O prazo para inscrever no Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos para Pessoas Privadas de Liberdade (Encceja PPL) 2023 termina nesta sexta-feira (4). As provas serão aplicadas nos dias 17 e 18 de outubro.
O Encceja PPL é destinado aos jovens e adultos privados de liberdade, que cumpram medidas em instituições da administração prisional ou socioeducativa, e que não tenham concluído os ensinos fundamental e médio no tempo certo, mas buscam a certificação.
Para participar, é necessário ter, no mínimo, 15 anos completos, no dia de realização das provas e não ter concluído o ensino fundamental, ou, para a certificação do ensino médio, é necessário ter no mínimo 18 anos completos, no dia realização das provas, e não ter concluído o ensino médio.
Os exames são divididos em quatro áreas do conhecimento: ciências da natureza e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias; linguagens, códigos e suas tecnologias e redação; ciências humanas e suas tecnologias.
Na inscrição, o responsável pedagógico deve indicar as provas que o participante realizará e se há necessidade de atendimento especializado. Também poderá ser feita a solicitação de tratamento pelo nome social. Todo o procedimento é feito por meio do Sistema Encceja PPL.
Instituições
O prazo para adesão dos órgãos de administração prisional e socioeducativa à aplicação do Encceja PPL permanece aberto até o fim do prazo de inscrição, na sexta-feira. O procedimento deve ser feito por meio de ofício enviado ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), por mensagem eletrônica, noe-mail, com o assunto da mensagem "Adesão Encceja Nacional PPL 2023". Os órgãos devem indicar as unidades de aplicação e o responsável pedagógico.
É necessário que as unidades que queiram se cadastrar tenham espaço físico, coberto e silencioso, iluminação, cadeiras, mesas e todas as condições para a aplicação e garantia da segurança de participantes e aplicadores.
O prazo da segunda chamada para comprovação de documentação dos classificados para o segundo semestre, do Programa Universidade Para Todos (Prouni) 2023 terminará na próxima quinta-feira (3). Nesta etapa, os candidatos às bolsas integrais e parciais de estudo em cursos de graduação, nas instituições privadas de educação superior, devem comprovar as informações fornecidas durante a inscrição.
A entrega da documentação pode ser feita por meio eletrônico no Portal de Acesso Único do Ministério da Educação (MEC), ou na própria instituição de ensino superior. https://acessounico.mec.gov.br/
Os candidatos pré-aprovados devem apresentar a documentação relacionada à formação do ensino médio, à comprovação de deficiência e à comprovação de formação para o magistério da educação básica, conforme cada caso previsto no edital deste ano.
É necessário, também, apresentar documentos que comprovem renda familiar de até 1,5 salário mínimo, atualmente em R$ 1.980 – por pessoa – para quem concorre às bolsas integrais. Para bolsas parciais, a renda mensal a ser comprovada é de até três salários mínimos, por pessoa, atualmente no valor de R$ 3.960.
Exigências
A segunda chamada é uma nova chance para os estudantes classificados de acordo com as opções de curso e instituição e as notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cumprirem as exigências previstas no Prouni.
Os que perderem o prazo perdem o direito à bolsa que será destinada aos candidatos classificados na lista de espera. A divulgação da lista de espera e início dos prazos para esse grupo deverá ocorrer no dia 18 de agosto.
Para o segundo semestre de 2023, o MEC disponibilizou 276.566 bolsas, sendo 215.530 integrais e 61.036 parciais, de 50% do valor da mensalidade, para cursos de graduação, ou sequenciais de formação específica.
O prazo de inscrição no Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) 2023 termina nesta segunda-feira (31). O processo deve ser realizado, por meio do Sistema Enade, pelos coordenadores dos cursos, para estudantes ingressantes e concluintes habilitados.
Na inscrição, a Instituição de Educação Superior (IES) deve informar os dados acadêmicos e o número do CPF do estudante, conforme cadastrado na Receita Federal. Também é responsabilidade da instituição informar ao estudante sobre a inscrição no exame.
No período entre 1º e 8 de setembro, os estudantes inscritos poderão acessar o sistema para indicar necessidade de atendimento especializado e tratamento pelo nome social. Os locais de aplicação das provas serão divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) de 6 a 26 de novembro.
De 1º de setembro a 25 de novembro, os estudantes inscritos deverão preencher o questionário sobre o perfil e o processo formativo. Essa etapa é obrigatória para comprovar a participação do estudante no Enade 2023.
A prova será aplicada no dia 26 de novembro com algumas novidades, como a ampliação do tempo mínimo de permanência na sala de aplicação da prova, de uma hora, para duas horas. Nesta edição, haverá, também, mais acessibilidade, com a disponibilização do cartão-resposta ampliado, com fonte 18, para participantes com deficiência visual.
A prova é composta por duas partes: uma de formação geral; comum a todas as áreas, com dez questões, sendo uma discursiva e nove de múltipla escolha. A outra de componente específico, é composta por 30 questões, sendo uma discursiva e 29 de múltipla escolha.
O Enade avalia o desempenho de estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curriculares dos cursos de graduação, além das competências e habilidades necessárias ao aprofundamento da formação. Os resultados são utilizados como parâmetros avaliativos das instituições brasileiras de educação superior.
Encontrar e produzir a arte presente no cotidiano comum e nas ruas, integrada à vida na cidade, ligada ao corriqueiro visto com poeticidade. No olhar particular e revolucionário do artista plástico carioca Hélio Oiticica, que morreu com apenas 42 anos em 1980, instalações, pinturas e esculturas deveriam estar próximas ao cidadão comum e não apenas em ateliês ou museus.
No mês que o artista completaria 86 anos (nasceu em 26 de julho de 1937), uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, e um livro com uma coletânea de cartas reveladoras revisitam obras e pensamentos do artista, que continuam atuais, segundo especialistas em seu trabalho.
