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São Paulo (SP) 18/08/2024 UNIP em São Paulo, candidatos  do Concurso Público Nacional Unificado (CPNU) a espera da abertura dos portões.

Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Os candidatos da segunda edição Concurso Público Nacional Unificado (CPNU 2025) aprovados na primeira etapa do certame e classificados para a segunda etapa poderão conferir locais das provas discursivas a partir das 16h de segunda-feira (1º), no horário de Brasília.

A informação estará disponível no cartão de confirmação de inscrição que poderá ser acessado na página virtual do concurso, no site da Fundação Getúlio Vargas (FGV), banca examinadora do processo seletivo. Basta digitar o número do Cadastro de Pessoa Física (CPF) e senha da plataforma Gov.br.

A prova discursiva do concurso unificado será realizada em 7 de dezembro e será aplicada em 228 cidades, de todas as regiões do país, como ocorreu na primeira etapa, em 5 de outubro.

Cartão de confirmação

O documento do CNU 2025 é individual para cada um dos 42.499 candidatos aprovados e classificados nas provas objetivas do certame, realizadas em outubro.

A lista dos convocados pelo Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) foi divulgada em 12 de novembro e pode ser conferida  no site da FGV.

Os 42,5 mil candidatos terão, além da informação sobre os locais das provas discursivas, o número de inscrição, a data, a hora e o local de prova.  O documento ainda pode registrar se a pessoa inscrita tem direito a atendimento especializado ou tratamento pelo nome social, se for o caso.

Apesar de não ser obrigatório, o MGI e a FGV recomendam levar o cartão impresso no dia da realização da prova para facilitar a localização.

Prova discursiva

Para cargos de blocos temáticos de nível superior, a prova será formada por duas questões, valendo 22,5 pontos cada, totalizando 45 pontos. 

Para nível intermediário, a avaliação será composta por uma redação dissertativo-argumentativa, com valor total de 30 pontos.

Os textos deverão ter até 30 linhas e serão avaliados a partir de dois critérios:

  • conhecimentos específicos (50% da nota total para nível superior);
  • domínio da língua portuguesa (50% da nota para os cargos de nível superior e 100% para nível intermediário).

A prova deve ser escrita à mão, com caneta esferográfica azul ou preta, e somente o texto transcrito na folha definitiva será considerado para correção.

Horário das provas

Para cargos de nível superior, a prova discursiva será realizada das 13 horas às 16 horas, no horário de Brasília.

Já os candidatos a cargos de nível intermediário farão as provas em horário reduzido: das 13h às 15h.

Os portões serão fechados às 12h30, meia hora antes do início das discursivas.

CNU 2025

O chamado Enem dos Concursos oferece 3.652 vagas distribuídas em 32 órgãos do governo federal. Do total, 3.144 são para cargos de nível superior e as demais (508) são de nível intermediário.

O CNU também tem o objetivo de formar um banco de candidatos aprovados em lista de espera para cargos de níveis superior e intermediário.

O MGI informa que 2.480 vagas são de preenchimento imediato e as outras 1.172 vagas para provimento no curto prazo, após a homologação dos resultados​.

Os cargos serão agrupados em nove blocos temáticos. O MGI repetiu o modelo adotado na primeira edição do CNU, o de inscrição do candidato para diferentes cargos dentro do mesmo bloco, com definição de lista de preferência​ pelo próprio candidato.

(Fonte: Agência Brasil)

Mãe Beth de Oxum. Festival de Comunicação, Culturas e Jornalismo de Causas. Foto: Divulgação

O festival de música brasileira Sonora Brasil encerra sua 27ª edição na cidade de Paraty (RJ), com shows gratuitos até domingo (30). Reconhecida como Patrimônio Vivo em Pernambuco, a percussionista Mãe Beth de Oxum celebrou a ancestralidade negra e a diversidade cultural do país durante apresentação, na última quarta-feira (26), ao lado da cantora lírica Surama Ramos e do maestro e multi-instrumentista Henrique Albino.

Promovido pelo Sesc, o projeto Sonora Brasil percorre o país levando uma combinação de artistas ou grupos de diferentes tendências musicais que representam a diversidade regional da música brasileira. No biênio 2024-2025, circularam pelo Brasil dez dessas combinações de artistas, fruto de uma curadoria do Sesc. Eles apresentaram shows inéditos, misturando referências, estilos e instrumentos, nas cinco regiões do país.

“Os teatros lotados. As pessoas vinham para os shows da cultura popular. Essa é uma possibilidade da gente ‘desesconder’, descortinar nossa cultura, que é uma cultura secular. A zabumba que eu estava tocando ontem tem mais de 100 anos, foi dos bisavós. Isso é memória. Isso é a ancestralidade. No entanto, essa música não é vista, não é conhecida”, disse Mãe Beth de Oxum, em entrevista à Agência Brasil.

O show que resultou do encontro da dupla Surama e Henrique com Mãe Beth de Oxum e sua família levou o nome de Apejó, que significa “encontro” em Iorubá. “É o encontro da música de uma cantora lírica com um maestro e os tambores ancestrais da minha casa. É o encontro de uma mulher negra que vem da igreja - que já reconheceu todos seus valores a partir da universidade – comigo, uma mulher que me reconheço negra no terreiro”, contou Mãe Beth.

Junto da filha Alice Ialodê e do marido Mestre Quinho, Mãe Beth trouxe para o festival o coco de umbigada, uma manifestação do tradicional coco de roda, que ganhou novos arranjos e as vozes de Surama e Henrique. A dupla, por sua vez, trouxe composições próprias, que incorporaram a percussão do coco de umbigada.

Para Mãe Beth, o país precisa de projetos como esse, que possam mostrar a beleza, a força e a diversidade da cultura brasileira. “Principalmente a cultura negra, a cultura das tradições, dos terreiros de matriz africana e afro-indígenas no nosso país. E também trazer a música ancestral, a música da minha família, que é a música do coco de roda, [junto a] essa música contemporânea, da universidade, de orquestras, com os arranjos”.

“A gente, de fato, tem certeza que é uma sonoridade nova pernambucana, porque nunca houve uma mistura de coco de umbigada com música eletrônica e com harmonias. Então, a gente sabe que revolucionou nesse tempo de criação do nosso espetáculo Apejó”, celebrou Surama Ramos.

