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O lançamento da sonda Viking 1, em 20 de agosto de 1975, há exatos 45 anos, marcou a primeira vez que um artefato da Terra pousou e fez experimentos em solo marciano. O evento fazia parte do Programa Viking, responsável por lançar outra sonda, a Viking 2, quase um mês depois. Ambas aterrissaram no ano seguinte, sendo responsáveis por coletar imagens, dados e realizar experimentos científicos no solo do planeta vermelho. Os aparelhos continuaram a transmitir informações para a Terra até 1982, quando um comando errado resultou na interrupção das comunicações com a primeira sonda lançada e última a ser desativada.

O legado da Viking possibilitou todo o desenvolvimento da exploração do planeta vermelho até aqui, tendo sido pioneira em vários aspectos. (Confira linha do tempo ao término do texto) O professor Alexandre Zabot, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), ensina aos apaixonados pelas estrelas em todo o país a compreenderem os fenômenos astronômicos por meio do projeto de extensão Astrofísica para Todos. Ele observa que os experimentos realizados pelas sondas Viking naquela época foram importantes para a pesquisa do tema. “Todas seguiram mais ou menos a mesma sequência, com experimentos para detectar moléculas orgânicas, medidas de sismologia, da atmosfera; continuamos a fazer esse tipo de experimento; ela foi a precursora”, relata o professor. Ele ressalta que os aperfeiçoamentos contínuos, em especial na capacidade dos computadores, permitem que se tente passos mais ousados.

Entre esses passos está a missão Mars 2020, que lançou o Perseverance, um veículo capaz de andar sobre o planeta e que deve chegar a Marte em fevereiro de 2021.

Legado

As descobertas das sondas incluem a detecção de moléculas orgânicas. O achado não é desprezível, como explica o professor Alexandre: “Isso era esperado, tanto que mandaram o equipamento capaz de fazer essa medida, mas poderia não ter medido nada”, pondera.

Para ele, se já tinha uma expectativa de que Marte pudesse ter abrigado vida um dia, com essa experiência somada à existência de água na forma de gelo nas calotas polares (informação que foi confirmada pelo equipamento que está em órbita), a expectativa aumentou.

“Ela (a Viking 1) também foi a primeira a mandar uma imagem do solo, onde conseguimos ver as rochas, ver a areia, imagens que para nós hoje são rotina, mas na época eram um novo mundo”, acrescenta o professor.

Ele diz ainda que se você quer entender o relevo e os processos maiores que deram origem aos acidentes geográficos, as imagens em órbita são as mais adequadas. Porém, outras informações podem ser observadas a partir de imagens mais próximas. “Pela própria forma da rocha você pode saber se houve água ou não, porque a gente sabe da Terra, por exemplo, que seixos arredondados são causados por erosão, principalmente de água”.

Desafios para aterrissar

Os desafios para que a missão fosse um sucesso não foram poucos. A entrada na atmosfera e o pouso em Marte envolveu riscos. Para começar, não era possível controlar a sonda em tempo real: Marte está há 227 milhões de quilômetros da Terra. Isso significa que quaisquer comandos transmitidos a partir das antenas da Nasa, a agência espacial norte-americana, mesmo viajando à velocidade da luz, demorariam vários minutos para chegar ao planeta vermelho.

A solução, informa o professor Alexandre, foi deixar todos os comandos e movimentos a serem realizados durante a aterrissagem programados ainda na Terra. Simples, a princípio, mas um procedimento fracassado várias vezes desde a primeira tentativa de pousar em Marte, feita pelos russos com a sonda Marte 2, em 1971. “Marte tem uma atmosfera muito rarefeita, isso traz dificuldades tremendas para o pouso”, observa. “É muito complicado desenvolver a frenagem da sonda na entrada do planeta com essa característica”.

Então, para evitar que todas as horas de trabalho dos engenheiros aeroespaciais acabassem pulverizadas em vários pedaços sobre o chão marciano foi preciso lançar mão de recursos para reduzir a velocidade da sonda. Um revestimento blindado e a abertura de paraquedas fizeram isso no primeiro momento. Ao se aproximar do solo, foi a vez de retropropulsores entrarem em ação para garantir que todo o equipamento pousasse de forma suave.

Não é à toa que a aterrissagem em Marte ficou conhecida como os sete minutos de terror. “Isso é uma sequência que, até hoje, não está bem dominada. Tivemos, recentemente, sondas perdidas indo para Marte ou para a Lua”, lembra Alexandre. Para completar, só alguns minutos depois, é possível saber se o pouso obteve êxito. Depois disso, segue a montagem da estação e o início da operação dos instrumentos que realizarão as medições e experimentos. É só aí, também, que será possível saber se algum deles foi danificado durante a descida.

Riscos

A tudo isso se somavam os perigos impostos pelo clima. O astrofísico da Universidade de Brasília (UnB) Ivan Soares explica que Marte é assolado constantemente por tempestades de areia. “As missões soviéticas deram errado porque caíram durante tempestades como essas. Por causa disso, a missão mais bem-sucedida deles só durou 14 segundos”, conta. Segundo ele, só foi possível contornar esse problema pelo trabalho realizado por missões anteriores. “Tivemos a sonda Mariner 9 que mapeou o solo e o clima marciano e, assim, foi possível prever o melhor momento e lugar para um pouso tranquilo”, explica o pesquisador. “Então, a equipe que lançou a Viking 1 teve a chance de corrigir onde ela iria pousar”.

Viver em Marte?

Esta é uma das respostas que os pesquisadores buscam. Marte é o quarto em distância do Sol – está a 227 milhões de quilômetros da estrela – e possui características muito similares à Terra.

