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Há nove anos… ABÍLIO MARANHÃO*

Abílio Maranhão e a esposa, Carmen.

Parece que foi ontem que, no Rio de Janeiro (RJ), o aeronauta, advogado e escritor José Herênio e eu conversávamos sobre o Abílio Maranhão, até pelo aniversário de cem anos de vida, em 13 de abril de 2011.

Menos de seis meses após seu centenário, em 10 de outubro de 2011, o carolinense Abílio Maranhão Gonçalves saiu da imortalidade estatutária das academias para a imortalidade eterna dos céus.

Na época, apresentei pêsames à família e sentimentos de solidariedade ao casal amigo José Herênio e Sophia, por aqueles momentos de pesar, dor, luto e saudade. De José Herênio recebi a seguinte notícia:

“ACABA DE FALECER EM GOIÂNIA, AOS 100 ANOS E 6 MESES DE IDADE, O GRANDE IRMÃO E BENFEITOR COMUM DOUTOR ABÍLIO MARANHÃO GONÇALVES. POR SUA VIDA COMO MÉDICO INCANSÁVEL E PELA ABNEGAÇÃO COM QUE SE HOUVE EM FAVOR DA ESPÉCIE, OS RIBEIRINHOS DA REGIÃO TOCANTINA E OS AMAZÕNIDAS DE TODOS OS TEMPOS – RECONHECIDOS E EM PRECES – ROGAM A DEUS PELO SEU MERECIDO DESCANSO ESPIRITUAL. FRATERNALMENTE, JOSÉ HERÊNIO DE SOUZA [Rio de Janeiro-RJ]."

A inscrição de Abílio Maranhão no Conselho Regional de Medicina de Goiás era a de número 25.

Abaixo, dois textos da Academia Goiana de Medicina, da qual Abílio era membro. O primeiro texto é do presidente da Casa, quando do centenário de vida de Abílio Maranhão. O segundo texto é a biografia.

Abílio Maranhão era também membro correspondente da Academia Imperatrizense de Letras.

* EDMILSON SANCHES

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Aniversário 100 Anos Dr. Abílio Maranhão

Academia Goiana de Medicina

Homenagem ao Dr. Abílio Maranhão Gonçalves

A Academia Goiana de Medicina, com muita honra e imensa satisfação, participa da celebração do centésimo aniversário do Dr. Abílio Maranhão Gonçalves, maranhense de Carolina hoje o decano da medicina goiana, por força da Justiça Divina.

Nosso querido confrade Abílio Maranhão nos idos de 1936, então recém-formado, foi nomeado Médico Militar do Estado de Goiás pelo governador Pedro Ludovico Teixeira, dando início aos indeléveis serviços prestados à Medicina Goiana particularmente em Saúde Pública, uma vertente do exercício da Medicina do mais alto sentido humanístico.

Lotado em Pedro Afonso, no longínquo norte goiano, Abílio Maranhão não atendia apenas os militares e famílias, mas todos que necessitavam de cuidados médicos, com ênfase em medidas higiênicas e na prevenção de doenças.

Em 1943, após ampliar seus conhecimentos em saúde pública no Rio de Janeiro, ingressou no Serviço Especial de Saúde Pública, sendo imediatamente designado para cuidar da saúde dos trabalhadores na extração do látex, na Região Amazônica, insumo básico para a produção de borracha, então de fundamental importância, pois a segunda guerra mundial estava em pleno transcurso.

Logo que pôde, Abílio Maranhão retornou ao Norte Goiano, onde plantou as sementes da saúde pública, implantando, em alguns municípios, centros de formação de pessoal de apoio para assistência à saúde.

Em 1956, foi criado o escritório do Sesp em Goiânia o que ensejou a Abílio Maranhão, como seu condutor, oportunidade para que fossem criadas unidades deste importante Serviço em nove municípios do Norte Goiano que vieram a constituir as bases da Saúde Pública no hoje Estado do Tocantins, bem como de participar ativamente do planejamento das ações de saúde desenvolvidas no centro-sul do Estado de Goiás.

Em 1964, quando o Sesp começou a ser desativado, o nosso homenageado passou a integrar a equipe da antiga Organização de Saúde do Estado de Goiás, contribuindo de forma sempre relevante com as ações de prevenção e controle das Doenças Transmissíveis.

Como diretor do antigo Hospital Oswaldo Cruz, então referência para Doenças Transmissíveis em Goiás, vim a conhecer Abílio Maranhão em 1973 quando ele assessorava o superintendente da Osego, Dr. Alcyr Mendonça, e seu diretor-técnico, Dr.Dóris Gramacho, de saudosa memória.

Assim, pude contar com o irrestrito apoio da dupla, Abílio Dóris, para a contratação emergencial de pessoal médico e de enfermagem, bem como aquisição de antibióticos, à época de última geração, para que o antigo Hospital de Isolamento, hoje Hospital de Doenças Tropicais, pudesse enfrentar o maior surto epidêmico de Meningite Meningocócica do século passado, em pé de Igualdade com o Hospital Emilio Ribas de São Paulo, então referência para Doenças Transmissíveis na América Latina.

Abílio Maranhão é membro fundador da AGM. Sempre presente e proativo, participou da diretoria em vários mandatos e, sem dúvida, um dos mais entusiastas de seus membros eméritos.

Parabéns, Abílio Maranhão. Seus colegas da AGM estão certos de que Você, um lídimo exemplo do bem viver, contará sempre com a proteção divina!

Joaquim Caetano de Almeida Netto – Presidente

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Abílio Maranhão Gonçalves nasceu em Carolina (MA), em 13-4-1911, e formou-se em 1935, na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Após sua formatura. estabeleceu-se em sua cidade natal onde clinicou durante um ano. Trazido, para Goiás, pelo deputado goiano João de Abreu que, à sua revelia, pediu ao interventor Pedro Ludovico Teixeira para nomeá-lo primeiro-tenente médico da Polícia Militar do Estado de Goiás. Nomedo imediatamente, foi designado para integrar a 4ª Companhia Isolada em Pedro Afonso (TO).

Abílio Maranhão, depois de quase dois anos na cidade, foi transferido para Goiânia, vindo então a pedir baixa da corporação para, no Rio de Janeiro, fazer especialização em obstetrícia. De volta à sua cidade, montou consultório e clinicou por mais um ano, mas acabou optando por se instalar em Marabá (PA), cidade que o atraía profissionalmente. Em 1943, foi novamente convocado à vida militar e acabou entrando para o Serviço Especial de Saúde Pública (Sesp), um grupo que dava assistência aos trabalhadores que faziam extração de látex na Amazônia.

Em 1956, um escritório do Sesp foi montado em Goiânia, e Abílio tornou-se seu responsável. Em 1964, passou a fazer parte da equipe da antiga Osego, de onde só saiu em 1990, quando se aposentou. Foi ainda professor na Faculdade de Medicina da UFG.

Atualmente, Abílio Maranhão, aos 98 anos, é membro Emérito da Academia Goiana de Medicina.