O Ministério da Educação prorrogou por mais um dia as inscrições para o Programa Universidade para Todos (Prouni) deste segundo semestre, previstas para serem finalizadas hoje (4). Com isso, os estudantes interessados em bolsas de estudo em instituições privadas de ensino superior têm até amanhã (5) para acessar o site do Prouni e se inscrever no programa.
A medida foi adotada após o site do programa ter apresentado problemas de instabilidade.
Podem participar estudantes interessados em bolsas de estudo parciais (50%) ou integrais (100%) em diversas universidades privadas, desde que tenham feito o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e atingido, no mínimo, a média de 450 pontos em cada matéria do exame. Além disso, o estudante não pode ter zerado a prova de redação, nem ter participado como treineiro.
O resultado com a lista dos candidatos pré-selecionados será disponibilizado no site do programa e será constituído de duas chamadas, previstas para o dia 8 de agosto e 22 de agosto de 2022.
Modalidade de concorrência
Uma das novidades desta edição é que a inscrição deverá ser feita por tipo de modalidade de concorrência: ampla concorrência e ações afirmativas. Com isso, haverá uma ordem de prioridade para a classificação dos candidatos inscritos conforme cada modalidade escolhida.
Outra mudança é a ampliação dos critérios de origem escolar do estudante que deseja disputar as bolsas do Prouni. A classificação levará em conta a modalidade de concorrência escolhida pelo estudante em sua inscrição por curso, turno, local de oferta e instituição. Dentro de cada modalidade, deverá ser obedecida a ordem decrescente das notas do Enem e, segundo o edital, priorizada a seguinte ordem:
- professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia destinados à formação do magistério da educação básica, se for o caso, e se houver inscritos nessa situação;
- estudante que tenha cursado o ensino médio integralmente em escola da rede pública;
- estudante que tenha cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista integral da respectiva instituição;
- estudante que tenha cursado o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista parcial da respectiva instituição ou sem a condição de bolsista;
- estudante que tenha cursado o ensino médio integralmente em instituição privada, na condição de bolsista integral da respectiva instituição; e
- estudante que tenha cursado o ensino médio completo em instituição privada, na condição de bolsista parcial da respectiva instituição ou sem a condição de bolsista.
Renda
Para participar do processo, o candidato deve preencher alguns critérios como as exigências de faixas de renda per capita [por cabeça]: até 1,5 salário mínimo para bolsa integral; e até três salários mínimos para bolsa parcial que representa 50% do valor da mensalidade do curso.
Segundo o Ministério da Educação, a classificação dos estudantes inscritos nos processos seletivos do Prouni vai considerar as notas obtidas nas duas últimas edições do Enem imediatamente anteriores ao processo seletivo do Prouni para ingresso em curso de graduação ou sequencial de formação específica.
A lista de critérios para a inscrição exige ainda que o candidato a uma bolsa seja brasileiro, não portador de diploma de curso superior que tenha participado do Enem em qualquer das duas últimas edições e que atenda a, pelo menos, uma das condições a seguir:
I- estudante que tenha cursado:
- o ensino médio integralmente em escola da rede pública;
- o ensino médio integralmente em instituição privada, na condição de bolsista integral da respectiva instituição;
- o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista integral da respectiva instituição;
- o ensino médio parcialmente em escola da rede pública e parcialmente em instituição privada, na condição de bolsista parcial da respectiva instituição ou sem a condição de bolsista; e
- o ensino médio integralmente em instituição privada, na condição de bolsista parcial da respectiva instituição ou sem a condição de bolsista;
II - estudante pessoa com deficiência, na forma prevista na legislação; e
III - professor da rede pública de ensino, exclusivamente para os cursos de licenciatura e pedagogia, destinados à formação do magistério da educação básica, independentemente da renda a que se referem os §§ 1º e 2º do Art. 1º, da Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de 2005.
Começou hoje (3), no Rio de Janeiro, a etapa carioca da vigésima edição do Dança em Trânsito, um dos mais longevos festivais de dança contemporânea do Brasil. A edição comemorativa dos 20 anos do festival foi iniciada no dia 14 de julho e se estenderá até 23 de outubro, percorrendo todas as regiões do país e incluindo uma parada em Paris, em setembro. Nesta edição, 41 companhias e artistas do Brasil, da Coreia do Sul, Eslovênia, Espanha, França, Itália e Suíça ocupam palcos e espaços públicos de 12 capitais e 17 outras cidades com espetáculos, residências, intercâmbios e oficinas.
No Rio de Janeiro, a programação é realizada a partir desta quarta-feira, no Teatro Prudential, na Glória, zona sul da capital fluminense, onde continua até o domingo (7), com três sessões diárias, a partir das 11h. Os ingressos são no valor de R$ 30. No dia 7, haverá espetáculos gratuitos na Praça Mauá, em frente ao Museu do Amanhã, na região portuária, no horário das 10h30 às 16h30.
O 20º Dança em Trânsito tem patrocínio do Instituto Cultural Vale e direção artística e curadoria de Giselle Tápias e Flávia Tápias. Entre as companhias que se apresentam no Rio de Janeiro, estão as cariocas Focus Cia. de Dança, de Alex Neoral, com Grand Pas, recorte do novo trabalho Vinte, inspirado no universo literário de Clarice Lispector, com apresentação hoje, às 13h; Márcia Milhazes Cia. de Dança, amanhã, às 17h30, com Paz e amor, traçando um paralelo entre o invisível vírus, do qual a sociedade se escondeu em um confinamento doloroso, e o amor, outro elemento invisível, embora imprescindível ao ser humano; e Renato Vieira Cia. de Dança, que mostra o espetáculo Malditos, inspirado no Movimento dos Poetas Malditos e na experiência pessoal de Renato durante o regime militar, em 1964, hoje, às 17h30.
