Cada vez mais, cachorros e gatos dividem espaços com seus donos em casa num comportamento tão próximo ao dos humanos, que envolve cardápios elaborados, direito a passeios especiais, adestradores e salão de beleza. Hábitos que criam negócios bilionários e estão em curva ascendente. Só o comércio varejista do mercado Pet faturou mais de R$ 32 bilhões no ano passado, estimulando a abertura de novos pontos de venda e a indústria do setor.
Dados da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet) indicam que, no ano passado, os fabricantes de alimentos, medicamentos e acessórios para o mercado Pet tiveram um faturamento de R$ 20,37 bilhões, o equivalente a 6,9% a mais do que em 2016.
Em 2018, a previsão é alcançar R$ 21,77 bilhões. Cerca de 68,6% desse total referem-se a produtos para nutrição animal, que, em sua composição, levam milho, soja, arroz, trigo e carnes de aves, bovinos e peixes.
Potencial
Para o presidente da Abinpet, José Edson Galvão de França, a crise econômica fez os consumidores mudarem de comportamento. “Os tutores de animais de estimação não deixaram de comprar, mas estão procurando produtos mais em conta”, afirmou. O executivo reconhece, no entanto, que há “um potencial gigantesco” a ser explorado.
Segundo França, há uma clientela atenta às ofertas e aos serviços. Segundo ele, aumentou a demanda por vários serviços, como banho e tosa, passeios feitos pelos “pet walkers”, adestradores e por creches de animais. “Há uma conscientização de que é importante a socialização dos “pets” não só com integrantes das famílias, mas com outros animais”.
Em relação ao aumento do leque de produtos, ele destacou as opções de alimento completo e com versões para atender às necessidades especiais e, ainda, a oferta de acessórios e produtos que “humanizam” esses animais. Ele informou que, para padronizar a qualidade na produção, foi criado o “Manual Pet Food Brasil”, em sua 9ª edição.
“Ranking” mundial
O Brasil é o terceiro maior mercado mundial, com uma participação de 5,1%, atrás apenas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Com base em levantamentos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Abinpet observou que o país ocupa a terceira colocação em número de animais (132 milhões) e só perde para a China (417 milhões) e os Estados Unidos (232 milhões).
Dados do Instituto Pet Brasil, citados pela Abinpet, mostram que, no ano passado, o comércio varejista do setor passou por expressiva profissionalização, tendo alcançado um faturamento de R$ 32,92 bilhões entre serviços gerais, alimentos (“Food”), equipamentos e acessórios (“Care”), produtos veterinários (“Prod Vet”), serviços veterinários (“Serv Vet”) e vendas de animais de estimação.
As maiores movimentações ocorreram no varejo especializado (“Pet Shops”), com R$ 26,61 bilhões. Desses, R$ 1,27 bilhão são da venda de animais de estimação, 4,77% da demanda dos “Pet Shops”. Na venda direta de animais pelo criador ao tutor, o volume atingiu R$ 3,39 bilhões.
Já o montante dos alimentos vendidos em supermercados somou R$ 2,03 bilhões ou 6,1% do canal de vendas. Em 2017, o faturamento do setor cresceu 5,8% sobre o ano anterior, quando havia alcançado R$ 31,11 milhões.
Investidores
Os investidores estrangeiros ampliam sua participação nesse segmento. Só neste ano, a rede Petz, que se tornou líder no varejo após a entrada no negócio do fundo norte-americano Warburg Pincus, já conta com 71 estabelecimentos espalhados em sete Estados ((São Paulo, Rio Grande do Sul, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul) e no Distrito Federal.
O coordenador de “Marketing” da rede Petz, André Marinho, informou que, até o fim deste ano, o número deve chegar a 80 e com a meta de continuar crescendo. A projeção, segundo revelou, é atingir 120 pontos de venda até 2020.
Para Marinho, o mercado foi estimulado tanto pela “humanização” dos animais, principalmente os cães, que deixaram os quintais, indo para dentro de casa e, hoje, ocupando a mesma cama de seus donos, quanto pela profissionalização do setor.
“Tem cursos na área, tratamentos superdiferenciados, adoção de animais resgatados das ruas e a questão do afeto. Tem gente que deixa de comprar para si, para não faltar nada para o ‘pet’, que é colocado em primeiro lugar, e a gente aposta bastante nisso”, disse.
Luxo
A lista de luxo dos produtos para cães inclui até vinho e cerveja. São composições à base de ração feita com carne, à qual são adicionados os aromas dessas bebidas. Seguindo o cardápio dos humanos, há também brigadeiros e panetones. De acordo com Marinho, o mercado “pet” voltado para os gatos também está crescendo.
Os mais de 20 mil itens do mercado “pet” incluem alimentos, acessórios, brinquedos e farmácia para vários tipos de animais. Nas megalojas, o espaço é dividido por setores, como Safári (com hamsters, coelhos, chinchilas, porquinhos da índia e aves diversas), além do Aquarismo, Cães, Gatos , Filhotes e variedades de flores e plantas.
No local, o cliente conta com veterinários especializados no atendimento de cães, gatos, peixes, aves, roedores e répteis. Nos fins de semana, são promovidos eventos de adoção em sistema de parceria com organizações não governamentais (ONGs).
(Fonte: Agência Brasil)