Uma nova exposição em cartaz no Sesc 14 Bis, no centro da capital paulista, convida o público a dar uma pausa no dia a dia. Chamada de Pausa, a mostra será aberta ao público nesta quinta-feira (27) e fica em cartaz até o dia 8 de agosto.
A exposição é composta por obras em grande escala da artista visual, arte-educadora, curadora e contadora de histórias Stela Barbieri. Construídas com materiais como bambu e miçangas, as instalações convidam o público a permanecer em seu interior e, dentro delas, a descansar, relaxar, conversar e refletir sobre a importância do descanso no dia a dia.
“Pausa nasce de minhas pesquisas cotidianas, em instantes dilatados e embalos de presença, ora em silêncio, ora em melodia e movimento. Em tempos de disputa pela nossa atenção, de aceleração avassaladora, quando muitas vezes não é possível respirar para fazer escolhas, fabular – pausar – é um ato político. Em momentos de guerras, de violência, de conflitos externos e internos, reflorestar o imaginário abre a possibilidade de invenção, de comunidade e de participação”, disse a artista sobre a exposição.
Uma das obras interativas presentes na mostra é Banho de Canto, formada por uma estrutura circular de ferro, cercada por instrumentos musicais percussivos e elementos que produzem sons instalados ao redor de uma cadeira de balanço. Além dela há também casulos em grande escala que combinam elementos táteis, sensoriais e sonoros para a ativação da imaginação e reflexão.
Em um dos espaços da mostra, o público será convidado a desenhar o próprio casulo, refletindo sobre seu momento de descanso e relaxamento.
A entrada na mostra é gratuita. Mais informações sobre a exposição podem ser obtidas no site do Sesc.
O prazo para os estudantes de cursos de licenciatura na modalidade presencial fazerem a pré-inscrição no programa Pé-de-Meia Licenciaturas e cadastrarem o currículo termina neste domingo (30).
O preenchimento deve ser feito na Plataforma Freire da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), entidade que executa o programa.
A etapa de pré-inscrição é obrigatória. Porém, o cadastro na plataforma não assegura a concessão da bolsa do programa no valor de R$ 1.050, conforme previsto no edital de seleção. O resultado preliminar dos selecionados será divulgado em 4 de abril. Os estudantes que discordarem do resultado poderão entrar com recurso entre 5 e 9 de abril. A Capes, então, publicará o resultado final em 14 de abril.
A bolsa do Pé-de-Meia Licenciaturas foi criada para incentivar a formação de novos professores e melhorar a qualidade desses cursos.
Os aprovados irão receber a primeira parcela do benefício mensal em 1º de maio.
Como fazer o cadastro
A plataforma Freire exige o login com Cadastro de Pessoa Física (CPF) e senha do portal Gov.br.
Ao acessar a plataforma Freire, na aba de Identificação, o candidato deve cadastrar os dados pessoais, e-mail, telefone e endereço, para prosseguir com o preenchimento do currículo.
Um campo para preenchimento da matrícula na instituição de ensino superior (IES) aparecerá. Caso o estudante já esteja matriculado, deve incluir o número no campo. Caso ainda não possua um número de matrícula, o CPF poderá ser inserido neste local, até o início do seu curso de licenciatura.
Por fim, o candidato à bolsa também deve aceitar o Termo de Ciência e Concordância para concluir a pré-inscrição no Pé-de-Meia Licenciaturas.
Requisitos
O Ministério da Educação (MEC), responsável pelo Pé-de-Meia Licenciaturas, confirma que disponibilizou 12 mil bolsas aos estudantes de cursos de licenciatura presenciais.
O estudante deve ter ingressado e estar regularmente matriculado em curso de licenciatura presencial via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) ou pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) Social.
Outro requisito é que o candidato à seleção tenha se destacado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024, com a nota igual ou superior a 650 pontos.
Para manutenção da bolsa, o estudante deve cursar a quantidade de créditos obrigatórios de cada período; ser aprovado nas matérias em que está efetivamente matriculado.
Depósitos
O programa concede apoio financeiro aos estudantes dos cursos de licenciatura que se cadastrarem para a bolsa e forem aprovados. O valor mensal é R$ 1.050 dividido da seguinte forma: bolsa mensal de R$ 700 disponíveis para saque, durante o período regular do curso; e incentivo à docência de R$ 350, na modalidade de poupança, que poderá ser resgatado após a conclusão do curso, caso o estudante, ao se formar, se torne professor da rede pública de educação básica, no prazo de até cinco anos após a conclusão do curso.
As bolsas serão pagas pelo MEC, por meio da Capes, do início até o fim do curso. Os valores serão destinados diretamente aos estudantes aprovados em cursos presenciais de licenciaturas.
O incentivo docência mensal é limitado a 48 parcelas.
Pé-de-Meia Licenciaturas
O Pé-de-Meia Licenciaturas, como é chamada a Bolsa de Atratividade e Formação para a Docência, é um dos eixos do programa Mais Professores para o Brasil que integra ações para valorizar o magistério e qualificar a educação básica no país.