A francesa Cie Felinae, do coreógrafo e bailarino Maxime Cozic, apresenta o solo Emprise, nesta quarta-feira (3), às 17h. Também da França vem a Cie Arrangement Provisoire, com a obra Blanc, da coreógrafa e bailarina brasileira Vania Vaneau, radicada há mais de 20 anos na Europa. O trabalho, exibido amanhã, às 13h, foi criado a partir de influências que vão dos rituais xamânicos afro-brasileiros à obra de Hélio Oiticica e ao movimento antropofágico modernista. Já a companhia goianiense Ateliê do Gesto, dirigida por Daniel Calvet e João Paulo Gross, apresenta a nova coreografia CRU hoje e ainda Dança inacabada, no dia 5.
Estreia
Entre os dias 3 e 6, o Grupo Tápias, companhia franco-brasileira associada ao Espaço Tápias e suas realizações, estreia a versão integral de Café não é só uma xícara, na programação do festival. Com coreografia e direção artística de Flávia Tápias, o trabalho coloca em cena sentimentos e sensações associados à pesquisa realizada sobre o café, bebida tão presente na vida dos brasileiros, que evoca tradições, crenças, espiritualidade. O espetáculo fará 20 apresentações no Brasil e na França. O Grupo Tápias abriu audições para selecionar parte do elenco, que é formado por brasileiros e estrangeiros. Flávia Tápias revelou que o espetáculo começou a ser pensado há mais de três anos. “Chegamos a apresentar um work in progress em 2019, mas, por conta da pandemia, adiamos a estreia para este ano". A companhia apresenta ainda no festival as obras Solo e Casa de abelha.
No dia 5, às 14h, o espetáculo Ou 9 ou 80, eleito melhor espetáculo de dança presencial da Associação Paulista de Críticos Teatrais de 2021, da paulistana Clarín Cia. de Dança, dirigida pelo maranhense Kelson Barros, traz para o público a cultura funk e a realidade de desigualdade, racismo e homofobia retratada pelos movimentos periféricos.
No dia 6, a programação será aberta pela Cie Sam-Hester, da Suíça, com uma sessão matinal, às 11h, de Jour Blanc, adaptação de Cloud, a mais recente criação de Perrine Valli, coreógrafa da companhia. Para questionar a ligação com a tecnologia, adolescentes, munidos de fones de ouvido, executam a coreografia por controle remoto, abrindo mão da própria memória e da gestão do espaço, desafiando paulatinamente a ordem e afirmando sua subjetividade.
Também no dia 6, às 17h, o coreógrafo e bailarino brasileiro Gleidson Vigne, radicado na Alemanha, apresenta o solo Adapta-bilidade com a sua NIMO Cia. de Dança, em que traça um paralelo entre a capacidade de adaptação na dança e na vida.
Sediada na Espanha, a companhia GN | MC, dos coreógrafos e bailarinos Guy Nader & Maria Campos, escolheram Set of sets para esta edição do festival, na apresentação que encerra a etapa carioca, no dia 7, às 20h, no Teatro Prudential. A coreografia usa a repetição e o ritmo no movimento dos corpos, que desafiam a gravidade, como metáfora para a natureza repetitiva da própria existência e a ideia de persistência.
No domingo, a partir das 10h30, seguindo até as 16h30, a programação gratuita ocupa espaços públicos no entorno do Museu do Amanhã, na Praça Mauá. Oito companhias se apresentam no local, como Grupo Monjuá (RJ), João Rafael Neto (BA), Anyel Aram (RJ) e Laso Cia. de Dança (RJ), além de Rotas Plural. Esse último grupo é resultado da residência de intercâmbio reunindo bailarinos brasileiros e estrangeiros.
Vitrine
Também este ano, o festival lança a Vitrine Brasileira de Dança Contemporânea. Essa é uma oportunidade para que companhias de todo o país possam se apresentar diante de representantes, diretores ou curadores de festivais internacionais de dança contemporânea. Entre eles, destacam-se Anna Arthur, diretora administrativa da Aerowaves, no Reino Unido; Tiphane Dangauthier, presidente da associação Essonne Dance, em Paris; além de representantes da Itália, Coreia do Sul, Canadá e República Tcheca.
A iniciativa é realizada no Teatro Prudential, no Rio de Janeiro, e inclui a residência Ateliê de Escrita sobre a Dança, com encontros orientados pelas facilitadoras convidadas, que são a jornalista, crítica de dança e escritora francesa Rosita Boisseau; e a brasileira Ana Teixeira, artista, pesquisadora e doutora em comunicação e semiótica, no período de 3 a 6 deste mês, às 15h30 e, no domingo (7), às 18h30.
Paris
Entre os dias 12 e 18 de setembro, o Dança em Trânsito desembarca mais uma vez em Paris com apresentações e workshops de artistas e companhias brasileiras, incluindo Márcia Milhazes, Renato Vieira, Gleidson Vigne, Cia. Gente e Cia. do Pantanal, Jessé Batista. Os eventos ocorrerão no centro cultural Le Carreau du Temple; na Salle Jacques-Higelin (MPAA /Saint-Germain); Le Regard du Cygne; na Embaixada do Brasil; na Place de Fêtes, e em espaços públicos da cidade.
Até 23 de outubro, o festival passará pelas cidades de Belo Horizonte (BH), Coronel Fabriciano (MG), Timóteo (MG), Ipatinga (MG), Baixo Guandú (ES), Vitória (ES), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Goiânia (GO), Brasília (DF), São Luís (MA), Itapecuru-Mirim (MA), Santo Amaro do Maranhão (MA), Belém (PA), Ilha do Combú (PA), Parauapebas (PA), Canaã dos Carajás (PA), Paris (FRA), Salvador (BA), Sento Sé (BA), Curitiba (PR), Entre Rios do Sul (RS); Alto Bela Vista (SC); Florianópolis (SC), Corumbá (MS), Itaguaí(RJ), Mangaratiba (RJ), Tiradentes (MG) e Barbacena (MG).
