Não é propriamente um erro. O que nós encontramos na frase acima é uma marca típica da língua coloquial brasileira: a mistura de tratamento (segunda com terceira pessoa).
Na chamada língua padrão, é mais conveniente que haja correspondência: ou na segunda pessoa (“VEM para a Caixa TU também”) ou na terceira pessoa (“VENHA para a Caixa VOCÊ também”).
Isso deve ser aplicado em textos formais. Em se tratando de uma peça publicitária, assim como na música e na poesia, há liberdades linguísticas. É a famosa licença poética em que o conceito de certo ou errado não se aplica. O que vale é a expressividade.
2ª) “O Flamengo está centralizando o jogo pela direita”?
Nosso leitor tem razão. Assim, o Flamengo fica torto e perde.
É impossível CENTRALIZAR pela DIREITA. CENTRALIZAR só pode ser pelo centro. Centralizar pela direita só se for no sentido figurado.
O melhor é CONCENTRAR.
3ª) “Este cartão amarelo é fruto da falta de desatenção”?
A desatenção foi do comentarista. O cartão amarelo foi fruto da falta de atenção ou fruto da desatenção.
4ª) “O escritório fica no quinto e sexto andar”?
Ou no quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar.
O substantivo que acompanha dois ou mais numerais vai para o plural ou fica no singular se repetirmos o artigo antes dos numerais: primeiro e segundo graus ou no primeiro e no segundo grau; quinto e sexto andares ou no quinto e no sexto andar; alunos de sétimo e oitavo anos ou do sétimo e do oitavp ano.
5ª) “Agradecem a todos por transformar tanta gente e fazerem com que as pessoas se sintam felizes”?
Faltou coerência: “… por transformar…e fazerem...”
Ou “… por transformarem…e fazerem…” ou melhor “… por transformar… e por fazer…”
6ª) “Pesquisa comprova que 51% trabalha fora”?
Nosso leitor tem razão. Temos, nesse caso, um erro de concordância.
O sujeito (= 51%) está no plural. A concordância do verbo deveria ser no plural: “… que 51% trabalham fora”.
Se o sujeito fosse o substantivo MAIORIA, que é singular, o verbo concordaria no singular: “A maioria trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “51% da população”, a concordância seria facultativa: “… que 51% da população trabalha OU trabalham fora”.
Nesse caso, a maioria dos estudiosos prefere a concordância do verbo com o especificador (= população): “… que 51% da população trabalha fora”.
Se o sujeito fosse “A maioria das mulheres”, a concordância também seria facultativa: “A maioria das mulheres trabalha fora” (concordância lógica com o núcleo do sujeito, que é “maioria”) ou “A maioria das mulheres trabalham fora” (concordância atrativa com o especificador, que é “mulheres”).
Nesse caso, a preferência é a concordância tradicional com o núcleo do sujeito (= no singular).
7ª) “Eles estavam em alto mar”?
Quando nos referimos à “região marítima afastada do litoral”, o correto é escrever com hífen: “Eles estavam em alto-mar”.
8ª) “Nós somos em cinco”?
O leitor tem razão. A preposição está sobrando. Bastaria dizer: “Nós somos cinco”. Também seria correto dizer que “estamos em cinco”.
9ª) “Pscicólogo Fulano de Tal”?
Leitor tem inteira razão. Erro grosseiro. “Psicólogo” com “PSC” precisa de internamento.
Teste da semana
Assinale a opção que completa, corretamente, as lacunas das frases a seguir:
1ª) “É preciso que nós _________ antes da meia-noite”;
2ª) “O filme __________ na semana passada”;
3ª) “Ele só _________ o cavalo na hora de sair”.
(a) ceiemos / estreiou / arreia;
(b) ceemos / estreou / arreia;
(c) ceiemos / estreou / arria;
(d) ceemos / estreiou / arria;
(e) ceemos / estreiou / arreia.
Resposta do teste: letra (b).
Os verbos terminados em “-ear” fazem uma ditongação “ei” nas formas rizotônicas (sílaba tônica dentro da raiz = ceia, semeia, estreia, arreia, passeia, saboreia). Nas formas arrizotônicas (sílaba tônica fora da raiz), não há o ditongo: ceamos, ceemos, semeamos, semeemos, estreou, estreamos, passeamos, passeemos, passeando, saboreando, saboreou. ARREIA é do verbo ARREAR (= pôr arreios no cavalo) e ARRIA é do verbo ARRIAR (= abaixar, descer).
O sinal toca três vezes, indicando que a peça vai começar. Mas a plateia não está mais reunida. Agora, o público é disperso e tem o tamanho do mundo. A peça de teatro é exibida simultaneamente em várias casas de várias cidades, no Brasil e fora dele.
O “Ensaio sobre a Perda” é um dos diversos espetáculos teatrais que precisaram deixar os palcos e migrar para plataformas digitais por causa da pandemia. Na peça, um casal recebe um comunicado de que foi beneficiado em um edital que ambos se inscreveram enquanto ainda eram casados. Apesar do término turbulento, eles decidem retomar o projeto.
Os teatros, por serem ambientes fechados, com pouca circulação de ar e criarem aglomerações, estão entre os primeiros espaços que foram fechados, no início da pandemia, em março de 2020, no Brasil. Sem ter onde se apresentar, os artistas precisaram se reinventar. No Dia Mundial do Teatro, celebrado ontem (27), a Agência Brasil conversou com atores, dramaturgos e produtores que convivem diariamente com esse desafio.
“Exatamente no dia que a gente ia começar o ensaio, foi anunciado o lockdown, e a gente pensou que a pandemia duraria 15 dias. Pensamos que logo retomaríamos o ensaio presencial”, conta o dramaturgo, roteirista e ator Herton Gustavo Gratto, que escreveu e atuou em “O ensaio sobre a Perda”. Não foi o que aconteceu. Com isso, a equipe teve de se reinventar: todo o preparo da peça foi feito à distância, entre Rio de Janeiro e Mato Grosso. E a apresentação também.
“Foi um processo muito bonito de descoberta de uma nova linguagem. A gente chegou e era tudo mato, eu brinco. Fomos descobrindo como estar no jogo e, ao mesmo tempo, manipulando e descobrindo imagens e ações. Não estamos fisicamente juntos, e a gente contracena o tempo todo olhando para o botão verde da câmera. Porque se você olha para a outra pessoa, quem está assistindo tem a sensação de que está olhando torto. Fomos desenvolvendo uma narrativa, um jogo, onde buscávamos usar as limitações a nosso favor”.
