Depois do advento da “internet” comercial, o rádio sofreu uma metamorfose. Ampliaram as possibilidades de produção e escuta. As audiências segmentadas fragmentaram-se em nichos antes não atingidos. Nos “sites” das emissoras de rádio, os estúdios começaram a ser vistos ao vivo, as reportagens passaram a ser transcritas, ganharam fotos e até imagem em movimento. Na “web”, qualquer emissora do mundo pode ser ouvida em plataformas dedicadas a isso.
O rádio na rede pode ser sincrônico (em tempo real) e assincrônico, em reportagens gravadas, como ocorre na Radioagência Nacional da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) ou nos milhares de “podcasts”. Concomitantemente, o rádio continua sendo o veículo eletrônico mais instantâneo, íntimo do ouvinte, que trata por “você”, próximo dos acontecimentos e de menor custo.
Essas propriedades são tema recorrentes do interesse dos pesquisadores de rádio no Brasil que, além do presente e do futuro do veículo, continuam investigando o passado. Na próxima quarta-feira (19), a Associação Brasileira de Pesquisadores de História da Mídia (Alcar) realiza uma “live” (a partir das 18h) onde será debatida a nova data de nascimento oficial do rádio no Brasil: 6 de abril de 1919.
No dia seguinte àquela data, o extinto “Jornal de Recife” deu a seguinte nota:
“Consoante convocação anterior realizou-se ontem, na Escola Superior de Eletricidade, a fundação do Rádio Clube, sob os auspícios de uma plêiade [reunião] de moços que se dedicam ao estudo da eletricidade e da telegrafia sem fio (TSF)”.
A notícia foi localizada em uma microfilmagem do “Jornal de Recife”, durante pesquisa do professor Pedro Serico Vaz Filho, da Universidade Anhembi Morumbi (UAM), que, desde o fim dos anos 1990, investiga a história do rádio. A nova data de aniversário foi corroborada por mais notícias localizadas pelo pesquisador em jornais e revistas, publicados dentro e fora de Pernambuco, inclusive sobre o estatuto da nova emissora.
Jovens curiosos
“Claro que não foi uma rádio com a estrutura que nós temos. Eram jovens estudantes curiosos, que estudavam a radiotelegrafia e resolveram montar uma estação de rádio, [de caráter] bem amador, bem experimental, mas já deram o título de Rádio Clube de Pernambuco”, disse Vaz Filho em entrevista à Agência Brasil.
Além da investigação em periódicos impressos, o pesquisador reviu a bibliografia a respeito e fez entrevistas com diferentes fontes que testemunharam o funcionamento da Rádio Clube ainda na primeira metade do século XX.
“Os preparativos para a fundação da emissora, segundo apuração com o ex-presidente da Rádio, também pesquisador Antônio Camelo, aconteceram na rua das Mangueiras, atualmente Rua Leão Coroado, no Bairro da Boa Vista”, descreveu à reportagem Vaz Filho. Segundo ele, “a Imprensa Oficial do Estado publicou no dia 7 de abril de 1919, um despacho da prefeitura recifense, doando um pavilhão do Jardim 13 de maio, atualmente Parque 13 de maio para funcionar como sede da Rádio Clube”.
As descobertas de Pedro Vaz Filho sobre a primazia da Rádio Clube confirmam o que o professor, jornalista e radialista, Luiz Maranhão Filho, hoje com 87 anos, sempre defendeu. O pai de Maranhão Filho trabalhou na emissora pioneira. Os dois professores participarão da “live” organizada pela Alcar.
Data avalizada
Durante um encontro de história da mídia realizado no ano passado na capital do Rio Grande do Norte, os pesquisadores especialistas no assunto assinaram a Carta de Natal, onde “avalizam essa decisão os dados apresentados há mais de três décadas pelo pesquisador Luiz Maranhão Filho (UFPE) e validados, mais recentemente, pelo pesquisador Pedro Serico Vaz (Anhembi Morumbi)”.
O novo entendimento sobre o nascimento do rádio no Brasil muda o conteúdo das aulas dos cursos de jornalismo, audiovisual e publicidade nas faculdades de comunicação. Até recentemente, a bibliografia especializada reconhecia que a transmissão radiofônica pregressa havia acontecido de fato naquela data em Recife, mas que a primeira emissora regular seria a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, a partir de 17 de outubro de 1923.
A Rádio Sociedade foi fundada por acadêmicos como o médico e antropólogo Edgar Roquette-Pinto que via o rádio como um meio estratégico para levar educação à população, então majoritariamente analfabeta. “O TSF [sistema de telegrafia sem fio] espalha a cultura, as informações, o ensino prático elementar, o civismo, abre campo ao progresso, preparando os tabaréus [pessoa sem instrução] despertando em cada qual o desejo de aprender”, escreveu Roquette-Pinto em artigo publicado em 1927.
De acordo com Vaz Filho, o líder da fundação da Rádio Clube de Pernambuco foi o radiotelegrafista e contabilista Augusto Joaquim Ferreira, também de perfil intelectual, mas não acadêmico. “Ele e outros jovens pensaram naquela possibilidade como meio de comunicação, não exatamente para levar educação às pessoas, o objetivo era outro: levar informações”, como ainda se dá hoje no rádio escutado no “dial” dos aparelhos à pilha ou na podosfera acessada pelos serviços de “streaming”.
I) 26 DE JUNHO DE 1849, TERÇA-FEIRA
Início da expedição. Onze pequenas embarcações saem do Porto de Belém (PA). Noventa e duas pessoas estão a bordo. São religiosos, militares, cientistas, colonos e remadores. Destino: o desconhecido. Mas também rio acima algum santo ajuda – e havia gente santa na expedição. As obrigações: estabelecer um presídio, implantar uma colônia militar e fundar uma missão religiosa.
Personagens dessa história: o presidente da Província do Grão-Pará, Jerônimo Francisco Coelho, que recebeu, ampliou e repassou a ordem do imperador para instalar um presídio militar e uma missão religiosa; o tenente João Roberto Ayres Carneiro, chefe da expedição; o capitão Constâncio Dias Martins, comandante da futura Colônia Militar de Santa Teresa do Tocantins; o frei Manoel Procópio do Coração de Maria, capelão do futuro presídio e da futura Colônia; o mineralogista Lourenço de Sousa, secretário da expedição e responsável pela exploração científica do Rio Tocantins; e Marius Porti, mineralogista estrangeiro agregado à expedição.