O suporte financeiro do Pé-de-Meia Licenciaturas tem a finalidade incentivar a docência, permitindo aos beneficiados que se dediquem integralmente às atividades acadêmicas e de estágio supervisionado obrigatório do curso.
Adicionalmente, o pagamento do incentivo tem os objetivos de atrair estudantes com alto desempenho para as licenciaturas e para a carreira docente; reduzir a evasão nos cursos de licenciatura; e incentivar o ingresso de concluintes das licenciaturas nas redes públicas de ensino.
Os 600 mil educadores do ensino básico e da educação profissional e tecnológica da rede pública de todo o Brasil poderão responder, até sexta-feira (28), à Escuta Nacional de Professores e Professoras que Ensinam Matemática, pesquisa on-line organizada pelo Ministério da Educação (MEC).
A coleta de contribuições dos docentes tem o objetivo de melhorar as práticas pedagógicas no país para, na ponta, melhorar a aprendizagem nessa área de conhecimento, com base nas necessidades e nas demandas apontadas pelos profissionais da educação..
A iniciativa também pretende valorizar os educadores porque considera as diferentes perspectivas dos profissionais na definição de políticas públicas para o ensino e a aprendizagem da matemática.
O MEC tem disponível o Guia Escuta Nacional de Professores e Professoras para incentivar os educadores a participar da mobilização para garantir a aprendizagem adequada de matemática pelos estudantes da educação básica.
Escuta Nacional
Os professores que ensinam matemática podem responder à pesquisa de forma autônoma e anônima. Segundo o MEC, para que as respostas sejam consideradas pela escuta é necessário completar todo o questionário.
A pesquisa aborda aspectos como perfil dos professores; crenças e atitudes; percurso formativo; trajetória docente, contexto em que atuam; clima escolar; e currículos e práticas pedagógicas. Cada participante deve refletir sobre sua experiência de acordo com a etapa de ensino e a escola em que atuam.
O formulário da internet pode ser preenchido mais de uma vez, quando o professor leciona em contextos diferentes, em mais de uma etapa, escola ou rede de ensino.
O documento leva em consideração que o professor pode estar em sala de aula em 2025 ou ter atuado em 2024 em diversas turmas e escolas de educação básica. Neste caso, o MEC pede a indicação do número de turmas para as quais o professor dá aula e que considere ainda a escola com maior carga horária de trabalho.
A iniciativa já ouviu profissionais do ensino fundamental e do ensino médio da educação básica e da educação profissional e tecnológica de mais de 2.060 municípios das 27 unidades da federação.
Compreensão da matemática
De acordo com os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) 2022, o Brasil ocupa a 65ª posição no ranking de aprendizagem de matemática, em relação a outros 81 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
O Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Trends in International Mathematics and Science Study – TIMSS) de 2023 indica que, no 4º ano do ensino fundamental, 51% dos estudantes brasileiros não alcançam o nível básico de compreensão da matemática.
Isso significa que não conseguem fazer operações simples, como somar e subtrair números inteiros com até três algarismos, multiplicar e dividir números inteiros de um algarismo e resolver problemas que envolvam esses conhecimentos.
Números do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2021 mostram que apenas 37% dos estudantes do 5º ano do ensino fundamental aprendem o nível esperado na disciplina de matemática. Esse número cai para 15% no 9º ano, e por fim, somente 5% dos estudantes concluem o ensino médio com uma aprendizagem adequada da disciplina.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) publicou, nesta segunda-feira (24), resolução com as diretrizes operacionais nacionais sobre o uso de celulares e outros dispositivos digitais em salas de aula.
A medida orienta que escolas e redes de ensino devem organizar capacitações e iniciativas para um ambiente acolhedor e preventivo, identificando sinais de sofrimento emocional e busque promover a saúde mental dos estudantes.
Está autorizado o uso desses aparelhos por parte dos estudantes do ensino fundamental e médio para fins pedagógicos, sempre com mediação dos profissionais de educação. Mas é vedado o uso para outros fins, inclusive nos intervalos e fora das salas de aula. A decisão prevê exceções para estudantes que necessitem de recursos de acessibilidade.
A recomendação é para que sejam respeitadas as competências e habilidades dos estudantes, com progressão gradual de acordo com o desenvolvimento da autonomia.
Cada escola poderá estabelecer os critérios de permissão sobre o porte dos aparelhos, assim como a forma pela qual eles serão guardados durante o período de aulas.
Uso de telas
No caso da educação infantil, o uso de telas e dispositivos digitais não é recomendado, sendo visto como algo razoável apenas em caráter excepcional, com mediação de um professor.
Segundo o CNE, órgão de participação social do Ministério da Educação (MEC), a Resolução CNE/CEB nº 2/2025 inclui ações da Estratégia Nacional Escolas Conectadas (Enec) para “garantir a educação e a cidadania digital nas escolas, promovendo o uso intencional e estratégico da tecnologia para potencializar o ensino e a aprendizagem”. E tem como eixo central a proteção da saúde mental, física e psíquica de crianças e adolescentes.
