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O Brasil ainda precisa avançar mais para que as crianças consigam apresentar desempenho satisfatório na leitura, é o que apontam especialistas ouvidos pela Agência Brasil para falar sobre o Dia Mundial da Alfabetização, comemorado nesta sexta-feira (8). Dados recentes do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), a partir das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) dos anos de 2019 e 2021, revelam que houve uma queda no desempenho da alfabetização, mostrando que, em 2019, 54,8% das crianças avaliadas foram consideradas alfabetizadas. Entretanto, em 2021, o percentual caiu para 49,4%.

A data foi criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em 1967, com o objetivo de promover a discussão sobre a importância da alfabetização, principalmente em países que ainda têm índices consideráveis de analfabetismo.

De acordo com o Saeb, são consideradas alfabetizadas as crianças que conseguem atingir a nota mínima de 743, o que as tornam aptas para ler palavras, frases e pequenos textos; localizar informações na superfície textual; escrever ortograficamente palavras com regularidades diretas entre fonemas e letras e escrever textos que circulam na vida cotidiana, ainda que com desvios ortográficos e de segmentação.

Para o gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, organização que trabalha pela melhoria na qualidade da educação básica no Brasil, Ivan Gontijo, o cenário é desafiador, “mas existem perspectivas de futuro”.

“Basicamente, metade dos alunos do Brasil que estão na faixa dos 7 anos não conseguem ler e escrever de uma forma minimamente adequada. Esses dados retratam uma realidade muito alarmante, mas não são novidades. Desde a Avaliação Nacional de Alfabetização, a ANA, que começou a ser implementada desde 2014, o Brasil já apresentava indicadores bem preocupantes, e esse resultado de 2021 mostrou que a pandemia teve um impacto relevante, e entre todas as etapas da educação básica foi na alfabetização. Os dados são inequívocos em dizer que, no Brasil, existe um grande desafio em relação a alfabetização das crianças”, disse Gontijo à Agência Brasil.

O Todos pela Educação defende a efetivação de políticas públicas educacionais que garantam aprendizagem e igualdade de oportunidades para as crianças e jovens. Gontijo alerta que a alfabetização é uma habilidade base, e que se a criança não for alfabetizada adequadamente na idade certa, ela terá dificuldades ao longo da sua vida escolar.

“Acho muito importante a gente dar a devida centralidade para a questão da alfabetização no Brasil, porque a alfabetização é uma habilidade base. Se o aluno não se alfabetiza na idade certa, de forma adequada, ele vai ter dificuldade em todas as disciplinas, não só em língua portuguesa, ele vai ter dificuldade em matemática, ciências, história etc. Então, é uma habilidade muito central para o aluno conseguir ter uma trajetória acadêmica muito adequada. Por isso que a gente precisa colocar tanta energia nesse processo”, defende.

Pandemia

A CEO da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, Mariana Luz, que atua no debate sobre a primeira infância, com crianças do nascimento até os 6 anos de idade, avalia que a pandemia do coronavírus, com o fechamento dos espaços educacionais, afetou o desempenho das crianças em creches e pré-escolas, esta última considerada uma etapa fundamental para auxiliar no processo de alfabetização, segundo Mariana.

“Esse quadro [da pandemia] gerou um deficit educacional e ampliou as desigualdades. Infelizmente, quem teve menos acesso, menos apoio, menos instrução, menos oportunidade de aprender foram as camadas vulnerabilizadas, foram pretos, pardos, indígenas, e os que vivem em uma situação de pobreza, e isso gerou um distanciamento”, disse Mariana que ponderou sobre a necessidade de se dar mais atenção a espaços como creches e pré-escolas.

Segundo Mariana, pesquisas feitas pela fundação apontaram um atraso pedagógico de seis a sete meses nas crianças nos componentes de linguagem e de matemática, mas destacou que a recomposição dessa perda foi possível com o retorno às atividades presenciais.

“É na educação infantil, sobretudo na pré-escola, que é etapa obrigatória, que a criança vai ter contato com letras e números de uma forma mais intencional, com o entendimento de que a etapa seguinte é o primeiro ano do fundamental, onde a alfabetização acontece. Então, essa familiaridade, esse gosto, esse conhecimento, esse despertar do interesse e da curiosidade, isso tudo acontece na educação infantil”, explica.

A coordenadora de Programa e Políticas da Campanha pelo Direito à Educação, Marcelle Frossard, também avalia que a pandemia do coronavírus contribuiu em parte para o resultado negativo, ressaltando que as crianças foram afetadas de diferentes formas, especialmente as moradoras de zonas rurais e as negras.

“As consequências da pandemia na educação brasileira não foram uniformes, mas afetaram, principalmente, estudantes de zonas rurais e negros. Essas estatísticas e porcentagens são, na verdade, pessoas, vidas e estudantes por trás desses números. A desigualdade educacional brasileira, que o PNE [Plano Nacional e Educação] pretendia superar, continua presente, manifesta na ausência de tantos alunos que não conseguiam assistir às aulas durante a pandemia”, disse Marcelle à Agência Brasil.

Marcelle destaca que, no cenário pós-pandemia, é preciso promover um diagnóstico sobre o impacto da pandemia na saúde mental de crianças e adolescentes. Ela considera fundamental a integração entre políticas de saúde mental e a área de educação.

“Até o momento, o país ainda não tem uma dimensão do que foi esse período e o impacto para as pessoas, a educação e outras áreas de importância. Temos que considerar que a maioria dos estudantes brasileiros estão na escola pública e com dificuldade de acesso a equipamentos e profissionais de saúde mental. Assim, sem essa integração, dificilmente haverá apoio a essas crianças”, alerta. “Em relação aos professores, também devem usufruir desse mesmo tipo de política e terem formação continuada para lidarem com o atual momento, lembrando que a responsabilidade em relação a saúde mental deve ser dos profissionais de saúde e não dos professores”, argumenta Marcelle.

Municípios

Pela Constituição, os municípios têm papel fundamental na oferta da educação infantil e respondem pela maioria das vagas nos anos iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano). Já os Estados devem priorizar o ensino médio, mas podem atuar, em parceria com os municípios, na oferta de ensino fundamental.

Para a coordenadora de Programa e Políticas da Campanha pelo Direito à Educação, que aglutina diferentes forças políticas, priorizar ações de mobilização, pressão política e comunicação social, em favor da defesa e promoção dos direitos educacionais, é fundamental para que Estados e municípios atuem conjuntamente para buscar soluções.

Marcelle destaca que outro problema que deve ser enfrentado é a evasão escolar. Apesar de o país já ter leis e programas assegurando o direito ao transporte escolar, ele sofre com problemas orçamentários para execução e implementação dessas políticas.