Adriano Leonês, integrante do Clube de Astronomia de Brasília, professor de ciências e especializado em ensino de ciências pela UnB, está acostumado a observar o planeta. “Da mesma forma que a escolha do melhor momento para o lançamento de uma missão ao planeta, o período perfeito para observá-lo é quando Marte e a Terra estão em máxima aproximação um do outro”, esclarece. “Com telescópios um pouquinho mais robustos, conseguimos ver as falhas geológicas e as calotas polares”. A olho nu, o brilho avermelhado do astro confunde-se com o da estrela Antares, cujo nome se origina justamente da expressão “rival de marte”, para mostrar essa semelhança.

Mas é a semelhança do planeta com a Terra que o faz tão interessante para a ciência. “É um planeta rochoso e, apesar da atmosfera ser tênue, ele tem sim uma carga atmosférica que tornaria possível um organismo viver lá”, afirma o professor. As características tão próximas fazem com que muitos cientistas considerem a possibilidade real de o ser humano habitar Marte um dia e, antes mesmo disso, explorá-lo. “O interesse científico nesse planeta advém das melhorias nas missões para que se possa habitá-lo em algum momento”, avalia Adriano.

Pesquisas espaciais e tecnologia

Um benefício que a humanidade já colhe com as expedições a Marte é a tecnologia. “Entre os vários aspectos, há a necessidade de miniaturizar tudo, porque você não vai levar um laboratório do tamanho de uma sala, vai ter que reduzir para uma caixa de 10 por 10 centímetros”, explica Ivan, cuja área de pesquisa inclui o uso de radiotelescópios para pesquisar as propriedades fundamentais no universo. O celular, que todos têm à mão nos dias de hoje, com componentes minúsculos que o fazem funcionar, tornou-se viável em grande parte em decorrência dos avanços da exploração espacial. Quem leu até aqui se lembra também que foi decisivo para missões como a Viking o uso de sistemas automáticos. “Um pesquisador pega uma amostra e fica anos analisando aquela amostra, mas, lá no espaço, não tem o pesquisador. Então, você tem que desenvolver o ‘software’”, explica Ivan.

Além disso, as pesquisas em Marte levam a desafios distintos para quem lida com sua observação do céu a partir da Terra, tanto Adriano em seus acampamentos astronômicos quanto Ivan nos laboratórios da academia. “Qualquer instrumento que você utiliza na Terra, se você liga e não funciona é só abrir para ver o que está errado e consertar. Em missões não tripuladas, não dá para fazer isso”, afirma Ivan. Portanto, acrescenta o pesquisador, os engenheiros aeroespaciais trabalham sempre com a redundância, ou seja, cada um dos componentes é enviado com uma cópia para, caso algum deles pife, haja outro para substituir. A atenção é vital também na fabricação das peças. “O processo é muito mais cuidadoso, em uma sala muito mais limpa, com uma seleção de matéria-prima muito mais rigorosa”.

Para se ter uma noção, o professor levanta situações que podem acontecer em um carro comum que, depois de muito rodar, apresenta defeito em uma peça. “Muitas vezes, o problema ocorre porque alguém deixou cair poeira no processo de fabricação de uma das válvulas, por exemplo”. Esse é o tipo de erro que não pode acontecer em uma missão espacial.

A partir do século XV, os europeus se lançaram às navegações marítimas. Portugal, Espanha, Países Baixos assumiram a empreitada por motivos que vão de disputas políticas a desejo de ampliar rotas comerciais, descoberta de novas fontes de recursos e disseminação da fé cristã. Mais adiante, entraram na disputa empresas privadas, como foi o caso da Companhia das Índias Orientais. Para o professor Alexandre Zabot, estamos vivendo um momento parecido com aqueles tempos. “Nós estamos voltando a viver isso, só que desta vez não vamos conquistar a América, mas a Lua, Marte, e, talvez, algumas luas de outros corpos do sistema solar”, prevê.

Ivan acredita que esse é um cenário bastante promissor. “Culturalmente, os países pensam em ciência de forma distinta e, por isso, levam instrumentos diferentes para o espaço, e a gente só ganha com isso”, destaca. Nos dias atuais vemos, além dos tradicionais Estados Unidos e Rússia – que continua a trajetória iniciada pela União Soviética – países como a China, a Índia, blocos como a União Europeia e empresas a exemplo da SpaceX e da Virgin Galactic.

Missão Mars 2020

Desde as primeiras sondas Viking, os experimentos seguiram caminhos semelhantes, mas, agora, o mundo está presenciando um grande avanço com o envio da missão Mars 2020, em que um veículo “rover” batizado de Perseverance – capaz de andar sobre a superfície do planeta – foi enviado a Marte, em um lançamento realizado no dia 30 de julho de 2020, com previsão de chegada em 18 de fevereiro de 2021. “Nós melhoramos muito o controle, o que permitiu missões mais audaciosas, pousar uma tonelada em Marte é algo extraordinário”, diz Alexandre, referindo-se ao peso total do “rover” da Mars 2020.

Entre os novos feitos previstos, estão a coleta e armazenamento de amostras de solo que poderão, em missões futuras, serem enviadas de volta à Terra; o sobrevoo pioneiro de um veículo com hélices, um pequeno “drone”; e os primeiros experimentos de geração de oxigênio, pavimentando a estrada em direção às missões tripuladas ao planeta vermelho. E assim, segue a marcha do ser humano em direção às estrelas.

