Revelação do esporte maranhense, o surfista Kadu Pakinha, que conta com o patrocínio do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, está confirmado em mais uma competição importante na temporada de 2023. Em busca de evolução no cenário nacional da modalidade, Kadu vai disputar a 2ª etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base entre quinta-feira (10) e domingo (13), na Praia do Tombo, em Guarujá (SP).
Nos últimos dois meses, Kadu Pakinha conquistou grandes resultados em dois eventos no Rio de Janeiro. O jovem atleta chegou às quartas de final do Circuito de Surf Cyclone, no fim de junho, na Praia da Barra da Tijuca, e foi semifinalista do Canto Open, que ocorreu em julho, na Praia do Recreio.
Também na temporada de 2023, Kadu Pakinha teve um ótimo desempenho no Grumari Masters, que foi realizado em maio, na Praia de Grumari, no Rio de Janeiro. Com uma boa apresentação, o atleta maranhense garantiu a quarta posição na categoria Sub-16 Masculino da competição em águas cariocas. Além disso, Kadu representou o Maranhão na primeira etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, disputada em maio, em Porto de Galinhas, no município de Ipojuca (PE), e no Saquarema Surf Pro Am, em julho.
Evolução
Em busca de novas experiências e de desenvolvimento no esporte, Kadu Pakinha está passando a temporada de 2023 no Rio de Janeiro, com uma intensa rotina de treinamentos no Recreio dos Bandeirantes e competições no Estado. Em sua primeira competição no Rio, em fevereiro, o jovem maranhense atingiu as quartas de final nas categorias Sub-16 e Sub-18 do Quissamã Pro-Am 2023, na Praia Barra do Furado, em Quissamã.
Kadu Pakinha mira uma temporada repleta de títulos após um 2022 histórico, com destaque para a participação no Campeonato Maranhense de Surf, onde foi campeão na categoria Sub-16 e garantiu a terceira colocação na categoria Open.
Na última temporada, Kadu também chegou às quartas de final do Iguape Pró, do Maresia Ondas do Futuro e do Circuito Caucaia, além de representar o Maranhão nas categorias Sub-14 e Sub-16 do Circuito Brasileiro de Surf de Base. Por causa dos grandes resultados durante todo o ano, Kadu Pakinha foi eleito o melhor atleta de surfe na 18ª edição do Troféu Mirante Esporte, maior premiação esportiva do Estado.
Nome de destaque do esporte maranhense, o nadador Davi Hermes brilhou na disputa do Meeting Brasileiro de Natação, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos para Deficientes Intelectuais (CBDI), com o apoio do Comitê Paralimpico Brasileiro (CPB), e realizada no último fim de semana – sábado (5) e domingo (6) –, em São Paulo. O atleta da Viva Água, que conta com o patrocínio do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, conquistou duas medalhas de ouro e uma medalha de prata na competição nacional, além de registrar a sua melhor marca pessoal em três provas na capital paulista.
Referência na natação paralímpica brasileira, Davi Hermes faturou o ouro nas provas dos 100m borboleta e 200m borboleta, garantiu a medalha de prata nos 50m borboleta e foi quarto colocado na disputa dos 50m nado livre. O atleta maranhense também fez os melhores tempos da carreira nos 50m nado livre, 50m borboleta e 100m borboleta.
Com os três pódios em 2023, Davi Hermes se consolida como um dos maiores nomes da história do Meeting Brasileiro CBDI, faturando 13 medalhas nas últimas quatro edições da competição nacional. Na edição de 2022, o nadador maranhense foi medalha de ouro nos 50m, 100m e 200m borboleta, além de levar a prata nos 50m livre.
Outros resultados
Antes de fazer história no Meeting Brasileiro de Natação CBDI, Davi Hermes se destacou em duas competições durante o mês de junho. Além de conquistar dois ouros nas provas dos 100m borboleta e 400m livre do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, o atleta da Viva Água ganhou cinco ouros nos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), vencendo as disputas dos 50m, 100m e 200m livre, além dos 50m e 100m borboleta, ajudando a Universidade Ceuma a conquistar o terceiro lugar no quadro de medalhas da natação paradesportiva dos JUBs.
Já no Campeonato Brasileiro de Natação CBDI 2023, realizado em abril, em São Paulo, Davi Hermes levou três medalhas de ouro – com direito à conquista do tetracampeonato nas provas dos 50m e 100m borboleta e do tricampeonato nos 200m borboleta –, e uma prata nos 50m livre.
Também na temporada de 2023, Davi Hermes conquistou três medalhas de ouro nas provas dos 50m borboleta, 200m borboleta e 400m livre no Torneio Início, competição promovida pela Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA), e garantiu três medalhas no Torneio Grão-Pará da Amizade Master de Natação, com uma prata nos 50m borboleta e dois bronzes nas disputas dos 50m livre e 100m borboleta.
A atriz Aracy Balabanian morreu na manhã desta segunda-feira (7), no Rio de Janeiro, aos 83 anos. A confirmação foi feita pela Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul da cidade. A causa da morte não foi revelada. “A Clínica São Vicente lamenta a morte da paciente Aracy Balabanian e se solidariza com a família e amigos por essa irreparável perda”, diz o hospital, ao informar não ter autorização da família para divulgar mais detalhes.