A internet, segundo Gratto, possibilitou que o espetáculo chegasse a mais pessoas e a lugares onde antes não chegaria. Ele está com outros trabalhos engatilhados. Nesse sábado (27), no Dia Mundial do Teatro, estreou Moléstia, espetáculo que já passou pelos palcos, e que, agora, chegou às telas (em destaque, na foto principal).
“Essa linguagem, que foi descoberta, não vai cair em desuso, mas vai ser mais uma ferramenta. O teatro é insubstituível, mas acho que vem para ficar”.
Retração e expansão
O digital entrou definitivamente na vida da diretora Luciana Martuchelli. As aulas e as preparações de atores que antes eram feitas apenas ocasionalmente pelo computador, migraram de vez. “As fronteiras, que eram antes geográficas e físicas, romperam-se. As turmas que eu faria presenciais, a grande maioria migrou para on-line. Minhas turmas de preparação de ator têm [pessoas] de Porto Alegre, Rio de Janeiro, Colômbia, Peru, Londres, Portugal”, diz.
“Acho que existe um processo de transformação, de reinvenção, de mudanças, onde as tradições aí estão, mas, ao mesmo tempo, abrem-se possibilidades, rompeu-se o lacre”. Luciana, é diretora da TAO Filmes – escola de atores para o teatro, televisão, cinema e música e da Companhia YinsPiração Poéticas Contemporâneas, ambas com sede em Brasília. Ela conta que, antes da pandemia, a companhia estava com a agenda lotada, em turnês pela Europa e América Latina. Tudo precisou ser interrompido.
A produção foi revisitada. Para viajar mais, a companhia precisou enxugar grandes produções, investir mais em espetáculos com poucos atores e equipe reduzida para viabilizar, economicamente, os deslocamentos. Por isso, a pandemia trouxe de volta um espetáculo que eles imaginaram que não voltaria a ser exibido: “Sonhos de Shakespeare”. A peça, de 2016, precisa de uma semana apenas para ser montada. Nela, cenas ocorrem simultaneamente em um ambiente que simula uma casa. O público fica posicionado no meio desse cenário e pode viver experiências diferentes. O espetáculo foi filmado com cinco câmeras para que tudo ficasse registrado”.
Quando veio a pandemia, os [espetáculos] pequenos, que não estavam filmados, foram encaixotados. E esse, que pensamos que nunca mais fosse viver, foi a mais de sete festivais nacionais e internacionais, foi comprado por [uma emissora de] TV. Coisa da pandemia. O que vira restrição em um lugar, vira expansão em outro”, diz Luciana.
Para ela, os artistas têm um papel essencial nesse momento de dor, que é histórico. “O mundo só vai saber o que foi essa época pelos artistas, por toda a produção artística, de música, teatro, cinema, literatura. Tudo que puder, de alguma forma, contar essa história em todos os níveis e camadas que essa história merece ser contada”.
Redes sociais
“O teatro parou. Os artistas não. Estamos fazendo arte, nos adaptando. Torcendo pela volta. Não será fácil”, diz o ator Nobu Kahi, de Taguatinga, Distrito Federal. Kahi conta que estava habituado a uma rotina de ensaio de segunda a quinta e de apresentações nos fins de semana. Tudo mudou na pandemia. “Para continuar fazendo arte, decidi utilizar minhas redes sociais. Fazer arte dentro de casa”, revela.
Kahi é ator há dez anos. Antes da pandemia, trabalhava na companhia Agrupação Teatral Amacaca, dirigida por Hugo Rodas. Acabou se licenciando da companhia, pedindo um período sabático. Começou, então, a lecionar no ensino público a disciplina Teatro e Cinema.
Na internet, ele descobriu um universo distinto ao que estava habituado. “Nas redes sociais, encontrei um bom espaço para divulgar meu trabalho. Como se eu fosse o dono do meio. Diferente do teatro, que não dá pra fazer sozinho. Na internet eu posso alcançar o mundo dentro do meu quarto. É um local incrível. Inspirador”. Mas esse espaço, segundo ele, não substitui os palcos. “Teatro só acontece ao vivo. Olho no olho. O que tempos agora são produtos audiovisuais. Algo que flerta com o cinema”, diz.
Criação na pandemia
A Companhia Dos à Deux já planejava iniciar uma criação antes mesmo da pandemia. No entanto, logo no início do ano passado, Artur Ribeiro e André Curti viram-se em uma imersão em casa, onde têm também uma sala de ensaio. “A gente decidiu entrar em pesquisa, sabendo que seria diferente esse início, porque não tínhamos data de estreia”, diz Ribeiro, que é ator e diretor da Companhia. “Quando não se tem data de estreia, você, então, se coloca como objeto de pesquisa. Isso para a gente foi um momento muito importante. Um momento que a gente foi para a sala de ensaio diariamente e criamos pílulas poéticas, expressando o que a gente estava vivendo a cada dia”, conta.
Agora, “Enquanto você voava, eu criava raízes” já tem data de estreia, em abril de 2022. “O título entrou como uma metáfora muito bonita dentro disso tudo, porque, entre céu e terra, o que estamos buscando agora é um espetáculo de sensações e um espetáculo muito metafórico sobre esse homem que está nessa busca tentando driblar os seus medos num momento tão caótico, quase de fim de um tempo para início de outro”.
A Companhia exibiu, recentemente, produções on-line e, para manter o contato com o público, realizou conversas após as apresentações. “A gente viu que é muito importante nesse momento, de alguma forma, comunicar. Para a gente, foi muito prazeroso isso e acho que, de qualquer forma, essa nova maneira de comunicar vai permanecer porque conquistamos novas plateias, que, depois que acabar a pandemia, a gente vai ter que se comunicar com elas. A gente não pode simplesmente esquecê-las”.
Ribeiro apoia-se no teatro, nas criações, na arte, para viver cada um dos dias. “Estamos à deriva e a gente fica jogando boias e nada até elas. Se a gente ficar nadando no mesmo lugar, a gente vai se afogar. Então, nada um pouquinho, joga a boia, nada de novo. Assim, a gente vai conseguir passar por isso de forma mais lúcida, acredito eu”.