“Para evitar a evasão, é importante a garantia de educação integral, transporte escolar e alimentação escolar, por exemplo. Os programas de busca ativa são importantes, mas é preciso também garantir a permanência desses estudantes na escola. Por isso, a rede de proteção deve funcionar para garantir o bem-estar e a redução de vulnerabilidades sociais e econômicas das famílias, para que os estudantes tenham acesso ao direito à educação”, destacou.

“As famílias também precisam de condições para garantir que seus filhos continuem a estudar. Nesse sentido, para garantir o direito à educação, é fundamental o investimento em políticas sociais para que as famílias tenham condições de manter os filhos na escola”, concluiu.

Segundo ela, para o país avançar na alfabetização de crianças na idade certa, é preciso que o Estado e a sociedade atuem de forma a garantir o cumprimento das políticas planejadas, como o Plano Nacional de Educação 2014-2024.

“É [preciso] aumentar os investimentos em educação, que sofreram cortes importantes nos últimos anos. É importante compreender que as metas são interligadas e dependem umas das outras para o cumprimento integral. Ou seja, não é possível escolher uma ou outra meta entre as 20, é preciso seguir todas, progressivamente”, disse.

Diante desse cenário, o governo federal lançou o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, em regime de colaboração entre União, Estados, Distrito Federal e municípios. O objetivo é garantir que 100% das crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao término do 2º ano do ensino fundamental; além da recomposição das aprendizagens, com foco na alfabetização, de 100% das crianças matriculadas no 3º, 4º e 5º ano, afetadas pela pandemia.

O compromisso é baseado no protagonismo de Estados e municípios na construção das soluções para enfrentar os problemas do processo de alfabetização das crianças. Cada Estado, em colaboração com os municípios, deve elaborar a sua política territorial, de maneira a dar conta de suas especificidades. Cabe à União apoiar, técnica e financeiramente, os entes federados na medida das suas necessidades.

Segundo o Ministério da Educação, o programa pretende atingir cerca de 4 milhões de estudantes de 4 e 5 anos de idade em 80 mil escolas públicas que ofertam pré-escola; 4,5 milhões de alunos de 6 e 7 anos em 98 mil escolas públicas dos anos iniciais do ensino fundamental e 7,3 milhões de estudantes de 8 a 10 anos em 98 mil escolas públicas também dos anos iniciais do fundamental.

Na avaliação do gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, a iniciativa tem o potencial de melhorar os índices de alfabetização de crianças. Ele cita a experiência do Ceará, em que o governo estadual tem um programa de alfabetização em regime de colaboração com os municípios. Pelo programa, o Estado apoia os municípios com suporte técnico e recursos financeiros.

“Ele se inspira muito na experiência cearense que vem sendo implementada há praticamente 15 anos, para levar esse modelo da alfabetização em regime de colaboração para todos os Estados brasileiros. É uma política muito bem formulada, olha para os critérios de sucesso da experiência cearense e tem tudo para dar certo. O grande desafio, agora, é conseguir implementar todas essas medidas para que os Estados estejam preparados para apoiar de forma técnica, com formação, material didático, avaliações, os municípios que são os principais responsáveis pela alfabetização das crianças”, disse.

A presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) no Paraná e dirigente municipal de educação de Cascavel, Marcia Baldini, também ressaltou a importância do trabalho conjunto entre Estados e municípios. Ela também citou o exemplo do Ceará como uma experiência exitosa.

“É necessário que haja realmente um regime de colaboração muito forte, e cito, aqui, o exemplo do Estado do Ceará. Friso que isso deve ser uma política de Estado e não uma política de governo que vai passar. É necessário subsídios financeiros e técnicos para orientar os municípios, mas, no entanto, há que se pensar na responsabilidade e no respeito à autonomia de cada município. O Estado não pode simplesmente vir e impor. É necessário ouvir os municípios e todas as realidades diferentes que temos no país e dentro de cada Estado”, defendeu.

Gontijo disse à Agência Brasil que o principal papel dos Estados será atuar na coordenação da política de alfabetização nos seus territórios, fornecendo apoio técnico, por meio de avaliações, material didático, mas também de suporte para as equipes das secretarias conseguirem implementar boas ações de alfabetização.

“A gente precisa entender que a alfabetização está nas mãos dos municípios. A alfabetização aconteceu principalmente nos anos iniciais, onde 80% das matrículas estão nas redes municipais. E muitos municípios têm muitas dificuldades do ponto de vista técnico de implementação de políticas educacionais para terem boas políticas de alfabetização. Boa parte dos municípios brasileiros é de pequeno porte. E, então, não têm capacidade de montar, muitas vezes, uma superformação continuada de professores ou ter um ótimo material didático sobre alfabetização para os estudantes”, observou Gontijo.

Ele destaca que a Emenda Constitucional do Fundeb Permanente, aprovada em 2020, já trouxe elementos para que Estados apoiem os municípios com recursos, em especial a que determina aos Estados a criação da Lei ICMS Educacional – que determina que um percentual do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) seja redistribuído aos municípios em razão de melhora nos indicadores de alfabetização e proficiência em língua portuguesa e matemática dos estudantes do ensino fundamental.

“Por mais que o cenário seja extremamente preocupante, eu vejo perspectivas futuras bem interessantes, por conta da aprovação da Lei ICMS Educação, por conta do programa do governo federal Criança Alfabetizada. Acho que é muito desafiador conseguir atingir resultados expressivos e excelentes em educação, mas a gente está construindo bons pilares para avançar de forma nacional, baseado nas experiências de sucesso para os próximos 10, 15 anos”, afirmou.

(Fonte: Agência Brasil)

Um espaço inédito, batizado Artists Alley, foi aberto nesta edição comemorativa dos 40 anos da Bienal do Livro do Rio de Janeiro e abriga quadrinistas independentes para que tenham contato direto com o público fã de histórias em quadrinhos e seus heróis.

“Sempre foi um desejo grande nosso ter esse espaço”, disse à Agência Brasil Bruno Henrique, gerente de Marketing e Conteúdo na GL Events Brasil, empresa organizadora da Bienal, em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel). “O segmento de história em quadrinhos [HQ] vem crescendo muito no Brasil, nos últimos anos, e a gente não podia deixar de ter isso na Bienal”.

Henrique disse que o Artists Alley, embora ainda seja um pouco tímido diante do número crescente de quadrinistas e ilustradores do país, já é um primeiro passo, para que se tenha, a partir de agora, ter sempre esse espaço oficial dentro da Bienal. "E que cresça cada vez mais.” No total, 31 artistas participam da Bienal do Livro do Rio 2023.