II) 16 DE JULHO DE 1852, SEXTA-FEIRA
Fundação de Imperatriz, com o nome oficial de Colônia Militar de Santa Teresa do Tocantins. Até esse dia, a expedição viveu aventuras dignas de cinema. Foram três anos e 20 dias enfrentando perigos na água e fora dela. Cachoeiras, matas desconhecidas, ataques de índios, doenças. Por pelo menos três vezes tentaram fundar a colônia. Mas os expedicionários eram empurrados para mais adiante.
E quando restavam só uns poucos – o frade entre eles –, chegaram... Às barrancas da margem direita do Tocantins chegaram em pleno período de praia. Escolheram um lugar mais alto para ali fundarem de vez aquele que viria a ser o município que já foi o de maior crescimento do Brasil. E, como reza a tradição histórica, foi ali, na área onde hoje está a Praça da Meteorologia (atual Praça Dr. Antônio Régis, frente ao Hospital da Unimed), que Imperatriz nasceu, sob o signo simbólico da segurança (dos militares), fé (dos religiosos), estudo (dos cientistas) e trabalho (dos colonos). Com uma fórmula dessas, tinha de dar certo.
III) 23 DE AGOSTO DE 1854, QUARTA-FEIRA
“Maranhensização” de Imperatriz. Imperatriz nasceu paraense, assim como Tocantinópolis era maranhense. Parece que as belas curvas do rio e a voluptuosidade de suas águas tonteavam a geografia e a cabeça dos colonizadores e governantes. Nessa data, uma lei (nº 772), estabeleceu uma linha divisória e a ainda povoação de Santa Teresa ganha sua definitiva identidade, sua “maranhensidade”. Ficou sem a proteção do Pará, mas continuou com a bênção do Frei Manoel Procópio, que decidiu aqui permanecer e continuar lutando pela povoação, como hábil articulador que também era.
IV) 27 DE AGOSTO DE 1856, QUARTA-FEIRA
Criação da Vila Nova de Imperatriz. Quatro anos e 41 dias após sua fundação, a povoação de Santa Teresa adquire um novo “status”: oficialmente, agora é vila. A Lei nº 398, uma espécie de certidão de nascimento da nova identidade política de Imperatriz. Nela, o presidente da Assembleia Legislativa Provincial do Maranhão, Manoel Gomes da Silva Belfort, que se assinava pelo título de Barão de Coroatá, “mandava a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir tal inteiramente como nela se contém”.
Mas política é política, e ainda se passariam quase dois anos até que obedecessem ao “mandado” do Barão. Foi num 13 de maio, de 1858, uma quinta-feira, que o presidente da Província do Maranhão, Francisco Xavier Paes Barreto, quebrou os grilhões da burocracia e, por meio de ofício, manda que as autoridades da comarca à qual Imperatriz pertencia (Carolina – chamada naquela época Vila de São Pedro da Carolina) efetivassem a condição de vila, elevando o “status” e mudando o nome da povoação de Santa Teresa para Vila Nova da Imperatriz
V) 25 DE SETEMBRO DE 1858, SÁBADO
Instalação oficial da Câmara Municipal e do município. Esse dia começou com uma manhã de sol e muita festa. Três meses antes, no início de junho, e seis anos após a fundação, realizara-se a primeira eleição de Imperatriz. Quando setembro chegou, a posse dos primeiros vereadores (eram cinco, com mandato de três anos) também significava a formalização da Câmara e do município, que passou a ser administrado pelo vereador presidente da Câmara, pois essa era a regra vigente. Amaro Batista Bandeira (que era tenente-coronel) foi, portanto, o primeiro prefeito de Imperatriz. Os outros vereadores eleitos: Atanásio Maciel Parente (capitão), Didier Batista Bandeira (capitão), Domingos Pereira da Silva e José Crispiniano Pereira.
VI) 22 DE ABRIL DE 1924, TERÇA-FEIRA
Elevação à categoria de cidade. Não mais Colônia. Não mais povoação. Não mais Vila. Em um artigo de exatas 40 palavras, a Lei nº 1.179, assinada pelo governador Godofredo Viana, eleva à categoria de cidade a Vila de Imperatriz e outras três vilas (Carutapera, Icatu e São Francisco). Nessa época, era prefeito Gumercindo de Sousa Milhomem, vice Domingos José Marinho, e vereadores Antônio Batista Bandeira, Coriolano de Sousa Milhomem, Fabiano Ciriaco de Sousa, Fabrício de Sousa Ferraz e Martiniano Alves de Miranda. O nome do governador Godofredo Viana foi dado a uma das principais ruas de Imperatriz, no centro da cidade.
VII) 15 DE MAIO DE 1958, QUINTA-FEIRA
Criação da Comissão Executiva da Rodovia Belém-Brasília (Rodobrás), subordinada à Superintendência do Plano da Valorização Econômica da Amazônia (SPVEA). Essa é a data do decreto. Não há o que negar: sem a construção e manutenção da Belém-Brasília, muito raramente Imperatriz, Açailândia, Araguaína, Miranorte, Gurupi, Porangatu, como dizem os livros, deixariam sua condição de “pequenos núcleos estagnados” e cresceriam “espetacularmente”. A antigamente – e pejorativamente – chamada “estrada das onças”, inaugurada em abril de 1960, é verdadeiramente uma espinha dorsal de 2.070 quilômetros de extensão, atravessando o leste do Pará, o sudoeste do Maranhão, quase todo o Goiás de norte a sul, e o sudoeste do Distrito Federal. A partir dela, surgiram outras ramificações, que irrigam a economia e solidificam comunidades. No trecho denominado BR-010, Imperatriz reina, absoluta.
VIII) 15 DE JANEIRO DE 1959, QUINTA-FEIRA
Morte de Bernardo Sayão, um dos “pais” da BR Belém-Brasília, a estrada considerada “mãe” do progresso de Imperatriz. A data passou em branco em 2014, quando se completaram 55 anos da morte do engenheiro. Se Bernardo Sayão de Carvalho Araújo dedicou o resto de sua vida à abertura dessa estrada, desta ele foi a única vítima. Morreu em serviço. Uma das versões: Uma árvore, cortada, na mata vizinha, até ali amparada por cipós, começa a cair. Sayão está dentro de uma barraca, repassando ordens administrativas. Apesar dos gritos, é tarde: a natureza – a seu modo vingativa – faz com que a árvore cortada desabe rumo aonde Sayão está. Ele é atingido fortemente na cabeça e em outras partes do corpo.
Transportado de helicóptero para Açailândia, não teve jeito: às 19 horas de 15 de janeiro de 1959, a noite negra vela o sono eterno de Bernardo Sayão. Ele dera a vida pela estrada. Agora, oferecia a sua morte. Levado o corpo para Brasília, foi a primeira pessoa a ser enterrada... no cemitério que o próprio Bernardo Sayão havia construído na capital federal...
