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Quase 40% dos estudantes brasileiros do 4º ano do ensino fundamental (EF) não dominam habilidades básicas de leitura, ou seja, apresentam dificuldades em recuperar e reproduzir parte da informação declarada no texto.

Os dados são do Estudo Internacional de Progresso em Leitura (PIRLS) de 2021. Ele foi realizado em 65 países e regiões do mundo pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), responsável por avaliar habilidades de leitura dos estudantes matriculados no 4º ano de escolarização. Os técnicos entendem que nessa fase da trajetória escolar, o aluno, normalmente, já aprendeu a ler e essa leitura é um instrumento para novos aprendizados.

Enquanto, no Brasil, 38% dos estudantes não dominam a leitura, em outros 21 países esse percentual não passa de 5%. Dentre eles, Irlanda (2%), Finlândia (4%), Inglaterra (3%), Singapura (3%) e Espanha (5%).

O relatório mostra ainda que cerca de 24% dos alunos brasileiros dominam apenas as habilidades básicas de leitura. Somente 13% dos avaliados no país podem ser considerados proficientes em compreensão da leitura no 4º ano de escolarização, pois alcançaram nível alto ou avançado desta habilidade.

Participantes

O estudo avaliou mais de 400 mil estudantes em mais de 13 mil escolas, em 57 países e oito regiões classificadas como “padrões de referência”, como localidades do Canadá, dos Emirados Árabes (Abu Dhabi e Dubai) e Moscou, na Rússia.

A pontuação média alcançada pelos estudantes brasileiros (419 pontos) está no nível mais baixo da escala pedagógica de proficiência, com quatro níveis. De acordo com relatório do PIRLS 2021, o desempenho dos estudantes brasileiros na leitura “é significativamente inferior a outros 58 países, de total de 65 países e regiões de referência participantes”.

O Brasil teve desempenho semelhante ao dos estudantes do Kosovo (421) e Irã (413), e superior somente aos desempenhos da Jordânia (381), Egito (378), Marrocos (372) e África do Sul (288). No outro extremo, no nível Avançado, com os melhores resultados, estão: Singapura (587 pontos); Irlanda (577 pontos) e Hong Kong (573).

A edição de 2021 contou com participação do Brasil pela primeira vez. Ao todo, 187 escolas brasileiras participaram das avaliações, com 248 turmas de 4º ano do ensino fundamental e 4.941 estudantes, distribuídos em 143 municípios de 24 Estados.

Em entrevista à Agência Brasil, o diretor do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), Ernesto Martins, destacou a importância de o país integrar uma pesquisa educacional comparativa. “É um marco o Brasil participar do PIRLS, essa avaliação de leitura, porque é importante o Brasil se comparar com o mundo para a gente ver de fato se a aprendizagem, o ensino que a gente está fazendo aqui, está bem na perspectiva internacional”.

Desigualdades educacionais

O PIRLS 2021 mostrou que o Brasil, além de se destacar negativamente pelo baixo desempenho na qualidade da leitura, também apresenta desigualdades no sistema educacional associadas às origens socioeconômicas dos estudantes, ao sexo e à cor.

No Brasil, o levantamento internacional de 2021 apontou que as meninas se sobressaem no desempenho em compreensão leitora com um resultado médio de 431 pontos, significativamente superior ao resultado médio dos meninos (408 pontos). Os estudantes autodeclarados brancos e amarelos apresentaram desempenho médio em compreensão leitora de 457 pontos, enquanto os estudantes pretos, pardos e indígenas têm uma estimativa pontual média de 399 pontos.

Pandemia

Em relação ao Brasil, o PIRLS declarou que a pandemia de covid-19 impactou na aplicação dos testes no país, uma vez que a maioria das escolas operavam em regime remoto ou híbrido com o presencial, o que reduziu a participação das unidades de ensino e dos alunos.

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela logística da aplicação da avaliação internacional no Brasil, ressaltou o contexto dessa avaliação, ocorrida durante a pandemia.

Já o diretor do Iede, Ernesto Martins, discorda e argumenta que os resultados ruins são anteriores à pandemia. “É uma pena a gente não ter aderido ao PIRLS antes da pandemia. Seria bom a gente entender melhor qual foi o efeito da pandemia e o que é efeito de uma etapa que já não funcionava tão bem antes da pandemia. Acho difícil imaginar que o resultado ruim do Brasil se deve só à pandemia, porque o Brasil está muito atrás dos países desenvolvidos”.

Desafios

O PIRLS recomendou intervenção do governo brasileiro por meio de políticas públicas ainda na etapa educacional avaliada pelo PIRLS, mas também pelo Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) do 2º e 5º ano para evitar a repetição do baixo desempenho dos estudantes do primeiro ciclo do ensino fundamental ao longo de sua trajetória educacional.

O diretor do Iede elegeu prioridades ao governo brasileiro na gestão da educação para diminuir a distância para o desempenho de nações desenvolvidas. “Precisamos de um sistema de ensino que dê muito suporte aos estudantes, acompanhe de perto, entendendo o contexto das crianças. Além de criar o hábito de leitura desde cedo. Porque esse estudante pode não ter o hábito de ser leitor fora do ambiente escolar, até por questões de família”. Ele acrescentou ser necessário trabalhar em políticas estruturantes, como formação de professores, para garantir uma melhora.

Na semana passada, o Ministério da Educação anunciou a ampliação de vagas de tempo integral em escolas do ensino fundamental. O governo federal planeja também o lançamento de um Pacto pela Alfabetização na Idade Certa e realiza uma pesquisa nacional com professores alfabetizadores para compreender quais são os conhecimentos e as habilidades que uma criança alfabetizada deve ter.