O espaço celebra a fusão entre literatura e arte e permite que os leitores interajam diretamente com seus ilustradores e quadrinistas preferidos e acompanhem o processo criativo de cada um deles. Os estandes dos autores independente estão situados na Rua Z do Pavilhão Verde. O espaço tem tido muito público, formado principalmente por apaixonados por HQ. Os visitantes podem participar também de sessões com os autores de histórias em quadrinhos. O objetivo é fazer as pessoas entenderem que esse formato de leitura é tão importante quanto os outros, disse Henrique.

Para ele, o resultado tem sido muito satisfatório, porque todos estão vendendo bastante. “Para um primeiro espaço de quadrinistas, a gente está muito satisfeito com o resultado. Não só a gente, como os próprios quadrinistas.” Lembrou que muitos dos artistas independentes começam a expor seus trabalhos em blogs e nas redes sociais e acabam ganhando ali edições de livros e vendem bastante. Para ele, a leitura de quadrinhos vai muito além daquele eixo dos heróis Marvel e, também, do grande ilustrador e escritor brasileiro, que é Maurício de Sousa. “O cenário é muito prolífico e vem trazendo nomes muito fortes”.

Receptividade

O quadrinista gaúcho Gustavo Borges, autor das webcomics A Entediante Vida de Morte Crens e Edgar, está comemorando, em 2023, dez anos de carreira profissional. Como amador, ele começou há 12 anos. Segundo Gustavo, a experiência na Bienal tem sido positiva e a receptividade do público, “muito bacana”. Em 2018, ele esteve no Rio para o lançamento da coletânea Memórias do Maurício. Nesta obra, o quadrinista Mauricio de Sousa convidou autores nacionais para reinterpretar seus personagens, e Gustavo lançou o Cebolinha: Recuperação. Ele está festejando na Bienal a nova tiragem desse livro, que estava esgotado há algum tempo. “Agora está disponível de novo, para todo mundo levar para casa”.

“Estou feliz porque a Bienal abriu o espaço Artists Alley para que os quadrinistas pudessem vir. De tão abrangente que é a Bienal, eu vou conhecer público novo, vou ter um público novo que gosta de literatura e é apaixonado pela Bienal e vou poder apresentar o meu material. Furar um pouco essa bolha e entrar no público do Rio de Janeiro. Fico feliz também de ver leitores meus, que acompanham meu trabalho há anos e estão vindo me encontrar no evento”. Até o fim do ano, Gustavo Borges lançará o quarto livro com o personagem criado há 12 anos, intitulado O Entediante Apocalipse de Morte Crens e mais um título da série Como Fazer Amigos e Enfrentar Feiticeiros, que está concorrendo a três prêmios.

Fãs do trabalho de Gustavo Borges, as amigas Julia Maia e Juliana Simão puderam conhecê-lo pessoalmente no Artists Alley. “Ele me explicou um pouco do projeto dele, que Morte Crens foi seu primeiro livro. É uma troca que a gente só tem aqui”, destacou Juliana.

Espaço assertivo

Outro quadrinista independente conhecido é o carioca Rapha Pinheiro, que iniciou a carreira em 2014, com a publicação da webcomic Os Tomos de Tessa na plataforma digital Tapastic, atual Tapas. A HQ mistura elementos de ficção científica e mitologia egípcia. Para Rapha, é muito assertivo ter esse espaço na Bienal não só para pessoas que gostam de literatura conhecerem quadrinhos também, mas artistas locais que, muitas vezes, fazem sucesso lá fora e não são conhecidos do público brasileiro. “Acaba-se uma bolha. A gente acaba falando muito de HQ para quem gosta de quadrinhos e aborda um público novo que pode se tornar leitor de quadrinhos. Todo mundo ganha”, afirmou à Agência Brasil. Ele disse que as vendas na Bienal estão muito boas.

Rapha começou publicando trabalhos na Inglaterra, e depois, na França, onde também morou, mas como trabalho acadêmico. Em 2021, publicou um quadrinho em uma plataforma digital francesa. Durante o mestrado, foi professor de HQ na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “Foi muito legal”. Na Bienal do Rio, ele está vendendo quadrinho lançado no fim do ano passado, intitulado Ruas, que reúne quatro histórias do cotidiano do Rio de Janeiro, com pessoas que não se conhecem e que acabam sendo conectadas por intermédio de um gari de limpeza urbana.

No fim do ano, ele deve lançar uma história em quadrinhos infantojuvenil, feita em parceria com seus alunos. “É o primeiro quadrinho em que eu não faço tudo”. Rapha escreveu o enredo, um aluno desenhou e uma aluna coloriu. Quando voltei da França, virei editor e abri uma escola. “Hoje tenho pouco tempo para fazer minhas histórias. Uma equipe é melhor”. Pinheiro dá aulas atualmente na Escola de Comunicação e Design Digital, no Rio de Janeiro, e na Escola de Mídias Criativas, da qual é fundador, onde forma quadrinistas. “Começou presencial e virou on-line na pandemia da covid-19. Temos alunos do Brasil inteiro e até de fora do país. O legal da escola é que a galera publica histórias semestrais. No fim do ano, todos publicam um quadrinho. O cara sai [do curso] sendo, oficialmente, quadrinista”.

(Fonte: Agência Brasil)

Uma das escritoras brasileiras mais celebradas da atualidade, Conceição Evaristo, disse, no Café Literário da 40ª Bienal do Livro do Rio de Janeiro, nessa terça-feira (5), que a literatura negra incomoda e faz pensar.

“A nossa literatura não é só uma literatura do prazer, é uma literatura que incomoda, que tira fora do lugar, que perturba e faz pensar. Não fazemos elogio à ‘casa-grande’. Pelo contrário, a gente denuncia a prepotência da ‘casa-grande’, essa colonização moderna que ainda existe na medida em que grupos sociais herdeiros da casa-grande ainda pretendem manter mulheres negras numa situação de subalternidade”, afirmou.

Para Conceição, o Brasil é um país “extremamente” racista. “Cada vez que a sociedade nos nega um espaço, essa sociedade se torna cada vez mais manca. Há um vazio que somos nós que temos que preencher. Só não percebe o racismo brasileiro a pessoa muito alienada ou a pessoa muito cínica”, acrescentou.

Escritora, ficcionista e ensaísta, Conceição Evaristo é uma das mais influentes literatas do movimento pós-modernista no Brasil. Com sete livros publicados, entre eles o vencedor do Prêmio Jabuti de 2015, Olhos d’Água, suas obras, em especial o romance Ponciá Vicêncio, de 2003, abordam temas como a discriminação racial, de gênero e de classe.