Broadway
Em 2020, a Barho Produções preparava-se para trazer para o Brasil o musical “Barnum – O Rei do Show”. Em 2017, o enredo, apresentado na Broadway, foi adaptado para o cinema com o filme Rei do Show, estrelado pelo ator Hugh Jackman. O musical conta a história de Phineas Taylor Barnum, mais conhecido como P. T Barnum, considerado um dos pioneiros do circo. No Brasil, ele será interpretado por Murilo Rosa.
“Nossa estreia seria em setembro de 2020. Com a chegada da pandemia, um ano atrás, remanejamos para março deste ano, o que infelizmente não foi possível. Estamos aguardando o caminhar da situação para entender a viabilidade e possível nova data junto ao Teatro Opus [em São Paulo]”, diz o diretor de produção Thiago Hofman.
Somente em dezembro de 2020, seguindo vários protocolos de segurança sanitária, foi possível realizar audições e selecionar o elenco, de 200 pessoas. “Ter vivenciado esse processo durante a pandemia nos deu ainda mais força para continuarmos lutando pelo projeto. Em termos de pré-produção, já está tudo praticamente pronto e, como tivemos um ano inteiro, todo o processo de criação e planejamento foi muito bem estudado e desenvolvido”, diz.
Hofman explica que a Barho adquiriu testes rápidos, termômetros, oxímetros, máscaras, álcool em gel, divisórias de acrílico para a testagem e acompanhamento recorrente de toda a equipe e está estabelecendo parcerias com laboratórios e empresas do segmento de saúde na tentativa de, ainda este ano, retornar aos palcos. Uma das saídas encontradas foi diversificar o portfólio. Eles adquiriram a licença de uma nova peça “4.000 Miles by Amy Herzog”, que conta apenas com quatro pessoas no elenco, para diminuirr os riscos. “O que sempre nos motivou e nos motiva a continuar é o fato de levarmos a magia e alegria ao público. Ver o brilho nos olhos no final de cada sessão é impagável! Ficou iminente também durante esta pandemia que a cultura é de extrema importância para a sanidade e crescimento de todo ser humano e, por isso, continuaremos lutando por mais conteúdo com acessibilidade a todos”, diz.
Um ator brasileiro em Portugal
O ator e produtor Danilo Bethon viajou para Lisboa, Portugal, em 2017, para fazer um curso de teatro. Não gostou do curso, mas decidiu ficar na cidade e começar a atuar e produzir. Descobriu um nicho, levar o teatro para as escolas. Algo que, segundo ele, no Brasil é mais comum, mas, em Lisboa, era novidade. “Acabei produzindo um espetáculo infantil e comecei a vender. Vendemos para uma escola, que foi nosso teste. Funcionou superbem. Depois disso, outra escola pediu outro espetáculo. Todas as escolas que íamos pediam mais e mais espetáculos”, conta.
O carro-chefe da companhia é o espetáculo “A galinha Nanduca – Uma aventura em Portugal”, livre adaptação da obra de Ganymédes José, sucesso no Brasil de 1983. Nela, dois palhaços, Azambuja e Zé Pelanca, contam a história de Nanduca, uma galinha em busca de aventuras pelo mundo. “Conquistamos Lisboa com esse espetáculo”, diz.
Foi com a agenda cheia que a Companhia Dona Persona começou o ano de 2020. Mas, com a pandemia, as peças começaram a ser canceladas. “As escolas fecharam, tudo foi cancelado. Estávamos sem previsão nenhuma para nada. Estava escalado para um filme e cancelaram as filmagens”, conta. “Vem a questão financeira. Estávamos preparados para um ano de espetáculos. Começamos a investir nas produções porque sabíamos que receberíamos de volta. Quando chegou a pandemia, tínhamos investido toda a grana que a gente tinha. Sobrou um pouquinho por mês para pagar o aluguel e comprar o básico do mercado”.
As escolas chegaram a reabrir no fim do ano, e a companhia pôde fazer apresentações de Natal. Mesmo a apresentação presencial precisou ser diferente, com público reduzido. Um espetáculo que seria apresentado uma única vez na escola, agora precisou ser apresentado até seis vezes, para que todas as crianças, divididas em grupos menores pudessem assistir.
Bethon tem participado de editais, conseguiu apoio para outros projetos e abriu espaço para experimentar o teatro pelas telas. “Estamos tentando gostar, aprendendo a gostar dessa linguagem on-line. A gente sabe que consegue atingir muito mais pessoas. Mas é difícil prender a pessoa na tela do computador”, diz. Para ele, o futuro do teatro não está tanto nas telas, mas em voltar ao início, voltar para às ruas, como eram os primeiros espetáculos teatrais, para evitar aglomerações em espaços fechados. “Acho que a solução vem lá de trás. Que lindo vai ser ter mais teatro nas ruas”.
Impactos no setor
“O impacto da pandemia é totalmente negativo. A gente não tem os palcos liberados, não podemos nos apresentar. Nós vivemos de aglomeração. O público nada mais é do que aglomerados que se juntam com um objetivo comum, de assistir a um espetáculo, seja de dança, de teatro. Uma das principais, senão a principal, profilaxia da covid-19 é o distanciamento”, diz o presidente da Associação dos Produtores de Teatro (APTR), Eduardo Barata.
Desde março, os teatros estão fechados em todo o país. Muitos migraram para a internet. O retorno econômico, no entanto, de acordo com Barata, não é suficiente para manter todas as equipes. “O setor está completamente fragmentado economicamente. A internet se abriu como possibilidade de expressão artística, mas não de mercantilização. Não se consegue sustentar e manter de forma digna não apenas a cadeia produtiva criativa, mas a cadeia produtiva do setor cultural através da internet”, diz. “A economia do setor não é mantida através das ações que são feitas na internet. A gente não tem estrutura. As pessoas não têm o costume de pagar”, acrescenta.
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) indicam que o setor de economia criativa no país, que inclui o teatro, contribui, diretamente, para cerca de 2,61% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e 1,8% do total de empregos do país.
Com a pandemia, houve a redução média de 43,9% do volume de produção das atividades, a expectativa é que o PIB do setor encolha 31,8% em 2020 e que, em 2021, fique 4,5% abaixo do resultado de 2019. Isso significa uma perda de R$ 69,2 bilhões, ou 18,2% na produção total do período. As informações são da Pesquisa de Conjuntura do Setor de Economia Criativa – Efeitos da Crise da Covid-19, conduzida, ano passado, pela Fundação Getulio Vargas (FGV) Projetos, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo.
