Skip to content

“Me dá um pedaço de pão, moço” – e a menina, por algum tempo, ficou olhando o homem a quem se dirigira com aquela solicitação amarga, molhada de timidez. Instantes que pareceram séculos!

O homem não se percebeu da pequenina, daquele farrapinho de gente que, diante dele, esperava o atendimento. Não. O homem continuava indiferente. Alheio ao quadro humano que se prostrara diante dele, continuava com os olhos pregados adiante, nas suas reflexões.

E a menina insistiu:

“Me dá um pedaço de pão, moço”. O homem não se mexeu ainda. Estava absorto. Seus pensamentos perdidos, distanciados dali, donde estava. Um boteco sórdido, sujo. Infecto. Ele há muito que chegara e, como de hábito, sentara-se no seu banco costumeiro, próximo da porta de saída.

Ali, estava sempre, todos os dias. Entrava e começava a bebericar uma pinga ordinária. Ninguém lhe sabia o nome de batismo, o nome de família. Chamavam-lhe de “Zé Cachaça”. Não se aborrecia com a alcunha. Sorria e continuava ali, ali naquele banco grudado a uma mesa tosca de caixão de querosene. E era sempre isto.

Mas, diante dele, agora, pela primeira vez, aquela menina, uma pequena sem identificação, vestida de pobreza. Uma garota no abandono, filha do desamparo, na renda da mendicância. Viu o homem na mesa e dele se aproximou. Fez o pedido mais uma vez:

“Me dá um pedaço de pão, moço”.

“Zé Cachaça” mantinha o silêncio. Tudo nele uma expressão de sofrimentos íntimos. Tudo nele a denúncia de todos os desesperos. Aqueles olhos pregados para diante, espichados, fixando coisas distantes, exigiam dos outros, os que o observaram, uma porção de reflexões.

Parece que para ele, nestes momentos, o boteco não existia. Ele só no pequeno botequim, naquelas dimensões mínimas entre um balcão improvisado, um espaço estreito de chão e a porta. Ele, sentado no seu banco, ia ficando e ia bebendo a sua “branquinha”. Na sua, ia jogando as pontas de cigarro. Não era outro o movimento que fazia. Uma ou duas vezes, sem olhar para o dono do boteco, pedia a renovação da bebida. Mas a menina repetiu:

“Me dá um pedaço de pão, moço”. E ficava esperando. A cena durou mais alguns instantes.

Com o homem, o seu silêncio. Já a menina esperava. Depois, resolveu sair, deixar o botequim, a espelunca. Ninguém mais a interessava ali, nem o dono, nem os poucos fregueses que saíam e entravam. Toda a sua atenção estava no “Zé Cachaça”, naquele homem que não lhe prestara nenhum interesse, nenhuma atenção. E saiu. À porta, ainda olhou para ver o homem no isolamento de si mesmo. Espiou-o lá da porta e desapareceu. Foi embora a menina.

O homem bebeu mais um pouco. Com a manga da camisa, enxugou a boca. Acendeu mais um cigarro. Levantou-se e foi até a porta. Ficou lá alguns momentos e voltou para o seu lugar. Agora, falava, dirigindo-se ao dono do boteco:

– “Conhece a menina?  Não. Não conhece... e eu é que não devia conhecê-la... Mora ali no bairro... Tem a idade duma filha que eu tenho. O mesmo tamanho. Não tive coragem de lhe dá a esmola... Está compreendendo? Parecia a minha filha... a Luizinha... Fiquei com vergonha... E se fosse a Luizinha?

– Olha, me dá mais uma cachaça aí”.

Levantou-se e saiu. Na rua, tantas crianças correndo para casa. Um sol lá no alto alumiando a terra. Na lembrança de nós, aquela menina. Aquele homem e a sua mensagem de desespero. “E se ela fosse a Luizinha...”

* Paulo Nascimento Moraes. “A Volta do Boêmio” (inédito) – “Joral do Dia”, 29 de janeiro de 1967 (domingo).

Localizado na região central do Rio de Janeiro, o Museu Light da Energia reabre as portas para o público amanhã (5), depois de mais de dois anos fechado, com uma nova exposição interativa. O espaço é reconhecido por seu trabalho educativo na conscientização sobre o uso eficiente da energia elétrica, estimulando os visitantes a refletir sobre hábitos de consumo e redução dos desperdícios.

Indicado para estudantes da educação infantil, ensino fundamental I e II, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA), o museu oferece transporte gratuito para escolas públicas. A entrada é gratuita, mas é preciso agendar a visita pelo site.

O novo espaço esclarece os mistérios que envolvem a eletricidade, contribuindo para a conscientização sobre a eficiência energética, informa a especialista em marketing e responsabilidade social da Light, Estela Alves. "Energia é um tema amplo e complexo. Ela está totalmente inserida no nosso dia a dia e a gente nem percebe. O museu traz essa consciência de forma divertida e interativa”. Para Estela, quem entra no museu sai com uma nova percepção de seu papel como consumidor e a importância de mudar hábitos e contribuir com a eficiência energética.

O espaço foi reformado nos últimos anos com o objetivo de oferecer aos visitantes uma exposição inovadora, que ensina o que é energia com experiências interativas digitais, eletrônicas e mecânicas. A exposição conta com 11 experiências distribuídas em três ambientes: Sala Clara, Túnel da Energia e Sala Escura.