A exposição Delirium Ambulatorium, em cartaz no CCBB da capital, com acesso gratuito, reúne mais de 80 obras de diferentes fases da vida de Oiticica. O nome da exposição, segundo salienta o curador da mostra, o pesquisador pernambucano Moacir dos Anjos, alude a um termo que o artista usava para descrever que principal ativador do trabalho dele, era o contato com o mundo, o caminhar pela cidade.
“Esse delirar no caminho pelas ruas, pela cidade, no encontro com as coisas comuns da vida, as coisas do cotidiano seriam o estopim para fazer arte”, aponta o curador. Ele explica que a exposição busca ressaltar essa ideia que o artista repetiu na fase final da vida dele, em cartas com amigos, por exemplo.
Motivação
“Era algo que realmente o motivava sair pra rua. A exposição é uma tentativa de um olhar retrospectivo, do começo até o final desse movimento”, explica Moacir dos Anjos. Ele contextualiza que a obra dele nos anos 1950 está ligada a uma tradição construtiva da arte brasileira, como uma distração geométrica.
“Pouco a pouco, aquilo vai se fragmentando dentro desses trabalhos ainda como desenhos no papel e depois se transforma em objetos que passam a ocupar o espaço e serem penetráveis. As pessoas penetram nos trabalhos”, exemplifica.
O que era pintura na parede se transforma em arte no espaço aberto. O pesquisador explica que os anos 1960 influenciam o artista, incluindo o contato com os músicos da Tropicália, com a cultura popular, no samba da Mangueira e as relações do movimento do corpo e da arquitetura.
“Uma certa ginga e improvisação fundamentais para entender que o corpo ganha autonomia e protagonismo”, aponta o curador.
Ele explica que, na visão de Oiticica, o artista passa a ser um propositor de situações para que as pessoas possam descobrir e viver com arte. “Ele quebra essas distinções entre artista e não artista, entre museu e rua”.
Moacir dos Anjos entende que, dentre tantas obras, uma das que ele sugere para que o público perceba a arte de Oiticica é a intitulada Grande Núcleo (1960), que está na galeria 3 do CCBB. “É uma obra com placas de madeira suspensas formando uma estrutura grande, amarela, laranja, em vários tons. É uma obra que os visitantes não devem deixar de ver”.
“Desde muito jovem, ele já fazia cópias das cartas que ele escrevia e guardava. Então, a gente tem um material imenso que foi objeto de uma pesquisa muito aprofundada. É um primeiro volume. Nós vamos ter um segundo volume cobrindo a década de 1970 (previsto para o ano de 2025)”.
Na década de 1960, momento que mescla efervescência de pensamentos, produção, vida em Londres e reação à ditadura militar, as cartas descortinam o pensamento de um jovem que está à frente do seu tempo.
As correspondências revelam, por exemplo, uma busca permanente por elaborar conceitos e compreender o momento artístico. Para Tânia Rivera, os textos são como crônicas da sua época. “As cartas, na minha opinião, devem ser consideradas parte da obra do artista. Uma obra que buscava a essência total entre arte e vida com uma intensidade extraordinária”. Para ela, esses textos são, às vezes, divertidos e, também, profundos. Um mergulho no pensamento do jovem artista que morreu cedo demais.
A pesquisadora atenta para o fato da preocupação de uma dimensão coletiva da criação artística. “Ele exorta os colegas a uma ação conjunta. Especialmente, naquele momento, de 1969 (quando há o recrudescimento da violência do Estado e extinção das liberdades individuais), depois de saber que Gilberto Gil e Caetano Veloso estavam sendo presos por estarem com a Bandeira com a inscrição “seja marginal, seja herói”, criada por Hélio Oiticica.
A pesquisadora explica que, a partir disso, as cartas revelam como Oiticica passa, imediatamente, a organizar um evento que seria um ato político pela libertação de Caetano e Gil. “Ele reflete sobre o papel do artista na sociedade, especialmente em relação à política. Oiticica diz que seria possível um artista não se posicionar”. As palavras e as obras ficaram eternizadas.
Com o tema Coreografias do Impossível, a 35ª Edição da Bienal de São Paulo, que ocorre na capital paulista, entre os dias 6 de setembro e 10 de dezembro deste ano, pretende desafiar o impossível, discutindo as urgências do mundo atual.
Com 120 artistas já confirmados para esta edição e uma curadoria que trabalha de forma coletiva, a Bienal de São Paulo está propondo, para este ano, um evento mais poético, enigmático e performativo, abraçando a ideia de movimento e repelindo o tempo linear. Esta será uma Bienal sem divisão por temas e sem cronologia.
“Na Bienal, rompem-se as disciplinas. Tem gente que vem do mundo da arte, tem gente que não vem do mundo da arte. Mas ela não vai ser uma Bienal descritiva ou literária. Tem um componente poético, enigmático, que é impossível de ser absorvido em uma marca ou algoritmo. E isso gera um espaço que é o espaço da poética, que é o que reivindicamos”, disse Manuel Borja-Villel, um dos nomes que assina a curadoria da Bienal com Diane Lima, Grada Kilomba e Hélio Menezes.
“[A Bienal deste ano] tem essa dimensão performativa muito forte, onde muitas das obras nos convidam a pensar e a imaginar radicalmente o que são esses contextos impossíveis e quais são as soluções – em termos de linguagem e de estratégias – que esses artistas encontram no seu cotidiano para sobreviver e também para encontrar modos de expressão”, explicou Diane Lima.
