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Rio de Janeiro (RJ), 25/05/2023 – O refugiado congolês, Serge Makanzu Kiala, durante debate no Back2Black Festival 2023, na zona portuária da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

O artista plástico congolês Serge Makanzu Kiala (foto), 43 anos, mora no Rio de Janeiro desde 2016. Quando chegou, não falava a língua portuguesa, mas como fez um curso de espanhol antes de chegar no país, participou de aulas na Cáritas Brasil, organização de assistência social a refugiados sem fins lucrativos, que o acolheu de início. Assim, ele conseguiu se comunicar nos primeiros contatos no país.

O trabalho, durante 8 anos, no serviço de atendimento a visitantes do Museu do Amanhã, o ajudou a conhecer a língua portuguesa. “O que facilitou falar português aqui no Brasil foi meu trabalho. Quando fui trabalhar no Museu do Amanhã, no atendimento, estava sempre com o público e sempre praticando. Aquele contato com os cariocas, os brasileiros, praticado no dia a dia, foi o que me deu mais acessibilidade para entender a língua portuguesa”, disse em entrevista à Agência Brasil.

Serge, que deixou o emprego no Museu no mês passado, continua empenhado em aprofundar o conhecimento da língua portuguesa e confiante em arranjar nova vaga de trabalho.

“A língua não é só falar, é escrever e ler para ser completa. Eu escrevo e faço testes em português, mas se for um teste longo, vou ter dificuldade e quem vai ler, vai ver que é de uma pessoa que ainda está praticando. O meu português escrito ainda é difícil”, revelou, acrescentando que acredita na prática para ampliar o seu conhecimento do idioma.

Em 2023, quando participou de um painel sobre refugiados no Festival Black2Black, no centro do Rio, revelou que a falta de intimidade com o idioma nacional foi para ele o primeiro preconceito enfrentado por aqui. Passado o tempo, apesar de hoje já falar português, embora com acento francês, seu idioma original, ainda não se livrou do preconceito.

Serge identifica pelo pouco conhecimento no Brasil sobre a África, ao contrário do que ocorre em seu continente, onde tinha muita informação sobre o Brasil, o que despertou nele a vontade de se mudar para cá. Segundo ele, depois desse tempo no país, continua sendo identificado como angolano.

“Isso é uma coisa que está na cabeça dos brasileiros. Tem muitas pessoas que não sabem a história da África. Até hoje as pessoas me chamam sempre de angolano. Mesmo que eu fale que sou do Congo, perguntam o Congo fica onde? Amanhã te chamam de novo: angolano”, explicou.

Serge vê semelhanças entre o português e o francês e isso têm contribuído para conseguir diminuir a distância e as dificuldades em avançar no conhecimento do idioma do Brasil.

CPLP

Embora seja o mais falado no Hemisfério Sul e um dos idiomas com mais falantes em todo o mundo, de acordo com o diretor-geral da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Armindo Fernandes, somos mais de 280 milhões de pessoas em cinco continentes, o entendimento da língua portuguesa não ocorre com facilidade entre pessoas com outras línguas.

Fernandes citou o dado na segunda-feira (5), quando se comemorou mais um Dia Mundial da Língua Portuguesa, em São Tomé e Príncipe, durante a 3ª Reunião Extraordinária de Ministros da Cultura da CPLP.

Parceira oficial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 2000, a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa estabeleceu a data em 2009 e em 2019, proclamou na 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, e o 5 de Maio de cada ano como Dia Mundial da Língua Portuguesa.

Acadêmico

Para o vice-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Antônio Carlos Secchin, doutor em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor de literatura brasileira em universidades no exterior, o primeiro passo para difusão da língua portuguesa é fazer com que seja reconhecida como língua oficial da ONU.

“Pelas divergências do português do Brasil para Portugal e para Angola e Moçambique, acaba que a língua portuguesa não se oficializa na ONU. Do ponto de vista diplomático, isso é o mais importante a ser feito a curto prazo, porque o espanhol é, o inglês, o francês também e o português está fora das línguas oficiais da ONU”, defendeu em entrevista à Agência Brasil.

Apesar disso, o acadêmico vê com muito interesse o fato do português estar presente na Ásia, na África, na América e na Europa. “Isso é uma prova da vitalidade, porque é um dos idiomas mais falados do mundo com certeza”, disse.

No entanto, ele afirmou que a repercussão do idioma não está à altura da sua importância.

“É falado como primeira língua. Infelizmente é muito pequeno o número de pessoas que adotam o português como uma segunda ou terceira língua. A projeção de uma língua não se mede apenas pelo número de pessoas que a falam, mas se mede muito pelo número de pessoas que a falam como segunda ou terceira língua. Isso é que é importante. Tem o mandarim que é a língua mais falada do mundo pelo número de chineses, mas quantos não chineses falam o mandarim? Não é o número falado no país. É o número falado em outros lugares por pessoas que escolhem aquela língua como segunda ou terceira, Enquanto uma língua como o espanhol, o inglês ou o francês o número é imenso de pessoas não espanholas, americanas e francesas falam", disse, acrescentando que o árabe tem a mesma situação.

(Fonte: Agência Brasil)

Vista do entardecer no Museu do Amanhã, na Praça Mauá.

Começou, nessa segunda-feira (12), a 23ª Semana Nacional de Museus, com o tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”. Até dia 18 de maio, 1.012 museus, centros culturais e instituições de memória de todo o país recebem exposições com temas sobre juventude, patrimônio imaterial e novas tecnologias.

Coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), a iniciativa ocorre anualmente em comemoração ao Dia Internacional dos Museus (18 de maio). Além das exposições temporárias, nesta edição os visitantes podem participar de mais de 3,1 mil atividades distribuídas pelas regiões Nordeste (254 instituições), Sudeste (440), Sul (198), Norte (57) e Centro-Oeste (63). A programação completa está disponível no site do Ibram.

O tema desta edição foi proposto pelo Conselho Internacional de Museus (Icom), com o objetivo de estimular reflexões sobre a promoção do patrimônio imaterial, o potencial transformador da juventude e a importância que novas tecnologias têm em transformar museus em espaços mais sustentáveis de promoção do aprendizado. A proposta do evento é promover a preservação do patrimônio histórico, democratizar o acesso à cultura e estimular a educação e a reflexão sobre temas culturais.

Visitas guiadas, palestras, oficinas e workshops sobre conservação de acervos e técnicas artísticas são parte das atividades ofertadas ao público. Com eventos presenciais e online, o público também pode assistir a seminários, mesas-redondas, participar de oficinas, saraus, rodas de conversa, performances e apresentações musicais e teatrais.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo (SP), 10/11/2024 - Estudantes  no segundo dia de provas do ENEM na UNIP Vergueiro em São Paulo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

As pessoas que solicitaram isenção da taxa de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano já podem conferir se o pedido foi aceito pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) diretamente na Página do Participante do exame, com o login no portal único de serviços digitais do governo federal, o Gov.br.

Na tarde dessa segunda-feira (12), o Inep também disponibilizou os resultados referentes às justificativas dos candidatos da edição de 2024 que não compareceram aos dois dias de prova, mas querem participar da edição de 2025 gratuitamente.

Ter a aprovação da solicitação de isenção e/ou de justificativa de ausência no Enem 2024 não garante a efetivação da inscrição no Enem 2025. Todos os interessados deverão fazer a inscrição on-line de 26 de maio a 6 de junho. O edital do Enem 2025  – com as regras desta edição – ainda será publicado pelo Ministério da Educação (MEC).

Recursos

Os candidatos que tiveram negado o pedido de isenção de pagamento da taxa de inscrição do exame ou a justificativa de ausência no Enem 2024 reprovada pela equipe do Inep podem entrar com recurso até as 23h59 desta sexta-feira (16), no mesmo endereço eletrônico: a Página do Participante.

Para a solicitação de recurso da isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025, o participante deve enviar documentação que comprove uma das situações definidas pelo MEC, conforme previsto no anexo I do edital:

. matriculadas na 3ª série do ensino médio (neste ano de 2025), em escola pública;

. que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou como bolsista integral em unidade de ensino privada;

. em situação de vulnerabilidade socioeconômica e Integrantes de famílias inscritas no Cadastro Único para programas sociais do governo federal (CadÚnico);

. participantes do programa federal Pé-de-Meia.

Entre os documentos exigidos, está a declaração de realização de todo o ensino médio em escola do sistema público de ensino do Brasil (municipal, estadual ou federal) ou histórico escolar do ensino médio, com assinatura da escola.

Para entrar com recurso da justificativa de ausência, é preciso enviar nova documentação.

Confira, aqui, as situações previstas e os documentos aceitos pelo Inep.

Em toda a documentação apresentada, deverá constar o nome completo do faltoso em 2024. As declarações devem estar datadas e assinadas. Serão aceitos somente documentos nos formatos PDF, PNG ou JPG, com o tamanho máximo de 2 megabytes (MB).

Não serão aceitos documentos autodeclaratórios ou emitidos, por exemplo, por pais ou responsáveis dos participantes.

Se for constatado que o participante declarou informações falsas ou inexatas, conseguindo uma isenção indevida, ele será eliminado do exame, a qualquer tempo, e deverá ressarcir à União os custos referentes à taxa de inscrição, podendo ainda responder por crime contra a fé pública.

Resultados

O resultado final dos recursos será conhecido em 22 de maio. O candidato que teve o pedido do recurso de isenção negado em definitivo deverá pagar a taxa para se inscrever no exame.

Exame

O Enem, que avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica, é considerado a principal forma de entrada na educação superior no Brasil, por meio de programas federais como Sistema de Seleção Unificada (Sisu), Programa Universidade para Todos (Prouni) e Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). As instituições de ensino públicas e privadas usam os resultados das provas para selecionar estudantes.

Os resultados individuais do exame também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que têm convênio com o Inep. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

(Fonte: Agência Brasil)

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As profissões geralmente trazem em seu nome as “coisas” de que se ocupam.

O ourives tem a ver com ouro. O joalheiro, com joias. O dentista ou odontólogo, com dentes. O ferreiro, com ferro. O engraxate, com graxa. O pedreiro, com pedra.

Enfim, quase todos têm, no nome da profissão, o objeto de sua ocupação.

Pois enquanto muitas profissões trazem uma “coisa”, a Enfermagem revela uma “condição”.

O profissional da Enfermagem sabe que, ao cuidar da condição, da situação, está cuidando do indivíduo, da pessoa.

A beleza, compromisso e humildade da Enfermagem está presente não só na formação do profissional quanto na formação da palavra: “enfermagem” tem origem no adjetivo latino clássico “firmus” ou “firmis”, no latim popular.

Como é aparente, "firmus" ou "firmis" era a qualidade da pessoa que estava “firme”, tanto no aspecto físico (saúde) quanto no moral (caráter).

Assim, “firmus” / “firmis”, além de “firme”, era sinônimo de “forte”, “sólido”.

O contrário de “firmus” / “firmis” – ou seja, a condição de não estar firme, forte, sólido – é “infirmus” / “infirmis”, isto é, fraco, debilitado, adoentado.  O prefixo latino “in-” muda o sentido da palavra à qual ele é anteposto. Daí vem o verbo latino “infírmo” / “infirmatum” / “infirmare”, com o sentido de “'enfraquecer”, “danificar” etc.