A artista é dona de uma carreira de cerca de 50 anos, com participação em mais de 30 novelas e peças de teatro. Além disso, ficou marcada pelo programa Sai de Baixo, da TV Globo.
Filha de uma família de origem armênia, Aracy Balabanian nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, em 22 de fevereiro de 1940. Na adolescência, cultivava o sonho de ser atriz. Ainda na época de escola, quando morava em São Paulo, entrou para o Teatro Paulista do Estudante. Aos, 18 anos, Balabanian passou para duas faculdades, Escola de Arte Dramática de São Paulo e Ciências Sociais, na Universidade de São Paulo (USP). Mas deu razão à vocação e terminou apenas a de Arte Dramática, mesmo contrariando pai, que não queria que ela se tornasse a atriz.
A partir de 1963, aos 23 anos, iniciou a participação de espetáculos do Teatro Brasileiro de Comédia, entre eles, Os Ossos do Barão. Ainda na década de 50, começou a trajetória na TV. Em 1965, trabalhou em Marcados pelo Amor, na TV Record. Em seguida, fez novelas na extinta TV Tupi.
Nos anos 70, Aracy Balabanian estreou na TV Globo. A primeira novela foi O Primeiro Amor, em 1972. No ano seguinte, trabalhou no programa infantil Vila Sésamo. A maior parte da trajetória artística dela foi na emissora carioca, ao mesmo tempo em que se apresentava também em peças teatrais. Entre 1986 e 1988 trabalhou na TV Manchete, voltando à Globo, em 1989, para fazer Que Rei Sou Eu.
Dona Armênia
O sotaque e alguns costumes da família de origem armênia ajudaram a forjar a personalidade de dona Armênia, papel de destaque de Balabanian na novela Rainha da Sucata (1990). A aceitação do público foi tão grande que a personagem voltou na novela Deus nos Acuda (1992).
“Eu aprendi a ler e a escrever, e declamava em armênio, porque começaram a fazer isso comigo [ensinar] muito cedo. Meu pai e minha mãe me ensinavam poemas, que eu declamava", lembrou a atriz em entrevista ao Programa Sem Censura, da TV Brasil, em 2015. No programa, ela lembrou que recitava os poemas em festas que reuniam outras famílias de origem armênia. “Aí os velhos choravam, então eu percebi que fazia as pessoas se comoverem, bem pequenininha”, contou. “Isso eu fui cobrar meu pai mais tarde, ele me incentivou [na carreira artística]”, brincou.
O sucesso mais duradouro de Aracy Balabanian é a socialite Cassandra, do humorístico Sai de Baixo (1996-2002). O programa de TV era gravado no Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo, com a presença de plateia, o que fazia com que os artistas levassem ao ar cenas repletas de improvisação. Muitas vezes, a atriz não segurava o riso no meio dos diálogos.
O último trabalho na televisão foi em 2019, no especial de fim de ano Juntos a Magia Acontece.
Repercussão
Parceiro de Balabanian no Sai de Baixo, o ator Miguel Falabella publicou uma homenagem à atriz nas redes sociais. “Minha amada Aracy, minha rainha, atriz de primeira grandeza, companheira irretocável, amor de muitas vidas. Obrigado pela honra de ter estado ao seu lado exercendo nosso ofício, obrigado pelo afeto, pelos conselhos, pelas gargalhadas e pela vida que você tão delicadamente me ofereceu”.
“Uma atriz referência para todos nós, um ícone de várias gerações, seus personagens ganharam as ruas com seus bordões maravilhosos, com sua integridade, sua dignidade, sua inteligência e humor”, publicou a atriz Beth Goulart.
A atriz Patrícia Pillar também se despediu de Balabanian. “Atriz adorável, com seu jeito tão próprio, tão original... Lembro a alegria enorme que senti quando soube que trabalharia a seu lado em Rainha da Sucata! E sempre me senti assim a cada vez que trabalhamos juntas. Fico aqui com o coração partido, desejando paz e conforto a seus familiares, aos inúmeros amigos e fãs”.
O ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, lamentou a morte na rede social X (antigo Twitter). “Notícia triste que recebo agora da partida da querida Aracy Balabanian. Uma grande mulher, filha de refugiados, pioneira na televisão brasileira, atriz brilhante. Impossível pensar em Aracy e não lembrar de suas risadas em cena como Cassandra. Fez história e vai fazer falta. Meus sentimentos à família e aos amigos”, escreveu.
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, escreveu nas redes sociais que a atriz “dedicou sua vida à cultura, nos presenteando com o seu brilhantismo em personagens que marcaram gerações”. Castro acrescentou que “seu legado ficará para a história do país e no nosso coração. Meus sentimentos e abraço para familiares e amigos de profissão de Aracy”.
“O Brasil perde uma grande atriz”, lamentou o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes. “Meus sentimentos aos amigos, familiares e fãs”, completou.
Fim de semana de conquistas esportivas para o Fórum Jaracaty. Os atletas do projeto social incentivado pelo governo do Estado e pela Equatorial Maranhão, via Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, brilharam nos tatames e nas mesas em competições estaduais e nacionais das modalidades de judô e de tênis de mesa.
