
EDMILSON SANCHES DESTACA A FORMAÇÃO E SOLIDIFICAÇÃO DE VÍNCULOS HISTÓRICOS ENTRE MARANHÃO E CEARÁ
– “Ler ou ouvir Edmilson Sanches é uma aventura profunda pelo conhecimento e pela alma humana”
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A palestra do administrador, jornalista e escritor maranhense Edmilson Sanches em Fortaleza, nessa terça-feira (2/12/2025), no evento dos 40 anos da Associação Brasileira de Bibliófilos (ABBi), mereceu aplausos e manifestações elogiosas dos presentes no Ideal Clube, em Fortaleza, onde foi realizada a solenidade. O tema da exposição foi: “LIVROS E GENTES, FATOS E AMBIENTES: DOS VÍNCULOS, INTERSEÇÕES E PROXIMIDADES ENTRE MARANHÃO E CEARÁ”.
A solenidade foi coordenada pelo empresário, professor, administrador e escritor José Augusto Bezerra, presidente da ABBi, que convidou para a compor a Mesa, representando as diversas Academias e outras Instituições culturais de Fortaleza e de todo o Ceará, os presidentes das duas mais antigas Entidades culturais presentes: do Instituto do Ceará - Histórico, Geográfico e Antropológico, fundado em 4 de março de 1887, seu presidente, Seridião Correia Montenegro, procurador da Fazenda Nacional, professor e escritor; e da Academia Cearense de Letras, fundada em 15 de agosto de 1894, a mais antiga do Brasil, seu presidente, Tales de Sá Cavalcante, engenheiro civil, administrador escolar, professor, escritor, reitor do Centro Universitário Farias Brito. A Mesa foi formada ainda por Lúcio Gonçalo de Alcântara, médico, escritor, editor, ex-prefeito de Fortaleza e ex-deputado federal, vice-governador e governador do Ceará, também responsável pela edição da revista “Scriptorium”, da ABBi. Também compôs a Mesa o palestrante convidado, Edmilson Sanches, administrador, jornalista, escritor e editor, maranhense de Caxias.
Presentes também as empresárias Maria Bernardete de Oliveira Bezerra, presidente, e Marilena de Alencar Pinto Campos, ex-presidente, da Sociedade Amigas do Livro (SAL); o empresário, fotógrafo e bibliófilo Eduardo Augusto Cortez Campos, presidente do Instituto Eduardo Campos e ex-governador do Rotary International (Distrito 4490); a escritora, atriz, produtora cultural e apresentadora Fernanda Quinderé, presidente da Academia Fortalezense de Letras; o professor, escritor e gestor de Educação Francisco Sousa Nunes Filho, presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa; o médico, psicólogo, professor e escritor Pedro Bezerra de Araújo, nascido em Caxias (MA), vice-presidente da Academia Brasileira de Hagiologia (2022/23); o advogado, escritor e jornalista Reginaldo Vasconcelos, presidente da Academia Cearense de Literatura e Jornalismo; o jornalista, radialista e escritor Vicente Alencar, presidente da Academia Cearense de Retórica e diretor da Rádio Guarani de Fortaleza, que foi colega de pós-graduação de Edmilson Sanches e é descendente do romancista cearense José de Alencar.
José Augusto Bezerra anunciou para 2026 a transformação da Associação em Academia Brasileira de Bibliófilos. Também comunicou que no próximo ano será realizado Congresso nacional e internacional da Instituição, bem como a realização de pelo menos dois encontros da Entidade e seus membros.
Sócios da ABBi e convidados lotaram o salão do Ideal Clube, com diversos presidentes e diretores de outras entidades culturais e empresariais, entre estas a Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza, com o empresário, ex-gestor e auditor do Banco do Brasil, Antonio Cruz Gonçalves, nascido em Caxias, escritor e articulista do jornal “Diário do Nordeste”, da capital cearense.
A palestra de Edmilson Sanches foi muitas vezes entrecortada por aplausos, ante a menção de nomes maranhenses e cearenses que, por intermédio da História e da Cultura, estabeleceram e solidificaram vínculos entre os dois Estados. Transitaram pelas palavras e evocações de Sanches nomes do Maranhão e Ceará como Aderson Ferro, Alberto Nepomuceno, Ana Maria Miranda, Antônio Martins Filho, Barão de Studart (Guilherme Chambly Studart), Carlos Studart Filho, Catullo da Paixão Cearense, Cosme Bento das Chagas (Negro Cosme), Elpídio de Britto Pereira, Francisco Marialva Mont’Alverne Frota, George Barros Leal, Gonçalves Dias, Graça Aranha, Heráclito de Alencastro Pereira da Graça, Henrique Maximiano Coelho Netto, Jeronymo Martiniano Figueira de Mello, João do Vale, José de Alencar, José Murilo de Carvalho Martins, Juvenal Galeno, Leonildes Macedo Castelo Branco Nascimento (Indinha), Luís Figueira, Luiz Antônio Vieira da Silva, Martim Soares Moreno, Raimundo Castelo Branco de Almeida, Tomás Pompeu de Sousa Brasil, Tristão de Alencar Araripe...