Itinerário

O passeio começa pela Sala Clara, que tem jogos, painéis interativos e uma maquete que mostra como é a geração de energia. Ainda nesse pavimento, o público inicia a descoberta sobre a energia e suas diferentes formas, suas transformações e fontes.

Em seguida, os visitantes entram no Túnel da Energia e percebem, por meio de seus movimentos com imagens e sons, que seu corpo também produz energia. Saindo do túnel, a Sala Escura revela o movimento do elétron e os conceitos mais básicos, como eletricidade, magnetismo e eletromagnetismo. Um dos novos experimentos promove uma brincadeira coletiva, em que pessoas conseguem mover energia para acender as luzes de um prédio.

Localizado no Centro Cultural Light, na Avenida Marechal Floriano, 168, o Museu Light da Energia recebeu cerca de quatro mil instituições de ensino e mais de 160 mil visitantes, entre 2012 e 2020. O museu conta com recursos do Programa de Eficiência Energética da Agência Nacional de Energia Elétrica (PEE Aneel).

(Fonte: Agência Brasil)

Imagens do Museu do Ipiranga.

Fechado desde 2013 para restauro, o Museu Paulista, mais conhecido como Museu do Ipiranga, vai reabrir ao público no próximo dia 8 de setembro como parte das celebrações dos 200 anos da Independência do Brasil.

Para celebrar a reabertura, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa de São Paulo e a prefeitura paulistana vão apresentar uma programação cultural especial, entre os dias 7 e 11 de setembro. As atrações incluem música, dança, teatro e circo e terão transmissão pela plataforma de streaming e vídeo por demanda #Culturaemcasa.

Entre os destaques, está um show dos cantores Almir Sater e seu filho, Gabriel Sater, que, recentemente, participaram da novela Pantanal.

Os festejos se iniciam hoje (4) com uma projeção na fachada do Museu do Ipiranga, que será acompanhada por trilha sonora de André Abujamra. A projeção será dividida em oito atos de um minuto de duração cada um. Cada minuto vai contar uma parte da história cultural e artística dos últimos dois séculos. Entre eles, episódios relacionados à arte indígena, à presença dos negros no país e à Semana de Arte Moderna. Essa projeção será realizada entre os dias 4 e 11 de setembro, das 18h30 às 22h. Já no dia 7 de setembro, a projeção será feita entre as 21h e 22h.

O museu

Com 11 novas exposições, o Museu do Ipiranga será reaberto exclusivamente para autoridades no dia 6 de setembro, entre as 18h30 e 21h30. No dia seguinte, feriado de 7 de setembro, o museu vai abrir apenas para escolas e para os trabalhadores que ajudaram nas obras do restauro e seus parentes. Já o público poderá visitá-lo a partir do dia 8 de setembro.

7 de setembro

No feriado de 7 de setembro, haverá uma programação especial que terá início com o tradicional desfile de 7 de setembro que, neste ano, será realizado na Avenida D. Pedro I. O desfile tem início às 9h e contará com a participação da Esquadrilha da Fumaça.

Além do desfile, uma encenação sobre o Grito da Independência será realizada a partir das 15h, com a participação do ator Caco Ciocler como D. Pedro I.

À noite, haverá um espetáculo de música, dança e artes visuais. Um dos destaques é a apresentação de um espetáculo com 200 drones, que está marcada para as 21h.

Programação musical

Entre os dias 8 de setembro e 11 de setembro, o festival promove também shows musicais, em parceria com a prefeitura paulistana. Na noite do dia 8, haverá apresentação da SP Companhia de Dança, SP Big Band e da Orquestra Jazz Sinfônica, a partir das 18h. Já no dia 9 de setembro, a partir das 19h, se apresentam Almir e Gabriel Sater. No dia 10 de setembro, a Orquestra Funmilayo se apresenta com Xênia França e Luedji Luna. E, no dia 11 de setembro será a vez de Geraldo Azevedo.

Toda a programação do festival pode ser consultada no Agenda Bonifácio, uma plataforma on-line dedicada ao bicentenário da Independência do Brasil que foi criada pelo governo paulista.

(Fonte: Agência Brasil)

Neste primeiro domingo de setembro/22, continuamos com as...

Dúvidas dos leitores

1ª dúvida:

Vamos estar depositando ou depositaremos seu pagamento hoje à tarde?

A resposta é:

Depositaremos seu pagamento hoje à tarde.

Devemos evitar o modismo de usar o gerúndio como ação futura. O gerúndio denota “continuidade de ação”: “Passamos dois dias analisando sua proposta”; “Estamos desenvolvendo um novo projeto para sua empresa”; “Passo horas lendo”.

No caso de vamos estar depositando, chego a imaginar que o pagamento vai ser feito em moedas, pois passará toda a tarde “depositando”…

O “gerundismo” é mais um vício que se propagou principalmente pelos profissionais que trabalham com teleatendimento. Nessa atividade, é tudo na base do “Quem deseja?”; “Não se encontra”; “Com certeza”; “Vamos estar providenciando”; “Vou estar retornando”…   

2ª dúvida:

O empregado tinha chego ou chegado atrasado?

A resposta é:

O empregado tinha chegado atrasado.