Avaliações nacionais e internacionais

O diretor do Iede, Ernesto Martins, comparou a avaliação internacional do PIRLS às avaliações nacionais gerenciadas pelo Inep: o Saeb e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que, de acordo com ele, avaliam apenas alguns domínios da educação básica brasileira.

“Temos uma preocupação em relação ao Saeb ser pouco exigente. Se você comparar o Saeb com o PIRLS, por exemplo, não vê no Saeb textos tão longos como existem no PIRLS. Então, tem uma questão de complexidade diferente das avaliações”.

Para Martins, a solução passa por aumentar o nível de exigência das avaliações nacionais. “Acho que o Saeb e Ideb trouxeram uma grande contribuição para a gente fazer um monitoramento maior das aprendizagens. Ajudou as escolas a garantirem habilidades básicas que antes não estavam sendo garantidas, mas a gente precisa puxar a barra da avaliação [para cima]. Porque tem uma avaliação externa dizendo que o Brasil está muito mal nos anos iniciais. E, ao mesmo tempo, há uma avaliação nacional que diz que os alunos vão muito bem. Tem um problema com a nossa régua”, conclui.

Em resposta, o Inep destacou o rigor técnico das avaliações nacionais e internacionais sob responsabilidade do instituto vinculado ao Ministério da Educação (MEC). “[As avaliações] têm características próprias, mas todas são realizadas com o rigor técnico necessário para garantir a fidedignidade da medida. O que se deve observar é que, de fato, o Saeb e o PIRLS avaliam públicos diferentes com metodologias diferentes. Mas não se verifica contradição entre os resultados. As informações são complementares e ajudam a entender melhor o cenário educacional, a fim de planejar intervenções mais eficientes para sanar as lacunas de aprendizagem identificadas”.

O Inep detalhou que os resultados da última edição do Saeb, em 2021, mostram que, no 2º ano do ensino fundamental, 33,6% dos estudantes ainda leem apenas palavras isoladas. E, no 5º ano, 28,4% dos estudantes localizam informações explícitas em textos narrativos curtos, informativos e anúncios, e interpretam linguagem verbal e não verbal em tirinhas de ilustrações quadrinhos, mas, de fato, ainda não compreendem o sentido de palavras e expressões, por exemplo.

PIRLS

O PIRLS é realizado desde 2001 pela Associação Internacional para Avaliação do Desempenho Educacional (IEA), que reúne instituições de pesquisa, órgãos governamentais e especialistas que se dedicam à realização de diferentes estudos e pesquisas educacionais comparativas.

A avaliação das habilidades de leitura pelo PIRLS está dividida em dois eixos. A experiência literária, com textos com função estética e lúdica. E a leitura de textos informativos que têm o objetivo de comunicar e esclarecer sobre um determinado tema. As provas aplicadas no fim de 2021 e início de 2022 foram nos formatos digital e em papel, conforme a localidade do mundo. No Brasil, o modelo adotado pelo Inep foi no papel.

(Fonte: Agência Brasil)

A kitesurfista maranhense Socorro Reis, que é patrocinada pela Fribal e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Grupo Audiolar, da Revista Kitley e do programa Bolsa-Pódio, vive a expectativa pela participação em mais uma importante competição no cenário mundial da modalidade. Principal atleta do kitesurf feminino do Brasil, Socorro está confirmada na disputa da Allianz Regatta, que ocorre entre os dias 31 de maio e 4 de junho, em Lelystad, na Holanda. 

A Allianz Regatta será um dos maiores testes de Socorro Reis antes dos principais desafios na temporada de 2023: o Campeonato Mundial de Vela, entre os dias 10 e 20 de agosto, na cidade de Haia, na Holanda, e os Jogos Pan-Americanos, que serão disputados entre 25 de outubro e 5 de novembro, em Santiago, no Chile. Os dois eventos valem vaga para os Jogos Olímpicos de 2024, em Paris, na França. 

Socorro Reis viaja para a Holanda com a confiança em alta após grandes resultados nas primeiras competições que participou em 2023. Em fevereiro, a maranhense garantiu o segundo lugar das Américas e a nona posição na classificação geral do Clearwater US Open, que ocorreu em Clearwater, nos Estados Unidos. Pouco depois, em março, Socorro brilhou no Campeonato Pan-Americano de Fórmula Kite, em Cabarete, na República Dominicana, onde conquistou o vice-campeonato continental e ficou na terceira colocação na classificação geral. Além disso, Socorro Reis representou o Maranhão e o Brasil na tradicional Semana Olímpica Francesa, disputada em abril, na cidade de Hyères. 

"Esse ano é muito decisivo, com os maiores desafios da minha carreira, que são os eventos classificatórios para os Jogos Olímpicos. A vaga olímpica é meu grande objetivo, estou me preparando, me ajustando e evoluindo para estar presente nesse evento que é o sonho de todo atleta. A cada campeonato que participo, volto para casa com ajustes que serão colocados em prática no evento seguinte. Estou bem feliz pela oportunidade de representar o Maranhão e o Brasil mundo afora, e busco sempre dar o meu melhor em busca de grandes resultados", afirmou Socorro. 

Últimas conquistas

Em novembro de 2022, Socorro Reis faturou pela primeira vez o título da categoria feminina do Campeonato Pan-Americano de Fórmula Kite, em São Luís, e também garantiu o hexacampeonato brasileiro de Fórmula Kite. Já em outubro, a maranhense foi campeã da Copa Brasil de Vela, que ocorreu em Ilhabela (SP) e foi válida como segunda etapa do Campeonato Brasileiro de Fórmula Kite. 