A pesquisa aponta também que o setor de economia criativa é composto, em grande parte, por micro e pequenas empresas e profissionais autônomos, formalizados ou não, que não possuem capital de giro suficiente para suportar grandes períodos sem faturamento. Ao todo, 88,6% indicaram ter sofrido com queda do faturamento.
“Há de se ter ações de sobrevivência para o setor cultural e artístico, para o setor teatral. Não tem como sobreviver economicamente sem que o Poder Público atue de forma expressiva e significativa para tentar manter a sobrevivência dos profissionais da cultura e das artes”, diz Barata.
A retomada de ações de fomento é uma das propostas para a retomada do setor feitas na pesquisa da FGV Projetos. Os pesquisadores propõem, ainda, a facilitação do acesso a crédito, a renegociação de dívidas de impostos, a renegociação de empréstimos e créditos concedidos e a preparação para o novo mercado de consumo pós-covid-19.
A Pontifícia Universidade Católica do Paraná está com inscrições abertas para um curso gratuito e on-line de Língua Brasileira de Sinais (Libras) voltado para profissionais da área da saúde. A meta é facilitar o entendimento e a comunicação entre profissionais que atuam no combate à covid-19 e pacientes surdos.
O minicurso Libras na Linha de Frente oferece 40 vagas. Terão preferência profissionais formados e estudantes da área da saúde de todo o Brasil. O curso começa na próxima segunda-feira (29) e se estenderá até o dia 2 de abril, sempre às 17h, com duração de uma hora e meia por encontro.
As aulas são dadas por Alexsander Pimentel, professor, tradutor e intérprete de Libras. Quem tiver, no mínimo, 75% de presença ganhará certificado de participação.
A iniciativa é de acadêmicos do Programa de Pós-Graduação em Tecnologia em Saúde da universidade. Eles participam do projeto Unidos pela Saúde, desenvolvido por mestrandos e doutorandos em conjunto com profissionais de saúde voluntários e estudantes de outras instituições. O projeto tem como foco principal levar informações de cuidados de saúde à população em geral de maneira acessível e adaptada às pessoas com deficiências.
Acolhimento
A mestranda Luana Bastos afirmou que, quando um paciente surdo é atendido por um profissional de saúde que conhece Libras, ele se sente muito mais acolhido.
“O curso tem o propósito de romper o isolamento da comunicação e a exclusão das pessoas com deficiência auditiva. Essa é a terceira turma que abrimos, e as avaliações dos grupos anteriores têm sido bastante positivas”, disse.
Vivianne Cristina Carvalho de Menezes, de Manaus (AM), achou a experiência proveitosa. “Adorei participar do grupo e poder aprender um pouco mais de Libras, língua que me encanta. Agradeço, de coração pela oportunidade e pela iniciativa. É muito importante que hospitais e unidades de saúde tenham profissionais que possam se comunicar com os surdos”.
Ana Alice Venâncio Pontes Medeiros, de Mogi das Cruzes (SP), participou do curso anterior e achou excelente. “A didática e a interação fizeram com que eu aprendesse muito melhor. Trata-se de uma introdução à Língua Brasileira de Sinais e me ajudou muito”, finalizou.
Professores, educadores e instituições de ensino que desejam utilizar o cinema como ferramenta para discutir questões socioambientais contam agora com uma plataforma de streaming totalmente gratuita e exclusiva, chamada Ecofalante Play.
O acervo tem mais de 130 filmes brasileiros e estrangeiros que abordam assuntos como emergência climática, consumo, cidades, energia, conservação, economia, trabalho e saúde. As obras foram selecionadas pela curadoria da Mostra Ecofalante de Cinema, evento com filmes de temática socioambiental que ocorre anualmente desde 2012.
Entre os filmes disponibilizados no acervo, está Obrigado, Chuva, de Julia Dahr, cineasta eleita pela revista Forbes como uma das 30 personalidades jovens. A cineasta acompanha um pequeno agricultor queniano para registrar os impactos das mudanças climáticas.
Há, também, Dolores, de Peter Bratt, que retrata Dolores Huerta, líder trabalhista e uma das mais importantes ativistas dos direitos civis da história dos Estados Unidos.
Outro destaque é Martírio, dirigido por Vincent Carelli em colaboração com Ernesto de Carvalho e Tatiana Almeida. O filme, premiado no Festival de Brasília e na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, busca as origens do genocídio praticado contra os índios Guarani Kaiowá.
Para utilizar a plataforma, os professores e as instituições de ensino precisam fazer um cadastro disponível na Ecofalante Play.
Após a aprovação do cadastro, será permitido o acesso ao catálogo de filmes e ao agendamento de uma sessão.
Em todo o mundo, hoje, no dia 27 de março, às 20h30, no horário de Brasília, as pessoas apagarão suas luzes em sinal de apoio a um movimento que pede uma transição energética urgente. O objetivo é amenizar os efeitos causados pelo uso indevido dos recursos do planeta na geração de energia.
Enquanto a maior parte dos países tem como principal fonte energética os combustíveis fósseis, no Brasil a matriz é predominantemente renovável, mas para atender ao crescimento da demanda e garantir segurança energética, a diversificação das fontes também se faz urgente.
“A fonte hidrelétrica praticamente está esgotada. Nós usamos todos os recursos viáveis do ponto de vista econômico, social e ambiental”, afirma Élbia Gannoum, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeéolica).
Segundo o diretor do Departamento de Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energias (MME), Carlos Príncipe Pires, essa transformação já vem acontecendo nos últimos 21 anos, período em que as hidrelétricas deixaram de representar 82,9% e passaram a 60,9% de todas as fontes de geração elétrica, e deram espaço à energia eólica com participação de 9,6%, a biomassa que hoje representa 8,6% e a solar, com 4,4% da matriz elétrica brasileira.
Outras fontes não renováveis também passaram a ter maior participação na geração de energia no Brasil, mas, segundo Carlos Pires, nesses casos, foram estimuladas as fontes com menor emissão, como é o caso do gás natural que cresceu de 2,7% para 8,3%.
“Nossa matriz é três vezes mais renovável que dos países desenvolvidos”, diz.