A cantora, que entre seus trabalhos tem um duo formado com Henrique Albino, disse que o encontro com Mãe Beth de Oxum surgiu como uma forma de se reconectar com sua ancestralidade.

“Tudo que eu não fui ensinada religiosamente na infância por uma família que me negou tudo de cultura afro-brasileira, Mãe Beth vem e me presenteia”.

Tempos e Territórios

Uma das responsáveis pelo festival e analista de música do Departamento Nacional do Sesc, Renata Pimenta explicou que o tema da edição deste ano – Encontros, tempos e territórios – teve o objetivo de reunir diferentes gerações de artistas e que dividissem o mesmo estado. 

“Os tempos diferentes que é a coisa das gerações. Mas o território, que foi o mais interessante, porque em alguns encontros a gente tem uma territorialidade completamente diferente, vindo da mesma cidade às vezes”, ressaltou Renata.

No evento de encerramento, em Paraty, houve, ainda, o lançamento da série documental Sonora Brasil – Encontros, Tempos e Territórios, produzida pelo SescTV. Cada episódio mostra um desses encontros de artistas que o projeto Sonora Brasil propiciou. Eles puderam contar um pouco da trajetória na música e o que os levou para o palco do festival. Os episódios da série estão disponíveis no Sesc Digital, com acesso gratuito.

“Em outros anos, a gente fez muito backstage [bastidores]. Esse ano, a gente quis fazer de uma maneira mais poética mesmo, [questionando] ‘o que te guia? O que te dá vontade de tocar? O que te liga com a música?’ No sentido de [entender] qual foi o caminho que [o artista] fez para chegar até aqui nesse palco”, disse Renata.

No biênio 2024-2025, período desta 27ª edição, foram mais de 300 apresentações musicais em cerca de 70 cidades do país. Ela contou que a logística na Região Norte do país foi um dos elementos desafiadores do projeto, mas transpor essa dificuldade é justamente um dos objetivos do festival.

“É difícil não citar o Norte nesse sentido de circulação, porque a gente vê na pele o quanto a nossa infraestrutura de transporte [no país] é complexa. É superdesafiador. Então, não tem muita gente fazendo”, disse Renata, acrescentando que, em um modelo de circuito comercial, esse projeto não existiria. “Ele existe numa lógica de uma empresa que é social e que valoriza a cultura”.

Para o multi-instrumentista Henrique Albino, viajar pelo Brasil se apresentando é uma das melhores coisas que existem enquanto artista.

“Porque o Brasil é um país tão diverso, tão gigantesco e parece que são vários Brasis que a gente vai conhecendo”.

“Quando a gente se apresenta nos lugares, a gente faz uma relação com o público, que foi uma das coisas mais incríveis. Todo mundo tem um pezinho em Olinda. Em todos os shows, a gente perguntava: ‘Alguém aqui já foi para Olinda?’ Sempre levantava a mão um monte de gente”, contou.

Em relação a desenvolver outros projetos em parceria com Mãe Beth, ele conta que já convidou a percussionista para interpretar e compor em seu novo disco. Além disso, eles pretendem gravar um disco do espetáculo montado especialmente para o Sonora Brasil, e que teve boa repercussão nas apresentações. “Agora, a gente colou e não descola mais, não”, disse.

Os shows de encerramento ocorrem no Sesc Caborê, em Paraty (RJ), até domingo (30), com entrada gratuita.

Sexta-feira (28/11)

18h – Exibição de episódio da série documental sobre Mestre Negoativo & Douglas Din (MG)

19h – Apresentação musical Mestre Negoativo (MG)

Sábado (29/11)

10h – Roda de conversa com artistas Manoel Cordeiro, Felipe Cordeiro e grupo Mundiá Carimbó

18h- Exibição de episódio da série documental sobre Geraldo Espíndola & Marcelo Loureiro (MS)

19h- Apresentação musical Geraldo Espíndola & Marcelo Loureiro (MS)

Domingo (30/11)

16h – Exibição de episódio da série documental sobre Manoel Cordeiro & Felipe Cordeiro (PA)

17h – Apresentação musical Manoel Cordeiro & Felipe Cordeiro (PA)

18h30 – Apresentação musical Mundiá com participação de Manoel Cordeiro (PA)

(Fonte: Agência Brasil)

Um espetáculo gratuito protagonizado por centenas de estudantes da rede municipal de ensino e que promete emocionar crianças e adultos em São Luís. Trata-se do Projeto Ópera para Todos, iniciativa que vai transformar a Praça Maria Aragão em um grande teatro ao ar livre no próximo domingo (30), a partir das 19h. 

O Ópera para Todos é um projeto com o objetivo de alfabetizar crianças utilizando a arte. O grande diferencial desta iniciativa, que possui o patrocínio da Equatorial Energia, por meio da Lei de Incentivo à Cultura do governo do Estado do Maranhão, e o apoio da Prefeitura de São Luís, é estimular a leitura e a escrita dos alunos a partir da ópera, desenvolvendo, ainda, o lado criativo e cultural das crianças. 

Nesta edição, o Ópera para Todos foi desenvolvido em quatro escolas municipais: Maria Alice Coutinho (Turu), José Sarney (Itapiracó), Luiz Pinho Rodrigues (Divineia) e Leonardo da Vinci (Angelim). São estes estudantes de 6 a 8 anos de idade que estarão no palco montado na Praça Maria Aragão no domingo encenando a ópera “Carmen” de Georges Bizet. 

“O Ópera para Todos é voltado para crianças de 6 a 8 anos porque ele é um projeto de alfabetização. A arte é utilizada para alfabetizar, que é um dos processos mais complexos da escolaridade. Por isso, usar o texto da ópera na escola motiva muito mais as crianças para aprender a ler e escrever”, explicou a educadora Ceres Murad, idealizadora e responsável pelo projeto que, em 2025, completa 28 anos de existência sendo um poderoso instrumento pedagógico capaz de alfabetizar. 

A ópera em sala de aula 

Dentro do desenvolvimento infantil, a alfabetização corresponde a uma das etapas mais importantes porque ela vai além do processo de ensinar uma criança a ler e escrever. De acordo com a Unesco, ela é “um processo de aquisição de habilidades cognitivas básicas” que prepara a criança a pensar, argumentar e interagir com o mundo ao seu redor. 