E como se chegou à palavra “enfermagem”?

À palavra-base “firmus” (firme) juntou-se o prefixo “in-” (não): “infirmus” (não firme, fraco). Depois, juntou-se outro elemento linguístico, o sufixo francês “-age”, formador de substantivos que têm origem em verbos ou nomes e que, por sua vez, vem do sufixo latino “-aticu”. Em português, isso resultou em “-agem”.

Assim, somando “in-” (que virou “en-” na Língua Portuguesa) mais “firmus”, mais “-age”, chegou-se a “enfermagem”, palavra registrada em português desde 1913 – oito séculos antes, no século 13, já existiam o verbo “enfermar” (ficar ou cair doente), o substantivo e adjetivo “enfermo” e os termos “enfermaria”, “enfermeira” / “enfermeiro” e “enfermidade”. Já o adjetivo “enfermiço” (com jeito de doente, doentio) é do ano 1767 em português.

Portanto, na história da palavra, a beleza da profissão: a Enfermagem traz no seu nome não uma “coisa”, não uma parte do corpo, mas, sim, a condição dele, a situação, o estado.

É como se a Enfermagem reafirmasse a todo instante em seu nome aquilo que seus profissionais confirmam com seus atos – cuidar, tratar, servir: cuidar do ser humano que não está firme, tratar do que o debilita, servir para o restabelecimento da saúde.

“Enfermagem” não é apenas um nome. Grávida em si, a palavra diz a quem serve: aos fracos – os mesmos de que, nas bem-aventuranças, é feito o reino dos Céus. É como se o versículo bíblico do livro de Mateus (11, 28) fosse recitado pelo Maior dos Enfermeiros:

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei”.

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A Enfermagem é profissão que nasceu feminina: foi Florence Nightingale quem desenvolveu as bases profissionais da Enfermagem.  Além de enfermeira, foi estatística e escritora. Era filha de rica família inglesa, sua nacionalidade, ainda que nascida em Florença, na Itália, de onde veio seu prenome.

Mesmo não sendo, na época, uma atividade “digna” e mesmo sendo de família milionária, Florence preferiu servir a servir-se.

Ela nasceu em 12 de maio de 1820 e faleceu aos 90 anos, em 13 de agosto de 1910, em Londres. A data de seu nascimento é o Dia Internacional da Enfermagem.

No poema para a enfermeira, a homenagem a todos os profissionais da Enfermagem:

ENFERMEIRA

Quem socorre aquela bela, meiga enfermeira

que tanto corre, corre tanto, em seu dia a dia

e quase sempre toda a noite, a noite inteira

de gentes, sofrimentos e rara alegria?

Ah enfermeiras!... Florence... Ana Neri...

História... ideal... trabalho... tradição...

O que quer que uma enfermeira espere

quando se cansa, quem lhe dá a mão?

Quem ou o que lhe dá ânimo quando desanimada?

Quando entre noites e plantões de feridas e dores

o que mais deseja é abraço, colo, boa risada

e – é pedir demais? – bons odores, sabores, amores...

* EDMILSON SANCHES.

Brasília, 06/11/2023, Fachada do prédio do Teatro Sesc Garagem, em Brasília. Foto: José Cruz/Agência Brasil

A Semana S, evento nacional do Sistema Comércio, foi aberta nesse domingo (11), em todo o país com uma programação que incui shows, palestras, oficinas e prestação de serviços de saúde e cidadania. 

As atividades gratuitas são promovidas pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), Serviço Social do Comércio (Sesc), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), federações e sindicatos.

Iza, Diogo Nogueira, Samuel Rosa, Michel Teló, Jota Quest, Vanessa da Mata, Barões da Pisadinha, Raça Negra, Daniel, Arnaldo Antunes, Almir Sater, Timbalada e Dudu Nobre são algumas das atrações musicais.

Personalidades como Criolo, Bernardinho, Bela Gil e Gabriel o Pensador participarão dos eventos com falas sobre empreendedorismo. Diretores e executivos de empresas e iniciativas privadas também estarão presentes em encontros e palestras, que têm o objetivo de impulsionar negócios de desenvolvimento.

A Semana S vai de hoje até o próximo domingo (18). Para participar, é preciso se inscrever no site do evento. A programação completa está no link ou no aplicativo oficial da Semana S. Os organizadores esperam cerca de 500 mil pessoas ao longo do evento.

“É fundamental apresentar à sociedade o impacto transformador das ações do Sesc e do Senac na qualidade de vida, educação, cultura e desenvolvimento profissional de milhões de brasileiros. Tudo isso só é possível graças aos empresários do setor, que investem e acreditam na missão de transformar vidas”, diz o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros.

Segundo o Sistema S, anualmente, cerca de 1 milhão de profissionais recebem capacitação para o mercado de trabalho. Os números de 2024 indicam 10,5 milhões de credenciados no Sesc. Foram inauguradas mais de 50 novas instalações para o desenvolvimento de projetos nas áreas de educação, saúde, cultura, lazer e assistência.

“Há quase oito décadas, o Sesc cumpre com sua função de levar aos trabalhadores do comércio e familiares qualidade de vida e bem-estar. Isso se reflete em profissionais mais capacitados e contribui para o desenvolvimento da sociedade de forma mais justa e igualitária”, diz o diretor-geral do Departamento Nacional do Sesc, José Carlos Cirilo.

