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O Ministério das Comunicações entregou, nesta quinta-feira (5), uma antena com rede banda larga gratuita para o Povoado de Lagoa Nova, a 22 quilômetros de Piranhas, no interior de Alagoas. A entrega foi feita pelo ministro Fábio Faria, acompanhado do presidente Jair Bolsonaro.

Desde a semana passada, o ministério inaugurou 14 pontos de acesso à “internet” como esse. Três antenas foram instaladas no Maranhão e dez antenas no Piauí. A iniciativa faz parte do programa Wi-Fi na Praça.

Segundo nota do ministério, o novo ponto de conexão dispõe de 20 megabits de velocidade, “o suficiente para assistir às aulas ‘on-line’, conversar com amigos e parentes distantes e acessar serviços públicos, como os do INSS”.

Além da nova antena do programa Wi-Fi na Praça, o Ministério da Comunicação contabiliza que foram instalados em Alagoas “outros 438 pontos de “internet” por satélite do governo federal”. Esses pontos são do programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão (Gesac).

O Gesac oferta 10 megabits de velocidade, preferencialmente em comunidades em estado de vulnerabilidade social, em instituições públicas de ensino, de saúde, e de segurança e unidades de serviço público localizadas em áreas remotas, de fronteira ou de interesse estratégico, além de telecentros, comunidades tradicionais, quilombos e comunidades indígenas.

Conforme o ministério, “mais de 12 mil antenas já foram entregues pelo governo federal em, aproximadamente, 3 mil municípios brasileiros. Cerca de 9,5 mil estão em escolas, dando apoio pedagógico aos professores e ajudando os alunos a acessar conteúdos ‘on-line’”.

(Fonte: Agência Brasil)

O caricaturista Lan, de 95 anos, morreu na noite de ontem (4), no Hospital SMH - Beneficência Portuguesa de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o dia 26 de setembro de 2020. O hospital não informou a causa da morte.

Nascido na Itália e radicado no Rio de Janeiro, Lanfranco Aldo Ricardo Rossini, ou simplesmente Lan, é um dos artistas que ajudaram a criar a iconografia que representa o Brasil em todo o mundo. Nascido em 1925, ainda criança, foi morar no Uruguai, onde desenvolveu um estilo único de desenhar.

Apaixonado pelo Brasil, em 1952, Lan foi convidado pelo jornalista Samuel Wainer para trabalhar no jornal “Última Hora”. Antes passou pela redação de jornais como “Mundo” uruguaio, e “El País”, onde trabalhou como caricaturista. Amigo dos criadores da Bossa Nova, Lan fez caricatura memoráveis de artistas como Tom Jobim, Milton Nascimento e Chico Buarque. Uma das marcas de seus trabalhos são as curvas sinuosas utilizadas para retratar as mulheres brasileiras.

(Fonte: Agência Brasil)

O Brasil tem 3.299 espécies de animais e plantas ameaçadas, o que representa 19,8% do total de 16.645 espécies avaliadas. É o que aponta a pesquisa Contas de Ecossistemas: Espécies ameaçadas de extinção no Brasil 2014, divulgada, hoje (5), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Atualmente, são reconhecidas, no país, 49.168 espécies de plantas e 117.096 espécies de animais. Desse total, a pesquisa analisou as 4.617 espécies da flora e as 12.262 espécies da fauna listadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, para as quais existem informações sobre seu estado de conservação. Elas representam, respectivamente, 11,26% e 10,13% do total de espécies reconhecidas.

Segundo o estudo, das espécies analisadas, 0,06% está extinas, 0,01% está extinta na natureza, 4,73% estão criticamente em perigo, 9,35% estão em perigo, 5,74% são vulneráveis, 3,98% estão quase ameaçadas de extinção, 62,82% são menos preocupantes e 13,33% foram classificadas como dados insuficientes, indicando a necessidade de mais pesquisas para avaliação. São consideradas ameaçadas as espécies nas categorias vulnerável, em perigo e criticamente em perigo.