Também na temporada de 2022, Socorro Reis foi a quarta melhor kitesurfista das Américas e 15ª colocada da Flotilha Silver do Mundial de Fórmula Kite, em Cagliari, na Itália, conquistou a Copa Brasil de Vela de Praia, que ocorreu em agosto, na cidade de Fortaleza, e representou o Maranhão no Circuito Europeu de Fórmula Kite, no início de outubro, em Lepanto, na Grécia. 

Além disso, Socorro Reis também garantiu a segunda posição no Campeonato Asiático, realizado em março, na Tailândia, esteve na disputa da Semana Olímpica Francesa, em abril, e ficou no Top 20 da Copa do Mundo de Vela, ocorrido em junho, na Holanda. Já em 2021, Socorro foi pentacampeã brasileira, vice-campeã pan-americana e terceira colocada na categoria Master Feminina do Campeonato Mundial.

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O Palácio Gustavo Capanema, no centro do Rio de Janeiro (RJ), deverá ser entregue à população em 2024, após a conclusão da reforma iniciada em 2018. A nova proposta de ocupação do edifício foi apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), nessa segunda-feira (15), em reunião com a ministra da Cultura, Margareth Menezes.

O prédio receberá um conjunto de espaços para exposições sobre temas associados à arte e à formação da sociedade brasileira, da cultura popular às manifestações afro-brasileiras. O local também abrigará atividades administrativas dos órgãos vinculados ao Ministério da Cultura.

O presidente do Iphan, Leandro Grass, falou sobre a importância do lugar. “Esse é um símbolo nacional, um importante bem do patrimônio moderno, e que, em breve, estará novamente acessível à população, por meio de exposições, ações de Educação Patrimonial e outros projetos importantes”.

Os quatro últimos andares do prédio vão abrigar espaços para exposições – do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular, da Fundação Cultural Palmares, do Instituto Brasileiro de Museus e da Fundação Nacional de Artes. No terraço, com vista privilegiada da cidade, serão mantidos um café e um restaurante.

Histórico

O prédio foi projetado para receber o Ministério da Educação e Saúde. A construção foi iniciada em 1937 e concluída em 1945, no governo de Getúlio Vargas. A edificação é considerada um marco na elaboração da arquitetura modernista brasileira, responsável por alçar o Brasil à referência internacional.

De sua concepção, participaram arquitetos como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy e Jorge M. Moreira, tendo à frente Lucio Costa. O projeto também contou com a consultoria do arquiteto francês Le Corbusier.

Depois, recebeu o nome de Palácio Gustavo Capanema, homenagem ao então ministro da Educação e Saúde, quando da execução do projeto. O palácio também se tornou recanto de importantes referências artísticas nacionais. Ele guarda quadros e murais de Candido Portinari, esculturas de Bruno Giorgio, Adriana Janacópulos, Celso Antônio e Jacques Lipchitz, além dos jardins de Burle Marx.

Recentemente, o prédio esteve envolvido em dois movimentos de fortalecimento da cultura brasileira. Em 2016, o Palácio Capanema foi ocupado por movimentos sociais e artistas contra o fechamento do Ministério da Cultura. Já em 2021, foi anunciada a venda de prédios públicos à iniciativa privada, incluindo o Palácio Capanema, proposta criticada por setores ligados à cultura e à sociedade brasileira.

(Fonte: Agência Brasil)

Um estudo realizado pela World University Rankings (CWUR) mostrou que nenhuma universidade estadual ou federal brasileira está no top 100. A lista mostra 22 instituições nacionais entre as mil melhores. O levantamento leva em conta quatro áreas para fazer a classificação: o sucesso acadêmico de ex-alunos, empregabilidade, distinções do corpo docente e pesquisas realizadas.

No ranking, as primeiras colocações são de instituições estadunidenses: a Universidade de Harvard, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e a Universidade de Stanford. Aliás, nas 10 melhores posições, estão oito instituições estadunidenses e duas inglesas.

Entre as brasileiras, a melhor colocação (109ª) ficou com a Universidade de São Paulo (USP). No ano passado, a estadual havia ficado quatro posições na frente. A segunda brasileira é também de São Paulo, a Universidade de Campinas (Unicamp) (que era a 347ª, subiu para a 344ª posição).

A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ, a terceira posição entre as nacionais e a que tem melhor colocação entre as federais) caiu da 360ª posição para 376ª. A estadual de São Paulo (Unesp) também desceu no ranking (era a 421ª e foi para 424ª). A federal do Rio Grande do Sul subiu da posição 474 para 467.

Recomposição do orçamento

A respeito do resultado do levantamento, o Ministério da Educação (MEC) informou à Agência Brasil que o trabalho atual é de recomposição do orçamento da pasta, que sofreu perdas no governo anterior e atua para diminuir os efeitos da pandemia que atingiu todas as dimensões do ensino no país.

O MEC ainda acrescentou que todas as ações implementadas têm como finalidade ampliar as oportunidades de acesso e permanência dos jovens na educação superior. “Neste ano, já foram anunciados R$ 2,44 bilhões em investimentos para fortalecer a educação superior e o ensino profissional e tecnológico público no país, recuperando a tendência de cortes e contingenciamentos dos últimos anos”.