A CONQUISTA DO SOLO DE MARTE

A partir da primeira tentativa de pousar em Marte, o ser humano enviou 17 missões aterrissadoras. Conheça abaixo seis delas:

1971
Marte 2


Lançada, em 19 de maio de 1971, pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), era composta por um orbitador, que transmitiu dados sobre a superfície do planeta até 1972, e um aterrissador, que foi destruído ao chocar-se com o solo sem retornar nenhum dado. Carregava um pequeno robô chamado Prop-M, programado para andar 15 metros, parando a cada 1,5 metro para analisar o solo. Foi o primeiro objeto feito pelo homem a tocar a superfície de Marte.

1975
Programa Viking (Viking 1 e Viking 2)


O Programa Viking, da Nasa, consistia em uma missão orbitadora e aterrissadora. As sondas operaram durante vários anos, sendo as primeiras a funcionar em solo marciano. Nesse período, os orbitadores coletaram 52 mil magens e cartografaram 97% da superfície de Marte, enquanto os aterrissadores retornaram 4.500 imagens, dados da superfície, clima, atmosfera, mudanças sazonais, além de realizarem experimentos biológicos.

1996
Mars Pathfinder


Lançada, em 4 de dezembro de 1996, pelos EUA, a Pathfinder inaugurou o uso de veículos “rovers” na superfície marciana. Os “rovers Sojourner” pesavam cerca de 10kg, tinham 62cm de comprimento, 47cm de largura e 32cm de altura e possuíam seis rodas. No total, a missão coletou 16 mil imagens do aterrissador e 550 dos “rovers”, 15 analises químicas das rochas e estudou o clima. Ao fim, cumpriu a totalidade de seus objetivos.

2003
Mars Exploration Rover A e B

A missão Mars Exploration Rovers lançou para Marte, em junho e julho de 2003, dois “rovers” maiores que os da Pathfinder, pesando 180kg cada um e podendo percorrer 100 metros em um dia marciano. As metas da missão incluíam realizar um estudo mineralógico e sobre a história do clima e da água de Marte em duas regiões que podem ter sido favoráveis ao desenvolvimento de vida: Gusev Crater e Meridiani Planum.

2011
Mars Science Laboratory (MSL)


O lançamento dessa missão ocorreu em 26 de novembro de 2011 e levou a Marte o “rover Curiosity”, tendo pousado em agosto do ano seguinte na cratera Gale. A sonda ainda está ativa e investiga a existência de vida em Marte, o clima, a areologia, além de coletar dados para uma futura missão tripulada ao planeta vermelho.

2020
Mars2020


O lançamento da missão que levou o “rover Perseverance” e um pequeno helicóptero, batizado de Ingenuity, ocorreu em 30 de julho. A previsão é que a missão chegue a Marte e pouse na cratera Jezero, em 18 de fevereiro de 2021. O “rover” está equipado com vários instrumentos, tendo entre suas missões a coleta de amostras geológicas do local. Ingenuity realizará pela primeira vez um voo programado sobre a superfície marciana.

(Fonte: Agência Brasil)

ESTA É IMPERATRIZ

(UM HINO DE AMOR E DOR PARA A CIDADE)

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Imperatriz. Fundada em 16 de julho de 1852. 168 anos de história e desenvolvimento. 260 mil habitantes. Um dos maiores índices de crescimento do país: 10,57% no período 1970/1980.

Cidade-majestade, crescendo no tempo e no espaço.

Esta é Imperatriz. Uma das maiores cidades de todo o país. A de número 101 em população, no total de 5.570 outras cidades brasileiras. Uma das maiores economias do Brasil, com seus mais de 6,5 bilhões de reais em 2017, o que a coloca em 153º lugar no “ranking” de todos os 5.570 municípios.

Imperatriz de muitos títulos: Princesa do Tocantins. Portal da Amazônia. Capital Brasileira da Energia. Metrópole da Integração Nacional. Polo Nacional do Xadrez. Capital Norte-Nordeste do Automobilismo. Cidade Esperança.

Imperatriz é sede de uma grande região, polo urbano de grande influência, reinando absoluta em todo o sudoeste do Maranhão, sul do Pará e norte do Tocantins. Dezenas de municípios com ela convivem, e muitos dela dependem.

Imperatriz é a Pré-Amazônia Maranhense, entre a região dos Cerrados e a região Amazônica.

Nosso clima é tropical. Vai do úmido ao de savana. Terra de calor gostoso (veja-se o crescimento da população...), cidade de poucas luzes (lâmpadas), mas de muito sol: o astro-rei bota quente e está presente com cerca de 2.500 horas de calor e iluminação por ano. A incidência solar é direta durante todo o ano devido à nossa privilegiada situação tropical.

E nessa história de sol e água, o Rio Tocantins é o elemento de maior relevo – na geografia e em nossos corações.

Imperatriz é uma São Paulo no interior do Maranhão, começo da Amazônia. População comprovadamente heterogênea, a estatística mais recente diz que apenas 37% dos imperatrizenses nasceram aqui. A grande maioria, 63%, vem de tudo quanto é lugar, da Amazônia e do Nordeste, do Brasil e do mundo.

É Imperatriz, oferecendo seu corpo a gentes cosmopolitas, cidadãos do mundo, que aqui trabalham e sofrem, constroem e edificam, empurrando para frente, erguendo para mais alto os destinos de uma comunidade – que são, em última análise, o destino de cada um.

Área de forte imigração, Imperatriz recebeu os maranhenses do vale do Mearim, em 1950. Eles começaram, espontânea e mansamente, a ocupação das terras devolutas do município. Muitos queriam ir para Goiás e Pará. Mas beberam da água do Tocantins e aqui ficaram e começaram a fazer história, muitos antes da existência dos grandes eixos viários que rumavam para o inferno verde da Amazônia.

