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* Entrevista com Edmilson Sanches, para o jornal “Arrocha”, do curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (Imperatriz/MA, 2019)

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1 - ADALBERTO FRANKLIN NO LIVRO “APONTAMENTOS E FONTES PARA A HISTÓRIA ECONÔMICA DE IMPERATRIZ”, FALA SOBRE CICLOS IMPORTANTES DA CIDADE (COMO O CICLO DO GADO, DA BORRACHA, DA CASTANHA, DO ARROZ E DA MADEIRA). A CONTRIBUIÇÃO DOS MESMOS PARA O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO DA CIDADE FOI SIMILAR OU DENTRE OS CICLOS PODEMOS ENCONTRAR ALGUM QUE FOI DE MAIOR DESTAQUE?

EDMILSON SANCHES

Minha opinião é a de que os ciclos não tiveram contribuição semelhante.

Embora todos os ciclos listados na pergunta tenham origem no Setor Primário da Economia (gado, borracha, castanha, arroz, madeira), alguns incorporaram valor agregado, por sua utilização no  Setor Secundário (indústria) de Imperatriz  – como, por exemplo, a indústria de beneficiamento de arroz e a indústria madeireira e moveleira.

Também no gado bovino, houve, em termos de pecuária leiteira, aproveitamento industrial no município, com processamento tecnológico e artesanal do leite, daí derivando desde o leite integral ou em pó até o fabrico de queijo e outros derivados, embora em menor escala.

Não tenho conhecimento, ou ainda não localizei, dados segmentados, séries históricas da produção primária, industrial e terciária dos produtos desses ciclos. De qualquer modo, ressalvados aspectos ambientais e sociais, o ciclo da madeira teve forte influência durante as décadas de 1970 e 1980. Depois, as fontes de extração da madeira se foram distanciando, chegando às matas do Pará, o que onerava a produção, com os custos de logística.

Na década de 1980, Imperatriz foi impactada com a extração de ouro do garimpo de Serra Pelada. Muitos imperatrizenses eram investidores (“donos de barrancos” ou de percentuais deles) ou trabalhadores (os chamados “formigas”). Muitos milhões foram internalizados em Imperatriz e sua região mais próxima, a partir dos valores que eram transferidos para cá das agências bancárias das terras paraenses ou que eram trazidos em espécie e depositados na rede bancária imperatrizense, em cujo mercado também grande parte desses valores era aplicada, em especial no segmento agropecuário (com compra de fazendas) e imobiliário (com aquisição ou construção de imóveis, deles de muitos andares).

Registre-se, por oportuno, que o ciclo do arroz sofreu bastante com o que atribuo a descaso das autoridades públicas e lideranças empresariais do segmento. De grande região produtora e exportadora, Imperatriz e sua jurisdição tornou-se importadora de arroz. Para se ter uma ideia, minhas pesquisas mostram números desconcertantes em relação à cultura do feijão (primeira e segunda safras), arroz, milho e mandioca. No caso do arroz, por exemplo  – e para citar só o mais grave e simbólico –, comparado a um período de dez anos, de 1984 a 1994, enquanto, em 1984, a produção de arroz ocupava 40.000 hectares e atingia 60.480.000kg do cereal, em 1994 a produção desabou: menos de 7.000 hectares de área e menos de 14.000.000kg de arroz. E o mais grave: nesse período (1984 a 1994), não houve desmembramento territorial de Unidades Federativas, e nenhum político ou referência empresarial do segmento procurou saber se essa queda de produção era ocasionada por falta de terras produtivas, por falta de estradas vicinais, por falta de sementes adequadas, por falta de mão de obra especializada, por falta ou excesso do regime hidrológico/de chuvas, por falta de recursos financeiros nos bancos emprestadores, por elevação excessiva das taxas de juros, por mudança dos padrões de consumo à mesa, por falta de dinheiro no bolso dos consumidores etc. etc.

O descompromisso, a falta de inteligência e competência de autoridades fizeram Imperatriz submergir em relação à produção e produtividade de um dos itens mais essenciais do cotidiano dos cidadãos maranhenses e brasileiros.

2 – QUAL A IMPORTÂNCIA DA RODOVIA BELÉM/BRASÍLIA PARA A CIDADE DE IMPERATRIZ?

EDMILSON SANCHES

Importância total, fundamental, essencial, vital... Qualquer que seja o adjetivo, deverá ser definidor do que chamo de “refundação” de Imperatriz: a Rodovia Bernardo Sayão (nome oficial da Belém/Brasília) foi o caminho para o crescimento de Imperatriz e de outros municípios em sua área de influência. Exemplifique-se que, até antes de sua inauguração e asfaltamento, na década de 1950, o máximo da população de Imperatriz era 14.064 habitantes. A partir da década de 1960, Imperatriz aumentou quase geometricamente sua população: quase 40.000 habitantes em 1960, chegando ao pico de 310.894 em 1995, menos de duas gerações após a conclusão da rodovia.

3 – O QUE O RIO TOCANTINS REPRESENTOU E REPRESENTA PARA IMPERATRIZ?