Avaliação

Para o pesquisador Fabrício Garcia, sócio-fundador da plataforma Qstione, o Brasil precisa aperfeiçoar os sistemas de avaliação do ensino superior. “A avaliação é muito importante para que a gente tenha indicadores mais claros sobre o que tá acontecendo no ensino superior”. Uma ferramenta que existe neste momento é o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). O problema, segundo enfatiza o professor, é que o universitário não tem sido estimulado a fazer uma boa prova. “A responsabilidade, muitas vezes, fica apenas nas costas da instituição de ensino. Isso dificulta conhecer o que está bom e o que precisa melhorar”

Veja as 10 melhores universidades do mundo, segundo o ranking:

1 - Universidade Harvard (EUA)

2 - Instituto Tecnológico de Massachusetts (EUA)

3 - Universidade de Stanford (EUA)

4 - Universidade de Cambridge (Inglaterra)

5 - Universidade de Oxford (Inglaterra)

6 - Universidade de Princeton (EUA)

7 - Universidade de Chicago (EUA)

8 - Universidade de Columbia (EUA)

9 - Universidade da Pensilvânia (EUA)

10 - Universidade de Yale (EUA)

As 10 melhores colocações entre as brasileiras:

109 - Universidade de São Paulo

344 - Universidade de Campinas

376 - Universidade Federal do Rio de Janeiro

424 - Universidade Estadual de São Paulo

467 - Universidade Federal do Rio Grande do Sul

503 - Universidade Federal de Minas Gerais

582 - Universidade Federal de São Paulo

696 - Universidade Estadual do Rio de Janeiro

698 - Fundação Oswaldo Cruz

718 - Universidade Federal de Santa Catarina

(Fonte: Agência Brasil)

No próximo sábado (20), a Federação Maranhense de Judô (FMJ) vai promover dois importantes eventos de fomento esportivo em São Luís. O primeiro deles é o Festival de Judô, atividade voltada para crianças de 4 a 10 anos de idade com o objetivo de atrair e incentivar a prática da modalidade a jovens judocas. O outro evento será a disputa da segunda etapa do Circuito Maranhense de Judô 2023, que servirá de seletiva para o Campeonato Brasileiro Sub-18, competição prevista para ocorrer em junho, no Rio de Janeiro. Tanto o Festival quanto essa etapa do Circuito Maranhense já estão com inscrições abertas. 

Os judocas que desejarem participar de algum dos eventos, devem entrar em contato com a Diretoria da FMJ pelo telefone (98) 98872-5572. As taxas de inscrição para o Festival e para o Circuito Maranhense custam R$ 50 cada um. 

Vale destacar que os dois eventos serão realizados no Colégio Marista Araçagi. Pela manhã, a partir das 8h, ocorrem as disputas do Festival de Judô. No turno vespertino, a partir das 15h, a FMJ confirmou os combates da segunda etapa do Circuito Maranhense, que contará com disputas em diversas categorias: do Sub-13 ao Veteranos. 

Circuito Maranhense

A primeira etapa do Circuito Maranhense de Judô ocorreu no mês de fevereiro, no Ginásio Costa Rodrigues. Na ocasião, o evento contou com a participação de mais de 170 judocas de diversas regiões do Maranhão e coroou a equipe do Fórum Jaracaty, campeã geral do torneio ao conquistar 23 medalhas no total, sendo 14 ouros, 5 pratas e 4 bronzes. A equipe vice-campeã foi a Associação Mazzili com 21 medalhas (14 ouros, 5 pratas e 2 bronzes). 

Nas disputas pelo naipe masculino, a Academia Góes foi quem teve o melhor desempenho. No total, a equipe somou 13 medalhas, sendo 10 de ouro e 3 prata. Vice-campeã no geral, a Associação Mazzili ficou em segundo na classificação masculina com 9 ouros, 5 pratas e 1 bronze conquistado. 

O título de campeão geral conquistado na primeira etapa do Circuito Maranhense de Judô pelo Fórum Jaracaty muito se deve ao desempenho da equipe feminina. No total, as meninas garantiram 8 medalhas de ouro e 1 de prata e terminaram a competição na primeira colocação. A segunda colocação ficou com a Associação Mazzili: 5 ouros e 1 bronze. 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

A Biblioteca Nacional (BN) lançou nesta segunda-feira (15), em evento gratuito e aberto ao público, a publicação Lima Barreto: no Curso da Vida e das Leituras. Trata-se de um inventário analítico do acervo pessoal do escritor, que inclui correspondências, textos literários, documentos pessoais e caderno de imagens. O material pode ser acessado no site da Fundação Biblioteca Nacional (FBN).

Em entrevista à Agência Brasil, o presidente da BN, Marco Lucchesi, ressaltou a importância deste momento, porque a instituição constitui um “imenso patrimônio da memória brasileira e Lima Barreto, para nós, faz parte da memória do mundo”. Lucchesi destacou o significado do autor em relação à história da literatura brasileira, ao tecido urbano, carioca e, sobretudo, a uma perspectiva étnica contemporânea. “Porque basta passar os olhos no Cemitério dos Vivos e no Diário, de Lima Barreto, que se nota que de fato a perspectiva de um país democrático continua sendo uma conquista árdua em que ele, Lima, foi num dos precursores mais ferrenhos, mais inteligentes, nítidos e que espelha justamente na sua morte, em 1922, a marca dramática do que foi essa conquista e o talento dele imenso”, disse Lucchesi.

Memória do mundo

O acervo de Lima Barreto, que integra a Divisão de Manuscritos, foi incluído no Programa Memória do Mundo (MoW, do nome em inglês) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2017. O programa visa promover a visibilidade, a preservação e a difusão de documentos e coleções de reconhecido valor universal. A Biblioteca Nacional recebeu na ocasião o título de Memória do Mundo do Brasil. O inventário é composto por 1.134 documentos e contém hiperlinks (ligações ou referências) que permitem acesso remoto a alguns dos itens disponibilizados na BN Digital. “A BN tem uma relação umbilical, vocacionada a que boa parte do seu acervo seja Memória do Mundo. E aí está, exatamente, o lugar também de Lima Barreto”, apontou o presidente.