Para despertar o interesse das crianças no aprendizado, o Projeto Ópera para Todos utiliza os estudos de peças da música erudita. Os pequenos leitores são guiados por personagens fascinantes, enredos envolventes e melodias encantadoras. 

“Existe uma preocupação muito grande com a questão intelectual das crianças, com o que elas aprendem academicamente. No meio disso, cuidamos dos aspectos socioemocionais das crianças, a educação das emoções, dos sentimentos e do pensar, que não pode ser esquecida. Quando pensamos ou duvidamos se as crianças são capazes de pensar, de sentir e de refletir sobre os fatos da vida, o Projeto Ópera para Todos nos mostra que basta utilizar a arte para sensibilizar as crianças. Tudo isso colocado com emoção e com sentimento com a música, leva as crianças a refletirem profundamente”, revela Ceres Murad. 

Durante as atividades em sala de aula, os alunos produzem textos próprios com mais significado, ampliam sua visão de mundo e culminam seu aprendizado com a encenação da ópera estudada. 

“O Ópera para Todos é um projeto cultural, mas ele é um projeto de alfabetização porque na medida em que as crianças escrevem sobre os temas de cada ópera, elas atingem um nível de escrita muito grande. E, a cada ano, elas escrevem um livro recontando a história trabalhada em sala de aula. Além disso, elas ainda se apresentam em praça pública. Em 2025, a apresentação será da ópera Carmen no próximo dia 30 de novembro”, concluiu a educadora Ceres Murad. 

“Carmen” 

Em 2025, a ópera escolhida para ser trabalhada no processo de alfabetização dos estudantes foi “Carmen”. Na ópera de Georges Bizet, o soldado Don José se apaixona perdidamente pela sedutora cigana Carmen, abandonando tudo por ela. No entanto, Carmen se cansa de José e se envolve com o toureiro Escamillo. Tomado pelo ciúme e pela obsessão, Don José tenta reconquistá-la, mas ela o rejeita. A obra explora temas como liberdade, paixão e destino, com música vibrante e envolvente. 

Projeto premiado 

O Projeto Ópera para Todos é uma iniciativa que já faz parte do calendário cultural da capital maranhense. O uso de uma metodologia própria e revolucionária desenvolvida pela professora Ceres Murad tem o reconhecimento nacional. 

Em 2003, o projeto recebeu o Prêmio Darcy Ribeiro de Educação – a mais importante comenda concedida pela Câmara dos Deputados na área de Educação – por despertar o interesse de crianças de baixa renda pela leitura e escrita por meio da ópera. A iniciativa foi destaque por seu trabalho pioneiro na área da alfabetização que privilegia o envolvimento da literatura desde as primeiras classes da pré-escola.

Importante destacar, ainda, que o Ópera para Todos foi um dos projetos semifinalistas do Prêmio LED 2025 – Luz na Educação. A premiação nacional foi criada para valorizar iniciativas engajadas em inovar o setor educacional brasileiro promovendo transformações reais que acelerem novas formas de ensinar e aprender.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

– "[...] o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada".

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Há dez anos, em 28 de novembro de 2015, a Poesia maranhense e universal perdeu um Poeta maranhense e universal.

Na madrugada daquele dia, um sábado, Nauro Diniz Machado morreu.

Por mais que digam que poetas não morrem, isso é só uma liberdade... poética.

Poetas morrem, sim, embora possa não morrer a poesia de cada um, poesia que, paradoxalmente, com a morte de um poeta, até pode se tornar mais vívida e vivida.

Nauro Machado havia completado em 2015 seus exatos 80 anos de nascimento (em São Luís, dia 2 de agosto de 1935).

Se sua poesia era universal, o poeta era provinciano, isto é, gostava de ficar, de permanecer em sua cidade natal, dela só se afastando para raras incursões fora do estado.

Desde a década de 1970 que conheço Nauro. Conheci-o por intermédio do jornalista e escritor teresinense-caxiense Vítor Gonçalves Neto: eu escrevia, adolescente, uma página literária no jornal "O Pioneiro", de Caxias, dirigido pelo Vítor (falecido há 36 anos, em 1989). 

Em Caxias, Imperatriz e São Luís reencontrei Nauro Machado em momentos fortuitos. Apenas uma vez combinamos um encontro, um almoço, momento que juntos partilhamos em Imperatriz.

Tenho e mantenho dele boa imagem como pessoa, agradável e sem "intelectualismos" nas conversas que (man)tivemos, bem humorado, apesar da gravidade do rosto nas fotos.

Chego a dizer que, pelo menos nos momentos comuns que dividimos, Nauro Machado era um sujeito muito simples. Claro que, aqui e acolá, se a conversa descambava para algo mais, digamos, sofisticado em termos de Literatura, ali estava o literato à altura.

Sua obra, então, nem se fala: mentes mais competentes dela já falaram e vêm falando, analisando, avaliando... com as melhores notas.

Se Nauro era ou parecia ser um sujeito comum, sua obra, não.

Nauro, filho de "seu" Torquato e dona Maria de Lourdes, marido de Arlete (escritora de ótimas obras), homem versado nas Artes e na Filosofia, partiu há dez anos para o desvelamento do mistério pós-morte.

Em verso não metrificado, Nauro media-se a si mesmo, ao dizer que estava ocupando...

...  "o espaço que não é meu, mas do universo",...

... "espaço do tamanho do meu corpo aqui, enchendo inúteis quilos de um metro e setenta e dois centímetros [...]".

Nesse poema "do ofício", Nauro menciona aqueles que o...

... "mandam pro inferno, se inferno houvesse pior que este inumano existir burocrático".

Também ouve ou identifica "o escárnio da minha província" e vaticina (pois que é um vate...) que...

... "o mundo restará o mesmo sem minha quota de angústia e sem minha parcela de nada".

Liberdades poéticas e sensibilidades literárias à parte, claro que Nauro Machado era, com Ferreira Gullar e José Salgado Maranhão, a grande referência maranhense contemporânea além-Maranhão na difícil arte da grande "ars poetica".

Claro que seu espaço ia além, muito além, dos autocentimetrados 172 centímetros.

Claro que o inferno não é uma escolha nem lugar para onde se mande, se ele existir  –  como o verso nauriano se permitiu duvidar.

