, 2021 e 2022 com base em 2021 e 2022, como uma integração curricular de três anos. Somente 2021 não vai dar, até porque ninguém esperava a segunda onda da covid-19 nessa intensidade que está vindo”, diz. 

O Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou, em 2020, pareceres para auxiliar as redes de ensino a conduzirem o ensino durante a pandemia. O CNE autorizou, por exemplo, aulas remotas em todas as etapas de ensino e autorizou a continuidade do ensino remoto por todo o ano de 2021. 

“Um ponto central é que sempre, em todos os pareceres do CNE, colocamos como referência a questão sanitária local, o que quer dizer que é preciso que autoridades sanitárias de saúde locais digam se, de fato, há condições ou não do retorno às aulas presenciais, de acordo com a evolução ou não da pandemia. Importante entender e respeitar as condições sanitárias e as orientações das autoridades de saúde”, diz o conselheiro do CNE Mozart Neves Ramos. 

De acordo com Ramos, o planejamento será algo fundamental este ano. “Os gestores das escolas agora poderão fazer uma enorme diferença em relação à aprendizagem. Óbvio que, para isso, precisam ter uma coordenação das secretarias de Educação que devem ajudar a organizar, estruturar e planejar as atividades pedagógicas”. Outro ponto importante é o trabalho de acompanhamento da saúde mental de estudantes e professores. 

Greve e insegurança

Para professores e profissionais de educação, é preciso que sejam garantidas condições minimamente adequadas para que possam retornar com segurança ao trabalho presencial. Greves foram aprovadas, por exemplo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. “Nós continuamos bastante preocupados com a situação da pandemia em nosso país. Não observamos alteração da condição política nem segurança sanitária para fazer um retorno às aulas presenciais”, diz o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Heleno Manoel Gomes Araújo Filho. 

A CNTE defende que o retorno às atividades presenciais seja feito em diálogo com professores, funcionários, estudantes, familiares e toda a comunidade escolar. Defende também que sejam reforçados os mecanismos para oferta de atividades remotas com mais qualidade e que haja a formação de professores para tal, uma vez que elas deverão ainda se estender por todo esse ano. “Nós queremos voltar a nossas atividades presenciais, mas essa volta tem que garantir que todos os trabalhadores estejam vacinados, que haja testagem em massa da população, que haja rastreamento dos casos de contaminação e que as medidas dos protocolos feitos pelos governos sejam aplicadas de forma integral”, diz Filho. 

Veja a situação de cada Estado. O levantamento da Agência Brasil foi feito com base em dados do Consed  

Acre: O ano letivo no Acre começou na segunda-feira (8), de forma remota. Segundo o governo local, serão reiniciadas as aulas do 4º bimestre do ano letivo de 2020. As aulas serão pela internet e por meio de tarefas que podem ser retiradas na própria escola. A previsão é que o ano escolar seja concluído em março. A Secretaria de Educação lançou uma plataforma com conteúdos para os estudantes e fechou uma parceria com um canal aberto de TV para oferecer teleaulas.

Alagoas: O ano letivo de 2021 na rede estadual de Alagoas começa em março, no sistema híbrido. Ao retomar as atividades escolares em janeiro deste ano (ainda em conclusão ao ano letivo de 2020), o governo estadual estabeleceu a presença de, pelo menos, 50% dos alunos em sala de aula na rede privada e 30% da capacidade das salas na rede pública. Já as redes municipais dependem do posicionamento dos prefeitos para retornarem às atividades.

Amapá: O ano letivo começa no dia 8 de março, de forma remota. A Secretaria de Educação do Estado disponibilizou plataformas para atividades não presenciais, como a Escola Digital Amapá, a Escolas Conectadas e o Avamec.

Amazonas: A volta às aulas na rede pública estadual do Amazonas será no dia 18 de fevereiro pelo sistema remoto. Entre os dias 8 e 12 de fevereiro, o Estado realiza um trabalho pedagógico, exclusivamente on-line, com gestores, pedagogos e professores com foco no desenvolvimento de competências e melhorias na qualidade de ensino e aprendizagem.

Bahia: O planejamento de volta às aulas ainda será divulgado pelo governo do Estado.

Ceará: As aulas se iniciaram no dia 1º de fevereiro, com as escolas podendo optar pelo modelo híbrido ou remoto. A adesão pelo modelo foi definida pelas unidades de ensino. Professores, estudantes e funcionários que fazem parte do grupo de risco permanecem com atividades exclusivamente remotas.

O retorno ao sistema presencial será gradual, por série. Cada sala de aula deve ter, no máximo, 35% de alunos determinado por decreto estadual. Os centros de Educação de Jovens e Adultos também estão utilizando as plataformas tecnológicas para oferecer atividades não presenciais.

Distrito Federal: O ano letivo de 2021 na rede pública de ensino do DF terá início em 8 de março, provavelmente de forma híbrida, por meio da qual metade dos estudantes comparecerá presencialmente, e os demais terão aulas remotas, em revezamento semanal.

Espírito Santo: As aulas começaram no dia 4 de fevereiro, no formato presencial/híbrido (com revezamento de alunos) ou remoto, seguindo as orientações do Mapa de Risco – sistema que monitora os casos de covid-19 no Estado. 

Segundo o governo do Estado, serão enviados dois projetos de lei à Assembleia Legislativa: um visando à concessão de ajuda de custo a professores, pedagogos e diretores efetivos no valor de R$ 5 mil para a aquisição de equipamento de informática (notebook, Chromebook ou tablet), e outro com o auxílio-internet no valor de R$ 50 mensais para cada professor – efetivo ou em designação temporária.