Marco Lucchesi destacou o trabalho analítico realizado pela Divisão de Manuscritos, com todas as precisões documentárias e metadados referentes ao significado desse acervo. “É página por página, folha por folha, até o papel, a matéria definindo o tema. Enfim, uma visão de conjunto que é muito tática e muito importante para a Biblioteca Nacional e, sobretudo, para a cultura brasileira.”

Nascido em 1881, o escritor Lima Barreto foi responsável por uma vasta produção, que inclui não apenas contos e romances, como artigos de jornal, crônicas, ensaios e diários. Seu acervo reúne ainda correspondências trocadas com vários interlocutores sobre temas que vão desde questões pessoais, até suas ideias sobre liberdade, justiça, igualdade, relações inter-raciais e a dinâmica social no Rio de Janeiro, no início do século XX.

O presidente da BN lembrou que a instituição tem um depósito importante de escritores brasileiros, inclusive alguns mais recentes. Ele espera que o inventário de Lima Barreto traga à tona, para a sociedade brasileira, este lugar também da Biblioteca como guarda de importantes páginas da literatura nacional de outrora, mas também um pouco mais recentes. “Não contemporâneas, mas bastante recentes”. Outros inventários deverão ser lançados pela BN dentro do projeto Memória do Mundo do Brasil. “É um trabalho que não encontra fim, porque o material aqui é enorme, de acordo com a história do país.”

Humanismo

Maria Fernanda Nogueira, servidora da BN e organizadora do inventário, espera que a publicação traga mais pessoas pesquisando sobre Lima Barreto e tenha mais trabalhos feitos sobre a obra do autor. Maria Fernanda sublinhou a importância de Barreto não só em termos de literatura, mas por ter retratado muito do Brasil na época da primeira República, abordando todos os processos históricos após a libertação da escravatura. “Ele também é uma pessoa importante para a gente pensar o Rio de Janeiro, o Brasil, naquele período. Por isso, ele tem essa importância de Memória do Mundo Brasil, que é a memória nacional. Ele traz, ele reflete a memória da nação, além da vivência dele como homem negro, periférico. E tudo isso não deixa de ser atual hoje em dia.”

Carlos Henrique Juvêncio, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), foi um dos participantes da elaboração do inventário, do qual fez a apresentação. Destacou que, quando se traz à tona o acervo de uma pessoa negra em uma instituição como a BN, isso faz as pessoas negras se reconhecerem e passarem a buscar esse espaço que é delas também. “Ao tratar e divulgar, você está mostrando que a BN é de todos e a importância de ter acervo da pessoa branca, da pessoa negra, de descendentes indígenas, de mulheres, e por aí vai”.

(Fonte: Agência Brasl)

Games, jogos eletrônicos, Celular

Idealizada pela Araucária Agência Digital e pelo Festival Hacktudo, a exposição Hi Tech Celular 50 conta a história dos 50 anos de invenção do celular a partir do próximo dia 23, no Museu do Amanhã, na região portuária do Rio de Janeiro. O aparelho foi criado, no dia 3 de abril de 1973, pelo engenheiro americano Martin Cooper. A mostra terá o formato de circuito expositivo, com recursos audiovisuais, tótens alfanuméricos, painéis e jogos com dados e curiosidades. A narrativa leva o público por seis seções: Buraco Negro, Mobilidade e Liberdade, Popularização e Individualização, Multiplicidade, Excesso e Labirinto de Possibilidades.

A exposição não abordará somente a história do celular. “Há um caminho histórico, mas, no final, questiona quais são as possibilidades de impacto do celular na saúde, na educação, na cultura, na democracia”, disse o curador da mostra, Miguel Colker. Haverá, também, discussões sobre o futuro do aparelho. A ideia inicial é levar o espectador para dentro do celular que, desde sua invenção, vem convergindo e sugando quase todas as tecnologias: câmera fotográfica, câmera filmadora, máquina de escrever, bússola, mapa, calculadora, “e a nossa atenção também”, completou Colker.

Gerações

A volta ao passado revela que, até a primeira geração dos celulares, a pessoa só falava em uma ligação. Segundo o curador, o grande advento da primeira geração foi o corte do fio que prendia o telefone a uma mesa, à parede, a um escritório, a uma casa. Ao mesmo tempo, essa primeira geração era muito rudimentar e primitiva. Os celulares eram todos pretos ou brancos, pesados e enormes. A primeira geração do celular deu liberdade de se comunicar, mas não tinha roaming (serviço que permite receber e fazer ligações ou usar os dados móveis em regiões fora da cobertura da operadora contratada), lembrou o curador.

roaming só foi aparecer na segunda geração dos celulares, que é chamada de popularização e individualização. Na segunda geração, os celulares se mostram como um dispositivo eficaz e necessário. “Ele se desenvolve devido à necessidade humana em torno dele. Passa a se popularizar. É nessa segunda geração que a gente passa a se acostumar com a presença do celular, ao contrário da primeira geração, que não era acessível a todos, mas simbolizava um ‘status’ de elite”. Já na segunda geração, ele chega à classe média, passa a se popularizar e a própria indústria ajuda nisso, com a quebra do monopólio estatal e o surgimento das operadoras comerciais. “O celular deixa de ser único da elite e passa a ser individualizado, de adultos, do adulto executivo, da criança, da “patricinha”, do roqueiro. Passa a ter um processo de individualização desse aparelho”.