O judô, modalidade oferecida no projeto, participou de duas acirradas competições. Na final do individual dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs), os atletas Levi Seguins, Kewelly Sá, Jardiene Corrêa, Miria Frazão e Olga Bayma subiram ao pódio e comemoraram a conquista das cinco medalhas de ouro na competição. Em Lauro de Freitas (BA), pelo Campeonato Brasileiro Sub-21, mais um atleta do Fórum Jaracaty subiu ao tatame. José Manoel Silva teve um bom desempenho, mas foi eliminado antes das semifinais.
Em Teresina (PI), os atletas do tênis de mesa subiram ao pódio por mais de uma vez. Durante a 15ª edição do TMB Challenge Plus, competição da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM) que reúne atletas de todo o Brasil, Paola Morais arrematou o ouro em todas as categorias que participou: o Sub-19, o Sub-21 e o Rating E Feminino. Já Júlio César Valentim, que competia por duas categorias, conquistou a medalha de bronze no Rating L Masculino.
Com tantas conquistas em poucos dias, foi impossível para Márcia Assunção, diretora do Fórum Jaracaty, esconder a felicidade. “São resultados que orgulham, porque vemos no dia a dia o quanto eles se dedicam ao esporte, o quanto superam dificuldades para vir aos treinos. Neles, encontramos motivação. Por isso, cada vitória deles nos enche de orgulho”, relata Márcia.
Além do judô e do tênis de tesa, o Fórum Jaracaty oferece ainda o futsal como modalidade esportiva. Brinquedoteca, Informática e Artes também fazem parte das atividades do projeto, direcionadas à crianças e jovens. Para a comunidade, o Fórum Jaracaty é sede para cursos e palestras oferecidos por patrocinadores e parceiros. Todas as atividades do Fórum Jaracaty são gratuitas.
O Maranhão fez bonito na edição de 2023 da Copa Pacífico de Águas Abertas, competição realizada na cidade de Salinas no Equador. No evento, encerrado no último fim de semana, os atletas maranhenses deram show no mar, conquistaram medalhas em seis provas e deram uma grande contribuição para que o Brasil conquistasse o título geral da competição. No total, os nadadores maranhenses, que competem pela Atlef/Nina, garantiram três ouros, uma prata e dois bronzes.
Os nadadores Henrique Figueirinha e Carol Hertel confirmaram seus respectivos favoritismos e fizeram bonito no Equador. No revezamento misto Sub-23 (4 x 1.500m livre), a dupla do Maranhão ajudou o Brasil a garantir a medalha de ouro logo no primeiro dia de disputas.
Já nas provas individuais, os dois atletas da Atlef/Nina também voltaram ao pódio. Na prova masculina dos 10km da categoria Sub-23, Henrique sagrou-se campeão. Já Carol, ficou na terceira colocação nos 10km do Sub-23 feminino.
Quem também teve um desempenho muito bom foi o jovem Paulo Marcelo de Jesus. O maranhense foi ouro no revezamento misto 14-16 anos e garantiu a prata na prova dos 5km. Já Noam Franchi, foi bronze na prova dos 10km da categoria Júnior, enquanto Milena Bordalo, terminou na sexta colocação nos 5km (14/15 anos).
“Todos os cinco atletas do Maranhão convocados estão em um grande nível em 2023 e conseguiram excelentes resultados na Copa Pacífico de Águas Abertas. O esporte que temos feito é uma referência. Vale ressaltar o apoio de muitos parceiros e amigos para o desenvolvimento desse trabalho e, sobremaneira a Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, que é uma bandeira no crescimento de atletas e clubes do nosso Estado. Nosso obrigado ao governo do Estado e à Equatorial Energia que têm sido um pilar desse projeto e nos dão suporte já há alguns anos. Sabemos que podemos contar com esse apoio e isso nos motiva a dar sempre o nosso melhor para vencer”, explicou Alexandre Nina, presidente da Federação Maranhense de Desportos Aquáticos (FMDA) e técnico da Seleção Brasileira.
Sul-Americano de Natação
Além das medalhas de ouro e prata conquistadas na Copa Pacífico de Águas Abertas, Paulo Marcelo de Jesus tem outro excelente motivo para celebrar. O atleta da Atlef/Nina foi convocado para a Seleção Brasileira que disputará a edição de 2023 do Campeonato Sul-Americano Juvenil de Natação. O evento ocorrerá entre os dias 16 e 20 de setembro na cidade de Buenos Aires, na Argentina.
Um dos mais promissores atletas da atual geração da natação maranhense, Paulo Marcelo tem feito uma temporada com excelentes resultados que o credenciaram a ser convocado para a disputa do Sul-Americano. Em junho, o jovem nadador quebrou o recorde brasileiro da categoria Infantil 2 na prova dos 800m durante a disputa do Campeonato Brasileiro Interclubes Infantil de Natação – Troféu Ruben Dinard de Araújo, que foi realizada na cidade de Bauru (SP).