Goiás: As aulas foram iniciadas no dia 25 de janeiro nas escolas que funcionarão em regime híbrido e no dia 21 de janeiro naquelas que cumprirão o calendário escolar no Regime Especial de Aulas Não Presenciais (Reanp) – que inclui 1.010 escolas estaduais. Para as escolas da rede estadual em regime híbrido, também estão estabelecidos o escalonamento e o rodízio (que deverá ser mensal).

Maranhão: As aulas começaram na segunda-feira, dia 8 de fevereiro, nos centros de Ensino de Tempo Integral e terão início no dia 22 de fevereiro nos centros de Ensino de Tempo Parcial (fundamental e médio). As aulas retornam em formato híbrido ou remoto, conforme indicadores epidemiológicos. O governo estadual vai oferecer aos estudantes chips com pacote de dados e material impresso. Em 2020, foi lançado o Portal Gonçalves Dias que contém videoaulas, apostilas e roteiros de estudo baseados no currículo do ensino médio da Rede Estadual de Ensino e será suporte para o ensino e a aprendizagem em 2021.

Mato Grosso: As aulas na rede estadual de ensino de Mato Grosso foram retomadas na segunda-feira passada, na modalidade não presencial. Segundo o governo do Estado, a decisão de manter as aulas remotas foi definida após o aumento no número de casos de covid-19 e, consequentemente, a alta demanda por leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Mato Grosso. As atividades serão pela plataforma Google For Education.

Mato Grosso do Sul: O retorno das aulas no Mato Grosso do Sul está previsto para o dia 1º de março. Segundo o governo local, a jornada pedagógica foi realizada no dia 4 de fevereiro. O formato (remoto, presencial ou híbrido) será definido em conformidade com os órgãos de saúde estaduais.

De acordo com a Secretaria de Educação, a jornada pedagógica vai tratar de eixos essenciais para a segurança necessária no retorno às aulas: socioemocional, biossegurança, cognitivo e normativo.

Minas Gerais: Segundo o Portal do Consed, a rede pública estadual de ensino de Minas Gerais tem previsão de iniciar o ano letivo de 2021 em março. A princípio, as atividades serão realizadas de forma remota. Para o ano letivo de 2021, a Secretaria de Educação lançará uma nova versão do aplicativo Conexão Escola. A ferramenta será integrada ao Google Classroom. Nela, os alunos terão acesso aos conteúdos dos Plano de Estudo Tutorado (PET) e teleaulas do Se Liga na Educação. Além disso, ele permitirá a interação entre aluno e educador por meio de um chat.

Pará: O ano letivo começou no dia 3 de fevereiro. Com atividades não presenciais, as escolas estaduais iniciaram também a entrega do caderno de atividades impressos para os alunos da rede. A Secretaria de Estado de Educação (Seduc-PA) continua com suas aulas e atividades remotas por meio do movimento Todos Em Casa Pela Educação, que assegura atividades por meio digital.

Paraíba: O governo da Paraíba retomará, de forma gradativa, as aulas a partir do dia 1º de março por meio de sistema híbrido. O plano estadual é dividido em quatro fases, considerando as análises realizadas pelas autoridades sanitárias, e a divisão da carga horária será feita por dias da semana.

Na primeira fase, que ocorrerá ao longo do primeiro semestre letivo, fica autorizado o desenvolvimento de atividades presenciais duas vezes por semana, considerando a carga horária máxima de três horas diárias, respeitando a escala de 70% de ensino remoto e 30% de ensino presencial nas instituições de ensino que ofertam educação infantil, os primeiros anos do ensino fundamental e cursos preparatórios e congêneres.

A segunda fase adotará o modelo 50% de ensino remoto e 50% de ensino presencial. Na terceira fase, o ensino será 30% remoto e 70% presencial. Já na quarta fase, será retomado o ensino 100% presencial. A progressão das fases deverá ocorrer entre os semestres letivos, para adequar as ações de infraestrutura e de processos.

Também serão realizadas avaliações quinzenais, a partir de análise sorológica, para avaliar o impacto gradual da retomada das atividades educacionais na Paraíba.

Paraná: A volta às aulas presenciais no Paraná ocorrerá de forma escalonada. O ano letivo 2021 está marcado para começar nesta quinta-feira (18).

Um protocolo estadual definiu o início pelas turmas com crianças de até 10 anos de idade; após uma semana, as demais turmas do ensino fundamental e, depois de duas semanas do início das atividades presenciais, os alunos do ensino médio. Em casos suspeitos ou confirmados da covid-19 na comunidade escolar, a direção pode cancelar as atividades presenciais de forma parcial ou total, de uma turma ou mais.

Pernambuco: A rede estadual de Pernambuco iniciou o ano letivo de 2021 no dia 4 de fevereiro, com o retorno dos estudantes do ensino médio. Como medida de segurança e de contenção do novo coronavírus, o ensino permanece híbrido – aulas presenciais e remotas. As demais etapas, como o ensino fundamental (anos finais e iniciais) e a educação infantil, retornam nos dias 1º, 8 e 15 de março, nessa ordem.

Piauí: As aulas na rede estadual do Piauí foram retomadas em 1º de fevereiro, de forma remota. Posteriormente, haverá uma consulta à comunidade escolar sobre a adoção do sistema híbrido. De acordo com as condições sanitárias do Estado, a Secretaria de Educação pode autorizar que seja adotado o modelo híbrido.

Rio de Janeiro: O ano letivo começou na segunda-feira passada (8), com a entrega do plano de estudos e início do processo de diagnóstico socioemocional dos alunos de todas as séries da rede estadual de ensino. Ao longo de fevereiro, todos os 700 mil estudantes irão preencher o diagnóstico inédito, que tem o objetivo de entender como está o jovem, sua motivação e expectativas, após quase um ano fora da sala de aula.