Outras orientações
A resolução do CNE orienta que escolas e redes de ensino devem organizar capacitações e iniciativas para um ambiente acolhedor e preventivo, identificando sinais de sofrimento emocional e buscando promover a saúde mental dos estudantes.
Existe também a preocupação com a formação continuada dos professores, funcionários e profissionais da educação voltados para a implementação digital e o uso pedagógico dos aparelhos.
Empresas em fase de desenvolvimento na Amazônia, as chamadas startups, apostam em modelos de inovação sustentável visando ao mercado global. Essas iniciativas se preparam para a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, na cidade de Belém (PA).
A startup gerida pelo empresário Maurício Pantoja em Igarapé-Miriri (PA) é um exemplo de negócio alinhado ao modelo de desenvolvimento sustentável que valoriza a comercialização de produtos extraídos pelas comunidades tradicionais com a floresta em pé. Focada no beneficiamento de frutos regionais na forma de polpa e frutos em pó, a empresa já trabalha diretamente com duas cooperativas e gera oportunidade para 340 famílias de comunidades em Igarapé-Miri e Abaetetuba.
“Além de conectar a produção dessas pequenas comunidades por meio de um comércio justo, a gente também usa a tecnologia para melhor gerir, prever a colheita, diminuir o desperdício e agregar valor aos produtos”, explica.
O empresário lembra que o açaí foi o primeiro fruto a ser beneficiado na forma de polpa e vendido no mercado brasileiro, mas logo outros frutos entraram na carteira de produtos.
“A gente é da capital mundial do açaí, então partimos dele e formos integrando outras culturas como cacau e cupuaçu para diminuir a monocultura na região e fazer com que esses produtores faturem o ano todo e não só na safra do açaí”, diz.
Outra empresa em desenvolvimento focada na área de capacitação que também empreende de forma sustentável, na capital paraense, Belém, é a liderada pelo empresário Vitor Alves. A partir de cursos ofertados em plataformas virtuais, a startup alavanca pequenas empresas por meio do ensino de tecnologias empreendedoras. “A tecnologia é sempre um diferencial para a pequena empresa. Você tem hoje inteligências artificiais que aumentam a velocidade com que você resolve problemas, emite notas, faz controle de estoque e, inclusive, encontra clientes e faz análise de mercado”, explica.
As duas foram as vencedoras da 11ª edição do Startup Day, promovido pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em Belém, no sábado (22), com o objetivo de impactar o ecossistema dessas empresas em desenvolvimento, a partir de um dia de workshops, mentorias e oportunidades de conexão. Entre as mais de 300 iniciativas inscritas, as duas tiveram destaque nas categorias bioeconomia e tecnologia, respectivamente.
Segundo o diretor-superintendente do Sebrae do Pará, Rubens Magno, o encontro é uma oportunidade das startups se lançarem e desenvolverem suas grandes ideias em um ano de preparação para COP30.
“O que nós queremos é mostrar que na Amazônia não é diferente de outros lugares do mundo que respiram inovação”, destaca.
Para Pantoja, estar nesse ambiente reflete um esforço na construção da visibilidade de empresas que ficam fora do circuito comercial das grandes capitais. “A gente tem esse objetivo de atingir o mercado internacional, muito por ser um mercado que valoriza os trabalhos que cuidam da biodiversidade e que se importam com as pessoas que vivem na floresta. Então, eventos como o Startup Day são oportunidades para a gente, não só do interior, mas de todos os lugares do Pará, poder aparecer, mostrar o que a gente está fazendo e que é coisa séria”.
participantes aprovados no segundo Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) de 2024, deverão, a partir desta segunda-feira (24), indicar a universidade para revalidação do documento.
O processo de revalidação realizado pelas universidades parceiras envolve a análise do diploma e do currículo do médico formado no exterior.
De acordo com o edital da segunda etapa do Revalida 2024/2, a relação das universidades parceiras está disponível no Sistema Revalida para o devido encaminhamento dos processos de revalidação.
Após a escolha da unidade de ensino superior, será necessário apresentar a documentação exigida pela universidade parceira revalidadora, que poderá exigir, ainda, documentos pessoais, além do diploma de graduação original (obrigatório).
Resultado final
O resultado final do Revalida 2024-2 está disponível para consulta desde sexta-feira (21). Basta acessar a página do participante no Sistema Revalida. O acesso aos resultados individuais é feito com Cadastro de Pessoas Física (CPF) e senha do portal Gov.br.
Além das notas definitivas, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou os pareceres dos recursos sobre os resultados preliminares, juntamente com os espelhos de correção da prova de habilidades clínicas, fase em que os participantes realizam tarefas específicas.
A relação final dos aprovados no exame Revalida 2024-2 também foi publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Revalida
O Revalida avalia profissionais formados em medicina fora do Brasil que querem exercer a profissão em território nacional. O objetivo do exame é garantir a qualidade do atendimento médico prestado no Brasil, tanto por estrangeiros como por brasileiros que estudaram no exterior.