A programação completa e inscrições para oficinas e residências de criação pode ser acessada no endereço www.dancaemtransito.com.br.
Quem espera pelo mês de agosto para avistar as chuvas de meteoros Caelidas, prevista para ocorrer até o dia 15, e Perseidas, que deve ter seu ápice em 11 de agosto, já teve um sinal forte no céu nesta madrugada.
Um meteoro considerado de categoria muito brilhante foi registrado às 5h10 desta quarta-feira (3) por câmeras do Observatório Pico dos Dias, em Brazópolis, Minas Gerais, gerenciado pelo Laboratório Nacional de Astrofísica/MCTI.
De acordo com o registro das câmeras e relatos de observadores, o bólido teria magnitude de -8 a uma altitude de 100 quilômetros, quando iniciou trajetória descendente seguida de um forte clarão.
Para compreender melhor a luminosidade deste meteoro, o professor do Instituto de Astronomia da Universidade de São Paulo Alex Carciofi explica que, historicamente, seguimos uma escala de magnitude criada na Grécia Antiga pelo astrônomo Hipparchus. Segundo esta métrica, quanto menor a classificação maior o brilho aparente.
“’O Sol, por exemplo, tem magnitude de -22 e Vênus, que é um planeta com brilho visível aqui da Terra, de -1 a -2. Assim, o meteoro registrado nesta madrugada com magnitude -8 é muito, muito brilhante’’, explica o astrônomo.
O Projeto Exoss de Ciência Cidadã, que atua no monitoramento de meteoros em conjunto com o Laboratório Nacional de Astrofísica, analisou a trajetória do objeto captado pelas lentes do observatório em Minas Gerais. Segundo o coordenador do Observatório Pico dos Dias, Saulo Gargaglioni, o objeto teria passado também por cidades do Estado de São Paulo.
Chuvas de Meteoros em agosto
A chuva de meteoros de Caelidas vai até 15 de agosto e terá maior intensidade nesta sexta-feira (5). Ela vem sendo observada em todo o Brasil desde 25 de julho, sempre entre meia-noite e o amanhecer.
Em geral, os meteoros entram na atmosfera da Terra a uma velocidade de 44,5 quilômetros por segundo (km/s).
De acordo com o prof. Gabriel Hickel, da Universidade Federal de Itajubá, a chuva dos Caelidas de agosto foi primeiramente determinada pelo estudos da BRAzilian Meteor Observation Network (Bramon), que também trabalha com monitoramento de meteoros.
A descoberta da Bramon ocorreu em 2017 e foi reconhecida pela União Astronômica Internacional (IAU), órgão que coordena nomenclaturas, descobertas e padrões astronômicos em todo o mundo.
Outra chuva de meteoros aguardada para este mês é a conhecida Perseidas, que tem seu ápice nas madrugadas de 11 e 12 de agosto.
Basta um celular e um bom repórter. A combinação desses dois elementos, ligados a uma emissora de rádio, transporta o ouvinte para o local da notícia, no momento em que o fato acontece. Sem grandes estruturas, sem necessidade de publicar. O jornalismo de rádio é o rei do imediatismo. E sua história se confunde com os principais acontecimentos políticos que moldaram o país.
Do impresso ao falado
No início, era o jornal impresso. Na década de 1920, esse era o meio de informação reinante na sociedade antes do rádio e da televisão – mesmo se tratando, à época, de um país com 65% de analfabetismo na população de 15 anos ou mais, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E foi o jornal que, mesmo depois do início das transmissões regulares de rádio no Brasil, continuou dando o tom das notícias. Mas, agora, ele era lido para quem pudesse ouvir.
Foi na Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, que entrou no ar em 1923 e é tida como a primeira emissora oficial do país, que o radiojornalismo teve início. Com papel essencialmente educativo, a rádio também reservou lugar para informações jornalísticas. Roquette-Pinto, fundador da Sociedade e intelectual de múltiplas formações, apresentava os noticiários – o primeiro deles o Jornal da Manhã.
Nessa época, no entanto, não havia produção própria de notícias para o rádio: a fonte era o impresso. As reportagens eram lidas no ar por Roquette-Pinto, como posteriormente foi feito por outras emissoras na fase dos jornais falados. No caso dele, porém, com sua ampla bagagem cultural e interesse por diversas áreas do conhecimento, o conteúdo extrapolava as linhas impressas e ganhava contexto nas ondas do rádio.
“Era a partir da leitura dos jornais, mas ele complementava com informações que ele buscava e entrevistas que fazia. Ele procurava contato com as fontes das notícias dos jornais. Então, a gente pode identificar o Roquette-Pinto como um dos precursores da reportagem radiofônica”, afirma a coordenadora da Rede de Pesquisa em Radiojornalismo e professora da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Valci Zuculoto.
Gilette press
Com a multiplicação de emissoras de rádio no país, mais jornais falados foram criados. Um símbolo desse primeiro período foi o “gilette press”, nome jocoso dado à técnica desenvolvida para tirar locutores de saias justas ao lerem no ar termos próprios do jornal impresso e que não faziam sentido por voz. Também chamado de “tesoura press”, a técnica consistia em recortar as notícias dos jornais impressos retirando os trechos que não deveriam ser lidos no ar e ordenando o conteúdo para facilitar a vida do locutor.
“O locutor, distraído, lê para o ouvinte a notícia que termina com um infalível ‘… continua na página x’, ou então ‘… como se pode ver na foto ao lado’ etc. Tentando evitar os riscos que esse procedimento representava e solucionar o problema, passou-se a utilizar o recurso”, explicou, em sua tese, a professora Gisela Swetlana Ortriwano, já falecida, uma das principais pesquisadoras do rádio no Brasil.
