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Investir no jovem dará “grande impulso” ao país, diz Nobel de Química

O vencedor do prêmio Nobel de Química em 2016, Fraser Stoddart, 77 anos, disse, nessa terça-feira (9), à Agência Brasil, que o país poderia ter um “grande impulso” se investisse na criatividade latente dos jovens pesquisadores brasileiros. Em entrevista, após uma palestra aberta ao público na Universidade de Brasília (UnB), Stoddart afirmou que essa decisão política poderia renovar, “em 10 a 20 anos”, modelos da indústria e oportunidades em diversas áreas.

“Os políticos não deveriam pensar que é um gasto, mas um investimento em jovens brasileiros. Seriam novas indústrias, novas oportunidades em todas as áreas. Seria um grande impulso”, disse.

Para o químico norte-americano, a China deveria servir como modelo para o Brasil nesse aspecto. Segundo ele, em breve, a China vai assumir a liderança global da ciência e tecnologia.

“No governo chinês, os próprios líderes já são cientistas e tecnólogos, têm o compromisso de manter uma boa quantidade de recursos [na área], o que oferece condições para que os jovens chineses vão aos Estados Unidos e à Europa fazer doutorado e, depois, retornar para a China, para, quem sabe, fazer um pós-doc. A maioria volta para a China”, exemplificou.

Diante de alunos de diversos cursos superiores, reunidos em um auditório da Universidade de Brasília (UnB), Stoddart recomendou que os jovens busquem ambientes “onde tenham liberdade para expressar sua criatividade”.

Naturalizado americano, Stoddart ganhou o Nobel há três anos, ao lado do francês Jean-Pierre Sauvage e do holandês Bernard Feringa, pelo desenvolvimento de máquinas moleculares. O estudo pioneiro na área permite controlar movimentos que as células realizam para desempenhar tarefas com a adição de energia.

O trabalho pode contribuir para a nanotecnologia, sendo utilizado, por exemplo, em material com capacidade de autorreparação por meio de estímulos externos. A indústria japonesa tem utilizado a criação em revestimentos traseiros de “smartphones” para que, no caso de um arranhão, o movimento controlado das moléculas preencham os espaços reconstruindo a superfície. Stoddart também acredita em inúmeras aplicações na química e na ciência da saúde.

O químico norte-americano, reconhecido pelo trabalho com nanoestruturas mecânicas, recebeu o título de Doutor Honoris Causa da UnB.

(Fonte: Agência Brasil)