Desde 2011, o exame que autoriza aos aprovados ter o diploma revalidado no Brasil é aplicado pelo Inep, enquanto a revalidação é de responsabilidade das universidades públicas do Brasil que aderiram ao exame.
Anualmente, as provas são divididas em duas etapas (teórica e prática), que abordam, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, e medicina da família e comunidade (saúde coletiva).
A prova teórica tem 100 questões de múltipla escolha, além das questões discursivas. E o candidato somente poderá avançar para a segunda etapa, a da prova prática, se for aprovado na prova teórica.
Esta última fase, avalia as habilidades clínicas em cenários de prática profissional, como atendimento de atenção primária, ambulatorial, internação hospitalar, pronto-socorro para casos de urgência e emergência, além da medicina comunitária, com base na Diretriz Curricular Nacional do Curso de Medicina, nas normas e na legislação profissional.
A alma da Orquestra Ouro Preto é a família que existe por trás dela. Logo cedo, o pai, Ronaldo Toffolo, viu a vocação das crianças, que estavam mergulhadas no ambiente de música que havia na casa. Com o tempo, os filhos evoluíram com os estudos de violino, e o pai decidiu criar um grupo musical. Com o amigo, compositor e bandoneonista argentino Rufo Herrera, hoje com 91 anos, Toffolo teve ideia de desenvolver o projeto de uma orquestra de câmara.
“Aqui em casa, sempre acreditamos que somos mais completos se estivermos abraçados com a cultura. A cultura é a digital da existência de todos nós. Esse ambiente proporcionou uns aperitivos de uma sedução que transformaria isso aqui em uma proposta e a escolha pela profissionalização foi deles”, disse Toffolo à Agência Brasil.
O pai tem certeza de que “a sorte de o filho mais velho”, Rodrigo, hoje maestro da orquestra, ter dado suporte, foi fundamental “para levar a turma toda a acreditar que o projeto ia dar certo”. Segundo Toffolo, esse ambiente é que "trouxe a magia do abraço da cultura como marca inequívoca de que nós somos mais quando temos nossa companhia”.
A casa onde tudo começou, no centro de Ouro Preto, Minas Gerais, guarda a memória da família. O quarto onde ensaiavam tem as paredes cobertas por estantes repletas de discos de vinil e CDs. Tudo divide o espaço com o piano em que, um dia, ao tocar uma música dos Beatles, chamou atenção de Rodrigo, um menino de 11, 12 anos na época, que acordou de madrugada encantado com aquele som.
A conversa da reportagem com Ronaldo Toffolo neste quarto trouxe ainda outras histórias da família, e ele externou o sentimento que tem ao fazer uma retrospectiva do início do grupo até o reconhecimento, inclusive internacional, que a orquestra conquistou em seus 25 anos.
“É uma história fantástica, e é até difícil ser sucinto, mas o fato é que a gente fica agradecido por essa bênção especial de adesão deles [os filhos] ao que se propõe à vida deles na área da música, que é o coroamento de algo de que nunca desacreditamos, porque entendíamos que isso tinha que ser companhia nossa. A cultura faz parte, mas não pretendíamos que isso se tornasse o elemento de vida, de trabalho, de profissão, e nós estamos aqui preparando a nova geração, através dos netinhos, que, quem sabe, vêm por aí começando”, disse, apontando para o futuro da orquestra.
“Não se trata de milagre. Não acredito em milagres neste sentido. É muito trabalho, muita certeza de que a gente precisa acreditar. Essa crença leva a turma toda, hoje, a passar isso nas nossas apresentações em qualquer lugar, a contagiar já os filhos, os netos que estão sempre presentes”, comentou Toffolo.
A mãe, Marília Reis Toffolo, hoje com 72 anos, era quem cuidava para que as crianças não seguissem outro rumo. Toda quarta-feira pegava as crianças e ia para Belo Horizonte para elas fazerem aulas de violino.
“A origem foi toda nesta casa. Ronaldo criou uma orquestra para os filhos tocarem. É a mesma coisa, por exemplo de pôr cinco filhos para estudar metalurgia e montar uma metalúrgica para os seus filhos. A minha participação foi vigiar. Eu ia para Belo Horizonte, porque em Outro Preto não tinha [curso de violino]. Foram dez anos levando toda quarta-feira eles para Belo Horizonte para estudar violino. Lá, depois da aula, o professor me chamava e falava: 'dona Marília, a Mara [uma das filhas gêmeas, que são as mais novas] a senhora vai olhar o cotovelo, Marina está pondo o dedo para cima que não pode, Ronaldinho está baixando muito o braço'. Aí, quando eu punha para estudar, eu ficava: 'Marina, olha o dedo'. Eu fui junto com eles com aquele foco”, lembrou, destacando que corrigia, em casa,as posições no violino conforme indicava o professor.
