Morreu na noite de ontem (9), no Rio de Janeiro, o escritor, advogado, sociólogo e cientista político Hélio Jaguaribe, aos 95 anos. Ele estava em casa, no Bairro de Copacabana, e teve falência múltipla de órgãos. A informação foi confirmada pela Academia Brasileira de Letras (ABL), onde Jaguaribe ocupava a cadeira número 11 desde 2005.
Segundo divulgou a ABL, o presidente da instituição, Marco Lucchesi, determinou que a bandeira da academia fosse hasteada a meio mastro. “Hélio Jaguaribe foi um dos últimos grandes intérpretes de nosso país. Estudou o Brasil para transformá-lo, mediante uma abordagem desenvolvimentista, com a fundação do Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), nos anos 50”, declarou o presidente.
Lucchesi lembrou da trajetória de Jaguaribe na defesa da indissociabilidade entre ação e pensamento, “como Darcy Ribeiro e Celso Furtado, que o precederam na cadeira 11 da Academia Brasileira de Letras”. Entre a vasta obra do imortal, estã “A dependência político-econômica da América Latina” e “Um estudo crítico da história”.
Nascido no Rio de Janeiro, em 1923, Hélio Jaguaribe se formou em direito pela Pontifícia Universidade Católica em 1946. Iniciou, em 1952, um projeto de estudos, ao lado de outros jovens cientistas sociais, para reformular o entendimento da sociedade brasileira, fundando o Instituto Brasileiro de Economia, Sociologia e Política (Ibesp). No órgão, Jaguaribe foi secretário-geral e também diretor da revista “Cadernos de Nosso Tempo”.
Por iniciativa dele, foi constituído, em 1956, o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (Iseb), ligado ao Ministério da Educação, para promover altos estudos no campo das ciências sociais. Com o golpe militar de 1964, Jaguaribe foi lecionar nos Estados Unidos, ficando na Universidade de Harvard, de 1964 a 1966; na Universidade de Stanford, de 1966 a 1967 e no Massachusets Institute of Tecnology.(MIT), de 1968 a 1969. Retornou ao Brasil em 1969, quando ingressou no Conjunto Universitário Cândido Mendes.
Foi decano do Instituto de Estudos Políticos e Sociais desde sua fundação, em 1979, até 2003, continuando as pesquisas ativamente como decano emérito. Recebeu o título de doutor “honoris causa” da Universidade de Johannes Gutenberg, de Mainz, Alemanha (em 1983); da Universidade Federal da Paraíba (em 1992); e da Universidade de Buenos Aires (em 2001). Recebeu, também, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico em 1996 e a Ordem do Mérito Cultural em 1999.
O corpo de Jaguaribe será velado na quarta-feira (12) na Sala dos Poetas Românticos, no Petit Trianon da ABL, a partir das 10h. O sepultamento está previsto para as 15h do mesmo dia, no Mausoléu da Academia no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Ele deixa a viúva Maria Lucia Charnaux Jaguaribe e cinco filhos: Anna, Roberto, Claudia, Beatriz e Isabel.
(Fonte: Agência Brasil)