O particípio do verbo CHEGAR é “chegado”, assim como o particípio de TRAZER é “trazido”. A tal história do “ele tinha trago os documentos” é inaceitável. O correto é “ele tinha trazido os documentos”.

“O Sampaio tinha ganho ou tinha ganhado três partidas seguidas?” O Sampaio ganhar uma partida já é difícil. Que dirá três partidas seguidas! Quanto à língua portuguesa, entretanto, as duas frases são corretas, pois o verbo GANHAR apresenta os dois particípios: “ganho” e “ganhado”.

3ª dúvida é:

Meu avô aposentou ou se aposentou muito cedo?

A resposta é:

Meu avô se aposentou muito cedo.

O verbo APOSENTAR é pronominal (= aposentar-se), é um verbo essencialmente reflexivo: a pessoa se aposenta. É o mesmo caso de arrepender-se, esforçar-se, dignar-se e tantos outros. Observe que eu não posso “arrepender alguém” ou “esforçar outra pessoa”. Eu só posso me arrepender ou me esforçar.

No caso do verbo aposentar-se, existe a possibilidade de ser usado sem o pronome reflexivo. É quando você pratica a ação de “aposentar alguma coisa”: “Finalmente, o craque aposentou as chuteiras”; “O grande poeta aposentou a caneta”.

É um caso semelhante ao dos verbos casar e casar-se: “Ele se casou com a vizinha”; “O juiz casou os dois ontem mesmo”.

4ª dúvida:

Ela fez de tudo para vim ou vir no meu programa?

A resposta é:

Ela fez de tudo para vir no meu programa.

Não devemos confundir a forma verbal vim com o infinitivo vir. Só podemos usar a forma vim, quando o verbo estiver na 1ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo: “Faz mais de vinte anos que eu vim para o Rio de Janeiro”. O pretérito perfeito do indicativo do verbo VIR fica assim: eu vim, tu vieste, ele veio, nós viemos, vós viestes, eles vieram.

No português falado no Brasil, é frequente substituirmos a forma simples do futuro do indicativo (= farei, tratará, proporemos, quererão) pela forma composta, que usa o verbo IR como auxiliar (= vou fazer, vai tratar, vamos propor, vão querer). Até aí não há nada de errado. O problema ocorre quando precisamos usar o verbo VIR no futuro. Em vez de “eu vou vir”, ouvimos muito um tal de “vou vim”. Assim, não dá! A forma “vou vim” é totalmente inaceitável. Na dúvida, em vez de “eu vou vir”, prefira “eu virei”.

5ª dúvida:

Eles ainda não comporam ou compuseram o samba deste ano?

A resposta é:

Eles ainda não compuseram o samba deste ano.

O verbo COMPOR é derivado do verbo PÔR. Os verbos derivados devem seguir os verbos primitivos. Assim sendo, se o verbo PÔR é irregular, todos os derivados (compor, expor, dispor, repor, antepor, contrapor…) deverão apresentar as mesmas irregularidades do verbo primitivo. Se a 1ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo PÔR é “eu ponho”, os derivados ficarão: eu componho, exponho, disponho, reponho, anteponho, contraponho… Se o verbo PÔR, na 3ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, fica “eles puseram”, o certo será: eles compuseram, expuseram, repuseram…

O verbo REQUERER parece ser derivado do verbo querer, mas não é. “Requerer” não é “querer de novo”. Nos tempos do pretérito, o verbo REQUERER é regular. Não segue, portanto, as irregularidades do verbo querer. O pretérito perfeito do indicativo do verbo querer é: eu quis, tu quiseste, ele quis, nós quisemos, vós quisestes e eles quiseram. O verbo REQUERER, por ser regular, fica: eu requeri, tu requereste, ele requereu, nós requeremos, vós requerestese eles requereram. Isso significa que, na frase “o aluno requis isenção de matrícula”, o verbo está mal usado. O certo é “o aluno requereu isenção de matrícula”.

6ª dúvida:

O juiz não tinha intervido ou intervindo no caso?

A resposta é:

O juiz não tinha intervindo no caso.

O verbo INTERBIR é derivado do verbo vir. Deve, por isso, seguir a conjugação do verbo vir. O verbo vir é o único cuja forma do particípio é igual à do gerúndio: “Ele estava vindo às aulas” (= gerúndio) e “Ele tinha vindo às aulas” (= particípio). Assim sendo, os verbos derivados de vir (advir, convir, provir, intervir…) apresentam a mesma curiosidade: “Ele estava intervindo no caso” (= gerúndio) e “Ele tinha intervindo no caso” (= particípio).

Se o verbo INTERVIR é derivado do vir, deverá seguir a sua conjugação em todos os tempos verbais: eu venho, nós vimos – eu intervenho, nós intervimos (= presente do indicativo); eu vim, nós viemos, ele veio, eles vieram – eu intervim, nós interviemos, ele interveio, eles intervieram (= pretérito perfeito do indicativo); se ele viesse – se ele interviesse (= pretérito imperfeito do subjuntivo); se ele vier – se ele intervier (= futuro do subjuntivo)…

A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) comemora os 100 anos da primeira transmissão radiofônica oficial no Brasil em um evento especial no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, na próxima quarta-feira (7), quando também se comemora o Bicentenário da Independência do Brasil. Com apresentação de Sidney Ferreira (Rádio MEC) e Luciana Valle (Rádio Nacional), a celebração começa às 19h.

