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Homens & gatos, queijos e ratos*

Do teto da casa
morrendo em desejo
um rato raquítico
espreita “seu” queijo.

E chega a noite fria,
e o tal rato – coitado –
desce rumo ao “seu” queijo
– prato tão desejado...

Já lá no chão batido
olha pra todo lado
e ruma rumo ao queijo
– prato tão desejado...

Passos ressoam na cozinha
e o rato recua de lado.
Vê passar a menininha
... indo ao prato desejado!

A graciosa garotinha
sobe a cadeira em sacolejo
e, sob o olhar do roto rato,
pega o tão cobiçado queijo!

Sem força, com fome, o rato
não vê o gato de tocaia.
(Foi morto e inda perdeu o queijo
para a menina de saia.)

Além da cena daninha,
na sala, em jogo entusiástico,
brincam duas meninazinhas
com oco queijo... de plástico.

* EDMILSON SANCHES (poema da década de 1970)