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LÍNGUA PORTUGUESA: dicas e exercícios 38

As dúvidas quanto ao uso dos acentos gráficos ainda não terminaram.

Neste domingo, lembramos mais alguns casos.

Dicas gramaticais
1. SECRETÁRIA ou SECRETARIA?
SECRETÁRIA é a pessoa; SECRETARIA é o lugar.

REGRA:
Acentuam-se as palavras paroxítonas terminadas em ditongo:
SE-CRE-TÁ-RIA, a-é-reo, núp-cias, sé-rie, cá-ries, ób-vio, re-ló-gio, nó-doa, má-goas, á-gua, tá-buas, tê-nue, o-blí-quo, ár-duos, au-tóp-sia, fa-mí-lia, prê-mio, am-bí-guo, lon-gín-quo, en-xá-guas, de-sá-guam, mín-guem, bi-lín-gue...

OBSERVAÇÃO:
Não haverá acento se a palavra terminar em hiato:
SE-CRE-TA-RI-A, ele ma-go-a, ele a-ve-ri-gu-a, a-pa-zi-gu-a, ar-gu-o, que eu ar-gu-a, ele in-flu-en-ci-a, ele no-ti-ci-a, eu pre-mi-o, ma-qui-na-ri-a...

2. RÚBRICA ou RUBRICA?
O certo é RUBRICA.

É uma palavra paroxítona terminada em “a”. Se fosse proparoxítona teria acento.

REGRA:
Todas as palavras proparoxítonas (= sílaba tônica na antepenúltima sílaba) devem receber acento gráfico:
álcool, álibi, amássemos, amávamos,
cágado, científico, depósito, devíamos, êxodo, fôssemos, hábito, ímprobo, ínterim, ômega, pântano, plêiade, protótipo, repórteres, vermífugo...

OBSERVAÇÃO:
Cuidado com algumas palavras que não têm acento gráfico porque verdadeiramente são paroxítonas:
avaro, aziago, ciclope, decano, erudito, filantropo, ibero, inaudito, pudico, refrega, rubrica...

3. APÔIO ou APOIO ou APÓIO?
"APÔIO" e “APÓIO” não existem.
APOIO (ô) é substantivo: “Preciso do seu apoio”.
APOIO (ó) é verbo: “Eu apoio este candidato”.

REGRA:
Acentuam-se as palavras que apresentam ditongos abertos:
ÉU: céu, réu, chapéu, troféus...
ÉI: papéis, pastéis, anéis...
ÓI: dói, herói...

OBSERVAÇÃO 1:
Não se acentuam os ditongos fechados:
EU: seu, ateu, judeu, europeu...
EI: lei, alheio, feia...
OI: boi, coisa, o apoio...

Acrescentando...
“Deficit” e “superavit” tiveram grafia alterada pelo Acordo Ortográfico

“Não estão afastados os riscos de que o país volte a incorrer em grandes ‘deficits’ externos no futuro – e essa possibilidade exige atenção do governo”.

Antes do último Acordo Ortográfico, usávamos as grafias “déficit” e “superávit”, ambas com acento marcando a sua sílaba tônica. As palavras latinas tinham sofrido um aportuguesamento fora do padrão, que foi agora revogado.

Para entender melhor essa questão, convém observar que, na língua portuguesa, não há palavras terminadas em “t” – esse não é o nosso padrão gráfico. Um termo como “superávit” poderia receber o “e” final, adequando-se ao padrão de aportuguesamento, donde resultaria a forma “superávite”.

Ocorre, entretanto, que, com “déficit”, isso não seria possível sem deslocamento da sílaba tônica porque, em português, as palavras são oxítonas, paroxítonas ou proparoxítonas (estas com acento tônico na antepenúltima sílaba). Não há possibilidade, no nosso sistema, de acentuar uma sílaba anterior à antepenúltima. Com o deslocamento, teríamos algo como “defícite”.

Vê-se, assim, que o problema não é fácil de resolver. No sistema ortográfico antigo, optou-se pelas grafias “déficit” e “superávit”, que podiam receber o “s” de plural depois da consoante – mais uma solução fora do padrão ortográfico do português.

Com o novo acordo, essas formas voltaram à sua grafia latina (estão, agora, na lista de estrangeirismos do Volp, documento que registra a grafia oficial das palavras no território brasileiro).

Dessa forma, perderam o acento e passam a ser tratadas como termos latinos. Perdem, portanto, o “s” de plural e passam a ser tratadas como nomes de dois números. Temos, agora, as construções o “deficit”, os “deficit”, o “superavit”, os “superavit” - sem o “s” de plural.

O texto corrigido segundo a ortografia vigente: Não estão afastados os riscos de que o país volte a incorrer em grandes “deficit” externos no futuro – e essa possibilidade exige atenção do governo.

Nem tudo mudou com o Novo Acordo Ortográfico
Na verdade, as mudanças na ortografia do português brasileiro não são tantas como se imaginava. Na prática, muitas palavras mantiveram a grafia anterior. Ocorre, entretanto, que as pessoas, nem sempre familiarizadas com certa terminologia, passaram a ter dúvidas sobre pontos que não foram tratados no Acordo. Do ponto de vista gramatical, o antigo acento de eu “apóio” (que hoje se escreve eu “apoio”) não era um diferencial, mas grande parte dos usuários da língua imagina que sim, que seu emprego servia para distinguir a forma verbal do substantivo. Esse acento deixou de ser usado como todos os ditongos abertos em palavras paroxítonas, independentemente de haver homônimo.

Há quem imagine que os acentos das formas verbais dá (“Ele nunca ‘dá’ esmolas”) e dê (“Espero que ele ‘dê’ atenção ao caso”) sejam diferenciais, pois existe a preposição “de” e a forma “da” (contração da preposição “de” com o artigo “a”), e que, portanto, devem deixar de ser usados. De jeito nenhum. Esses acentos assinalam os monossílabos tônicos terminados em “a”, “e” e “o” (como em “pá”, “chá”, “pé”, “fé”, “pó”, “dó” etc.), regra que não sofreu nenhuma alteração.

Multifuncional, microcirculação, antienvelhecimento, lipoescultura, anticontrabando, por exemplo, não se modificaram. Já arqui-inimigo, autoestima, infraestrutura, antirrugas e anti-idade adaptaram- -se à nova convenção.

Teste da semana:
Assinale a opção que completa, corretamente, a frase abaixo:
“Ela _________ não sabia se as declarações deviam ir ou não ir _________ ao processo".
a) mesma – anexas;
b) mesmo – anexo;
c) mesma – em anexas;
d) mesmo – anexas;
e) mesma – anexo.

Resposta do teste: Letra (a).
A palavra MESMO, quando significa "próprio", é um pronome de reforço e deve concordar com a palavra a que se refere: "Ela mesma". O adjetivo ANEXO deve concordar com o substantivo a que se refere: "as declarações...anexas". Seria aceitável também a forma EM ANEXO, que é invariável.