“A primeira transmissão de rádio feita em 1922 a partir das estações instaladas no Rio de Janeiro, então capital federal, revolucionou a comunicação e a cultura brasileira. Hoje, o veículo mantém sua relevância e permanece em constante transformação. Ao integrarem o território nacional pela informação, boa música e veiculação de utilidade pública, as emissoras de rádio geridas pela EBC escrevem sua história junto com a própria história das transmissões radiofônicas no país”, destaca o presidente da EBC, Glen Valente.

Na primeira parte do concerto comemorativo promovido pela Rádio MEC, a Orquestra do Theatro Municipal interpreta trechos de O Guarani, de Carlos Gomes. Com regência do maestro Felipe Prazeres, o espetáculo conta com solos do tenor Eric Herrero e da soprano Maria Gerk. Em 7 de setembro de 1922, o mesmo O Guarani foi transmitido diretamente do Theatro Municipal, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil.

A Sinfônica Nacional da UFF comanda a segunda e última parte do concerto, com a interpretação de Choros 6, de autoria de Heitor Villa-Lobos. O maestro Javier Logioia é o regente da orquestra. “É um marco histórico para essa casa secular celebrar o centenário do rádio em nosso palco, nessa linda parceria com a EBC e em uma data tão emblemática como o 7 de Setembro. Será uma noite muito especial, com um programa primoroso apresentando obras de Carlos Gomes e Heitor Villa-Lobos”, celebra a presidente da Fundação Teatro Municipal, Clara Paulino.

Durante o intervalo das apresentações, a Rádio MEC realiza entrevistas temáticas de bastidores. O público poderá conferir a atração ao vivo no FacebookYouTube e Twitter da emissora e nas Rádios MEC e Nacional.

Ainda durante o evento no Theatro Municipal, os Correios lançam o selo comemorativo dos 100 anos de Rádio no Brasil. A novidade faz parte da iniciativa da empresa de emitir selos alusivos a datas comemorativas ou fatos históricos relevantes para o país.

Interprogramas

As ações para promover as festividades já mobilizam a Rádio MEC desde junho, com a veiculação de interprogramas da série de 100 produções diárias de curta duração para a data celebrada em 7 de setembro.

Com cinco minutos cada um, os interprogramas sobre o centenário do rádio no país mesclam entrevistas e pesquisas de acervo para abordar diversos aspectos históricos relacionados ao veículo. A ideia é resgatar personalidades, programas e emissoras marcantes presentes na memória afetiva dos ouvintes.

A produção original está no ar na Rádio MEC todos os dias em três horários. O conteúdo também é transmitido por emissoras parceiras da Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP) como a Rádio Inconfidência, em Belo Horizonte, e a FM Cultura, em Porto Alegre. Os programetes são distribuídos ainda pela Radioagência Nacional e ficam disponíveis para as emissoras que quiserem utilizá-los.

A locução dos interprogramas é da jornalista Claudia Bojunga. A profissional da EBC é bisneta de Edgard Roquette-Pinto, considerado pai da radiodifusão no país.

(Fonte: Agência Brasil)

A agência espacial norte-americana, a Nasa, cancelou, novamente, o lançamento do foguete Space Launch System (SLS) à Lua, que estava previsto para este sábado.

Em nota, a Nasa explicou que o cancelamento aconteceu devido a vazamento de hidrogênio líquido. A agência informou que foram feitos vários esforços para solucionar o problema, como recolocação de vedação, mas não foi possível resolver.

lançamento do foguete da missão Artemis I estava previsto para ocorrer hoje à tarde (horário de Brasília), no Centro Espacial Kennedy, na Flórida.

A Nasa já trabalhava com uma nova data para o caso de precisar adiar a missão novamente. A nova data prevista é a próxima segunda-feira (5).

Na última segunda-feira (29), foi feito o primeiro cancelamento, após as equipes técnicas da agência identificarem um problema de resfriamento em um dos quatro motores do superfoguete que levará a cápsula Orion à órbita lunar.

A missão

A viagem não tripulada marcará várias testagens na órbita da Lua tanto em relação aos equipamentos, quanto à cápsula Orion que deve levar até quatro astronautas na segunda etapa da missão prevista para ocorrer até 2026.

Além disso, será testada uma peça fundamental na missão, o Módulo de Serviço Europeu, responsável, por exemplo, pelos sistemas de abastecimento de água, energia, propulsão, controle da temperatura dentro da cápsula e fruto da parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA).

Segundo a ESA, a missão, que será comandada aqui da Terra, pode durar entre 20 e 40 dias e terminará de volta à Terra com um mergulho no Oceano Pacífico, na costa da Califórnia, nos Estados Unidos.

O voo de volta à Lua organizado pela Nasa, em parceria com 21 países, inclusive o Brasil, representa o retorno ao satélite 50 anos após a última viagem tripulada, em 1972, com a missão Apollo.

(Fonte: Agência Brasil)

Para celebrar e valorizar a Década Internacional das Línguas Indígenas, que teve início neste ano de 2022 e vai perdurar até 2032, o Museu da Língua Portuguesa está preparando uma exposição temporária sobre as línguas e culturas indígenas. Como uma espécie de aquecimento para essa nova mostra, prevista para outubro deste ano, o Centro de Referência do museu selecionou dez livros para que as pessoas possam entrar nesse universo dos povos originários do Brasil.