Biomas

A Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) quanto proporcionalmente (25%). Em seguida, vêm o Cerrado, com 1.061 espécies ameaçadas, 19,7% do total de espécies do bioma, e a Caatinga (366 espécies ou 18,2%). O Pampa tem194 espécies ameaçadas, o que equivale a 14,5%.

Já o Pantanal e a Amazônia têm as maiores proporções de espécies na categoria menos preocupante (88,7% e 84,3%, respectivamente) e também o menor percentual de espécies consideradas ameaçadas (3,8% e 4,7%, respectivamente). Em números absolutos, são 54 espécies ameaçadas no Pantanal e 278 na Amazônia.

A pesquisa analisou a fauna e a flora segundo sua ocorrência nos biomas – Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Mar e ilhas oceânicas – e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho). Uma mesma espécie pode ocorrer em diferentes biomas e ambientes. Nesse sentido, 47,7% das espécies eram observadas na Mata Atlântica, 35,7% na Amazônia, 32,4% no Cerrado, 12,4% no Mar e ilhas, 12,1% na Caatinga, 8,4% no Pantanal e 8% no Pampa.

Em relação à fauna no ambiente terrestre, a maior proporção de espécies ameaçadas se encontra nas ilhas oceânicas, com 30 espécies, ou 38,5% do total de espécies terrestres no Mar e ilhas. A Mata Atlântica tem um número absoluto maior de animais terrestres ameaçados (426), mas uma proporção menor (12,8% do total de espécies terrestres na Mata Atlântica).

Espécies extintas

Ao menos dez espécies estão extintas: as aves maçarico-esquimó (Numenius borealis), gritador-do-nordeste (Cichlocolaptes mazarbarnetti), limpa-folha-do-nordeste (Philydor novaesi), peito-vermelho-grande (Sturnella defilippii), arara-azul-pequena (Anodorhynchus glaucus), e caburé-de-pernambuco (Glaucidium mooreorum); o anfíbio perereca-verde-de-fímbria (Phrynomedusa fimbriata); o mamífero rato-de-Noronha (Noronhomys vespuccii); e os peixes marinhos tubarão-dente-de-agulha (Carcharhinus isodon), e tubarão-lagarto (Schroederichthys bivius).

Além dessas, uma espécie está extinta na natureza, ou seja, depende de programas de reprodução em cativeiro: a ave mutum-do-Nordeste (Pauxi mitu), observada na Mata Atlântica.

(Fonte: Agência Brasil)

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) prorrogou, para 30 de novembro, o prazo para a renovação semestral dos contratos de financiamento concedidos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) do segundo semestre de 2020. Os aditamentos dos contratos deverão ser feitos pelo sistema SisFies.

A Portaria nº 655/2020 que prorroga o prazo foi publicada hoje (3), no “Diário Oficial da União”. A medida vale para contratos simplificados e não simplificados.

No caso de aditamento não simplificado, quando há alteração nas cláusulas do contrato, como mudança de fiador, por exemplo, o aluno precisa levar a documentação comprobatória ao banco para finalizar a renovação. Já nos aditamentos simplificados, a renovação é formalizada a partir da validação do estudante no sistema.

Os contratos do Fies devem ser renovados semestralmente. O pedido de aditamento é feito, inicialmente, pelas instituições de ensino e, em seguida, os estudantes devem validar as informações inseridas pelas faculdades no SisFies. Inicialmente, o prazo seria até 31 de outubro, para contratos assinados até dezembro de 2017. Os contratos do Novo Fies, firmados a partir de 2018, têm prazos definidos pela Caixa Econômica Federal.

Prazo

O dia 30 de novembro também é a data limite para a realização de transferência integral de curso ou de instituição de ensino e de solicitação de aumento do prazo de utilização do financiamento, referente ao segundo semestre deste ano.

Os Documentos de Regularidade de Matrícula, emitidos pelas instituições de ensino, que tiveram os seus prazos de validade expirados, deverão ser acatados pelos bancos, para renovação do financiamento até 30 de novembro.

