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Esplana dos Ministérios

As inscrições para a segunda edição do Concurso Público Nacional Unificado (CNU) começam em 2 de julho e seguem até o dia 20, informou hoje o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. A taxa de inscrição única, de R$ 70, deverá ser paga até o dia 21 de julho. 

O CNU terá 3.642 vagas distribuídas em 32 órgãos públicos. Desse total, 2.480 são vagas imediatas e 1.172 para provimento a curto prazo. 

As provas objetivas serão aplicadas no dia 5 de outubro, das 13h às 18h, em 228 cidades de todos os estados e no Distrito Federal. O objetivo é garantir a acessibilidade e reduzir custos para os candidatos.

Para os habilitados, será aplicada uma prova discursiva no dia 7 de dezembro. A primeira lista de classificados deve ser divulgada no dia 30 de janeiro de 2026. 

A Fundação Getulio Vargas (FGV) é a banca examinadora responsável pela organização do concurso.

Os cargos serão agrupados em nove blocos temáticos, que organizam os cargos por áreas de atuação semelhantes. O modelo – já adotado na edição anterior do concurso – permite que os candidatos concorram a diferentes cargos dentro do mesmo bloco, com uma única inscrição.

No momento em que fizer sua inscrição, o participante poderá definir sua lista de preferência, de acordo com interesses profissionais, formação acadêmica e experiência.

Veja cronograma do CNU 2025

  • Inscrições: de 2 a 20/07/2025
  • Solicitação de isenção da taxa de inscrição: 2 a 8/07/2025
  • Prova objetiva: 05/10/25, das 13h às 18h
  • Convocação para prova discursiva: 12/11/25
  • Convocação - confirmação de cotas e PcD: 12/11/25
  • Envio de títulos: 13 a 19/11/25
  • Procedimentos de confirmação de cotas: 8/12 a 17/12/25
  • Prova discursiva para habilitados na 1ª fase: 7/12/25
  • Previsão de divulgação da primeira lista de classificação: 30/01/2026

(Fonte: Agência Brasil)

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As inscrições para o processo seletivo do Programa Universidade para Todos (Prouni) começam nesta segunda-feira (30) e vão até 4 de julho. Os candidatos que pretendem concorrer às bolsas que serão oferecidas para o segundo semestre deste ano podem se inscrever gratuitamente no Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.

Criado em 2004, o Prouni oferta bolsas de estudo integrais e parciais em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições ensino particulares do todo o país. 

Para estar apto a participar da seleção, o estudante deve ter o ensino médio completo, ter feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 ou 2023 e obtido, no mínimo, 450 pontos de média nas cinco provas do exame, além de não ter tirado zero na prova de redação.

Ao optar pela seleção para bolsas integrais, o estudante deve ter renda familiar bruta mensal por pessoa de até 1,5 salário mínimo ((R$ 2.277) e, para bolsas parciais, de até 3 salários mínimos (R$ 4.554).

O resultado da primeira chamada da seleção será divulgado em 7 de julho, na página do Prouni. A segunda chamada está prevista para 28 de julho.

O Ministério da Educação (MEC) já divulgou a consulta prévia às bolsas, que estão disponíveis para mais 370 cursos de 887 instituições privadas. 

Administração é o curso com maior oferta de bolsas, sendo 9.275 bolsas integrais e 4.499 parciais. Em seguida, aparecem os cursos de direito, com 13.152 bolsas (4.277 integrais e 8.875 parciais); pedagogia, com 11.339 bolsas (8.465 integrais e 2.874 parciais); e educação física, com 8.939 (6.063 integrais e 2.876 parciais).

(Fonte: Agência Brasil)

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Cercada pelas montanhas do Parque da Serra do Mendanha, está uma pequena casa, em uma rua de Vila Aliança, bairro da zona oeste do Rio de Janeiro. A porta desta casa, de muro verde água, fica sempre aberta. Os desavisados que entram correm o risco de tropeçar em pipas, cerol e linha, explicados pelo entra e sai de crianças. É ali que mora Anazir Maria de Oliveira, a Dona Zica, de 92 anos, como ficou conhecida. Ela não tranca a porta, mas não só pelos bisnetos, que brincam na rua. Liderança comunitária do bairro, que ajudou a urbanizar, ela é muito procurada por seu trabalho político, social e religioso de referência ─ ela ainda é coordenadora na Pastoral Afro-Brasileira da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

"O papel das igrejas, hoje, é incentivar a luta coletiva, principalmente, a juventude", disse ela. “É preciso incentivar os jovens a estarem nos movimentos sociais, para que possam ampliar o conhecimento sobre a sociedade e contribuir para o seu próprio futuro, para que haja esperança, entende? Nossas conquistas nunca foram fáceis”, completou.

A trajetória de Dona Zica, que nasceu em Manhumirim, na zona da mata mineira, alcançou montes além dos do Medanha. Ela é uma das lideranças que fundaram, nos anos 1980, o Sindicato dos Trabalhadores Domésticos do Município do Rio de Janeiro, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Partido dos Trabalhadores (PT).

Mas, para Zica, a luta das domésticas sempre foi a mais importante. Foi a profissão que ela exerceu por mais tempo: começou muito nova no ofício, aos 9 anos, quando chegou a ficar três meses sem salário. Hoje, o trabalho doméstico remunerado feito por crianças e adolescentes até 17 anos é proibido e considerado uma das piores formas de trabalho infantil, por expor as pequenas a riscos de violências e lesões. 

Dona Zica veio aos 11 anos para o Rio de Janeiro, acompanhar a mãe e um irmão, em busca de uma vida melhor. Na cidade natal, deixou para trás nove irmãos falecidos, que não resistiram àqueles tempos de desassistência. Em junho de 2025, Anazir completou 92 anos junto com os dez anos da Lei Complementar 150, que regulamentou os direitos trazidos pela PEC das Domésticas. Entre eles, o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), o seguro-desemprego, auxílio-creche, salário-família, adicional noturno, indenização por demissão sem justa causa e o pagamento de horas extras. 