“Pensamos em organizar um conteúdo para quem não conhece o tema poder ter um primeiro contato. Daí surgiu a proposta de fazer essa seleção com dez obras”, disse Cecília Farias, linguista e pesquisadora do Centro de Referência do Museu da Língua Portuguesa. “Pensamos em obras que sejam acessíveis para o público que não é especialista”, acrescentou.

Só no Brasil, destacou ela, são faladas quase 200 línguas indígenas. “[A quantidade] varia um pouco de acordo com os critérios de classificação. Para alguns pesquisadores, seriam 154 porque eles agrupariam certas variantes como dialetos da mesma língua. Mas, para outros, chega a 274 línguas”, disse, em entrevista à Agência Brasil.

“Temos línguas com poucos falantes. Há línguas [indígenas] que têm apenas três falantes. E uma das formas de garantir a preservação dessas línguas passa por fazer as pessoas, a população em geral, conhecê-las. Esse é um primeiro passo para se promover o respeito a essas línguas”, destacou a pesquisadora.

Entre os livros que foram selecionados pelo museu, estão Línguas brasileiras: Para o conhecimento das línguas indígenas, de Aryon Dall’Igna Rodrigues, considerada uma obra essencial para os estudos da área.

Há, também, a indicação de A queda do céu: palavras de um xamã yanomami, de Davi Kopenawa e Bruce Albert, que traz as meditações do xamã a respeito do contato predador com o homem branco. A obra é um testemunho autobiográfico e, ao mesmo tempo, um manifesto xamânico contra a destruição da Floresta Amazônica e dos povos originários. Outro destaque é para Nós: uma antologia de literatura indígena, organizado por Mauricio Negro, e que pode ser lido por pessoas de várias faixas etárias.

A lista se completa com Línguas indígenas: tradição, universais e diversidades, de Luciana Storto; Índio Não Fala só Tupi: uma viagem pelas línguas dos povos originários no Brasil, organizado por Bruna Franchetto e Kristina Balykova; Método moderno de tupi antigo – A língua do Brasil dos primeiros séculos, de Eduardo de Almeida Navarro; Diversidade linguística indígena: estratégias de preservação, salvaguarda e fortalecimento, do Iphan; Fala de bicho, fala de gente. Cantigas de ninar do povo Juruna, de Cristina Martins Fargetti e participação de Marlui Miranda; Povos indígenas: terra, culturas e lutas, de Benedito Prezia; e Jene Ramỹjwena Juru Pytsaret: O que habitava a boca de nossos ancestrais, de Lucy Seki.

“Uma parte dos livros é sobre as línguas mesmo, mais descritivos. Muitas vezes, eles têm uma tipologia explicando as famílias linguísticas e os troncos linguísticos que temos aqui em território brasileiro. E temos, também, um livro de ficção, que é o Nós: uma antologia de literatura indígena, que são narrativas”, falou Cecília.

Segundo ela, a lista não se encerra nessa seleção. “Esse é apenas um primeiro contato com esses temas. Esperamos que isso desperte mais interesse das pessoas”, afirmou.

Mais informações sobre a indicação dos livros podem ser obtidas no site do Museu da Língua Portuguesa.

(Fonte: Agência Brasil)

Pela primeira vez, desde que o dia 5 de setembro foi instituído por lei como Dia da Amazônia em 2007, a data será celebrada em eventos culturais gratuitos espalhados por todo o país. A partir de agora, os eventos serão realizados anualmente.

Neste ano, oito cidades estão à frente da comemoração, apresentando ao público shows musicais e atividades culturais. Os Festivais Dia da Amazônia 2022, começam neste sábado (3) e prosseguem até o dia 10. A programação pode ser acessada no site organizador.

A cantora e atriz paraense Gaby Amarantos abre a programação hoje, às 11h, com o Baile na Terra, no Tendal da Lapa, localizado na Rua Guaicurus, 1.100, Bairro de Água Branca, zona oeste de São Paulo.

Em entrevista à Agência Brasil, Gaby Amarantos destacou a luta de todos os anos para dar visibilidade à região amazônica, ao povo nortista e à causa da Amazônia, “que toma a nossa vida e que a gente transformou em missão artística, que é feita com muito amor. É o resultado de um caminho que vem dando muito certo”.

Gaby acredita que a mobilização que já vem ocorrendo não só em São Paulo, mas em outros Estados, vai fazer com que a população brasileira preste mais atenção à causa, se envolva mais, de forma comprometida, por meio da cultura, da música, da beleza, da tecnologia e de toda a representatividade que a região tem. “As pessoas precisam conhecer a Amazônia, mas não necessariamente têm de ir à região para apreciá-la e valorizá-la”.

“Conhecer é ter entendimento. É quando você sabe quais são os Estados da região que a Amazônia ocupa, quando sabe sobre as etnias indígenas dos povos originários que estão lá cuidando, quando você conhece a cultura, através da música, da gastronomia, da arte, da fala de pessoas que lutam por essa floresta e precisam de justiça, porque perderam a vida nessa luta, lembrando de Bruno e Dom, que são o caso mais recente e que mobilizaram o país”.