O Fies é o programa do governo federal que tem como meta facilitar o acesso ao crédito para financiamento de cursos de ensino superior oferecidos por instituições privadas. Criado em 1999, ele é ofertado em duas modalidades desde 2018, por meio do Fies e do Programa de Financiamento Estudantil (P-Fies).

O primeiro é operado pelo governo federal, sem incidência de juros, para estudantes que têm renda familiar de até três salários mínimos por pessoa; o percentual máximo do valor do curso financiado é definido de acordo com a renda familiar e os encargos educacionais cobrados pelas instituições de ensino. Já o P-Fies funciona com recursos dos fundos constitucionais e dos bancos privados participantes, o que implica cobrança de juros.

(Fonte: Agência Brasil)

O Maranhão está mais uma vez no topo do pódio em eventos nacionais de kitesurfe. A kitesurfista maranhense do Time Fribal, Socorro Reis, conquistou, nessa segunda-feira (2/11), o título do Floripa Foil Festival, competição realizada na Praia de Canajurê, em Santa Catarina. A atleta, que é patrocinada pela Fribal e pelo governo do Estado por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, foi simplesmente impecável durante os três dias de competição para levar o troféu de campeã na categoria feminina. Além disso, Socorro ainda terminou na terceira colocação na classificação geral, que leva em conta os resultados de homens e mulheres.

Com o belo desempenho na Praia do Canajurê, a maranhense amplia sua boa fase no cenário nacional e chega ainda mais confiante para as disputas de dois importantes eventos, que ocorrerão simultaneamente, durante esta semana, em Itajaí (SC): o Campeonato Brasileiro e a etapa do Mundial (Hydrofoil Pro Tour).

“A conquista do Floripa Foil Festival me faz ver que estou no caminho certo, que toda a dedicação e empenho é gratificante no final. Isso me motiva mais a continuar acreditando. Agora, é seguir em busca do tetracampeonato brasileiro e de uma boa colocação no Hydrofoil Pro Tour”, afirmou a maranhense após ser campeã no feminino e terceiro colocada no geral do Floripa Foil Festival.

O atual momento de Socorro Reis é simplesmente espetacular. A kitesurfista maranhense é um dos nomes mais importantes da modalidade no país. No fim de agosto, ela já havia brilhado na disputa da Fórmula Kite Ceará, competição realizada na Praia de Iracema. Na categoria feminina, a maranhense não deu chances às adversárias e ficou com o primeiro lugar. Já na classificação geral, que contabiliza resultados de homens e mulheres, a kitesurfista do Time Fribal terminou na terceira posição.

Vale destacar que a maranhense é, ainda, a atual tricampeã brasileira de hydrofoil e está entre as favoritas da disputa nacional desta semana em Itajaí. Os últimos resultados da kitesurfista a credenciam a brigar pelo tetra no Campeonato Brasileiro deste ano. Além disso, Socorro Reis venceu o Campeonato Centro e Sul-Americano do ano passado e representou o Brasil nos Jogos Mundiais de Praia.

“Agora, sigo focada para o Campeonato Brasileiro e o Hydrofoil Pro Tour. Só tenho a agradecer o patrocínio da Fribal e do governo do Estado que, pela Lei de Incentivo ao Esporte, me possibilitam acreditar e me dedicar ao esporte, e a todos que, de alguma forma, me apoiam”, concluiu a maranhense.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

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“(...) A escola enche o menino de matemática, de geografia, de linguagem, sem, via de regra, fazê-lo através da poesia da matemática, da geografia, da linguagem. A escola não repara em seu ser poético, não o atende em sua capacidade de viver poeticamente o conhecimento e o mundo. (...)”
(Carlos Drummond de Andrade, em “A Educação do Ser Poético”, 20/7/1974)

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Nascemos poesia e morremos pó. E entre um e outro momento nos perdemos daquilo que, bebê, criança, viam em nós: emoção, inspiração, razão de ser.