As aulas na rede estadual começarão no dia 1º de março, no modelo híbrido (remoto e presencial, com turmas em sala de aula em dias alternados) ou somente remoto, dependendo das orientações do Comitê Científico e das autoridades de saúde.

No caso da adoção do modelo híbrido, a Secretaria de Educação vai priorizar os 70 mil alunos em situação de maior vulnerabilidade social, cerca de 10% da rede estadual de ensino. Por não possuírem dispositivo eletrônico que dê a eles condições de acompanharem as aulas remotas, os estudantes poderão ir à escola em sistema de revezamento, para tirar suas dúvidas e ter acesso a recursos de áudio e vídeo produzidos para este período.

Rio Grande do Norte: No Rio Grande do Norte, as aulas tiveram início no dia 1º de fevereiro. A data foi definida em parceria com o Ministério Público e a Defensoria Pública do Estado. O retorno das atividades está condicionado ao cenário epidemiológico.

Rio Grande do Sul: As aulas da rede estadual do Rio Grande do Sul recomeçarão no modelo híbrido, de forma escalonada. No dia 8 de março, retornam os alunos do 1º ao 5º ano. No dia 11, será a vez dos estudantes do 6º ao 9º ano. Por último, no dia 15, os alunos do ensino médio e técnico. O calendário letivo de 2021 também prevê aulas aos sábados.

Rondônia: A Rede Estadual de Ensino de Rondônia começa as atividades no dia 22 de fevereiro, de forma remota. As aulas presenciais nas unidades educacionais do Estado continuam suspensas em virtude da pandemia de covid-19.

Para o retorno das aulas presenciais, a Secretaria de Educação avalia, em parceria com órgãos de acompanhamento da pandemia e os municípios, a possibilidade de um retorno de forma escalonada.

Roraima: O ensino foi retomado de forma remota no último dia 10, na rede estadual. 

Santa Catarina: A rede estadual de Santa Catarina retoma as aulas no dia 18 de fevereiro. A proposta é iniciar os trabalhos com três modelos, que podem coincidir: 100% presencial, misto e 100% on-line. O primeiro será aplicado nas escolas que dispuserem de salas com infraestrutura adequada para realizar o distanciamento de 1,5 metro exigido entre as carteiras dos alunos.

O segundo modelo, que incluirá a maioria dos alunos, funciona com a alternância dos grupos que frequentam a escola e dividido em dois momentos: o “Tempo Escola” e o “Tempo Casa”. Já o modelo 100% on-line, que foi aplicado ao longo de 2020, com a suspensão das aulas presenciais, continua em 2021 para os cerca de 28 mil alunos da rede estadual que, comprovadamente, fazem parte de grupo de risco para covid-19, assim como os professores. Essa modalidade também será ofertada quando os pais optarem por manter seus filhos em atividades remotas.

São Paulo: Mais de 5 mil escolas da rede estadual de ensino no Estado de São Paulo já podem voltar a ter aulas presenciais desde segunda-feira (8). O governo estadual passou a classificar a educação como serviço essencial e, com isso, a abertura das unidades escolares poderá ocorrer mesmo nas fases mais restritivas do Plano São Paulo. Cada unidade poderá definir como fará o rodízio de alunos e suas atividades presenciais e remotas.

Sergipe: A rede pública estadual de Sergipe iniciará as atividades no dia 22 de março, no modelo híbrido. Segundo o Consed, para 2021, o governo do Estado reservou um canal de TV com abrangência no Estado todo, com 22 horas de aulas diárias, de segunda a sábado, além de garantir internet patrocinada para professores e alunos.

Tocantins: O Estado do Tocantins retornou, gradativamente, às atividades presenciais nas escolas da rede estadual, na segunda-feira (8). Ao todo, 147 escolas da rede estadual estarão aptas a iniciar as atividades presenciais nesta primeira semana. As outras escolas da rede permanecem com aulas não presenciais. Após o período de adaptação deste primeiro grupo de escolas, as demais retornarão, também de forma gradativa.

(Fonte: Agência Brasil)

[Lauro Bocaiuva Leite Filho, São Luís, 19/12/1937 – São Luís, 8/10/2016]

Soltando um rolo de fumo inglês do cachimbo, o professor Bacelar Portela, meu querido amigo e orientador de como pesquisar e traçar as linhas para a composição de um texto a ensaiar, apressou-se em dizer-me, na Praça Benedito Leite, numa ensolarada manhã de um dia qualquer, que Lauro Leite tinha sido o grande vencedor do concurso literário “Antônio Lôbo”, promovido pela Academia Maranhense de Letras, cabendo a Nauro Machado e a mim, o segundo e o terceiro lugares respectivamente... Ao cumprimentá-lo, disse-lhe: “ao vencedor as batatas”, lógica do “velho bruxo” que reconhece o vitorioso por justas merecidas... E o querido mestre sorrindo, sentenciou: “a poesia de Lauro Filho merece estudos mais profundos”.

Domingos Vieira Filho foi mais longe na apresentação do livro premiado, em dizendo que “Lauro Leite, desta vez, está mais maturado, tem uma vivência poética mais intensa, se apossou de melhor intensilhagem estética para expressar às notas contrastantes do seu mundo interior, trabalhando pela descrença, mas sem se envolver no amargor insólito das formas schopenhaurianas”.

Afinado, mas sorrateiro aos contrapontos do pensador da realidade exterior e da consciência humana, Lauro [filho de Lauro Leite, um dos maiores violinistas do Maranhão], quando toda a Faculdade de Direito o esperava de braços abertos para recebê-lo como o representante intelectual dos fracos e oprimidos, foi a de Odontologia que teve essa honra e alegria; apesar de ele exercitar-se no dia a dia como jornalista e locutor, a expor seu grito social por meio das rádios Difusora e Educadora, onde todos dispunham de sua inteligência, por meio de sua voz e do seu talento a serviço da notícia e do entretenimento.