EDMILSON SANCHES

Seja na História, seja na Economia, o Rio Tocantins foi elemento de existência e de permanente suporte para a vida do município. Na História, foi o caminho líquido e certo que deu na fundação da cidade em 1852, pelo frade baiano Manoel Procópio do Coração de Maria. O Rio Tocantins é a pia batismal de Imperatriz.

Na Economia, o Rio Tocantins, desde meados do século XIX, era a via por excelência para que chegasse até Imperatriz os produtos indispensáveis para a população. Por barcos e canoas eram transportados e comercializados diversos itens, além do transporte de pessoas, que chegavam e que saíam. Embora, no Maranhão, o Rio Tocantins só ocupe 9,4% da área e 3,8% da bacia, ainda assim  – todos os imperatrizenses sabem –  o Rio Tocantins não só é o responsável pela criação de nosso município quanto, também, é, em grande parte, a razão de sua existência, além de orgulhosa referência geográfica, turística e sociocultural para todos de Imperatriz. Falta, só, boa vontade e competência de autoridades para uma ação interinstitucional, intermunicipal e interestadual  – pois o rio é federal, passando por cinco Estados mais o Distrito Federal –  para que haja maior acompanhamento e tomada de decisões em relação aos usos econômicos que estão acontecendo, desde sua nascente até a sua foz, tanto no aspecto de geração de energia (usinas hidrelétricas) quanto nas atividades pesqueira e agrícola e de lazer, além dos efluentes urbanos, atividades essas que contribuem para impactos que precisam ser avaliados, tendo em vista a maior e melhor qualidade das águas e existência do rio.

4 – QUAL A IMPORTÂNCIA DO COMÉRCIO NA CIDADE PARA A GERAÇÃO DE EMPREGOS E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO?

EDMILSON SANCHES

O total da Economia de Imperatriz é de R$ 5 bilhões e 964 milhões. É o chamado Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma do que se produz no município em termos de produtos e serviços. Desses quase R$ 6 bilhões, o Setor Terciário (Serviços) contribui com R$ 2 bilhões e 803 milhões, ou praticamente 47% do total  – quase a metade. O comércio  – atacadista ou varejista –  é um segmento do Setor de Serviços (ou Setor Terciário). Portanto, os números justificam que os segmentos do Comércio, da prestação de serviços de Educação, Saúde, Cultura etc., são formadores de grande parcela da Economia do município, o que implica geração de trabalho, formal ou não (formal é o trabalho com carteira assinada).

5 – EM VISTA DA ATUAL SITUAÇÃO DA CIDADE NO QUE DIZ RESPEITO AO DESENVOLVIMENTO E GERAÇÃO DE EMPREGO, COMO VOCÊ VÊ IMPERATRIZ HOJE E COMO VOCÊ IMAGINA ELA NOS PRÓXIMOS ANOS?

EDMILSON SANCHES

Imperatriz está distante centenas de quilômetros de capitais e de outras grandes cidades. Assim, não tendo proximidade com nenhuma cidade grande, Imperatriz, pela força de seu povo, teve de tornar-se ela mesma grande. Tornou-se destinatária e intermediária de aquisição de produtos e prestação de serviços. Dezenas de municípios do Maranhão e de outros Estados têm na segunda maior cidade maranhense o suporte essencial para o dia a dia de suas populações.

Imperatriz saiu de uma situação estacionária até a década de 1950, entrou em fase de progresso (aumento da produção econômica) e, depois, passou para a fase de crescimento (que adiciona componentes de tecnologia). Agora, precisa ser pensada para entrar na fase de desenvolvimento, que acontece mais nas pessoas e menos no exterior delas.

Não é preciso ter chaminés (indústrias) para um município ser desenvolvido. Imperatriz pode e deve ter indústrias-âncora, indústrias de referência, sobretudo indústrias de produtos de valor agregado, mas precisa, sobretudo, e a partir de um planejamento estratégico, pensar e coletivamente fazer um desenvolvimento que seja inclusivo, participativo, mitigador de desigualdades socioeconômicas.

Precisa de projetos que se iniciem no pensar o município (pontos fortes e fracos, ameaças e oportunidades – a chamada Matriz SWOT) e continuem com projetos de captação de recursos, atração de investimentos e empreendimentos, sensível ampliação de sua Economia da Cultura, um capilarizado projeto de geração de trabalho e renda para nano, micro, mini e pequenos empreendedores (isolados / autônomos ou organizados em associações e cooperativas), criação de uma Agência de Desenvolvimento Municipal (ADM), criação de Empresas de Participação Comunitária (EPCs), forte integração aos “think tanks”, representados por mais de cem cursos superiores presenciais e não presenciais, às Empresas Juniores, desenvolvimento de Empresas de Base Tecnológica (EBTs)..; enfim, entrar na era do desenvolvimento significa, literalmente, entrar de cabeça, isto é, com o cérebro, com a mente – claro, sem esquecer os braços e pernas que, bem comandados pelo cérebro, carregam e conduzem as pessoas e sua cidade para o futuro que há muito tempo lhe é devido, e que é de seu direito reivindicar... e por ele lutar.

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Foto (Aeroset): Que ponte unirá Imperatriz ao desenvolvimento? (Ponte Dom Affonso Felippe Gregory, em Imperatriz. Edmilson Sanches ministrando palestra de Economia na Faculdade Santa Teresinha (Fest).