Cobertura esportiva
Mas nem só de “copia e cola” eram feitos os primórdios do radiojornalismo, que, aos poucos, perde a formalidade das notícias políticas e cai em campo com os narradores esportivos. Mesmo que ainda não tão profissionalizado, como ressalta Valci Zuculoto, esses profissionais podem ser encarados como os precursores do repórter de rádio.
Embora outras competições esportivas, como remo, também despertassem o interesse do rádio, foi sobretudo a cobertura do futebol que se destacou nesse meio de comunicação. E não faltam anedotas. “Eles faziam o trabalho da forma mais inusitada, como Amador Santos [considerado o primeiro locutor de futebol], que foi impedido de entrar no estádio para fazer a cobertura de uma partida do Fluminense. Ele, entã.o subiu no telhado de um galinheiro de uma casa próxima e, a partir de lá, narrou a partida”, conta a professora.
Revolução constitucionalista
Outro marco citado por Gisela Ortriwano se deu em 1932, na chamada Revolução Constitucionalista de São Paulo. A Rádio Record realizou ampla cobertura do episódio, abertamente a favor dos revoltosos paulistas. O conteúdo era editorial, com a conclamação ao povo para se somar à mobilização, o que rendeu à emissora o apelido de “A Voz da Revolução”, segundo Ortriwano.
O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e autor de livros que são referência no estudo do rádio no Brasil, Luiz Artur Ferraretto, contesta que essa cobertura possa ser enquadrada como jornalística. “Eu não concordo com essa ideia. Na realidade, a Rádio Record é um dos capítulos do uso político da rádio. [A cobertura] não tem nada de jornalismo, é propaganda”.
American wav of News e o repórter na rua
É no bojo de outro capítulo histórico – a Segunda Guerra Mundial – que chega ao rádio brasileiro um jornal que mudaria a forma com que as notícias são apresentadas ao público. Um noticiário que, segundo os estudiosos, é o dono da maior credibilidade já conquistada por um programa de rádio no país: o Repórter Esso . O programa fez parte de uma política de aproximação com os Estados Unidos, e era dedicado, em sua primeira fase, a dar notícias da guerra. Seu formato marcou o radiojornalismo brasileiro e rendeu algumas das melhores histórias do rádio.
Apesar das mudanças introduzidas pelo Repórter Esso no radiojornalismo, o marco decisivo reside na figura do repórter, na avaliação de Luiz Artur Ferraretto. “O jornalismo no Brasil vai engatinhar durante muito tempo até surgir de fato. E vai surgir, se formos analisar a rigor, com o repórter. Alguns vão falar da revolução do Repórter Esso, e é verdade. Mas ele não conta com o repórter: a produção de notícias é por uma agência e dentro do interesse da Esso, dentro da política de boa vizinhança nos Estados Unidos”.
Para Ferraretto, o jornalismo de rádio começa a se constituir, de fato, em dois momentos: primeiro, na Rádio Nacional, no fim dos anos 1940, quando é criada a Seção de Jornais Falados e Reportagens, idealizada por Heron Domingues (vale citar outra redação que surgiu na mesma época: a do Grupo Globo), e, depois, com mais força no início dos anos 1950, quando a Rádio Continental passa a ter repórteres na rua.
A professora Valci Zuculoto considera esse um momento fundamental para a produção jornalística de rádio. Os avanços tecnológicos da época, especialmente o transistor, permitiram que as transmissões fossem feitas do local dos fatos. E foi isso que a Continental fez. Batizados de Comandos Continental, as unidades móveis de transmissão mudaram a forma como se produzia notícia.
“Eles criaram equipes que saíam para fazer reportagem em carros dotados de equipamentos que podiam fazer a transmissão. Não precisavam ligar para a emissora e pedir para gravar. A partir daquela unidade externa, eles falavam ao microfone como se estivessem em estúdio”, conta a pesquisadora. Os microfones, aliás, estão longe do que conhecemos hoje: eram grandes, pesados e davam mais trabalho para usar.
As eleições de 1960
Um momento emblemático da cobertura jornalística do país é o levantamento feito em 1960, em uma combinação de esforços da Rádio Nacional com a Rádio Guaíba, de Porto Alegre, em torno das eleições presidenciais que culminaram com a eleição de Jânio Quadros para presidente e João Goulart para vice. A Rádio Guaíba tinha feito uma cobertura intensa das eleições do Rio Grande do Sul, em 1958 – trabalho comandado pelo jornalista Amir Domingues, primo e cunhado de Heron Domingues, da Rádio Nacional. Dois anos depois, as duas emissoras, então, articularam a cobertura nacional a partir do que havia sido feito pela Guaíba. Profissionais percorreram o país inteiro para estabelecer que tipos de circuitos e ondas de rádio poderiam ser usados para transmissão de dados para fazer uma apuração paralela à da Justiça Eleitoral. “É um marco do jornalismo numa época em que a televisão já estava presente, mas não tinha se desenvolvido ainda”, pontua o professor Luiz Artur Ferraretto.
Controle rigoroso
Essa exitosa caminhada acabou por minguar durante a ditadura militar, iniciada em 1964. As transmissões ao vivo foram cada vez mais controladas e, depois de algum tempo funcionando com rigorosa vigilância, a reportagem da Continental chegou ao fim.
É nessa época em que a história do radiojornalismo começa a ficar pulverizada, e há dificuldade de se encontrar detalhes sobre grandes inovações ou marcos. A guinada ocorre justamente quando radiojornalismo se firmava como a aposta do rádio, depois que o meio de comunicação perdeu o entretenimento, os grandes investimentos, estrelas e contratos e publicidade para a televisão.