Para Gaby, quanto mais você se envolve e se engaja, "de tomar uma cachaça de jambu, ouvir música e assinar uma petição em prol da Amazônia, você está conhecendo mais desta região. E está incluindo a região e fazendo com que ela faça parte deste país. O Brasil não é inteiro sem a Amazônia, sem o Norte. Ele só é completo quando o povo nortista também está junto”, apontou a artista.

Contexto urbano

Os shows gratuitos vão homenagear o bioma amazônico, que é centro das atenções mundiais, tanto por seu papel vital na regulação do clima e na manutenção da vida de suas populações, como pela escalada de ataques que têm comprometido sua integridade e que englobam desmatamentos e queimadas até a violência crescente.

A coordenadora do coletivo Reocupa, associação voltada para a defesa dos direitos humanos e uma das organizadoras do Festivais Dia da Amazônia 2022, Deuza Brabo, disse à Agência Brasil que o objetivo principal do evento é trazer a pauta para o contexto das cidades. “A Amazônia é muito conversada e debatida no âmbito rural, onde está instalada e, no âmbito urbano, as pessoas ficam um pouco assustadas com essa conversa”.

Por isso, a intenção é fazer com que as pessoas saiam dos eventos com uma reflexão, “que elas sejam tocadas para que tenham outros comportamentos e pensamentos e se engajem na pauta da justiça climática, que é urgente. Quem está na cidade não consegue perceber essa urgência, embora estejamos sendo atingidos diretamente, como as populações ribeirinhas, pescadora, tradicional, que está na zona rural”, afirmou Deuza.

A coordenadora do Reocupa reiterou que o principal objetivo é trazer a pauta da justiça climática para a cidade, para que a população possa refletir e sair do festival tocada para uma mudança comportamental e de engajamento na pauta. O Dia da Amazônia visa levar as pessoas a se conscientizarem da importância dessa região, que é a maior reserva natural do mundo. “E ter em mente que o que acontece na Amazônia não fica ali, mas impacta a vida de todos, todos os dias”.

Deuza Brabo informou que os festivais vão ocorrer no coração da Amazônia, em Manaus, Belém, Macapá, Santarém, São Luís, mas também precisam trazer outras pessoas que acham que não dependem da Amazônia ou que não se percebem neste lugar. “A Amazônia é da Amazônia, do Brasil e para o mundo”. Daí os shows serem realizados também em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. As celebrações ocorrerão nos dias 3, 4 e 10 de setembro, com múltiplos eventos.

Sustentabilidade

O tema deste ano é o desenvolvimento sustentável e a preservação da floresta da Amazônia. A iniciativa tem produção das organizações socioambientais Reocupa, Namaloca, Psica, Negritar, Gira Mundo, Condô Cultural, NOSSAS, Instituto Clima e Sociedade (iCS), Ja.Ca, Murerú Produções, Tapajós de fato, Na Cuia, Suraras do Tapajós, Projeto Saúde e Alegria, Movimentos pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Federação das Organizações Quilombolas de Santarém (FOQS), Negritar, Conselho Indígena Tupinambá (CITupi), Movimento Tapajós Vivo (MTV), Terra de Direitos, Maré Cheia, Engajamundo, Mapinguari, LabExperimental, Megafone Ativismo e Utopia Negra, entre outras.

Abertura

No show de abertura, em São Paulo, neste sábado (3), Gaby Amarantos terá a companhia de Anelis Assumpção, Suraras do Tapajós, Bloco do Água Preta e outros convidados. Em Belém, no mesmo dia, também iniciando as celebrações pelo Dia da Amazônia, será realizada a 5ª edição do Festival de Cinema das Periferias e Comunidades Tradicionais da Amazônia.

No domingo (4), haverá festivais em Manaus, Belém, São Luís, Macapá, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Eles ocorrerão, respectivamente, no Parque da Juventude Ajuricaba Mascarenhas (Av. Autaz Mirim 4.653-4.783 – São José Operário); no Portal da Amazônia (Jurunas); no Parque Estadual do Rangedor (Rua Búzios, Quadra 35, Lote-18); no Mercado Central, em Macapá (Av. Antônio Coelho de Carvalho); nos jardins do Museu de Arte Moderna (MAM), Aterro do Flamengo; e no Palco Amazônia Serra do Curral (Parque Municipal Américo Renné Giannetti - Av. Afonso Pena 1377 – Centro).

Em cada local, haverá atividades gratuitas para todas as idades. Cada evento celebra e respeita as diversidades regionais e culturais, e isso se reflete nos nomes e identidades diferentes de cada palco, em cada cidade. Os festivais se estendem até o dia 10 de setembro, finalizando com o Festival Maní(Festar), que ocorrerá das 18h às 24h, na Praça de Eventos Dr. Anísio Chaves 39-169 - Aeroporto Velho, em Santarém (PA).

Além dos shows musicais nas oito cidades, será realizada a Virada Cultural Amazônia de Pé, conduzida pela Campanha Amazônia de Pé. A programação da Virada pode ser acessada aqui. Ela reúne mais de 400 ações descentralizadas por todo o país, como oficinas, cine-debates, rodas de conversa, feiras agroecológicas e outras atividades, com a meta de demostrar que, em todas as regiões do país, os brasileiros estão atentos ao tema e querem participar da comemoração em defesa da Amazônia.