Ainda que o potencial torne as fontes renováveis semelhantes em abundância no Brasil, a vocação, o ritmo do desenvolvimento tecnológico e o investimento em pesquisa e inovação acabam determinando como cada uma dessas fontes ocupam o mercado brasileiro.
“A geração distribuída é uma vocação da fonte solar e a eólica tem uma vocação de grande escala, porque as turbinas são melhores, do ponto de vista técnico e econômico, quando encontra ventos melhores e esses ventos estão localizados, ao passo que o sol está distribuído”, afirma a presidente da Abeeólica.
Nos últimos 10 anos, a geração de energia eólica não apenas ocupou a maior fatia da matriz elétrica depois da hidráulica, como também é responsável pela façanha de desenvolver um mercado com 80% de conteúdo nacional. “Dessa forma, nós não estamos sujeitos às variações cambiais e isso talvez seja um dos fatores que explique o crescimento forte e estável da eólica, mesmo em períodos de crise”, afirma Élbia.
Para o coordenador do Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético da Unicamp, Gilberto Januzzi, a natureza diferenciada dos ventos brasileiros levaram a uma necessidade de incremento na inovação do que veio de fora e a indústria se adaptou.
No entanto, essas adaptações não significam um processo produtivo que garanta uma energia mais barata para quem está na ponta.
“Tem que haver soluções baratas para um mercado que é muito desigual. A gente não pode esquecer que nem todos brasileiros conseguem pagar pelos serviços de energia”, afirma Gilberto.
Com uma vocação mais voltada para atender ao consumo doméstico na modalidade de geração distribuída, que é quando o pequeno consumidor gera a própria energia, a fonte solar, conhecida como fotovoltaica, é um exemplo claro em que a falta de inovação nacional tornou o custo para o crescimento desse mercado muito alto.
Segundo o professor Felipe Almeida, do campus de Boituva do Instituto Federal de São Paulo, atualmente o que há de mais moderno no mercado de fotovoltaica são tecnologias como as células tipo PERC, desenvolvidas na Austrália, os módulos half cell e bifaciais, desenvolvidos na China e Estados Unidos.
“Um estudo da Abesolar desse ano mostra que em 2021 teremos cerca de 147 mil empregos a mais no Brasil. Então, isso pede mão de obra qualificada, cada vez mais”, explica.
Para Gilberto Januzzi, embora o Brasil seja rico em recursos energéticos, tenha um mercado crescente e seja o país em desenvolvimento com maior recurso destinado por lei para fomento de pesquisa e desenvolvimento na área de energias renováveis, ainda é muito dependente da inovação de outros países.
“O nosso estágio, em termos de pesquisa e desenvolvimento não é bom. A gente está comercializando, é um mercado crescente, há um mercado bom para essas tecnologias, mas em termos de conteúdo inovador brasileiro é ainda pequeno”, diz.
Hidrogênio verde
No dia 9 de março, o Conselho Nacional de Políticas Energéticas (CNPE) publicou, no Diário Oficial da União, a Resolução nº 2, de 10 de fevereiro de 2021, que determina um direcionamento dos recursos destinados à pesquisa e ao desenvolvimento e prioriza estudos de fontes como hidrogênio, energia nuclear, biocombustíveis e tecnologias de armazenamento.
“Todas essas são temáticas que desempenharão um papel de suma importância para transição energética para economia de baixo carbono”, afirma Agnes da Costa, chefe da Assessoria Especial em Assuntos Regulatórios do MME.
Gilberto Januzzi considera um acerto focar os recursos em tecnologias que são promissoras para o país, como é o caso do hidrogênio, que tem se mostrado promissor quando o assunto é geração de energia e redução de emissão de gases do efeito estufa. “É um tipo de um energético que pode nos ajudar muito, porque temos várias maneiras de produzir hidrogênio, ou células à combustível e também podemos armazenar essa energia”.
O pesquisador explica que, embora o uso do hidrogênio como fonte energética seja antigo, novas formas de produzir utilizando as fontes renováveis no processo revelam um enorme potencial brasileiro. O que colocaria o país em uma posição privilegiada na corrida global pela descarbonização, tanto no processo de produção, como na solução de armazenamento e exportação de energia. “É uma oportunidade muito grande que a gente não poderia perder”, diz Gilberto.
Energia Nuclear
Essa oportunidade faz com que o mercado da energia eólica também esteja atento a tecnologia de produção do hidrogênio verde e do uso dos ventos como fonte para gerar outras energias exportáveis.
“Nós temos outra forma da exportação da energia quando nós pensamos na produção dos nossos produtos exportáveis, como são a indústria de mineração de forma geral”, afirma Élbia Gannoum.
Embora sejam fontes não renováveis, os minerais são a principal forma de obter a energia nuclear, hoje gerada principalmente a partir da fissão nuclear do urânio. Esse processo não tem emissão de gases do efeito estufa e, também, pode ter sua produção associada a outras fontes renováveis.
“Em termos de pesquisa, tem coisas fascinantes a serem pesquisadas, mas, em termos de ampliar isso no mercado brasileiro, eu não consigo ver viabilidade, no ponto de vista até econômico, no médio prazo”, diz.
Bons ventos
Para fins energéticos, Gilberto acredita que o interesse internacional no Brasil está mais ligado às fontes renováveis. Ele alerta para o grande potencial das eólicas offshore, que ficam em regiões extraterritoriais, como é o caso de regiões em alto-mar, por exemplo. “A estimativa que a própria Empresa de Planejamento Energético faz é de cerca de 900 gigawatts de potencial”, afirma.
Na visão da presidente da Abeéolica, o início dos investimentos na tecnologia offshore podem ajudar o Brasil a avançar na tecnologia aplicada à geração de energia por meio de ventos no território nacional, as chamadas onshore, servindo como modelo.
Ela explica que isso já ocorreu em países europeus, onde a falta de território para geração de energia onshore gerou uma tecnologia mais robusta.
“Nós estamos vendo máquinas offshore já com capacidade de 15 megawatts e já ouvi falar de uma máquina com 18 megawatts, para offshore. Quando a trajetória tecnológica vai para esse caminho dessas máquinas com potência maior, com torre maior, a trajetória da onshore também vai seguindo esse caminho”, afirma.