Um ano depois, em 1960, a Belém-Brasília foi inaugurada.
IX) 18 DE JANEIRO DE 1995, QUARTA-FEIRA
Ocorre o movimento que ficou conhecido como a “Revolução de Janeiro”. Desmandos políticos, incompetência administrativa e suspeitas gravíssimas, criminosas, vão-se acumulando no seio dos cidadãos. Líderes classistas, comunitários e políticos unem-se e reúnem-se. Em 10 de maio, criam o Fórum da Sociedade Civil de Imperatriz. Em 23 de junho do mesmo ano, promovem o Dia da Resistência. O movimento cresce. A insatisfação se materializa e cria mais pés, mais peito, mais voz. Um mar de gente deságua na Praça Brasil, no centro da cidade, para dali, como grande enchente, escoar em caminhada rumo à prefeitura. Nesse dia 18, a sede do Poder Executivo é cidadãmente invadida. O poder retorna ao povo. No dia seguinte, 19, até uma Câmara Popular é instalada. O governo do Estado não vê outra solução: decreta intervenção no município.
X) 16 DE JULHO DE 2020, QUINTA-FEIRA
Imperatriz, 168 anos.
O presidente do Congresso Nacional, Davi Alcolumbre, promulgou a Lei nº 14.036/2020, originada da Medida Provisória (MP) nº 986/2020, que define as regras de repasse dos recursos ao setor cultural, conforme previsto pela Lei Aldir Blanc, sancionada em junho.
A medida, aprovada em julho pelo Congresso, foi publicada hoje (14), no “Diário Oficial da União”.
O texto prevê prazo de 120 dias para que Estados, municípios e o Distrito Federal repassem os R$ 3 bilhões de recursos federais destinados a ações emergenciais no setor cultural. Os valores do auxílio que não forem utilizados deverão ser devolvidos à União. Uma nova regulamentação ainda deve informar a forma e o prazo para essa devolução.
De acordo com a lei, a aplicação dos recursos está limitada aos valores liberados pelo governo federal. Caso prefeitos e governadores queiram aumentar o valor dos benefícios repassados, deverão fazer a complementação com recursos próprios.
A Lei nº 14.017/2020, que instituiu o auxílio financeiro, foi chamada de Lei Aldir Blanc em homenagem ao escritor e compositor de 73 anos que morreu após contrair covid-19, em maio, no Rio de Janeiro. As atividades do setor -–cinemas, museus, “shows” musicais e teatrais, entre outros - foram umas das primeiras a interromper as atividades como medida de prevenção à disseminação do novo coronavírus no país.
O texto da lei prevê o pagamento de três parcelas de um auxílio emergencial de R$ 600 mensais para os trabalhadores da área cultural, além de subsídio para manutenção de espaços artísticos e culturais, microempresas e pequenas empresas culturais, cooperativas e organizações comunitárias. Esse subsídio mensal terá valor entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, de acordo com critérios estabelecidos pelos gestores locais.
A mulher que deu nome à cidade maranhense de Imperatriz nasceu no dia 14 de março, em 1822, em Nápoles, uma das principais cidades italianas, com um milhão de habitantes. Sua Alteza Imperial Dona Teresa Cristina Maria de Bourbon era a filha mais nova do rei das Duas Sicílias, Francisco I, e de sua segunda mulher, Dª Maria Isabel de Bourbon.
Por procuração
Em 20 de abril de 1842, Teresa Cristina casou-se por procuração com o Imperador Dom Pedro II, que ratificou o contrato nupcial em 23 de julho do mesmo ano. No dia 30 de maio de 1843, ela veio para o Brasil, juntar-se ao marido. O casal teve quatro filhos: Afonso, que nasceu em 1845 e viveu só dois anos; Isabel (a princesa que assinou a Lei Áurea), nascida em 1846 e falecida em 1921; Leopoldina, que nasceu em 1847 e faleceu em 1871; e Pedro Afonso, que nasceu em 1848 e também viveu só dois anos.
Culta
A imperatriz Teresa Cristina era uma mulher de grande cultura. Chamada “a Imperatriz arqueóloga”, também cultivava outros campos da Cultura, entre eles Artes, Religião e Música. Quando se mudou para o Brasil, trouxe, em sua companhia, artistas, intelectuais, cientistas, artesãos e coleções de obras, objetos e documentos de grande valor. Apoiou brasileiros, como o músico Carlos Gomes, a quem enviou para estudar na Europa.
Mãe dos brasileiros
Era muito discreta e avessa às pompas da corte imperial. Dotada de enorme sensibilidade humana, não se recusava a atender pessoas doentes e carentes. Foi tão amada no Brasil que chegou a ser chamada de “Mãe de Todos os Brasileiros”. Viveu 46 anos no Brasil. Com a proclamação da República – e, portanto, fim do governo imperial –, foi para a cidade de Porto, em Portugal, onde faleceu em 28 de dezembro de 1889.
Contato
O momento de contato da cidade de Imperatriz com a imperatriz Teresa Cristina teria se dado em meados da década de 1860 a 1869, aí por volta de 1864 ou 1865. A povoação de Santa Teresa (o nome de Imperatriz à época) disputava com Porto Franco a condição de sede da Vila Nova da Imperatriz. Uma lei (nº 631, de 5 de dezembro de 1852) já fora assinada autorizando a mudança, mas ainda não fora cumprida. Dois anos se passaram, e os líderes de Santa Teresa, entre eles o fundador frei Manoel Procópio, despacharam um emissário até a Corte, no Rio de Janeiro.
Esse emissário era portador de uma comunicação à imperatriz Teresa Cristina, onde se informava que o nome Vila Nova da Imperatriz era uma homenagem a Sua Majestade. Simultaneamente, pedia-se a real intercessão da imperatriz junto ao presidente da província do Maranhão, para este fazer valer a lei de dois anos atrás.
Doações
Acredita-se que dona Teresa Cristina tenha dado uma força, pois logo a povoação de Santa Teresa retomou seu “status” de sede da Vila Nova da Imperatriz. E Sua Majestade teria feito mais: doou “um conjunto de pesos e medidas em cobre, artisticamente trabalhados”, por ela enviado “como presente”, como grata retribuição à lembrança dos moradores, capitaneados por frei Manoel Procópio, em denominar a vila com o título de imperatriz. Foram vários caixões contendo os pesos e medidas vigentes à época, que chegaram a Imperatriz em 1875.