(Fonte: Agência Brasil)

O escritor e professor Godofredo de Oliveira Neto foi empossado nessa sexta-feira (2), na Academia Brasileira de Letras (ABL). Eleito no último dia 9 de junho, com 22 votos, o novo acadêmico ocupará a cadeira 35 da ABL, sucedendo ao professor Cândido Mendes, que morreu em fevereiro deste ano, aos 93 anos. Os ocupantes anteriores da cadeira 35 foram Rodrigo Octavio (fundador), Rodrigo Octavio Filho, José Honório Rodrigues e Celso Ferreira da Cunha.

Nascido em Blumenau, no dia 22 de maio de 1951, o catarinense Godofredo Neto é romancista e contista. Atualmente, exerce a cadeira de professor titular de literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O novo imortal da ABL graduou-se em letras pela Universidade de Paris III, França (1976), onde também fez mestrado em letras (1979). Além do doutorado em letras pela UFRJ, tem graduação em relações internacionais pelo Instituto de Altos Estudos Internacionais da Universidade de Paris II. É ainda pós-doutor em pesquisa na Georgetown University, Estados Unidos.

Godofredo de Oliveira Neto é autor de 21 livros e escreve também artigos para jornais e periódicos do Brasil. Foi premiado com uma estatueta no Prêmio Jabuti, em 2006. Seus romances Menino oculto e Amores Exilados foram traduzidos para o francês e lançados no 35º Salão do Livro de Paris-2015, já em 4ª edição francesa. O livro Ana e a margem do rio foi publicado na Bulgária e recebeu, no Brasil, o selo de Altamente Recomendável, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Arte e conhecimento

À Agência Brasil, Godofredo Neto destacou que a função da ABL, como uma das maiores instituições culturais do Brasil, é “brandir como arma, para uma sociedade mais justa, a arte e o conhecimento. Quer dizer, através da arte e do conhecimento, criar uma aproximação da nação brasileira, reconstituir a nação brasileira como um todo. Eu vejo minha ação (na ABL) como isso. Ou seja, a não violência, a arte, a cultura e o conhecimento acima de tudo, à frente de qualquer coisa, com esse objetivo. Esse é o objetivo maior”.

O novo imortal pretende dar sequência à linhagem de grandes escritores integrantes da ABL, entre os quais citou Guimarães Rosa, Jorge Amado, Ferreira Gullar, Antonio Callado. “Não é fácil seguir essa mesma linhagem quantitativa”, confessou, sorrindo.

Sua obra mais recente, o romance Esquisse, foi publicada na França, antes mesmo de sair no Brasil. A história se desenrola entre as cidades de Nova Iorque, Veneza e Florianópolis, onde ele esteve antes de começar a escrever esse livro. No momento, ele se dedica a escrever um novo romance, ainda sem título, cuja história se passa nos dias atuais, nos Estados de Santa Catarina e Rio de Janeiro. “Estou escrevendo sempre, desde os 13 anos; escrevo quase diariamente”, comentou.

Godofredo Neto disse que a notícia de sua eleição na ABL foi muito bem recebida por seus alunos da UFRJ. “Uma juventude superanimada. Se sentem superprestigiados porque o professor deles foi para a ABL. Foi uma coisa muito legal, aplausos. Foi muito boa a receptividade”.

Discurso

Em discurso de posse, o imortal fez questão de lembrar a figura do escritor, educador e intelectual Cândido Mendes, a quem sucedeu.

“A grandeza de Cândido Mendes me estimula e me desafia a seguir o seu exemplo. A energia de Cândido, nosso augusto acadêmico, anda por aqui, dentro de nós. A luta por um Brasil solidário é também nossa. É um desafio particularmente árduo dar continuidade à excelência dos pensadores da Cadeira 35”, discursou o novo imortal.

Ele destacou também as escolhas feitas pela sociedade, fazendo um chamamento ao reencontro nacional necessário para a busca de maior harmonia entre todos.

“A condição humana é assim estruturada, não há outro suporte, mas há maneira de suavizá-la. E há escolhas, como bem o sabem, senhoras e senhores acadêmicos. Escolhas necessárias, fundamentais e estruturantes que exigem – se desejarmos uma nação ciente do seu caminho civilizatório – exigem banir o preconceito étnico, o preconceito religioso, o antissemitismo, a misoginia, a homofobia, o etarismo, a violência e o preconceito de gênero, o racismo – vidas negras e vidas indígenas importam, vidas e integridade das mulheres importam! Esse encontro do Brasil com a nação brasileira é medular para o despontar da paz e da harmonia”, defendeu Godofredo Neto.

 (Fonte: Agência Brasil)

Quatro anos após o incêndio que destruiu grande parte do acervo e do edifício do Museu Nacional, a fachada principal da sede foi inteiramente restaurada e apresentada hoje (2). A partir de amanhã (3), o museu conta com intensa programação cultural e o público poderá, pela primeira vez desde a tragédia, se aproximar do edifício. O cronograma de obras segue até 2027, quando a reforma deverá ser concluída e museu completamente reaberto. 