As coreografias do impossível ocorrem logo após o impacto de uma pandemia do novo coronavírus e, também, depois de um governo de extrema-direita no país, que chegou a extinguir o Ministério da Cultura. “Esses projetos e os desafios políticos, econômicos, sociais e ambientais que a gente viveu com intensidade nos últimos quatro anos, no Brasil, eram, também, reflexos de um processo histórico muito maior, na qual se vê – e se prova – que os projetos de justiça, liberdade e igualdade não são realizações possíveis”, disse Diane, acrescentando que essas obras [que estarão na Bienal], de fato, nos ajudam a refletir um tanto quanto sobre todos esses pontos”.
O tema escolhido pela Bienal pretende fazer com que o público se mova entre as obras, atravessando os limites e os contornos do prédio e escapando das impossibilidades do mundo.
“Nós vivemos em um mundo marcado por uma série de impossibilidades, por um mundo em que a prática da violência se cotidianiza. E essas práticas desses impossíveis têm impactos nas produções estéticas, nas produções éticas, nos contextos artísticos. Interessa-nos, portanto, reunir e colocar em diálogo artistas cujas produções têm desafiado, questionado, recusado, gingado, esses impossíveis”, disse Hélio Menezes.
Os artistas
Embora não tenha a intenção de ser explicada, coletividade e pluralidade são termos que podem ajudar a definir a Bienal deste ano. Isso começa pela curadoria. “São quatro pessoas com padrões muito distintos, de trajetórias muito distintas, de formas de fazer muito distintas, que falam de posições distintas e que se unem para trabalhar conjuntamente”, disse Borja-Villel. “Nessa equipe, pela primeira vez, não há um curador-chefe. E tampouco tem uma direção pré-determinada. O que temos é um projeto que se vai construindo”, acrescentou.
Esses dois termos também foram valorizados para a escolha dos artistas selecionados e que vem sendo chamados pelos curadores de “coreógrafos do impossível”.
Na lista desses artistas, estão vozes da diáspora e dos povos originários, como o coletivo Mahku, grupo de etnia huni kuin e que este ano esteve presente em uma exposição no Museu de Arte de São Paulo (Masp). “É a primeira vez que vamos expor na Bienal de Arte de São Paulo”, disse Ibã Kaxinawa, um dos integrantes do coletivo, em entrevista à Agência Brasil.
Para ele, participar da Bienal é importante para mostrar que as culturas indígenas continuam existindo e resistindo no Brasil. “É importante mostrar tudo o que a gente tem e o que ainda restou”.
A matéria-prima do coletivo Mahku são as mirações que eles vivem e visualizam nos rituais de ayahuasca, chamados de nixi pae. Os trabalhos apresentam figuras bidimensionais, com cores vivas e intensas, e as histórias são compostas a partir dessas experiências nos rituais.
Ibã disse que atualmente o grupo vem trabalhando na pintura para a Bienal e que estão felizes com o convite para participar do evento. “Nós vamos mostrar os cantos de cura. Esse trabalho discute a importância de cura”, disse ele.
Projeto arquitetônico e expográfico
Para realçar a ideia de movimento e de bailado contra as impossibilidades do mundo, o projeto arquitetônico e expográfico dessa Bienal, realizado pelo escritório Vão, pensou em propor um novo fluxo para o visitante, no qual ele se torna protagonista do processo. Com isso, o vão central do Pavilhão Ciccillo Matarazzo da Bienal será inteiramente fechado, pela primeira vez na história.
“Esse projeto arquitetônico e expográfico se organiza a partir de duas intervenções chaves no prédio”, destacou Hélio Menezes.
A primeira delas, disse o curador, busca promover uma coreografia, enfrentando o projeto original de Oscar Niemeyer. “Isso significou, em primeiro lugar, a construção de espaços arquitetônicos que prezam por momentos de contração e de abertura. Em um andar teremos várias salas individuais, que se agrupam na região central. E todo o seu contorno será um grande espaço aberto onde as instalações e as obras vão dialogar sem qualquer fronteira de paredes ou divisões. E um outro andar do prédio fará o contrário”, explicou.
A segunda proposta, que incluiu o “semifechamento da rampa que dá acesso ao segundo andar do prédio”, pretende fazer com que o visitante altere o caminho esperado do prédio. “Essa proposta de inversão de percurso abre, em realidade, para infinitas possibilidades de trajetória dentro da exposição. Essa é uma arquitetura aberta porque os visitantes vão criar os seus próprios trajetos”, disse Menezes.
Além da exposição
Neste ano, a Bienal também está propondo outras formas de diálogos com o público visitante. Com isso, além do espaço expositivo, o evento vai promover uma programação com mesas, performances e ativações de obras. Isso, segundo Hélio Menezes, vai ocorrer durante todo o evento.
“Isso é algo importante de sublinhar porque é uma Bienal que não vai acontecer apenas em sua dimensão expositiva, mas que tem um dinamismo de funcionamento que convida também ao bailado desses corpos ao longo de três meses da programação”, disse ele.
Outro destaque é que haverá a participação da Cozinha da Ocupação 9 de Julho. “Essa comida vem de uma cadeia produtiva responsável, de Agricultura Familiar, em um processo em que não há mão de obra escravizada e em que há um controle sobre o uso de agrotóxicos e outros venenos no processo de produção alimentar”, falou. “É ao redor da mesa da cozinha que todos nós nos reunimos e também será ao redor dessas provocações que a comida pode trazer que a 35ª também performará uma outra maneira de pensar uma exposição de arte”, acrescentou.
Mais informações sobre a 35ª Bienal de São Paulo, que é gratuita mas que ainda está em fase de preparação, podem ser obtidas no site.
A escritora Heloísa Teixeira tomou posse na noite dessa sexta-feira (28), na cadeira 30 da Academia Brasileira de Letras (ABL), vaga desde a morte da escritora Nélida Piñon, em dezembro. Recentemente, Heloisa aposentou o sobrenome famoso Buarque de Hollanda – que era do primeiro marido, o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda – e passou a adotar o Teixeira, de origem materna. Foi com o novo sobrenome – que também ganhou um lugar de destaque na tatuagem desenhada nas costas – que a escritora assumiu seu assento na academia.