A luta dela, no entanto, é bem anterior, quando empregadas domésticas sequer tinham direito a folga semanal remunerada. "Até 2013, não tínhamos uma lei que garantisse o descanso semanal. Era um benefício que, se os patrões quisessem, eles davam, se não quisessem, não, entendeu?”, explicou Anazir.

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Na foto, emoldurada a Medalha de Reconheimento Chiquinha Gonzaga concedida a ela pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Domésticas na Constituinte

Nos anos 1980, ao defender o descanso no Congresso Nacional, ela se deparou com o rechaço do deputado Amaral Neto (na época, do PDS, que serviu de base para formação do PFL, atual União Brasil). “Ele disse que, aos finais de semana, queria ser servido em casa. Mas nós respondemos que ele nunca mais teria um voto de empregada doméstica”, relembrou.

A atuação na Constituinte, em 1988, era para que as domésticas fossem consideradas uma categoria profissional. Zica liderou a Associação de Trabalhadoras Domésticas, naquele momento, quando a entidade foi transformada no Sindicato dos Domésticos do Rio. Ela trabalhava no Leblon, na zona sul, e, de noite, pegava um ônibus para Brasília, para conversar com parlamentares. No mesmo dia em que chegava na capital federal, ela voltava, direto para o trabalho. Com a nova Constituição, elas conseguiram férias remuneradas de 30 dias, o 13º salário, o direito ao aviso prévio.

Para a atual presidenta do sindicato, Maria Izabel Monteiro, além da atuação pioneira, Zica é uma figura importante na defesa de avanços coletivos. “Estamos falando de direitos sociais das pessoas menos favorecidas, de direitos humanos”, frisou Monteiro. 

Alianças e avanços

Em entrevista à Agencia Brasil, Anazir falou sobre sua trajetória pessoal, o sindicato, destacou o papel da Igreja Católica na organização embrionária das domésticas em pastorais e do apoio do movimento feminista, de mais mulheres brancas.

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

"A gente deu força para elas e elas nos deram força também. Adquirimos experiência na relação, pela trajetória de reivindicação que elas tinham acumulado”, saudou Anazir.

Trabalhou como lavadeira e passadeira por 40 anos, é mãe de seis filhos, e, depois dos 40 anos de idade, voltou a estudar: cursou duas universidades, de pedagogia e serviço social — que concluiu aos 83 anos. Em sua trajetória, a ativista transformou patroas em aliadas, que financiaram e apoiaram suas atividades. E também fez do esposo, Jair Benedito de Oliveira, seu parceiro. Ele faleceu em 1997, e todas as noites em que Zica saía para suas luta política ele esperava, da varanda, a companheira voltar de seus compromissos.

Zica reconhece os avanços das domésticas, mas defende que a lei inclua as diaristas, cujos salários e contribuições para previdência são mais baixos e vulneráveis. Ela defende a importância da carteira de trabalho, que vem sendo desprezada por categorias e jovens, e cobra fiscalização contra a informalidade, o trabalho doméstico escravo e infantil.

“Nós, trabalhadoras domésticas, temos uma herança que vem desde a escravidão. Todos os trabalhadores têm suas dificuldades, e patrões não pagam [salário] porque querem, pagam porque são obrigados. Mas as empregadas domésticas, mesmo com patrões sendo obrigados a pagar, têm que correr atrás. A gente vive ainda numa realidade em que o nosso trabalho, um trabalho braçal, deve ser feito sem nenhuma recompensa. Contribuímos para que os nossos opressores chegassem onde chegaram, com camisas bem passadas e alimentados. Mas essa dívida não foi paga”.

O Brasil tem 6 milhões de empregados domésticos, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2022, sendo que seis em dez são mulheres negras. Apenas três em dez contribuem para a previdência, e somente 24,7% têm carteira assinada. A categoria tampouco tem direito ao abono salarial, pago para quem ganha até dois salários mínimos, e só recebe três das cinco parcelas de seguro desemprego a que todos os demais trabalhadores com carteira assinada têm direito. 

Melhores trechos da entrevista

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil: 

Quando a senhora começou a trabalhar como empregada e como foi o despertar para a defesa de direitos na profissão?

Dona Zica: 

A minha mãe era trabalhadora doméstica em uma fazenda, em Manhumirim. Nessa fazenda, ela criou os filhos dos patrões, e, ali, eu nasci, lidando com a plantação, a colheita de café. Vivi com ela até os meus 9 anos de idade, quando mamãe resolveu sair da área rural para a cidade. Então, ela me colocou para trabalhar com um dos filhos dos patrões que ela criou na fazenda. Eu tinha 9 anos, cuidava de duas crianças e fazia alguns serviços da casa. Mas minha mãe tinha noção da importância da escola, mesmo sem nunca ter frequentado. Eu fui a primeira pessoa da família a entrar em uma escola. Então, ela me deixou lá, desde que eu pudesse estudar.

Eu fiquei nesta casa até os 11 anos, quando começaram a atrasar o meu pagamento. No terceiro mês de atraso, eu fui embora para casa. E, aqui tem um fato que eu gosto muito de narrar, pois, mesmo eu sendo muito ingênua, uma menina, na época, depois de meses de atraso no pagamento, depois do patrão ter dito que não ia me pagar se eu não voltasse a trabalhar, eu decidi que ele ia me pagar. E, como eu gostava muito de estudar ─ estudava com filhos da classe média, com financiamento [de bolsa] da Caixa Escolar, em uma escola de freiras, naquela época não tinha escola pública ─ eu sonhava com os cadernos bonitos, tabuada, deles, que minha mãe não tinha condições de comprar. Certo dia, eu passei na loja e comprei os cadernos. Pendurei tudo na conta dos patrões.