Há, nessa fase, um desenvolvimento tecnológico importante. O celular deixa de ser analógico e passa a ser digital. Quando isso ocorre, ele propicia o surgimento do SMS. “A gente deixa de ter um dispositivo apenas para ligar um para o outro e tem para mandar mensagens textuais. O celular propicia várias coisas, como abreviações, a comunicação de emoticons  (caracteres que expressam emoções). Isso passa a entrar na cultura popular por meio dos torpedos. A segunda geração passa a ser também aparelho para a pessoa se entreter, se divertir, por meio de games (jogos)”.

A terceira geração do celular marca o advento do smartphone, “que é uma revolução”, disse Colker. A terceira geração cria, na verdade, a internet móvel, une internet e telefone com computação. O curador disse que as gerações ímpares são revolucionárias, enquanto as pares intensificam o processo da revolução anterior.

Na visão de Colker, a transição da quarta para a quinta geração é muito parecida com o que foi vivenciado na terceira geração. Houve uma intensificação tecnológica na quarta geração. E o que se espera é que a quinta seja uma nova revolução. Miguel Colker estimou, entretanto que os efeitos da revolução do 5G só irão aparecer na sexta geração, daqui a dez ou 15 anos, assim como se consegue sentir os efeitos da criação do smartphone com mais força hoje.

Necessidade

Colker analisou que o celular já é o dispositivo de maior inclusão digital no mundo, mas deverá se tornar quase que necessário, no futuro próximo. A democratização do celular, atingindo as classes econômicas C e D, ocorreu na transição da terceira para a quarta geração do aparelho. O número continua crescendo, mas Colker afirmou que em curto prazo, porém, não haverá universalização porque o mundo é muito desigual ainda. Estimou que o celular vai chegar a 90% da população e, aí, passará a ser um dispositivo crucial para temas da sociedade como saúde, educação, cultura, diversidade, sustentabilidade.

No médio e longo prazo, acredita-se que haverá nova mudança em relação ao celular. O fio, que havia sido abandonado na primeira geração, parece ter voltado de maneira perversa na quarta geração, porque hoje, segundo a Ericsson Mobility Report, 91% das pessoas não conseguem ficar a mais de um metro de distância de seus smartphones. “Ou seja, tem um fio que conecta a gente aos nossos smartphones. O que se espera é que, nas próximas gerações, a gente vai se libertar desse monolito preto e partir para outro estágio. As telas vão se multiplicar. Eu posso ter um chip no meu corpo e esse chip pode se conectar com qualquer tela que esteja presente na minha frente, dentro do ônibus, do Uber, da minha casa, do computador. Ou, talvez, eu nem precise de tela porque vai ter um aumento vertiginoso dos assistentes de voz, com o avanço do 5G, do 6G e por aí vai”, sinalizou o curador.

Futuro

Para o coordenador do Centro de Tecnologia e Sociedade (CTS) da Fundação Getulio Vargas Direito (FGV Direito Rio), Luca Belli, o celular foi uma evolução em termos de tecnologia que suporta outras tecnologias. No início, equivalia a um tijolo, com mais de um quilo, que suportava somente ligações de áudio. Depois, surgiu o SMS, criado em princípio como um sistema de emergência que, depois, viralizou como um serviço útil, e, inclusive, foi um dos principais modelos de negócio dos anos de 1990 a 2000. Depois, integrando todas as funcionalidades de um computador, o iPhone e, depois, o smartphone evoluiu como uma plataforma, integrando todos os outros serviços e invenções que estão sendo concebidos.

Luca Belli indicou a existência de dois caminhos para o celular. De um lado, o smartphone poder evoluir, integrando mais capacidades de inteligência artificial (IA), mais serviços como comunicações holográficas, com a evolução da computação, mas também com a migração da capacidade computacional do smartphone pelos grandes servidores em nuvem e, ainda o aprimoramento das redes de comunicação. “Eu acho que tem um grande futuro, não como celular básico, mas como aprimoramento do smartphone de hoje, com mais serviços, incorporando inteligência artificial (IA), funcionalidades de realidade aumentada”.

Outro caminho envolve as funcionalidades de o smartphone serem incorporadas em outros tipos de aparelho, como os smartwatchs (relógios inteligentes ou relógios de pulso computadorizados). Isso depende muito da evolução tecnológica, de um lado e, também legislativa, para proteção da privacidade e de dados pessoais, como no caso de câmeras ligadas em óculos. “A gente pode prever essa bifurcação. De um lado, o celular como suporte para novos serviços, com enorme presença de inteligência artificial, e como suporte de voz, que já está acontecendo, mas vai ser aprimorado, com nível de sofisticação muito mais elevado nos próximos anos”. De outro lado, admitiu que também é possível que tudo que existe no celular seja incorporado a outros tipos de aparelhos mais práticos e leves, como relógios, óculos, com possibilidade, também, de existir uma função híbrida - que o celular continue sendo suporte computacional para outros aparelhos menores, que são conectados não só à internet, mas entre eles, com suporte maior. 

(Fonte: Agência Brasil)

O governo federal está formulando um documento para a criação da Política Nacional de Educação Midiática. A informação é do secretário nacional de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, João Brant.

“Vamos lançar, nas próximas semanas, um documento-base para essa discussão de política de educação midiática para consultas e audiência pública”, disse Brant, ao participar de audiência pública virtual realizada, na última sexta-feira (12), sobre o combate às fake news [notícias falsas] na internet, promovida pelas comissões de Representação para Acompanhar o Cumprimento das Leis (Cumpra-se!) e de Defesa dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj).