O presidente da ABL, Merval Pereira, disse que “a nova acadêmica foi eleita Heloisa Buarque de Hollanda e diplomada Heloisa Teixeira”.
Durante discurso, Heloisa fez questão de citar a disparidade de gênero encontrada dentro da própria ABL. “Ainda somos pouquíssimas nessa casa: apenas dez mulheres foram eleitas acadêmicas contra um total de 339 homens, o que reflete a desigualdade entre a eleição de homens e mulheres na ABL”. A academia foi inaugurada em 20 de julho de 1897.
Eleita com 34 dos 37 votos, ela disse que entra na academia, aos 84 anos, alinhada com o projeto de renovação. “Esse atual projeto de abertura me fascina. E isso não é nem o começo. Tem que ter mulher, negro, índio. Porque são excelentes também. Isso é o Brasil, a democracia. Eu estou muito feliz de chegar nesse momento na academia”, destacou Heloísa, que teceu vários elogios à instituição.
“O que é discutido aqui é muito sério. São os problemas da língua nacional, o que é certo, errado, bom ou ruim, e não tem nada mais político e importante. Acho que seria maravilhoso divulgar a gravidade desse assunto para o público em geral. É bacana defender a palavra, a língua, a literatura nacional, a liberdade de expressão. É uma instituição a qual vale a pena pertencer”.
A escritora e crítica cultural passa a ser a décima mulher eleita para a ABL. A cadeira 30 tem como fundador o contista Pedro Rabelo e como patrono o jornalista e romancista Pardal Mallet. Já ocuparam o assento como titulares o advogado Heráclito Graça, o médico Antônio Austregésilo e o ensaísta, filólogo e lexicógrafo Aurélio Buarque, além de Nélida Piñon.
Nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, Heloisa se mudou com a família para o Rio de Janeiro aos 4 anos. Filha de um médico, professor e uma dona de casa, é mãe de três filhos: Lula, André e Pedro, todos cineastas.
Trajetória
Uma das principais vozes do feminismo brasileiro, Heloísa Buarque de Hollanda – agora, Heloísa Teixeira – é formada em letras clássicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), com mestrado e doutorado em literatura brasileira na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pós-doutorado em sociologia da cultura na Universidade de Columbia, em Nova York. É diretora do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC-Letras/UFRJ), onde coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, do projeto Universidade das Quebradas, e o Fórum M, espaço aberto para o debate sobre a questão da mulher na universidade.
Seu campo de pesquisa privilegia a relação entre cultura e desenvolvimento, área em que se tornou referência, dedicando-se às áreas de poesia, relações de gênero e étnicas, culturas marginalizadas e cultura digital. Nos últimos anos, vem trabalhando com o foco nas produções das periferias das grandes cidades, no feminismo, bem como no impacto das novas tecnologias digitais e da internet na produção e no consumo culturais.
Entre os livros publicados, destaca-se a histórica coletânea 26 Poetas Hoje, de 1976, que revelou uma geração de poetas “marginais”, como Ana Cristina Cesar, Cacaso e Chacal. O livro trazia a atmosfera coloquial e irreverente que marcaria a década de 1970, também chamada de geração mimeógrafo ou geração marginal. Eram poetas que estavam à margem do circuito das grandes editoras e que produziam seus livros de maneira artesanal, em casa, em pequenas tiragens vendidas em centros culturais, bares e nas portas dos cinemas. O livro foi uma resposta direta aos anos de chumbo e se tornou um clássico da poesia brasileira, referência incontornável para escritores e leitores de poesia.
Com o nome de casada, Heloísa Buarque de Hollanda publicou também: Macunaíma, da literatura ao cinema; Cultura e Participação nos anos 60; Pós-Modernismo e Política; O Feminismo como Crítica da Cultura; Guia Poético do Rio de Janeiro; Asdrúbal Trouxe o Trombone: memórias de uma trupe solitária de comediantes que abalou os anos 70; entre outros.
Passar da instrução para a aprendizagem é o resumo da proposta que tornou a Escola da Ponte, em Portugal, uma experiência inovadora de educação pública. Fundada em 1976, a instituição de ensino busca dar protagonismo ao aluno e ao processo de aprendizado, que se torna, ao mesmo tempo, mais autônomo e mais coletivo.
A experiência da Escola da Ponte inspirou outras instituições de ensino ao redor do mundo, inclusive no Brasil, onde José Pacheco chegou a participar da criação do Projeto Âncora, fundado no interior de São Paulo, em 1995.
Palestrante da primeira edição da Eduko, Bienal de novos saberes, que ocorre nesta sexta-feira (28) e sábado (29), em Belo Horizonte, o pedagogo português José Pacheco reflete sobre tecnologia, diversidade e a educação do futuro. O evento é realizado por Sesc, Sistema Comércio MG e Senac.
“Os professores do futuro irão manter-se ancorados em aulas obsoletas servidas em lousas digitais? Irão replicar o planejamento de aulas congeladas no YouTube ou em tablets? Ou usar o digital a serviço da humanização da escola? Essa é a pergunta central. Não sou catastrofista, vejo tudo com o copo meio cheio. Mas as escolas têm se enfeitado de novas tecnologias sem intensificar a comunicação e a pesquisa. Pelo contrário, o modo como utilizam a internet fomenta a imbecilidade, a ignorância e a solidão”, define.
Em entrevista à Agência Brasik, o idealizador da escola, o educador, antropólogo e cientista da Educação José Pacheco vê a educação pautada pela competição e individualidade como uma das causas de conflitos sociais, extremismo e violência nas escolas. E, na sala de aula tradicional, defende, é impossível se pensar em um trabalho pautado na coletividade.