Quando ele foi lá em casa reclamar, eu apenas respondi que: gastei o que o senhor me devia. E minha mãe me apoiou. Sempre gosto de relatar esse fato para chegar nas trabalhadoras domésticas. Porque eu vejo nesse acontecimento, sem eu ter nenhum conhecimento, nenhuma informação, a minha primeira reivindicação dos meus direitos enquanto trabalhadora doméstica.

Agência Brasil: 

A senhora pode nos contar sobre sua participação na fundação do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos, como começou a mobilização?

Dona Zica: 

A luta do sindicato começa aqui na comunidade. Depois da minha segunda remoção (Zica foi removida de São Cristovão para a Penha, e da Penha para Vila Aliança), para cá, a gente começa a formar grupos para discutir melhorias sociais para o bairro e recebe muito apoio da Igreja [Católica]. A Igreja incentiva a formação de grupos pastorais sociais. E, nesses pastorais, em meados dos anos 1970, o padre Bruno, um padre italiano, falou sobre a pastoral do trabalhador. E me chama para participar dessa pastoral do trabalhador, representando as empregadas domésticas ─ aqui tinha muita doméstica. Esse padre tinha uma visão de mundo maravilhosa.

Eu chamo duas amigas, e a gente começa a participar dessas reuniões, mas com uma dificuldade muito grande, pois, os assuntos, dissídio, negociação coletiva, data-base, não tinham nada a ver com a gente. Então, chamei as meninas para conversar e falei: a gente não entende nada do que os homens falam, vamos criar um grupo para nós? E desafiamos os trabalhadores a levarem suas esposas e filhos, que eram empregados domésticos. Nosso grupo ia ser  bem maior. E foi. O padre deu apoio. Em 1976, fizemos o nosso primeiro encontro de domésticas aqui na comunidade. E, quando nós olhamos para aquele grupo, não sabia nem o que falar para aquelas mulheres. E agora? O que vou falar para elas? Não sabia como a gente ia conduzir o trabalho. Aí, eu falei assim: "Vamos falar mal das patroas". Hoje, eu entendo que foi uma roda de conversa, uma troca de experiência muito boa. E foi quando eu descobri a carteira assinada. Como diarista, eu achava que não tinha direito à carteira, mas eu tinha. E foi quando eu me registrei e começou a correr o tempo para a minha aposentadoria.

Agência Brasil: 

Como a senhora falou com a sua patroa? A senhora já estava há muito tempo trabalhando na mesma casa?

Dona Zica: 

Eu trabalhava para três famílias, mas sempre tem uma família que é mais próxima. Esta, mais próxima, que fiz uma amizade além do trabalho, em 1976, depois dessa reunião que nos reunimos para falar das patroas, pedi para assinar a minha carteira. Estava lá há quatro anos. A relação das empregadas domésticas com as patroas é muito tímida, muitas não têm coragem de chegar e colocar o problema. Mas com essa patroa, de quem sou amiga até hoje, havia uma relação honesta entre nós. É preciso conversar. Eu era passadeira nessa casa, e, lá, não parava mensalista, a patroa era muito exigente. E eu largava o ferro para explicar, que aquela não era a casa da empregada, que ali ela não podia se sentir à vontade, fazer a refeição que quisesse… De tanto conversar, um dia, a mãe dela disse para mim: “Zica, eu tenho uma coisa para te falar”. Eu perguntei:o que foi D. Elsa? E ela respondeu: “Você transformou minha filha numa comunista”. Rimos.

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil: 

Qual foi a participação da Igreja Católica na organização do movimento de domésticas?

Dona Zica: 

Em 1976, a gente criou esse grupo em Vila Aliança. Em 1978, era um grupo de empregadas domésticas da zona oeste. Nós conseguimos montar grupos de trabalhadoras em várias paróquias. As igrejas incentivaram muito. De Magalhães Bastos a Santa Cruz, nós tínhamos grupos e vimos a necessidade de procurar outros espaços de conhecimento, com outros trabalhadores, com os homens, que passaram a nos apoiar. Passamos a conhecer os sindicalistas. E, nessas conversas, descobrimos que já existia uma associação de empregadas domésticas, fundada em 1961, da qual nos aproximamos. E a nossa consciência e envolvimento vão crescendo até que sou eleita presidenta em 1982. Esse momento foi muito rico, porque a classe trabalhadora estava organizada, e os sindicatos, fortalecidos. Nós nos integramos, tivemos muito apoio dos demais.

Agência Brasil: 

E, hoje, qual deve ser o papel das igrejas, em geral, nos movimentos sociais, comunitários e dos trabalhadores?

Dona Zica: 

Os movimentos sindicais e as igrejas foram os que mais fortaleceram nossa luta. As pastorais, de favela, de trabalhadores, tinham a ver com a gente, e nós começamos a buscar uma integração com essas pastorais [grupos organizados pelas dioceses, que se reúnem para discutir temas específicos e promover a comunhão].  

Agência Brasil: 

Em defesa das domésticas, qual foi a participação dos movimentos negro e de mulheres?

Dona Zica: 

O movimento feminista era um movimento de patroas, mas nós chegamos junto porque também queríamos defender nossos direitos enquanto mulheres. A gente deu força para elas e elas nos deram força também. Adquirimos força e experiência. Com elas, aprendemos que tínhamos força e o direito de ter direitos.

Naquela época, a gente queria usar calça comprida. Mas meu marido, machista, falava que “o homem dentro de casa sou eu”. E a luta feminista nos ajudava a entender que, assim como homem, a gente trabalhava, investia na família da mesma forma, então podíamos usar uma calça jeans, porque devíamos ser tratadas como iguais em todos os aspectos. E, assim, na Constituinte, tínhamos muito apoio dos movimentos. Tinha a Benedita da Silva, que foi e é o maior instrumento para nós. Ela apoiou e investiu muito na nossa pauta.