(Fonte: Agência Brasil)

como vídeos e comentários postados na internet podem influenciar os interesses e comportamentos individuais

Uma pesquisa realizada em abril mostrou que 90% dos brasileiros maiores de 18 anos que têm acesso à internet acreditam que adolescentes não recebem o apoio emocional e social necessário para lidar com o ambiente digital, em especial as redes sociais. Foram ouvidos no levantamento mil brasileiros conectados de todas as regiões e classes sociais, com 18 anos ou mais.

A margem de erro é de 3 pontos percentuais para o total da amostra, considerando um intervalo de confiança de 95%.

Segundo a pesquisa, 9 em cada 10 brasileiros acreditam que os jovens não têm apoio emocional e social suficiente, enquanto 70% defendem a presença de psicólogos nas escolas como caminho essencial para mudar esse cenário.

O levantamento foi realizado pelo Porto Digital, em parceria com a Offerwise, empresa especializada em estudos de mercado na América Latina e no universo hispânico, a partir da repercussão de um seriado que abordou o lado sombrio da juventude imersa no mundo digital e o abismo entre pais e filhos.

Para 57% dos entrevistados, o bullying (agressão intencional e repetitiva, que pode ser verbal, física, psicológica ou social, para intimidar uma pessoa) e violência escolar são um dos principais desafios de saúde mental. Também estão entre os principais desafios atualmente enfrentados pelos jovens a depressão e a ansiedade (48%) e a pressão estética (32%).

Brasília (DF) 09/05/2025 -  90% dos brasileiros acima de 18 anos, que acessam a internet, acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional. ( Pierre Lucena) Foto Porto Digital divulgação
Pierre Lucena

Na avaliação do presidente do Porto Digital, Pierre Lucena, a série Adolescência, apresentada pela rede de streaming Netflix, colocou em evidência a necessidade de se debater a questão.

“O cuidado com a juventude deve ser um compromisso compartilhado, que envolve escolas, famílias, empresas e governos. Essa pesquisa evidencia que não basta discutir inovação tecnológica – é preciso humanizá-la e colocá-la a serviço da sociedade”, disse. “O futuro da inovação está diretamente ligado à forma como cuidamos dos nossos jovens. Não basta impulsionar avanços tecnológicos — é fundamental criar pontes entre a tecnologia e a transformação social real”, afirmou.

A pesquisa mostra que uma das ferramentas usadas pelos pais é o controle do tempo de navegação na internet. Segundo o estudo, entre crianças de até 12 anos, o controle tende a ser mais rígido e constante, inclusive com o uso de mecanismos de monitoramento. No entanto, apenas 20% dos pais responderam que pretendem usar futuramente alguma ferramenta de controle.

Já entre os adolescentes de 13 a 17 anos, a supervisão tende a diminuir. Os pais ainda acompanham, mas de forma mais flexível, permitindo maior autonomia.

Para o diretor-geral da Offerwise, Julio Calil, o cenário mostra a necessidade de desenvolvimento de espaços de acolhimento e orientação, tanto para os pais quanto para os filhos, como alternativas para proteção no ambiente digital.

“Os resultados da pesquisa nos mostram que a população enxerga a necessidade de um esforço conjunto para criar espaços mais seguros e de apoio nas escolas, especialmente diante do uso precoce e intenso das redes sociais”, apontou.

Plataformas

Recentemente, as principais plataformas digitais modificaram suas regras para restringir ou excluir a moderação de conteúdos publicados na internet, dificultando a identificação de contas ou publicações com conteúdos considerados criminosos.

Brasília (DF) 09/05/2025 -  90% dos brasileiros acima de 18 anos, que acessam a internet, acreditam que os adolescentes não recebem o apoio emocional. ( Luciano Meira) Foto Arquivo pessoal
Professor Luciano

Para o professor adjunto de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco, Luciano Meira, tal decisão parece priorizar interesses comerciais e políticos dos proprietários das redes.

“Essa decisão diminui a responsabilidade social das big techs, das corporações, das organizações controladoras das plataformas. Isso tem um impacto direto na proliferação de ódio, desinformação, conteúdos prejudiciais em diversas camadas,  especialmente, entre populações vulneráveis. Muito jovens ficam mais expostos a conteúdos inadequados sem essa moderação e, claro, quando se trata de desinformação, isso ataca instituições e a própria democracia”, avaliou.

Na outra ponta, o Supremo Tribunal Federal (STF) está julgando a constitucionalidade do Artigo 19, do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), segundo o qual, provedores, websites e redes sociais só podem ser responsabilizados por conteúdo ofensivo ou danoso postado por usuários caso descumpram uma ordem judicial de remoção.

Ph.D. em educação matemática pela Universidade da Califórnia e mestre em psicologia cognitiva, Meira pontua que a ausência de uma decisão sobre o tema pode levar a uma potencial sobrecarga judicial.

“Pode haver um aumento considerável de casos judiciais justamente pela falta dessas ações preventivas. Então, é possível preservar a liberdade de expressão com moderação responsável. A meu ver, o posicionamento é uma rediscussão do Artigo 19, do Marco Civil da Internet, para fortalecer o que seria a proteção social, não só de crianças e jovens, mas de avaliar o que se faz com o grupo de idosos hoje, vulnerabilizados por todo um conjunto de ataques, de cooptação a determinados tipos de ideologia”, acrescentou.

Além disso, tramita, no Congresso Nacional, o Projeto de Lei 2.630 de 2020, conhecido como PL das Fake News, principal proposta de regulação das plataformas digitais. O texto já foi aprovado pelo Senado e está travado na Câmara dos Deputados. A proposta trata da responsabilidade civil das plataformas e também tem elementos de prevenção à disseminação de conteúdos ilegais e danosos a indivíduos ou a coletividades.