Agência Brasil:
A sua concepção do que deveria ser a Escola da Ponte mudou ao longo do tempo? Como a prática cotidiana impactou suas ideias?
José Pacheco:
A Escola da Ponte foi a primeira escola, no contexto da rede pública de educação, que operou a transição entre o paradigma da instrução, o trabalho centrado no professor, para o paradigma da aprendizagem, o trabalho centrado no aluno enquanto sujeito de aprendizagem. Foi a primeira no ensino fundamental, e, em 1976, foi inovadora, porque cumpriu os cinco critérios que definem inovação: ser efetivamente inédita, ser sustentável na lei e na ciência, ser replicável, ser útil e estar sempre em fase instituinte. A inovação é algo instituinte, não pode parar de inovar. E o que aconteceu na Escola Ponte é que parou de inovar. É a melhor escola do meu país, é uma das melhores escolas do mundo, no mundo da educação, claro, mas ela cristalizou. É um objeto de turismo educacional.
Agência Brasil:
Você idealizou um projeto de educação pautado pela coletividade em um tempo em que o individualismo parece cada vez mais exacerbado. Que resposta a educação deve oferecer a esse movimento, na sua visão?
José Pacheco:
Edgar Morin [antropólogo, sociólogo e filósofo francês] diz-nos que a modernidade nos confinou numa ética individualista que nos impede de pensar a responsabilidade por atos coletivos. E é isso que a escola da modernidade concretiza quando o professor está solitário na sala de aula e não é autônomo, e não ensina o que diz, transmite aquilo que é. Transmite heteronímia a uma audiência formal e o mesmo está sujeito a uma hierarquia explícita na sala de aula. É impossível pensar-se num trabalho pautado na coletividade. A sala de aula, como dispositivo central do paradigma da instrução, deverá ser extinta, pura e simplesmente, porque o que importa a saber é que alguns autores do século XX, e vou citar apenas dois ou três, Agostinho da Silva, Lauro de Oliveira Lima, Paulo Freire, que é incontornável. Mas um Freire que seja efetivamente cumprido, porque o que acontece hoje nas propostas, teorizações e teorias é algo que eu chamo de freirianos não praticantes. São teoricistas que falam de uma nova educação, falam em nome de Paulo Freire, mas fazem educação bancária, o que é contraditório, e até antiético, mas ficamos por aí. O que fazemos, a práxis, é criar os círculos de aprendizagem, o que é efetivamente uma inovação. E os círculos de aprendizagem dão origem a uma nova construção social, porque há várias. E essa nova construção são protótipos de uma comunidade de aprendizagem. Em vários países acompanho a evolução desse projeto de criação de uma nova construção social. Não é mais um paliativo, não é mais um ensino híbrido, nada disso. É uma nova construção social que irá ao longo dos anos substituir aquela que vem da Prússia militar do Século XVIII e da Inglaterra da Primeira Revolução Industrial.
Agência Brasil:
Acompanha experiências similares à sua no Brasil? Como vê a aplicabilidade desse método em realidades socioeconômicas diferentes de da cidade do Porto?
José Pacheco:
Quando me foi pedido que fizesse o projeto âncora, tive o cuidado de entrar nas favelas que rodeavam esse projeto e vivenciar aquilo que lá acontecia. Partindo do princípio que escolas não são prédios, são pessoas, e as pessoas são os seus valores, eu encontrei nas favelas, se nos abstrairmos do tráfico e das milícias, a matriz axiológica da Escola da Ponte, os valores. O valor da solidariedade, da responsabilidade e da autonomia. É muito claro nos favelados essa tripla dimensão axiológica. E tive o cuidado também de, enquanto europeu, correndo risco de etnocentrismo, ir às comunidades dos povos indígenas. Estive um tempo entre os pataxós, outro tempo entre os tupinambás e outro tempo entre os xavantes. Depois, fui aos quilombos. Fui a um quilombo do Campinho. Fui a um quilombo em Goiás, estive em vários, e encontrei a tradução clara daquilo que é o provérbio africano de que é preciso uma tribo inteira para educar uma criança. Depois dessas experiências, costumo dizer que quanto mais eu conheço o Brasil menos entendo, mas isso se deve ao caldo cultural em que o Brasil está imerso. A origem portuguesa, japonesa, alemã, italiana e tantas outras de imigrantes que trouxeram toda a sua criatividade e é muito difícil pensar uma Escola da Ponte, mas é possível partir do exemplo da Escola da Ponte, para, aplicando com toda a reserva e cuidado à América do Sul, fazermos aquilo que há muito tempo este lugar reclama, que é uma escola, uma educação, na medida dos povos pré-colombianos, juntando cultura e miscigenação.
Agência Brasil:
Sua experiência na Escola da Ponte já atravessa diferentes gerações de crianças. Como tem acompanhado o impacto da tecnologia nas gerações atuais? Quais consequências vê e como lidar com elas?