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil: 

Olhando para trás, desde o início da luta das domésticas, a Lei Complementar 150 foi suficiente?

Dona Zica: 

Os nossos direitos vieram parcelados. Em 1972, conquistamos o direito à Previdência Social, à aposentadoria. Depois da Constituinte, avançamos mais um pouco. Mas, só em 2013, conseguimos equiparar os direitos aos demais trabalhadores. A PEC e a LC 150 foram o auge de uma luta que vem desde a década de 1960. Foram esses anos todos para alcançar os direitos dos outros trabalhadores, mas ainda precisa avançar no direito das diaristas, por exemplo, que sofrem injustiça. Muitas foram demitidas, na época da PEC, para não terem que ser regularizadas, ou seja, estão sem carteira.

Agência Brasil: 

Como a senhora vê grupos de trabalhadores e jovens contra a carteira assinada, enquanto as domésticas querem a formalização?

Dona Zica: 

Muitos trabalhadores já tiveram a CLT e nós não tínhamos nada. Queremos entrar porque não tem nada que nos garanta. Nós temos valor para a economia.

Agência Brasil: 

Por que a sociedade tem dificuldade de ver valor social nas empregadas? Como enfrentar esse problema?

Dona Zica: 

Nós, trabalhadoras domésticas, temos uma herança. Uma herança que vem desde a escravidão. Porque as mulheres negras sempre foram as prestadoras de serviços para as famílias, como se nós não tivéssemos a nossa própria vida, certo? Então, assim, eu acho que, hoje, apesar [das cobranças] do movimento negro, as empregadas ainda não estão totalmente emancipadas da escravidão.

Eu sei que todos os trabalhadores têm suas dificuldades, e os patrões não pagam [salário] porque querem, pagam porque são obrigados. Mas as empregadas domésticas, mesmo com patrões sendo obrigados a pagar, elas têm que correr atrás. A gente vive ainda numa realidade de que o nosso trabalho, um trabalho braçal, deve ser feito sem nenhuma recompensa. Contribuímos para que os nossos opressores chegassem aonde chegaram, com camisas limpas e bem passadas e alimentados. Mas essa dívida não foi paga.

Rio de Janeiro (RJ), 25/06/2025 - Anazir Maria de Oliveira, conhecida como Dona Zica, 92 anos, uma das fundadoras do Sidicato dos Trabalhadores Domésticos do Rio de Janeiro, da Central Única dos Trabalhadores(CUT) e do Partido dos Trabalhadores(PT), em sua casa. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Agência Brasil: 

Como a senhora vê o Congresso Nacional hoje, há espaço para avançar com ampliação de direitos das domésticas e demais trabalhadores?

Dona Zica: 

Do jeito que está, não só as domésticas, mas a classe trabalhadora, precisam voltar a se mobilizar. É preciso voltar com a formação política. As lutas precisam ser em conjunto. Se uma categoria está revoltada, precisa se unir a outras. A sociedade, junta, em luta, consegue mudanças. A luta política e social é a luta por construção de futuros.

Agência Brasil: 

Por fim, como a senhora trouxe seu esposo para o movimento, como os homens podem apoiar as esposas que são sindicalistas?

Dona Zica: 

Quando eu comecei a participar das discussões de organização de uma possível central sindical, eu viajei muito. Tinha muitos encontros fora do Rio, essa coisa toda. Eu me casei com 17 anos, mas só fui sair de casa sem marido e filho em 1976, já com 43 anos, quando comecei as andanças da igreja. Naquela época, a maioria dos sindicalistas também eram atuantes nas pastorais. E, assim, fui conversando com meu esposo, com bastante antecedência, avisando sobre os eventos.

No começo, ele me perguntava: "Mas essas mulheres não têm o que fazer dentro de casa? Para passar um dia todo fora?", mas fui dobrando ele, explicando o que discutíamos, relatava as discussões e o motivo de chegar tarde em casa. Então, com o tempo, ele, pedreiro, foi me ajudando a organizar os congressos e atividades. E a ficar com os filhos, crescidos, já, e a casa.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF), 21/07/2023 - Cerimônia de divulgação do Processo Seletivo para o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G) para 2024. Secretária de Educação Superior, Denise Pires de Carvalho. Foto Valter Campanato/Agência Brasil.

A presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Denise Pires de Carvalho, disse que os pesquisadores brasileiros com viagem marcada para os Estados Unidos devem ter um plano B. "O que eu estou dizendo para as pessoas que me procuram, que têm bolsa aprovada, é: procurem outro país, porque é possível trocar de país antes de ir", declarou Denise.

"Por enquanto, na Capes, a gente ainda não teve nenhum bolsista com visto negado, mas nós temos um grande número de estudantes indo pra lá agora em setembro. Então eu vou saber até agosto. Mas nem eles, nem a própria embaixada sabem dizer o que vai acontecer", complementou a presidente da Capes.

Desde o início do governo de Donald Trump, a administração americana tem endurecido as regras para a concessão de vistos para estrangeiros que pretendem estudar ou participar de pesquisas em universidades americanas. A medida mais recente foi a exigência para que todos mantenham as redes sociais abertas para análise das publicações. A administração Trump também chegou a proibir a Universidade de Harvard de matricular estudantes estrangeiros.

A presidente da Capes falou sobre o assunto após palestra no Fórum de Academias de Ciências do Brics esta semana no Rio de Janeiro. Em sua, fala ela destacou a importância da cooperação científica com outros países. Em 2024, foram mais de 700 projetos, envolvendo 61 países parceiros e que resultaram na ida de quase 9 mil pesquisadores brasileiros para outros locais e na vinda de cerca de 1,2 mil estrangeiros para o Brasil.