Ele foi um dos maiores participantes intelectuais entre as gerações de 45 e 60, porque ele permeava as duas, [com Nauro Machado, Carlos Cunha e Deo Silva] a se afirmar pela forma marcante do seu talento, dando força exuberante à sua poesia de “pés no chão”:

“São pobres – eu vejo – / que tão pobres são que vejo a pobreza na dor e no ar - que enche seus peitos sofridos – / sentidos – irmão e irmão”.

E luta, desesperadamente, por expressar aflições: “Pequenos ainda – passados – levados - irmão e irmão”, Como se verifica, sua temática é arraigada na problemática atual. E Lauro não se preocupa com vocábulos de difícil penetração nem com embaralhamentos de formas ziguezagueantes, porque o universo lexical em que navega é seu íntimo e tecido por ele mesmo:

“Os dois – de mãos dadas – / correndo no lixo - que o mundo lhes deu – / é lama – malvada – que seja seus pés – doridos / – feridos – irmão e irmão”.

A arte deve ser intrinsecamente social, e Lauro Filho luta por essa posição em suas conquistas. “Tudo que é poético é verdadeiro”. E continua em sua estesia gritando:

“Comida – pedida – negadas também – / pelos poderosos – os donos – de tudo – de escravos / – de  Terras – paradas e virgens – / que nunca correram ou estagnaram – na solidão / – deixando só dorme – irmão e irmão!”.

Essa é a luta ferrenha contra “a fome que não é a causa de revoluções e de profundos sofrimentos humanos de todos os injustos. A fome torna impossível a bondade”, afirma “Macbeth”, na ópera shakespeariana: “Primeiro a pança, depois, a moral”. Daí, a empatia poética de Lauro Leite e Nascimento Moraes Filho, vez que, pra ambos, toda doutrina de bem-estar é contrária e estranha à essência do seu próprio íntimo, num extravasamento alheio, “douleur de vivre”:

“E dinheiro – que podem? – / eu bem que recordo que irmão e irmão – / recebem - felizes – saem correndo – e compram – / o pão – irmão e irmão”.

Não pertence Laurinho Leite, por temperamento e até por questões de limpeza mental, a nenhuma escola literária, porque “um bom verso não tem escola”, sentenciou Moraes Filho, ao lembrar-se de Flaubert, ao escrever, como sempre fora de seu gosto e de todos, considerações sobre o lado humano e intelectual do premiado.

Lauro Leite Filho é o herdeiro legítimo da poesia social de Nascimento Moraes Filho, “Moacyr Ambrósio, pés no chão”, respira pelo mesmo cordão umbilical de “O Clamor da Hora Presente”, este o maior grito de dor até hoje dado no Maranhão contra o julgo e a prepotência e ecoado em loas pela pena brilhante e pelo senso crítico de Oto Maria Carpeaux. Há, entre os dois, uma empatia estética e emocional mais que harmônicas a estreitar-se no plano social...

Lauro Leite Filho sente, no seu indiferentismo, a revolta contra tudo que lhe parece pérfido, mal e descabido. “Triste o dia em que vim à terra para endireitá-la”, diria o poeta se porventura fosse o Príncipe Hamlet.

Ontem, há tempos, o mestre Bacelar Portela me dava notícias da premiação de Lauro Leite; hoje, ainda há pouco, o também médico e escritor Mário Luna Filho me dizia do falecimento do meu querido amigo Lauro Leite Filho, depois de alguns anos de sofrimentos, estigmas que marcam poetas mártires e santos.

E São Luís, assim, fica mais vazia daqueles que como Lauro e tantos, cheios de abnegação e talento, povoaram-na com a luminosidade de seu tempo, a estampar-lhe, quando a cidade ainda vivia, o timbre de outra “Bélle Époque”, já distante, mas autêntica, legitima e verdadeira...

* Fernando Braga, in jornal “O Estado do Maranhão”, 23 de agosto, de 1973; enfeixado em “Conversas Vadias”, antologia de textos do autor.

Deixou a terra natal, o Ceará, e aqui chegou com uma carga enorme de esperanças. E, junto dessa carga, a bagagem dos seus sonhos. Deixou as águas azuis e verdes da terra de Iracema e de Alencar e veio banhar-se de tristezas e saudades nas águas mansas e revoltas de São Marcos histórica salpicadas de lendas e de tradições.

Pisou o cais da Ilha dos Imortais, da terra abundante de cultura e de talentos. Veio criança, veio moço, veio jovem. Engatinhou na subida das ladeiras e perdeu-se nas ruas estreitas da cidade. Emaranhou-se pelas vielas tortas, esburacadas e deu de cara com os azulejos dos sobradões antigos. E não custou em atingir a João Lisboa. E aí, justamente aí, entrou em contato com a cidade. E a cidade passou a lhe oferecer a hospedagem. O abrigo que sonhara encontrar quando deixou a sua terra natal. E aqui se fixou. Em pouco tempo, já não era mais o estranho. E para os que vieram depois, e para os nativos da Ilha, os que chegaram depois, José Cândido de Araújo era maranhense. Nascera aqui num desses sobradões que ele vira quando aqui chegara.

Era essa a impressão. E José Cândido ficou. Sua mocidade toda. Casou. Construiu seu lar. Casou-se com a sra. Lilá Lisboa, filha do sr. Emílio Lisboa, proprietário de uma das mais importantes firmas comerciais da terra maranhense. Integralizara-se na família maranhense. Estava na sociedade no que ela, na época, apresentava de mais evoluído. E, junto dele, uma vida sem cuidados. Era o genro do capitalista Emílio Lisboa! Era o esposo da d. Lilá Lisboa. Galardões da sociedade da terra que lhe oferecera a hospedagem mais simples e mais encantadora.