É isso mesmo: Por que retiram ou retiramos de nós o encanto de nascença e, como vítimas de Medusa, tornamo-nos pedras, calcificamos os sentidos, endurecemos a sensibilidade?

Estamos sempre em busca de TORNAR SONHOS EM OBRAS CONCRETAS quando deveríamos TRANSFORMAR A CONCRETUDE EM OBRA DE SONHOS.

A escola, como espaço de alimentação de cérebros, de formação de pessoas, poderia ser esse espaço de sensações... sentimentos... sensibilidades. Um espaço com/sentido, com/sentimento.

A escola não deveria envergonhar-se de seguir uma “receita”: aplicar “injeções” de poesia, por via intraneural, diariamente, no início de cada aula. Uma leitura de texto poético, selecionado pelos próprios alunos... e pronto.

Não é para “descobrir” poetas no meio deles – É PARA NÃO ENCOBRIR A HUMANIDADE DENTRO DELES.

Não é, muito menos, para formar escritores – é para não deformar gentes.

A poesia não faz milagres – o milagre somos nós. Somos poesia, somos “poiésis” – “criação”, “obra poética”, em grego.

O mundo precisa de médicos, de engenheiros, de advogados...

O “mercado” precisa de trabalhadores, de profissionais, de consumidores...

A escola não precisa ser só fábrica de doutores. A “schole” significa “lazer”, não “fazer”. Escola, portanto, é espaço de libertação, imaginação... De MAIS poesia.

Mas o que se vê são conteúdos demais, formalistas demais – não é à toa que eles se chamam “disciplina”).

O que se vê são conteúdos duros demais – não é à toa que eles também se chamam... “matéria”.

Claro que quase sempre não é fácil a “leitura” poética. Aí, bem... aí vai depender da formação/informação/afirmação de cada leitor da poesia. Vai depender de seu cardápio de conteúdos, seu “menu” de sensibilidade.

Cada aluno, em fases etárias diversas, tem seu próprio “apanhado” de coisas – o que lê, o que ouve, o que conversa, o que sonha, o que faz, o que reflete...

O caldeirão de saberes, fazeres e pensares poderá conter algo mais denso ou, por enquanto, ainda ralo, mas existente. Todos temos algo a dizer de tudo. Pode faltar vontade ou oportunidade para expressar isso, mas que temos, temos!

Há, sim, espaço para a poesia.

Dentro das pessoas.

Dentro das escolas.

* EDMILSON SANCHES

31 de outubro – Dia Nacional da Poesia. Nessa data, em 1902, nasceu, em Minas Gerais, o poeta Carlos Drummond de Andrade, falecido no Rio de Janeiro há 30 anos, em 17/8/1987. O Dia Nacional da Poesia foi instituído pela Lei federal nº 13.131, de 3/6/2015. Antes, a data "não oficial" do Dia Nacional da Poesia era 14 de março, dia de nascimento do poeta baiano Castro Alves, em 1847 (falecido em 6/7/1871).

O Sampaio Corrêa, afirmava-nos um motense, está sem condições para ganhar o Moto Club. E mais “difícil será o Maranhão”. O Sampaio Corrêa “está em liquidação”. E outro motense: “o Sampaio está jogando mal”. E acrescentava: “não há milagres em futebol”. E rematando: “Moraes, em futebol prevalece a técnica”. E parece que esse diagnóstico circulava até mesmo no meio da torcida do “mais querido da cidade”. Mas havia, com muitos sampaínos, a tradição. E de pé aquele “slogan”: “Sampaio é sempre Sampaio”.

E as partidas decisivas surgiram. E o Sampaio “arrasado” acabou com as pretensões dos atleticanos. O “Maranhão” saiu de campo com a derrota, liquidado. Mas havia o Moto Club. Havia o “perigo”. E, com o Moto, “tudo seria diferente”. A expectativa era geral. Um amigo nosso, entendido no “assunto”, repetia-nos a advertência: “O Moto vai vencer. Tem todas as possibilidades. Está em ‘forma’, ‘tinindo’. Tecnicamente é o melhor conjunto que temos. No momento, não há mesmo adversário capaz de “surpreendê-lo. E o Sampaio, meu caro, não está preparado para vencer o Moto. Ultimamente, o Sampaio decaiu. Atravessa uma fase precária. E você vai sofrer uma decepção”.