As crianças aderiram à ideia da orquestra, mas houve períodos em que veio a vontade de desistir. A mãe, no entanto, persistiu. “Eu brinco que tinha tudo para dar errado e deu certo, porque imagina pegar cinco crianças, foram crianças normais iguais às outras. Teve a fase de adolescentes, aquela em que não queriam mais, a fase em que choravam, em que queriam bater e não queriam ir tocar. Eu nunca deixei. Primeiro, era violino, o resto era resto mesmo. Só iam para festa para casa de amigos se estudassem violino”, contou Marília, confessando que ela mesma nunca fez aulas de música.
“Não, menina, fiz a maior burrada da minha vida, porque eles começaram do zero, e eu podia ter começado junto, eu ficava mais de cinco horas esperando cada um entrando e saindo do quarto do professor, lá Belo Horizonte.”
A casa da família é decorada com objetos que fazem parte da memória de todos. “Fui juntando, juntando e tenho esse monte de coisa antiga pela casa afora. Fica uma memória afetiva”, ressaltou Marília, dizendo que ela e marido nunca deixaram de morar em Ouro Preto. “Ronaldo é de Ouro Preto, eu sou de Ouro Preto e nunca morei em outro lugar na minha vida.”
Maestro Rodrigo
Para o maestro Rodrigo Toffolo, hoje com 47 anos, chegar aos 25 anos preservando uma orquestra de câmara com reconhecimento internacional, não é uma tarefa fácil.
“É um desafio. Sempre falo que o trabalho que a gente faz em equipe com um conjunto muito grande, faz a gente ficar muito feliz e orgulhoso de ter optado anos atrás pelo caminho da música, e tudo que foi plantado e regado com carinho enorme possa ser visto hoje florescendo e dando esses resultados todos”, disse à Agência Brasil.
O regente define a evolução do grupo como gradual e feita com muita responsabilidade, pensando na qualidade do projeto, por ser um grupo que sempre criou um repertório próprio e investiu na criação de música nova. “A definição da identidade da orquestra muito cedo nos ajudou a caminhar de maneira mais firme, sem muitas mudanças no caminho. Sempre tivemos na cabeça quais eram os pilares de atuação. Esses pilares são mantidos até hoje e ficamos muito felizes com isso”, completou.
Rodrigo Toffolo vê a renovação de gerações de músicos como uma garantia de evolução da orquestra. “Hoje muitos alunos da nossa academia jovem estão na orquestra principal. Jovens que entraram na academia, formaram-se na academia, e hoje seguem a carreira de músicos profissionais. Isso é muito importante. Nos 25 anos, certamente, várias pessoas passaram por aqui, vários músicos, e a gente conseguiu não só absorvê-los, mas poder viver e trabalhar com música”, destacou.
Com o passar do tempo, foi fácil notar que a formação de público, que sempre foi muito importante para o grupo, é uma forma de colher os frutos das apresentações nos mais diversos lugares do Brasil e fora do país, disse o maestro.
“Os teatros hoje ficaram pequenos para o que a orquestra faz. Os ingressos sempre esgotam com semanas de antecedência, e a gente começou a migrar para praças públicas, para o lado de fora, para poder receber o público que a orquestra tem, que é sempre muito generoso, muito representativo e mais popular. E ver também que a orquestra tem várias facetas”, acrescentou.
“Interessa exatamente que eles [público] saibam a beleza que a orquestra tem, a capacidade infinita da orquestra de fazer música, de tocar qualquer estilo de música”, concluiu.
Uma mostra de cinema em São Paulo vai apresentar ao público 28 filmes de horror que foram dirigidos por mulheres. Chamada de Mestras do Macabro: as Cineastas ao Redor do Mundo, a mostra é gratuita e ocorre no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no centro da capital paulista, até o dia 21 de abril.
Os filmes selecionados para a mostra foram realizados entre 1971 e 2023 e representam a produção cinematográfica de horror de diversas partes do mundo. Entre eles estão os clássicos O Cemitério Maldito, dirigido por Mary Lambert, e Psicopata Americano, de Mary Harron.
Dos 28 filmes que serão exibidos, cinco são de diretoras brasileiras, como A sombra do pai, de Gabriela Amaral Almeida; Sinfonia da Necrópole, de Juliana Rojas; Sem seu sangue, de Alice Furtado; Medusa, de Anita Rocha da Silveira; e Terminal Praia Grande, de Mavi Simão.
Panorama histórico
A curadoria é da pesquisadora e especialista Beatriz Saldanha, que reuniu obras representativas de diferentes épocas, países e contextos sociais. O objetivo é oferecer ao público um panorama histórico do gênero e repensar o papel da mulher no cinema de horror, que historicamente é dominado por homens.
A mostra também pretende reforçar a importância do cinema de horror para a reflexão de temas sociais.
“Existe uma história do horror formada por cânones e por muitos anos as mulheres estiveram à margem dela. Um dos principais objetivos dessa mostra é trazer à luz diretoras que fizeram e estão fazendo filmes de horror tão bons quanto os clássicos que todo mundo adora, deixando evidente que mulheres também podem ser consideradas mestras do macabro”, disse a curadora.