O professor Luiz Artur Ferraretto afirma que foi especialmente depois de 1968 que a situação ficou mais difícil. “Até o AI-5 [Ato Institucional nº 5], as emissoras ainda conseguiam fazer algum jornalismo, mas depois o silêncio passa a ser a norma. As rádios recebem comunicados dizendo que tais fatos estão proibidos. Daí em diante, os avisos vêm por uma ligação de agentes de segurança. Nesse contexto, é impossível fazer jornalismo. Ele começa a voltar no fim da década de 1970, quando passa a ser desconstruído o arcabouço de repressão”.
É o início de um novo capítulo do radiojornalismo no Brasil.
A Voz do Brasil: documento da história do país
A Voz do Brasilé um dos maiores fenômenos de informação no rádio. São 87 anos de transmissão do programa, que leva notícias produzidas diretamente pelos Poderes da República aos ouvintes. Essa caminhada começa na primeira Era Vargas, em 1935. Instituído por decreto-lei, já foi chamado de Programa Nacional e A Hora do Brasil. Havia, então, uma preocupação do governo com a criação de uma identidade nacional em um país vasto e diverso como o Brasil, como conta a pesquisadora Luciana Paula Bonetti Silva, que se dedica a estudar A Voz. “O principal objetivo era a busca por esse sentimento de pertencimento”, afirma.
Em 1938, concretizou-se a obrigatoriedade de transmissão nacional do programa. De acordo com Bonetti, à época não houve grande resistência do mercado, já que, de uma só canetada, Getúlio Vargas instituiu não só o programa, mas também liberou as propagandas comerciais nas rádios. “É a passagem do radioamadorismo para a rádio comercial. Num primeiro momento, a resistência maior é em São Paulo, historicamente contra o governo Vargas”. Entre os fatos marcantes da história da Voz do Brasil, a reserva de espaço para o Congresso Nacional em 1946, com dez minutos, e em 1962, com a ampliação para 30 minutos, causa impacto com a possibilidade para a veiculação de pontos de vista divergentes. “O programa passa potencialmente a ter mais espaço para o contraditório, já que opositores do governo poderiam também passar na Voz do Brasil. Mas é delicado afirmar que isso aconteceu, pois não temos os arquivos sonoros dessa época para analisar com mais precisão”, detalha a pesquisadora.
Se, no início, o mercado não apresentava grandes objeções ao programa, a situação é diferente nos dias atuais. Depois de disputas judiciais e de campanha da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) contra a obrigatoriedade de transmissão, em 2018 o presidente Michel Temer sanciona lei que flexibiliza a veiculação do noticiário entre as 19h e as 22h. Ao longo de sua história, pelo programa A Voz do Brasil foram veiculadas notícias tão diversas como os governos que se sucederam no período em que está no ar. Em A Voz do Brasil, o Estado anunciou a condecoração de Che Guevara e a instauração do Ato Institucional nº 5. Passou pela política desenvolvimentista de Juscelino Kubistchek e pelo confisco de poupanças do governo Collor. Divulgou políticas alinhadas ao estado mínimo e aquelas que aumentavam o tamanho e participação do Estado. A Voz do Brasil é, afinal, um documento da história do país.
Série de reportagens
Em comemoração aos cem anos do rádio no Brasil, completados em 7 de setembro de 2022, a Agência Brasil publica uma série de reportagens sobre as principais curiosidades históricas do rádio brasileiro. Veja as matérias já publicadas:
O centenário do rádio no país também será celebrado com ações multiplataforma em outros veículos da EBC, como a Radioagência Nacional e a Rádio MEC que transmitirá, diariamente, interprogramas com entrevistas e pesquisas de acervo para abordar diversos aspectos históricos relacionados ao veículo. A ideia é resgatar personalidades, programas e emissoras marcantes presentes na memória afetiva dos ouvintes.
O Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) abre hoje (3), em São Paulo, a Mostra Audiovisual Chinesa “Através do Tempo". Ela é realizada em parceria com a Embaixada da China no Brasil e apresenta uma seleção de nove produções cinematográficas chinesas, entre longas-metragens e animes [desenhos animados], propiciando uma experiência através do tempo sobre a história, cultura e sociedade da China. A mostra, com entrada gratuita, termina no dia 15 próximo.
No longa “Onda de choque”, a ser exibido com exclusividade em São Paulo, um criminoso especialista em explosivos, cuja quadrilha foi desarticulada, ameaça explodir um túnel de Hong Kong com centenas de reféns.
Já o filme “O Tigre e o Dragão” tem um estilo que mistura fantasia, artes marciais e lutas de espadas. A película traz um universo de misticismo que encanta e deixa a audiência sem fôlego com os confrontos que desafiam a lei da gravidade. Em 2001, ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, melhor fotografia, melhor direção de arte e melhor trilha sonora.
Elenco
O público ainda terá a oportunidade de conhecer atrizes e atores da nova geração que fazem sucesso na China, como Dongyu Zhou, Jingting Bai e Shishi Liu que participam dos filmes “O Clã das Adagas” e “Ontem Mais uma Vez”. A mostra ainda conta com animes produzidos pela miHoYo, empresa que desenvolve videogames.
Os ingressos gratuitos serão disponibilizados na bilheteria uma hora antes de cada sessão. O CCBB funciona todos os dias, das 9h às 20h, exceto às terças-feiras. Para consultar a programação, basta acessar osite do CCBB. Também é possível consultar pelas redes sociais: twitter.com/ccbb_sp | facebook.com/ccbbsp | instagram.com/ccbbsp . Mais informações pelo (11) 4297-0600.
O Palacete Princesa Isabel, localizado em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, recebe, a partir de hoje (2), a exposição itinerante Portinari Arte e Meio Ambiente, que vai percorrer, até o fim de outubro, comunidades, favelas, bairros da capital do Estado e, inclusive, um município da Baixada Fluminense. Santa Cruz foi escolhido para abrir a mostra porque foi reconhecido recentemente como Bairro Imperial, por ter abrigado a casa de veraneio da Coroa portuguesa.
