Os ataques sofridos pelas universidades e pela produção científica nos últimos anos foram tema de debate do painel “Pacto da educação pela democracia”, durante o seminário Combate à Desinformação e Defesa da Democracia, realizado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nessa quinta-feira (14).
“A universidade é um espaço do combate à desinformação, pois ela produz conhecimento, saber, ciência, produz o que a gente traz de melhor em tecnologia e inovação e também no aspecto humano”, destacou o reitor da Universidade Estadual de Alagoas (Uneal), Odilon Máximo de Morais.
Entre os caminhos para o combate à desinformação, ele aponta a produção de um conhecimento crítico com respeito à diversidade e o fortalecimento das pesquisas científicas.
O reitor também destacou a importância da divulgação do conhecimento produzido pelas instituições de forma gratuita.
“Para que as pessoas possam ler informações verdadeiras, para que a gente não veja o que temos visto nos últimos anos como por exemplo, o desacreditar da vacinação”, aponta Morais, que também é presidente da Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).
O principal motivo de as universidades terem se tornado alvos de ataques nos últimos anos é o fato de elas serem um espaço de aprendizado e exercício da democracia. A avaliação é da reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Lúcia Campos Pellanda. “As universidades são fundamentais para um projeto de país soberano. Elas dão um enorme retorno para a sociedade, tanto em benefícios tangíveis quanto em intangíveis”, diz.
Ela citou o caso das desinformações e tentativas de descrédito dos cientistas durante a pandemia de covid-19. “Na área de saúde, pode-se observar o quanto as notícias fraudulentas podem causar danos e até a morte”.
A mediadora do debate, professora Fábia Lima, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), ressaltou a importância de fortalecer as estruturas de comunicação das universidades.
“Nesse ataque que sofremos, ficou evidente que, se tivéssemos uma estrutura mais robusta, a gente conseguiria lidar de uma maneira melhor. Fomos muito guerreiros, enfrentamos relativamente bem, mas temos que nos manter atentos em relação a isso”, disse a diretora do Centro de Comunicação da Universidade Federal de Minas Gerais.
Outro tema abordado no painel foi a diferença entre gerações na compreensão de conceitos como regulação e liberdade. “Quando eu penso em combate à desinformação, eu fico pensando que essa tradução da informação é diferente entre as gerações. Essa compreensão distinta entre as gerações tem sido desafiadora, mas tem trazido algumas oportunidades de repensar o processo de educação”, destacou o professor do Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Administração e do Departamento de Administração Pública da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) Daniel Pinheiro. Ele lembrou que é preciso trabalhar com linguagens distintas a partir de meios distintos.
Escolas
A formação para a cidadania nas escolas municipais brasileiras foi abordada pelo presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Luiz Miguel Garcia. Segundo ele, o processo de geração de cidadania está ligado ao processo de desenvolvimento de uma educação integral. “Ou seja, a educação na sua integralidade de formação, para além do modelo que muitos de nós fomos educados, que é muito fragmentada”, diz Garcia, que também é secretário de Educação, Juventude, Esporte e Lazer do município de Sud Mennucci (SP).
“Nós nos vemos com desafios novos, em um tempo em que novos comportamentos têm comprometido muito o reconhecimento dos alunos enquanto cidadãos. Esse é um processo muito desafiador”, completou, destacando também a importância da formação dos professores.
Livro
O STF, em parceria com a Universidade de Brasília, lançou, nessa quinta-feira (14), o livro Desinformação – O mal do século – Distorções, inverdades, fake News: a democracia ameaçada. A coletânea reúne 16 artigos de 31 autores.
A obra foi dividida em três partes. A primeira parte é composta pelos artigos que falam da informação como direito fundamental do ser humano e quesito essencial dos regimes democráticos, todos de autoria de representantes do STF. A segunda parte explora a desinformação sob o espectro da comunicação e do compromisso com a formação das novas gerações. Já a terceira parte trata da questão da desinformação na saúde, em especial durante a pandemia, quando várias informações erradas ou inverídicas foram disseminadas.
Disputas emocionantes e acirradas marcaram a 4ª etapa do Campeonato Maranhense de Beach Tennis 2023, competição promovida pela Federação de Beach Tennis do Maranhão (FBTM) com os patrocínios do governo do Estado e do Grupo Mateus por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte. Realizada no último fim de semana, na Arena Pé na Areia, em Balsas (MA), o torneio fechou em grande estilo a edição de 2023 do Estadual de Beach Tennis. O evento ainda somou pontos para o ranking maranhense da modalidade.
O presidente da FBTM, Menezes Júnior, destacou o crescimento do beach tennis no Maranhão e elogiou a competitividade em cada uma das quatro etapas do Campeonato Maranhense neste ano. “O Campeonato Maranhense de Beach Tennis 2023 foi simplesmente espetacular. Conseguimos levar a modalidade para várias regiões do Estado e atrair cada vez mais atletas. Em cada cidade que levamos a competição, tivemos boas estruturas para a realização dos jogos e para receber os atletas. Só temos a agradecer ao governo do Estado e ao Grupo Mateus por apoiar, incentivar e acreditar no beach tennis”, afirmou Menezes Júnior.