Além dos filmes, a mostra promoverá um curso com duração de três dias que será ministrado pela curadora. Também haverá um debate com a pesquisadora Laura Cánepa, uma sessão comentada com a cineasta Gabriela Amaral Almeida e um debate com a crítica Isabel Wittmann, contando com tradução em Libras.
Habilidades como enviar mensagens de texto em redes sociais, identificar golpes e informações falsas on-line, usar aplicativos bancários e até mesmo fazer perfis em apps de namoro deverão fazer parte da Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Neste mês, começou em todo o país a formação voltada para os alfabetizadores da EJA e a educação midiática está entre os tópicos abordados.
“A gente defende que essas tecnologias possam ser exploradas de uma forma crítica, para que esse sujeito seja um utilizador delas. Não que ele tenha a tecnologia como a solucionadora de todos os problemas, mas que ele compreenda essa tecnologia como algo que pode auxiliar, que pode facilitar a vida dele”, diz a professora da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Daniele Dias.
Dias coordena o Programa de Formação de Alfabetizadores e Docentes dos Anos Iniciais do ensino fundamental, desenvolvido pela UFPB em parceria com o Ministério da Educação (MEC) e com a Cátedra Unesco de EJA. Trata-se da primeira formação ampla de âmbito nacional ofertada aos alfabetizadores da EJA. O curso é voltado para 1,3 mil formadores regionais, que, por sua vez, são responsáveis por repassar os conhecimentos para as redes de ensino até chegar a coordenadores e professores, que levarão os conteúdos para as salas de aula. A formação, que é on-line, começou este mês e segue até 2026.
O programa faz parte do Pacto pela Superação do Analfabetismo e Qualificação na Educação de Jovens e Adultos, o Pacto EJA, lançado no ano passado pelo governo federal como uma iniciativa inédita para dar ênfase e visibilidade à educação voltada para jovens, adultos e idosos.
Nos dias atuais, a alfabetização para os meios de comunicação e as novas tecnologias passa também a fazer parte das habilidades necessárias para se integrar plenamente na sociedade atual.
“Essas pessoas precisam que alguém faça o Tinder [aplicativo de namoro] delas. Ou seja, o analfabetismo, tem um impacto inclusive sobre a vida afetiva. Percebe que você está entrando em outra dimensão da cidadania? Essas pessoas não escrevem e não leem no WhatsApp, elas só mandam áudios. Essas pessoas precisam inventar alguma estratégia para pegar o ônibus, dizer que elas não estão enxergando bem, porque elas não querem expor esse analfabetismo. Então, tem a ver com a cidadania, não é?”, defende Dias.
Além disso, aprender a usar as novas tecnologias também evita golpes e outros crimes. “São essas mesmas pessoas que, muitas vezes, caem em golpes na internet. Tantas pessoas têm seus dados roubados, por exemplo. Elas precisam receber orientações, precisam ser educadas para usar esse espaço e compreender também que esse espaço virtual tem questões que precisam ser analisadas antes de ser reproduzidas”, diz Dias.
Valorizar a história dos estudantes
A formalização de uma educação voltada para adultos no Brasil começou nos anos 1940, diante da demanda por alfabetização e formação daqueles que não haviam concluído os estudos na idade esperada.
A EJA é dividida em duas etapas: ensino fundamental, que inclui do 1º ao 9º ano e é cursado em pelo menos dois anos no caso dos jovens e adultos, e o ensino médio, que é cursado em 1 ano e 6 meses. Podem se matricular no ensino fundamental da EJA estudantes com idade mínima de 15 anos e, no médio, estudantes com 18 anos ou mais.
Apesar dessa urgência, a EJA é uma etapa da educação que, em época recente, perdeu alunos e investimentos. Em 2019, a etapa contava com 3,2 milhões de estudantes, número que caiu para 2,5 milhões em 2023. Já o investimento, que chegou a R$ 1,4 bilhão em 2012, caiu para R$ 5,4 milhões em 2021. Em 2022, o número voltou a subir, para R$ 38,9 milhões, mas ainda é aquém do patamar de 10 anos atrás. Os dados são do dossiê Em busca de saídas para a crise das políticas públicas de EJA, do Movimento Educação pela Base.
Ensinar jovens, adultos e idosos a ler e escrever é diferente de alfabetizar crianças, de acordo com a professora, e é isso que o curso de formação pretende mostrar.
“Na maior parte das vezes, [esse estudante] não fica na escola. Para ele, não é um espaço onde ele se sinta abraçado. Algumas vezes, o formador, o professor que atua com ele, não tem a percepção das suas necessidades. [O formador] Trabalha de forma infantilizada, trabalha sem considerar, inclusive, a peculiaridade do adulto ou do idoso. Então, o aluno sai da escola”, diz Dias.
