Pessoalmente, não o conhecemos. Não houve a oportunidade para o cerimonial duma apresentação. Dele, a notícia de sua presença no Banco do Brasil. Dele, a notícia da sua identificação profissional, um bancário que, no seu setor de trabalho, soube, sempre, cumprir com os seus deveres. Um homem no exercício da sua responsabilidade funcional. Muitos anos, vivendo a sua vida dentro das limitações dum trabalho árduo que, dele, exigia uma sequência de obrigações. E, dele, a dedicação. E, dele, a cooperação inteligente, a cooperação edificante. Um homem simples. Com ele, a firmeza das resoluções inabaláveis. E dele, cá fora, ouvimos as mais destacadas referências. Mas isto em informativos que surgiam ao acaso sem o convencionalismo dum determinado propósito. Era a homenagem simples, sincera, espontânea.
Conhecemos alguns bancários do Banco do Brasil S.A., nunca procuramos saber, ao certo, sobre tudo isto que sempre sabíamos a respeito do sr. Aldemir Silva. E ficou apenas a satisfação de sabermos que há ainda, em nossa terra, o material humano capaz de pôr em evidência aqueles que trazem consigo a grandiosidade duma formação intelectual e profissional a que, nos seus setores de atividade, conquistam a admiração dos seus conterrâneos. O sr. Aldemir Silva talvez, sem mesmo sentir, homem simples que é, não soubesse do quanto o admiravam os seus conterrâneos, os seus amigos, os seus colegas. Acomodado na sua banca de trabalho, ali a concentração dos seus pensamentos, das suas preocupações. Ali, o seu “mundo fechado” de produções obrigatórias.
Mas houve, com o governo passado, o milagre duma resolução acertadíssima: convidar o sr. Aldemir Silva para a Presidência do Banco do Estado do Maranhão. É, certamente, quando a notícia entrou em circulação, deveria ter havido o “crivo” das dificuldades. Deveria ter havido o “crivo” da desaprovação. O despeito e a inveja na trama das reações imprecisas. Mas o sr. Aldemir Silva aceitou a oferta conhecendo que ela trazia, para ele, maiores preocupações e responsabilidades. Com ele, agora, a gerência de um banco, a direção duma casa bancária. E este banco era o Banco do Estado do Maranhão S.A. E se dizia (verdade se diga) que o sr. Newton Belo estava interessado de dar ao banco uma melhor orientação, expandi-lo, desenvolvê-lo. Ampliá-lo. Havia mesmo esta determinação. E o sr. Aldemir Silva encontrou uma “frente de luta” que estava a exigir dele uma ação de comando decisiva para assegurar o desenvolvimento, para não decepcionar, para garantir o “pleno êxito”.
E foi aí que o bancário simples e modesto do Banco do Brasil revelou-se. Com ele, a tenacidade, a capacidade de trabalho, de planejamento, a força duma convicção inabalável. Com ele, a execução dum trabalho amplo, produtivo. E o Banco do Estado do Maranhão S.A. é hoje apontado como uma “grande realização” do governo passado. No meio da “borrasca”, o Banco do Estado do Maranhão ficou em pé, firme, evoluído e progressista. Um trabalho consciente. Um trabalho grandioso do sr. Aldemir Silva. E ninguém lhe poderá negar o mérito, a fulguração da inteligência, a firmeza do seu caráter, a coragem para realizar, para construir. Uma afirmativa.
Com o novo governo, o sr. Aldemir Silva deixou a Presidência do Banco do Estado e retornou à sua banca de trabalho do Banco do Brasil, ao convívio de seus colegas. E há, nesta caminhada de volta, a marca de um homem público extraordinário. De uma inteligência construtiva. A sua atuação no Banco do Brasil deixou o “slogan” dum trabalho digno, honesto, produtivo e um exemplo a ser seguido.
O Maranhão, ao nosso ver, ficou devendo a este homem simples, um muito de serviços prestados ao programa do seu desenvolvimento econômico. As agências criadas atestam esta nossa afirmativa. E daqui a homenagem da nossa admiração.
Pessoalmente, não o conhecemos. Não houve a oportunidade para o cerimonial duma apresentação.
* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Jornal do Dia”, 18 de fevereiro de 1966 (sexta-feira).