Desigualdade

Denise Pires de Carvalho também apresentou dados sobre a pesquisa acadêmica no Brasil. Em 20 anos, a quantidade de cursos de mestrado e doutorado mais do que dobrou, saindo de quase 3 mil em 2004 para mais de 7 mil em 2023. Com isso, programas de pós-graduação foram criados em diversos estados até então desassistidos, mas a desigualdade ainda persiste: dos 4.859 programas existentes atualmente, 1.987 estão no Sudeste e 991 no Sul. Já os nove estados da Região Nordeste concentram 975 programas, enquanto o Centro-Oeste tem 407 e a Região Norte apenas 289.

A presidente da Capes defendeu que a diminuição das desigualdades regionais é essencial para que o Brasil consiga chegar ao patamar dos países desenvolvidos.

"O Brasil só vai conseguir ser um país de alta renda como um todo se ele caminhar como o Chile caminhou, por exemplo. Ter um percentual maior de pessoas com educação superior aptas a entrar no mestrado e no doutorado. E há uma relação direta entre desenvolvimento econômico e ciência e tecnologia. A China melhorou muito seu Produto Interno Bruto porque investiu em ciência e tecnologia. A gente tem que associar a educação com a ciência para que a gente consiga dar esse salto no país", disse Denise.

De acordo com presidente da instituição, a Capes também vem tentando intervir nesse cenário com ações de redução de assimetria. Uma das medidas foi a adaptação das regras de concessão de bolsas de pós-doutorado para os programas de excelência, com nota 6 ou 7, passando a incorporar também os programas com nota 5 da Região Norte e de cidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

"Os cursos de nota 5 já são consolidados, portanto são cursos excelentes, que só não receberam nota maior porque não são internacionais ainda. Todos eles vão poder receber mais um pesquisador e essa bolsa de pós-doutorado é a chance de fixar esse pesquisador nessa cidade e desenvolver ainda mais esse programa", explicou a presidente da Capes.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília - 27/06/2023 - O Programa Universidade Para Todos (Prouni) oferta bolsas de estudo, integrais e parciais (50% do valor da mensalidade do curso), em cursos de graduação e sequenciais de formação específica, em instituições de educação superior privadas. As inscrições podem ser feitas pelo celular ou pelo computador. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Está aberta a consulta às bolsas para o segundo semestre do Programa Universidade para Todos (Prouni). De acordo como Ministério da Educação (MEC), nesta edição, serão ofertadas mais de 211 mil bolsas, sendo mais de 118 mil integrais e mais de 93 mil parciais, que cobrem metade da mensalidade.

As bolsas são para mais de 370 cursos de 887 instituições privadas de ensino superior de todo o Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas a partir de segunda-feira (30), até o dia 4 de julho, pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior.

A consulta é feita na página do ProUni. As buscas podem ser feitas por curso, por instituição de ensino e por município.

Administração é o curso com maior oferta de bolsas, sendo 9.275 bolsas integrais e 4.499 parciais. Em seguida, aparecem os cursos de direito, com 13.152 bolsas (4.277 integrais e 8.875 parciais); pedagogia, com 11.339 bolsas (8.465 integrais e 2.874 parciais); e educação física, com 8.939 (6.063 integrais e 2.876 parciais).

Com 13.774 bolsas em todo o país, administração é o curso com a maior oferta de oportunidades, sendo 9.275 bolsas integrais e 4.499 parciais. Em seguida, aparecem os cursos de direito, com 13.152 bolsas (4.277 integrais e 8.875 parciais); pedagogia, com 11.339 bolsas (8.465 integrais e 2.874 parciais); e educação física, com 8.939 (6.063 integrais e 2.876 parciais).  

Para se inscrever no ProUni é preciso ter feito pelo menos uma das duas últimas edições do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), ou seja, Enem 2024 ou 2023, e obtido, no mínimo, 450 pontos na média das cinco provas e nota superior a zero na redação.

Para concorrer a bolsas integrais é preciso ainda ter renda familiar bruta por pessoa de até 1,5 salário mínimo (R$ 2.277) e, para bolsas parciais, de até 3 salários mínimos (R$ 4.554).

O resultado da primeira chamada será divulgado no dia 7 de julho, na página do Prouni, no portal Acesso Único. A segunda chamada sairá no dia 28 de julho.

(Fonte: Agência Brasil)

No próximo mês de julho, o público maranhense tem um reencontro marcado com a caravana artística do projeto Arte por Toda Parte, que retorna ao Maranhão para uma turnê especial em sua segunda edição. Voltado principalmente para crianças, jovens e famílias, a programação, totalmente gratuita, conta com espetáculos teatrais, shows musicais, oficinas e grafite.

Com atividades voltadas à sensibilização artística e à formação de público, o projeto itinerante inicia sua temporada por terras maranhenses a partir do dia 12 de julho, no Teatro Municipal Seis de Junho, no município de Açailândia – seguindo até o dia 15 do mesmo mês. Em seguida, a programação passará, também, pela cidade de Santa Inês, entre os dias 17 e 20 de julho, no Parque da Cidade. Além do Maranhão, as ações chegam, ainda, no Piauí, com atividades previstas para o período de 23 a 26 de julho, em Parnaíba.

Apresentado pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Cultural Vale, Arte por Toda Parte conta com o apoio das prefeituras de Açailândia, Santa Inês e Parnaíba, do Complexo Cultural Porto das Barcas, produção da Iluminura e Indústria da Arte, patrocínio do Instituto Cultural VALE por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e realização da Casa de Teatro Dona Zefinha, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Durante quatro dias em cada cidade, a caravana do projeto visa levar arte de forma acessível e democrática para cidades nordestinas ofertando atividades culturais, promovendo intercâmbio entre artistas locais e convidados, valorizando as expressões regionais.