A exposição Karingana, no Sesc Bom Retiro, no centro da capital paulista, reúne a arte de 47 ilustradores negros de diversas regiões do país. Mais de cem trabalhos voltados para a literatura infantil estarão expostos a partir desse sábado (15) até 28 de fevereiro de 2024.

A mostra está instalada no segundo andar do edifício e busca oferecer ao público uma imersão no universo lúdico infantil, com a celebração das culturas afro-brasileiras e reflexões sobre negritude, ancestralidade e antirracismo.  

“Se olharmos para a história da literatura infantil brasileira, a gente sabe que personagens negros eram estereotipados ou invisibilizados. E essa é a relevância talvez dessa exposição: quando a ilustração negra está presente ela traz outra perspectiva, outro olhar para os personagens, vendo boniteza e beleza nessa história e nesses corpos que habitam esse livro”, destaca a curadora Ananda Luz.

A montagem do espaço e a própria disposição das obras compõem um mosaico de diferentes técnicas, linguagens e significados, que parte do ponto de vista da própria criança.

“É um reconto de mundo. Quando estou ilustrando, o foco é trazer uma nova visão de como o mundo pode ser construído, mais afrocentrada. Eu acho que a força está em trazer essa ancestralidade do reconto; e nas crianças poderem ter uma outra visão de mundo que não das visões ocidentais”, ressalta um dos ilustradores da mostra Rodrigo Andrade.   

A mostra coletiva também oferece oficinas, bate-papos, contação de histórias e atividades que promovem a interação entre crianças e adultos, baseadas na educação antirracista.

O Sesc Bom Retiro fica na Alameda Nothmann, 185. A visitação vai até 28 de janeiro de 2024, de terça a sexta, das 9h às 20h (exceto 21 de novembro); sábados, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 18h. O ingresso é gratuito.   

(Fonte: Agência Brasil)

José Nascimento Moraes Filho, um centenário. Neste 15 de julho, se vivo estivesse, o escritor, poeta, ensaísta, pesquisador, ambientalista, professor e folclorista estaria celebrando 100 anos. Mas se fisicamente está ausente de nossas vidas desde 2009, sua obra continua pulsando com força na literatura maranhense.

Ocupante da cadeira 37 da Academia Maranhense de Letras, José Moraes Filho foi uma espécie de intelectual moderno. Com seu trabalho, conseguiu apresentar a riqueza do nosso folclore. De poeta, tornou-se um pesquisador incansável em seus resgates literários. Coube a ele, inclusive, apresentar a vida e a obra de Maria Firmina dos Reis, primeira romancista do Brasil.

Para a Família Nascimento Moraes, este 15 de julho é um verdadeiro orgulho. É um dia de celebrar um dos mais importantes nomes da literatura maranhense. Que seu legado continue sendo passado entre as gerações, para que o nome de José Nascimento Moraes Filho esteja sempre vivo nos corações das pessoas.

Dona Carlinda

UMA MÃE, UM FILHO

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Não sou candidato a santo, não estou em busca de carimbar passaporte para o céu, mas, em termos de Política e de Gestão Pública (com letras maiúsculas), em termos de Vida e do Ofício de viver, não abdico do direito de permanecer maximamente correto – e isto, de algum modo, tem a ver com os padrões de seriedade que Dª Carlinda Orlanda Sanches, minha mãe, pregava e dos quais se orgulhava (ela faleceu aos 49 anos).

Na infância, em Caxias, quando eu chegava em casa da escola (o Coelho Netto, do Dr. Marcello Thadeu de Assumpção, e o Duque de Caxias (ou Bandeirante, lá no Morro do Alecrim), minha mãe examinava o material escolar e perguntava:

“– De quem é esse lápis?”

“– Encontrei no caminho da escola, mamãe”.

“– Pois amanhã meu filho o devolve para a professora ou diretora, pois alguém o perdeu. E não faça sua mãe ir lá para saber se você devolveu ou não. Sua mãe é pobre mas tem condição de comprar um lápis, se precisar”.

E ela concluía, simples e magistralmente:

“– Meu filho, o que é seu é seu, o que é dos outros é dos outros”.

Além do dia e da noite, e uma enorme saudade, foi essa a herança que minha mãe deixou. Devo ter meus momentos de “deseducação”, mas eles não fazem parte, não derivam do legado de Dona Carlinda. Minha mãe, formada na Escola da Vida, era mestra em “Criação”, onde as disciplinas básicas eram “Temor a Deus”, “Respeito aos Mais Velhos” e “Obediência aos Pais”.

Educação, aprende-se em casa  –  e pratica-se, ou não, nas ruas da vida.

Ética. Bons modos. Respeito. Não ser bandido.

Ao lembrar de minha mãe, meu tempo muda...

... E chove muito dentro de mim...

* EDMILSON SANCHES.

O projeto Novos Talentos do Futebol: Centro de Captação e Treinamento Esportivo, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado, pela Noroeste e pela Friobom por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, completou três meses de atividades em São Luís, dando oportunidades para jovens maranhenses que sonham em se tornar jogadores profissionais de futebol. O projeto atende cerca de 45 atletas de 13 a 19 anos, que recebem treinamento intensivo e especializado a nível dos principais clubes de formação do país, com toda a estrutura para a realização dos treinos. 