Claro que não há escárnio –  só ex-carne.

E claro que o mundo e a Vida continuarão sem Nauro –  pois é do mundo e da Vida continuarem, ainda que sem um ser que sabia observá-los,...

... sabia absorvê-los...

... e sabia (re)pintá-los com originais pinceladas de letras.  (EDMILSON SANCHES)

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OPINIÕES (novembro/2018)

"Nauro Machado, um gênio da poesia brasileira. O texto ficou excelente, Sanches." (PAULO RODRIGUES, professor e poeta caxiense, residente em Santa Inês-MA, 1º presidente da Academia de Letras de Santa Inês).

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"Texto excelente e, como sempre, merecida, atenta lembrança e oportuno registro do valor de honoráveis personagens da vida e história da nossa terra." (NESTOR ARAUJO MORAIS VIEIRA, advogado maranhense, residente em Boa Vista-RR).

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"O Maranhão da nossa poesia referencial pode muito bem ser batizado de NAURANHÃO. Um poeta imenso." (CARVALHO JUNIOR, professor, gestor escolar, poeta e ativista cultural maranhense, de Caxias. Falecido em 30/3/2021).

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"Perdi um irmão, e o Maranhão, o seu maior poeta do século XX". "Edmilson Sanches, Nauro, filho de Torquato e Maria, marido de Arlete e pai de Fred [o grande cineasta]". (FERNANDO BRAGA, advogado e escritor maranhense, residente em Brasília-DF. Falecido em 11/3/2022).

* EDMILSON SANCHES

Foto:

O poeta maranhense Nauro Machado

A Superliga Masculina de Vôlei 2025/26, uma das principais competições esportivas do Brasil e considerada uma das ligas mais fortes da modalidade no mundo, terá um jogo histórico no próximo dia 8 de dezembro, às 20h, no Ginásio Castelinho, em São Luís. Praia Clube-MG e Vôlei Renata-SP medirão forças na capital maranhense pela 9ª rodada da fase classificatória, em um confronto direto pela liderança da competição nacional. O duelo reunirá campeões olímpicos como Bruninho e Maurício Borges, além de outros grandes nomes do vôlei nacional com passagens pela Seleção Brasileira como o central Isac, o central Judson e o ponteiro Adriano. As entradas para a partida da Superliga Masculina em São Luís já estão à venda, com destaque para as opções do ingresso solidário nos setores Prata, Ouro e Experiência Quadra, que proporciona um momento único para os torcedores maranhenses apaixonados por vôlei.

O ingresso solidário para o jogo entre Vôlei Renata e Praia Clube em São Luís conta com um desconto de praticamente 50% do valor em relação ao ingresso inteiro, o que torna essa entrada uma ótima opção para os torcedores maranhenses. Para validar esse ingresso, o torcedor terá que entregar 2kg de alimento não perecível na entrada do Ginásio Castelinho.

O setor Experiência em Quadra, por sua vez, é uma área especial no Ginásio Castelinho, com serviços de open bar de água, sucos e refrigerantes, além de open food com salgadinhos, bolos e lanches. Além de toda essa comodidade, os torcedores vão poder acompanhar a partida da Superliga Masculina na beira da quadra, vibrando bem de perto por seus ídolos.

Além disso, o jogo entre Vôlei Renata e Praia Clube terá as meias-entradas válidas por lei para estudantes, professores, idosos, policiais militares, bombeiros, doadores de sangue e PCDs, cujos acompanhantes também têm direito ao ingresso com 50% de desconto em relação ao valor integral.

Os ingressos para o duelo entre Praia Clube e Vôlei Renata no Ginásio Castelinho estão sendo comercializados no site e no app Banca do Ingresso. A venda física, por sua vez, ocorre na sede da Federação Maranhense de Vôlei (FMV), que fica localizada na Arena Domingos Leal, na Lagoa da Jansen, em São Luís.

Disputa pela liderança

Além de toda a emoção e a experiência de presenciar um jogo da Superliga Masculina no Ginásio Castelinho, os fãs maranhenses de vôlei terão o privilégio de acompanhar um confronto direto pela liderança da fase classificatória da competição nacional, com duas equipes que são fortes candidatas ao título da temporada 2025/26.

O Praia Clube é o líder isolado da Superliga Masculina 2025/26, onde está invicto com nove vitórias consecutivas e soma 23 pontos. Comandada por Fabiano Ribeiro, o Magoo, a equipe de Uberlândia conta com nomes como o central Isac, que já disputou duas Olimpíadas pela Seleção Brasileira, e o oposto Franco, segundo maior pontuador da Superliga até o momento. Além disso, o central Wennder e os ponteiros Paulo Vinicios e Lucas Lóh também figuram como peças importantes do Praia.

Já o Vôlei Renata, que tem o argentino Horacio Dileo como treinador, está na terceira posição da Superliga Masculina 2025/26, com 20 pontos e sete vitórias em oito jogos, um a menos em relação ao vice-líder Sada Cruzeiro. O time de Campinas é liderado pelos experientes Bruninho e Maurício Borges, campeões olímpicos pela Seleção Brasileira, e também tem o central Judson, o ponteiro Adriano e o oposto Bruno Lima como destaques.

Outras informações sobre o jogo entre Praia Clube e Vôlei Renata no Ginásio Castelinho estão disponíveis no Instagram oficial do evento (@superliganomaranhao).

VALORES DOS INGRESSOS PARA PRAIA CLUBE X VÔLEI RENATA EM SÃO LUÍS

Cadeira Prata

Meia-entrada: R$ 60

Solidário: R$ 70 + 2kg de alimento

Inteira: R$ 120

Cadeira Ouro

Meia-entrada: R$ 120

Solidário: R$ 130 + 2kg de alimento

Inteira: R$ 240

Experiência Quadra

Meia-entrada: R$ 250

Solidário: R$ 300 + 2kg de alimento

Inteira: R$ 500 

POSTOS DE VENDA

- Banca do Ingresso (site e app)

- Sede da FMV (Arena Domingos Leal) / Segunda-feira: 14h às 18h - Terça a sexta: 9h às 12h / 14h às 18h

(Fonte: Assessoria de imprensa) 

– Convidado, Edmilson Sanches fará a palestra dia 2 de dezembro, no Ideal Clube, na capital cearense

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Com a presença de representativos nomes do mundo cultural, político e acadêmico cearense e convidados, será realizada dia 2 de dezembro (terça-feira), às 19h, no Ideal Clube, em Fortaleza (CE), a solenidade que marcará os 40 anos da Associação Brasileira de Bibliófilos (ABBi), com cerimônias de posses e de entrega de distinções e a palestra magna "LIVROS E GENTES, FATOS E AMBIENTES: DOS VÍNCULOS, INTERSEÇÕES E PROXIMIDADES ENTRE MARANHÃO E CEARÁ", cujo palestrante convidado é o administrador, jornalista e escritor Edmilson Sanches. No encontro anual de 2024, Sanches havia feito a palestra com o tema "O Livro e o Desenvolvimento", com grande repercussão positiva entre os assistentes.