A exposição reúne 22 réplicas de obras do pintor, com temas relacionados ao meio ambiente e à natureza brasileira, que são apresentadas a crianças, jovens e adultos de todas as idades.
Por aproximar o pintor Portinari das comunidades, a exposição ficou conhecida como Portinari das Quebradas. “Pela primeira vez, Portinari vai para as quebradas”, comentou, em entrevista à Agência Brasil,o coordenador-geral do Núcleo de Arte e Educação do Projeto Portinari, Guilherme de Almeida. Segundo ele, a ideia foi tirar Portinari dos grandes centros onde, mesmo com entrada gratuita, a obra do artista não é tão acessível à totalidade do público, seja pela dificuldade de acesso, pelo custo do transporte ou pela distância do local onde as pessoas vivem.
A opção foi levar Portinari ao encontro das pessoas, nas próprias comunidades. “Essa é uma forma de socializar o trabalho de Portinari, vida e obra. E através da nossa relação com os monitores e arte-educadores, em cada uma das exposições, a gente dá um novo significado para esse trabalho. Sempre buscando a descoberta da identidade brasileira, a identidade de cada pessoa que é confrontada com o trabalho de Portinari. É impossível você se deparar com a riqueza do trabalho que ele apresenta e permanecer inerte”, destacou Almeida.
Além da exposição itinerante, o projeto abrange, também, oficinas de arte oferecidas, gratuitamente, aos visitantes das diversas localidades.
Provocação
A exposição vale também como uma provocação para o despertar das pessoas para a importância da arte e da cultura. O coordenador-geral recordou que Candido Portinari nasceu e foi criado no interior de São Paulo. Era filho de família humilde descendente de imigrantes italianos, mas seu pai notou o potencial do filho para arte quando começou a pintar, aos 9 anos de idade. Aos 11 anos, ao perceber que o filho tinha talento, decidiu que ele devia ir para o Rio de Janeiro estudar e ter uma técnica mais apurada.
Almeida lamentou que a cultura ainda seja vista por muitos como algo supérfluo, especialmente em localidades onde existem necessidades mais iminentes. Nesse sentido, destacou a comparação feita pelo ex-ministro da Cultura Gilberto Gil de que cultura e arte são como arroz com feijão e imperam no nosso dia a dia.
A meta, segundo ele, é olhar para a necessidade humana como algo multilateral, envolvendo as relações interpessoais, o desenvolvimento intelectual, profissional e, também, o desenvolvimento cultural e artístico ético. “A gente precisa alimentar a alma, o intelecto, para que possa continuar se desenvolvendo. Essa é a grande proposta”, afirmou Almeida.
Eixos
O Projeto Portinari baseia as exposições pelos cinco eixos da Organização das Nações Unidas (ONU) iniciados pela letra “p”: planeta, pessoas, paz, prosperidade e parcerias.
Nessa exposição itinerante, a opção foi por planeta, inspirada pela temática da sustentabilidade, levada ao mundo por meio do evento Rio+20, realizado no Rio de Janeiro, há 10 anos. Por isso, a exposição tem como fios condutores a pintura de Candido Portinari e o meio ambiente, que são temas que permitem desenvolver conteúdos relativos às áreas de conhecimento trabalhadas nas escolas, com crianças e adolescentes.
“A Rio+20 foi um marco não só para o Rio de Janeiro e o Brasil, mas para a comunidade internacional como um todo”.
A mostra trata dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU relativos à valorização de água potável e saneamento, energia limpa e acessível, ao consumo e produção sustentáveis, à ação contra a mudança global do clima, vida na água e vida terrestre.
“A gente entendeu que era uma forma de trabalhar a questão educativa e educacional também, envolvendo educação e direitos humanos. Achamos que era uma forma coerente de abordar isso, tanto nacional como internacionalmente”, pontuou Guilherme de Almeida.
Democratização
Embora a exposição itinerante tenha uma mesma temática, em cada região onde será apresentada, ela adquire um caráter diferente. Isso decorre do fato de, em cada local, a mostra ter sido construída coletivamente com a comunidade local. São, ao todo, seis comunidades do Estado do Rio de Janeiro distintas entre si, com aspectos culturais diversos.
Guilherme de Almeida ressaltou a participação popular em cada uma delas, com as pessoas escolhendo as abordagens, temáticas e oficinais que atendiam à demanda de cada localidade. “Nós tivemos a preocupação de não levar o trabalho pronto, mas dialogar com as comunidades.”
Foram contratados 36 arte-educadores naturais de cada comunidade, e o Projeto Portinari garantiu sua formação extracurricular, com certificação. “São pessoas que as comunidades apontaram e que trabalham com educação. O Projeto valorizou esses saberes”, afirmou Almeida.
As 22 réplicas expostas se parecem “ao máximo possível” com as obras originais de Candido Portinari. Apenas as medidas são diferentes. De forma experimental, os responsáveis pelo projeto mandaram fazer duas telas táteis para que as pessoas com deficiência visual também possam ter uma percepção da obra de Portinari por si mesmas, ao passarem as mãos sobre as obras, sem dependerem, exclusivamente, de descrições em Braille. A inclusão é uma das preocupações do Projeto Portinari, destacou Guilherme de Almeida, que é uma pessoa com transtorno do espectro autista (TEA) e pesquisador na área de educação inclusiva. “É uma preocupação que essas exposições sejam inclusivas e, verdadeiramente, para todas as pessoas”.
A exposição itinerante ficará no Palacete Princesa Isabel, em Santa Cruz, até o dia 13 de agosto. Em seguida, irá para a Biblioteca Parque da Rocinha (de 14 a 27/8), Museu do Grafite, na Pavuna (de 18/8 a 10/9), Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), em Laranjeiras, onde serão realizadas experiências sensoriais com as obras (de 11/9 a 24/9), Ekballo, em Madureira (de 25/9 a 8/10) e, fechando o ciclo, no Gomeia Galpão Criativo, em Duque de Caxias (de 9 a 22/10), na Baixada Fluminense.