Os treinamentos do projeto Novos Talentos do Futebol estão sendo realizados semanalmente no Parque Valério Monteiro, no Bairro da Cohama, em São Luís. A iniciativa conta, ainda, com uma equipe multidisciplinar formada por um coordenador esportivo, um treinador de futebol, dois auxiliares de treinamento, um preparador físico e dois observadores técnicos para captação de atletas e oferta a clubes profissionais. Os jovens também receberam uniformes para serem utilizados nos treinamentos e competições em 2023. 

Além de formar atletas profissionais, o projeto Novos Talentos do Futebol também tem um caráter social. Os jovens participantes são originários de comunidades de baixa renda e que veem no esporte uma oportunidade de um futuro melhor para eles e suas famílias. 

“O projeto Novos Talentos do Futebol ainda está em seu início, mas já é um grande sucesso, pois está cumprindo o seu principal objetivo, que é unir o esporte de alto rendimento com a inclusão social. Além de transformar a vida desses jovens, a iniciativa colabora para o surgimento de atletas promissores, que vão elevar o nível do nosso futebol. Fica o nosso agradecimento ao governo do Estado, à Noroeste, à Friobom que, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, dão suporte para as atividades do projeto", diz Fernando Campos, coordenador dos Novos Talentos do Futebol. 

Tudo sobre o Novos Talentos do Futebol: Centro de Captação e Treinamento Esportivo está disponível nas redes oficiais do projeto (@novostalentosdofutebol).

(Fonte: Assessoria de imprensa)

O período de complementação da inscrição no processo seletivo da segunda edição de 2023 do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) termina nesta sexta-feira (14). Segundo o Ministério da Educação (MEC), os pré-selecionados na chamada única do Fies devem realizar o procedimento pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior até as 23h59.

Após fazer a complementação, o candidato deve validar as informações declaradas no ato da inscrição. O prazo para a validação é de até cinco dias úteis após a data da complementação da inscrição, que deverá ser realizada diretamente na instituição de ensino superior para a qual o candidato foi pré-selecionado. 

Lista de espera

O MEC informa, também, que os não pré-selecionados na chamada única do processo seletivo constarão automaticamente da lista de espera para fins de preenchimento das vagas não ocupadas, “observada a ordem de classificação conforme previsto no Edital 8/2023, que trata do cronograma e demais procedimentos do Fies 2023/2”.

De acordo com o ministério, a eventual pré-seleção de candidatos participantes da lista de espera ocorrerá no período de 18 de julho a 29 de agosto, no Portal Único de Acesso. 

O Fies foi instituído pela Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001. O objetivo é conceder financiamento a estudantes de cursos de graduação em instituições de educação superior privadas aderentes ao programa e com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes).  

Desde 2018, o Fies possibilita juros zero a quem mais precisa e uma escala de financiamento que varia conforme a renda familiar do candidato.

(Fonte: Agência Brasil)

A Fundação Biblioteca Nacional abre nesta sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, a exposição Uma janela para o armazém de periódicos. Cerca de 80 itens do acervo foram selecionados para contar a história da Coordenação de Publicações Seriadas, setor da biblioteca que completou 100 anos em 2022, e que abriga a maior e mais antiga coleção de periódicos do país (no total, são mais de 81 mil títulos e 372 mil volumes). 

Quem visitar a mostra vai encontrar uma variedade de estilos, formas e conteúdos. As curadoras Stéfani da Silva Salgado, Raquel Ferreira e Maria Angélica Bouzada dividiram as obras em cinco módulos. 

No que trata dos veículos de comunicação impressos, surpreende, por exemplo, a diferença de tamanho entre o jornal Vossa Senhoria e o Jornal do Commercio. O primeiro podia ser folheado com poucos dedos: era considerado o menor do mundo pelo Guinness World Records. Em 1935, foi publicado nas dimensões de 9cm x 6cm. Em 1996, passou a ter 3,5cm x 2,5cm. O outro jornal, fundado em 1827 e um dos mais antigos do país, media, aproximadamente, 75,5cm x 59cm. 

Diversidade

Quando se fala em temas, a diversidade é outra característica marcante do acervo. Periódicos infantojuvenis, LGBTQIA+, religiosos, do movimento negro, de trabalhadores, de grupos políticos e imigrantes estrangeiros são alguns dos destaques. Cada um ajuda a conhecer melhor as diferentes realidades sociais do país ao longo dos anos. 

Em tempos de facilidade digital e on-line dos acervos, a exposição foi pensada para também estimular a curiosidade do público com os suportes materiais da memória nacional. 

“A gente espera que, com essa exposição, as pessoas consigam tirar um pouquinho o rosto do computador. As plataformas digitais, como a nossa hemeroteca, trazem muitas facilidades, mas existe também o impresso que pode ser consultado dentro das devidas questões de preservação de cada material. E é importante lembrar que tem muito material guardado na Biblioteca Nacional que ainda não está digitalizado, porque tem questões de direitos autorais”, diz Stéfani Salgado, uma das curadoras da exposição. 