Mas, com ele, a grandiosidade do seu espírito boêmio, alma aberta, esbanjador de amizade, da amizade que cria amigos. Da amizade que fortalece o espírito. Em pouco tempo, estava ligado aos homens ilustra do Maranhão. Em cada um, o amigo. Em muitos, o adversário. Definiu-se por determinados grupos literários, então exististes. Em pouco tempo, estava nas redações dos jornais. Surgia, com ele, o cronista, depois o polemista.

Aparecia, nele, o intelectual, o estudioso. O espiritualista. Estava sempre na efervescência das campanhas políticas, campanhas literárias, participando de todos os movimentos literários desta nossa São Luís. Toda uma vida assim. Sofreu o colapso da política cômoda que lhe vinha por meio do prestígio da família da esposa cujos dotes morais sempre foram exaltados por ele.

Mas, com ele, a coragem de continuar vivendo a sua vida, de enfrentar o mau tempo. Tinha amigos dedicados junto de si. Soubera conservá-los. Sabia conquistá-los. Não se deixou fixar no abandono de si mesmo. Investia para assegurar o equilíbrio, a mostrar a boa aparência. Uma alma simples agasalhando um coração bom.

Era assim José Cândido de Araújo. Não era um displicente. Não. Tinha cuidados e deveres. Um boêmio autêntico, um espírito lúcido, vibrante. Estava em todas as camadas sociais. Bebia no Casino, no Lítero, mas estava nos botecos com os amigos, os mais simples. Estava em toda a parte. Estava com o Nascimento Moraes, com o Astolfo Serra, com Armando Vieira da Silva, com Antônio Lopes, com Rubem Almeida, com todos numa mistura de estima, de atenções e de afetos. Estava no “fuxico” literário. Aprendera a malícia dos maranhenses. Era um adversário perigoso. Sabia da vida de todos, mas também todos sabiam da vida de José Cândido de Araújo. Era a compensação.

Muitos anos José Cândido na Ilha, cercado pelo Atlântico. Um dia saía do “cerco”. Mas voltava sempre. Estava sempre nos mesmos lugares. Sempre na imprensa. Sempre escrevendo. Depois, saiu de todo. Fixou-se no Rio. Lá, estava a esposa e o filho. Não voltou mais. E foi lá que a doença lhe pegou com a brutalidade do egoísmo. Não mais pôde libertar-se. Sentiu, de certo, a fatalidade terrível. Reações mínimas. Mas ia morrendo aos poucos.

Quebrada estava a resistência. E, na semana passada, chegou-nos a notícia do seu falecimento. O coração do filósofo, que havia em José Cândido, parou. Seus olhos se fecharam para a Vida e, certamente, vão abrir-se para Deus.

A notícia provocou tristeza no coração dos amigos. A cidade sentiu o golpe. Não mais ela veria o poeta, o boêmio nos seus botecos, nos seus clubes sociais, nas páginas dos jornais dando as suas impressões, registrando os seus pensamentos construtivos e, dele, ouvindo a palavra confortadora e amiga. Não mais. Apenas a lembrança com os amigos e nos lugares por onde andou, onde sempre gostava de estar.

Eu o conheci na mocidade e o venho perder na minha velhice. Mas haverá, acredito, o encontro lá muito além daquela serra... Sim, haverá o encontro para matar saudade e rever amigos.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 18 de novembro de 1965 (quinta-feira).

Neste domingo de Carnaval, o assunto é...

O verbo TAR

Há muito tempo que, na língua oral, algumas formas verbais do verbo ESTAR perderam a sílaba inicial: eu tô (estou), ele tá (está), tamos (estamos), tão (estão), tava (estava), tive (estive), tiver (estiver)…

Não discuto se está certo ou errado. Faço apenas a constatação de um fato inegável: a forma reduzida é uma marca característica da língua coloquial do português falado no Brasil.

É interessante fazermos algumas observações:

) No caso do infinitivo, não usamos a forma reduzida. Ninguém diz que “ele deve tar em casa”. Todos dizem: “Ele deve ESTAR em casa”.

2ª) Em textos formais, que exijam uma linguagem mais cuidada, não devemos usar as formas reduzidas: Eu estou em casa (em vez de “tô em casa”); Ele está feliz (em vez de “ele tá feliz”).

3ª) Devemos evitar as formas “tive” (por estive), “teve” (por esteve), “tiver” (por estiver), pois pode criar ambiguidade. “Aqui ele não virá se tiver doente”. Se tiver (do verbo TER) doente (= houver doente) OU se ele estiver (do verbo ESTAR) doente?


Na chamada língua padrão, não existe o tal verbo TAR. O verbo é ESTAR e não devemos usar as formas reduzidas. Diga e escreva: estou, está, estamos, estão, estava, estive, esteve, estiver…

Respondendo...

1ª) Onde está o erro na frase “Conheceu sua mulher quando ele teve na Bahia”?

Não podemos, em hipótese alguma, confundir TEVE (pretérito perfeito do indicativo do verbo TER) com ESTEVE (do verbo ESTAR): “Ele não TEVE tempo para resolver o problema”; “Conheceu sua mulher quando ele ESTEVE na Bahia”.

2ª) ESTÁ ou ESTAR?

ESTÁ é a terceira pessoa do singular do presente do indicativo: “Ele ESTÁ confiante”; “O advogado já ESTÁ no escritório”.

ESTAR é o infinitivo: “Ele deve ESTAR confiante”; “O advogado só vai ESTAR no escritório amanhã”.