A kitesurfista maranhense Socorro Reis, que é patrocinada pela Fribal e pelo governo do Estado por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, além de contar com os patrocínios do Grupo Audiolar, da Revista Kitley e do programa Bolsa-Pódio, vai encarar um importante desafio em busca do maior sonho de sua carreira: a vaga nos Jogos Olímpicos de 2024. Maior nome do kitesurf feminino do Brasil, Socorro está confirmada no Campeonato Mundial de Vela, evento classificatório para Paris 2024, com início nesta quinta-feira (10), em Haia, na Holanda.
Antes de viajar para a Holanda, Socorro Reis fez vários treinos em São Luís e em Vitória (ES), onde realizou os últimos ajustes em busca de uma excelente participação no Mundial de Vela. Além da boa preparação, a kitesurfista maranhense está confiante depois de conquistar um resultado expressivo em águas holandesas, no início de junho. Socorro foi a segunda melhor atleta das Américas e a 21ª colocada geral na Allianz Regatta, evento válido como etapa da Copa do Mundo de Vela e que reuniu as principais kitesurfistas do mundo na cidade de Lelystad.
Além do Mundial de Vela, Socorro Reis participará de outra grande competição internacional que servirá como seletivo olímpico. A kitesurfista maranhense vai disputar, entre os dias 25 de outubro e 5 de novembro, os Jogos Pan-Americanos, em Santiago, no Chile.
Outros resultados
Socorro Reis também se destacou nos primeiros eventos do ano. Em fevereiro, a maranhense garantiu o segundo lugar das Américas e a nona posição na classificação geral do Clearwater US Open, que ocorreu em Clearwater, nos Estados Unidos. Já em março, Socorro brilhou no Campeonato Pan-Americano de Fórmula Kite, em Cabarete, na República Dominicana, onde conquistou o vice-campeonato continental e ficou na terceira colocação na classificação geral. Além disso, Socorro Reis representou o Maranhão e o Brasil na tradicional Semana Olímpica Francesa, disputada em abril, na cidade de Hyères.
– Deixa de ser homem o homem que mata ou maltrata uma mulher.
– Cinco histórias reais de violências surreais
* * *
[...] no país do futebol, quando um juiz apita o final de um jogo, um homem põe fim à vida de uma mulher.
Definitivamente, um jogo brutal, irracional.
Um jogo em que já se sabe quem vai perder.
Mulheres – ame-as ou deixe-as...
... em paz.
* * *
Você que inicia a ler este texto pode até achar que não, que não há nenhuma novidade, “é só drama”, exagero da imprensa etc.
Pois bem: daqui a 90 minutos uma mulher será morta à bala, à faca ou com as mãos por um brasileiro seu marido, namorado, companheiro ciumento, inseguro, frustrado, covarde...
Há alguns anos, eu pessoalmente acompanhei, por quase uma semana, dois programas de final de tarde em duas emissoras nacionais de TV. O destaque: mulheres vitimadas, brutalizadas, assassinadas por homens (homens?) sem qualquer noção de respeito à vida. Todo santo dia, estavam lá as manchetes sonoras e em legenda: mulheres mortas por seus parceiros.
Ilustro com cinco casos, apenas cinco:
1) O homem acidentou seu carro; correu até a ex-mulher e pediu que ela pagasse com o cartão de crédito dela os setecentos reais do serviço mecânico. Prometeu pagar. Na data de vencimento, a mulher foi cobrar. O homem não pagou. A mulher esperou um tempo – precisava comprar pequenas coisas para a filha do casal agora separado. A mulher foi lá na casa do ex. Ele disse que já não suportava mais a mulher... e lhe enfiou balas, pelas costas. Matou a mãe de sua filha pequena, criança ainda, por causa de R$ 7000.
2) Casal jovem. Ele, ciumento, inseguro. Proíbe a mulher de estudar na faculdade, curso de Direito. Proíbe a mulher de ver a família dela (a dele podia). Proíbe-a de ver amigas. Por fim, proibiu-a de sair de casa. Pior: metido a Deus, proibiu-a de ter vida – asfixiou a própria mulher no quarto, deixou-a a morta, saiu de casa, fugiu... enquanto os pais dele e outros familiares (dele...) assistiam à televisão na sala e não viram nada – somente “duas horas depois”. Outro registro de doer nessa história: o jovem casal tinha uma filha de oito meses...
3) Ela, loira, linda, 17 anos. Não quis mais saber do marido também jovem. Ele consegue que a moça saia uma vez mais com ele, leva-a para uma casa em lugar distante. Uma testemunha desconfia de algo estranho na casa; chama a polícia. O rapaz foge num desses automóveis com carroceria. A polícia consegue alcançá-lo e inicia a perseguição. De repente, da carroceria, um corpo que cai... Mas só se soube que era um corpo depois, pois a menina de 17 anos tinha sido morta e embrulhada e jogada dentro da carroceria até o corpo cair no asfalto durante a perseguição.
4) Treze anos de convivência parecem não ter valido nada. O marido insistia em querer retornar. Não foi aceito. Se ela não podia voltar a ser dele, não era para ser de mais ninguém – nem dela própria. Matou a mulher. Enterrou-a no quintal de casa. O filho pequeno dos dois foi brincar de cavar uma piscina no quintal e daí...