40ª edição da Bienal no Rio Centro, zona oeste da cidade, tem, entre as suas atrações, a produção literária de escritoras negras na atualidade. 

Escolhas públicas

A Bienal deve receber mais de 100 mil estudantes da rede pública, que estão recebendo voucher para a aquisição de livros. A Secretaria Municipal de Educação do Rio também anunciou a liberação de incentivo para os profissionais de escolas do município. Serão R$ 13,5 milhões em subsídio para a compra de livros na edição deste ano – um recorde, segundo a organização, o que também tem provocado boas expectativas nas editoras presentes.

O programa Visitação Escolar tem o objetivo de aproximar crianças e jovens do universo literário, fomentando a criatividade, a capacidade de sonhar e a consciência crítica. Das mais de 100 mil vagas disponíveis para a rede pública nesta edição da Bienal, metade está reservada para alunos da rede municipal do Rio e para estudantes de escolas públicas municipais, localizadas em cidades como Petrópolis, Niterói, Queimados e Angra dos Reis. A iniciativa é destinada exclusivamente aos estudantes e seus acompanhantes das unidades de ensino.

(Fonte: Agência Brasil)

O Campeonato Maranhense de Futsal (CMFS) 2023, competição promovida pela Federação de Futsal do Maranhão (Fefusma), está com inscrições abertas. De acordo com o cronograma divulgado pela Fefusma, as equipes interessadas em participar do Estadual nesta temporada devem realizar as suas respectivas confirmações e inscrições até o dia 18 de setembro. Vale ressaltar que as vagas para o Maranhense de Futsal 2023 são limitadas.

Em 2023, o Maranhense de Futsal terá 26 torneios em 16 categorias, nos naipes masculino e feminino. Uma das novidades do Estadual nesta temporada é a criação da Série Prata na categoria Adulto Masculino, de caráter aberto.

Além disso, o Maranhense de Futsal 2023 garante classificação para a Taça Brasil de 2024, competição organizada pela Confederação Brasileira de Futsal (CBFS). A vaga na Taça Brasil será da equipe que garantir a melhor campanha no Maranhense, estiver filiada/vinculada à Fefusma e regularizada com todas as entidades até antes do início do torneio estadual.

“Estamos muito felizes com o pontapé inicial para mais uma edição do Campeonato Maranhense de Futsal, que tem tudo para ser um grande sucesso e empolgar os amantes da modalidade. O Estadual 2023 promete um alto nível técnico e um número recorde de atletas inscritos em várias categorias, fortalecendo a tradição do futsal maranhense", afirma Alex Ricarte, presidente da Fefusma.

As equipes interessadas em mais informações e em receber o material para inscrição no Campeonato Maranhense de 2023 devem entrar em contato com a Diretoria Técnica da Fefusma pelos e-mails [email protected] ou [email protected]

Siga as redes sociais oficiais da Federação de Futsal do Maranhão (Fefusma) no Instagram e no Facebook (@fefusma) e fique por dentro de todos os detalhes do Campeonato Maranhense de Futsal 2023.

(Fonte: Assessoria de imprensa) 

O fim de semana será de muito futebol 7 em São Luís. Tudo por causa da segunda edição do projeto “Mais Futebol, Mais Inclusão”, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado, pela Friobom, pelo Aço Bom Preço e pela Potiguar, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, que busca incentivar a prática esportiva na Grande Ilha de São Luís. Em sua segunda edição, o torneio será realizado neste fim de semana (9 e 10), na Arena Olynto, no Bairro do Olho d'Água, e contará com a participação de mais de 250 atletas distribuídos em quatro categorias: Sub-10, Sub-12, Sub-14 e Sub-16. 

Nesta edição, 16 escolinhas de futebol 7 vão competir no “Mais Futebol, Mais Inclusão”, que tem o formato de minitorneios. Durante a solenidade de lançamento do projeto, que ocorreu na noite dessa terça-feira (5), na Arena Olynto, todas as equipes participantes foram beneficiadas com uniformes e coletes de treinamento.   

Os duelos dos torneios Sub-10, Sub-12, Sub-14 e Sub-16 foram definidos em congresso técnico. No sábado (9), haverá disputas em duas categorias: Sub-10 e Sub-12. Já no domingo (10), a bola rola para as partidas do Sub-14 e Sub-16. Nos dois dias, a programação de jogos terá início às 14h45, na Arena Olynto. 

De acordo com a organização do “Mais Futebol, Mais Inclusão”, os torneios serão realizados em formato mata-mata, com semifinais, decisão de terceiro lugar e final, totalizando quatro partidas em cada categoria. 

“Estamos muito felizes com a realização de mais uma edição do projeto ‘Mais Futebol, Mais Inclusão’. Sabemos da importância de um bom material esportivo para a execução das atividades nas escolinhas e nos projetos sociais, e poder colaborar com essas iniciativas em um festival que também terá um minicampeonato de futebol 7, incentivando a prática do esporte entre as crianças, é uma satisfação imensa. Só temos a agradecer ao governo do Estado, à Friobom, ao Aço Bom Preço e à Potiguar pelo apoio nesse projeto e pela confiança no nosso trabalho”, destacou Waldemir Rosa, diretor-técnico do “Mais Futebol, Mais Inclusão”.

Premiação

No término de cada minicampeonato do “Mais Futebol, Mais Inclusão”, ocorrerá a solenidade de premiação com entrega de troféu e medalhas para o campeão, além da entrega de medalhas de participação para as equipes que ficarem em segundo, terceiro e quarto lugares. Os torneios também terão como premiação bolas de futebol, obedecendo a uma proporção de acordo com a posição do time: o campeão recebe 20 bolas, o segundo colocado fica com 15 bolas, o terceiro colocado ganha 10 bolas e a equipe que ficar na quarta posição leva cinco bolas. 

Todos os detalhes do "Mais Futebol, Mais Inclusão" estão disponíveis nas redes sociais oficiais do evento no Instagram (@maisfutebolmaisinclusao).