Para Ângelo Márcio, idealizador do projeto, um dos destaques da itinerância é a estrutura central do projeto: o Ônibus Palco, um veículo grafitado que serve como transporte, cenário e camarim para os artistas. “Com o Ônibus Palco, o nosso projeto transforma ruas, praças e espaços abertos em verdadeiros palcos a céu aberto, com espetáculos e shows que emocionam diversas famílias e fazem história nas cidades que passam”, ressalta Ângelo Márcio.

Além dos espetáculos e apresentações, o projeto também oferece ações formativas, com oficinas gratuitas para arte-educadores, artistas e estudantes, realizadas em parceria com instituições e agentes culturais locais. Outro destaque é a realização de intervenções visuais (grafites) em muros das cidades, que permanecem como legado simbólico e cultural para a comunidade.

Neste circuito Nordeste, que inclui Açailândia (MA), Santa Inês (MA) e Parnaíba (PI), o projeto realizará 39 ações culturais, incluindo: espetáculos cênicos; shows musicais; oficinas de formação artística; e intervenções visuais em muros públicos.

As informações sobre os locais e horários de cada apresentação serão divulgadas em breve. Para mais informações sobre a itinerância Arte por Toda Parte, acesse a página oficial do projeto no Instagram, em @arteportodapartece e/ou no link: https://www.instagram.com/arteportodapartece.

Arte por Toda Parte

O projeto itinerante Arte por Toda Parte é uma iniciativa da Casa de Teatro Dona Zefinha, grupo com mais de 30 anos de atuação artística no Brasil e no exterior. A primeira edição do projeto foi realizada em 2022, em cidades do Maranhão e Ceará, com grande aceitação do público.

Apresentado pelo Ministério da Cultura e o Instituto Cultural VALE, o projeto conta com o apoio das prefeituras de Açailândia, Santa Inês e Parnaíba, do Complexo Cultural Porto das Barcas, produção da Iluminura e Indústria da Arte, patrocínio do Instituto Cultural VALE por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) e realização da Casa de Teatro Dona Zefinha, Ministério da Cultura e Governo Federal.

Serviço

O quê: o projeto itinerante Arte por Toda Parte;

Onde: no Maranhão, nos municípios de Açailândia e Santa Inês;

Quando: entre os dias 12 e 20 de julho;

Entrada: gratuita e aberta a todos os públicos;

Contato para imprensa: (98) 99968-2033 - Gustavo Sampaio.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Rio de Janeiro (RJ), 27/06/2025 - Cantor Raul Seixas.
Foto: Acervo Discogs

Com uma obra musical composta por 17 discos e mais de 300 músicas, lançados durante 26 anos de carreira, Raul Seixas completaria neste sábado (28) 80 anos de vida. Considerado pai do rock brasileiro e cultuado por sucessivas gerações, o soteropolitano era um adolescente quando o rock surgiu no cenário musical, nos anos 50, e chegou ao Brasil. Influenciado e fascinado por toda a efervescência cultural da época, o artista criou um estilo próprio, combinando o ritmo ao baião, com referências a Elvis Presley. 

A lista de canções memoráveis de Raul Seixas é longa, com letras contestadoras valorizam a crítica social e a liberdade individual: Maluco BelezaMetamorfose AmbulanteOuro de ToloEu nasci há 10 mil anos atrásSociedade AlternativaGitaCowboy fora-da-leiTente outra VezMedo da ChuvaO trem das 7Capim GuinéComo vovô já diziaCarimbador malucoAl CaponeMosca na sopaMeu amigo PedroO dia em que a Terra parouS.O.S.Aluga-seEu também vou reclamar.

Segundo o pesquisador de música popular e cultura Herom Vargas, o sucesso de Raul Seixas demorou a acontecer. Ainda em Salvador, formou sua primeira banda, os Panteras, na época da Jovem Guarda, no final dos anos 1960. O grupo conheceu o cantor Jerry Adriani, que os convidou para ir ao Rio de Janeiro. Rebatizada de Raulzito e os Panteras, a banda gravou então seu primeiro disco. O pesquisador conta que essa foi a primeira tentativa de atingir um público mais amplo e nacional.

"É claro que, em Salvador, ele já era conhecido, mas, no Rio e no resto do Brasil, ainda não. Só que o disco não fez sucesso, e uma parte da banda voltou para Salvador, enquanto ele continuou no Rio, sem nenhum dinheiro. Aquilo que ele fala na música Ouro de Tolo é verdade. Ele passou um perrengue no Rio de Janeiro”, explicou Vargas.

Em seguida, Raul foi produtor na gravadora CBS, e esse período durou até surgir uma nova oportunidade para que se unisse a mais três cantores: Miriam Batucada, Sérgio Sampaio e Ed Star. “E esses quatro fizeram um disco chamado Sociedade da Grã Ordem Kavernista apresenta Sessão das 10. É um disco de 71. Um disco experimental, difícil de de ouvir, que obviamente não fez sucesso. Essa foi a segunda tentativa”.

Raul Seixas continuou trabalhando, e em 1972, se inscreveu no Festival Internacional da Canção, com a a música Let Me Sing, Let Me Sing. Ele não ganhou o festival, mas a música teve alguma repercussão, abrindo as portas de outra gravadora, a Philips Records, na qual lançou um compacto com Ouro de Tolo. Logo depois, veio seu primeiro disco solo, o Krig-ha, Bandolo!, de 1973.

“Esse é um disco clássico que, ainda hoje em dia, é um dos que sempre aparecem nas listas dos melhores discos da música brasileira. Tem Mosca na SopaRockixeAs minas do Rei Salomão e uma série de de músicas bem legais do Raul. Foi aí que ele ficou conhecido nacionalmente. Batalhando desde 66, 67, só chegou no grande público em 73. É uma história bem interessante esse início de carreira, os perrengues todos, e as idas e vindas de um compositor e de um cantor. Ainda bem que deu certo”, disse Vargas.