Na nova palestra, o intelectual maranhense mostrará pontos de aproximação e de união entre Maranhão e Ceará, desde os anos iniciais do século XVII. Dirá o quanto os dois Estados têm historicamente sido receptivos um em relação ao outro, sejam os cearenses lutando em conflitos armados regionais maranhenses, sejam maranhenses auxiliando na luta dos cearenses contra as secas. Também, os muitos exemplos de mútuo apoio e consideração entre representantes do mundo intelectual e político-administrativo do Maranhão e do Ceará, entre outros (bons) exemplos, como o caso de o Maranhão e o Ceará já terem formado uma só unidade geopolítica, um só território.

Nascido em Caxias (MA), mesma cidade de Gonçalves Dias, Coelho Netto e outros talentos, Edmilson Sanches formou considerável rede de amizades e de referências no Ceará, onde residiu por anos em Fortaleza, quando foi responsável pela Comunicação Interna e, em Fortaleza e Brasília, Assessor da Presidência do Banco do Nordeste do Brasil, a maior instituição financeira federal de desenvolvimento regional da América Latina.

Imagens:

A logomarca e a revista da ABBi e a sede do Ideal Clube, no bairro Meireles, em Fortaleza.

O movimento Ocupa Dops promove um ato público em frente ao antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) no Rio, para marcar o Dia Internacional de Combate à Tortura (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

A antiga sede do Departamento de Ordem Política e Social (Dops), no Centro do Rio de Janeiro, foi tombada, nessa quarta-feira (26), pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A decisão considerou o valor arquitetônico do imóvel, de estilo eclético e inspiração francesa, assim como o fato de o edifício ter servido a práticas de repressão política e tortura, em diferentes momentos da história do país.

Com o tombamento, a expectativa de movimentos sociais e do Ministério Público Federal (MPF) é transformar o local em um memorial às vítimas.

O primeiro pedido de tombamento do Dops foi feito em 2001, pela Associação de Amigos do Museu da Polícia Civil, com a intenção de preservar o monumento arquitetônico. Mas a solicitação caminhou a passos lentos. Em 2025, acionado pelo MPF, o Iphan concluiu o processo, endossado também por organizações da sociedade civil. As entidades veem o prédio como símbolo da violência do Estado.

A decisão do Iphan ocorre um dia após a prisão de dois generais condenados por tentativa de golpe de Estado em 2023 e traz um impacto simbólico.

"Por cerca de 40 anos nós lutamos para que o Dops, no Rio de Janeiro, fosse transformado em um local de memória", disse a ex-presa política Cecília Coimbra, uma das fundadoras do Grupo Tortura Nunca Mais.

Para ela, a medida "é um primeiro passo para uma política efetiva de memória".

Durante os anos de repressão, uma série de ativistas políticos passaram pela instituição. Entre eles, Nise da Silveira, Abdias Nascimento e Olga Benário -- enviada a campos de concentração nazistas na Alemanha --  na ditadura do governo de Getulio Vargas, entre 1937 e 1945, assim como Dulce Pandolfi, na ditadura civil-empresarial-militar, entre 1964 e 1985. Nesses períodos, de acordo com o Iphan, o local se transformou em um palco de prisões, interrogatórios e torturas que marcaram a história.

"Destacamos a Dulce, cujo relato da sua passagem pelo Dops está no dossiê, como forma de, em seu nome, homenagear outros historiadores que sofreram [com a ditadura], mas que dedicaram a vida a denunciar as violências que esse prédio testemunha e ajuda a contar", disse o diretor do Iphan, Andrey Schlee. Ele apresentou o processo no conselho para o tombamento do bem.

O Dops é o primeiro bem reconhecido como lugar de memória traumática pelo Iphan. De acordo com o relator do processo, o historiador José Ricardo Oriá Fernandes, o tombamento atende a determinação do MPF, da Comissão da Verdade, promove direitos humanos e contribui para se contrapor a discursos negacionistas que tentam omitir ou abrandar o passado.

"Também enseja que outros bens ligados a ditadura possam receber o mesmo tratamento", afirmou.

Estão nesta fila, o Doi-codi, no Rio; a Casa da Morte, em Petrópolis (RJ); e o Casarão 600, em Porto Alegre, todos utilizados pela ditadura militar no país.

Arquitetura de vigilância

O palacete do Dops no Rio foi erguido para sediar a Polícia Federal à época, com as mais modernas tecnologias de vigilância, como isolamento acústico, e em estrutura panóptica, que permite a observação de prisioneiros em suas celas. Mas o edifício também se destaca por detalhes ornamentais, como molduras decoradas, vitrais, balaustradas e cúpula cilíndrica.

Por má conservação, no entanto, a edificação, que desde a transferência da capital para Brasília foi cedida à Polícia Civil do Rio, entrou em estado de deterioração a partir de 2009.

Antes, chegou a abrigar o embrião do Museu da Polícia Civil.

Do local, mal acondicionado, foi resgatado o acervo da Coleção Nosso Sagrado. Foram retirados de lá mais de 500 objetos de religiões de matriz africana, apreendidos pela polícia fluminense entre 1889 e 1964, hoje sob a guarda de lideranças religiosas e do Museu da República, que é federal, após ampla campanha.

A partir do reconhecimento do instituto, o prédio do Dops, que fica na Rua da Relação 40, passa a integrar um conjunto de bens destinados a preservar e revelar marcas das lutas em defesa da democracia.