Em diferentes regiões brasileiras, grupos de pesquisa já trabalham em busca de inovações para geração de energia eólica offshore. Para Gilberto Januzzi, esses grupos podem ser alavancados ainda pela vantagem do país já possuir o knowhow para atuação em plataformas de exploração de petróleo e gás, como no caso do Pré-Sal.
Versatilidade no biogás
Além da capacidade de gerar biometano para substituir diesel, GLP (gás de cozinha), energia térmica ou elétrica, o biogás também é armazenável. Por toda essa versatilidade, a indústria do biogás seguiu diferentes caminhos pelo mundo.
Enquanto na Alemanha ela gera a maior parte da energia elétrica consumida por lá, no Brasil essa indústria acabou se desenvolvendo mais no setor de tratamento ambiental de resíduos sólidos.
Para Alessandro Gardemann, presidente da Associação Brasileira do Biogás, o potencial do biogás é tão grande que solucionaria diversas questões pendentes na geração das demais fontes, como é o caso do armazenamento.
“O biogás é a solar de bateria direto. Então, é uma alternativa às baterias e às térmicas a gás natural. Com térmicas à biogás você consegue a descarbonização, com produção descentralizada, perto do consumo e tratando resíduos”, afirma.
Assim como na eólica, o setor inovou apenas em adaptações necessárias à indústria nacional e praticamente absorve as tecnologias criadas e testadas em outros países. Para Alessandro, ainda cabem mudanças no marco regulatório para pesquisa e desenvolvimento no setor, onde o risco seja aceito como parte do processo de investigação em um processo. “O insucesso faz parte de um modelo de P&D”, afirma.
Sistemas Digitais
Somados aos desafios e potenciais tecnológicos que a transição energética traz em cada uma das fontes, a integração delas por meio dos sistemas inteligentes, ou smart grids, também exigirá do país um novo olhar para inovação no setor de tecnologia da informação. Por meio desses sistemas, também é possível mais eficiência de geração e melhoria na utilização dos recursos naturais de forma individual ou integrada.
Segundo a executiva de uma empresa brasileira de inovação, Gabriella Seiler, o avanço dessas tecnologias pode beneficiar o sistema elétrico como um todo, desde os grandes geradores, até o consumidor.
“A digitalização e a Inteligência Artificial são fundamentais nessa transformação que depende de sistemas e equipamentos descentralizados, que precisam se comunicar de forma inteligente e em tempo real”, diz.
Com tantas possibilidades e potencial, Gilberto Januzzi afirma que o Brasil precisa alinhar recursos financeiro, estruturais e humano no setor de pesquisa e desenvolvimento, que existem em abundância, às demandas do setor produtivo, para que assas inovações possam chegar de forma rápida, com custos que o consumidor possa suportar. “A política pública é muito importante nesse sentido, porque grande parte do esforço em pesquisa básica vem de fundos públicos, não vem do mercado sozinho”, diz.
Segundo Gabriela, esse abismo entre ambiente acadêmico e inovação aplicada fica claro quando o Brasil aparece entre os 15 países que mais publicam e têm citações em artigos científicos, mas essa inovação pouco chega a ser aplicada na sociedade. Para ela, na área de inteligência artificial, esse desafio soma-se a outros como a escassez de talentos, baixo investimento e ainda um bloqueio cultural na aplicação de tecnologias que transformam estruturas fundamentais.
O presidente do Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, Juscelino Filho (DEM-MA), entregou a proposta do novo regulamento do colegiado à presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, Bia Kicis (PSL-DF). O encontro ocorreu nessa quinta-feira (25), um dia após os integrantes do Coética darem aval, por unanimidade, às novas regras de funcionamento. Agora, caberá à CCJ analisar a matéria.
“A reformulação das regras de funcionamento do Conselho era necessária desde 2011, ano em que houve a alteração do nosso Código de Ética. Logo que assumi a presidência do colegiado, informei que faríamos a atualização, missão que deleguei ao deputado Alexandre Leite. Mesmo com toda a restrição por conta da pandemia, conseguimos concluir esse trabalho ao fim da minha gestão à frente do Coética”, comemorou Juscelino Filho.
Segundo o deputado do Democratas, o novo regulamento do Conselho de Ética foi construído a várias mãos. “Ele foi aprovado após muito debate, com opiniões de todos os membros. Tenho certeza de que o texto traz avanços de extrema importância, que vão contribuir com a melhoria da atuação do colegiado e, consequentemente, da Câmara. Nossa expectativa é que a CCJ possa analisar e aprová-lo o quanto antes”, disse.
A deputada Bia Kicis prometeu empenho da CCJ na tramitação da proposta entregue por Juscelino Filho. “Vamos dar prosseguimento com celeridade e todo zelo necessário. Em breve, o novo regulamento vai vigorar, para que possamos ter o máximo de aproveitamento dos trabalhos do Conselho de Ética. Pode contar conosco”, declarou a parlamentar.
Mais celeridade
As principais mudanças propostas no novo regulamento do Conselho de Ética poderão agilizar a análise das representações. Caso não haja alterações na CCJ, ficará dispensado o parecer prévio quando o relator concluir pela admissibilidade do processo de quebra de decoro. No caso de pedido de arquivamento, haverá a votação pelos conselheiros. Outra novidade vai permitir que os deputados representados sejam notificados por meios eletrônicos.
O deputado Alexandre Leite (DEM-SP), que relatou o texto no Coética, justificou a nova regra quanto ao início das representações. “A admissibilidade é uma votação hoje que dá margem para obstrução e morosidade. O mérito acaba sendo levado para a formação de opinião e juízo de valor na admissibilidade, o que é um ponto técnico e pode ser apresentado junto ao relatório final”, argumentou.
Sobre os trabalhos do Conselho de Ética, o presidente Juscelino Filho frisou: “Nos últimos dois anos, até em razão do número recorde de representações, fomos questionados por não dar algumas respostas que a sociedade esperava. Mas, desde que nos foi permitido retomar as atividades, no início deste ano, já limpamos a pauta anterior à pandemia e avançamos nos dois casos de maior repercussão nacional, envolvendo os deputados Daniel Silveira e Flordelis”.
O secretário especial de Cultura, Mário Frias, informou, nesta sexta-feira (26), que o governo deve publicar, na próxima semana, um decreto prorrogando os prazos para prestação de contas de recursos da Lei Aldir Blanc, voltada para o auxílio ao setor cultural em razão da pandemia do novo coronavírus. O prazo vence no fim de março e, segundo Frias, será prorrogado até 31 de dezembro.