“Regular essas plataformas é vital para que tenhamos a manutenção de um espaço social on-line, produtivo e saudável para todas as pessoas – principalmente jovens e crianças que têm menos mecanismos individuais de proteção”, afirmou. “Aqueles que defendem a desregulamentação total das redes certamente têm uma ideia frágil e inconsistente do que é liberdade. Uma liberdade restrita sem controle social destrói, degenera as bases da nossa capacidade de construir e de fazer evoluir uma civilização. Então, claramente, a autorregulação é insuficiente, especialmente em se tratando de empresas que buscam lucro através, por exemplo, da publicidade, do comércio, enfim, as grandes plataformas, as big techs”, alertou.

Enquanto não há uma decisão sobre o tema, o professor considera necessário construir um ambiente de confiança na escola, na família e nos demais espaços onde crianças e jovens são acolhidos para evitar que crianças e adolescentes acabem sendo submetidos a situações de disseminação de ódio e bullying, entre outras.

“O principal é a construção da confiança entre as pessoas. Sem a construção desses laços, desse relacionamento baseado na confiança, qualquer dessas estratégias não terá os efeitos desejados. A primeira orientação é estabelecer um diálogo aberto. Então, pais, mães, filhos e filhas, eles têm que, de alguma forma, estabelecer, manter, ou evoluir essa interlocução confiante”.

De acordo com Meira, esse ambiente propicia a realização de conversas sobre os riscos on- line e também sobre a forma como se dão os relacionamentos com e nas redes sociais. "Eu entendo que essas são conversas íntimas que, baseadas na confiança, podem progredir de forma saudável”, afirmou.

Outro ponto defendido pelo professor é o estabelecimento de limites claros sobre o uso da internet e de redes sociais como, por exemplo, de tempo e de tipos de relacionamento.

“Isso não vai ser realizado, não vai ser cumprido se não existir um diálogo aberto em que crianças e adolescentes entendam que existem conteúdos inadequados e que precisam ter senso crítico, ter seu pensamento e formas de raciocínio. No entanto, nessa faixa etária, eles simplesmente ainda não conseguem capturar os riscos. Por isso, precisam de um adulto que tenha, pelo menos, uma intuição mais apurada para identificar formas de cyberbullying, de exposição excessiva, de conteúdos inadequados, de contato com estranhos entre outros tipos de relacionamentos”, disse.

Luciano Meira ressalta que pais e responsáveis tendem a simplesmente restringir ou proibir o uso de redes sociais, sem um diálogo consistente sobre o porquê da decisão.

“Sinto dizer que os responsáveis o proíbem de uma forma muito autocrática e que, talvez, não surta efeito, porque não se tem controle absoluto sobre o que acontece na vida de absolutamente ninguém. Você pode estabelecer uma forma de monitoramento participativo, em que busca conhecer, e esse monitoramento pode ser apoiado, do ponto de vista técnico, inclusive por softwares, com aplicações computacionais que você instala no notebook, no computador de mesa ou no dispositivo móvel dessa criança ou jovem para ter acesso ao que está acontecendo nesses dispositivos”, sugeriu.

Por fim, o professor defende que não se deve deixar de lado o mundo real e exemplifica com a legislação que proíbe o uso de celulares nas escolas.

“Mais recentemente, as escolas têm visto alguma movimentação em torno das crianças voltarem a construir relações no mundo físico. Por exemplo, ao proibir o uso de dispositivos nas escolas, convidam as crianças para uma existência que é também off-line. No final das contas, um equilíbrio é necessário entre esses mundos para que no final a gente tenha a construção de relacionamentos sociais mais duradouros e que ganhe sustentação na confiança entre as pessoas e não apenas em algoritmos”, concluiu.

(Fonte: Agência Brasil)

PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE

–  Da vida de Josimo, só sua morte foi nossa.

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Sábado, 10 de maio de 2025. A morte do padre Josimo Tavares Morais completou 39 anos.

Josimo não era de Imperatriz. Sua paróquia e sua igreja também não. Territorialmente, sua luta e sua causa não incluía nosso município. Seu assassino não era daqui. Os mandantes, também não.

Da vida de Josimo, só sua morte foi nossa.

E foi isso que ficou e (re)marcou a cidade de Imperatriz, fundada por um religioso e manchada por criminosos. Cidade que se iniciou sagrada e que continua sangrada – sangrada ainda por alguns e (in)certos malandros com ou sem revólver, com ou sem Poder, com ou sem dinheiro. Bandidos e malandros que se vestem de roupas escuras ou com colarinhos brancos.

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Puxando pela memória, eu me lembro razoavelmente daquele 10 de maio de 1986. Era um sábado. Eu morava em Imperatriz e me levantara lá pelas cinco horas da manhã. Cedinho, fui ao vizinho município de João Lisboa, onde participei do lançamento de um programa de crédito agrícola para pequenos produtores rurais (“Programa São Vicente”). Éramos o gerente do Banco do Nordeste e eu, explicando a “coisa” a esperançosos agricultores joão-lisboenses.

Ainda de manhã, quando voltei para Imperatriz, fui direto para o chamado salão nobre do clube Juçara, no bairro do mesmo nome, ligado ao centro de Imperatriz. Eu colaborava com o "Jornal de Imperatriz", publicação que eu ajudara a criar junto com seu proprietário, o Zé Maria Quariguasi (Gráfica Líder). Era o primeiro jornal diário da cidade impresso em sistema "off-set".

Naqueles dias eu também substituía o jornalista Jurivê de Macedo (falecido em 17/5/2010), que viajara para o Goiás (hoje Tocantins) em nova visita a familiares. (Parênteses: Sabe do que tratava a manchete da edição número 1 do "Jornal de Imperatriz"? Ela mesma, a violência: “VIOLÊNCIA PREOCUPA SARNEY”, dizia a manchete de letras brancas sobre tarja preta, dia 1º de dezembro de 1985, um domingo).

