Natural de uma família de pequenos agricultores da zona rural no entorno do Distrito Federal, Josemar Filho, 23 anos, é um exemplo de amor aos estudos e à pesquisa. Recentemente, foi aprovado em primeiro lugar no doutorado em ciência dos alimentos pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), uma das mais conceituadas do país. Vitória que ele atribui, principalmente, ao incentivo dos professores. Josemar é o convidado da edição desta quinta (9), do programa “Educação no Ar”, produzido pela TV MEC e transmitido pela NBR.
Neste sábado, 11 de agosto, o Brasil comemora o Dia do Estudante, data em que pessoas como Josemar, ou Zeca, tal qual é conhecido entre os amigos, reforçam a importância de um direito essencial ao cidadão, que é o direito ao conhecimento.
“Eu nem acreditava que seria capaz de produzir este tipo de conhecimento, de pesquisa”, observa Josemar. “Minha área de estudo está dentro da ciência e tecnologia de alimentos. Tenho trabalhado com a parte de embalagens comestíveis e biodegradáveis de alimentos, principalmente filmes e revestimentos biodegradáveis para alimentos em geral, conservação pós-colheita de frutas, revestimentos comestíveis para tentar ampliar a conservação dessas frutas durante a colheita e reduzir as perdas”, descreve, orgulhoso, os projetos que desenvolve.
O Dia do Estudante é celebrado desde 1927, quando, por ocasião da comemoração dos cem anos das duas primeiras faculdades de direito do país – a de Olinda, em Pernambuco, e a do Largo de São Francisco, em São Paulo – o jurista Celso Gand Ley sugeriu a data. Exatos dez anos depois, em 11 de agosto de 1937, era criada a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Hoje, aluno de doutorado, Josemar quer seguir carreira acadêmica, pois vê na profissão o desafio de despertar em outros jovens o amor pelos estudos. Ele estudou toda a vida em escola pública, fez o curso técnico em agroindústria e o curso superior de tecnologia em agroindústria no Instituto Federal de Brasília e mestrado em agroquímica no Instituto Federal Goiano.
“Os professores sempre nos motivaram a criar, a buscar soluções para problemas e o ensino era muito baseado nisso”, recorda ele. “Eu também tive oportunidade de trabalhar com pesquisa, pude já de início quando ingressei no curso técnico, ser bolsista de iniciação cientifica. Foi onde tudo começou. Foi um mundo novo. Uma sementinha plantada no início e aquela curiosidade se estendeu. Se hoje eu desenvolvo pesquisa na área de ciência de alimentos foi incentivo das minhas professoras da graduação, que eram engenheiras de alimentos e despertaram o interesse por esta área”.
De outro lado, a criação que teve na zona rural e o convívio, desde pequeno, com a agricultura e a pecuária também motivaram o estudante a buscar mais conhecimento sobre o assunto. “Meu primeiro projeto de iniciação científica foi voltado para produção leiteira. O diagnóstico da cadeia produtiva de leite. Meu pai e meus avós eram produtores de leite. E isso me incentivou a fazer esta pesquisa”, lembra. Josemar confessa que quando saiu de casa para fazer a graduação os pais acharam que pouco depois ele voltaria. Josemar, porém, não quis parar mais de estudar. Dos pais, continuou a receber apoio, com a certeza de que estava no caminho certo.
Aos jovens que, como ele, vivem na zona rural e nutrem o desejo de estudar, buscar uma formação superior e uma pós-graduação, Josemar dá o incentivo. “É preciso acreditar e pensar um pouco fora da caixa. Muitas vezes a gente ouve as pessoas dizendo que não dá certo, que não vamos conseguir porque talvez elas não conseguiram ou não tenham tido coragem de buscar algo fora da realidade onde viviam. Mas a gente tem que tentar e é possível sim”, acrescenta. Para o futuro, Josemar Filho sonha em ser professor de Instituto Federal, mais exatamente do IF-Brasília. Quer retribuir o ensino que recebeu, transmitindo conhecimento a outros estudantes.
(Fonte: MEC)