5) Jovem mulher. Bonita. O companheiro, ciumento, inseguro. Violento. Um dia, um estilete. O homem talha e retalha profundamente a face esquerda da mulher. Cortes verticais, horizontais, diagonais... “Scarface”. Cicatrizes eternas? Não.
Depois de muitas cirurgias, a jovem tenta seguir sua vida. A jovem marcada, quase desfigurada, ia a pé para o trabalho. Em uma passarela sobre a avenida, passagem obrigatória, o monstro está à espera, à espreita. E termina o serviço: mata a mulher.
* * *
Repito: O brasileiro diz amar as mulheres... e pelo visto gosta de matá-las também: entre 2009 e 2011, pelo menos 16 mil e 900 mulheres foram mortas, segundo o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), um competente órgão do governo federal.
Faça as contas: 16.900 mulheres assassinadas em três anos corresponde a 15,4 mulheres mortas todo santo dia. Como um dia tem 1.440 minutos, mata-se uma mulher a cada 96 minutos. Ou seja, no país do futebol, quando um juiz apita o final de um jogo, um homem põe fim à vida de uma mulher.
Definitivamente, um jogo brutal, irracional.
Um jogo em que já se sabe quem vai perder.
Mulheres – ame-as ou deixe-as...
... em paz.
E o grito inútil: Parem a violência.
Parem a violência contra as mulheres.
Deixa de ser homem o homem que mata ou maltrata uma mulher.
A Exposição O Equilíbrio dos Barrancos exibe mais de 60 trabalhos artísticos de pintura de mais de 30 jovens artistas do Projeto Refúgio, programa que é coordenado pela Associação dos Artistas e Produtores do Centro (ASP) de São Paulo. Segundo os organizadores, a mostra expressa o reconhecimento desses jovens artistas que se encontram em alguma situação de vulnerabilidade, exercendo o direito de ocupar posições de protagonismo dentro de espaços institucionais, exibindo seus trabalhos a partir de suas vivências e origens.
Além disso, a iniciativa conta com cinco atividades que vão desde oficinas a rodas de conversas com temas voltados para arte, política e sociedade. A exposição teve início na última quinta-feira (3) e segue até o dia 1º de outubro no Museu das Favelas, no centro da capital paulista.
Os artistas são Anny Ferreira, A Tal da Raiquinha, B. Vitória, Bigode, Bonanza, Davi Silva, Douglas, Drake, Dú, Du Marques, Emily Alves, Emma, Everson, Fanny Michelle, G. Estevam, GS, Hashtag, Hs_Bala, Jeff, Juan Almeida, Leona, Marketing Revoada, Mc gh da capital, Miguel SP, MWSS, Nivek, Pedro H.Souza, PH, Snaider, Sonolento e Yukie.
Uma das curadoras da exposição, Carollina Lauriano, explica que a exposição é o resultado da aprendizagem em ateliês. “Durante o primeiro semestre de 2023, os jovens tiveram contato com linguagens artísticas como: pintura, bordado e produção musical, resultando em uma exposição que apresenta trabalhos derivados dessas práticas em ateliê. Durante a abertura, quatro jovens apresentaram um pocket show com as músicas desenvolvidas nas oficinas e o público poderá ver o resultado dessa apresentação em um vídeo que está sendo editado.”
Para a curadora, a exposição dos trabalhos artísticos é importante tanto para os artistas, quanto para a sociedade. “A exposição é importante para autorizar a sonhar que é possível romper com estigmas sociais que recaem sobre corpos periféricos e dizer a sociedade que periferia produz cultura e não somente mão de obra”.
As obras poderão ser comercializadas. Quem tiver interesse em comprar alguma obra dos jovens, deve entrar em contato com a associação que viabiliza o projeto. Será disponibilizado um catálogo com as obras e seus valores.
Oficinas
Como parte da mostra, será realizada a oficina de colagem com Gabriella Garcia, no dia 9 de agosto, às 14h. No dia 12, às 14h, haverá uma troca de saberes ancorada no tema Direitos e deveres na adolescência, com a mediação da Daniela Machado. A seguir, no dia 26, às 15h, acontece mais uma edição do Papo Reto – dessa vez, sobre redução de danos, com Raphael Escobar. Em 09/09, às 14h, roda de conversa sobre Afrofuturismo. Para finalizar, no dia 23/09, às 15h, um novo Papo Reto sobre arte e história com Jaime Lauriano.
Os professores e facilitadores do projeto são artistas com carreiras consolidadas no campo da arte contemporânea brasileira. Atualmente, compõe o corpo de facilitadores e educadores do Refúgio: Daniela Machado, Guilherme Teixeira, Carollina Lauriano, Igor Chico, Hiram Latorre e Victor Rocha. Já passaram pelo projeto, por exemplo, artistas como: Jaime Lauriano, Raphael Escobar, Moisés Patrício, Bruno Dunley, Igi Ayedun, Élle de Bernardini e Ana Raylander.
Serviço:
Curadoria: Guilherme Teixeira e Carollina Lauriano
Diretora do projeto: Daniela Machado
Terça a domingo, das 9 às 17h (permanência até as 18h)
Entrada gratuita
Rua Guaianases, nº 1024 – Campos Elíseos. São Paulo.