Esse tipo de dúvida se deve à tendência de omitirmos, no português coloquial falado no Brasil, o “r” final dos verbos: “vou falá” (vou falar); “vai vendê” (vai vender); “deve parti” (deve partir).

Essa confusão, entretanto, só acontece em verbos em que a terceira pessoa do singular do presente do indicativo é semelhante à forma do infinitivo: está ou estar; vê ou ver; crê ou crer; lê ou ler… Ninguém confunde “diz” com “dizer”, “faz” com “fazer”, “tem” com “ter”, “quer” com “querer”…

Assim sendo, em caso de dúvida, podemos usar este artifício:

a) Se ele DIZ, FAZ, TEM ou QUER, é porque ele ESTÁ ou VÊ;

b) Se ele vai DIZER, FAZER, TER ou QUERER, é porque ele vai ESTAR ou VER.

3ª) VIR ou VIM?

VIR é infinitivo e VIM é forma da primeira pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Ele deve VIR só na próxima semana”; “Ele pode VIR quando quiser”; “Ontem, eu não VIM trabalhar”.

As frases “Eu não vou vim” e “Ele só vai vim amanhã” são totalmente inaceitáveis. Seria caso de infinitivo: “vou VIR” e “vai VIR”. O melhor é dizer: “Eu não VIREI” e “Ele só VIRÁ amanhã”.

4ª) VER ou VIR?

VER é infinitivo e VIR é infinitivo de outro verbo (VIR) ou é forma do futuro do subjuntivo do verbo VER. O futuro do subjuntivo do verbo VIR é VIER.

1) Ele deve VER o filme (infinitivo do verbo VER);

2) Quando ele VIR o filme, mudará de opinião (futuro do subjuntivo do verbo VER);

3) Ele deve VIR à reunião imediatamente (infinitivo do verbo VIR);

4) Quando ele VIER para o Brasil, compreenderá melhor o problema (futuro do subjuntivo do verbo VIR).

Assim sendo, a frase “Se eles VEREM de perto o que aconteceu, vão compreender melhor os nossos problemas” é inaceitável. O correto é “Se eles VIREM de perto o que aconteceu…” Nessa frase, devemos usar o verbo VER no futuro do subjuntivo.


É o mesmo caso de “quando a gente se vê de novo”. Em língua padrão, devemos dizer “quando nos VIRMOS de novo”.

5ª) PREVER ou PREVIR?

É a mesma explicação dada no caso anterior. A regra que vale para os verbos primitivos (VER e VIR) vale para os verbos derivados (PREVER, REVER; INTERVIR, PROVIR).


PREVER é infinitivo e PREVIR é forma do futuro do subjuntivo: “Ele pode PREVER tudo que lhe acontecerá durante este ano”; “Ele poderá ser promovido se PREVIR o resultado das negociações”.

Teste da semana

Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases:

1) Aquela mulher sempre foi __________ maior ídolo;

2) Estava em coma __________;

3) Ela era __________ membro da academia.


(a) o seu / alcoólico / um;

(b) a sua / alcoólica / uma;

(c) o seu / alcoólica / uma;

(d) a sua / alcoólico / um;

(e) o seu / alcoólica / um.

Resposta do teste: letra (a).

Os substantivos ÍDOLO, COMA e MEMBRO são masculinos: “Ela é o seu maior ídolo”; “coma alcoólico” e “ela era um membro da academia”.

Rádio, microfone

Em todo país, circulam ondas eletromagnéticas que transmitem informações importantes para a garantia de direitos e para a democracia. Tais ondas podem ser decodificadas por pequenas caixas que podem funcionar apenas com pilhas. De tão relevantes, essas caixas têm, a elas, um dia que foi mundialmente reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco): o Dia Mundial do Rádio, comemorado neste sábado, 13 de fevereiro.


O potencial comunicativo do rádio já foi comprovado em vários momentos ao longo da história. Em um deles, ocorrido em outubro de 1938, milhares de norte-americanos entraram em pânico ao ouvirem, na rádio CBS, o ator Orson Welles alertando sobre uma suposta invasão de marcianos.

Tratava-se apenas de um programa de teleteatro, uma versão radiofônica do livro A Guerra dos Mundos, de H.G Wells. Ao se dar conta do alvoroço entre a população, a emissora teve de interromper o programa para esclarecer o fato aos ouvintes que não haviam ouvido a parte inicial da transmissão.

O mais democrático

 “O rádio é, sem dúvida, o mais democrático de todos os meios de comunicação. Para desfrutar dele, não há necessidade de pagar internet, nem de ter energia elétrica. Basta ter pilha ou uma bateria”, argumenta o jornalista Valter Lima, âncora, desde 1986, de um dos programas radiofônicos mais longevos do Brasil: o Revista Brasil, da Rádio Nacional, veículo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O aspecto democrático que compõe a essência do rádio é também corroborado pela Unesco que instituiu a data de hoje, 13 de fevereiro, como o Dia Mundial do Rádio.


“A estratégia da Unesco é a de fortalecer o rádio, que é o veículo mais essencial, principalmente nos muitos países onde, seja por conflitos, catástrofes ou por falta de estrutura, não há internet nem energia elétrica acessível para a população. Nesses casos, é o rádio que consegue localizar e salvar vidas, justamente por causa da possibilidade de depender apenas de pilha para ser usado”, disse à Agência Brasil o coordenador de comunicação e informação da Unesco no Brasil, Adauto Cândido Soares.

Violência contra radialistas

Adauto Soares acrescenta que o interesse da Unesco em trabalhar neste campo da comunicação está relacionado à visão de que o acesso à informação é parte integrante do direito à comunicação. “Até porque, sabemos, quando um país tem sua democracia atacada, é o direito à comunicação o primeiro a ser silenciado”.