Imprensa negra

No módulo sobre fragmentos sociais brasileiros, o destaque é o jornal O Mulato ou O Homem de Cor, criado em 1833 por Francisco Paula Brito. Ele é considerado o primeiro periódico da imprensa negra no Brasil, dedicado à luta contra o racismo e em defesa da abolição da escravidão. Nesse sentido, também está exposta uma edição especial em cetim do A Cidade do Rio, veículo impresso do abolicionista José do Patrocínio, que lutava por impulsionar ideias de emancipação dos escravos junto à opinião pública. 

Outros acontecimentos importantes da história brasileira estão representados nas páginas dos jornais em exibição. Um exemplar da Revista de Antropofagia - publicada entre 1928 e 1929 - traz o Manifesto Antropófago, símbolo do movimento modernista brasileiro. 

Suicídio de Getúlio Vargas

Uma edição do Última Hora, jornal de Samuel Wainer, de agosto de 1954, anuncia o suicídio do ex-presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio. Um número da Pif-Paf lembra da revista de humor e crítica política lançada por Millôr Fernandes em maio de 1964, poucas semanas depois do golpe militar. 

As mulheres e o movimento feminista estão representados pelo O Jornal das Senhoras, lançado por Joanna Paula Manso, em 1852. Foi o primeiro periódico editado por mulheres no Brasil. A revista Walkyrias, lançada em 1934, era dirigida pela jornalista Jenny Pimentel de Borba, e tratava de questões do movimento feminista e da emancipação feminina. 

Grupos marginalizados e vítimas de discriminação ganharam voz por meio de periódicos. O jornal Beijo da rua, criado a partir do I Encontro Nacional de Prostitutas, em 1987, trazia reivindicações de direitos para o grupo. 

Lampião da esquina

A revista Femme, do Grupo de Conscientização e Emancipação Lésbica de Santos, produzida entre 1993 e 1996, contava com a participação de mulheres de diversos pontos do país. O jornal Lampião da Esquina, voltado para o público homossexual, circulou entre os anos de 1978 e 1981. 

Para o coordenador do setor de periódicos da Biblioteca Nacional, Alex da Silveira, a exposição é um dos primeiros passos no sentido de aproximar novos públicos da instituição. Ao despertar o interesse pelo acervo, ele deseja transformar novamente os corredores da biblioteca em espaços de sociabilidade e troca de conhecimento. 

“A gente sente falta daquele contato entre os usuários e os pesquisadores aqui na biblioteca. Temos novas gerações que nunca tiveram contato com o acervo material, só o digital. E é uma das nossas preocupações pensar em como recuperar esse espaço de consulta presencial e possibilitar que os pesquisadores possam trocar ideias entre si”, diz Alex, coordenador de Publicações Seriadas. 

Serviço

Exposição Uma janela para o armazém de periódicos 

Data: de 14/7 a 13/9/23

Horário: 2ª a 6ª feira, 10h às 17h 

Local: Biblioteca Nacional

Endereço: Av. Rio Branco, 219 – Centro - Rio de Janeiro

Entrada gratuita

(Fonte: Agência Brasil)

O Ministério Público do Maranhão abre, nesta segunda-feira (17), as inscrições para a edição 2023 do Prêmio MP-MA de Jornalismo, com o tema “O Ministério Público na indução das políticas públicas”. A premiação é destinada a profissionais e estudantes de Comunicação em várias categorias. As inscrições poderão ser feitas no endereço mpma.mp.br.

Os interessados deverão inscrever os trabalhos até o dia 1º de novembro de 2023, contemplando a atuação do MP-MA na defesa dos interesses da sociedade nas seguintes áreas: meio ambiente; combate às organizações criminosas; infância, juventude e educação; patrimônio público; cidadania; consumidor; criminal; controle externo da atividade policial; saúde; pessoa com deficiência; idosos; conflitos agrários; habitação e urbanismo; direitos humanos; violência doméstica.

Cada participante poderá inscrever apenas um trabalho por categoria, sendo elas: Jornalismo Impresso, Telejornalismo, Radiojornalismo e Webjornalismo. As produções jornalísticas em cada uma das categorias devem ter sido veiculadas a partir do dia 1º de janeiro de 2023 em veículo de comunicação ativo nos últimos doze meses e sediado no Brasil.

Há, ainda, a categoria Estudantes, com inscrição válida para produções de jornalismo impresso e webjornalismo. No entanto, não será exigida a publicação dos materiais produzidos em órgãos ou empresas de comunicação. Além disso, é necessário estar regularmente matriculado em qualquer período do curso de Comunicação Social.

Premiação

Na categoria profissional, o MP-MA concederá certificado e prêmio em dinheiro ao melhor trabalho de cada categoria no valor de R$ 5 mil. O melhor trabalho dentre os quatro premiados receberá premiação extra no valor de R$ 4 mil. A premiação extra não é válida para estudantes.

Na categoria estudantil, o autor do melhor trabalho nas categorias Jornalismo Impresso e Webjornalismo receberá o certificado e será premiado em R$ 1.000.