O compositor também explorou temas como misticismo, filosofia e contracultura, expressos em sua parceria com Paulo Coelho, principalmente no início da década de 1970. Já Cláudio Roberto foi o parceiro mais frequente de Raul depois da fase com Paulo Coelho, com a composição de mais de 50 músicas ─ com 31 delas gravadas entre 1975 e 1988. Raul ainda teve como parceiros Marcelo Motta, em canções como A Maçã e Se Ainda Existe Amor; e Marcelo Nova, no álbum A Panela do Diabo, em 1989, marcando uma parceria importante no final da carreira de Raul.

Ocultismo e misticismo

Ao contrário do que muitos pensam, Raul Seixas nunca teve um vínculo propriamente dito com o misticismo ou com o ocultismo, sendo apenas um estudioso desses temas, disse o fã e amigo Sylvio Passos.

“Com o ocultismo, ele tinha lá suas reservas e olhava sempre com um olhar mais filosófico do que propriamente devoto, ocultista ou qualquer coisa desse sentido. O ocultista, na verdade, era o Paulo Coelho, que sempre foi um cara ligado mais a questões religiosas, metafísicas e tal. O Raul, não. O Raul era anarquista, como ele mesmo se definia. Uma metamorfose ambulante, um materialista dialético”.

Na definição de Passos, que acompanhou a carreira de roqueiro e se tornou amigo do cantor, da família e de amigos, Raul Seixas tratava de temas complexos sendo um cantor popular, um ‘cara’ do rock e da música brasileira como um todo. Isso imprimia a ele a singularidade e a importância dentro de todo cenário artístico brasileiro, já que ele trazia esses temas "para um povo que nem sequer lia".

“O mais curioso é que o Raul, sendo materialista dialético, uma metamorfose ambulante, a obra toda carrega uma pluralidade. Raul era plural, um investigador da história da humanidade, de por que o ser humano é o que é, por que se comporta da maneira que com se comporta. Ele olhava para o mundo, absorvia tudo isso e transformava em música. Ele dizia o seguinte: ‘se você quer me conhecer de fato, ouça meus discos, eu estou inteiro lá’”, afirmou Passos.

Segundo Passos, a transição da carreira de Raul Seixas, ao passar da pessoa que amava Elvis Presley e se inspirava nele para outra fase, se enquadra em um processo evolutivo comum a todos os seres humanos. Para o fã e amigo, a loucura por Elvis Presley pode ter sido o gatilho para que ele se tornasse o adolescente questionador, que chegou no adulto que, com 27 anos de idade, gravou seu primeiro disco.

“E com aquilo que ele coloca em todas as faixas e continua dali para frente. Então, tem toda essa cronologia do ser humano, do indivíduo, que vai evoluindo, e de alguma forma melhorando ou piorando. O Raul sempre foi melhorando, sempre mais questionador, sempre mais voltado para si mesmo, tentando entender o que acontecia no mundo e no seu entorno”.

Raul Seixas enfrentou o alcoolismo e teve vários problemas de saúde provocados pela doença, como diabetes, hipertensão, problemas no fígado e a pancreatite que o levou à morte, em 1989, aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca. Ele foi encontrado morto no apartamento em que vivia, em São Paulo.

Passeatas

Com tema A Onda Está Certa, bloco Toca Rauuul relembra entrevista de Raul Seixas em 1977.

Desde então, fãs e admiradores da obra reúnem-se anualmente na data para a conhecida Passeata Raulseixista em homenagem ao cantor e compositor. A concentração geralmente acontece em frente ao Theatro Municipal de São Paulo.

A assessora de imprensa Mayara Grosso, 30 anos, começou a participar do evento aos 8 anos de idade, levada pelos pais, fãs do cantor. Familiarizada com a obra, já que seu irmão mais velho ouvia os discos com frequência, ela cresceu frequentando a passeata anualmente e conhecendo muitos dos fãs que se tornaram amigos de sua família.

Foi daí que surgiu a ideia de, como trabalho de conclusão de curso, escrever um livro-reportagem chamado A Semente da Nova Idade, que aborda a trajetória de Raul Seixas, com ênfase na passeata raulseixista.

“Durante esse processo, eu fui descobrindo e entendendo a história de muitos fãs. Além de uma celebração de Raul, virou também um grande encontro de amigos. É onde a galera se encontra. Então, vem muita gente de muitos estados, cidades diferentes e acaba virando um grande culto. É uma emoção muito particular para cada um, porque Raul Seixas representa muita coisa. Para mim, representa família. É uma memória que pega bastante, porque meu pai já faleceu e gostava muito de ir à passeata”.

(Fonte: Agência Brasil)

As inscrições para a participação em um dos eventos mais importantes sobre o universo da dança de todo o Brasil, a Mostra Investigativa de Dança – Midança, foram prorrogadas. Os interessados em participar na quinta edição do evento, prevista para o mês de agosto, em São Luís (MA), podem se inscrever até o dia 30 de junho (próxima segunda-feira).

A convocatória para que artistas e grupos, de todo o Brasil, possam integrar a programação do evento é destinada, exclusivamente, à submissão de propostas de apresentações de obras de dança com caráter experimental e investigativo, criadas por artistas ou coletivos residentes no Brasil.

As inscrições são gratuitas – entre o público-alvo do evento, estão artistas, estudantes, professores e demais que usem a dança como linguagem de pesquisa para a criação de obras cênicas ou performáticas.

Os interessados podem se inscrever por meio do link: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScPHLoYwekbfHEMaAXNuwivrFetCOgO8nxbaFPsmE2Kqi72OA/viewform. Criatividade e originalidade, potencial de investigação cênica, clareza, qualidade e relevância da proposta estão entre os critérios de avaliação da convocatória.

Os trabalhos selecionados serão divulgados a partir do dia 16 de julho de 2025, por e-mail ou pelas redes sociais da Mostra –  por meio do Instagram do Núcleo Atmosfera: https://www.instagram.com/nucleoatmosfera/.