E a vitória sobre o Maranhão? “Bem... aquilo... sim, o Sampaio jogou com a sorte... pura sorte... Você foi ao jogo?” Não. Fico em casa ouvindo às vezes. Então, dizia o informante, “você não pode ter uma noção exata da partida Sampaio X Maranhão. Os atleticanos jogaram melhor... mas, com o Sampaio, prevaleceu o fator sorte”.

Mas conosco a certeza e a confiança no Sampaio Corrêa. Não nos deixamos envolver pelos informáticos, para nós, desencontrados. E, dentro de nós, aquela velha advertência: “futebol não tem lógica”. E o impossível sempre acontece. Mas acontece que, com o Sampaio, não há o impossível. Há a “raça”, o amor à “camisa”. Há a tradição. Há o “espírito de luta”. Há a grandiosidade duma vontade determinada. E, com esse raciocínio, a confiança inabalável. Viria a vitória esmagadora. Viria o resultado certo e justo. Um pensamento firme. E veio o jogo com o Moto. Não ouvimos NADA. Uma inquietação dentro de nós. De momento, a notícia alvissareira: “Sampaio ganhando por 1 a 0. Uma vibração esticando-se dentro da gente. Uma sensação muito íntima se esmagando na pressão das dúvidas e das incertezas. E já no “apagar das luzes”, no esgotamento do tempo regulamentar, a grita do empate. Um resultado que afastava uma decisão tranquila, mas que garantia, para o Moto, uma oportunidade. Conosco as preocupações mais fortes. No pensamento, desfilavam aquelas advertências terríveis: “Sampaio está liquidado”. Mas contra isso o “slogan” da esperança: “Sampaio é sempre Sampaio”.

E a segunda “partida” foi realizada. Uma tarde de Sol. Um Sol meio escondido lá no alto. Um “azul e branco” maravilhoso. Lá no Santa Izabel, as duas equipes. E, quando o locutor anunciava o começo da jornada, nós, alma inquieta, coração em pulos, fechamos o rádio. Os cigarros se sucediam. Um andar miúdo pela varanda. Um abrir e fechar de janelas. E, de momento, a “história” daquele gol de Tonho. Abrimos o rádio e escutamos a descrição do lance. Maravilha! Mas seria mesmo maravilha?! Bem, não importava. Era gol. E abandonamos o rádio. Ficamos agora quieto. Um silêncio trancado dentro de nós. Agora, com o segundo tempo, tínhamos os olhos fixos nos ponteiros do relógio. Os quarenta e cinco minutos pareciam uma eternidade. Abrimos o rádio e ouvimos, por alguns instantes, o descritivo alucinante da insistência motense empurrando a bola para o arco de Brito. E Brito “pegando tudo”. Brito fenomenal. Com os demais jogadores, a luta heroica, a fibra, a determinação de vencer. E acabaram-se os quarenta e cinco minutos! Sampaio Corrêa sagrava-se Bicampeão Maranhense. Com o Moto, o “adversário que soube perder”.

Vitória, para nós, de gigantes. Vitória maiúscula. Vitória do Sampaio Corrêa. E repetimos, não sabemos quantas vezes: “Sampaio, sempre Sampaio”. E a alma liberta das inquietações. E, na valentona, gritamos para um motense: “conheceu papudo! E ele, revidou: “SORTE”.

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 13 de fevereiro de 1966 (domingo).

Neste domingo (1º/11), Dia d e Todos os Santos, continuamos falando sobre...

Palavras homônimas e parônimas

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76. RECREAR ou RECRIAR
Recrear = divertir:
Ele recreava crianças em festas infantis.

Recriar = criar de novo:
Ele recriou toda a obra do mestre.