José Pacheco:
Quando, há 50 anos, perguntava aos alunos o que queriam ser, diziam que queriam ser jogadores de futebol, aeromoças etc. Quando hoje eu pergunto, primeiro eles respondem perguntando: eu posso dizer? Porque já destruíram a curiosidade e os proibiram de fazer perguntas. Eu digo que sim. E eles dizem que querem ser influencers, youtubers etc. E o que eu quero dizer com isso? As tecnologias de informação e comunicação são incontornáveis, mas a escola precisa ser reinventada. Não adotar robôs e uma inteligência artificial que, dos Estados Unidos, transmite conteúdo para o cérebro. Do modo como as novas tecnologias estão sendo introduzidas em algumas escolas, temo que se converta em mais alguma panaceia. Que sejam acriticamente consumidas, sem resquícios de uma cooperação necessária e dependentes de vínculos afetivos precários que são estabelecidos com identidades virtuais. Internet não é uma ferramenta, é uma sociedade, e é generosa na oferta de informação, mas os professores do futuro irão manter-se ancorados em aulas obsoletas servidas em lousas digitais? Irão replicar o planejamento de aulas congeladas no YouTube ou em tablets? Ou usar o digital a serviço da humanização da escola? Essa é a pergunta central. Não sou catastrofista, vejo tudo com o copo meio cheio. Mas as escolas têm se enfeitado de novas tecnologias sem intensificar a comunicação e a pesquisa. Pelo contrário, o modo como utilizam a internet fomenta a imbecilidade, a ignorância e a solidão.
Agência Brasil:
Os ataques violentos a escolas têm crescido no Brasil, muitas vezes associados a grupos de ódio nas redes. Como sua proposta pedagógica pode contribuir para o enfrentamento desse problema?
José Pacheco:
Na escola de Bambini, em 1907, Maria Montessori dizia que a escola que estimula a competitividade negativa é a origem remota de todos os conflitos de todas as guerras. Não espanta, infelizmente, os ataques que as escolas têm sofrido e as mortes que têm acontecido. Quando vou até uma escola que carece de um ambiente de sociocracia, de um ambiente democrático, a primeira coisa que fazemos é criar alguns dispositivos de relação, entre os quais os acordos de convivência, o quadro de direitos e deveres, a assembleia, a comissão de ajuda, a caixa de segredos. E essa organização, muito até neobehaviorista, que condiciona todo o trabalho feito a jusante. Um dia, me levaram à Papuda [presídio no Distrito Federal], à aula de jovens infratores, e nem consigo descrever a tragédia que lá observei. E o secretário de Educação do Distrito Federal pediu para eu fazer um projeto para aqueles jovens, e eu disse que poderia tentar desde que conhecesse a origem desses jovens e estabelecesse contatos com as famílias, quase todas monoparentais, mas que estava mais interessado em preparar um projeto que evitasse a nossa sociedade de ver uma Papuda, de ver violência, ou seja, trabalhar a montante para não arranjar improvisos de solução a jusante.
Agência Brasil:
A educação antirracista, pró-equidade de gênero e inclusiva a respeito das diversidades sexuais é uma pauta progressista com cada vez mais relevância. Quais contribuições a Escola da Ponte pode dar nesse sentido?
José Pacheco:
Quando me perguntam se a minha escola é inclusiva, respondo que é uma escola a caminho da inclusão. Porque não há escolas inclusivas nem há escolas inovadoras. Há um tempo ouvi um discurso de uma muito conhecida palestrante que falava sobre escolas inclusivas e inovadoras, e, no final, com todo respeito, perguntei pelo endereço de uma dessas escolas e ela não soube dar. Estamos a falar de que? Enquanto a escola continuar a ser o que é, enquanto não se juntar aquilo que é útil no paradigma da instrução, no paradigma da aprendizagem e no paradigma da comunicação, enquanto não se tomar um compromisso ético com a escola e com a vida. Porque se o professor dá aula e não ensina a todos os alunos, e se continuar dando a aula, ele não é um professor, é um crápula, porque sabe que está a semear ignorância. Então, é preciso criar condições para que se cuide dos professores para que eles possam tomar uma decisão ética, um compromisso ético com a educação. A partir daí essas questões de gênero, de inclusão e de diversidade, tudo isso é sublimado.
Agência Brasil:
Vemos uma certa desvalorização do ensino formal e das carreiras tradicionais nas redes sociais, que apontam para um modelo de sucesso capitalista agora mais pautado pelos influenciadores, coachs, investidores de cripto e outros grupos. Como isso impacta a educação de hoje e do futuro, na sua visão?
José Pacheco:
Influenciadores, coachs, investidores etc. Tudo isso irá parar no saco de lixo da história da educação. São fenômenos de passagem. Falar da educação do futuro é falar de que?, se considerarmos que mais de 80% dos empregos atuais não existirão dentro de 10 anos. Penso que vai ser antes. Um dos quais é o professor de sala de aula. Quando fui dar aula, sabia muito da minha área, de eletrotécnica, não sabia ser professor, sabia dar aula. E não sabia que estava a desvalorizar a minha própria profissionalização. Todos esses coachs irão desaparecer assim como irá desaparecer a mercantilização da escola pública, que está em curso. As modas pedagógicas duram enquanto duram, então, não me preocupa muito a desvalorização do ensino formal, até porque não falo de ensino formal. Por que há ensino formal e informal, educação ambiental, educação para a saúde, educação infantil, educação fundamental? Educação é uma só.
Agência Brasil:
Brasil, Portugal e muitos outros países viveram uma ascensão de uma extrema direita muito pautada pela desinformação e pela rejeição do outro. Há quem diga que a solução está na educação. O que acha?
José Pacheco:
Há uma extrema direita em Portugal que já ocupa o terceiro lugar em votação e realmente está em crescimento. Já há xenofobia, já existe perseguição, e isso é uma consequência do modelo educacional em que vivemos. A desinformação e a rejeição do outro surgem como um dos efeitos nefastos do modelo educacional do século XVIII. Costumo brincar que continuamos a ter alunos do século XXI, com professores do século XX a trabalhar como no século XIX. Será necessário fazer uma grande transformação, operar mudanças e, sobretudo, inovar. É preciso ligar a escola com o Poder Público e a universidade. É preciso ligar a escola com as famílias e a sociedade. É preciso ligar a escola com a saúde pública e o ambiente, e arte e cultura. É preciso considerar que a escola não é o prédio, e que se aprende em qualquer lugar desde que aconteça vínculo entre o objeto significativo que se busca alcançar, através da busca da informação e construção do conhecimento, e a triangulação com um mediador que pode ser esse tal de coach, tutor e sei lá como chamar. E quando perguntas o que acha, peço desculpas, mas não posso achar. Sou formado em Ciências da Educação, e alguém formado em Ciências da Educação, o que é raro, não tem o direito de achar. Tem a obrigação de afirmar e fundamentar na ciência prudente aquilo que diz. Infelizmente, como diria Jean Piaget, a educação é a única área das ciências humanas em que todo mundo se considera especialista e no direito de dar opinião.