A entrega dos prêmios ocorrerá em dezembro de 2023, em cerimônia organizada pelo MP-MA.

(Fonte: MP-MA)

Qual é a sua trilha musical?

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Houve um tempo em que a música era para ser ouvida com a consciência.

Consciência do outro. Do sofrimento do outro.

Fraternidade. Solidariedade. Irmandade.

Foi no dia 13 de julho de 1985 que ídolos do “rock and roll” tocaram para os estômagos famintos da Etiópia (África).

Fome que dura até hoje.

Com um “show” simultâneo em Londres (Reino Unido) e na Filadélfia (Estados Unidos) e também na Austrália e no Japão, o show “Live Aid” (um feliz duplo sentido: “ajuda ao vivo”) atingiu pelo menos cem países e cerca de 2 bilhões de pessoas.

Entre os participantes, cantores, músicos e bandas de minha adolescência e de todas as épocas: The Who, Status Quo, Dire Straits, Led Zeppelin, Queen, David Bowie, BB King, Mick Jagger, Sting, Scorpions, U2, Paul McCartney, Phil Collins, Eric Clapton, Black Sabbath, Tina Turner, Santana, The Pretenders, Bob Dylan, Lionel Ritchie...

E lembrando esses nomes, recordo-me dos muitos mais que eu ouvia nos idos anos 1970/1980: AC/DC, Bread, ELO (Electric Light Orchestra), Black Oak Arkansas (Carvalho Negro do Arkansas), Uriah Heep, o sinfônico rock do YES / Genesis / Rick Wakeman, ELP (Emerson Lake Palmer), UFO, Pink Floyd, Kraftwerk, Yanni, Jean Michel Jarre, Kitaro, Giorgio Moroder, Joahann Timman (o Connor Faria, Beatles, KC and the Sunshine Band, Jeff Beck (e outros "monstros" da guitarra: Eric Clapton, Lou Van Eaton, Santana...), Voyage, Vangelis, The Vamps, Stevie Wonder, Janis Joplin, Nazareth...

E ainda Chicago, Bruce Springsteen, Carpenters, Barrabas, Automat, Aretha Franklin, Anthony Philips, Andreas Vollenweider, Alice Cooper, The Peppers, Isaac Hayes, Iron Maiden, Passport, Alan Parson's Project, Gary Glitter, Grand Funk Railroad, Harry Nilson, Eurythmics, Simply Red, Frank Sinatra, Men At Work, Ruby Winters, Scorpions, Simon and Garfunkel, Israel Sings, Mercedes Sosa, Willie Nelson, Rush, Rick Wakeman, The Moody Blues, The Monkees, Munich Machine, Ravi Shankar, Marillion, Larry Coryell, Creedence Clearwater Revival, Yazoo, Frank Zappa, Supertramp, The Concept, Commodores, Green on Red, Deep Purple e muito, muito mais...

Claro que havia muita MPB. Do “A” do “Abertura” ao “Z” dos Zés Geraldo e Ramalho. E o “rock” do Terço, da Casa Encantada, Casa das Máquinas, Joelho de Porco, Rita Lee e muito, muito mais...

Esse povo todo não está somente nas lembranças ou na memória. Todos estão em discos LP (vinil) e CD e DVD ou “Blu-ray”, que guardo com zelo e os reescuto em conservado toca-discos e no “player” dos discos digitais.

Como se lê, não faço nenhuma objeção aos CDs / DVDs / Blu-rays nem aos músicos clássicos, do “A” do italiano Albinoni ao “Z” do tcheco Zelenka (coincidência: tanto Albinoni quanto Zelenka eram elogiados por Johann Sebastian Bach).

Clássica, erudita, popular, folclórica, sacra, a música é a trilha sonora da História humana e da história de cada um de nós.

Qual é a sua trilha musical?

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Falando em Música (“rock” é música), não há como não reiterar registros de músicos mais pertos de nós, seja pela espacialidade, seja pela brasilidade/regionalidade. Embora sejam músicos de um modo, digamos, mais brasílico, eles também têm suas referências rockeiras.

São artistas (compositores, instrumentistas, cantores) da música imperatrizense, tocantina, maranhense e nordestina.

Conheço muitos deles e conheço um pouco mais de seus trabalhos, em especial as produções mais antigas, que coleciono. Já escrevi textos sobre alguns desses músicos, compositores e intérpretes, e diversos deles  – e suas produções, os discos –  foram descritos e documentados na “Enciclopédia de Imperatriz”, que escrevi, lançada no primeiro semestre de 2003, nos ecos dos 150 anos de Imperatriz, maior município do Maranhão, após a capital.

E referindo-me só às obras gravadas que tenho (em DVD, CD, LP, K-7, compacto duplo e simples), estão trabalhos e primeiros discos do Neném Bragança (falecido em 15 de janeiro de 2015) e outras produções “antigas” da “rapaziada”, como, por exemplo:

Wilson Zara (meu ex-colega de faculdade), Erasmo Dibell, Henrique Guimarães (competente; um dia será [re]descoberto...), Clauber Martins, Zeca Tocantins, Washington Brasil,...