Nos fins da década de 1950, começa a construção da rodovia Belém-Brasília. Depois, a Transamazônica e o sistema rodoviário do Maranhão na década de 1960. E, a partir de 1970, o asfalto na Belém-Brasília e a criação do Programa Grande Carajás. E aí nem a cidade nem a região aguentaram. Virou o fole do velho Félix. Gente de todo jeito. Gente entrando pra dentro – ou seja, saindo da zona rural e indo pra cidade.

Em 1960, apenas 23% da população estavam na zona urbana. Em 1970, o percentual pulou para 43%. Em 1980, chegou a mais da metade (50,72%). E, a partir do ano 2000, quase a totalidade (95%) da população de todo o município passou a viver, sobreviver e subviver na chamada zona urbana.

É o fascínio do concreto armado. Do ferro fundido. Da pedra lascada, concretada. Da vida agitada. Estranho canto de sereia em selva-mar de pedra.

Em 1970, Imperatriz tinha 6 pessoas e uns quebrados para cada quilômetro quadrado. Dez anos depois, havia mais de 16 pessoas, que aumentou mais de ONZE vezes mais em 2019, com 188,95 habitantes ocupando a mesma área (população oficial de 258.682 habitantes – IBGE, 2019). A densidade populacional de Imperatriz é 7,6 vezes maior do que a do Brasil.

Em 2002, na área do pretendido futuro Estado do Maranhão do Sul, de 146.539 quilômetros quadrados (km2), a população era de 1.126.050 habitantes. Sozinha, Imperatriz tinha mais de 20% dessa população... em menos de um por cento do território. Resultado: uma elevada taxa de densidade demográfica imperatrizense, que pulou de 34 habitantes em 1995 para quase 190 em 2019, o que representa 7,6 vezes mais do que a densidade populacional do Brasil (de 24,69 habitantes/ km2) e 8,8 vezes mais a densidade do Maranhão (21,46 habitantes/ km2).

Imperatriz tem classes de gente e, pois não, temos gente de classe: professores, pregadores espirituais e funcionários públicos, garis do homem e da terra que alimentam mentes, almas e estruturas.

Temos também aqueles que sobrevivem com o salário-miséria do mês, trabalhando o dia todo todo dia, para ganhar o pão de cada café da manhã e, às vezes, somente este ou, pior, nem esse. (Mas – tá dito – nem só de pão vive o homem. Para alguns, há a água também. A rapadura. A farinha de puba. Os “lixões” fora e dentro da cidade, em terrenos – DEZENAS DE MILHARES deles – espalhados pelos desvãos urbanos... e até no centro também, bem na fusca das tais autoridades. Os tonéis de lixo dos supermercados. Felizes os muito pobres que comem carne seca. Farinha seca. A garganta seca. Os olhos secos. Vidas secas. E a vontade líquida de chorar. E vai por aí, e olhe lá. Pois a vida é uma grande rapadura: é doce, mas não é mole. Osso duro de roer.

Esta é Imperatriz. De gente forte. E de doentes também. E, por isso, os muitos hospitais, clínicas, institutos, centros e postos médicos. E os próprios médicos, centenas e centenas de médicos, em mais de vinte especialidades que cuidam do corpo todo e dos poucos por cento da mente, que tratam o indivíduo (paciente ou não) da cabeça aos pés, que assistem à criança que nasce e o velho que morre.

Há, em Imperatriz (saúde!), o clínico médico, cirurgião, o ginecologista, o dermatologista. Há o sanitarista, o patologista, o anestesiologista. Há o cardiologista, o neurologista, o oftalmologista, o optometrista. Há o obstetra, o pediatra e o psiquiatra. Há o ortopedista, o traumatologista, o urologista.

Há também os indizíveis acupunturistas, os gastroenterologistas e (valha-me Deus) os otorrinolaringologistas.

Há o hemoterapeuta, o fisioterapeuta e o terapeuta ocupacional. O radiologista, o pneumologista, o nefrologista, o proctologista e o próprio legista.

Não esquecer o neonatologista, o clínico geral, o cirurgião vascular, o médico nuclear, o psicólogo, o odontólogo, o podólogo. O bioquímico, o farmacêutico, o instrumentador cirúrgico, as enfermeiras, os técnicos e os auxiliares de Enfermagem. Os assistentes sociais e os administradores hospitalares.

Há aqui toda essa gente sadia. E há doentes para todos, para essas e outras especialidades, ao gosto do freguês.

Para quem é de saravá, há, opcionalmente, macumbeiros e rezadeiras, umbandistas e quimbandistas, cartomantes e quiromantes.

Esta é Imperatriz. Das igrejas e religiões. Das crenças e seitas. Do espírito e do espiritismo. Dos cultos e missas. Dos encontros e sessões. Das romarias e procissões. Do corpo e da alma. Matéria e anti. Céu e inferno.

Esta é Imperatriz.

De homens fortes, inclusive o sertanejo. Imperatriz de gente-nordeste, cabras da peste.

Terra de fulano. De sicrano. E de beltrano também.

Esta é terra de gente da terra inteira. Sem eira. Nem beira.

Às vezes, gente sem parente. E nem aderente.

Gente de dentro e gente de fora.

Paulistas e mineiros. Amazonenses e acrianos, roraimenses e rondonianos. Amapaenses, paraenses e tocantinenses. Mato-grossenses e sul-mato-grossenses. Goianos e candangos. Paulistas e mineiros. Capixabas e fluminenses. Gaúchos, catarinenses e paranaenses. Baianos, sergipanos e alagoanos. Pernambucanos e paraibanos. Potiguares e cearenses. Piauienses e maranhenses.

De todos os continentes, todas as gentes. Americanos das três Américas. Africanos das várias Áfricas. Europeus e asiáticos. O Ártico e o Antártico. A Oceania e a Zelândia – e, se brincar, até a Atlândida...