Ilegalidade e localização
Essas peças, juntamente com a imagem de Santa Teresa d’Ávila, são, provavelmente, os itens mais antigos do patrimônio histórico-cultural do município. Mas, enquanto a imagem da santa se encontra protegida na igreja que leva o seu nome, os pesos e medidas tomaram vários destinos. Um dos conjuntos de medidas está, ilegalmente, em museu de São Luís. Ele foi localizado e documentado, fotograficamente, pelo jornalista Edmilson Sanches em 2002.
Outras cidades
Além da maranhense IMPERATRIZ, outras cidades brasileiras têm seu nome dado em homenagem a Teresa Cristina:
TERESINA, capital do Piauí (o nome “Teresina” é um diminutivo de “Teresa”);
TERESÓPOLIS, no Rio de Janeiro (o nome “Teresópolis” significa “cidade de Teresa”);
e SANTO AMARO DA IMPERATRIZ, município de Santa Catarina.
* EDMILSON SANCHES
Ilustrações:
1) A imperatriz Teresa Cristina;
2) a última foto da família imperial no Brasil, em 1889, antes da partida para o exílio. Da esquerda para a direita:
– (sentados) Imperatriz Teresa Cristina e príncipe Dom Antônio;
– (em pé) Princesa Isabel, imperador Dom Pedro II, príncipe Dom Pedro Augusto, príncipe Dom Luís, conde d'Eu Gaston d'Orleans e príncipe Dom Pedro de Alcântara.
Pesquisadores brasileiros apresentaram, nesta quinta-feira (13), um novo fóssil de lagostim encontrado na Ilha James Ross, na Península Antártica. A pesquisa foi publicada hoje, na revista “Polar Research”. Os pesquisadores são do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens da Universidade Regional do Cariri (Urca), do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade do Contestado, em Santa Catarina, e da Universidade Federal do Espírito Santo.
Trata-se de dois espécimes que foram classificados no gênero “Hoploparia” em uma nova espécie, “H. echinata”. “Apesar de não ter representantes atuais, os fósseis desse gênero de lagostim foram encontrados em camadas de diferentes partes do mundo, em um total de 67 espécies. Entretanto, no continente antártico, eram conhecidas, até o momento, apenas três espécies, sendo esta uma nova, procedente da Ilha James Ross”, disse o diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens/Urca, Allysson Pinheiro.
O material foi coletado em 2016, durante expedição realizada pelo projeto Paleoantar, dedicado a coletar e estudar rochas e fósseis da Antártica. As rochas onde foram encontrados os fósseis sugerem que o animal vivia em ambientes marinhos rasos, com fundo arenoso. Estima-se que tenha vivido no Período Cretáceo, durante o Campaniano, há cerca de 75 milhões de anos.
Anatomia do lagostim
O fóssil é classificado como “Hoploparia echinata”, do latim “echinatus”, que significa espinhoso, e se refere à característica espinhosa das pernas e terceiros maxilípedes. Essa feição espinhosa é uma das principais características de distinção para as demais espécies de “Hoploparia”. Segundo os pesquisadores, a atribuição ao gênero se dá especialmente pela ornamentação do cefalotórax (carapaça), que tem um padrão de sulcos, espinhos e carenas bem definidos.
Os pesquisadores acreditam que o animal, semelhante a outros lagostins, deveria cavar tocas e ser um predador de emboscadas, por causa de sua pinça. Essas pinças, grandes e fortes, podiam ser usadas, inclusive, para capturar peixes e facilitavam a escavação de sua toca.
De acordo com Allysson Pinheiro, possivelmente, eram animais territorialistas que não viviam em grandes associações. Eventualmente, podiam conviver, como na época da reprodução ou quando se alimentavam de carcaças. “Mas eram animais isolados, vivendo mais em sua toca”.
De acordo com o paleontólogo e diretor do Museu Nacional/UFRJ, Alexander Kellner, a descoberta dessa nova espécie "certamente não será a única do grupo". Em 2018, os pesquisadores estiveram por 50 dias no The Naze (parte da ilha James Ross), onde foram coletados dezenas de fósseis de lagostas e outros crustáceos que estão em estudo. "Certamente, em breve, teremos mais novidades sobre esse grupo de animais que viveram na Antártica durante o período Cretáceo”, afirmou.
Antártica
A Ilha James Ross, em um período entre 70 a 80 milhões de anos atrás, época do fóssil encontrado, era muito diferente do que é hoje. Naquela época, a área estava coberta por um mar raso com uma grande variedade de fauna (tubarões, corais, répteis etc.), e com uma temperatura mais elevada do que as registradas atualmente.
“A ilha de James Ross tem um dos acervos fossilíferos mais ricos da Antártica. A descoberta de uma nova espécie de lagostim confirma esse enorme potencial e a importância do desenvolvimento contínuo de pesquisas em paleontologia na região”, disse o pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo, Rodrigo Figueiredo.
A ordem de serviço para a pavimentação do novo Anel Viário de Imperatriz foi assinada na manhã desta quinta-feira (13), durante solenidade que contou com a participação do deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA). A obra foi viabilizada com recursos de uma emenda do parlamentar, da ordem de R$ 4 milhões, e será realizada por meio da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), em parceria com a prefeitura. O prefeito Assis Ramos e o deputado estadual Antonio Pereira, ambos do DEM, também participaram do ato.
O novo Anel Viário de Imperatriz receberá o nome de Avenida Governador Jackson Lago e é considerado uma obra de extrema importância, sendo responsável por desafogar o trânsito na região. Vai interligar a BR-010 com a Avenida Pedro Neiva de Santana, passando pelo local onde será instalado o Hospital do Amor.
“Muito feliz em retornar a essa cidade com mais uma boa e importante notícia. No aniversário do município, anunciei que ia conseguir os recursos para viabilizar essa obra e, assim, cumprimos nossa palavra. Tenho certeza de que vai beneficiar milhares de famílias da Vila Machado, do Residencial Juscelino Kubitschek, entre outras. Hoje é um grande dia em Imperatriz. Estou feliz em estar construindo a nossa história aqui, podendo realmente trazer um pouco do nosso trabalho para essa cidade que é muito importante para o nosso Estado. Faço isso com amor, com carinho e buscando sempre o melhor”, afirmou Juscelino Filho.
Durante a assinatura da ordem de serviço, Juscelino Filho reconheceu o trabalho da Prefeitura de Imperatriz em sempre buscar melhorias para a cidade.
“É uma obra muito importante. É o reconhecimento da importância de Imperatriz para o nosso Estado, da parceria que tenho com o prefeito Assis. Tenho feito tudo o que está ao alcance do nosso mandato para ajudar a gestão dele, que vem fazendo o possível e o impossível neste momento difícil que o país vive. O Assis vem, de forma responsável, agindo, atuando e trabalhando muito. Tem muito trabalho do prefeito Assis na cidade”, concluiu o parlamentar do Democratas.