... Lourival Tavares (parceiro de composições, uma delas – “Cenas” – gravadas no seu disco “Lobo da Lua”), Luís Carlos Dias (meu apoiador e general de campanha), o (ins)piradíssimo e "fissurado" Chiquinho França (sobre quem escrevi textos e para quem agradeci a espontânea colaboração com belíssimo “blue” que compôs para campanha eleitoral minha),...

... meu colega e amigo Gildomar Marinho, Deive Campos, Lena Garcia, Olívia Heringer, Canta Imperatriz (CD), Carlinhos Veloz (a quem entreguei título de "Cidadão de Imperatriz", por minha indicação e pelo que representa sua música "Imperador Tocantins", hino não oficial de Imperatriz), Chico Brawn (que levava adiante projeto de formação musical para crianças; faleceu em 2021), Nani Vieira (Ernanes Vieira), VieiraDK6, Dumar Bosa, Elcias, Franck Seixas, Genésio Tocantins, Itamar Dias Fernandes, Adrianna Dias,...

... Dona Francisca do Lindô e da Mangaba (caxiense como eu; conversava com ela em sua residência no bairro Santa Inês, de Imperatriz; falecida em 5 de junho de 2017), Zuza e seu sax, Paulo Pirata (ou Paulo Maranhão), Ostérnio, Josean Amaury, Ires, Lídia, Gerson Alves, Ed Millson, Diogo Rodrigues, Ageu Santos, Adriana e suas Adrenalinas, Marcelino, Samya, Cleyton Alves, Alcides, Flor de Maria, Cia. Cristã de Fátima (Cocrifá), Victor Cruz, Lídia,...

... César & Matheus, Suzanna, Jandel & Jordão, Ray & Roger, Plebeu & Nativo, Acássio Reis, Rael & Ricardo, Grupo Celebr'Art, Banda Baetz, Júlio Nascimento, Fruta Mel, Pollyana, Valdenice, Elizeth Gomes, Chirley Camargo, Conexão Explosão, Cristo Melquíades, Luciano Guimarães & Banda, Marcos Villar, Forró Doce Paixão, Furacão Brasil, Galego & Adriano, Benerval Silva, Elissâmya, Elson Santos,...

... Raimundo Soldado, Paulinho dos Teclados, Pedrinho dos Teclados, Sandez, Raimundo Paulino e os Conscientes do Forró, Ray Douglas, Henrique Braga, Paulinho, Arão Filho, Wilson Júnior & Luciano, entre outros.

Documentei exaustivamente quase todos eles na "Enciclopédia de Imperatriz".

Não esquecer as obras e outros autores maranhenses como Josias Sobrinho (tenho quase todos seus CDs, com dedicatória e tudo), "Arrebentação da Ilha", Beto Pereira, Boizinho Barrica, Bumba-boi de Morros, Chico Saldanha, Cláudio Valente e Sérgio Habibe, Coral do Maranhão, Gerude, Hermógenes Som Pop, "Pedra de Cantaria", Tribo de Jah, Tutuca, Ubiratan Sousa e Souza Neto.

De Minas Gerais, Rubinho do Vale.

De São Paulo, Ângelo Alves.

Do Pará, Wada Paz.

Em Fortaleza (CE), "entrosei-me" com o pessoal da música popular cearense. Gente do naipe de Calé Alencar (abraço, amigo!), Pingo de Fortaleza, Acauã, Edmar Gonçalves (além de músico, excepcional artista plástico/pintor; é primo do Calé Alencar), Augusto Bonequeiro, Lúcia Menezes, Abdoral Jamacaru, Adauto Oliveira, Alcântara, André & Cristina, Bernardo Neto, Cacau, Cego Oliveira, Cleivan Paiva, Jabuti, Manassés, Patativa do Assaré, Ricardo Augusto, Ronaldo Lopes & Banda Oficina, Talis Ribeiro, Tom Canhoto, e outros... (Calé, Edmar, Gildomar, como está esse povo todo?).

Fiz textos sobre Chiquinho França, Luís Carlos Dias, Zeca Tocantins, Lourival Tavares (que gravou duas músicas minhas e dele)... Também escrevi sobre o Luís Brasília (falecido em 14 de fevereiro de 2011), jornalista e produtor cultural, criador do programa de TV "ArteNativa" (Mirante/Rede Globo), que divulgou ou lançou diversos nomes e obras.

Também ouço e aplaudo excelências musicais como Heury Ferr (violão), Humberto Santos e Junior Schubbert (violino), excepcionais nos instrumentos que tocam com mestria e Maestria.

Em minha terra natal, Caxias, Chico Belezza Beleza, Naum, Roger Maranhão, Jorge Bastiani, Antônio Cruz (falecido em 2020), Hilter (violão) e tantos outros são referência e orgulho caxiense, que nem José Salgado Maranhão, letrista de nome e nomeada, residente no Rio de Janeiro (RJ), com suas produções já gravadas por diversas grandes estrelas da MPB.

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Os artistas da música acima são de variada flora, florada e floração. Todos os gêneros de composição. Da MPB ao "gospel", do compromisso com a raiz que se finca na terra ao pólen que se espalha e se espraia pelos ares, mares, lares e outros lugares de muitos cantares.