Na capital do Brasil, a celebração de povos tradicionais ganha cores, luzes e sons diferentes. Como o canto das mulheres indígenas do Alto Xingu, de Mato Grosso. Como o movimento de Capoeira Angola, de Mestre Elma, do Maranhão. Como a necessidade de reflexões e debates sobre preservação cultural e visibilidade para a cidadania de tantas culturas. A programação do “Festival Agô – Música e Ancestralidade” e o “Seminário Fealha” começou nessa quinta (27) e vai até sábado (29), no Memorial dos Povos Indígenas (MPI), no Eixo Monumental, em Brasília. O acesso é gratuito.
O evento, que congrega artistas e lideranças dos povos indígenas e comunidades negras, mescla diferentes formas de valorizar o conhecimento dos povos tradicionais. Isso inclui a realização de shows, oficinas, feira e mesas com a presença de mestres e jovens que têm na música a conexão com o sagrado.
O público pode ser acesso, por exemplo, ao canto da festa ritual Yamurikumã, realizada pelas mulheres indígenas pertencentes aos nove povos do Alto Xingu (MT). O Yamurikumã é um ritual que se integra à luta dessas mulheres da região pela preservação da sua cultura. Nesta sexta, às 19h, será possível conferir essa manifestação cheia de significados.
Conforme contextualiza a diretora do festival, Tâmara Jacinto, a música numa comunidade tradicional não é só cantada, mas vivida de uma forma complexa. “A música vem com uma língua e com uma dança. Carrega a identidade de cada povo, tratando-se de comunidades indígenas e afro-brasileiras. A música é o nosso instrumento, o veículo para poder chegar aos corações das pessoas”, afirma.
Nesta sexta, a programação musical do festival Agô (que significa “licença”, em Yorubá) terá shows dos grupos Ponto Br, Ori (com participação da cantora Cris Pereira), Mulheres do Alto Xingu e povo Fulni-ô. Está prevista ainda uma noite de cantos indígenas, cocos, cirandas, maracatus, sambas, tambor de Mina, bois, rojões e carimbós. “Nosso compromisso é mostrar esse conjunto complexo que a música carrega”, diz a diretora do festival.
Reflexões
Além das apresentações culturais, o evento abriga o Seminário Fealha (que significa "terra sagrada" em Yaathe, idioma do povo Fulni-ô), que traz mesas de debates em diferentes horários.
A primeira discussão, às 14h30, tem a mediação do antropólogo e coordenador do seminário, Paíque Santarém (UnB). “Precisamos visibilizar a presença indígena e negra no DF de forma a garantir políticas públicas”, considerou.
Na sequência, outro debate aborda a história de quem migrou ao DF e constituiu territórios sagrados, comunidades e santuários. Participam Santxiê Fulniô Guajajara (Santuário dos Pajés), Cristiane Portela (Projeto Outras Brasílias/UnB), Baba Aurélio Lopes (Ilê Odé Axé Opo Inlé), Ayola, Dudu Mano, Singelo e Babi (Coletivo Mapa das Desigualdades do DF).
O Distrito Federal tem cerca de seis mil indígenas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desses, a maioria está em áreas urbanas. As três regiões administrativas com maior população indígena são Ceilândia, Planaltina e Samambaia. A única terra indígena delimitada no DF é a Terra Indígena Santuário Sagrado dos Pajés - Pajé Santxie Tapuya, no Setor Noroeste, área de forte especulação imobiliária.
Serviço:
Festival Agô – Música e Ancestralidade / Seminário Fealha – Presença Indígena no DF
Os campeões da primeira edição do Desafio 1X1 de Futebol Sintético, competição, patrocinada pelo governo do Estado, pelo Grupo Audiolar e pelo Armazém Paraíba por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, serão conhecidos na noite desta sexta-feira (28). A Arena Olynto, no Olho d’Água, será o palco dos duelos válidos pelas semifinais e, posteriormente, das finais das categorias Sub-13, Sub-15, Sub-17, Sub-19 e Sub-21. Os jogos decisivos começam às 19h45.
A programação oficial terá início com os duelos das semifinais do Sub-13. No campo 1 da Arena Olynto haverá a disputa entre as duplas Gabriel/Aylsson e Italo Isaac/Ykaro. Simultaneamente, no campo 2, Raffael Fonseca/Marcos Paulo encara Miguel/Gabriel. Os vencedores se enfrentarão na decisão da categoria, que ocorrerá ainda na noite de sexta-feira.
Após as semis do Sub-13, a bola rola pelas demais categorias. No Sub-15, Izack Kelson/Hudsom Carlos e Thiago Pitbull/Lucas se enfrentam por um lugar na decisão. Na outra semifinal, a dupla Thiago Leite/Pedro Nunes encara Rômulo/Renan.
Na sequência, ocorrem as disputas das semifinais do Sub-17, Sub-19 e Sub-21. Após a definição de todos os finalistas, ocorrem os duelos para conhecer os campeões da primeira edição do Desafio 1X1 de Futebol Sintético.