Serviço

O quê: convocatória oficial da V Mostra Investigativa de Dança (Midança) em São Luís;

Período de inscrição: inscrições prorrogadas até o dia 30 de junho;

Plataforma: por meio do link - https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLScPHLoYwekbfHEMaAXNuwivrFetCOgO8nxbaFPsmE2Kqi72OA/viewform;

Redes sociais: mais sobre a V Midança pelo Instagram do Núcleo Atmosfera: https://www.instagram.com/nucleoatmosfera/.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Brasília (DF), 24/06/2025 - Prêmio Compós de Teses e Dissertações Eduardo Peñuela em 2025. Maftoul, prato palestina à base cuscuz. Simone Munir/Arquivo Pessoal

"Conheça a Palestina por sua própria cultura, não por eles!" é o tema da segunda edição da Feira Palestina que será realizada domingo (29) em São Paulo. Desta vez, o evento será no complexo da Fundação Nacional de Artes (Funarte), no bairro Campos Elíseos, zona central da cidade.

O público terá a oportunidade de conhecer mais sobre o país do Oriente Médio, retratado nos últimos anos pela ótica da guerra com Israel, que já matou milhares de palestinos. Realizada em parceria com o Centro de Direitos Humanos e Cidadania do Imigrante (Cdhic), a feira tem o apoio da Rede Sem Fronteiras, de defesa de imigrantes e refugiados, e da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras).

Os visitantes terão acesso a oficinas de expressões artísticas típicas da Palestina, como o tatreez, bordado que reflete a multiplicidade cultural dos povos do país, como os muçulmanos, judeus, cristãos, sikhs, hindus e outros grupos minoritários. As tramas do bordado são impregnadas de simbolismo que marca a história palestina, com todas as suas nuances políticas. A aula será dada por Rahaf Hussin.

A programação terá ainda uma apresentação e duas oficinas de dabke, uma pela manhã, com Kaamilah Murad, e outra à tarde, com o grupo Dabke Flux, e uma atração musical ao vivo, de Numan Mustafa. Dabke é uma dança folclórica do Levante, especialmente popular na Palestina, no Líbano, na Síria e Jordânia, de cadência feita por batidas fortes no chão. A dança é até hoje tradicional em casamentos, festivais e eventos comunitários e uma das manifestações de resistência do povo palestino.

Além da dabke, a jovem Dalia Ahmed vai ministrar uma oficina de henna. As inscrições para as oficinas, todas com preços populares, já estão abertas, com formulário online. O público poderá ainda experimentar pratos típicos da gastronomia palestina e comprar itens como peças de artesanato, acessórios, roupas e perfumes.

Idealizador da feira, o professor palestino Rafat Alnajjar, que vive há três anos no Brasil e enfrenta um momento de luto por parentes e amigos mortos na Faixa de Gaza, comenta que o número de visitantes da primeira edição foi maior do que o esperado.

"Nos surpreendemos com a quantidade de pessoas que se interessaram. Deu certo. Então, pensei em fazer a segunda e surgiu como parceiro o Cdhic", disse à Agência Brasil.

Segundo Alnajjar, o resultado satisfatório da primeira feira estimulou a organização a buscar um espaço mais amplo, no caso a Funarte, e a aprimorar as atividades, a fim de comportar um público maior.

"Estamos esperando muito mais gente. Vai ter também uma área de crianças para elas pintarem e brincarem", disse o professor palestino.

(Fonte: Agência Brasil)

Brasília (DF) 10/11/2024 – Segundo dia do Enem: candidatos respondem a 90 questões até 18h30
Candidatos chegaram cedo para evitar surpresas antes da prova
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

Os candidatos do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 - que não são isentos da taxa de inscrição e ainda não pagaram o boleto de R$ 85 - estão recebendo mensagens com aviso de que o prazo final é nesta sexta-feira (27).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela realização do Enem, enviou o alerta aos endereços de e-mail e números de Whatsapp cadastrados pelos participantes no momento da inscrição no exame.

Somente o pagamento da taxa de inscrição garante a participação dos candidatos não isentos.

Caso o candidato tenha pago a taxa de inscrição deve desconsiderar a mensagem enviada. O destinatário ainda pode optar por seguir recebendo as mensagens do governo federal sobre o Enem.

Como pagar

O texto curto detalha aos candidatos as formas de pagamento disponíveis:  pix, cartão de crédito, débito em conta ou poupança. Os usuários podem usar o aplicativo da instituição bancária para smartphone, casas lotéricas e agências físicas para quitar o boleto.

O documento está disponível na Página do Participante do Enem 2025. Outros sites que pedem o pagamento são falsos.

Para pagar por Pix, basta escanear o QR Code disponível no próprio boleto.

Estudantes que concluem o terceiro ano do ensino médio em 2025, em escolas públicas, são isentos da taxa e não terão o boleto gerado.

Recurso

Também termina nesta sexta-feira (27) o prazo para os que tiveram negadas pelo Inep as solicitações de atendimento especializado entrarem com recurso. Os resultados dos pedidos também estão na Página do Participante.

Para solicitar uma nova análise pela equipe da autarquia para atendimentos especializados é necessário enviar documentação que comprove a condição alegada como pessoa com deficiência ou participante com transtorno funcional específico - Transtorno do Espectro Autista, dislexia e déficit de atenção, entre outras condições.

Orientações

O Inep criou uma página na internet em que é possível encontrar o cronograma completo e as principais orientações para os participantes do Enem. Os interessados podem conferir os questionamentos mais comuns e os  esclarecimentos.

Provas

O Inep aplicará o Enem nos dias 9 e 16 de novembro em todo o país. Nas cidades de Belém, Ananindeua e Marituba, no Pará, excepcionalmente o exame será  nos dias 30 de novembro e 7 de dezembro por conta da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), a ser realizada em Belém.

(Fonte: Agência Brasil)