Para mudar esse cenário, o curso aborda uma perspectiva defendida pelo educador e filósofo Paulo Freire, de valorizar os conhecimentos que os estudantes já possuem: “Uma concepção de alfabetização em que a gente entenda que esse sujeito já traz conhecimentos com ele. Ele tem conhecimentos prévios que precisam ser valorizados, mas, sobretudo, ele precisa também ser reconhecido enquanto agente transformador da sua própria realidade, a partir da leitura que ele tem", diz a coordenadora.
Quem são os professores da EJA?
O auxiliar técnico pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Ourinhos (SP) Marco Antonio de Souza é um dos que tem participado dos encontros como formador regional. Ele conta que, muitas vezes, quem atua na EJA não conta com formação específica.
“A maioria das prefeituras não tem esse professor da EJA, como tem o professor da educação infantil ou o professor do ensino fundamental. As redes quase sempre oferecem aos professores dar aulas na EJA como carga suplementar, como algo para complementar a sua renda ou para complementar a sua jornada”, diz.
Falta, então, formação a esses profissionais. Segundo Souza, uma das maiores dificuldade relatadas é justamente dar aulas para um público diverso.
“Às vezes, em uma turma, você tem jovem, você tem adulto e você tem idoso. E essa convivência de jovem, adulto e idoso não é uma coisa fácil. Tem pessoas com deficiência, tem pessoas LGBTQIA+, tem mulheres negras que estão no mercado de trabalho, tem trabalhadores que estão na informalidade. O público da EJA é hoje muito variado”.
Marco Antônio
Ele diz que o município já oferecia, por conta própria, uma formação a esses professores. A cada 15 dias, os docentes cursavam uma hora. É esse espaço que hoje está sendo preenchido pela formação nacional. Segundo Souza, o município pretende levar ao Conselho Municipal de Educação uma proposta para que o curso seja considerado um curso de atualização para os docentes. Além disso, no longo prazo, a intenção é que se torne uma formação obrigatória para quem quer atuar na EJA.
Em Teixeira, na Paraíba, a formadora local Luzia Nadja Carneiro, que também participa dos encontros, diz que na escola onde atua, a Escola Maria das Graças Vasconcelos Guedes, a formação é repassada aos docentes nos fins de semana, para não prejudicar as aulas dos estudantes.
“Eu digo que é um momento histórico na educação brasileira essa questão de voltar o olhar para a educação de jovens, adultos e idosos, que era um segmento que era tido como um que só dava despesas aos municípios. Hoje, a gente tem essa oportunidade de trabalhar bem os professores a partir dessas formações. Com o professor qualificado, toda a equipe se qualifica junto”, diz.
Carneiro, que já foi professora do ensino regular antes de atuar na EJA, diz que se apaixonou pela etapa de jovens, adultos e idosos.
“Eu sou de uma cidade pequena. Aqui, a gente tem a oportunidade de conversar com esses alunos e conhecer um pouco da vida desses alunos, e a gente vê que eles chegam a dizer que antes do no início dos estudos, eles eram cegos. Viam as frases e textos, mas não sabiam absolutamente nada. E, com o estudo, eles passam a ver o mundo de outra forma. É o conhecimento, ele transforma”, diz.
Luzia Carneiro
Formação inédita
Segundo a secretária da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi) do MEC, Zara Figueiredo, todos os Estados, o Distrito Federal e 91% dos municípios já aderiram ao Pacto EJA. As adesões ainda estão abertas.
Nesta semana, o MEC deverá publicar, de acordo com a secretária, uma portaria instituindo um grupo técnico que terá três meses para definir as metas e os indicadores que serão levados em consideração no monitoramento do Pacto EJA. “Esses indicadores são mais demorados, por que precisam de uma modulação. O Ministério do Planejamento e a CGU [Controladoria-Geral da União] estão nesse GT. São indicadores que inclusive têm impacto em financiamento e auditorias”, explica.
Além disso, de acordo com Figueiredo, a pasta encomendou um estudo sobre os impactos econômicos para o país da alfabetização e educação de jovens, adultos e idosos, que deverá ser divulgado neste semestre.
“A alfabetização, do ponto de vista da cidadania, do ponto de vista da economia, do ponto de vista da democracia, é absolutamente necessária, insubstituível e inegociável”, diz. “Você pode colocar a automação que você quiser na sua fábrica, você pode ter as parcerias que você tiver, mas se você não cuidar da alfabetização das pessoas, isso não tem o retorno econômico que você prevê”.
Mestre Lourival Igarapé tem 73 anos. Há mais de 30, o artesão, compositor e percussionista participa de apresentações de carimbó, uma manifestação cultural popular do Pará. Agora, além de cantar, tocar e espalhar a tradição artística nortista, ele tem outra função: receber de comunidades paraenses ideias e colaborações para fazer com que o carimbó e outras práticas culturais do Estado se fortaleçam.
O artista paraense é um dos guardiões do projeto Rodando com Carimbó, uma iniciativa que começou a percorrer cidades do nordeste do Pará para fazer apresentações e buscar informações que ajudem a criar uma política de fortalecimento da cultura regional. Com a realização da COP30 na capital paraense, promotores culturais como ele esperam que o evento possa desenvolver políticas públicas e também o turismo cultural do Estado.