O presidente Jair Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fábio Faria, assinaram, nesta quinta-feira (13), portaria que regulamenta o serviço de retransmissão de rádio, de emissoras cuja finalidade não é gerar, mas, como o nome indica, retransmitir conteúdos. De acordo com Faria, a medida vai possibilitar a expansão do sinal de rádio FM no interior dos Estados da Amazônia Legal.
Em publicação nas redes sociais, ele informou, ainda, que, no primeiro chamamento, o governo deve atender a 232 pedidos de canais, que levarão o serviço a 183 cidades que ainda não possuem emissoras de FM. “Uma iniciativa do governo federal e do Ministério das Comunicações para levar emprego e investimento local aos Estados do Mato Grosso, TO, AM, PA, AP, AC, RO e MA”, escreveu.
Em junho, o governo editou decreto alterando o Regulamento dos Serviços de Radiodifusão, nome técnico para os canais de rádio e TV em suas diferentes modalidades. A alteração da norma flexibilizou exigências e facilitou as condições para a obtenção de outorgas juntamente ao Executivo, bem como a mudança das características do serviço prestado.
No caso das retransmissoras, o prazo para obtenção de licença passou de 60 dias para um ano. Nesse período, o escolhido deverá cumprir as exigências necessárias à oficialização.
Um dos maiores empreendedores de Imperatriz, Antônio Leite Andrade, faleceu na manhã da última terça-feira, 11 de agosto de 2020, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo (SP). Problemas cardíacos.
Antônio Leite (ou Toninho, como os mais próximos o chamavam) nasceu em Goiânia (GO), em 30 de abril de 1947, filho de Tarcílio Leite Andrade, falecido, e Margarida Felipe Leite (Dona Zulica). Era casado com a professora doutora Dorlice Leite Andrade e pai de cinco filhos – Alessander Souza Andrade, médico; Anna Kelly Souza Andrade, advogada; Andréa Carla Souza Andrade, pedagoga; e Ana Alexandrina Leite e Antônio Gustavo Leite, estudantes.
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O ano de 1974 foi um período de significativos ganhos para Imperatriz. Nesse ano, inaugura-se o asfalto da Rodovia Belém-Brasília, aprova-se, pelo Conselho Monetário Nacional, uma agência do Banco do Nordeste do Brasil no município, e são instalados o Banco Real, o Aeroclube de Imperatriz, a Polícia Rodoviária Federal, a Clínica Psiquiátrica, a Loja Maçônica Lauro Tupinambá Valente, a Companhia Brasileira de Indústria e Comércio (Cobraice), a Fundação de Ensino Superior de Imperatriz, o Serviço Nacional da Indústria (Sesi), a Vila João 23, a Igreja Luterana, o 3º Batalhão da Polícia Militar...
Foi nesse ano com esse “clima” de empreendedorismo que chegou a Imperatriz o médico Antônio Leite de Andrade e sua mulher, a professora Dorlice Souza Andrade. Era 26 de outubro de 1974. Especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, Antônio Leite veio para trabalhar com o casal de colegas e amigos médicos Raimundo Noleto Filho e Ruth Ferreira Aquino Noleto, que haviam fundado, oito anos antes, em 5 de novembro de 1966, o Hospital São Raimundo, um dos três primeiros estabelecimentos hospitalares de Imperatriz.
Inteligente, sensível, trabalhador, além de amigo correto e cortês, Antônio Leite Andrade encontrou, em Imperatriz e região, o espaço e o ambiente adequados para empregar duas características de empreendedor que, aparentemente antípodas, contraditórias, são, na verdade, complementares: ser visionário e ser pragmático. O típico simbolismo de olhar para o alto e trabalhar aqui embaixo. Visão nas estrelas, pés no chão.
Ter essa antecipada percepção “das coisas” e desenvolver um processo prático para realizá-las levou Antônio Leite a dois títulos de pioneirismo: na Saúde, médico pioneiro em Radiologia e Diagnóstico por Imagem em Imperatriz e até no vizinho Estado do Tocantins; e, na Educação, pioneiro no ensino superior privado de Imperatriz.
Em ambos os casos – Radiologia e Ensino –, Antônio Leite cuidava de um mesmo aspecto: o interior das pessoas... e, a partir daí, a saúde física e a saúde mental. Assim, manuseando recursos invisíveis – a radiação eletromagnética e a educação universitária –, Antônio Leite dava mais visibilidade e, pode-se dizer, uma vida melhor para aqueles que dele eram pacientes (como médico) e estudantes (como empreendedor educacional).
Na Medicina, o espírito saudavelmente inquieto e pragmaticamente realizador de Antônio Leite Andrade levou-o a criar diversos empreendimentos e empresas. A parte mais visível desse empreendedorismo médico está no Diagcentro, uma das maiores referências em diagnóstico por imagem de Imperatriz e região, e a grande Clínica de Imagem, que Antônio Leite fundou após transferir sua participação da Diagcentro.
Na Educação, fui testemunha auricular e ocular dos sonhos empreendedores do casal Dorlice (Dora) e Antônio Leite. Essa vontade dos dois materializou-se em 1986, com a criação da escola Ceril (Centro Educacional Renovado de Imperatriz Ltda., conhecido também como Ceril-Objetivo), que trouxe, a partir do nome, uma proposta e prática de renovação no ensino. Depois de muitos anos localizado no centro de Imperatriz, o Ceril foi transferido para a mesma área territorial da Faculdade de Imperatriz, a Facimp, onde se integrou ao espaço e, de certo modo, ambientou seus alunos ao quotidiano do ensino superior. Depois, o Ceril foi extinto, e Dorlice Andrade pôde dedicar-se mais as variadas e permanentes tarefas da direção geral da Faculdade.
Doze anos após a criação do Ceril, Antônio Leite e Dorlice criavam, em 1998, a Associação Região Tocantina de Educação e Cultura (Artec), a entidade mantenedora da Faculdade de Imperatriz – esta a obra maior, resultado, é claro, de todos os esforços e realizações anteriores.
Assim, três anos após a Artec, em 20 de agosto de 2001 – no mesmo mês em que se despede da vida seu fundador –, a Faculdade de Imperatriz, a conhecida Facimp, ganhou vida: nesse dia, foi dada a primeira aula, e logo no curso de Odontologia, um dos de maiores exigências para sua implementação. Fui testemunha da alegria de Antônio Leite por esse dia. Era, aquela aula, a confirmação de que a Faculdade que leva o nome da cidade finalmente inspirava, respirava, resfolegava e extravasava o sopro e a graça da vida própria, autônoma, independente, como devem ser os estabelecimentos de ensino superior. Naquele instante, para além dos importantes e indispensáveis papéis que registrem outras datas, anteriores, de existência legal da Facimp, a Faculdade de fato só ganhou foros de vida e materialidade com a energia física e mental dos professores que ministraram as primeiras aulas e dos universitários que a elas assistiram, naquele 20 de agosto de 2001.