PROGRAMAÇÃO DE JOGOS

Sábado (9/9) / Arena Olynto 1

14h45 – Os Feras x Gladiadores (Semifinal Sub-12)

15h40 – Jeito Moleque x GPV (Semifinal Sub-10) 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 2

14h45 – Meninos de Ouro/Santa Rita x Bola na Rede (Semifinal Sub-12)

15h40 – Transformar x Titans (Sub-10) 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 2

16h20 – Disputa de 3º/4° Sub-12

17h- Disputa de 3º/4° Sub-10 

Sábado (9/9) / Arena Olynto 1

16h20 – Final Sub-12

17h – Final Sub-10 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 1

14h45 – Ulbra x Camboa  (Semifinal Sub-16)

15h40 – Ferinhas da Vila x Geração Jovem (Semifinal Sub-14) 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 2

14h45 – Corinthians do Bequimão x Grêmio Ribamarense (Semifinal Sub-16)

15h40 - Revelação x Estrelinha Bom de Bola (Semifinal Sub-14) 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 2

16h20 – Disputa de 3º/4° Sub-16

17h- Disputa de 3º/4° Sub-14 

Domingo (10/9) / Arena Olynto 1

16h20 – Final Sub-16

17h – Final Sub-14 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Não há começo e não há fim na Bienal de Arte de São Paulo, evento que começa nesta quarta-feira (6), no prédio da Bienal, no Parque Ibirapuera, na capital paulista. No ano em que adota como tema as Coreografias do Impossível, a Bienal deste ano propõe ao visitante que se movimente por entre os sons dos ambientes e dos objetos expostos, e que encare o tempo não como uma linha reta ou com destino definido, mas como um círculo de muitos inícios e retornos.

“As coreografias do impossível nos ajudam a perceber que, diariamente, encontramos estratégias que desafiam o impossível, e são essas estratégias e ferramentas para tornar o impossível possível que encontraremos nas obras dos artistas”, explicam os curadores em texto sobre esta edição da mostra.

É embalado por esses sons que permeiam várias salas e andares do prédio da Bienal, que o corpo vai se movimentar por entre 1,1 mil obras em exposição, criadas por 121 artistas, e que exploram os sentidos e discutem sobre as urgências do mundo.

“O som está sempre ligado ao movimento. Mas acho que, acima de tudo, uma das grandes bases do nosso pensamento é que a música é criada através do movimento no espaço. Ou seja, a forma como nós ritmamos e como atravessamos o espaço e o tempo é que cria a música”, explica Grada Kilomba, uma das curadoras da Bienal deste ano.

Grada ressalta que até mesmo a disposição dos objetos no espaço expositivo cria ritmos para essas coreografias que pretendem enfrentar as impossibilidades do mundo. “Nesse espaço da Bienal onde estamos, o som também está presente na coreografia dos objetos que estão suspensos no ar. Eles têm um ritmo para serem vistos, que são vistos em seguida e, depois, há uma pausa e, depois, há um crescendo, e a música aparece, mesmo sem ser audível. Isso para nós foi um conceito extremamente importante na expografia”, ressaltou.

Essa profusão de sons, por exemplo, pode ser sentida na obra Floresta de Infinitos, criada por Ayrson Heráclito e Tiganá Santana e que convida o visitante a entrar em uma mata sagrada, povoada de vidas materiais, inanimadas ou ancestrais. “Discutindo sobre as nossas florestas interiores e também gritando pela preservação da natureza, a floresta é um labirinto de bambus, espelhos, ruídos, projeções e baixa iluminação. E que convida o público a coreografar por entre seus sons, cheiros e urgências”, dizem os artistas.

“Já vínhamos sonhando com nossas florestas internas e, a partir dessa obra, quisemos homenagear entidades antropomórficas e biomórficas que se extinguiram e que voltam, nessa floresta sonhada, como forças protetoras do que existe”, explicou Tiganá Santana, em entrevista à Agência Brasil.

“A ideia é que essa instalação toda reacenda essas florestas interiores, com os abismos e mistérios. Por isso, ela é sinestésica e sensorial, para ativação do corpo. Ela não se pretende explicativa ou informativa. A ideia é que ela se comunique com os corpos diversos aqui. Que florestas as pessoas verão? Que ideia de natureza ou de morte ou de vida ou de encantamento as pessoas em contato com essa obra terão?”, explica o artista.

Assim como o tema dessa Bienal, essa floresta infinita cria diversas coreografias e não tem linearidade. “Acho que a reta não pertence bem à natureza. Acho que coreografar é isso, é serpentear a experiência de viver, de se espantar, de temer e de se encorajar”, avalia Tiganá Santana.

A ideia de movimento e de bailado contra as impossibilidades do mundo percorre toda a Bienal. O seu projeto arquitetônico e expográfico foi realizado pelo escritório Vão, que pensou em propor um novo fluxo para o visitante, no qual ele escolhe seu caminho e se torna protagonista de todo o processo. Com isso, o vão central do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, da Bienal, será inteiramente fechado pela primeira vez na história. A ideia é que o visitante construa sua própria Bienal, desafiando o projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer.

Coreografia coletiva

Como em uma coreografia, a Bienal deste ano propõe que os corpos dos visitantes se movimentem por esse espaço e que esse embalo seja feito de forma coletiva. Esse senso de coletividade já se inicia pela curadoria do evento que, pela primeira vez, é feita de forma compartilhada por quatro pessoas - Diane Lima, Grada Kilomba, Hélio Menezes e Manuel Borja-Villel, sem a figura de um curador-chefe.

Essa coletividade se estende também entre obras e artistas selecionados e é uma forma de se combater os limites históricos, territoriais e coloniais que nos foram impostos, destacou Grada Kilomba.

“Para nós é extremamente importante ir além dessa noção de nação tendo em conta que muitos artistas vêm de territórios que se estendem por várias nações e que não se identificam necessariamente como uma única nação. Ou tendo em conta também que muitos de nós habitam várias diásporas que atravessam várias nações e vários territórios. Esse é um momento em que nós refletimos e desmantelamos todos esses saberes e terminologias que nos foram dadas e que, no fundo, reduzem nossa existência para uma única identidade e que não é capaz de mostrar nossa complexidade. Eu tenho várias nações em minhas diásporas”, disse Kilomba.

Coletivos

Nesta edição, a Bienal será formada por diversos coletivos e movimentos sociais, como a Sauna Lésbica e a Ocupação 9 de Julho, que tomará conta da cozinha do evento, promovendo uma alimentação por meio de uma cadeia produtiva de agricultura familiar.

A Cozinha Ocupação 9 de Julho nasceu em 2017, por meio do Movimento dos Sem Teto do Centro (MSTC). “A nossa atuação não é só pela moradia. É também pelo direito à cidade e tendo a moradia como porta de entrada para outros direitos”, explica Carmen Silva, uma das fundadoras do MSTC e que faz a gestão de cinco ocupações em São Paulo, entre elas a Ocupação 9 de Julho.

Segundo ela, a cozinha vai mostrar ao público que comida também é cultura. “Comida saudável é arte, é alquimia, é ancestralidade e é resgate de origem pelo cheiro e pelo gosto. Comida é arte”, ressalta.