Esta é Imperatriz. Terra da gente.

Nos confins do Maranhão, o portão da Amazônia, pulso do planeta, peito aberto, fronte erguida. Nosso mundo.

Esta é Imperatriz.

168 anos.

* EDMILSON SANCHES

Começa, nesta quarta-feira (19), uma agenda de eventos em todas as regiões do Brasil, para discutir o Plano Nacional para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU), que vai executar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro a serem efetuadas no período de 2021 a 2030.

Até o fim do ano, o plano será construído de forma colaborativa, contando com o engajamento de diferentes setores da sociedade. O objetivo da ONU é que todos os países se envolvam nas ações, conscientizando a população global sobre a importância dos oceanos e mobilizando atores públicos, privados e a sociedade civil organizada para garantir a saúde e a sustentabilidade dos mares.

As discussões no Brasil começaram no ano passado e, agora, serão feitas “on-line”, com vários “webnários”. Pela manhã, ocorre o primeiro deles, com o nome de "Onde estamos?", no qual serão apresentados o atual estado do Planejamento Global, os resultados do Workshop Regional do Atlântico Sul e o panorama do mapeamento de indivíduos, instituições e informações obtidos na etapa pré-evento. As inscrições devem ser feitas pelo “site”.

Em dezembro, será feito o segundo “webinário” nacional, “O que temos e para onde vamos”, que vai apresentar os resultados dos encontros regionais. A Década do Oceano pretende alcançar sete resultados: oceano limpo; saudável e resiliente; previsível; seguro; sustentável e produtivo; transparente e acessível; e conhecido e valorizado por todos.

(Fonte: Agência Brasil)

Termina, amanhã (20), o prazo para a inscrição na lista de espera do Programa Universidade para Todos (Prouni) para o 2º semestre deste ano. Os estudantes que não foram pré-selecionados em nenhuma das duas chamadas regulares poderão manifestar o interesse em participar dessa última etapa de seleção.

A inscrição pode ser feita pela página do Prouni e o resultado será divulgado na próxima segunda-feira (24). De acordo com o Ministério da Educação, a lista de espera será única para cada curso e turno, de cada local de oferta, ou seja, não haverá classificação por modalidade, como por cotas, por exemplo.

Pode participar da lista de espera, para o curso correspondente à primeira opção na inscrição, o candidato que não tenha sido pré-selecionado em nenhuma das chamadas regulares ou tenha sido pré-selecionado para a sua segunda opção de curso, mas por motivo de não formação de turma, tenha sido reprovado.

Já para participar da lista de espera para o curso correspondente à segunda opção na inscrição, os critérios são os seguintes: que o candidato não tenha sido pré-selecionado em nenhuma das chamadas regulares; nas hipóteses de não ter ocorrido formação de turma na primeira opção de curso, ou de não haver bolsas disponíveis na primeira opção de curso; e, ainda, na situação de ter sido pré-selecionado para a primeira opção de curso, mas que por motivo de não formação de turma tenha sido reprovado.

Os estudantes da lista de espera que forem pré-selecionados para receber a bolsa devem comparecer às instituições de ensino até o dia 28 e entregar os documentos que comprovem as informações prestadas no momento da inscrição. Quem perder o prazo ou não comprovar os dados será desclassificado.

Prouni

O Prouni é o programa do governo federal que oferece bolsas de estudo, integrais e parciais (50%), em instituições particulares de educação superior. Nesta edição, 440,6 mil estudantes inscritos disputaram 167,7 mil bolsas em 1.061 instituições.

Para concorrer às bolsas integrais, o estudante deve comprovar renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até 1,5 salário mínimo. Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal deve ser de até três salários mínimos por pessoa.

Podem participar estudantes brasileiros que não possuam diploma de curso superior e que tenham participado do Exame Nacional do Ensino Médio mais recente e obtido, no mínimo, 450 pontos de média das notas. Além disso, o candidato não pode ter tirado zero na redação.

(Fonte: Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro sancionou, nessa terça-feira (18), a Medida Provisória (MP) 934, que desobriga as escolas de educação básica e as universidades do cumprimento da quantidade mínima de dias letivos neste ano em razão da pandemia de covid-19. A MP havia sido aprovada no Senado Federal, no dia 23 de julho, e aguardava a sanção presidencial.

Em nota, a Secretaria Geral da Presidência da República informou que, “com vistas à adequação do projeto à constitucionalidade, bem como ao interesse público”, e após manifestação técnica de outros ministérios, o presidente decidiu vetar seis dispositivos do texto da MP. Segundo a pasta, os vetos serão detalhados na publicação do ato no “Diário Oficial da União”, na edição desta quarta-feira (19).

De acordo com o texto aprovado pelo Congresso Nacional, a MP determina que os estabelecimentos de educação infantil serão dispensados de cumprir tanto os 200 dias obrigatórios do ano letivo quanto à carga mínima de 800 horas exigidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Já as escolas de ensino fundamental e médio terão de cumprir a carga horária exigida em lei, mas ficam dispensadas de cumprir o mínimo de 200 dias letivos.

As instituições de ensino superior também não serão obrigadas a cumprir os 200 dias letivos, mas a carga horária prevista da grade curricular de cada curso deve ser cumprida. Pelo projeto, não deverá haver prejuízo aos conteúdos essenciais para o exercício da profissão, e as atividades pedagógicas não presenciais também serão admitidas para completar a carga horária.

Formatura antecipada

A MP, agora convertida em lei, também autoriza a antecipação da conclusão de cursos específicos da área de saúde, desde que cumpridos alguns requisitos. No caso de medicina, o aluno precisa ter cumprido 75% da carga horária do internato. Nos cursos de enfermagem, farmácia, fisioterapia e odontologia, o mínimo corresponde a 75% da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios.