Segundo o coordenador da Unesco, que desenvolve também um trabalho de denúncia de violações de direitos humanos contra jornalistas, os radialistas são as maiores vítimas desse e de outros tipos de violação.

“De um total de 56 jornalistas assassinados em todo o mundo em 2019, 34% atuavam no rádio; 25% em TV; 21% em mídia on-line; 13% em mídia impressa e 7% em plataformas mistas. Desse total, três mortes aconteceram no Brasil”, disse, citando números do levantamento Protect Journalists, Protect the Truth, publicado pela Unesco em 2020.

Novas tecnologias

A criatividade é uma das características que sempre acompanharam o rádio. Com a chegada de novas tecnologias, em especial, as ligadas à tecnologia da informação, o rádio manteve seu aspecto inovador e continua a se reinventar.

Presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Flávio Lara Resende lembra que muito se falou sobre a morte do rádio, com a chegada da TV. “Foi quando o rádio perdeu espaço. Mas não perdeu importância”, disse.

“Se perdeu alguma importância após a chegada da TV, depois voltou a ganhar [importância] quando apareceram novas plataformas, e ele se reinventou, apresentando programações segmentadas, canais específicos de jornalismo herdados, influenciados e influenciadores da TV”, disse o presidente da Abert.

“Hoje, com a internet, ouve-se a notícia radiofônica e vê-se os jornalistas que fazem a notícia. O rádio continua a ter grande importância e está aumentando cada vez mais, reinventando-se diariamente”, acrescentou.

Diante da necessidade de se reinventar constantemente, a Rádio Nacional lançou, recentemente (no dia 10 de fevereiro, em meio às celebrações pelo Dia Mundial do Rádio), seu perfil na plataforma Spotify no qual o público pode ouvir – onde e quando quiser – “o melhor da música brasileira”. Para acessar o serviço, basta acessar as playlists “É Nacional no Sportify”.

Estatísticas

Monitor de volume, Loudness Monitor

De acordo com o Ministério das Comunicações, há, no Brasil, cerca de 5,1 mil rádios comerciais (3.499 na banda FM; e 1.325 nas bandas AM, entre ondas médias, curtas e tropicais). Há, ainda, cerca de 700 rádios educativas; 458 rádios públicas; e 4.634 rádios comunitárias.

Na pesquisa Inside Radio, na qual são apresentados aspectos relativos a comportamento e hábitos de ouvintes de rádio, a Kantar Ibope Media constatou que o rádio é ouvido por 78% da população nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas. Além disso, três a cada cinco ouvintes escutam rádio todos os dias. E, em média, cada ouvinte passa cerca de 4h41min por dia ouvindo rádio.

O levantamento avalia também questões relativas à adaptação do rádio à web, bem como novas formas de consumo de áudio, como podcasts e conteúdo on demand.

De acordo com a pesquisa, 81% dos ouvintes escutam rádio por meio de rádio comum; 23% pelo celular; 3% pelo computador; e 4% por meio de outros equipamentos, como tablets.

O crescimento que vem sendo observado na audiência via web demonstra, segundo a Kantar, “a grande capacidade de adaptação do rádio”. Segundo a pesquisa, 9% da população que vive nas 13 regiões metropolitanas pesquisadas ouviram rádio web nos últimos dias. O percentual é 38% maior do que o registrado em igual período de 2019.

Em um ano (entre 2019 e 2020), o tempo médio diário dedicado ao rádio via web aumentou em 15 minutos, passando de 2h40 para 2h55, diz a pesquisa. Além disso, 16% dos ouvintes pesquisados escutam rádio enquanto acessam a internet.

Os podcasts também têm ganhado popularidade. Entre os ouvintes de rádio que acessaram a internet durante a pandemia, 24% ouviram podcasts; 10% aumentaram o uso de podcasts; e 7% ouviram um podcast pela primeira vez.

As chamadas lives também registraram aumento de audiência durante a pandemia, com 75% dos entrevistados dizendo ter começado a assistir a lives de shows a partir do início das medidas de isolamento social impostas pela pandemia de covid-19. Ainda segundo o levantamento da Kantar, 75% dos ouvintes de rádio disseram ouvir rádio "com a mesma intensidade, ou até mais", após as medidas, e 17% disseram ouvir "muito mais" rádio após o isolamento.

Preocupação

Equipamentos de som,radio antigo,Rádio

A associação do rádio com novas tecnologias, no entanto, deve ser vista com cautela, para não acabar inviabilizando o formato tradicional desse tão importante veículo. “Emissoras de rádio hoje são em rede, mas a do interior, com outra realidade, não tem essa capacidade de recurso para investimento, como as grandes redes estão fazendo, em especial, quando transformam rádio em uma nova espécie de televisão”, alerta o jornalista Valter Lima.

Segundo ele, ao condicionar o rádio à necessidade de contratação de serviços como o de internet, perde-se exatamente o aspecto democrático que esse veículo sempre teve. “Uma coisa que achatou o desenvolvimento do rádio, infelizmente, foi o fato de ele estar nas mãos de grupos poderosos que possuem também emissoras de televisão [e, em alguns casos, vendem também serviços de internet]. Isso causa um grande desequilíbrio porque, enquanto as TVs estão com equipamentos cada vez mais modernos, há, no interior do Brasil, muitas rádios ainda operando com equipamentos que já até deixaram de ser fabricados”, acrescenta.

Rádios comunitárias

O radialista destaca também o importante papel que as emissoras de rádio comunitárias têm para as regiões “ainda que pequenas” às quais prestam o serviço. Segundo ele, pela proximidade que têm com suas comunidades, essas rádios estão muito mais “antenadas”, com as necessidades locais, do que os grandes grupos de radiodifusão.