As mudanças climáticas e o futuro do planeta na perspectiva das crianças podem ser vistas a partir desta segunda-feira (7), no Festival comKids 2023, que vai exibir uma produção audiovisual de qualidade em línguas espanhola e portuguesa.
As atividades do evento são gratuitas. Os eixos competitivo e formativo serão exibidos até o dia 13 de agosto, na cidade de São Paulo, nas instalações do Sesc Vila Mariana, do Itaú Cultural e do Goethe-Institut SP. Os conteúdos dos filmes são curtos, com duração entre 20 segundos e 3 minutos e 59 segundos, divididos entre ficção e não ficção. Mostras abertas ao público permanecem até setembro.
Segundo a organização, estão inscritos 297 conteúdos audiovisuais latinos-americanos e ibéricos. “Temos que destacar a presença grande de obras com temas ligados à representatividade nas telas, tais como filmes com crianças negras no protagonismo e filmes destacando as culturas indígenas”, informou o coordenador do festival, Daniel Leite.
Nesta edição, há um número expressivo de conteúdo produzido para diferentes canais de TV (aberta, paga e streaming) de toda a América Latina, principalmente Colômbia, Chile e Argentina, além dos conteúdos veiculados em canais da Web.
“Também destacamos um número bem interessante: o da participação de mulheres como de cineastas à frente de produções, são 37 títulos, totalizando 40 diretoras atrás das câmeras. Mais de 40% dos 86 títulos. O mesmo se mantém nos profissionais participantes das atividades paralelas: dos 33 nomes, 27 são mulheres à frente da masterclass, das conversas, mesas e workshops”, ressaltou a diretora do festival, Beth Carmona.
Para a diretora, o número de inscritos reflete o momento da indústria audiovisual. “Pode-se notar que há um crescimento profissional, um aumento da qualidade da produção e uma consciência enorme da responsabilidade que temos ao produzir e pensar nas crianças. Há uma nova geração mais comprometida crescendo na comunidade de criadores para a infância e interessada na produção para esse público.”
Neste ano, os filmes concorrem a diversas premiações, dentre elas, o Prêmio comKids Prix Jeunesse Internacional, considerado o Oscar mundial infantojuvenil, que oferece passagem de ida e volta e hospedagem para diretores participarem do evento em 2024, na Alemanha; o Prêmio comKids SescTV, com um valor de Aquisição; e os prêmios comKids Centro Cultural B_arco e Faculdade Meliès, com bolsas de estudo.
O festival voltou de forma presencial após a pandemia, mas disponibilizou o formato híbrido durante o festival, com a exibição da mostra competitiva, na plataforma do comKids, para ser acompanhada por espectadores de outros Estados e países.
O eixo não competitivo do evento será a mostra comKids 2023, realizada presencialmente em diferentes salas do Circuito Spcine. Estarão disponíveis também nos streamings do Itaú Play, de 12 de agosto a 10 de setembro; do Sesc Digital, de 14 de agosto a 13 de setembro; e da Spcine Play, com início em 14 de agosto.
Conversa comKids
Uma das novidades deste ano é a participação da diretora da Fundação Prix Jeunesse International, mundialmente reconhecida por seus estudos nas áreas de infância e juventude e de televisão, Maya Göetz.
“Maya vem para mostrar a necessidade da discussão sobre a crise climática e o protagonismo que crianças e jovens vêm assumindo em todo o mundo, em uma masterclass no dia 8 de agosto, que apresenta dados atuais sobre a alfabetização climática, e ideias para o engajamento criativo”, destacou a diretora do evento, Beth Carmona.
Outro assunto são as produções em live action para crianças e pré-adolescentes. “É notável o crescimento do gênero nas produções originais brasileiras e, por isso, destacamos os desafios que envolvem esse tipo de produção, como os temas legais e relacionados ao casting infantil responsável. Canais de TV do Brasil e América Latina marcam presença no evento.”
O tema das políticas públicas para o audiovisual infantil também terá destaque com a participação da representante do Conselho Nacional de Televisão do Chile, Soledad Suit, que apresenta, no dia 9 de agosto, pesquisa recente sobre o assunto na Conversa comKids e mostra porque são necessárias políticas públicas para o audiovisual e para as infâncias.
Nas atividades de formação, difusão e atualização profissional, ocorrerão masterclasses, workshops, conversas, mostra audiovisual para crianças e famílias. A inscrição nas atividades formativas do comKids 2023 é gratuita, mas as vagas são limitadas. As inscrições podem ser feitas nestesite.
Realizado desde 2009 no Brasil, o Festival comKids é dedicado à premiação, valorização, promoção e difusão de conteúdos audiovisuais e digitais para crianças e adolescentes. O festival trabalha para que o público tenha acesso a filmes e programas de qualidade e trata de ampliar a consciência de produtores, criadores e interessados em geral a respeito da importância do audiovisual para a formação de uma geração altamente consumidora de conteúdos presentes nas mais diversas telas.