Como jornalista, fui entrando no salão do Juçara Clube e fui logo assuntando e anotando o que era que estava acontecendo no grande salão nobre do à época mais sofisticado clube social de Imperatriz e região: era a criação de uma “filial” imperatrizense da falada UDR (União Democrática Ruralista).

Houve doações e leilões de gado e outros animais. (Não sei como, mas um manuscrito da ata –  ou de anotações para ela – consta dos meus arquivos de tudo).

Eu estava acompanhando o frenesi da reunião, para preparar a coluna de página inteira e outras matérias do jornal, quando o repórter Carlos Henrique Gaby Rocha, aí perto de 1 hora da tarde, me avisou que desconhecidos tinham acabado de dar tiros em um padre.

Pois bem: saí do Juçara Clube e fui para o local do crime –  a escada (veja a foto) que levava aos altos do prédio onde localizavam-se escritórios de advogados e de entidades religiosas, além das instalações da Rádio Imperatriz, ali, na avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, esquina com a rua Godofredo Viana. É claro que, àquela altura, o corpo já tinha sido levado para um hospital, na tentativa de ver o que podiam fazer pelo padre de 33 anos, paraense nascido em Marabá.

A partir desse dia e nos dias seguintes, o Coriolano (Coló) Filho, que ficara na edição do jornal, e eu virávamos noites na redação do "Jornal de Imperatriz", colhendo as informações mais recentes e consistentes e dando assistência a um mundo de jornalistas de todo canto do país que nos procuravam para alguma ajuda, inclusive na questão de laboratório fotográfico para revelação.

As manchetes daquelas edições diárias de maio de 1986 diziam muito do clima reinante. E foi nesse mesmo clima, poucos dias após o atentado fatal ao padre que viera do outro lado do rio, que escrevi o artigo “PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE”, reproduzido abaixo.

Infelizmente para a nossa cidade, muita coisa do artigo ainda continua tristemente atual. (O artigo foi publicado originalmente no "Jornal de Imperatriz", edição de 14 de maio de 1986).

Anos depois, como diretor da sucursal do jornal "O Imparcial", dos Diários Associados, entrei pela madrugada no salão do Fórum da Justiça Estadual de Imperatriz, cobrindo o julgamento e noticiando a sentença que o juiz e meu conhecido Raimundo Licyano de Carvalho (falecido em 23/4/2018) proferiria, condenando o pistoleiro Geraldo à prisão. O caso nunca foi de todo resolvido.

Eis a íntegra do artigo, que foi reproduzido em jornais de outros pontos do País:

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PACIÊNCIA TAMBÉM TEM LIMITE

“DE VIOLÊNCIA ESTÁ CHEIA A NOSSA PACIÊNCIA. UM DIA, ELA EXPLODIRÁ”

Mais uma vez Imperatriz volta a ser assunto nacional, matéria de jornal. Pintou de novo, para todo o povo. Nas ondas sonoras, na tela de tevê, no papel-jornal. E, mais uma vez, esta cidade é vista pelo seu lado escuro.

Tá certo: a Imprensa é a menos culpada nisso, se é que cabe algum ônus a ela –  como costuma pensar e falar, aqui, os que não são jornalistas. A Imprensa não está aqui pela cidade, nem pela sua violência. Está aqui pela notícia. E isso é indescartável.

O que aconteceu no dia 10 de maio foi só MAIS UM ato de violência. Nem o fato de Ter sido praticado ao meio-dia, no centro da cidade, e pelas costas, o tornou incomum. A diferença é que a vítima vestia batina; e, aos 33 anos e à traição, o padre morreu do jeito e com a idade em que morrem os santos homens.

O padre do Tocantins não subiu aos céus visivelmente, mas a sua morte fez ressuscitar (ou reavivar) aqui na terra, a questão da violência, inclusive agrária. Isso tudo, por força e influência da Igreja, que já deu provas do que pode fazer. "Je vous salue, Église!"

Esta cidade merece os crimes e os castigos que tem. Porque sua gente, seu empresariado, suas forças produtivas, suas entidades de classe, não sabem a força que têm. Deixam-se ferrar, escalpelar, tirar o couro, mesmo. Deixam-se matar. Povo-boi. Os crimes, as injustiças, a violência, são tantos que a tranquilidade, aqui, é que é a exceção. Manchete de jornal, rádio e televisão.

Questionamos muito pouco nossa realidade. É preciso, sempre, que haja uma próxima morte, uma nova violência, para se reviver o assunto. Ficamos cheios de indignação e vazios de respostas. Aí, nada mais havendo a tratar, é a vez de o assunto morrer também.

Dizem: os crimes são de competência da Polícia. Dizem: a Polícia é de competência do Governo. Mas o Governo é de nossa competência. Os políticos são nossos servidores – e não patrões. Dirão: Ah! Isso é idealismo, coisa de sociologia, política, filosofia; precisamos de respostas, agora. Quais, então? Armar-se? Incitar à rebelião civil, à prática de Lynch? Constituir organizações paramilitares? Botar o Exército, a Polícia Militar nas ruas (sem esquecer de deixar os policiais criminosos na cadeia)? Aparelhar melhor a Polícia? Pagar-lhe melhores salários?

E onde estão aqueles moços que o povo botamos nas Câmaras, nas Prefeituras, nas Assembleias, no Senado, enfim, no Poder? Onde eles? É quase regra: Eles só vivem, só fazem, só agem pensando na eleição seguinte. Entretanto, POLÍTICA e POLÍCIA, além da proximidade gráfica, têm, para o povo, o mesmo objetivo geral: defender os seus interesses, isto é, os interesses do povo.