A mesma regra será aplicada aos cursos de educação profissional técnica de nível médio caso tenham relação ao combate à pandemia. O estudante precisará ter cumprido, pelo menos, 75% da carga horária dos estágios curriculares obrigatórios.

(Fonte: Agência Brasil)

O Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) começou a colocar reproduções de obras do seu acervo em 140 pontos de ônibus da capital paulista. No centro da cidade, as obras também serão projetadas em edifícios. A ação, com trabalhos de 16 artistas brasileiros, ocorrerá por duas semanas.

Serão mostradas obras emblemáticas de artistas como Amélia Toledo, Bárbara Wagner, Berna Reale, Cildo Meireles, Cláudia Andujar, e José Antônio da Silva. Também poderão ser vistos os trabalhos de Maureen Bisilliat, Mário Cravo Neto, Mídia Ninja, Nelson Leirner, Regina Silveira, Rosana Paulino, Rosângela Rennó, Tarsila do Amaral, Tomie Ohtake e Waltércio Caldas.

Ao lado das reproduções nas paradas de ônibus, serão disponibilizados QR Codes, que podem ser lidos pela maioria dos aparelhos celulares. A partir da leitura do QR Code, o espectador será direcionado para um “podcast” no “Spotify”. Nos áudios, personalidades como Gilberto Gil, Arnaldo Antunes e Laerte Coutinho fazem breves locuções da história dos trabalhos exibidos, dos artistas, o contexto histórico em que foram criados e demais informações sobre as obras.

“A ação reforça a missão do museu de democratizar o acesso à arte e surge como resposta às novas dinâmicas sociais impostas pela pandemia. Incentivar e difundir a arte moderna e contemporânea brasileira e torná-la acessível ao maior número possível de pessoas é um dos pilares que regem o Museu de Arte Moderna de São Paulo, e é também o cerne da ação inédita que a instituição promove nas ruas da cidade”, destacou o MAM em comunicado.

Projeções

Os trabalhos de artistas como Cildo Meireles, Maureen Bisilliat e Tomie Ohtake serão projetados em escala monumental, em três empenas cegas (a parte sem janelas) de edifícios do centro de São Paulo. A exposição a céu aberto ocorrerá nos dias 22, 23 e 29 de agosto, sempre das 19h às 20h.

A estreia será feita na Rua da Consolação, número 753, na esquina com a Rua Caio Prado, na região central da capital; a segunda projeção ocorrerá na Rua Santa Isabel, número 44, no Bairro Santa Cecília; e a última será na Rua Maria Antônia, número 77, na região da Consolação.

(Fonte: Agência Brasil)

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O BLOG DO PAUTAR, mais uma vez, dando espaço para o projeto LITERATURA MARANHENSE – iniciativa que visa despertar o interesse para a leitura de textos de escritores de nosso Estado. Aproveite... Boa leitura!

(Prefácio ao livro “Caminhos d’Alma”, de Ribamar Silva. A obra, de 80 páginas, com revisão, projeto gráfico e supervisão editorial de Edmilson Sanches, foi publicada há 19 anos, em 2001, pelo selo editorial HumanaMente).

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A frase curta, grávida – semente e fruto –,
é fonte, é veio, nascença e desaguadouro;
caminho e chegada, corpo em estado bruto;
é alma grã, lavada, da corrida o louro.

O Poeta não traz aqui o verso diverso,
embora mais e mais cultive a poesia:
ele traz, em poucas palavras, o reverso,
o longo sentido do breve dia a dia.

Sim, é bom ver o Poeta e também a calma
com que lavra palavra e flores em horto,
cultivando CAMINHOS que agora são DA ALMA
...após tantas trilhas que tornavam ao corpo.

(E. SANCHES)

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Ribamar Silva

Não se escrevem frases. Frases são feitas. Escrever é para romances, contos, novelas. Fazer, construir, elaborar – isso é para frases.

Uma frase é um conjunto de palavras com sentido. Sentido e, no caso deste livro, sentimento, sensação, sensibilidade. Uma frase é, e faz – Fiat! – um mundo.

A frase exige, do seu feitor, têmpera de domador – para adestrar a emoção, para não torná-la caudaloso rio de vocábulos e tinta.

A frase exige, do seu feitor, ofícios de carcereiro – para aprisioná-la, com alguma comodidade, na cela do texto curto.

Por fim, a frase exige que seu leitor a liberte em sentido e a torne, novamente, emoção, “insight”, inspiração, significado, sentimento, sensação.

Com a qualidade que o tornou a referência por excelência em termos de poesia ao sul do Maranhão, Ribamar Silva, neste novo livro, dá sentido às palavras que dão sentido à (sua) vida.

Em uma só frase: “Caminhos d’Alma” abrevia o Verbo de que é feito e amplia o Sujeito que o faz.

* EDMILSON SANCHES

O Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Alto Paraíso de Goiás, reabre para a visitação pública, nesta terça-feira (18). A medida está prevista em portaria do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), publicada no “Diário Oficial da União” dessa segunda-feira (17).

O parque estava fechado desde 22 de março de 2020, conforme Portaria nº 227/2020, do ICMBio, diante da pandemia do novo coronavírus (covid-19). A reabertura será de forma gradual e monitorada, mediante cumprimento dos protocolos de segurança sanitária.

As atividades de visitação pública poderão ser realizadas desde que observadas as várias medidas de prevenção, entre elas, o uso obrigatório de máscara de proteção facial; a disponibilização de álcool em gel 70% ou produto de higienização para as mãos; e fazer com frequência a limpeza e desinfecção dos ambientes, como: pisos, corrimãos, lixeiras, balcões, maçanetas, tomadas, torneiras e banheiros.