Não poderá ser alterado, deve ser restaurado e gerido pelo governo federal, com a sociedade civil, segundo recomendação do Iphan.

O presidente do órgão, Leandro Grass, disse que o reconhecimento preserva a memória dos anos de ditadura e repara as vítimas. "Esse ato homenageia aqueles que foram torturados, perseguidos, mortos ou desparecidos por lutarem pela liberdade", afirmou.

"Ao torná-lo patrimônio, contribuímos para que as gerações presentes e futuras não repitam esses erros".

Presente na cerimônia do tombamento, em Brasília, o pastor e deputado federal Henrique Vieira (PSOL-RJ), disse também que a medida é uma forma de enfrentar a violência do Estado. "O apagamento e o esquecimento contribuem para a atualização de mecanismos autoritários", disse. "Lembrar é uma forma de amadurecer a democracia e os direitos humanos", pontuou.

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 26/12/2025 - Fundação Casa de Rui Barbosa estreia Festa Literária no Rio de Janeiro. Foto: Fundação Casa de Rui Barbosa/Divulgação

A Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) apresenta a primeira edição da Festa Literária (FliRui), que será realizada de 28 a 30 de novembro, no casarão em Botafogo. A programação é diversa e inclui literatura, música, teatro, debates, oficinas e outras atividades gratuitas. 

O festival conta com a presença de nomes importantes do setor cultural e político do Brasil, como a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a ministra do Supremo Tribunal Federal Cármen Lúcia, a cantora Maria Bethânia, o músico Lirinha e os escritores Ailton Krenak, Ana Paula Tavares e Ondjaki.

Com o tema  “Literatura e Democracia”, a primeira edição da FliRui espera, segundo a organização, estimular no público o pensamento crítico e participação na vida social. 

“Atualizar mais os debates, ativar mais esse arquivo, democratizar mais o acesso a esse acervo e fazer também com que a própria população da cidade tenha mais acesso à Fundação Casa de Rui Barbosa como um todo. Essa foi a origem do projeto”, conta a curadora do evento e chefe do Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da FCRB, Maria de Andrade. 

Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, celebrar a FliRui é afirmar que a literatura e a democracia caminham juntas.

“Esse é o papel do Ministério da Cultura,  valorizar nossos criadores, preservar nossos patrimônios e ampliar o acesso à leitura para todas e todos”, disse. 

Uma das novidades apresentadas é a doação inédita de livros dos escritores indígenas Daniel Munduruku, Eliane Potiguara e Márcia Kambeba. Pela primeira vez, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira vai oficialmente incorporar obras literárias de autores indígenas. 

Entre os 154 titulares do arquivo, não havia nenhum escritor indígena. Segundo Andrade, “a literatura indígena é uma literatura já consolidada, então essa era uma ausência muito sentida no arquivo”. 

Rio Capital Mundial do Livro

A cidade do Rio de Janeiro foi eleita em 2025 a Capital Mundial do Livro pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Anualmente, a organização escolhe uma representante, e a cidade foi a primeira de língua portuguesa a receber o título. 

Com isso, a capital fluminense tem a missão de fomentar e coordenar eventos ligados à literatura, e a FCRB espera que a FliRui entre para o calendário de eventos literários anuais da cidade. 

Segundo Alexandre Santini, presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, “realizar a primeira edição da FliRui no ano em que o Rio é a Capital Mundial do Livro da Unesco é celebrar a imaginação criativa e a natureza lúdica do fazer literário”. 

(Fonte: Agência Brasil)

Na tarde dessa quarta-feira, 24/11/2020, os Correios entregaram-me – finalmente! – o exemplar da mais recente obra do zeloso professor, pesquisador, historiador, escritor e acadêmico maranhense Antonio Guimarães de Oliveira. A gentil dedicatória, em letra redonda e firme, é datada de 11 de novembro, o que sugere imediatidade do Autor em me enviar sua obra desde o instante em que recebeu os exemplares impressos, prontos e acabados, sob o selo editorial da Viegas Editora, de São Luís (MA).

Para quem tem sensibilidade livreira, bibliológica, bibliofílica, o livro é o mais charmoso e simbólico produto de documentação e disseminação de conteúdos, de formação de pessoas e fixação de identidade cultural de uma dada sociedade. Além do mais, para um autor, é mágico o momento do receber, apalpar e manusear os livros que tão suada e sacrificadamente escreveu e lhes contratou a impressão. Assim, compreendo, empática e enfaticamente, a entusiasmada manifestação do Antonio Guimarães de Oliveira quando, em mensagem de áudio, disse repetidamente o quanto seu livro era “lindo”.

Sim, o conteúdo efetivamente recebeu adequada forma. As mais de 320 páginas do livro “Pêndulos & Fiéis” respeitaram a contenção, a “claridade”, o aspecto “clean” dos pequenos e reflexivos textos em prosa. As características físicas da obra são de uma sofisticada simplicidade, a partir da capa, da imagem que a ilustra à família tipológica com que se escreveu/inscreveu o título, além do igualmente contido e fino traço da fonte de letras com que o Autor, discretamente, assina esse seu décimo-segundo filho de papel e tinta.

Conheci o Antonio Guimarães em São Luís, há uns cinco anos. Encontramo-nos em espaçosa e rica livraria de um “shopping” ludovicense, para onde eu fora convidado a fazer uma palestra. Por saudável coincidência, também estava por lá um dos mais renomados professores salvadorenses, o historiador, pesquisador, pedagogo e escritor Luiz Américo Ribeiro Júnior, o primeiro baiano a ministrar aulas sobre Música Popular Brasileira em universidade, autor de “Marchas Brasileiras”, obra monumental em dois volumes, compreendendo o período 1927 a 1940, acompanhada de dois CDs resultado de um apurado e acurado trabalho de resgate, recuperação e replicação de áudios musicais originais. (Após retornar para Salvador, Luiz Américo enviou-me esse esmero bibliográfico-histórico-musical, com dedicatória e tudo).

Em São Luís, Antonio Guimarães, Luiz Américo e eu deitamos conversas(s) como se fôssemos velhos amigos velhos  -  coisa que só a Cultura (e a cachaça...) podem fazer.

