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Em São Paulo, exposição reúne produção artística feminina da América Latina

Com mais de 280 trabalhos de 120 artistas, a exposição “Mulheres Radicais” leva, para a Pinacoteca de São Paulo, uma amostra da produção feminina da América Latina entre 1960 e 1985. Segundo as curadoras, Cecília Fajardo-Hill e Andrea Giunta, o recorte abrange um período decisivo na construção da arte contemporânea e na representação do corpo feminino. Nessas décadas, artistas pioneiras desenvolveram investigações que desafiaram as classificações dominantes a partir do entendimento do corpo como campo político.

“Essa nova abordagem instituiu uma pesquisa sobre o corpo como redescoberta do sujeito, algo que, mais tarde, viríamos a entender como uma mudança radical na iconografia do corpo”, ressaltam as curadoras no texto de apresentação da mostra. São pesquisas que, de acordo com Cecília e Giunta, abriram novos caminhos para a fotografia, “performance”, vídeo e arte conceitual.

Entre os trabalhos selecionados, estão obras de algumas das artistas mais influentes do século XX, como a brasileira Lygia Pape, a chilena Cecília Vicuña e a cubana Ana Mendieta. A mostra também traz nomes menos conhecidos, como a escultora e pintora mineira Teresinha Soares, que vem ganhando mais destaque nos últimos anos.

Ditaduras e opressão

A maioria das artistas teve, segundo a curadoria, de enfrentar, de alguma forma, a opressão política e social, marcada pelo papel dos Estados Unidos, em plena Guerra Fria e pelas ditaduras ao longo do continente, que também eram apoiadas pelo poder norte-americano. “As vidas e as obras dessas artistas estão imbricadas com as experiências da ditadura, do aprisionamento, do exílio, tortura, violência, censura e repressão, mas também com a emergência de uma nova sensibilidade”, enfatiza Cecília.

A exposição surge da percepção da curadoria e da Pinacoteca de que, apesar da relevância dessas artistas, elas não receberam o devido reconhecimento. “O vasto conjunto de obras produzidas por artistas latino-americanas e latinas tem sido marginalizado e abafado por uma história da arte dominante, canônica e patriarcal”, destacam as curadoras.

A exposição está aberta para o público a partir de hoje (18) e fica na Pinacoteca, na Luz, região central da capital paulista, até o dia 19 de novembro.

(Fonte: Agência Brasil)