Consolidado o projeto e a realidade da faculdade, Antônio Leite transferiu, para grupo especializado, o comando, a posse, mas não a propriedade, da Facimp; entretanto, por óbvio, nem que ele quisesse, poderia transferir a titularidade do pioneirismo e inovação no campo do ensino superior privado de Imperatriz e região.
Com espírito público, Antônio Leite Andrade não se furtou a desafios que normalmente, em Imperatriz, médicos e empresários não encaram tão amiudemente: colocou-se no jogo da Política e da Administração Pública, além de ter se dedicado a atividades sociocomunitárias. Assim, Antônio Leite foi dirigente partidário, presidente do Partido da Frente Liberal (PFL) e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB); foi presidente do Rotary Club, foi diretor da Associação Médica de Imperatriz, foi secretário municipal da Qualidade de Vida (Saúde) de Imperatriz. Várias vezes lembrado para candidato a prefeito, razões que desconheço furtaram à cidade essa possibilidade. Voluntariamente, auxiliou candidatos, inclusive o governador, nunca tendo recebido de volta o que lhe prometeram retornar. Ainda assim, foi suplente de senador duas vezes, uma delas assumindo a senadoria, de 3 de junho a 2 de agosto de 2005.
A seu convite, fui a Brasília para auxiliá-lo no início do desempenho de seu mandato senatorial. No apartamento funcional em que estava, e onde fiquei, a simplicidade era a regra, além de muito trabalho. Nos 61 dias de seu mandato no Senado Federal, começou, logo no dia 3 de junho, com discurso em defesa da criação do Estado do Maranhão do Sul, seguido de um Projeto de Decreto Legislativo, nº 300, que instituía plebiscito sobre a criação do Estado do Maranhão do Sul. Em igual tempo, com vistas à criação de Estado, entrou com Projeto de Lei, nº 216, para alteração da Lei nº 9.709, de 18 de novembro de 1998, que regulamenta dispositivos da Constituição Federal (Artigo 14, incisos I, II e III). Menos de uma semana depois, dia 9/6/2005, posicionou-se, como líder do PMDB, favorável à criação do Maranhão do Sul.
Seus pronunciamentos posteriores sempre eram a defesa de uma grande causa ou a exposição de um grande tema. Assim, seus pronunciamentos no Senado Federal, há exatos 15 anos, versaram sobre: reivindicação do início das obras da hidrelétrica de Estreito, município do Maranhão, com impactos também no Estado do Tocantins; apelo ao Ministério dos Transportes para recuperação de rodovias do Maranhão; importância das pesquisas científicas para o combate ao câncer e necessidade da implantação do Hospital do Câncer no Estado do Maranhão; apoio à aprovação do Projeto de Lei 131, de 2001, de autoria do senador Geraldo Althoff, que cria o Serviço Social da Saúde (Sess) e o Serviço Nacional de Aprendizagem da Saúde (Senass); defesa do Projeto de Lei do Senado 138, de 2002 – Complementar, de autoria do senador Francisco Escórcio, que autoriza o Poder Executivo a instituir, para efeitos administrativos, a região do complexo geoeconômico e social denominada Corredor Centro-Norte de Desenvolvimento, visando à redução das desigualdades regionais, por meio de seu desenvolvimento.
Um mês depois de ter assumido, e novamente na condição de líder, pronunciou, no dia 7 de julho de 2005, discurso com elogios à atuação da Imprensa brasileira. Em 13 de julho, três dias antes do aniversário de Imperatriz, fez pronunciamento em comemoração ao centésimo quinquagésimo terceiro aniversário da cidade que tão bem o recebera – Imperatriz –, um microcosmo do Brasil, com população formada de brasileiros de todas as regiões e estrangeiros dos diversos continentes.
Nos dias seguintes, e caminhando para o final de seu mandato, fez pronunciamentos sobre o programa do governo que reduzia o saldo devedor de financiamentos imobiliários; apresentou mais justificativas para seu projeto de lei que alterava a Lei da Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992); posicionamento favorável à proposta de que os trabalhos parlamentares do Senado funcionem de segunda a sexta, das oito até às dezesseis horas ou mais, se necessário; comentários à decisão do procurador da Federação Maranhense de Futebol a respeito do campeonato maranhense de futebol de 2005.
Nos últimos dias de mandato, pronunciou-se defendendo a conclusão das obras da Ferrovia Norte-Sul e a implantação do transporte de passageiros e, sensível às questões da Educação e do Conhecimento, fez pronunciamento acerca da escolha do ano 2005 como o "Ano Ibero-Americano da Leitura”, que, no Brasil, recebeu o nome de "Viva Leitura".
Em seu período como senador da República, esteve presente na discussão e votação de, pelo menos, 19 matérias, envolvendo temas sensíveis e relevantes da vida nacional, como abertura de crédito, escolha de altos dirigentes de órgãos federais e de diplomatas brasileiros para servirem em diversos países e, também, votação de propostas de emendas à Constituição Federal.
Foi também de sua autoria o Projeto de Lei do Senado nº 259, que acrescentava um artigo (nº 17-A) à Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, a conhecida Lei da Improbidade Administrativa, com isso estabelecendo uma precedência de ações decorrentes de atos de improbidade administrativa. Também de Antônio Leite o Requerimento nº 796, que, observando o Artigo 50, parágrafo 2º, da Constituição Federal, e de disposição do Regimento Interno do Senado Federal, solicitou ao ministro da Fazenda informações sobre a dívida do Estado do Maranhão.
E se, de acordo com a tríade chinesa, Antônio Leite Andrade já houvera plantado árvores e gerado filhos, a trindade se completava com uma pequena publicação que ele assinou e o Senado Federal editou: “Criação do Serviço Social da Saúde e do Serviço Nacional de Aprendizagem da Saúde”, a única obra bibliográfica que traz o nome de Antônio Leite na capa, como autor. O trilátero chino completara-se.