Edmilson Sanches foi presenteado com vários livros de autores que participaram da solenidade. O professor e acadêmico Sousa Nunes, presidente da Academia Cearense da Língua Portuguesa, escreveu sobre Edmilson Sanches: “[...] grande Tribuno, Escritor e Orador de verbo impecável e fulgurante inteligência [...]. Lê-lo ou ouvi-lo é uma aventura profunda pelo conhecimento e pela alma humana”. Para a escritora cearense Margarida Alencar, autora do livro “Sombras na Parede”, “Edmilson Sanches é um maranhense de escol”.
Após a palestra, o médico, político e escritor Lúcio Alcântara, ex-senador e governador do Ceará, fez homenagem a Edmilson Sanches, lendo trecho da palestra do maranhense feita na ABBi exatamente um ano atrás:
“Livro é fonte ou fruto? Livro é causa ou efeito? Procedência ou consequência? Razão ou resultado?
Livro, afinal, é semeadura ou colheita? Ponto de partida ou local de chegada?
Para mim, se o livro não chega a ser uma Trindade, sagrada, é uma dualidade, humana: o livro tanto é “venha a nós” quanto “vosso reino”; o livro é ou pode ser começo e fim, gênesis e apocalipse.
O livro é resultado, em seu conteúdo, das intenções e elucubrações de seu escritor, e é consequência, em sua forma, do gráfico, tipógrafo, “designer”, editor.
O livro é em igual tempo semente e sementeira, campo ou seara, apanha ou colhimento.”
Sanches falou sobre a fundação da ABBi, ocorrida em 30 de novembro de 1985. Sobre as relações Maranhão e Ceará, lembrou que, “na Geografia e na História, na Literatura e na Música, na Política e na Administração Pública ‘y otras cositas más’, há elos fortes de História e de histórias comuns. E estes são elos não rompíveis – porque são da corrente do passado. São fios fartos de fibras fortes, que, de algum jeito ou maneira, ajudaram a urdir os fios, a fiar a teia, e a tecer panos de fundo inúmeras vezes comuns à vida do Maranhão e de maranhenses e à vida do Ceará e de cearenses”. Historiou que houve um tempo em que “Ceará era Maranhão, o Maranhão era também Ceará: durante cerca de 60 anos, de 1621 a 1680, a Capitania Real do Siará era parte do Maranhão, de onde se desligou para integrar o Pernambuco, até finalmente chegar a 17 de janeiro de 1799, quando o Ceará, com todos os méritos, chega formalmente à sua autonomia.”
Acerca da receptividade dos maranhenses em relação aos cearenses, Sanches lembrou ainda: “Todos sabemos da base, podemos dizer, praticamente unifamiliar de que Maranhão e Ceará, maranhenses e cearenses, descendemos. Ainda hoje nós nos recepcionamos uns aos outros, abrimos braços, damos abraços, cedemos espaços... Há séculos o Maranhão – que é Amazônia sem as cheias da Amazônia, e que é Nordeste sem as secas nordestinas – recebe os esperançosos cearenses e outros irmãos do Nordeste que não resistiram à árida inclemência do rei Sol. Na seca de 1877, o número de migrantes cearenses que foram registrados apenas no porto e somente em São Luís era de 10.849 pessoas, um impacto populacional de mais de 31%, para uma cidade que, na época, tinha menos de 35 mil habitantes... É como se o município de Fortaleza, a capital de hoje, com seus 2.578.483 habitantes recebesse em seu porto principal mais 800 mil (ou exatamente 799.587) novos seres humanos famintos, castigados, mas honestos, trabalhadores, esperançosos... Irmãos.”
Edmilson Sanches encerrou citando a música “De São Luís a Teresina”, do maranhense João do Vale, compositor que, segundo o palestrante, “canta essa unidade territorial e demográfica que se tripartiu (Maranhão, Piauí e Ceará) mas nem por isso se desuniu”. Destacando o refrão da música – “O trem danou-se naquelas brenhas / Soltando brasa, comendo lenha. / Comendo lenha e soltando brasa, / Tanto queima como atrasa” –, Sanches concluiu: “Pois é... Como se lê, ouve e canta, houve um tempo em que se soltavam mais brasas, e não bandidos... Houve um tempo em que máquinas pretas comiam lenhas e faziam fumaça, como homens de preto hoje bebem liberdades e faz-se cinza... Um tempo em que um trem atrasava mais que a justiça...”
Fotos:
Edmilson Sanches.