77. RETIFICAR ou RATIFICAR
Retificar = corrigir:
Ele precisa retificar os seus erros.

Ratificar = confirmar:
Na verdade, ele só ratificou o que eu já dissera.

78. REVEZAR ou REVISAR
Revezar = trocar, fazer revezamento:
Os médicos vão revezar-se no plantão.

Revisar = rever, fazer revisão:
Os professores vão revisar as notas.

79. RUÇO ou RUSSO
Ruço = meio pardo, gasto ou cerração:
As calças já estavam meio ruças.

Russo = relativo à Rússia:
É um problema entre russos e norte-americanos.

80. SENSO ou CENSO
Senso = juízo, de sentir:
Não teve senso crítico nem de humor.
Faltou bom senso.

Censo = recenseamento:
No próximo ano, será feito novo censo escolar.

81. SERRAÇÃO ou CERRAÇÃO
Serração = ato de serrar:
A serração das árvores começou cedo.

Cerração = nevoeiro denso:
Na serra, a cerração estava grande.

82. SESSÃO ou SEÇÃO ou CESSÃO
Sessão = reunião durante um período:
Não houve sessão na Câmara.

Seção (ou Secção) = departamento, repartição:
Trabalha na seção de brinquedos.

Cessão = ato de ceder:
Ele fez a cessão de seus bens.

83. SESTA ou SEXTA ou CESTA
Sesta = descanso após o almoço:
Gosta de uma sesta aos sábados.

Sexta = numeral ordinal de seis:
Ela foi a sexta colocada.

Cesta = objeto para guarda ou transporte:
Jogou o lixo na cesta.

84. SOBRESCREVER ou SUBSCREVER
Sobrescrever = escrever sobre, endereçar:
É necessário sobrescrever no envelope.

Subscrever = escrever embaixo, assinar:
Ele se esqueceu de subscrever a carta.

85. SORTIR ou SURTIR
Sortir = prover-se, variar:
É necessário um sortimento maior de mercadorias.

Surtir = produzir resultado:
A propaganda já surtiu efeito.

Teste da semana
Que opção completa, corretamente, a frase a seguir?
“__________ duas semanas que não se __________ as reuniões habituais nem se ___________ os principais problemas da empresa”.
(a) Faz / fazem / discutem;
(b) Faz / faz / discute;
(c) Fazem / fazem / discutem;
(d) Fazem / faz / discute;
(e) Fazem / fazem / discute.

Resposta do teste: letra (a).
O verbo FAZER, quando usado para indicar “tempo decorrido”, é impessoal (= sem sujeito), por isso deve ficar sempre no singular: “Faz duas semanas”. Em “não se fazem as reuniões habituais nem se discutem os principais problemas da empresa”, encontramos a partícula apassivadora “se”. O sujeito do verbo FAZER é “as reuniões habituais” (= “as reuniões habituais não são feitas”) e do verbo DISCUTIR é “os principais problemas da empresa” (= “os principais problemas da empresa nem são discutidos”).

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“Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor de cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos. Infelizmente, exige-se pouco do nosso poeta; menos do que se reclama ao pintor, ao músico, ao romancista...” (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, em seu artigo “Autobiografia para uma revista”, no livro “Confissões de Minas” (1944).

Li rapazote toda a obra drummondiana em 1977/78: a poética, até esse tempo, 15 livros, de “Alguma Poesia”, obra inaugural de 1930, a “Viola de Bolso”; a contística, os “Contos de Minas”; a prosaica, sete livros, de “Confissões de Minas” a “O Poder Ultrajovem”.

O trecho da “Autobiografia” acima é do livro “Confissões de Minas”, de 1944. “Autobiografia para uma revista” é a nona crônica das 22 que fazem o livro confessional. Drummond a escreveu a pedido de uma publicação, a “Revista Acadêmica”. Ele nem desejava escrever esse texto, mas reconsiderou: “[...] sendo inevitável a biografia, era preferível que eu próprio a fizesse, e não outro”. E justifica: “Primeiro, pela autoridade natural que me advém de ter vivido a minha vida. Segundo, porque, praticando aparentemente um ato de vaidade, no fundo castigo o meu ego, contando sem ênfase os pobres e miúdos acontecimentos que assinalam a minha passagem pelo mundo, e evitando assim qualquer adjetivo ou palavra generosa, com que o redator da revista quisesse, sincero ou não, gratificar-me”.