Nesta Bienal, a Cozinha Ocupação 9 de Julho vai preparar um prato novo a cada dia, a preço popular. E, nos fins de semana, o preparo ficará por conta de um chef convidado. “Estamos aqui com a presença dessa cozinha, que passa a ser uma presença artística, trazendo também toda nossa rede de parceiros que nos fortalecem. Além da comida de qualidade, além das questões de soberania alimentar e da autonomia coletiva, trazemos para cá a ideia de que, juntos, conseguimos mudar a realidade de uma população que sempre foi marginalizada e que nunca teve oportunidade de adentrar outros espaços”, disse a artista Cacá Mousinho, apoiadora da ocupação.

Ao promover um diálogo com a curadoria da Bienal, a Cozinha Ocupação 9 de Julho reforçará a ideia de que cozinhar é revolucionário e que essa é uma forma de coreografar estratégias para a sobrevivência. “A arte está entrelaçada com o ativismo, com o dia a dia, com políticas de direitos humanos e em uma interseccionalidade que, muitas vezes, é entoada em um coletivo”, disse Grada Kilomba. “O movimento coreografa o impossível desde sempre, quando ele ocupa prédios abandonados que deveriam ser devolvidos à população na sua função social”, acrescenta Cacá.

Sauna Lésbica

Também mostrando a força da coletividade, a instalação da Sauna Lésbica se encontra no subsolo do edifício, trazendo, em sua fachada, um letreiro em néon com o nome do projeto. A obra foi construída com base em políticas de esquecimentos e silenciamentos. Segundo Malu Avelar, uma das artistas da Sauna Lésbica, ainstalação surgiu a partir do questionamento “e se existisse uma sauna lésbica?”.

“O que vai ter aqui na sauna, para além do espaço estético que foi produzido por esse coletivo, é um lugar de escuta. Acho que estamos precisando ouvir. Ao mesmo tempo, a obra vai sendo construída de acordo com o tempo”, explicou Malu Avelar. “E o que mais faz essa obra acontecer é sua ativação, que é quando conseguimos convidar as pessoas a entrarem e elas fazerem parte daquilo. É isso o que as pessoas vão sentir aqui, um lugar de escuta e um lugar de fazer parte e de construir juntas”, acrescentou.

E é assim que essa obra também vai dialogar com o tema Coreografias do Impossível. “Para se coreografar, para querer estar junto, você precisa se deslocar no espaço-tempo. Então, a partir desse deslocamento é que temos os encontros. E aí acontecem as relações. Acho que a sauna entra nesse lugar de ter que se deslocar até ela para que a relação aconteça e aí coreografarmos juntas o que queremos para o agora e para o futuro”, disse a artista.

“É a primeira vez que participo [da Bienal] e me emociono porque é uma obra que sai de um nicho. Desenvolvo trabalhos de lesbiandade há muitos anos, e ela acaba sendo restrita para sapatonas. É a primeira vez que estou nesse espaço e tendo a oportunidade de dialogar com uma população mais ampla. Tivemos a consciência de que era muito importante que esse lugar, apesar de permear o erótico, fosse de classificação livre para fazermos esse diálogo maior com a população”, explica Bárbara Esmenia, que também compõe a Sauna Lésbica.

A 35ª Bienal de São Paulo ocorre no Pavilhão Ciccillo Matarazzo – prédio da Bienal –, no Parque Ibirapuera, até o dia 10 de dezembro. O evento também prevê uma programação pública, que inclui apresentações musicais, ativações de obras, performances, encontros com artistas e mesas de discussão. A entrada é gratuita.

Outras informações sobre a mostra podem ser obtidas no site da Bienal.

(Fonte: Agência Brasil)

A partir de agora, ficou mais fácil encontrar um local de educação popular para estudar para o exame vestibular que está aproximando-se, ou mesmo se cadastrar para dar aulas. Fato se tornou possível em um mapa como os usados em aplicativos de celular. Disponível na plataforma Vicon Saga, o Mapeamento dos Pré-vestibulares Populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, foi realizado pelo projeto Tecendo Diálogos e produzindo conhecimento: juventude, favela, promoção da saúde e educação superior. 

“Como muitos desses pré-vestibulares não têm recursos para investir em divulgação de suas ações, acabam ficando conhecidos apenas no entorno ou por quem atua na militância da educação popular”, explica doutora em história do Vila Isabel Vestibulares (Vive), no Morro dos Macacos e integrante da coordenação do projeto Tecendo Diálogos, Taisa Falcão. “Esses espaços não são apenas uma plataforma de acesso à universidade, mas polos de engajamento da juventude favelada e periférica com os movimentos sociais”.

Arthur Carrica, trabalhador que atua na portaria no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), conheceu seu atual pré-vestibular pela plataforma. “O pré que eu escolhi não tinha vaga, mas encontrei fácil esse que é perto do trabalho. Agora, estou animado para tirar as minhas dúvidas e direcionar meus estudos”, explica ao informar que pretende cursar Letras ou Educação Física.

Pesquisa

Entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2023, os pesquisadores de campo, mesmo com os desafios da pandemia da covid-19, localizaram e conseguiram contato com 301 pré-vestibulares populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Desse total, uma parte foi forçada a fechar em razão da pandemia. Mesmo assim, 130 pré-vestibulares populares se disponibilizaram a participar do mapeamento socioeconômico realizado pelos pesquisadores do projeto Tecendo Diálogos.

“Valorizamos cada pontinho desse mapa porque sabemos a dificuldade que foi se manter com a covid-19. Quem ficou fortalece muito seus territórios”, diz Anna Carolina Santos, assistente de pesquisa do projeto Tecendo Diálogos, educadora popular do pré-vestibular social do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Públicas Estaduais no Estado do Rio de Janeiro (Sintuperj) e graduanda de geografia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Os 130 pré-vestibulares responderam a um questionário socioeconômico com mais de 40 perguntas que também estão disponíveis na plataforma e foram sistematizadas pelo projeto. Para Taisa Falcão, esses dados ajudam a compreender quais estratégias públicas são mais importantes para essas iniciativas. “Desejamos pautar políticas públicas de fomento, para que os pré-vestibulares possam melhorar suas estruturas e promover a educação popular de forma mais inclusiva, equitativa em ambientes mais saudáveis e sustentáveis”, afirma.