A mostra é aberta a pessoas de todas as faixas etárias e níveis de escolaridade e engloba atividades de arte, com oficinas de pintura a guache, desenho, recorte e colagem, mosaico, arte com sucata, contação de histórias e teatro.
Segundo o filho de Portinari, João Candido Portinari, a missão do Núcleo de Arte-Educação e Inclusão Social do Projeto Portinari é levar a mensagem do artista às crianças, aos jovens e ao público em geral, por meio de suas obras e também de seu pensamento, expresso nos textos e poemas que o pintor nos legou.
“É nítida a identificação imediata de crianças, jovens e adultos, que se reconhecem nas representações feitas pelo artista e veem suas próprias narrativas presentes nas obras. Estes laços de pertencimento ajudam a desmistificar a arte e instigar o desejo de fazer a sua própria representação. A aproximação de crianças, jovens e adultos à arte, potencializa a ampliação de mundos, de estéticas, de pontos de vistas, de modos de perceber a realidade e de interagir com o mundo”, completou João Candido Portinari, diretor e fundador do Projeto Portinari.
Projeto Portinari
O Projeto Portinari foi fundado dentro da área científica da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e tem como objetivo, além do resgate da vida e da obra de Candido Portinari, gravar a obra do artista na busca da identidade cultural e consolidação da memória nacional.
Por meio de intenso trabalho de pesquisa, organização e digitalização de imagens, o projeto já catalogou mais de 5.300 pinturas, desenhos e gravuras; mais de 25 mil documentos sobre a obra e vida de Portinari; mais de 6 mil cartas, além de fotografias, filmes, recortes; mais de 10 mil publicações; mais de 70 depoimentos de artistas, intelectuais e personalidades do tempo de Portinari, totalizando 130 horas gravadas. Realizou ainda pesquisa de autenticidade das obras (Projeto Pincelada), além da publicação do Catálogo Raisonné “Candido Portinari - Obra Completa”, primeira publicação dessa natureza na América Latina.
O Núcleo de Arte e Educação e Inclusão Social do Projeto Portinari foi criado em 1997. Seu objetivo é desenvolver programas de cunho cultural que possam ser levados através de exposições de réplicas digitais a locais em que haja uma carência de atividades voltadas para cultura e educação, visando ampliar o atendimento a municípios com escassos recursos para investimentos em arte e cultura.
A Nasa, agência espacial norte-americana, divulgou uma nova imagem obtida pelo Telescópio Espacial James Webb. Desta vez, o foco das câmeras de infravermelho do observatório espacial foi a Galáxia Cartwheel, diferenciada por seu aspecto “caótico”, decorrente de um choque que teve há bilhões de anos com outra galáxia. A imagem tem, ao fundo, várias outras galáxias – duas delas com maior destaque.
Localizada a cerca de 500 milhões de anos-luz na constelação do Escultor, visível do hemisfério sul, Cartwheel é, segundo a Nasa, “uma visão rara”. O nome se deve à aparência que tem, muito parecida com a da roda de uma carroça. Essa forma é resultado de um “evento intenso”: a colisão em alta velocidade entre uma grande galáxia espiral e uma galáxia menor não visível na imagem obtida pelo James Webb.
Caos
A Nasa explica que colisões de proporções galácticas causam “uma cascata de eventos diferentes e menores entre as galáxias envolvidas”. Ao examinar “o caos da Galáxia Cartwheel”, a Nasa tem condições de obter novos detalhes sobre a formação de estrelas e sobre o buraco negro central da galáxia.
“A colisão afetou, principalmente, a forma e a estrutura da galáxia. Cartwheel ostenta dois anéis – um anel interno brilhante e um anel colorido circundante. Esses dois anéis se expandem para fora do centro da colisão, como ondulações em um lago depois que uma pedra é atirada nele. Por causa dessas características distintas, os astrônomos chamam isso de ‘galáxia em anel’, uma estrutura menos comum do que galáxias espirais como a nossa Via Láctea”, explica a Nasa em seu site.
O núcleo brilhante mostrado pela imagem contém grande quantidade de poeira quente. As áreas mais brilhantes são um “lar de gigantescos aglomerados de estrelas jovens”. Já o anel externo, que se expandiu por cerca de 440 milhões de anos, é dominado pela formação de estrelas e supernovas. Na medida em que este anel se expande, ele penetra no gás circundante e desencadeia a formação de estrelas.
Cartwheel já havia sido observada por outros telescópios, inclusive o Hubble. “Mas a dramática galáxia está envolta em mistério, dada a quantidade de poeira que obscurece a visão. Webb, com sua capacidade de detectar luz infravermelha, revela agora novos detalhes sobre a natureza desta galáxia”, detalha a Nasa.
Antes de se colidir com outra galáxia, Carthwheel tinha provavelmente formato espiral similar ao da Via Láctea. Segundo a agência, as observações do James Webb confirmam que Cartwheel está em um “estágio muito transitório”, e que ela continua se transformando – o que permite não apenas projetar como ela estará no futuro, mas como estava no passado.
“Enquanto Webb nos dá um instantâneo do estado atual da Galáxia Cartwheel, ele também nos fornece informações sobre o que aconteceu com esta galáxia no passado e como ela evoluirá no futuro”, explica a agência.
Nordestinos de todo o Brasil celebram, hoje, o legado de sua identidade e tradições. Em 2 de agosto, celebra-se o Dia da Cultura Nordestina. A data foi escolhida em homenagem ao músico brasileiro Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que morreu nessa data, em 1989.