Talvez eu não corrobore todas as considerações de Drummond sobre o fazer poético. Produto humano, a poesia assume, reproduz, espelha as nossas grandezas e deficiências. Assim, nem todo poema tem ou terá a “carga” poética que mentes mais perquiridoras buscam e com que nos brindam.

Poemas, uns, são e serão simples, muitas das vezes simplórios. Outros, considerar-se-ão afinados, refinados, segundo uma dada prevalência da “ars poética” que cultive, autoimposta pelo poeta ou por este buscada ou a ela perfilado ou à qual, ao sabor e saber das eras, se alie, se afilie.

Uns poemas são lineares, cartesianos, “fáceis”; outros, são trabalhados como ouro em mãos de paciente ourives, diamante sob cuidados de exigente lapidador. Uns são que nem Manoel de Barros; outros, J. G. de Araújo Jorge. Aqueloutros, têm um tanto disso e daquilo. Mas todos com pá lavrando, sulcando o solo da mente, donde saem pomos poéticos maduros, de vez ou verdes, viçosos ou mirrados – mas tudo fruto.

De todo modo, melhor o frágil fruto que árvore nenhuma, plantio nenhum, semeadura nenhuma. Melhor a “má” poesia que a boa guerra.

Os poemas ditos “menores” não fazem mal nenhum à Poesia, embora se possa fazer mal com ela – para leitores, autores e sentimentos de outro paladar.

Poesia não sofre. Faz sofrer e, quase sempre, resulta de um sofrimento, uma angústia, uma tortura, uma busca, um querer, uma (im)potência ante a imensidão do Tudo e a pequenez de nós todos.

Poesia não sofre. Porque a Poesia não é Entidade: ela é, sim, instrumento, recurso, um – nosso – “modus dicendi”. Assim, o “mal” feito à ou com a Poesia é mal feito a nós mesmos, conosco mesmos. Mas... melhor padecer de um mal poético do que desnecessitar de poesia.

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Poesia é ato criativo, mas não criatura.

E nós, como se a olhássemos sobranceiros, somos seu criador.

Minúsculo criador,
de imperfeições bem feito
– reproduzidas no poema,
cada um a seu tempo, e jeito.

* EDMILSON SANCHES

31 de outubro – Dia Nacional da Poesia. Nessa data, em 1902, nasceu em Minas Gerais o poeta Carlos Drummond de Andrade, falecido no Rio de Janeiro, em 17/8/1987. O Dia Nacional da Poesia foi instituído pela Lei federal nº 13.131, de 3/6/2015. Antes, a data “não oficial” do Dia Nacional da Poesia era 14 de março, dia de nascimento do poeta baiano Castro Alves, em 1847 (falecido em 6/7/1871).
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Ilustrações:
O mineiro Carlos Drummond, da “fotografia na parede” (“Mas como dói!”) a estátua à beira-mar. E o gaúcho Mário Quintana e sua precisão cirúrgico-vocabular.

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O livro é um diamante de papel. Um livro é para sempre.

O indivíduo passa. O autor, não. O autor fica, ao mesmo tempo preso e liberto nas páginas do livro.

Quem escreve não morre. Existem escritores esquecidos ou desconhecidos – mortos, não. Quem escreve reaparece em cada publicação. Retorna em cada (re)edição. Ressurge em cada leitura. Reacende-se em cada debate.

No princípio era o verbo. E o verbo se fez livro. E o livro fez o verbo livre.

Lembra-te, ó escritor, que tu és pó. Pó e pigmento. Pó e palavra. Palavra, papel e tinta.

Em cada livro, um pouco de eternidade.

* EDMILSON SANCHES