Análise dos resultados

Matemática, Redação e Biologia são as disciplinas mais oferecidas. Já História da África, Inglês e Espanhol são menos disponibilizadas. Mais de 80% dos pré-vestibulares funcionam em espaços cedidos, revelando ameaça à autonomia e à permanência nos seus locais de atuação. Um terço deles recebem apoio financeiro de instituições religiosas ou precisam fazer eventos e vaquinhas para captação de recursos. Cerca de 21% cobram um valor mensal dos estudantes.

Destaca-se que mais de 98% das pessoas que assistem às aulas são pretas (62,62%) e pardas (35,51%). O perfil do corpo docente muda um pouco: 33% se declaram pretos; pouco mais de 34% são pardos; 30% são brancos; e 2% são indígenas. O racismo é tema de atividades e debates em 80% dos pré-vestibulares. Enquanto 67% dialogam sobre questões de gênero e diversidade sexual.

Apoio

O Mapeamento dos Pré-vestibulares Populares da Região Metropolitana do Rio de Janeiro está hospedado na plataforma Vicon – Vigilância e Controle, uma iniciativa nacional e livre de custos, desenvolvida pelo Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lageop/UFRJ) em parceria com o Laboratório de Geoprocessamento Aplicado da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Anselmo Rocha Romão, mestre em Saúde Pública pela Escola de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) e integrante da equipe do Laboratório de Informação em Saúde (LIS) do ICICT/Fiocruz, apoiou o cadastro dos dados na plataforma e reforçou o valor da disseminação das informações da pesquisa.

“O Vicon Saga vem de vigilância e controle. Não uma vigilância coercitiva, mas no sentido de transformar a sociedade no processo de inclusão das pessoas. Vigiar o que é injusto e criar justiça social”, explicou Romão. “Ressalto a qualidade de produção de conhecimento pelos movimentos populares e grupos no território”, valorizou Pricila Magalhães, da Pró-Reitoria de Extensão da UFRJ.

(Fonte: Agência Brasil)

A Advocacia Geral da União (AGU) enviou, nesta terça-feira (5), ao Supremo Tribunal Federal (STF) parecer a favor da continuidade da Lei de Cotas em instituições de ensino superior.

A manifestação do órgão foi encaminhada em ação na qual o PV sustenta que, após dez anos de vigência, a Lei de Cotas (12.711/12) deixou de prever a reserva de vagas para estudantes com deficiência, pretos, pardos, indígenas e oriundos do ensino médio em escolas públicas. Conforme o Artigo 7º da norma, no prazo de dez anos, deveria ocorrer a revisão do programa. 

A AGU sustentou que a norma representou um marco para as políticas de ação afirmativa e já foi validada pelo Supremo. Para o órgão, deve ser afastada qualquer interpretação que considere extinta a política de cotas. 

“As ações afirmativas sob exame têm por objetivo equalizar oportunidades e, com isso, reduzir as desigualdades raciais e sociais arraigadas no ensino superior brasileiro. É esperado que a política pública perdure até que as desigualdades sejam efetivamente reduzidas e o seu objetivo alcançado”, argumentou o órgão.

A ação do partido foi protocolada no STF em julho deste ano. A ação é relatada pelo ministro Luís Roberto Barroso e ainda não há data para julgamento.

(Fonte: Agência Brasil)

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia sofre com diversas ações praticadas pelo ser humano, como o desmatamento, o garimpo ilegal, a grilagem de terras. Nesta terça-feira (5), Dia da Amazônia, organizações lembram a urgência de preservação desse bioma, principal floresta tropical do mundo.

Com extensão aproximada de 421 milhões de hectares, a Amazônia representa um terço das florestas tropicais do mundo. A região é responsável por vários processos climáticos, a exemplo da evaporação e transpiração da floresta, que ajudam a manter o equilíbrio do clima e a manutenção dos estoques de água doce. Além disso, abriga mais da metade da biodiversidade do planeta.

Dados do Sistema de Avaliação do Risco de Extinção da Biodiversidade (Salve), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), mostram que 224 espécies da fauna na Amazônia estão sofrendo algum tipo de ameaça e, pelo menos, uma já foi considerada extinta. São 139 espécies categorizadas como “vulnerável”; 48 “em perigo”; e 38 “criticamente em perigo”.

Entre os animais em risco, estão o peixe-boi-da-amazônia, tamanduá-bandeira, a onça-pintada, ararajuba e a anta, classificados como “vulneráveis”. Já espécies de peixe, como Acari, estão “criticamente em perigo”.

Para o coordenador-geral das Organizações Indígenas da Amazônia (Coiab), Toya Manchineri, o Dia da Amazônia é de luta e reflexão. Coordenando mais de 70 organizações indígenas, Toya afirmou que, neste ano, ainda não há muito a comemorar por causa do avanço do desmatamento, do garimpo ilegal e das ameaças aos povos indígenas e tradicionais no governo Jair Bolsonaro.

floresta Amazônica

“É um dia especial de luta e que não tem nada para comemorar, principalmente se pegarmos os dados produzidos pela agência de pesquisa, que são do governo passado. Aí, há uma destruição em massa da floresta, do bioma e uma onda crescente de assassinatos e perseguição aos povos indígenas, quilombolas e extrativistas”, disse a liderança indígena à Agência Brasil. “O dia 5 é para fazermos uma reflexão sobre como podemos parar com esses assassinatos e a perseguição aos povos que vivem na floresta. Então, é um momento de reflexão e não de comemoração”, ressaltou.

Avaliação similar é feita pela assessora de política e direito socioambiental do Instituto Socioambiental (ISA) Adriana Ramos. Ela destaca que, apesar dos dados recentes apontarem queda expressiva do desmatamento nos sete primeiros meses do ano, ainda há muito a ser feito. Dados do governo federal mostram uma redução no desmatamento de 42% do bioma amazônico nesse período. Em julho, a queda foi de 66%, em agosto a expectativa é que tenha permanecido em patamar similar.

“Digamos que não temos tanto o que comemorar porque há uma série de desafios que precisamos enfrentar e que continuam muito distantes. A Amazônia tem grande parcela do Brasil, e o país precisa dar a ela a relevância que tem”, disse a ambientalista à Agência Brasil.

Adriana também citou o aumento do crime organizado na região e a necessidade de políticas voltadas para as populações locais.

“É preciso reconhecer que a violência e o crime organizado cresceram muito na região. Ainda tem gente vivendo nas cidades da Amazônia, demandando atenção e a criação de oportunidades de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, há muitas ameaças aos territórios tradicionais, às terras indígena, às unidades de conservação que precisam ser enfrentadas para que essas áreas, que simbolizam o que de mais rico a Amazônia tem em termos de biodiversidade e de enfrentamento à crise climática, sejam mais valorizadas”, afirmou.

