Está o Maranhão submetido a um novo tipo de governo. Governo evoluído. Governo progressista. Governo democrático. Governo povo. Governo independente. Governo político como afirmou José Sarney. E explicou: “e que terá a função de executar uma grande e alta política para mostrar ao Maranhão que a política não é arte de servir a pequenos interesses pessoais ou de grupos, mas a grande arte de promover realizações que, na realidade, o Povo e até mesmo a destinação histórica estão a exigir”.
Muito bem, governador Sarney. Política construtiva. Política de saneamento. Política positiva. Política restauradora. Política de amplitude. Política “destinada a ser um meio de coordenação de forças sociais”. Noutras palavras: política de reformas totais. E o povo não espera outra coisa. O momento não comporta outra orientação. É preciso haver mesmo mudanças profundas. E outro não foi o pensamento do povo na campanha eleitoral. E outro não foi o objetivo da luta do povo: sair do amadorismo, sair da estagnação, sair do aprisionamento duma política de conveniências perniciosas. Com Sarney, está, agora, a execução de um programa de governo altamente evoluído e desenvolvimentista.
E fazendo a proclamação do seu secretariado o governador José Sarney falou: “a nossa função será a de limpar o Maranhão daqueles vinte anos de primarismo político e do atraso, dando ao Povo, a todos, indistintamente, os mesmos direitos e os mesmos deveres para que possamos todos pensar em progresso definitivo e duradouro”. E mais adiante: “Todos os secretários que irão formar a nossa equipe de governo sabem que a nossa função é aquela de limpar o Maranhão daqueles vinte anos de primarismo político e de atraso, dando ao Povo maranhense, a todos, indistintamente, os mesmos deveres para que nós possamos realmente pensar em progresso definitivo e duradouro”. Aí está a reafirmação. Aí está o pensamento firme. A atitude inflexível. Aí está o pensamento duma orientação política administrativa que assegura, para o povo, a execução de um governo austero, um governo equilibrado, um governo sério, um governo “ordem e progresso”.
E veio a identificação do secretariado. Elementos novos na composição político-administrativa do governo oposicionista. Uma “galeria” de títulos e honrarias impressionantes. Gente capacitada. Gente inteligente. Gente sem a marca do protecionismo da política partidária. Gente independente. Gente limpa. Gente que poderá realizar, nos seus setores de trabalho, uma grande administração. Com José Murad, há o exemplo edificante. Com Pedro Neiva, a segurança duma administração séria, a força dum pensamento evoluído. Com Cícero Neiva, há a prudência, há a compreensão, há a atitude independente. Com os demais, há uma sequência de informativos positivos. Há referências destacadas. Há, com cada um, uma documentação fortíssima de capacidade intelectual. E a impressão geral é que Sarney soube escolher os seus auxiliares. E agora é esperar os resultados. É esperar, “corrente cálamo”, o funcionamento da máquina administrativa do novo governo, o governo do povo, o governo saído da luta popular, da luta de libertação da terra privilegiada.
No momento, há a expectativa. No momento, todos na cooperação. Todos com a disposição de ajudar Sarney. De ajudar a recuperação total do Maranhão. Deve mesmo haver, de verdade, a limpeza. Mas tudo feito dentro da ordem sem que haja a rebentação dos revides perigosos. O Maranhão precisa de trabalhos, de realizações. Precisa recuperar, quanto antes, o tempo perdido. E é esta agora a esperança do povo.
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 1º de fevereiro de 1966, terça-feira.