E o que ocorre é que estes políticos de cá não tão nem aí, aliás, a maioria deles não tá nem aqui. Para estes, “política é a arte de governar com o máximo de promessas e o mínimo de realizações”. Estas, quando vêm, e a presença deles, quando é, estão acompanhadas da necessidade de “aparecer”, fazer figura. Outros preocupam-se mais com “acertos”, conchavos, manipulações, negociações (negociatas, inclusive).

Acham que isso é política. Têm uma história de praticar a “fidelidade partidária”... ao mesmo tempo em que cometem adultério contra o povo. Enganam o povo. Esquecem o povo. E o nosso povo, besta, não esquece eles. Porque a política é a arte de enrolar as pessoas. A linguagem política –  diz Orwell –  é destinada a fazer com que as mentiras soem como verdade. E para certos políticos, o que é a verdade senão uma mentira muito repetida?

Essa prática política tão miúda, tão interesseira, tão vil (quando não servil), é outra das violências que sofre este povo. Talvez a pior, porque, pela frente, dá-nos tapinhas nas costas e, por trás, socos na cara.

A violência em Imperatriz é algo exposto. As ações e seus motivos mostram-se a todos, em evisceração. Em um texto como este não é necessário precisar fatos, nominar pessoas. Disto, sabem-no as autoridades civis, militares, eclesiásticas e o povo em geral.

Disto estão cheios os jornais.

Disto estão cheios os livros de ocorrências.

Disto está cheia a nossa paciência.

Um dia, ela explodirá.

* EDMILSON SANCHES

FOTOS:

A escada onde o padre Josimo recebeu os tiros que o levou à morte (no alto, à direita, o padre). Alguns livros sobre a morte de Josimo (do acervo de Edmilson Sanches).

*

Há 92 anos, em 10 de maio de 1933, o governo da Alemanha de Adolf Hitler remarcava seu ódio e descontava suas frustrações queimando livros em praça pública, de autores "inconvenientes" ao regime. Foi a “Bücherverbrennung” palavra alemã para “queima de livros”.

Daquela data até 8 de maio de 1945, doze anos depois, estima-se que a Alemanha queimou pelo menos CEM MILHÕES de livros.

Para os interessados, há uma obra espetacular que traz mais informações sobre esse "bibliocídio": "Quando os Livros Foram à Guerra", de M. G. Manning.

Também, na ficção e na história, há outros livros sobre essa criminosa relação dos alemães nazistas com esse que é o maior e mais charmoso objeto de cultura popularizado há 600 anos. Entre esses, "A Bibliotecária dos Livros Queimados", de Brianna Labuskes; "Ladrões de Livros", de Anders Rydell, a referência genérica de George Steiner em sua obra “Aqueles que Queimam Livros”... E sobre perdas em geral de livros, leia-se "O Livro dos Livros Perdidos", de Stuart Kelly... (Tenho essas obras em meu acervo, além de outros livros de Bibliologia que fazem referência a essa loucura piromaníaca [que queima] e biblioclasta [que destrói livros]).

*

O LIVRO, A LEITURA, O PROFESSOR (*)

A bengala é a extensão do braço, a muleta é o complemento ou reforço da perna, o amuleto é a explicitação dos medos. Mas, o livro, é o prolongamento da consciência – e a leitura, sua decodificação e enriquecimento.

Não há nada que se compare ao ato de ler. Nem mesmo a apreciação de uma pintura, a contemplação de um pôr do sol. Ler é mais que ver – é vivenciar, é (re)viver. Ler é criar e recriar a coisa lida dentro de nós.

E lemos tão pouco... E, frequentemente, lemos tão mal...

*

(...) De onde vem esse desapetite, essa falta de fome de leitura? Com fino humor, o crítico argentino Carmelo M. Bonet (falecido em 1977) escreveu que, para ser um escritor, haveria três alternativas: a genética – quando a pessoa dependeria de os pais serem inteligentes; o esforço pessoal – quando a pessoa dependeria de si mesma; ou a fé – quando a pessoa dependeria da vontade de Deus...

Não sei por que Carmelo Bonet não colocou o professor nessa lista da gênese da formação do escritor. Afinal, ali está ele, professor, artesão de saberes, emulador de mentes, fomentador de consciências, escultor a esculpir a massa (rósea, não cinzenta) de modelar que é o cérebro do jovem, do adolescente, da criança. Professor -- modelo, exemplo, espelho.

Se o Brasil quiser ser uma pátria melhor, tem de ter mais e melhores leitores. E para ter mais e melhores leitores, temos de ter mais, muito mais e melhores professores. Professores-leitores.

No ato de ler, o leitor é, em igual tempo, objeto e sujeito: em um papel, é influenciado pelo conteúdo do texto-sujeito; no outro, e simultaneamente, o leitor é coautor, reescrevendo mentalmente, complementando, valorando e validando o texto-objeto.

* EDMILSON SANCHES

(*) Trecho do prefácio que escrevi para o livro "Professor-leitor: De um Olhar Ingênuo a um Olhar Plural", da professora doutora Tereza Bom-Fim (UFMA). Interessados no texto integral podem solicitá-lo pelo e-mail acima ou via Messenger/Facebook e WhatsApp.

FOTOS:

Fogueira de livros na Alemanha de 1933 e capas de livros que contam a história de livros queimados e livros perdidos..

Brasília (DF) 10/11/2024 – Segundo dia do Enem: candidatos respondem a 90 questões até 18h30
Candidatos chegaram cedo para evitar surpresas antes da prova
Foto: Jose Cruz/Agência Brasil

As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2025 poderão ser feitas de 26 de maio a 6 de junho. As provas desta edição estão agendadas para os domingos, dias 9 e 16 de novembro. As datas definidas foram anunciadas pelo Ministério da Educação (MEC) nessa sexta-feira (9).