Até o próximo dia 31, a caravana passará pelas cidades de Cachoeira do Piriá, Bragança, Santarém Novo, Igarapé-Açu e Marapanim.
“Eu acredito que possamos ser recebidos da melhor forma possível em comunidades que venham a aceitar essa troca de sabedoria”, disse o artista à Agência Brasil, quando pegava a estrada na capital paraense, Belém, rumo à primeira apresentação, no Quilombo de Camiranga, em Cachoeira do Piriá, município de pouco menos de 20 mil habitantes.
“O carimbó representa tudo na vida para mim, é uma forma de viver”, define ele, que diz estar “feliz da vida” no papel de guardião do programa.
“O que me sustenta é essa energia que eu recebo de trabalhar com cultura popular, o carimbó”, diz ele. No mundo carimbozeiro, além de tocar, o mestre compõe e faz os instrumentos.
Origem da tradição
O carimbó surgiu no século XVII, na região amazônica, e, mais especificamente, no nordeste do Pará. É uma expressão cultural que une música e dança, difundida por escravizados africanos e enriquecida com influências indígenas e europeias.
A palavra carimbó remete a tambor. Uma característica marcante das apresentações são as roupas coloridas de cantores e dançarinos, que costumam incluir estampas floridas.
A ideia de criar o Rodando com Carimbó é da produtora cultural belenense Joanna Denholm. O projeto é patrocinado pelo Banco da Amazônia e tem parcerias do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Correios.
A iniciativa foi selecionada pelo programa Rouanet Norte, do Ministério da Cultura, que está no âmbito da Lei Rouanet de incentivo à cultura e foi criado para levar mais recursos para os Estados nortistas.
Joanna conta que a ideia de viajar com o carimbó e buscar elementos para subsidiar uma política pública surgiu ao perceber um apagamento de tradições culturais.
“A gente se mudou para Mosqueiro, uma ilha distrito de Belém, e a gente viu apagamento de várias culturas populares por lá”, conta à Agência Brasil.
“A gente tinha mais manifestações, por exemplo, o cordão de bichos, uma manifestação aqui do Pará, que tem o cordão de pássaros, é uma coisa que existia na ilha e não tem mais. A gente vê dificuldade de manutenção de culturas populares”.
A produtora informou que, em um primeiro mapeamento das áreas a serem visitadas, já constatou outros sinais de apagamento cultural, como a tradição do tamborim, no Quilombo de Camiranda. “Estamos tentando resgatar isso junto com a comunidade”.
Troca de saberes
A produtora diz que o carimbó é a principal linguagem de comunicação do projeto por causa da importância dessa expressão cultural para o Estado.
“O carimbó é a nossa linguagem principal. A gente nasce com o carimbó, a gente tem a prática do carimbó dentro das escolas, a minha geração teve isso muito fortemente. É uma prática muito forte nossa”, descreve.
Em cada canto que o Rodando com Carimbó parar, haverá, além das apresentações em escolas e espaços comunitários, conversas com atores culturais das comunidades.
“A gente chama todo mundo para dialogar conosco, fazedores de cultura, gestores, professores... e, a partir disso, a gente vai elaborar um relatório final que vai servir para impulsionar políticas públicas”, descreve.
Ela destaca que a troca de vivências permitirá que as políticas a serem criadas sejam adequadas a cada localidade.
“A gente precisa entender cada localidade para começar a entender a complexidade de criar políticas que possam atender realmente cada lugar com mais eficiência”, aponta.
O relatório ficará disponível para a sociedade civil e governos. Qualquer pessoa poderá acessá-lo no perfil do projeto no Instagram.
Para Joanna Denholm, essa é uma oportunidade de o carimbó e as demais expressões culturais paraenses ganharem visibilidade e relevância.
“São várias manifestações culturais, vários modos de fazer, várias práticas”, diz ela, que cita outras manifestações como o boi, as quadrilhas e erveiras.
“A gente espera que as pessoas entendam a diversidade e a grandeza do Pará, porque a gente é muito complexo e muito diferente. Cada local tem, inclusive, o seu carimbó, com um jeito de ser tocado”, acrescenta. “A gente espera que, com a COP30, possa desenvolver políticas públicas e também o turismo cultural do Estado”, finaliza.
Programação
O projeto itinerante se apresentou e conversou com representantes locais de Cachoeira do Piriá, na última quinta-feira (20). Outras quatro cidades aguardam a passagem do grupo:
23/3, 9h: Bragança, Auditório da UBS Taira.
26/3, 14h: Santarém Novo, Barracão da Irmandade de São Benedito.
28/3, 17h: Igarapé-Açu, Antigo Mercado Municipal.
31/3, 16h: Marapanim, Vila Silva, Associação Cultural Sereia do Mar, Espaço Cultural Mestra Francisca.
A segunda fase do projeto será em maio e incluirá outros cinco municípios a serem definidos.