O texto diz ainda que, enquanto perdurarem as medidas restritivas em razão da covid-19, será permitida, além dos funcionários da concessionária, a permanência de até 22 pessoas no Centro de Visitantes pelo período máximo de 15 minutos. A lotação dos veículos deverá ser reduzida em 50% de sua capacidade de público.

Criado em 1961, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros está localizado no nordeste do Estado de Goiás, entre os municípios de Alto Paraíso de Goiás, Cavalcante, Teresina de Goiás, Nova Roma e São João d'Aliança.

Segundo o ICMBio, o parque protege uma área de 240.611 hectares de Cerrado de altitude, abriga espécies e formações vegetais únicas, centenas de nascentes e cursos d’água, rochas com mais de 1 bilhão de anos, além de paisagens de rara beleza, com feições que se alteram ao longo do ano.

A Chapada dos Veadeiros foi declarado Patrimônio Natural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2001.

(Fonte: Agência Brasil)

Joaquim Vespasiano Ramos: Caxias (MA), 13/8/1884 – Porto Velho (RO), 26/12/1916

Deus escolhe um tempo para nos presentear com alguma coisa. E justo naquele 1984, fui por determinação de meus quefazeres profissionais, convocado para o honroso e temporário mister de trabalhar na institucionalização do Tribunal Regional Eleitoral, do recém-criado Estado de Rondônia. Cheguei a Porto Velho na madrugada do Natal de 1983 sob um céu festivo e estrelado, a iluminar aqueles longínquos ermos e para pisar, pela primeira vez, o chão em que o poeta Vespasiano Ramos deu o último suspiro de vida aos 32 anos de idade.

Agradeço ao nexo causal do Universo por me ter propiciado essa dádiva, de encontrá-lo no ‘Cemitério dos Inocentes’, naquelas silenciosas paragens do antigo Território do Guaporé, [antes pertencentes às terras do hoje município de Humaitá, no Estado do Amazonas], atualmente Rondônia, a repousar em louça e lousa, os louros de sua lira, o que me permitiu escrever alguma coisa ao poeta de “Coisa Alguma”, tempo em que assistia, emocionado, às comemorações de seu centenário, na companhia de mais três maranhenses ilustres que lá se encontravam: o juiz de Direito [da judicatura local], João Batista dos Santos, depois desembargador; e os caxienses, professor Raymundo Nonato Castro, vice-reitor da Universidade de Rondônia, já falecido; o jornalista e advogado Edison de Carvalho Vidigal, recém-indicado ministro do STJ, que lá se encontrava para uma audiência jurídica; e outro meu colega, o advogado Francisco Djalma da Silva, hoje, desembargador e presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Acre.

Joaquim Vespasiano Ramos nasceu na cidade maranhense de Caxias, a 13 de agosto de 1884, e faleceu em Porto Velho, a 26 de dezembro de 1916, aonde tinha chegado no início do mês, a bordo do vapor “Andersen”, não como muita gente pensa, impelido pela “borracha”, como meio de um melhor aconchego físico-social, mas, para recolher-se no seringal de Aureliano do Carmo, e dar início à escrita de um seu poema amazônico, cantando as belezas do Grande Vale, como fizeram no passado, o paraense José Verissimo, autor de “A História da Literatura Brasileira” e o português Ferreira de Castro, autor de “A Selva”, dentre outros textos de contenção universal.

A malária foi tirana e arrancou do poeta, a castigá-lo com febres ácidas, associada a uma doença pulmonar, o sonho de escrever o “Canto Amazônico”, que, talvez, tivesse sido a nossa maior epopeia lírica.

Pertencente à segunda geração estoica de românticos, quanto ao seu, “modus vivendi”, o poeta, apesar de ter alcançado a efervescência dos movimentos parnasiano e simbolista, a nenhum pertencera, observando-se, no entanto, estilos dos dois em suas produções, mas sem qualquer filiação estilística ou formal em ambos, porque Vespasiano fora um poeta desgarrado de movimentos, apesar de visceralmente romântico.

Espírito irrequieto e boêmio por natureza e convicção, Vespasiano Ramos já aos dezesseis anos publicava seus versos nos jornais de sua província e logo passou a integrar o grupo de sua geração que, em Caxias, despontava com muita força, oportunidade em que fundaram o jornal “A Mocidade”. [Vide foto dos componentes do grupo].

Com dezoito anos completos, o poeta transfere-se para São Luís, com o intuito de ampliar seus conhecimentos de humanidades e na esperança de melhores dias. O seu brilhante talento abriu-lhe os caminhos da imprensa, onde escreveu poemas e crônicas. São Luís, palco de tantas e iluminadas histórias, como as de Aluízio Azevedo e Humberto de Campos, este último, seu contemporâneo. Assim, transfere-se em seguida para Manaus onde demorou muito pouco, sendo arrastado pelo fascínio que lhe devotava o irmão Heráclito Ramos, que o fez viajar para o Rio de Janeiro sob a promessa de publicar-lhe “Coisa Alguma”, seu livro de versos. Esse sonho não aconteceu, a princípio, por graças do irmão, em virtude de o poeta continuar mergulhado em festas e saraus, a levar uma vida boêmia e desregrada. Entretanto, impelido pela grande admiração, Heráclito entrega os originais de Vespasiano ao editor Jacinto Ribeiro dos Santos, de cujas mãos saiu uma edição de dois mil exemplares em maio de 1916, sete meses antes do poeta falecer.