Quem lê e vê os livros de Antonio Guimarães de Oliveira (pois que ele tem livros de grande formato, que, além dos textos, reproduzem grandes e históricas ilustrações, imagens, fotos) já pode intuir, fazer um bosquejo da figura intelectual desse Autor: o homem educado, o professor dedicado, o historiador preocupado, o pesquisador aplicado, o escritor abnegado, o maranhense devotado às causas e cousas de sua terra.

Se esta terra que é dele e nossa lhe oferecer ao menos as mínimas condições (perdoe-se a ênfase), verá brotar do horto antoniano muitos e bons frutos bibliográficos  -  os originais dos livros estão prontos e/ou praticamente prontos na mesa e na mente desse produtivo arqueólogo do saber histórico-cultural maranhense.

Para os anteriores trabalhos de, digamos, mais fôlego de Antonio Guimarães, esse “Pêndulos & Fiéis” parece “divertissement”, com seus textos de contadas e contidas palavras e inumeráveis e incontidas dimensões.

Convidado pelo Autor escrevi um “compte rendu”, um breve relato do lido e sentido, algumas palavras às quais Antonio Guimarães emprestou valor, a ponto de considerá-las apropriadas para um prefácio  -  tal é a lhaneza e fidalguia desse colega escritor e meu confrade no Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão.

Assim, sem mais delonga, eis o prefácio ao livro “Pêndulos & Fiéis”, de Antonio Guimarães de Oliveira, 324 páginas, primorosa obra impressa em setembro de 2020, em papel-pólen, com texto de orelha de Kalynna Dacol e preâmbulo de José Kleber Neves Sobrinho, ambos professores.

Êxito, Antonio.

EDMILSON SANCHES

(Escrito em 26/11/2020)

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PÊNDULOS & FIÉIS

(Prefácio ao livro de mesmo título, de Antonio Guimarães de Oliveira)

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Textos filosóficos, reflexivos, meditativos, não vêm de um apertar de botão. Exigem tempo, renúncia – longo pensar, longo penar.  Querem o autor só pra si, pois a escrita é amante exigente.

Não se engane o leitor: os textos deste livro são curtos, mas seu alcance é extenso. Poucas palavras, muitas “ideias”.

Não sei o porquê, ou sei, mas à medida que lia “Pêndulos & Fiéis” sinapses ocorriam e faziam pontos de contato com leituras anteriores, como “A Arte da Prudência”, de Baltasar Gracián, e “A Fuga do Perfume”, obra do próprio Antonio Guimarães de Oliveira, publicada em 2008. Claro, não há nos textos do autor maranhense a pletora de elipses do (re)conhecido escritor e jesuíta espanhol do século 17.

E do que trata este livro? À maneira da divisa do Conde de Mirandola, arriscaríamos que aqui se cuida de todas as coisas sabíveis, sentíveis... e mais algumas.

Este mais recente trabalho do infatigável Antonio Guimarães de Oliveira (já são onze obras de porte publicadas e mais de vinte a saírem) passeia pensamentos, pendular e fielmente, pelos caminhos da vida e da morte, do saber e da ignorância, privilégios e carências, luz e trevas, verdade(s) e mentira(s) “y otras cositas más” – o absinto e o absurdo, os diálogos com borboletas e mariposas, morcegos e lagartas (em seus nomes científicos latinos, dados por Lineu)...

Os títulos dos textos antonianos têm aparência e consistência de títulos de livros. Neles sobressai o uso dos substantivos “poeta”, “poesia” – pelo menos 66 dos 134 textos têm essas palavras no título. Em grego, de onde se origina, “poeta” significa “autor”, aquele que faz, que cria, constrói.

Criar é fazer um pouco o papel de Deus. Os antigos helenos punham o ato da composição poética no mesmo grau de dificuldade da construção de um navio, do levantamento de um prédio, da elaboração de um perfume. Antonio Guimarães de Oliveira, não importa se com afago ou puxão de orelha, bem que considera os engenheiros da palavra, construtores do verbo e, em essência, perfumistas de (novos) sentidos. Como escreve ele aqui, clara e popularmente: “Quem não gosta de poesia, não tem alma”, ou “A vida sem poesia perde a graça”.

A economia vocabular, a concisão frasal, a concentração semântica em textos breves é o que está posto para o leitor, que terá de, com seus conteúdos, fazer nascer o significado do texto a partir do sentido com que ele, leitor, o engravidou.

Eis aqui, portanto, um livro de  - e para -  muitas leituras. Ora uma coisa, ora outra  -  pêndulo. Ora um sentido preciso, um ponto fixo  -  fiel.

Para os que adoram escritas cartesianas, lineares, retilíneas, autoexplicáveis, unidimensionais, advirta-se: os textos de “Pêndulos & Fiéis” nem sempre desabrocharão seu(s) sentido(s) ao primeiro ataque dos olhos. Nem sempre se desvelarão ao primeiro roçar dos dedos pelas páginas. Não haverá amor à primeira vista...

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“Pêndulos & Fiéis”, décima-segunda obra de Antonio Guimarães de Oliveira.

Aqui, rediga-se, nem sempre a leitura será fácil...

... mas, por outro lado, ela sempre será útil.

* EDMILSON SANCHES

Foto:

O autor e sua obra.

Rio de Janeiro (RJ), 25/11/2025 - Uso de IA entre alunos e professores do ensino médio exige protocolos e políticas de segurança. Foto: Ana/Cetic.br

Estudo qualitativo “Inteligência Artificial na Educação: usos, oportunidades e riscos no cenário brasileiro”, realizado pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br), com alunos e professores do ensino  médio de escolas públicas e privadas das capitais de São Paulo e Pernambuco, encontrou um universo de uso indiscriminado dessa nova tecnologia. Pesquisa anterior (TIC Educação), divulgada em setembro pelo Cetic.br, já havia apontado ampla adoção da IA no ambiente escolar brasileiro, com 70% dos alunos do ensino médio, cerca de 5,2 milhões de estudantes, e 58% dos professores utilizando ferramentas de IA generativa em atividades escolares.

“Um uso quase selvagem, porque eles usam para tudo, desde pesquisar uma palavra, até entender uma dor que estão sentindo, receita, lembrete, para várias atividades escolares, anotações, para fazer resumo, para realizar tarefas inteiras, até para suporte emocional. Eles falam bastante disso também, que usam como terapeuta, como conselheiro. Enfim, um uso bastante diverso e amplo do ponto de vista dos alunos”, disse à Agência Brasil a coordenadora da pesquisa, Graziela Castello. O trabalho de campo do estudo foi efetuado entre os meses de junho e agosto de 2025. O resultado foi divulgado nesta terça-feira (25), no seminário INOVA IA 2025, realizado no Rio de Janeiro.