Segundo o secretário, a nova política vai envolver também os ministérios dos Direitos Humanos, da Educação e da Saúde. O debate vai incluir, entre outras iniciativas, a educação midiática na educação básica, vinculada aos mecanismos da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), a formação continuada de professores, a formulação de material didático, a orientação de uso consciente da internet pelas crianças e adolescentes e parcerias com organizações da sociedade civil, além da difusão de conteúdos de educação midiática.

Projeto de lei

O presidente da Comissão do Cumpra-se!, deputado Carlos Minc, afirmou que as propostas apresentadas pelos participantes do debate serão incorporadas ao Projeto de Lei 4.791/20, de sua autoria, que estabelece o Programa de Educação Midiática nas escolas estaduais do Rio de Janeiro. Minc destacou que, na justificativa do projeto, 62% das pessoas entrevistadas reconheceram que já acreditaram numa desinformação.

“Tem várias medidas de conscientização dos alunos. Como verificar uma fonte, uma foto, falar com os pais, com o professor. Quanto à possibilidade de aprovar, aqui votamos leis pioneiras no Brasil. É um tema complexo e apenas uma lei não basta, é preciso que haja o debate”, disse o parlamentar.

O projeto do deputado é inspirado em estratégias bem-sucedidas contra a desinformação aplicadas na Finlândia. A conselheira de Educação da Embaixada da Finlândia, Johanna Kivimaki, explicou o método utilizado nas escolas de seu país.

“As crianças são introduzidas ao consumo e produção de diferentes formas de mídia, num ambiente lúdico e seguro. A veracidade e confiabilidade da mídia e suas fontes também são analisadas junto aos alunos para que desenvolvam o pensamento crítico. A desinformação é uma ameaça à sociedade democrática”, afirmou.

(Fonte: Agência Brasil)

Sítio arqueológico Cais do Valongo e Cais da Imperatriz, na região portuária do Rio

Das ladeiras de Ouro Preto às ruas de Salvador, passando pelo Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, ou pela Rota da Liberdade, em São Paulo, e chegando à Serra da Barriga, em Alagoas. Esses são alguns dos lugares que abrem as portas para o passado escravista brasileiro e contam para todos nós, até hoje, um pouco das origens do povo negro do país.

Mais de 130 anos depois da abolição da escravatura, assinada em 13 de maio de 1888, o afroturismo, modalidade que valoriza o patrimônio material e imaterial da população negra brasileira, vem ganhando espaço. Tanto que, em janeiro deste ano, o Ministério da Igualdade Racial e a Embratur iniciaram uma parceria para incentivá-lo.

O turismólogo e vice-presidente do Conselho Municipal de Defesa dos Direitos do Negro do Rio de Janeiro, Bruno Franco, diz que o termo afroturismo ainda é novo, mas essa é uma estratégia que já vem sendo estruturada há algum tempo.

“Por onde a diáspora africana nos levou, a gente deixou as nossas marcas. E essas marcas estão tanto hoje na história, na cultura, na música e, também, até em monumentos históricos. O afroturismo é contar a nossa história, por nós mesmos, na nossa essência”.

Uma das maiores referências nesse tipo de turismo no Brasil é o Parque Memorial Quilombo dos Palmares, que ocupa o espaço que foi o de maior resistência à escravidão do país, liderado pelo herói Zumbi.  

Balbino Praxedes, representante regional de Alagoas da Fundação Cultural Palmares, destaca que, em 2022, o parque recebeu mais de 35 mil visitantes - um aumento de 51% em relação ao ano anterior. 

“O parque contribui para a visibilidade e reconhecimento da história do povo negro desta nação, a partir do momento em que ele nos leva à reflexão e entendimento dos fatos ocorridos por uma das etnias que compõe a nossa nação”.

No Rio de Janeiro, o Cais do Valongo, principal ponto de desembarque e comércio de pessoas negras escravizadas nas Américas, é tão importante que foi eleito Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Mercedes Guimarães, diretora do Instituto Pretos Novos, criado para preservar o patrimônio material e imaterial da região conhecida como Pequena África, no centro do Rio, explica o que o visitante pode aprender ao conhecer o Cais.

“É um livro a céu aberto. A gente fala do Machado de Assis, a gente fala da própria Mercedes Batista, o samba, as tias, o mercado que houve aqui da região e até chegar ao cemitério e também a gente leva depois para o Museu da História Afro-Brasileira”.

Bruno Franco também destaca que outro ponto relevante para o afroturismo no Rio de Janeiro é o Vale do Café. No entanto, este é um local que exige uma visita crítica.

“Porque tem a questão do fazendeiro, do cafezal, a glamourização da escravidão, né, como se fosse algo belo, e não é. Porque mostra as fazendas como coisa linda, quando, na verdade, aquilo, para nós, era um local de sofrimento”.

Em Ouro Preto, um dos destaques do afroturismo é a visitação à Mina do Chico Rei, africano escravizado que era rei no Congo, antes de ser trazido ao Brasil para trabalhar nas minas, e que conseguiu comprar sua alforria e também de outros escravizados.

Já em Salvador, a cidade mais negra do Brasil, há muitos museus e monumentos que reverenciam a cultura negra, além da sua forte influência na religiosidade e na culinária.

(Fonte: Agência Brasil)

O Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (EBA/UFMG) atribuiu mais uma imagem sacra ao escultor, arquiteto e entalhador Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, artista de renome do Barroco brasileiro.

A cabeça de São Francisco Penitente – um santo de vestir, representação sacra que era utilizada em procissões – foi devolvida à Paróquia de São Caetano, em Cipotânea, interior de Minas Gerais, em abril. “A gente não tem dúvidas com relação a essa atribuição”, confirmou à Agência Brasil a professora do Departamento de Artes Plásticas da EBA/UFMH e atual diretora do Cecor, Alessandra Rosado. Ela esclareceu, porém, que o Cecor não emite certificados de autenticidade, mas confirma a autoria das peças a partir dos múltiplos exames efetuados pela equipe do órgão.