“Isso a gente já vem discutindo [no governo] e já conseguiu. Esse decreto já está confeccionado, e vamos ter a dilação do prazo até 31 de dezembro para a prestação de contas do que foi empenhado em 2020 e executado em 2021. Isso já está 100% garantido”, disse Frias durante audiência da Comissão de Cultura da Câmara para debater a legislação.
O anúncio foi feito poucos dias após uma decisão da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Carmén Lúcia ter aprovado o pedido de aumento dos prazos feito pelo Estado do Ceará.
Aos deputados, Frias disse que, apesar de o decreto prever a extensão do prazo até 31 de dezembro deste ano, as prestações de contas de municípios, Estados e Distrito Federal e da União poderão ser feitas até junho de 2022.
Aprovada pelo Congresso em junho do ano passado, a Lei Aldir Blanc determinou o pagamento de auxílio emergencial a artistas, produtores, técnicos e espaços culturais como forma de auxiliar um dos setores mais afetados pela pandemia do novo coronavírus.
No total, foram destinados R$ 3 bilhões para os Estados e municípios. Os recursos começaram a ser repassados no segundo semestre de 2020. Contudo, artistas, dirigentes culturais e secretários de Cultura afirmam que o período para repasse e execução dos projetos aprovados foi muito curto, dificultando a realização das atividades.
Representantes do setor cultural e gestores criticaram a demora do governo em prorrogar os prazos para a prestação de contas dos recursos. Na avaliação da presidente do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes Estaduais de Cultura, Úrsula Vidal, a demora provocou pressão sobre as secretarias de Cultura.
“Estamos há três meses aguardando essa regulamentação. [Informaram] que o texto do decreto estava pronto em dezembro, e essa instabilidade gera muita pressão sobre Estados e municípios”, disse Úrsula.
Recursos remanescentes
Durante a audiência, Frias foi cobrado sobre o uso dos recursos remanescentes da lei que não chegaram a ser aplicados e que somam cerca de R$ 770 milhões. Frias disse que vem discutindo a questão com o Ministério da Economia, mas que ainda não há uma definição, uma vez que, segundo ele, há o entendimento de que os valores pertencem ao chamado orçamento de guerra, aprovado para o ano passado, o que cria insegurança jurídica quanto à aplicação dos valores restantes.
“[É] óbvio que, como gestor, tenho a noção de como esse dinheiro vai ser importante hoje. Estamos em tratativas com o Ministério da Economia. Estou vendo outras possibilidades”, acrescentou o secretário. “Há essa questão jurídica de que essa verba pertence ao orçamento de guerra de 2020”, enfatizou.
A presidente da Comissão de Cultura, Alice Portugal (PCdoB-BA), defendeu a inclusão da liberação dos valores, a Medida Provisória (MP) 1.039/21, que trata do pagamento da nova rodada do auxílio emergencial. Segundo a deputada, a assessoria jurídica da comissão elaborou um parecer demonstrando que não há impedimento para a utilização dos valores, opinião que é compartilhada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
“Secretário Mario Frias, precisamos de sua ajuda na medida provisória, para podermos sedimentar o uso do recurso. Nós não temos nenhuma dúvida sobre a possibilidade legal de fazê-lo”, disse a deputada. “Esse recurso pode, sim, ser utilizado. Não perca esse dinheiro, secretário”, afirmou.
Após quase dois anos do sucesso da primeira edição da PerifaCon, que levou mais de 7 mil pessoas à Fábrica de Cultura do Capão Redondo, em São Paulo, a Comic com promove a partir de hoje (26), até o dia 28, o festival virtual Brotando nas Redes. Com formato gratuito, gravado e ao vivo, o evento reúne painéis temáticos, ciclo de formação para quadrinistas e ilustradores.
O Brotando nas Redes promove, ainda, um concurso de cosplay dedicado à comunidade negra, no qual os participantes devem se fantasiar e interpretar personagens da cultura pop. Serão 17 concorrentes e o vencedor, eleito por voto popular, ganha um prêmio de R$ 1.000.
“Cosplay é um entretenimento garantido em qualquer comic con, não podia faltar no Brotando. Esse concurso tem, ainda, o objetivo de promover, valorizar e fortalecer a identidade e as manifestações de pessoas periféricas, negras e LGBTQI+ no universo do entretenimento nerd, geek e pop”, disse uma das criadoras da PerifaCon, Gabrielly Oliveira.
Segundo a organização do festival, a ideia é responder ao chamado do público da Comic con das favelas que gosta de assistir a séries e filmes, ouvir música, ler quadrinhos e mangás e compartilhar seus gostos e conhecimentos para promover o bem-estar coletivo e o crescimento de artistas locais, enaltecendo a força da periferia no cenário nerd, geek e pop. Para participar, é preciso se cadastrar no site da PerifaCon. Para assistir, basta acompanhar pelo YouTube nas redes sociais.
Neste ano, a programação é mais voltada para o mercado do entretenimento, a fim de dar visibilidade aos artistas durante o período da pandemia de covid-19. “Essa não é uma versão do nosso evento físico, é um evento menor para matar a saudade do público e dar um gostinho da experiência da PerifaCon. É muito importante para nós conseguir dar segmento e visibilidade aos profissionais de periferia que iriam participar do evento, que foi cancelado no ano passado por causa da pandemia, prejudicando tanto essas pessoas, que não puderam circular suas artes e gerar renda”, afirmou o também criador do festival, Igor Nogueira.
Programação
Abertura: Nerds da quebrada: a ascensão Perifacon (26 – 18h) – Em um papo superlegal e descontraído sobre a periferia nerd, o time do Perifacon fala sobre a incrível trajetória durante o ano difícil de 2020, os desafios e as maiores conquistas. Participação de Andreza Delgado, Gabrielly Oliveira, Igor Nogueira, Luize Tavares e Vaneza Oliveira.
Ciclo Narrativas Periféricas – Parte I (26 – 19h) – Dando início à primeira fase do ciclo de formação para quadrinistas e ilustradores, a conferencista Janaína de Luna, da Editora Mino, mostra um panorama completo e cheio de dicas sobre como um artista deve apresentar o seu trabalho a uma editora.