Exibições
Ingressos gratuitos: retirar na bilheteria dos locais a partir de uma hora antes
Goethe-Institut São Paulo – Rua Lisboa, 974 - Jardim Paulista
Estação de metrô: Sumaré – 200 lugares, acessível, ar-condicionado
Itaú Cultural Paulista – Avenida Paulista, 149 – Bela Vista
Estação de metrô: Brigadeiro – 70 lugares, acessível, ar-condicionado
Sesc Vila Mariana – Rua Pelotas, 141 – Vila Mariana
Estação de metrô: Ana Rosa – 130 lugares, acessível, ar-condicionado
Espaço Itaú de Cinema – Shopping Frei Caneca
Rua Frei Caneca, 569 – Consolação, São Paulo( S)P – Brasil, CEP 01307-001
Na última quinta-feira (3), o município Mata de São João (BA) alcançou a meta de ter todas as matrículas das escolas municipais em tempo integral. O marco foi atingido com a inauguração da Escola Municipal Professora Angelina Rodrigues do Nascimento, na Praia do Forte. Na cidade, localizada na Região Metropolitana de Salvador, os alunos da educação infantil e do ensino fundamental passam, pelo menos, sete horas por dia na escola e têm atividades de esporte, cultura e sustentabilidade.
A modalidade tornou-se política pública nacional na semana passada, com a sanção da Lei 14.640/2023, que institui o Programa Escola em Tempo Integral. O governo federal irá investir R$ 4 bilhões para ampliar em 1 milhão o número de matrículas de tempo integral nas escolas de educação básica em 2023. A meta é alcançar, até 2026, cerca de 3,2 milhões de matrículas.
Mata de São João, segundo o secretário de Educação do município, Alex Carvalho, deverá aderir ao programa federal para qualificar a oferta do ensino em tempo integral. Agora, depois da sanção da lei, os detalhes do programa serão definidos após um ciclo de seminários nas cinco regiões. Os debates começaram também esta semana, em Cuiabá, na quinta (3) e na sexta-feira (4). Os debates são transmitidos pelo YouTube.
Em Mata de São João, desde 2010 o governo local investe em educação em tempo integral. “Essa decisão se baseia nos estudos e pesquisas que foram desenvolvidas pelo município que apontaram a educação integral como uma possibilidade de melhorar a qualidade da aprendizagem dos alunos”, diz o secretário de Educação. Carvalho atribui à modalidade a melhora no desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade do ensino. A cidade teve o melhor desempenho nos anos iniciais do ensino fundamental, do 5º ao 9º ano da Região Metropolitana, em 2021.
Além das estruturas das próprias escolas, os alunos contam com equipamentos da cidade para o ensino e aprendizagem. “Usamos a praia, o campo, a praça da cidade. Nossa ideia foi transformar Mata de São João em um território educativo. Fazemos trilha com os estudantes, mostramos a natureza, mostramos os projetos que tem na cidade, como o projeto Tamar e o projeto Baleia Jubarte. Apresentamos a história da nossa cidade, a relevância dela para nosso país e nosso Estado. Existe esse trabalho onde os alunos aproveitam todos os ambientes possíveis de aprendizado”, diz o secretário.
Referência em tempo integral
Para o Ministério da Educação (MEC), a educação em tempo integral é a ampliação do tempo de permanência nas escolas para um período igual ou superior a sete horas diárias ou 35 horas semanais. A modalidade tem como finalidade a perspectiva do desenvolvimento e formação integral de bebês, crianças e adolescentes a partir de um currículo intencional e integrado, que amplia e articula diferentes experiências educativas, sociais, culturais e esportivas em espaços dentro e fora da escola com a participação da comunidade escolar.
A educação em tempo integral é realidade na Escola de Referência em Ensino Médio Ginásio Pernambucano desde 2004. A escola, que está localizada no Recife, funciona no colégio mais antigo do país, fundado em 1825. Os 692 alunos, todos do ensino médio, têm nove aulas por dia, das 7h30 às 17h. Eles têm três refeições diárias e as atividades são tanto conduzidas pelos professores quanto desenvolvidas pelos próprios estudantes em alguns momentos, para incentivar o protagonismo dos adolescentes.
“A gente percebe a educação integral, e costuma conversar com os estudantes, como algo que não tem a ver com o tempo que fica na escola, mas com a integralidade da formação, a integralidade enquanto formação de sujeitos sociais”, diz o gestor da escola, Oscar Neto. “Ela vai desenvolvendo autonomia, resiliência, proatividade, tomada de iniciativa. Os jovens são mais criativos, mais inventivos, argumentam, participam, refletem criticamente. Começam a construir um arcabouço necessário para o mundo e não só para o mundo do trabalho, mas para outras esferas da vida”, complementa.
Neto explica que uma das atividades é criada pelos próprios jovens, o chamado clube do protagonismo. Trata-se de clubes que funcionam nos intervalos das aulas, onde os alunos desenvolvem atividades como teatro, dança, xadrez, jogos de tabuleiro. “Eles aproveitam esse momento para interagirem, para alicerçar as aprendizagens”, explica.
Para os estudantes
A presidenta da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Jade Beatriz, é uma das estudantes que cursaram o tempo integral no ensino médio na Escola Estadual de Educação Profissional Dona Creusa do Carmo Rocha, em Fortaleza. “A experiência que eu tive foi positiva. Eu fiz curso técnico e, no contraturno, tinha oficina de teatro, oficina de dança, de canto e, inclusive, aula de reforço com professores.”