A cerimônia de entrega da fachada contou com autoridades nacionais e representantes de entidades internacionais envolvidas na reconstrução do prédio histórico. “Isso demonstra que o Museu Nacional vive e vive graças a vocês, que, de mãos dadas, nos ajudam a reconstruir essa instituição. E, sublinhando que Museu Nacional pertence à sociedade brasileira e, sim, a sociedade brasileira deve participar da sua reconstrução”, enfatiza o diretor do museu, Alexander Kellner.

A reconstrução da fachada buscou conciliar tecnologia de ponta com técnicas artesanais para preservar, ao máximo, a estrutura local. As 30 esculturas centenárias de mármore carraca, por exemplo, que estavam no topo do Palácio de São Cristóvão, foram restauradas e passarão a compor as exposições do museu. No lugar delas, foram posicionadas réplicas feitas a partir de tecnologia de impressão em 3D. 

“Conseguimos apesar da pandemia. Não podemos esquecer que enfrentamos, todos nós, um momento muito difícil para a humanidade, mas conseguimos chegar até aqui para poder brindar o bicentenário da Independência e mostrar que Brasil pode acontecer, pode ser um país desenvolvido”, diz a reitora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Denise Pires de Carvalho, instituição da qual o Museu Nacional faz parte. 

Ao todo, cerca de 200 profissionais trabalharam para restaurar a fachada frontal. Foi necessário consolidar alvenarias, restaurar esquadrias, ferragens, gradis, produzir 100 novas esquadrias, mantendo como referência as formas originais que existiam até setembro de 2018. 

Até o momento, as lajes de cobertura foram concretadas e impermeabilizadas; e 50% da estrutura metálica e dos caibros foram instalados. Do total de atividades contratadas para restaurar fachadas, coberturas e esquadrias do bloco histórico do palácio, 70% já foram executadas. A obra nas fachadas e coberturas segue até fevereiro de 2023, e o orçamento total desta etapa é de R$ 23,6 milhões. 

Aberto ao público

A partir deste sábado (3), o público poderá se aproximar do prédio, pela primeira vez desde o incêndio de 2018. Para poder conferir a nova fachada, o público contará com a programação #Museu Nacional Vive no Bicentenário, com exposições temporárias, atividades educativas e apresentações culturais gratuitas. A programação completa está disponível no portal do projeto Museu Nacional Vive

Bicentenário da Independência

A entrega da fachada marca o bicentenário da Independência do Brasil, no dia 7 de setembro. A data foi escolhida, entre outros motivos, pela importância que o prédio teve no período. Pouco antes da proclamação da Independência, no dia 2 de setembro de 1822, a princesa Leopoldina, casada com D. Pedro I, presidiu, enquanto o príncipe estava em viagem a São Paulo, reunião do Conselho de Estado que resultou na recomendação de que ele declarasse a independência do Brasil em relação a Portugal.  

Leopoldina

O local também foi importante em eventos posteriores, até que o Brasil se tonasse uma república, e deixasse de ser governado pela família real, em 1889. “Nesta casa, aconteceu a primeira reunião da assembleia constituinte republicada. Então, o Museu Nacional faz parte da história e da transição do Brasil República e da transição do Brasil que deixa de ser um país colônia de exploração e passa a ser um país soberano e independente. E a soberania nacional depende de ciência, tecnologia e inovação”, explica Denise, que ressalta que o momento é de “reafirmar que não seremos um país verdadeiramente independente se não tivermos instituições fortes e instituições científicas fortes”.

O Museu Nacional foi criado por D. João VI, em 6 de junho de 1818 e inicialmente, sediado no Campo de Sant’Ana e serviu para atender aos interesses de promoção do progresso cultural e econômico do país. A construção, que completou 200 anos em 2018, localiza-se na Quinta da Boa Vista e é a mais antiga instituição científica do Brasil, reconhecida nacional e internacionalmente. O incêndio foi uma tragédia que chamou atenção do mundo todo. 

Reconstrução

O cronograma da reconstrução do museu segue até 2027. O orçamento preliminar estimado é de R$ 380,5 milhões, sem considerar o acervo. Desse total, foram captados R$ 245,3 milhões, o que equivale a 64% da meta, sendo: R$ 124,8 milhões provenientes de recursos federais, via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério da Educação (MEC) e Emendas Parlamentares; R$ 20 milhões de recursos estaduais, via Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj); e R$ 100,5 milhões de recursos da iniciativa privada, via Vale e Bradesco. Mais detalhes sobre a reconstrução estão disponíveis no portal do projeto Museu Nacional Vive

O Museu busca também a recomposição do acervo. Segundo Kellner, o Museu tinha cerca de 20 milhões de exemplares no acervo antes do incêndio. Ao todo, foram perdidos 85% deles. A meta é garantir 10 mil exemplares para as novas exposições, em 5,5 mil metros quadrados. Já foram recebidos 1.000l exemplares. “Se não tivermos uma participação intensa internacional, essa etapa vai ficar prejudicada”, diz o diretor. “Nós todos temos que merecer esse novo acervo e só vamos merecer se a gente reconstruir esse palácio com as melhores normas de segurança. Hoje, estamos provando que estamos no caminho certo. A abertura da fachada demonstra não só nossa resiliência, mas o compromisso que temos”.

Mais informações sobre doações e outras ações podem ser obtidas no portal #Recompõe

(Fonte: Agência Brasil)