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Conheci Antônio Leite e Dorlice Andrade desde a década de 1970. Lembro até das três centenas, das sete dezenas e das unidades que formavam o número da conta-corrente dele no banco federal em que eu trabalhava e a partir de onde trocávamos ideias e esperanças pensando na cidade. Não demorou e já eu era todo ouvidos e falas em conversas com a professora Dorlice e seus quereres em torno da criação de sua própria escola. Logo a seguir, tendo eu retornado para Imperatriz, depois de anos em Fortaleza, Brasília e aprendizados em São Paulo, conversei, a convite, com Antônio Leite sobre suas ideias da Faculdade – em uma delas, recordo-me, a presença do amigo odontólogo Giovanni Ramos Guerra, que também colaborava com seu conhecimento, sua disponibilidade, seus esforços e boa vontade para a implantação do curso de Odontologia na futura Faculdade.
Tempo depois, Antônio Leite me convidou para ser um dos diretores da Faculdade, onde convivi ao lado de pessoas boas, trabalhadoras, competentes, entre as quais a diretora-geral Dorlice Andrade, o vice-diretor-geral Edgar Santos, economista, e o diretor acadêmico Domingos Furlan, filósofo. Acompanhei e colaborei com um pouco na dinamização das atividades da Facimp, a faculdade-orgulho de Imperatriz, cujos cursos, mais de dez na época, iam do “A” de Administração ao “Z” de Zootecnia. Muitas das vezes, em um automóvel da Faculdade, com motorista, eu viajava para grandes municípios dos Estados vizinhos para apresentar a Facimp aos alunos e professores das escolas de ensino médio, suas opções de cursos, sua estrutura física de primeira qualidade em área total de quase 600 mil metros quadrados, inclusive áreas de expansão.
Recordo-me de que, certa feita, visitando-me, Antônio Leite ficou impressionado com as dezenas de milhares de livros de minha biblioteca particular. Brincando e falando sério, disse que eu tinha mais livros ali do que a Facimp tinha em seu acervo. Olhou um pouco algumas capas e lombadas e perguntou-me se eu venderia uma pequena parte para ampliação da quantidade de volumes da biblioteca da Faculdade. Reticente, conversei sobre que temas interessariam etc. etc. Fiquei de listar alguns milhares de títulos e submetê-los a funcionários especializados da Faculdade. Com algum travo na garganta, desfiz-me de vasta bibliografia, que, creio, deve estar espalhada pelas estantes temáticas da Facimp até hoje.
Quando pedi para deixar o cargo de direção na Facimp, o fiz para candidatar-me a prefeito de Imperatriz. A bondade despretensiosa de Antônio Leite levou-o a me dizer que eu não precisaria sair, que a Facimp não poderia perder-me e que eu entraria de licença de minha diretoria, sem prejuízo da remuneração. Não pude aceitar – e, mais uma vez, Antônio Leite, extremamente correto, providenciou minha dispensa e com direito a seguro-desemprego, benefício que igualmente não quis exercer, estando ainda comigo, guardada, a papelada. Excesso de tolice ética, o meu...
Recordo-me de que, quando lancei a “Enciclopédia de Imperatriz”, que escrevi de setembro de 2002 a fevereiro de 2003, Antônio Leite comprou do grupo responsável pela publicação centenas e centenas de exemplares do volumoso (2,4kg) livro. Enviou os exemplares como presente de sua Faculdade para altos dignitários da República e outras autoridades, professores etc. Presenteando com o livro que escrevi sobre Imperatriz, Antônio Leite manifestava também seu orgulho e amor pela cidade.
Ali pelos fins da década de 1980 ou começo dos anos 1990, registrou-se um incomum episódio: fui, de manhã cedo, fazer uma tomografia computadorizada na clínica Diagcentro. O Antônio Leite, com aquela animação e boa vontade nele muito próprias, fez questão de fazer o exame. Orientou-me direitinho e, enquanto eu me mantinha quieto e a máquina me escaneava todo, o Antônio Leite, protegido dos raios, fazia-me perguntas: “Está sentindo alguma coisa?” E eu: “Não”. O exame continuava... Daqui a pouco, novamente a pergunta e a mesma resposta: eu nada estava sentindo.
De repente, antes que o médico me questionasse mais uma vez, disse-lhe espontaneamente que estava sentindo algo na perna. De repente, só ouvi barulhos altos da máquina sendo desligada e o Antônio Leite vindo até onde eu estava. Examinou-me, saiu apressado e só o ouvi gritando alto, procurando a alguém onde estava a chave de um determinado armário.
O certo é que, sem esperar mais, Antônio Leite me pegou nos braços (era magro, mas era forte) e, andando rápido, saiu da clínica comigo até a primeira farmácia que ele encontrou ali na Avenida Dorgival Pinheiro de Sousa, onde, por sua indicação, aplicaram-me uma injeção. Depois, retornamos e fui levado para descanso e observação à sala da direção, onde, a essa altura, já estavam presentes os médicos e sócios da clínica Ricardo Olivi Júnior e Águeda Maira Matias Olivi, ambos igualmente radiologistas. Eram os três amigos nossos, disseram-me que eu iria sentir sonolência e que me levariam para casa. Antes, pedi ao Antônio Leite que ligasse para o banco federal em que eu trabalhava e relatasse o ocorrido, informando que o competente atestado pela ausência seria levado posteriormente, no retorno ao trabalho. Antônio Leite foi deixar-me no Jardim Três Poderes, onde eu estava morando (porque minha mãe, muito doente, estava sensível ao barulho das festas que se realizavam em clube social próximo de antiga casa, no Bairro Juçara). Ao me despedir do Antônio Leite, brinquei com ele, dizendo que eu não iria dormir, apesar da injeção – mal me deitei, ainda era manhã, e dormi; fui acordar perto de meia-noite...
Depois, fiquei sabendo que meu corpo reagiu, alergicamente, ao tal “contraste iodado”, substância usada comumente em procedimentos radiológicos como radiografias, ressonâncias e tomografias. Embora se discuta se coceiras, náuseas, calorões e gosto metálico provocados pelo contraste sejam tecnicamente alergia, havia risco sério de, por exemplo, a criação e explosão de bolhas (que foi meu caso) ocorrerem em áreas do corpo – inclusive internas a ele – de difícil controle. Daí, a cuidadosa pressa do Antônio Leite em aplicar-me medicação antialérgica, que me tirou de risco (se risco havia) e me brindou com mais de uma dúzia de horas de sono... Depois, o cardiologista e clínico Bene André Camacho de Araújo, que me atendia, fez anotar em uma carteira médica minha a observação de que eu apresentara reação a contraste iodado.
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Anotações e relatos como os que aqui se registram dizem da verdade mais comum e tão pouco refletida: a vida de uma pessoa é a soma de interações com a vida de outras, às vezes muitas outras, pessoas. Desse modo, quando uma pessoa morre, parte-se, fica suspensa no ar, para sempre incompleta, a teia da própria vida que havia entre quem morreu e os que ainda não...