Josué Montello escreveu: “De Vespasiano Ramos se pode dizer que está para as letras maranhenses, na espontaneidade de seu lirismo, como Casemiro de Abreu está para as letras brasileiras; é o poeta do amor e da saudade”. O ilustre mestre Antônio Lopes, ensaísta iluminado e um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico do Maranhão, sentenciou: “Vê-se bem qual seja a inspiração que fazia de Vespasiano Ramos, entre os poetas novos do Maranhão, o poeta preexcelente do amor. O amor para ele é o... eterno e grande sentimento. Havia para o poeta, nesse velho tema, um filão inesgotável para explorar. E, por isso, o amor era o assunto favorito dos seus versos”.

Já o jovem professor e também poeta Carvalho Júnior, conterrâneo de Vespasiano, da bela e aristocrata Caxias, homenageou o autor de “Coisa Alguma”, publicando nas redes sociais, em 14 de agosto de 2018, “4 Poemas de Vespasiano Ramos” para a sua série “Quatetê”. O escritor Jomar Moraes orientou a pesquisa, a fixação textual e a revisão do fantástico trabalho “Cousa Alguma... &+ Alguma Coisa de/sobre Vespasiano Ramos”, uma bela edição da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), como instrumental de estudos e pesquisas sobre o vate caxiense.

Ouçamos o Vespa no soneto “Samaritana”, antológico, porque belo; bíblico, porque humano: “Piedosa gentil Samaritana: / venho, de longe, trêmulo, bater / à vossa humilde e plácida cabana, / pedindo alívio para o meu viver! / Sou perseguido pela sede insana / do amor que anima e que nos faz sofrer: / tenho sede demais, Samaritana / tenho sede demais: quero beber! / Fugis, então, ao mísero que implora / o saciar da sede que o consome, /o saciar da sede que o devora? / Pecais, assim, Samaritana! Vede: / — Filhos, dai de comer a quem tem fome, / Filhos, dai de beber a quem tem sede”.

Sintamos o estro do poeta, neste outro soneto “Cruel”, de fino manejo rítmico e de perfeita elaboração estilística: “Ah, se as dores que eu sinto, ela sentisse, / se as lágrimas que eu choro, ela chorasse; / talvez nunca um momento me negasse / tudo que eu desejasse e lhe pedisse! / Talvez a todo instante consentisse / minha boca beijar a sua face, / se o caminho que eu tomo, ela tomasse, / se o calvário que eu subo, ela subisse! / Se o desejo que eu tenho, ela tivesse, / se os meus sonhos de amor, ela sonhasse, / aos meus rogos talvez não se opusesse! / Talvez nunca negasse o que eu pedisse, / se as lágrimas que eu choro, ela chorasse / e se as dores que eu sinto, ela sentisse!”...

Contemporâneo de Augusto dos Anjos e de tantos outros nomes consagrados da literatura brasileira e fundador da cadeira nº 32 da Academia Maranhense de Letras, o poeta morreu aos trinta e dois anos de idade a irradiar uma semelhança de vida, conta um seu biógrafo, com o poeta americano Edgar Alan Poe, o poeta que cantou a maldição de “O Corvo”, naqueles versos geniais do “Nunca mais...!”, de quem Charles Baudelaire diz que “a influência rítmica é voluptuosa...e nada podia ser mais melodioso...”

Foto:
“Intelectuais caxienses, em foto sem data, porém sabidamente de início do século XX. Da esq. para à direita, em pé: Hegesippo Franklin da Costa [avô do poeta Roberto Franklin da Costa, da ALL], Francisco Nunes de Almeida, Vespasiano Ramos, Wladimir Franklin da Costa [pai do escritor Franklin de Oliveira], Joaquim Franklin da Costa. Sentados, na mesma ordem: Alfredo Guedes de Azeredo, Leôncio de Souza Machado [pai do escritor Walfredo Machado] e João Lemos”.

* Fernando Braga, in “Estante de Cultura – Caderno B” – “Jornal Alto Madeira”, Porto Velho, Rondônia, 18 de agosto de 1984. In “Conversas Vadias” [Toda prosa], antologia de textos do autor.

O Ministério da Educação (MEC) informou que vai disponibilizar acesso à “internet” para alunos de universidades e de institutos federais em situação de vulnerabilidade social, para que possam acompanhar as aulas durante o período de isolamento social adotado para evitar a disseminação do novo coronavírus.

A princípio serão beneficiados 400 mil alunos com renda familiar inferior a meio salário mínimo, mas a ideia é que esse número chegue a 900 mil alunos cuja renda familiar seja de até 1,5 salário mínimo.

A medida foi anunciada hoje (17), em coletiva de imprensa “on-line”. De acordo com o MEC, a expectativa é que o benefício abranja 797 municípios com “campi” de Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) e Institutos Federais (IF).

Ao fazer o anúncio, o ministro da Educação, Milton Ribeiro, disse que a demora para se implementar a medida, após cinco meses de isolamento em decorrência da pandemia do novo coronavírus, se deve à burocracia interna do Estado.

Aos 400 mil alunos com renda familiar de até meio salário mínimo serão disponibilizados bônus de dados móveis que serão gerenciados pela instituição de ensino. Eles terão validade de 90 dias, e os créditos serão de 10 gigabytes a 40 gigabytes. Há também a possibilidade de fornecimento de pacotes de dados móveis por meio de “chips” pré-pagos, que terão validade de 30 dias e créditos de dados que variam de 5 gigabytes a 40 gigabytes.

Ainda segundo a pasta, a solução encontrada “demonstra a viabilidade para um modelo de inclusão nos domicílios de alunos e professores em bandas larga fixa e móvel a partir de 2021”.

(Fonte: Agência Brasil)