Produzida em madeira policromada, a imagem de São Francisco Penitente foi encaminhada ao centro para restauração e conservação, em 2016, com outras 23 obras, dentro do Projeto Extramuros, financiado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG). O projeto foi viabilizado por meio de convênio celebrado entre o MP-MG, o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG), a UFMG e a Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep), com o repasse de recursos advindos de medida compensatória obtida com a celebração de Termo de Ajustamento de Conduta com empreendimento minerário.

Todas as obras já foram devolvidas às suas paróquias como de autores desconhecidos, mas somente a de São Francisco Penitente teve a autoria reconhecida. A imagem tem 1,27 metro de altura e pesa, aproximadamente, 16 quilos (kg).

A primeira imagem cuja autoria foi confirmada pelo Cecor como sendo de Aleijadinho foi a de Nossa Senhora da Piedade, da cidade mineira de Felixlândia, há mais de dez anos. A de São Francisco Penitente é a segunda que teve a imagem confirmada como sendo de Aleijadinho.

Estudos

Alessandra Rosado explicou que, por se tratar de uma imagem de vestir, ela é formada por vários blocos e, desse modo, não tem uma estrutura esculpida de maneira artística. Os estudos referentes à atribuição a Aleijadinho foram feitos na cabeça da escultura.

“Porque as mãos e os pés não são do Aleijadinho”. Para comprovar a atribuição ao escultor barroco, foi feito um estudo interdisciplinar, com profissionais da área de história, conservadores e restauradores e cientistas da conservação. Todas as análises documentais encontradas sobre a peça, histórico, contexto da obra e período em que foi realizada, além da ação de Aleijadinho na região confirmaram a autoria.

Os elementos foram alinhados a análises físico-químicas, identificação da madeira, radiografias. “Essas radiografias são importantes porque, como é uma imagem que estava com repintura, isso dificultava a confirmação de sua autoria”.

Foi efetuada, então, uma análise mais apurada dos estilemas do artista, que são detalhes ou marcas próprias do escultor como a forma como ele faz as mechas dos cabelos, o lacrimal dos olhos, o sulco nasolabial, o formato do queixo, da barba, das orelhas.

“São estilemas que, no caso do Aleijadinho, são bem conhecidos, mas a repintura dificultava essa leitura”.

A pintura foi removida, mas ficou uma repolicromia. Ou seja, como a carnação original foi se perdendo com o tempo e, em um período bem antigo, foi feita uma nova carnação, ou repolicromia, informou a diretora do Cecor. Por cima da carnação, tinha outras repinturas que foram removidas. As radiografias permitiram visualizar mais detalhes para efeito de comparação com outras obras do Aleijadinho. Ocorreram, também, análises das tintas usadas, se eram compatíveis com o período analisado, a forma de utilizá-las.

“Tudo isso é trabalhado de forma conjunta com todos os membros da equipe. Isso facilita o entendimento melhor da obra e, também, a conclusão de que é uma obra de autoria do Aleijadinho.”

Função devocional

A professora destacou que a imagem de São Francisco Penitente é interessante, porque, há 40 anos, tinha deixado de cumprir sua função devocional e estava guardada na matriz. Foi Marcos Paulo Miranda, que é procurador de Minas Gerais e pesquisador de Aleijadinho, quem viu a imagem e achou que poderia ser uma escultura do Aleijadinho. Ele incluiu a obra para restauração junto com as demais. O documento do Cecor conclui que a imagem foi produzida por Aleijadinho entre 1790 e 1792, na região de Rio Espera, situada a 13 quilômetros de distância de Cipotânea.

Segundo Alessandra, a devolução demorou um pouco porque a peça entrou no Projeto Extramuros como uma obra sem autoria e, com todos os estudos, foi constatada a autoria do Aleijadinho.

O Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG), em parceria com o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) acharam por bem aguardar até que houvesse maior segurança para a devolução da obra à matriz. A professora lembrou que os estudos ficaram paralisados durante dois anos da pandemia da covid-19. Em seguida, foram retomadas as tratativas para a avaliação da obra e algumas adaptações do espaço da igreja para onde a imagem retornou.

Boatos de que alguma das imagens da Paróquia de São Caetano poderia ser de autoria de Aleijadinho surgiu ainda no início do distrito de São Caetano do Xopotó, elevado à categoria de paróquia em 1857, e que receberia o nome de Cipotânea em 1938.

Iphan

Em nota enviada à Agência Brasil, o Iphan reconheceu que o Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais (Cecor) da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) realizou um “rigoroso trabalho técnico-científico e interdisciplinar para identificar a autoria do rosto da imagem como sendo de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho”.

De acordo com o Iphan, o trabalho exigiu um estudo completo da materialidade da escultura, abrangendo desde análise iconográfica e das características formais da peça até análises físico-químicas, radiografias, análise botânica da madeira, além da importante pesquisa histórica sobre a presença de Aleijadinho na região de Cipotânea ou Rio Espera.

“Assim, o Iphan entende que a atribuição de autoria de bens culturais produzidos em períodos remotos, especialmente antes do século 19, é uma tarefa complexa e requer um estudo aprofundado e a aplicação de diversas técnicas e métodos e, desta forma, não cabe à autarquia, neste momento, confirmar ou refutar a autoria da obra, reconhecida pelo Cecor e sim reforçar seu apoio e parceria na realização dos trabalhos”. 

(Fonte: Agência Brasil)