Também os professores já fazem uso bastante intenso da IA generativa para preparar aula, para ter como apoio a atividades pedagógicas. Segundo Graziela, o que há de convergente entre os dois grupos é que ambos estão fazendo esse uso sem nenhuma mediação, sem orientação, sem supervisão ou regramento dado pelas escolas ou por outras instituições.

“E eles querem informação, querem saber como usar de maneira ética, segura, sem riscos”. Ou seja, o uso é muito intenso, mas ainda nada orientado e muito por conta própria.

De acordo com o estudo, a solução passa pela necessidade de acelerar o processo em termos de regimento, protocolos e políticas que estabeleçam, minimamente, uma baliza para uma visão mais segura, acompanhada de ações com escala que capacitem professores e alunos. Daí a necessidade de investir em formação, mas também em regulação, como uma maneira de dar normas e orientações para que as pessoas, nesse primeiro momento, saibam como fazer e o que não fazer e ter um pouco mais clareza para começar a navegar nesse universo, indicou a coordenadora.

Riscos

Graziela Castello explicou que, ao contrário do que aconteceu com a internet, que já entrou na vida das pessoas de uma maneira muito acelerada, “a IA entrou chutando a porta. Entrou e eles (alunos e professores) usam, e usam mesmo, mas também reconhecem os riscos desse uso”.

O estudo revela que apesar de utilizarem muito a IA, os alunos têm medo de desaprender, de “emburrecer” com o uso dessas tecnologias. Têm medo de ficarem dependentes, de não conseguirem criar ou de exercer a criatividade, de perderem a identidade.

“(Medo) de que, agora, o processo fique tão pasteurizado que eles percam a nuance daquilo que são”. Eles são entusiastas da IA, mas têm consciência, têm receio e pedem informação. Graziela destacou que essas são notícias importantes para os gestores públicos sobre a urgência em estabelecer políticas e ações que ajudem a orientar esse uso de um jeito proveitoso e oportuno. “E tentando minimizar os riscos, que não são poucos”.

Do mesmo modo, os professores também já fazem uso da IA generativa, principalmente como suporte para atividades cotidianas.

“Eles reconhecem que tem um potencial forte para redução de tarefas repetitivas, como suporte para conseguir ter outros recursos, atividades mais alternativas, inclusive para gradações de tarefas. Tem um potencial de tentar customizar atividades para os perfis dos alunos”.

Estudantes com diferentes níveis de aprendizado podem ter acesso a diferentes atividades propostas. Alunos com deficiência, por exemplo, poderiam ter acesso a materiais mais elaborados para aquilo que for conveniente para eles. A pesquisa evidencia que os professores também fazem isso de maneira experimental e por conta própria, sem muita orientação, e também querem informação sobre como usar e em que momento da escola.

Os educadores sabem que os alunos estão usando a IA, mas não sabem como mediar esse uso e, portanto, ficam sem ação. Os professores se mostraram muito preocupados porque sabem que os alunos fazem uso da IA de maneira autônoma, não conseguiram relatar benefícios neste momento e se preocupam muito com o uso que estão vendo. Para os educadores, essa utilização da IA pelos estudantes tem limitado sua capacidade de aprendizado, eles têm piorado na capacidade de fazer redação e na linguagem inclusive, além do uso como suporte emocional, que eles têm visto no dia a dia, de maneira frequente.

“Eles querem informação. Acham que a escola é lugar para formação de alunos e professores, mas também se sentem sobrecarregados. Eles também problematizam isso: quem deveria dar essa informação e em que condições”, explicou.

Desigualdades

A pesquisa apurou diferenças também entre alunos de escolas públicas e privadas no uso da IA. O que existe de diferença mais fundamental são as desigualdades de acesso à infraestrutura, que já são anteriores à vinda da IA. Alunos de escolas privadas têm acesso a outros equipamentos, como computador em casa, o que torna o uso da IA mais proveitoso. Já se o aluno está restrito ao celular, tem muito mais dificuldade de operar essas ferramentas. Com o conteúdo sendo pago ou gratuito, isso já representa mais uma camada adicional de desigualdade, disse a coordenadora da pesquisa. Com o serviço pago, há possibilidade de se fazer usos mais oportunos.

“Fundamentalmente, você tem ainda a reprodução de desigualdades em infraestrutura digital que vão ampliar, se não forem contornadas, ainda mais essa desigualdade de oportunidades entre escolas públicas e privadas”.

A adoção segura dessa tecnologia e a construção de políticas públicas para orientar o uso da IA têm de ter como precedente o letramento, ou seja, orientação para alunos e professores sobre como funciona essas ferramentas.

“Acho que a primeira fase é dar letramento, conhecimento para a população como um todo sobre o que significa essa tecnologia, como ela é construída, quem detém esses dados hoje em dia, quem são os donos das informações”.

Outra preocupação importante é saber se esses dados, as ferramentas de IA, são adaptáveis ao contexto brasileiro. Algumas perguntas são: Será que ao trabalhar com os estudantes não estamos dando dados do contexto de outros países? Será que a gente tem tecnologia própria que garanta que estamos sendo fidedignos aos problemas internos do Brasil?

“Tem uma série de enfrentamentos que têm de ser feitos simultaneamente. A questão é que a coisa (IA) entrou com uma velocidade e a gente vai ter que trocar a roda do carro com ele andando”, apontou Graziela Castello.

Outras questões de destaque visam a criação de um pensamento crítico, como os estudantes podem checar as informações que recebem. Eles entendem que há erros factuais, expressões preconceituosas e negativas, que não conseguem gerenciar. Esse é um outro ponto de atenção: saber como desenvolver essa habilidade técnica, as possibilidades dessa ferramenta sem redução da capacidade criativa dos alunos, Mas é o enfrentamento que permite se avançar na discussão de construção de um pensamento crítico, a fim de que não se reproduzam possíveis erros e vieses que vêm dessas tecnologias, analisou a coordenadora da pesquisa. 

(Fonte: Agência Brasil)