Painel Para Além do Beco dos Artistas da Perifacon (27 – 18h) – Com a curadoria de artistas como tema central e com a mediação de Andreza Delgado e Luize Tavares, os artistas Amanda Treze, Douglas Lopes, Gillian Rosa, Lya Nazura e Marília Marz participam de bate-papo para falar sobre seus processos criativos e a oportunidade de trabalhar para grandes marcas por meio da curadoria, sobretudo em um ano sombrio para a cultura devido à pandemia.
Ciclo Narrativas Periféricas – Parte II (27 – 19h) – Dando continuação ao ciclo de formação para quadrinistas e ilustradores, Janaína de Luna volta para mais uma fase, explicando todo o processo de criação de uma HQ, com abordagem desde a ideia, roteiro, título até o processo de gráfica e como tornar a produção de sua HQ mais barata.
Ciclo Narrativas Periféricas – Parte III (28 – 18h) – Na terceira fase, o ciclo de formação para quadrinistas e ilustradores traz Pedro Cobiaco, um dos maiores coloristas do Brasil, em uma conversa sobre o processo de colorização de uma HQ completa e sua capa.
Ciclo Narrativas Periféricas – Parte IV (28 – 19h30) – Encerrando o ciclo de formação para quadrinistas e ilustradores, a última fase chega com Felipe Castilho e Fábio Kabral, grandes expoentes de HQ e também escritores, em um debate/mentoria sobre o processo de roteirização de livros e HQs.
Concurso de Cosplay (28 – 21h): O encerramento fica por conta do time do PerifaCon, que promove uma conversa com cosplayers convidados sobre os bastidores desse universo. Na mesma ocasião, será anunciado o vencedor do concurso.
Pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) mostra que o plástico é responsável por 70% dos resíduos encontrados nos mares brasileiros. Segundo o estudo, realizado durante 2020, o isopor é o segundo resíduo mais presente, com participação de 10%. Os dados, divulgados hoje (25), são do projeto Lixo Fora d’Água, da Abrelpe, iniciado em 2018.
De acordo com o levantamento, os resíduos coletados nas orlas das praias têm cerca de 10% de sua origem in loco, ou seja, nas próprias praias, e o restante (90%) é proveniente de outras áreas urbanas.
“Constatamos que os resíduos no mar são predominantemente itens de consumo domiciliar. E os fragmentos de plástico e isopor deteriorados, por exemplo, indicam origem distante da praia”, destaca o diretor-presidente da Abrelpe, Carlos Silva Filho.
Segundo a pesquisa, em 2020 houve uma queda drástica da presença no mar de itens como bitucas de cigarro, canudos e copos descartáveis. Em contrapartida, itens como tampinhas e lacres de garrafas plásticas continuaram a ser encontrados com frequência. Outros materiais também chamaram atenção, como sacolas plásticas de comércios e supermercados, hastes flexíveis, garrafas PETs, isopor, calçados e até assentos de vaso sanitário.
A Nasa vai tentar, no início de abril, o primeiro voo de um equipamento motorizado em outro planeta, fazendo decolar o helicóptero Ingenuity em Marte, anunciou, nesta quarta-feira (24), a agência espacial norte-americana.
Neste momento, o helicóptero ultraligeiro, que se assemelha a um drone de grandes dimensões, continua dobrado e preso sob o robô Perseverance, que aterrissou no Planeta Vermelho, no mês passado.
“A nossa melhor estimativa, neste momento, é o dia 8 de abril” para o primeiro voo, disse o engenheiro-chefe do Ingenuity, Bob Balaram, acrescentando que a data exata ainda está sujeita a alterações.
Se a experiência for bem-sucedida, será uma verdadeira proeza para a agência norte-americana, uma vez que o ar de Marte tem densidade equivalente a apenas 1% da atmosfera da Terra.
Será o equivalente ao primeiro voo de um equipamento motorizado na Terra, em 1903, e a Nasa revelou que, como tributo, foi colocado no Ingenuity um pedaço da aeronave dos irmãos Wright que, há mais de um século, decolou pela primeira vez na Carolina do Norte, nos Estados Unidos.
O primeiro voo do helicóptero ultraligeiro em Marte será bastante simples: após decolar na vertical, o Ingenuity subirá até uma altura de três metros e ficará estacionário durante 30 segundos, antes de fazer uma rotação sobre si mesmo e voltar a pousar no solo.
O engenho irá receber as instruções a partir da Terra algumas horas antes, mas irá também analisar a sua própria posição em relação ao solo, durante o voo, captando 30 fotos por segundo.
A Nasa já determinou também o local onde o helicóptero fará o seu voo, situado a norte do local onde pousou o robô.
O Perserverance ainda não terminou o percurso até essa `pista` e “demorará ainda alguns dias”, declarou o encarregado de ligação das equipes da Nasa responsáveis pelo veículo e pelo helicóptero, Farah Alibay.
O ultraligeiro será então colocado na posição correta antes de ser largado no solo pelo robô, que terá de rolar acima do engenho alguns metros para se afastar e permitir a decolagem.
O Perserverance terá obrigatoriamente de afastar-se suficientemente em menos de 25 horas, uma vez que o helicóptero precisa da luz do Sol para alimentar os seus painéis solares e conseguir `sobreviver` às gélidas noites marcianas.
O robô ficará colocado em um ponto de observação, onde poderá utilizar as suas câmaras para captar fotos de todo o processo de voo do Ingenuity.
Estão planejados pela agência espacial norte-americana até cinco voos de dificuldade gradual ao longo de um mês.
Composto por quatro pés e duas hélices sobrepostas, o Ingenuity pesa apenas 1,8 quilo e mede 1,2 metro de uma ponta a outra das suas pás.
Esse tipo de equipamento pode revelar-se crucial, no futuro, para a exploração de planetas, por ser capaz de ir a locais aonde os robôs não conseguem ter acesso, como desfiladeiros.
A Nasa trabalha ainda em outro projeto ao abrigo da missão Dragonfly (Libélula, em português), que, em 2026, enviará um drone à maior lua de Saturno, a Titan, onde chegará em 2034.
As primeiras experiências de voo em outros planetas foram feitas com engenhos não motorizados, lembrou a Nasa, por meio do envio de balões meteorológicos para Vênus, dentro do programa Vega, em colaboração com a Rússia e outros países, como a França.