A pasta prevê que o edital com as regras do Enem 2025 será publicado em breve no Diário Oficial da União com informações como as áreas de conhecimento do ensino médio avaliadas, normas para participação dos candidatos "treineiros", o valor da taxa de inscrição e as formas de pagamento. Na edição de 2024, a taxa foi de R$ 85.

Anualmente, os editais do Enem ainda trazem orientações sobre como pedir atendimento especializado e/ou de recurso de acessibilidade; como pedir o tratamento pelo nome social registrado na Receita Federal. Essa possibilidade é destinada à pessoa que se identifica e quer ser reconhecida socialmente conforme sua identidade de gênero.

Os interessados em se inscrever devem, antes, criar cadastro e senha de acesso para a Página do Participante, por meio do login único no endereço eletrônico de serviços digitais do governo federal, o Gov.br.

Isenção da taxa de inscrição

prazo para solicitar a isenção da taxa de inscrição do exame terminou em 2 de maio. O mesmo prazo valeu para os participantes do Enem do ano passado que tiveram a gratuidade da taxa de inscrição, faltaram aos dias de prova, e, desejam fazer novamente o Enem, em 2025, de graça.

O resultado da justificativa de ausência no Enem 2024 e solicitação de isenção da taxa de inscrição para o Enem 2025 será publicado em 12 de maio.

Mesmo com a isenção confirmada pela equipe do Inep, o estudante precisará fazer a sua inscrição, no período a ser divulgado no futuro edital do Enem 2025.

O solicitante que tiver o pedido negado para justificativa de ausência no Enem 2024 ou para solicitação de isenção da taxa de inscrição para o Enem 2025 pode entrar com recurso entre 12 e 16 de maio. O resultado final das contestações será conhecido em 22 de maio.

No futuro, os participantes que não solicitarem o recurso ou tiverem o pedido de isenção de pagamento da taxa de inscrição para o Enem 2025 reprovado deverão se inscrever conforme o futuro edital do Enem 2025.

O exame

O Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Instituições de ensino públicas e privadas usam a prova para selecionar estudantes: os resultados podem ser adotados como critério único ou complementar de processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 

Os resultados individuais do exame também podem ser aproveitados em processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

(Fonte: Agência Brasil)

São Paulo (SP), 10/04/2025 - A Rádio MEC estreia o seriado “Ao som dos boleros e tangos”, produção inédita apresentada pelo jornalista e escritor Ruy Castro. Rádio MEC

A Bienal do Livro 2025 está programada para ocorrer entre 13 e 22 de junho, no Rio de Janeiro, com homenagem ao escritor e jornalista Ruy Castro, que lançará dois livros no evento. O festival será organizado por meio de um conceito de Book Park, um tipo de parque literário com experiências mais imersivas e lúdicas para o público. 

O evento deste ano ganhou mais importância com a escolha do Rio como Capital Mundial do Livro em 2025 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

“Eu comecei a frequentar a Bienal como criança e apenas leitor. E toda vez que entro na Bienal ainda hoje dou uma chorada de emoção. Adoro essa ideia de Book Park porque traz um senso de diversão e entretenimento. Eu defendo bastante tirar essas ideias da literatura como pedestal, de que ela é para poucos. Colocar a literatura no lugar que ela deve estar, de ser tão divertida como jogar videogame e assistir série”, disse o escritor Raphael Montes, que vai participar do evento deste ano.

A programação oficial traz em destaque autores brasileiros como:

  • Ailton Krenak,
  • Conceição Evaristo,
  • Marcelo Rubens Paiva,
  • Drauzio Varella,
  • Pedro Bial,
  • Miriam Leitão,
  • Mario Sergio Cortella,
  • Leandro Karnal,
  • Gabriela Prioli,
  • Itamar Vieira Junior,
  • Aline Bei,
  • Jefferson Tenorio.

Entre os estrangeiros, estão previstos:

  • A nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie,
  • A cubana Teresa Afonso Cruz,
  • A britânica Cara Hunter,
  • As italianas Dacia Maraini e Antonella Lattanzi,
  • A chilena Lina Meruane,
  • Os norte-americanos GT Karber, Lynn Painter e Alexene Farol Folmuth,
  • O canadense Brynne Weaver.

A Bienal é organizada pela empresa GL events Exhibitions em parceria com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL).

“A Bienal é muito mais do que um festival, é uma celebração da leitura e da potência transformadora dos livros. E se está presente na memória afetiva da cidade há décadas, desta vez, os visitantes vão viver experiências ainda mais marcantes”, disse Tatiana Zaccaro, diretora da GL events Exhibitions.

“Se na última edição comemoramos os 40 anos do maior festival literário do país, este ano olhamos para o futuro, para mostrar a importância do livro em todas as suas formas”, disse o presidente da SNEL, Dante Cid.

Brasília (DF) 09/05/2025 -  Bienal 2025 terá parque literário e homenageará o escritor Ruy Castro. Foto  Divulgação / Bienal do Livro Rio / Filmart

Acesso

Os ingressos podem ser comprados pelo site oficial do evento por R$ 42 (inteira) e R$ 21 (meia). Professores e bibliotecários têm acesso gratuito com a apresentação da carteira profissional. O evento terá uma roda gigante e quem quiser comprar ingresso antecipado o valor é R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

O serviço de transporte privado será ampliado em rotas tidas como estratégicas, informaram os organizadores, para que o acesso ao Riocentro seja facilitado. Horários e pontos de embarque estão disponíveis no site oficial da Bienal.

(Fonte: Agência Brasil)