* EDMILSON SANCHES

“Olá, como vai? Eu preciso saber da sua vida. Como vai você? Salve, simpatia”. É com uma colagem de trechos de diversas canções brasileiras que a nova exposição temporária do Museu da Língua Portuguesa vai saudar o público que a visitar a partir desta sexta-feira (14), em São Paulo.

Chamada de Essa Nossa Canção, a mostra explora a ligação entre a língua portuguesa e a música brasileira. Uma ligação tão profunda que é responsável por construir não só a nossa identidade, como também a  memória coletiva.

“Todos nós temos as nossas canções. Aquilo que entra em você e resgata um sentimento, como uma dor ou uma alegria. Mas o Brasil também tem as suas canções. Então, a canção também define uma identidade”, diz Isa Grinspum Ferraz, uma das curadoras da exposição com Carlos Nader e Hermano Vianna. A mostra também tem consultoria de José Miguel Wisnik.

“Com a exposição, queremos mostrar a diversidade das canções no Brasil, os vários falares, as múltiplas vozes que podemos ouvir através das canções e que une classes sociais, o popular e o erudito, o individual e o coletivo”, acrescenta Isa.

Percurso do sopro

A colagem de versos de diversas músicas que saúdam o público faz parte da instalação sonora Palavras Cantadas, que compõem o primeiro momento da exposição. Nela, o visitante vai entrar em uma sala repleta de cortinas e 14 caixas de som acústicas, que apresentam versos de 54 músicas brasileiras, despidas de acompanhamento instrumental. É aqui que esses versos conversam entre si e apresentam uma nova e transformadora obra, elaborada pelo produtor cultural Alê Siqueira.

Com isso, versos de canções de Adoniran Barbosa vão brincar e interagir com trechos de músicas de Chico Buarque, Martinho da Vila, João Gilberto ou Clara Nunes, em uma experiência que dura pouco menos de seis minutos.

Mas a exposição tem início antes dessa sala. Já ao entrar no elevador, o público vai ouvir uma intervenção sonora, também criada por Alê Siqueira, e que reúne cantos famosos como ÔôôôôIlariêAê-aê-aê, que se unem para formar uma única canção.

Garota de Ipanema

Já na segunda sala da exposição, dez músicas emblemáticas do cancioneiro nacional ganham novos intérpretes, promovendo ligações inusitadas entre as interpretações clássicas e a música brasileira contemporânea. Juçara Marçal, por exemplo, canta Sinal Fechado, de Paulinho da Viola. José Miguel Wisnik e Xênia França cantam Garota de Ipanema, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes. E fãs dos Racionais MC’s cantam o clássico rap Diário de um Detento. “É importante dizer que não são as 10 melhores canções brasileiras. É sempre um recorte. Essas canções estão aí porque elas trazem algum aspecto inusitado ou desconhecido da relação entre língua e canção”, explica Isa.

O terceiro ambiente da exposição é dividido em dois espaços. Em um deles, o público terá a oportunidade de assistir ao documentário As Canções (2011), de Eduardo Coutinho. No outro, os cineastas Quito Ribeiro e Sérgio Mekler realizam obra inédita composta por pequenos trechos de músicas que estão em vídeos do YouTube com interpretações de diversas músicas brasileiras.

Na última sala da exposição, há reproduções dos manuscritos de canções escritas pela cantora sertaneja Marília Mendonça, o músico Tom Jobim e o sambista Cartola. Há, ainda, uma linha do tempo em que são apresentados aparelhos que reproduziram essas canções brasileiras ao longo dos anos, desde a vitrola, ao disco de 78 rpm, passando pelas fitas K7 e os iPods.

A ideia da exposição é que o público faça o percurso como um sopro. Um sopro que vai se adensando e ganhando forma, corpo e elementos.

“A canção é um sopro. E, no Brasil, é um sopro que oxigena e que reúne características da identidade brasileira, que é vastíssima, e da multiplicidade de Brasis que não é um país, mas [são] muitos. A canção une todas as pontas do Brasil. Une o erudito e o popular, o antigo e o mais moderno. É sempre uma recriação: você bebe da tradição, mas a reinventa o tempo todo. E você une classes sociais. Você pode contar a história do Brasil e todo mundo se identifica com ela, de algum jeito, através da canção. Cada um de nós tem canções que também traduzem nossas vidas. De fato, estão na alma do brasileiro a música e a canção”, analisa Isa.

Experiência sensorial

Segundo Carlos Nader, a exposição foi toda pensada curatorialmente para ser uma experiência sensorial. “Essa não é uma exposição sobre a história da canção. Não há nenhuma ambição totalizante nesse sentido de fazer uma tese sobre a canção. É uma exposição sensorial, fluída. Ela não é para ser entendida racionalmente, mas para ser sentida, aproveitada, como é a própria canção. A canção é esse sopro. A gente esquece que a fala é sopro, um sopro contínuo, cortada pelas cordas vocais. E a canção é esse sopro potencializado por um ritmo musical”, depõe.

A mostra Essa Nossa Canção fica em cartaz até março de 2024. O museu tem entrada gratuita aos sábados. Mais informações podem ser obtidas no site do museu.

(Fonte: Agência Brasil)