Vale lembrar que 16 duplas participaram em cada uma das categorias do Desafio 1X1 de Futebol Sintético. No 1X1, os times são formados somente por um goleiro e um jogador de linha e nada mais. Ganha a partida quem fizer mais gols e, em caso de empate, a decisão vai para o shoot-out.
“São Luís estava precisando de um grande evento de X1. O Desafio 1X1 de Futebol Sintético será uma competição bem legal, com a participação de 80 duplas distribuídas em cinco categorias, sendo 16 times em cada. Quem quiser ver boas disputas e lances de habilidade não pode perder este desafio. Nosso muito obrigado ao governo do Estado, ao Grupo Audiolar e ao Armazém Paraíba por estarem patrocinando a competição e incentivando o crescimento do X1 na capital maranhense”, afirmou Waldemir Rosa, diretor-técnico do torneio.
Disputa
Durante o lançamento do Desafio 1X1 de Futebol Sintético, as 80 duplas participantes receberam uniformes completos (camisas, calções e meiões) para a disputa do torneio que terá formato eliminatório: oitavas de final, quartas de final, semifinal e final. No mesmo dia, houve o congresso técnico da competição que sorteou os duelos iniciais da competição.
Os jogadores dos times campeões e vice-campeões, de cada categoria (Sub-13, Sub-15, Sub-17, Sub-19 e Sub-21), ganharão, respectivamente, troféus individuais. Tudo sobre o Desafio 1X1 de Futebol Sintético está disponível no Instagram oficial do torneio (@desafio1x1slz).
PROGRAMAÇÃO DOS JOGOS (28/7/23) // ARENA OLYNTO
SEMIFINAIS (CAMPO 1)
19h45 – Gabriel/Aylsson x Italo Isaac/Ykaro (Sub-13)
A seguir:
– Izack Kelson/Hudsom Carlos x Thiago Pitbull/Lucas (Sub-15)
– Paquetá/Caio x Erick Riquelme/Tiago César (Sub-17)
– Welkson/Paredão x Balota/Iury Gabriel (Sub-19)
– José Gustavo/Hilton x Alan/Gabriel (Sub-21)
SEMIFINAIS (CAMPO 2)
19h45 – Raffael Fonseca/Marcos Paulo x Miguel/Gabriel (Sub-13)
A seguir:
– Thiago Leite/Pedro Nunes x Rômulo/Renan (Sub-15)
– Charmosinho/Luís x Marcos Vinicius/Nando (Sub-17)
– Raryson/Biel x Eric Donaldson/Isael Correa (Sub-19)
O ministro da Educação, Camilo Santana, afirmou, nesta quinta-feira (27), que o governo federal trabalha em ações para fortalecer a permanência dos jovens no ensino médio, mas que isso ainda precisa ser mais bem planejado para garantir recursos no orçamento. “O jovem, quando chega ao ensino médio, muitas vezes larga ali, porque quer trabalhar. Ele precisa ter apoio financeiro para se manter na escola”, disse Santana, sem detalhar as medidas.
A declaração foi feita durante participação do ministro na 75ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Curitiba. Segundo Camilo Santana, pesquisas indicam que apenas 64% dos jovens que entram no ensino fundamental terminam o ensino médio no Brasil. “Nós estamos perdendo quase um terço dessa meninada, mas nós não queremos perder nenhum” afirmou.
Protesto
Durante a participação do ministro na reunião, um grupo de pessoas protestou pedindo a revogação do Novo Ensino Médio. Camilo Santana lembrou que o governo federal está fazendo uma consulta pública sobre o tema, na qual mais de 150 mil alunos já se manifestaram, e defendeu a necessidade de responsabilidade pactuada para a construção de política educacional. “Ninguém vai fazer nada na educação com imediatismo, com espetacularização, mas vai fazer com trabalho, com planejamento”.
Na reunião, Santana apresentou, ainda, um balanço das políticas de educação no país e destacou três pontos cujo fortalecimento considera prioritário na Política Nacional de Educação: melhoria da alfabetização, expansão do ensino de tempo integral e conectividade nas escolas.
Alfabetização
Segundo o ministro da Educação, a pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), revelou que 56,4% das crianças não estão alfabetizadas no fim do 2º ano, o que representa uma população de 1,57 milhão de crianças. Santana destacou que isso causa grave comprometimento na vida histórica curricular da educação dessas crianças.
Por essa razão, o MEC tem somado esforços para mudar esse cenário com o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, a nova política de alfabetização, instituída em junho deste ano, que teve adesão de 100% dos Estados, menos de um mês antes do programa ser lançado, e já conta com a adesão de 91% dos municípios.
Tempo integral
O ministro também destacou a nova lei que retoma a política nacional de educação em tempo integral aprovada pelo Congresso Nacional e que será sancionada, na próxima segunda-feira (31), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
De acordo com Santana, a nova lei vai permitir a indução técnica e financeira do MEC, desde a matrícula da creche até o ensino médio, para o município e o Estado que ampliar as vagas de tempo integral nas escolas. “Isso significa apoio pedagógico, formação, apoio financeiro por matrícula e apoio para melhorar a infraestrutura das escolas”.
Para o ministro, é necessário cumprir o que prevê o Plano Nacional da Educação, que, até 2024, 25% das matrículas no ensino básico sejam em tempo integral e que 50% das escolas disponibilizem a modalidade. Atualmente, apenas 25% das matrículas são em tempo integral e 22,4% das escolas ofertam esse tipo de ensino.
Conectividade
Camilo Santana destacou, ainda, que a meta do governo federal é garantir que todas as escolas públicas do país estejam conectadas com banda larga com objetivos pedagógicos, educacionais e equipamentos adequados, e isso será viabilizado por meio dos leilões do 5G.
Segundo ele, atualmente, 40,1 mil escolas não têm acesso adequado à banda larga fixa e 4,1 milhões de alunos não têm acesso adequado à internet.