Ela ressalta, no entanto, que, para que funcione, o tempo integral precisa de uma estrutura mínima e também de bolsas para auxiliar os estudantes que permanecerão mais tempo na escola. A Ubes aponta alguns desafios para a implementação escolar, entre eles está o fato de que para implementar o ensino integral, escolas acabam fechando sobretudo o ensino noturno. Isso faz com que estudantes que precisam trabalhar acabem abandonando os estudos.
Para que isso não aconteça, a estudante diz ser necessário um auxílio para que esses alunos possam ter condições de cursar o ensino integral. Além disso, ressalta, é preciso uma melhora na merenda para que os alunos tenham acesso a três refeições que sejam nutritivas, além de melhoria na infraestrutura das escolas, muitas vezes sucateadas.
“Muitos jovens estão subempregados, como entregadores, nos sinais vendendo bala. Para combater isso e também o trabalho infantil, a gente entende que é importante ter bolsa permanência para escolas em tempo integral. Que isso seja feito de forma qualitativa, entendendo que as escolas que vão aderir precisam passar por reestruturação tanto da parte pedagógica quanto da infraestrutura”, diz Beatriz.
Educação integral
A Lei de Diretrizes e Bases (LDB), Lei 9.394/1996, prevê que as escolas tenham uma carga horária mínima anual de 800 horas, distribuídas em no mínimo 200 dias de efetivo trabalho escolar, o que equivale a quatro horas diárias.
Estender a jornada escolar é uma meta prevista no Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005/2014. O PNE estabelece a oferta de “educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas, de forma a atender, pelo menos, 25% dos(as) alunos(as) da educação básica”. O Relatório do 4º Ciclo de Monitoramento das Metas do PNE 2022 mostra que o percentual de matrículas em tempo integral na rede pública brasileira caiu de 17,6%, em 2014, para 15,1%, em 2021.
“Quando se fala de escola integral fora do Brasil, isso não faz nem sentido se é só escola, pois a escola já tem uma carga horária de sete horas. Estamos falando em um rearranjo do sistema educacional para estar em linha com o que é visto internacionalmente. A gente espera resultados semelhantes no Pisa [Programa Internacional de Avaliação de Alunos] e no PIRLS [Estudo Internacional de Progresso em Leitura], mas com uma oferta de educação em tempo inferior”, diz o diretor de Projetos da Fundação Lemann, Lucas Rocha.
O gerente de Políticas Educacionais do Todos pela Educação, Ivan Gontijo, complementa: “Acho que o governo federal acerta em lançar um programa para induzir as matriculas em tempo integral para que os estudantes passem mais tempo na escola, mas o grande desafio é que essas escolas que vão ser transformadas do tempo parcial para o tempo integral sejam escolas que tenham proposta pedagógica diferenciada. Porque só aumentar a carga horaria para ser mais do mesmo não faz muito sentido. Então, acho que esse é o grande desafio para a implementação dessa política. Como garantir que essa escola em tempo integral seja verdadeiramente integral”, diz.
Gontijo ressalta que a escola em tempo integral não pode ser uma escola “em que os alunos, ao invés de passarem quatro horas sentados enfileirados passam sete horas. Não é essa a proposta. É uma proposta em que estudante são colocados no cento do processo de ensino e aprendizagem, têm seu processo de protagonismo juvenil desenvolvido, têm outra relação com o espaço da escola, isso é uma coisa que a gente precisa pensar”.
Desafios
De acordo com a coordenadora-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Andressa Pellanda, uma das conquistas no novo programa é a priorização de escolas que atendam estudantes em situação de maior vulnerabilidade socioeconômica.
“Uma das preocupações que a gente tem sempre é que educação em tempo integral normalmente tinha ficado, na história, muito dedicada a escolas urbanas, em locais que tem população mais rica, mais branca e não atingia uma população que não só precisa como tem direito a uma educação integral”, diz.
A implementação do tempo integral traz, de acordo com a coordenadora-geral, alguns desafios como a melhoria da infraestrutura das escolas, a definição de um plano de carreira para os docentes, que passarão a trabalhar mais horas por dia em uma mesma escola, e políticas para a permanência dos estudantes.
Como apontado por Jade Beatriz, Andressa Pellanda também defende a necessidade de bolsas para estudantes. “Eu acho que uma das questões primordiais é permanência. A gente sabe que vários estudantes não ficam, saem da escola no tempo parcial porque não têm condições de se manter na escola. E, para o tempo integral mais ainda, o estudo que foi feito agora é que precisava ter um incentivo para essas populações que estão em situação de vulnerabilidade. A gente precisa de política de permanência. Educação integral sem permanência ou não existe ou existe de maneira excludente”.
Segundo a coordenadora-geral, esse programa é um passo, mas ainda é preciso avançar, tanto na lei do PNE, quanto no financiamento, no Sistema Nacional de Educação, “para cada vez mais a educação brasileira parar de falar de educação em tempo integral e falar em educação integral, que é o modelo de direito que a gente defende”.