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Livro com histórias de jornalistas relata episódios inusitados

“O Brasil não é um país sério” é uma frase que sempre foi atribuída ao ex-presidente da França Charles de Gaulle, mas o jornalista Aziz Ahmed garante que esta é uma das maiores “fake News” do jornalismo brasileiro. No recém-lançado livro “Memórias da imprensa escrita”, Ahmed publica esta e outras histórias, contadas por 26 jornalistas que comandaram as principais redações dos jornais cariocas na segunda metade do século passado.

Época em que Rio de Janeiro era capital federal, quando os jornalistas nem sonhavam com um mundo digital e as redações pensavam apenas em levar notícias fresquinhas assim que o dia começasse. As histórias são muitas, como a de uma que a polícia acabou com uma recepção ao presidente americano John Kennedy, após a denúncia de um vizinho que reclamou do barulho.

Nas 316 páginas do livro, estão episódios do cotidiano de redações de “O Globo”, “Últimas Hora”, “Jornal do Brasil”, “Correio da Manhã”. Contadas por mestres como Ricardo Boechat (morto em fevereiro deste ano em um acidente de helicóptero), os imortais Arnaldo Niskier e Cícero Sandroni, Pery Cotta, Henrique Caban e Aluizio Maranhão, entre outros.

Cada capítulo mostra um pouco dos bastidores e da sagacidade dos grandes editores da época. Milton Coelho da Graça, quando era editor-chefe de “O Globo”, nos anos 1980, sempre consultava o contínuo Cigarrinho (um mulato alto, sempre com um cigarro no canto da boca) sobre as manchetes da primeira página do dia seguinte. “Seu Milton, esta manchete não vai vender lá na Baixada. O povo de lá não vai entender nada disto”, sentenciava.

Bastidores

Na época colunista, Boechat conta que recebeu a notícia de que a apresentadora Xuxa estava grávida em uma tarde de sábado, durante a sua pelada semanal com amigos. E acreditou que podia guardar o “furo” até a edição de segunda-feira. No domingo, segundo ele, assistiu perplexo a Fausto Silva, o Faustão, dar a notícia em seu programa dominical.

A capa é assinada pelo desenhista Marcelo Monteiro, que, desde 1962, faz ilustrações no jornal carioca “O Globo”. E a tipologia impressa é a mesma das antigas máquinas de escrever.

Apesar de toda nostalgia, “Memórias da imprensa escrita” se rende ao mundo digital. Ao término de cada capítulo, um QR-Code apresenta ao leitor um vídeo com o jornalista entrevistado. O aplicativo, explica o autor, também será usado para possíveis atualizações bibliográficas.

Histórico

Aos 80 anos, Aziz Ahmed começou no jornalismo em 1961 e passou pelas redações do “Correio da Manhã”, “O Globo” e “Jornal do Commercio”. Lecionou em universidades e foi chefe da Comunicação Social da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Em tempo: o contínuo do jornal “O Globo”, o Cigarrinho, deixou a redação e foi trabalhar na assessoria de uma prefeitura em um município da Baixada Fluminense.

(Fonte: Agência Brasil)