Outro alerta é sobre o avanço de grandes projetos de infraestrutura na região, como a pavimentação da BR-319, construída pelos governos militares nos anos 70, e a estrada do Pacífico. Para a assessora de política e direito socioambiental do ISA, esses projetos têm  impacto imenso no processo de desmatamento da região, uma vez que podem provocar aumento da circulação de grileiros e madeireiros ilegais na região, além de não trazer benefícios concretos para os moradores.

Uma das principais preocupações é que com a continuidade de projetos como esses, aliados ao desmatamento, ao garimpo ilegal, à grilagem de terras para fazer pasto, a Amazônia possa atingir o ponto de não retorno. O termo é usado por especialistas para se referir ao momento em que a floresta perde sua capacidade de se autorregenerar, em razão do desmatamento, da degradação e do aquecimento global, tendendo, então, ao processo de desertificação.

“São projetos que terão impacto imenso e que não estão em uma estratégia de desenvolvimento da região. É preciso que a gente pense projetos econômicos de valorização da área, dos serviços ambientais gerados a partir do uso sustentável da floresta e que vão fortalecer aquilo que a Amazônia tem para oferecer de melhor neste momento, que são as condições de enfrentamento à emergência climática. Isso a gente só vai conseguir manter se evitar o chamado ponto de não retorno, o que significa paralisar o desmatamento e a perda de biodiversidade”.

O coordenador da Coiab destaca que esses projetos não são pensados em conjunto com as populações que habitam a região. Toya Manchineri cita a monocultura como uma das atividades de grande impacto no desmatamento e nos conflitos agrários na Amazônia.

“Os projetos econômicos levam muitas complicações para os povos indígenas. Primeiro que eles não são pensados em conjunto com os povos que vivem na Amazônia. Eles vêm muito com um olhar externo de desenvolvimento, que, muitas vezes, não reflete a realidade local. Aí, temos a questão do garimpo que é bastante ruim, ele destrói a floresta, destrói a organização social e deixa doença nos territórios indígenas. Então, são projetos de garimpo e de monocultura que acabam com a floresta”, afirmou.

Toya também criticou a possibilidade de aprovação da tese do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, em especial na Amazônia, e disse que se a medida for aprovada, haverá intensificação das ameaças aos povos e a perda de direitos.

“O marco temporal é nocivo para os indígenas, ao impor limites para a demarcação dos territórios. Se ele for aprovado, muitos dos nossos territórios serão revisados, muitos dos nossos parentes, que não estão com seu território demarcado, vão perder e, muito provavelmente, sofrer uma pressão muito grande de invasores. Muitas mortes vão ocorrer”, denunciou.

Para o ISA, a aprovação do marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal mostra interpretação distorcida da Constituição Federal, que pode contribuir com a “indústria da grilagem de terra". Adriana lembrou que os povos indígenas e tradicionais são os que mantiveram a floresta de pé.

“A gente tem floresta por causa do modo tradicional de vida dessas populações, portanto esses povos têm importância central e as suas práticas de manejo e de agricultura são responsáveis pela manutenção da floresta em pé. É impossível imaginar um futuro com floresta em pé na Amazônia sem que os povos originários e tradicionais tenham protagonismo nesse processo”, disse.

Festival

Como forma de chamar a atenção para a defesa da Amazônia, cinco cidades brasileiras, iniciando por Santarém (PA), abrigarão festivais culturais e artísticos. O primeiro foi realizado no último sábado (2). Esta será a segunda edição do Festivais Dia da Amazônia. Mais de 13 organizações e um número superior a 50 artistas estão envolvidos diretamente na mobilização nacional do evento, ao longo deste mês de setembro. O festival também terá protestos contra a tese do marco temporal.

A tradição foi iniciada no ano passado para comemorar a data, instituída por lei em 2007, abrangendo festivais e atividades diversas que se estenderão por todo o país até o próximo dia 30. Entre essas ações, estão oficinas, peças de teatro, atividades esportivas e educativas, plantio de árvores, exposições e exibição de filmes. Todas têm foco na temática da proteção e valorização da Amazônia.

Uma das ações este ano é a mobilização para coletar 1,5 milhão de assinaturas de cidadãos brasileiros que têm título de eleitor válido, para protocolar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (Plip) que requer a destinação de 57 milhões de hectares de terras públicas não destinadas, ou seja, áreas da União que ainda não têm uma finalidade específica e são alvo de desmatamento acelerado e grilagem.

A proposta é que essas terras possam ser demarcadas como unidades de conservação (UCs), terras indígenas, territórios quilombolas ou destinadas às comunidades tradicionais – povos que verdadeiramente conservam a Amazônia.

(Fonte: Agência Brasil)

O surfista maranhense Kadu Pakinha, que conta com o patrocínio do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, teve um ótimo desempenho na disputa da 2ª etapa do Circuito ASN Puro Suco Nova Geração 2023, que ocorreu no último domingo (3), na Praia de Itacoatiara, em Niterói (RJ). Evoluindo a cada competição, Kadu conquistou a quarta posição na categoria Sub-16 Masculino do evento niteroiense.

Antes de se destacar no Circuito ASN, Kadu Pakinha brilhou na 2ª etapa do Circuito de Surf Cyclone, que foi realizado em agosto, na Praia da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Com muita habilidade e personalidade, Kadu chegou às semifinais das categorias Sub-16 e Sub-18 na competição em águas cariocas, melhorando o seu desempenho em relação à primeira etapa, quando atingiu as quartas de final.

As boas colocações em competições no Estado do Rio de Janeiro aumentam a confiança de Kadu Pakinha para um dos eventos mais importantes da temporada de 2023. O jovem surfista maranhense está confirmado na 3ª etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, que ocorre entre os dias 12 e 15 de outubro, em Garopaba (SC).

Kadu Pakinha continua com o processo de evolução no cenário nacional do surf. Além de chegar às semifinais do Canto Open, disputado em julho, na Praia do Recreio, o jovem atleta participou de duas etapas do tradicional Circuito Brasileiro de Surf de Base, garantindo vaga na segunda fase durante a segunda etapa, que foi realizada entre os dias 10 e 13 de agosto, em Guarujá (SP).

Também na temporada de 2023, Kadu Pakinha teve um ótimo desempenho no Grumari Masters, que ocorreu em maio, na Praia de Grumari, no Rio de Janeiro. Com uma boa apresentação, o atleta maranhense garantiu a quarta posição na categoria Sub-16 Masculino da competição em águas cariocas. Além disso, Kadu representou o Maranhão na primeira etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, disputada em maio, em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), e no Saquarema Surf Pro Am, em julho.

(Fonte: Assessoria de imprensa)