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O Puro Longe*

A vida é mais lírica em um cais
porque ele é feito
de saudade e esperas.

Estou só no tombadilho
de meu barco,
que rasga as franjas das águas
em rumo do puro longe.

Nada há em meu redor,
a não ser um rondó
de expectativas...

O puro longe, para onde vou,
não é apenas
um poema marítimo,
mas uma ode silenciosa.

Oh! Peso imenso!

Ó mar sem fundo nem margens,
onde nada acho de mim,
senão nada em tudo!

* Fernando Braga, in “O Puro Longe”, Caldas Novas, 2012.