Nos longínquos séculos XVI e XVII, viveu o poeta metafísico inglês John Mayra Donne. A Metafísica, uma disciplina da Filosofia, cuida daquilo que seria o fundamental no que chamamos de realidade, como a relação entre a mente e a matéria, as relações entre as categorias do ser e até o estudo de todos os fenômenos do Universo. Sim, tem gente que estuda “coisas” assim. E, às vezes, sabem dizer isso muito bem – e resumir tudo isso – em poesia, ou poeticamente. John Donne escreveu:
“A morte de cada homem diminui-me, porque eu faço parte da Humanidade. Eis porque nunca pergunto por quem dobram os sinos: é por mim”.
Durante o dia 11 de agosto – triste agosto... –, amigos me ligaram, gravaram áudios, enviaram mensagens: não acreditavam que era verdade que Antônio Leite havia morrido. Uns lembravam: “O Antônio Leite via a gente sentado, ele dava a volta em seu carro e vinha cumprimentar, sentar e falar com a gente”. O outro lembrava as conversas regadas a bebidas e, como tira-gosto, “o melhor queijo do mundo”, feito por Dona Zulica, mãe do Toninho.
O jeito simples, “largado”, do Antônio Leite era visível. Ele comparecia a certas reuniões com uma camiseta às vezes puída, descosturada no ombro... Antônio Leite tinha um particular “joie de vivre”, um prazer alegre na vida e no viver, expressado mais pelo sorriso e gestos amáveis que por vestuários e adereços. Uma das fotos que ilustra este texto mostra Antônio Leite Andrade recebendo homenagem da Associação do Ministério Público do Estado do Maranhão (Ampem). A camisa polo desabotoada, o sorriso meio maroto... é o Antônio Leite, ali postado entre autoridades com seus escuros e vetustos ternos.
Com Antônio Leite não morrem suas realizações, patrimônio, pegadas – isso está por aí, visível.
Com a morte de Antônio Leite, morre um jeito simples e alegre de ser, um camarada para como amigo se ter; morrem sonhos – que eles os tinha ainda, e muitos.
O poeta tem razão: os sinos não repicam, não dobram por aquele que morreu para nós.
O deputado federal Juscelino Filho (DEM-MA) se reuniu nesta quarta-feira (12), com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Na ocasião, recebeu uma ótima notícia para Imperatriz (MA): a liberação de R$ 1,8 milhão para a aquisição do terreno no qual será instalado o aterro sanitário da cidade. Trata-se da primeira parte de uma emenda da bancada do Maranhão no Congresso Nacional, no valor de R$ 21 milhões.
“Já estive algumas vezes com o prefeito Assis Ramos, em audiências no Ministério e na Caixa, tratando desse assunto. E hoje o ministro Salles nos garantiu a liberação do recurso para iniciarmos a implantação do aterro. Acabar com o lixão e dar o destino adequado aos resíduos sólidos não é apenas questão de meio ambiente, mas também de saúde e qualidade de vida para toda a população. É uma prioridade”, afirmou o deputado Juscelino Filho.
Segundo Ricardo Salles, a atuação da bancada maranhense foi de extrema importância para garantir os recursos. “A iniciativa integra o programa Lixão Zero, do presidente Jair Bolsonaro, que tem avançado em todo o território nacional para acabar com esse grave problema dos lixões. Espero que o prefeito de Imperatriz tenha a possibilidade de fazer de forma rápida a construção do aterro”, disse o ministro.
Agenda em Imperatriz
Nesta quinta-feira (13), o deputado federal Juscelino Filho estará em Imperatriz, onde vai participar do evento em que será dada a ordem de serviço da construção do Anel Viário, que vai interligar a Avenida Pedro Neiva de Santana à BR-010. Em 16 de julho, data em que o município completou 168 anos, o parlamentar anunciou a destinação de R$ 4 milhões, por meio da Codevasf, para as obras.
Apesar das mulheres serem a maioria da população brasileira (52%), a representatividade feminina na política ainda é muito baixa. Como se não bastasse essa realidade, muitas mulheres também estão sendo usadas como “candidatas-laranjas”, com registros de candidaturas apenas para cumprir a cota de 30% de participação feminina.
É sobre essas questões que o projeto Inspire e Comunique, idealizado pelas jornalistas Franci Monteles e Yndara Vasques, da Inspirar Comunicação, também quer estimular o debate e promover reflexões em conversa com a juíza Lavínia Helena Macedo Coelho, integrante da Corte Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Maranhão (TRE-MA). A “live” será às 19h30, com transmissão pelo Instagram de Franci Monteles (@franci_monteles).
A juíza Lavínia Coelho é também coordenadora da Comissão Permanente de Políticas de Gênero e Cidadania (TRE Mulheres. Em junho deste ano, o TRE-MA também lançou uma campanha, por meio de um vídeo, com a participação voluntária de autoridades, educadores, artistas e influenciadores digitais, para incentivar a participação de mulheres na política maranhense. O vídeo está no canal da instituição no YouTube.
No âmbito nacional, vários movimentos da sociedade civil organizada e o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE) também desenvolvem ações e campanhas para estimular a participação, de forma efetiva, da mulher na política brasileira. A campanha mais recente do TSE tem como mensagem “Mais mulheres na política: a gente pode, o Brasil precisa”. A ideia é inspirar mulheres a ocuparem cargos políticos e mostrar que o aumento de lideranças femininas é bom para toda a sociedade.
Representatividade feminina na política
Na Câmara dos Deputados em Brasília, as mulheres ocupam, apenas, 15% das cadeiras do parlamento de acordo com dados das últimas eleições (2018). No Maranhão, das 47 cadeiras da Assembleia Legislativa, apenas nove mulheres têm acento (incluindo a deputada Ana do Gás que está de licença médica). Na Câmara Municipal de São Luís, o número é ainda menor, com apenas três vereadoras que conseguiram eleger-se em 2016. Com as eleições municiais se aproximando, há uma chance de mudança para esse quadro.
De acordo com dados estatísticos das Eleições Municipais de 2016, de cada 10 candidatos “sem votos” em todo o país, nove eram mulheres – que não tiveram nem o próprio voto. As informações são do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), levantados logo após as eleições, obtidos pela então ministra Luciana Lóssio, na época integrante da Corte, e que passou a observar o fenômeno de candidatura de “mulheres-laranjas” na política brasileira.
Serviço – Inspire e Comunique
“Live”: A participação efetiva e a representatividade da mulher na política
Com quem: juíza Lavínia Coelho (TRE-MA)
Quando: 12/8/2020
Hora: 19h30
Onde: Instagram @franci_monteles