Símbolo da cultura do Nordeste, nascido no município de Exu, em Pernambuco, Gonzaga é tido como um dos grandes porta-vozes, não só por ter tocado melodias da região e ter cantado letras descrevendo os costumes do sertanejo, mas também por sempre trajar o chapéu e o gibão de couro, peças de referência na vestimenta tradicional.
Dentre as dezenas de festejos em vários Estados do país que celebram o Dia da Cultura Nordestina, um deles leva, há muitos anos, a música do Rei do Baião para as ruas de Teresina, capital do Piauí: é a Procissão das Sanfonas, que, este ano, chegou à edição de número 14.
Após dois anos sem uma edição presencial por causa da pandemia de covid-19, será realizado, nesta terça-feira, o tradicional cortejo com dezenas de sanfoneiros, com concentração na Catedral de Nossa Senhora das Dores, a partir das 15h, e encerra-se em palco montado em frente ao Museu do Piauí, onde se realizarão várias homenagens e premiações. Bonecos gigantes de Luiz Gonzaga, Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita acompanham a procissão.
Este ano, além de lembrar os 33 anos sem Gonzagão, o evento festeja os 75 anos da música Asa Branca e também os 80 anos de outro ícone nordestino, o baiano Gilberto Gil.
A Associação Palmeirinha colocou o Maranhão no topo do Campeonato Brasileiro de Base de Futebol 7 Sub-13. Na competição promovida pela Confederação de Futebol 7 do Brasil (CF7B) e realizada na cidade de Fortaleza (CE) no último fim de semana, a tradicional escolinha de base da capital maranhense teve um desempenho impecável e sagrou-se campeã brasileira de maneira invicta. Na final, vitória por 1 a 0 sobre o forte time do PSG Academy (CE).
Para chegar à decisão, o Palmeirinha teve um retrospecto de bastante autoridade. Na fase de grupos, derrotou a Escolinha B&S (CE) por 1 a 0, a Escolinha Andrezinho (CE) por 2 a 1 e goleou o Joan Futebol Center (RN) por 7 a 0.
Com as três vitórias, o time maranhense avançou às semifinais onde enfrentou o Juventude (MA) em um duelo decidido apenas nas cobranças de shoot-out após empate por 0 a 0 no tempo normal. Mais eficiente, o Palmeirinha fez 3 a 2 e confirmou sua vaga para a grande final, onde derrotou o PSG Academy.
Além do título invicto, o Palmeirinha ainda levou duas premiações individuais. Autor do gol do título, Kaio Ítalo terminou a competição como artilheiro. Já o goleiro Daniel Luiz foi escolhido o melhor da posição.
Juventude vice
Na disputa da categoria Sub-11 do Campeonato Brasileiro de Base de Futebol 7, o Juventude terminou a competição na segunda colocação. A equipe do Maranhão fez uma campanha muito boa e chegou à final sem perder um jogo sequer. No entanto, na decisão, o time foi derrotado por 2 a 0 para o PSG Academy (CE) e terminou com o vice-campeonato.
“Foi uma competição de um bom nível técnico. Os times maranhenses bem e mantiveram a tradição do Maranhão no futebol 7 no cenário nacional. Estamos orgulhosos por cada equipe que esteve participando do Campeonato Brasileiro de Base, em especial ao Palmeirinha e ao Juventude que conseguiram ser campeão e vice, respectivamente”, afirmou Waldemir Rosa, presidente da FMF7.
Mais sobre o Campeonato Brasileiro de Base de Futebol 7 está disponível no site da Federação Maranhense de Futebol 7 (www.fut7ma.com.br) e nas redes sociais oficiais da federação (@fmf7ma).
A segunda edição do Projeto Vida Ativa: integração e bem-estar, iniciativa patrocinada pelo Grupo Potiguar e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, segue a todo vapor proporcionando lazer à comunidade do Bairro do Monte Castelo, em São Luís. Lançado oficialmente no fim de julho, o projeto está sendo desenvolvido semanalmente, na Praça Mestre Antônio Vieira, reunindo dezenas de pessoas em aulões de dança animados e totalmente gratuitos.
Durante os encontros, haverá aulas de ginástica localizada, de alongamento e de diversas danças específicas. Todos os participantes do Vida Ativa terão suporte de profissionais de educação física e receberão todo o material e instrumentos necessários para a prática das atividades.
Para Maria de Sousa, moradora do Bairro do Monte Castelo, a iniciativa traz muita diversão e é extremamente importante para o bairro. “A gente gosta bastante de ter esse movimento todo aqui no nosso bairro, e de graça. É uma satisfação muito grande poder vir para essa praça aqui pertinho de casa e fazer exercício físico. A gente se alegra e ainda se movimenta”, enfatizou Maria.
As atividades semanais desta edição Projeto Viva Ativa vão ocorrer aos sábados, sempre a partir das 17h, na Praça Mestre Antônio Vieira. Outras informações do projeto estão disponíveis no Instagram (@projetovidaativaslz).
Lançamento
A segunda edição do Projeto Vida Ativa foi lançada no fim de julho. Um super aulão de dança marcou o início do projeto, que é desenvolvido por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. O objetivo do projeto é proporcionar lazer para pessoas da melhor idade de São Luís com atividades teóricas e práticas em espaços públicos da capital maranhense.
A atividade de lançamento contou com a presença de moradoras do Monte Castelo, de diversos bairros do entorno e de outras localidades. Os professores de dança Zíngara Ingrid e Walter Sousa ministraram a aula de zumba e alongamento com muita alegria para a comunidade.
Os participantes do projeto receberam camisas e durante a aula tiveram água à disposição. Além disso, a praça estava organizada com estrutura completa de tenda, palco e som para proporcionar maior conforto à comunidade. As crianças também estiveram presentes e contaram com a distribuição de pipoca, algodão-doce, além das brincadeiras de pula-pula, piscina de bolinhas e brinquedos infláveis.