Entre os muitos desafios das rádios comunitárias, Valter Lima destaca a necessidade de elas saírem das amarras burocráticas impostas pela legislação.

“É por causa disso que essas rádios, com serviços tão importantes para suas comunidades, não conseguem ir além daquele pedaço tão pequeno. Há também as dificuldades para conseguirem lucros mínimos, de forma a poderem investir e evoluir”, disse o jornalista.

Programas inteligentes

Valter Lima lembra que toda emissora de rádio precisa de ouvintes, e que, para alcançá-los, sempre teve de recorrer a programas inteligentes, criativos e, sobretudo, participativos.

“O conceito de rádio não é o de ser apenas uma caixinha para ser ouvida quando ligada. Rádio precisa ter participação. Precisa ser um espaço para o público dar a sua opinião aos chamados ‘formadores de opinião’. A TV até dá algum espaço para isso, mas nada se compara ao rádio”.

Lara Resende, da Abert, também vê, na interatividade do rádio, um de seus grandes méritos. “A fidelização do ouvinte de rádio é muito interessante porque ele passa a achar que faz parte do programa. Hoje, inúmeras plataformas permitem comentários. Com isso, o rádio ficou ainda mais participativo”, disse.

Tempo real

Outro aspecto acompanhou o rádio ao longo de sua história: a rapidez com que a notícia é dada, quase que simultaneamente ao fato noticiado. Anos depois, com a ajuda de equipamentos tecnológicos como celulares e internet móvel, outros veículos ganharam velocidade e deram a esse novo tipo de jornalismo veloz o nome de tempo real.

“O rádio sempre foi e continua sendo o primeiro a dar a notícia. O furo é sempre do rádio. Essa é a nossa rotina. Enquanto o outro veículo está digitando texto ou preparando a transmissão, nós já estamos no ar usando apenas um aparelho telefônico”, explica Valter Lima.

“Antes do advento do celular, a notícia era dada por meio dos famosos orelhões. Os repórteres andavam com umas 20 fichas no bolso e um cadeado. Sim, um cadeado para travar o telefone, de forma a inviabilizar seu uso pelo concorrente”, lembra o radialista.

(Fonte: Agência Brasil)

O Ministério Público do Maranhão promoveu, na última quinta-feira (11), a abertura da exposição O universo da pescaria, do artista plástico maranhense Uendell Rocha.

A mostra, em cartaz no Centro Cultural do MP-MA, faz parte do ciclo de eventos que marcam o início das atividades da Escola Superior da instituição.

Artista com destaque internacional, Uendell Rocha faz uso de matérias-primas como o carvão vegetal, folhas, pedras, coco-babaçu queimado, casca de árvores e material reciclável para retratar o cotidiano dos pescadores e dos cidadãos marginalizados.

“Eu retrato o universo das pessoas com quem convivo a vida inteira. Indivíduos que estão à margem da sociedade e que, por viverem oprimidos, precisam ser visibilizados”, disse o artista.

Ele também agradeceu o Ministério Público pela oportunidade da exposição e destacou a perspectiva ambiental da sua arte.

“As telas são realizadas sempre com material reciclável, porque temos o compromisso com a sustentabilidade, especialmente no atual momento em que é tão necessário reforçar o respeito ao meio ambiente. Nesse sentido, é uma honra voltar ao Ministério Público que sempre está aberto para a promoção do trabalho de artistas maranhenses”, afirmou.

A exposição foi prestigiada pelo procurador-geral de Justiça, Eduardo Nicolau; pelos promotores de Justiça Karla Adriana Holanda Farias Vieira (diretora da ESMP), Ana Luiza Almeida de Ferro e Elyjeane Alves de Carvalho (auxiliares da ESMP), Márcio Thadeu Silva Marques (titular da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa da Infância e da Juventude de São Luís), Carlos Henrique Vieira (diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão do MP-MA) e por servidores da instituição.

Homenagem

Na ocasião, o artista plástico presenteou o procurador-geral com uma tela, intitulada No cangado, que retrata o cotidiano de moradores próximos da região marítima. Eduardo Nicolau agradeceu o artista e falou sobre a importância do apoio às atividades artísticas.

“O objetivo do Ministério Público do Maranhão, ao criar o espaço de arte, era unir, cada vez mais, a coletividade à Procuradoria Geral de Justiça. Hoje, temos a enorme satisfação de receber a exposição de Uendell Rocha, em uma parceria com o MP-MA que começou em 2002”, disse Eduardo Nicolau.

O procurador-geral de Justiça também destacou o aspecto singular do trabalho de Uendell, especialmente o uso que o artista faz do carvão vegetal.

“O grande mérito do trabalho de Uendell, entre tantos que podem ser elencados, é a técnica original que ele realiza com o carvão. É um trabalho único não apenas no Brasil, mas no mundo. Motivo, portanto, de orgulho para o Maranhão".

Sobre o trabalho do artista, a diretora da ESMP comentou o enfoque social das telas, destacando três obras do artista que retratam a situação de opressão vivenciadas por meninas. Ela ainda agradeceu o procurador-geral pelo apoio e à curadoria do evento pelo trabalho desenvolvido.

“Essa é uma exposição muito significativa, pois trata da simplicidade e complexidade das relações sociais. É desse lugar de opressão retratado pelo artista que nós queremos retirar essas meninas. Por isso, realizamos essa junção: direito, arte e gênero”, destacou Karla Adriana Holanda Farias Vieira.

A exposição ficará aberta ao público até o dia 20 de março, no Centro Cultural do MP-MA, localizado na Rua Osvaldo Cruz.

(Fonte: MP-MA)