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Estudantes ensinam famílias a se prevenirem contra o novo coronavírus

Em coro, os estudantes do 4º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Pedro Ernesto, no Jardim Botânico, na zona sul da cidade, explicam como as mãos devem ser lavadas para evitar a infecção pelo novo coronavírus (Covid-19). “Bota sabão na mão, esfrega as palmas das mãos, entre os dedos, em cima da mão. Troca de mão. Não pode esquecer o dedão, as unhas e os punhos”. E alertam que é preciso fechar a torneira durante o processo de lavagem das mãos “para não acabar com a água do mundo”.

Desde o começo do ano letivo, a lavagem cuidadosa das mãos, que já fazia parte da rotina das crianças, passou a ser reforçada todos os dias pelos professores. Os alunos também são orientados a usar álcool gel e a não compartilhar material escolar e outros objetos e a evitar cumprimentar uns aos outros com abraços e beijos. “Assim, fica todo mundo livre de coronavírus e dos outros vírus também”, explica a professora da turma, Íris Luna.

A prática na escola serve não apenas para proteger os estudantes, mas também para que as orientações cheguem às famílias. A escola atende 330 crianças, do 1º ao 5º ano do ensino fundamental. A maior parte das crianças mora na Rocinha, comunidade na zona sul da cidade.

“A gente ensina as formas de prevenção para que as crianças sejam multiplicadoras. É impressionante como as crianças absorvem a informação com mais facilidade que os adultos. E eles saem levando [informação] mesmo. As crianças são professoras natos”, diz a diretora da escola, Elizabeth Mendes Pereira.

"Eu sempre falo para minha mãe não passar a mão no olho e na boca. Ela sempre faz isso”, conta Ana Luiza, 9 anos. “Agora que a professora falou isso para a gente, eu falo com meus pais, e eles estão também falando para outras pessoas”, diz a menina. A colega, Beatriz, de 9 anos, complementa: “Na rua, a gente pega em corrimão, pega um monte de coisas e não sabe que ali tem muitas bactérias e vírus acumulados”.

A escola promoveu várias atividades para orientar as crianças. Pelos corredores, vários cartazes estampam frases e desenhos sobre o que se deve fazer para evitar o contágio. “Todos contra o Covid-19, sempre lave as mãos. Evite colocar as mãos no olho, no nariz e na boca”, diz um dos cartazes. Outro é mais enfático: “Sem abraço, sem beijinho e sem aperto de mão”.

De acordo com a coordenadora do Programa Saúde nas Escolas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, Elizabeth Alves, a secretaria trabalha permanentemente com ações de prevenção de várias doenças. Ações como lavar bem as mãos “têm que ser uma prática da escola diária”, diz. Com o novo coronavírus, tais hábitos foram intensificados.

Desde o início do ano, a secretaria enviou às unidades escolares circulares sobre verificação da carteira vacinal dos estudantes, sobre o processo de prevenção de arboviroses – que incluem o vírus da dengue, do zika, febre chikungunya e febre amarela – e sobre o novo coronavírus.

De acordo com a presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Cecilia Motta, que é secretária de Educação de Mato Grosso do Sul, as escolas são importantes espaços para discutir e disseminar informações seguras. “Tenho 2 milhões de habitantes no meu Estado, considerando professores e estudantes, cerca de 800 mil pessoas – quase a metade da população – passam pelas escolas. Se a gente tiver uma boa campanha de prevenção, não só do coronavírus, mas da dengue e de outras, ela chega aos lares”.

O governo federal divulgou, na semana passada, um ofício circular recomendando as redes de ensino a tomar várias medidas e a promover atividades de conscientização com os estudantes.

Suspensão das aulas

Na última sexta-feira (13), a Agência Brasil visitou a escola na parte da manhã. Era também o primeiro dia em que as crianças voltaram a tomar água do bebedouro, após os problemas na qualidade da água distribuída no Rio de Janeiro pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae). Com a volta do bebedouro, mais orientações: cada estudante deveria trazer a própria garrafa ou copo. Beber diretamente está proibido, para evitar a transmissão de doenças.

À tarde, a prefeitura anunciou medidas para prevenir a circulação do novo coronavírus. A partir de segunda-feira (16), as escolas municipais do Rio de Janeiro, incluindo a Pedro Ernesto, terão as aulas suspensas. A medida abrange 1.540 unidades de ensino, que têm cerca de 650 mil alunos. Apesar da suspensão das aulas, as escolas vão abrir das 11h às 13h para servir almoço aos alunos.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, o conteúdo pedagógico será repassado aos alunos por meio de ensino a distância, com a plataforma digital MultiRio e as redes sociais.

Recomendações do governo federal

A Secretaria de Vigilância em Saúde expediu recomendação ao Ministério da Educação para que estimule as seguintes ações nas instituições:
- Promover atividades educativas sobre higiene de mãos e etiqueta respiratória (conjunto de medidas comportamentais que devem ser tomadas ao tossir ou espirrar);

- Estimular a higienização das mãos com água e sabonete líquido e/ou preparações alcoólicas, provendo, conforme as possibilidades, lavatório/pia com dispensador de sabonete líquido, suporte com papel toalha, lixeira com tampa com acionamento por pedal e dispensadores com preparações alcoólicas para as mãos (álcool em gel), em pontos de maior circulação, tais como: recepção, corredores de acesso às salas de aulas e ao refeitório;

- Estimular o uso de lenços de papel, bem como seu descarte adequado;

- Realizar a limpeza e desinfecção das superfícies das salas de aula e demais espaços (cadeiras, mesas, aparelhos, bebedouros e equipamentos) após o uso. Recomenta-se, ainda, a limpeza das superfícies, com detergente neutro, seguida de desinfecção (álcool 70% ou hipoclorito de sódio);

- Evitar compartilhamento de copos e outros tipos de vasilhas;

- Estimular o uso de recipientes individuais para o consumo de água, evitando o contato direto da boca com as torneiras dos bebedouros;

- Manter os ambientes arejados por ventilação natural (portas e janelas abertas);

- Evitar atividades que envolvam grandes aglomerações em ambientes fechados, durante o período de circulação dos agentes causadores de síndromes gripais, como o novo coronavirus (Covid-19);

- Manter a atenção para indivíduos (docentes, discentes e demais profissionais) que apresentem febre e sintomas respiratórios (tosse, coriza etc.). Se for necessário, procurar por atendimento em serviço de saúde e, conforme recomendação médica, manter afastamento das atividades;

- Comunicar às autoridades sanitárias a ocorrência de suspeita de casos de infecção humana pelo novo coronavírus.

Covid-19

De acordo com o último boletim do Ministério da Saúde, o Brasil tem 98 casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus em todo o território nacional. São Paulo e Rio de Janeiro concentram o maior número de casos confirmados, com 56 e 16 casos, respectivamente. Em seguida, vêm Paraná (6), Rio Grande do Sul (4), Goiás (3) e Minas Gerais, Santa Catarina, Bahia, Distrito Federal e Pernambuco (2 casos em cada um). Completam a lista Alagoas, Espírito Santo e Rio Grande do Norte (1 caso em cada um).

(Fonte: Agência Brasil)