Em Balsas, por exemplo, as disputas da última etapa do Campeonato Maranhense, foram muito equilibradas. Não faltou emoção, belas jogadas e muita superação. No fim, destaque para as seguintes duplas que soltaram o grito de campeão: Aylime Neves e Renata (Feminino D), Maria Sousa e Tamiris Nascimento (Feminino C), Samara Weiler e Tamiris Nascimento (Feminino 30+), André Sousa e Baltazar Junior (Masculino C), Enzo Pedrosa e Geovane Messias (Masculino B), Baltazar Junior e Karlos Pedrosa (Masculino 40+) e Daniel Alencar e Marco Pacheco (Masculino 30+).
Antes de Balsas, esta edição do Campeonato Maranhense de Beach Tennis passou por outras três cidades: Imperatriz, São Luís e Santo Amaro. Vale destacar que as quatro etapas do Estadual somam pontos para o ranking estadual, que definirá os atletas da equipe do Maranhão que serão convocados para o Campeonato Brasileiro da Confederação Brasileira de Beach Tennis. O evento nacional ocorrerá em Recife (PE), entre os dias de 2 a 5 de novembro.
Na semana em que é celebrado o Dia da Recreação (12 de setembro), vale destacar a importância e a necessidade em realizar atividades recreativas para ter saúde física e mental nos dias atuais. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a recreação é benéfica para todas as idades. Inclusive, este tipo de atividade pode renovar as energias das pessoas, além de despertar felicidade e divertimento em seus praticantes.
Para crianças, a recreação tem um caráter ainda mais significativo porque ela é parte fundamental na vida e na educação dos pequenos. Evolução de capacidades físicas e sociais, redução do estresse e desenvolvimento da responsabilidade, além da criação de valores e bons hábitos são alguns dos benefícios que as atividades recreativas são capazes de proporcionar. Movido por esses ideais, o Projeto Recrear: Esporte e Lazer para Todos, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado e pelo El Camiño Supermercados por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, é um exemplo de valorização da recreação no Maranhão, com a realização de vários eventos animados e divertidos no município de Bacabal (MA)
Em sua edição mais recente, realizada no fim de agosto, na Associação Atlética Boa Vida, o Projeto Recrear teve uma vasta programação, com gincanas esportivas, recreação e atividades culturais e de lazer para a população de Bacabal, reunindo um número recorde de participantes. Vale ressaltar que todas as ações da iniciativa são gratuitas.
“É uma satisfação imensa fazer parte das atividades do Projeto Recrear, que tem essa importância de levar mais lazer e diversão para as crianças de Bacabal, mas também integra a sociedade como um todo. As gincanas são sempre marcadas pela alegria dos participantes, e ver esse momento de felicidade entre os jovens é algo que não tem preço. Esperamos um público ainda maior nas próximas edições do projeto, e fica o nosso agradecimento ao governo do Estado e ao El Camiño por todo o suporte para a realização das atividades”, destaca o professor Sérgio Murilo.
Além de já ter sido realizado na sede do município de Bacabal, a gincana esportiva também ocorreu no Povoado Brejinho, contando com a presença de centenas de crianças e adolescentes.
De acordo com a organização do Recrear, o projeto é voltado para todos os públicos. Crianças, adolescentes, adultos, idosos e pessoas com deficiência são convidadas a participar das brincadeiras de maneira gratuita. Todas as informações sobre o Recrear: Esporte e Lazer para Todos estão disponíveis nas redes sociais oficiais do projeto (@projetorecrearbacabal).
Dia da Recreação
Embora não exista nenhum projeto de lei que tenha acrescentado a data oficialmente ao calendário brasileiro, o dia 12 de setembro é considerado o Dia da Recreação. A data é celebrada, anualmente, pela Associação Brasileira de Recreadores, tendo como objetivo promover debates sobre o tema e incentivar os recreadores e futuros profissionais da área a disseminarem boas práticas de recreação.
Os judocas Marlon Silva, Marvin Silva, Gustavo Sousa e Stephanie Azevedo preparam-se para disputar, neste sábado (16), a Copa Paraná de Judô, em Curitiba, competição que contará com atletas de todo o Brasil. Os quatro atletas são do Fórum Jaracaty, projeto incentivado pelo governo do Maranhão e pela Equatorial por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, e vão competir na categoria Sub-18, tanto no naipe masculino quanto no feminino.
Para o sensei Antônio Luís, a competição será acirrada, e os atletas precisam estar preparados. “Esta é mais uma competição a nível nacional em que precisamos mostrar o nosso potencial. Com certeza, a Copa Paraná será mais uma prova. Nossos treinos, até a competição, foram voltados para a conquista do pódio”, ressalta o sensei.
“O apoio que encontramos no projeto é importantíssimo em momentos como este, em que estamos prestes a competir. Isso nos ajuda a manter o foco para que as competições sejam abençoadas, e com esta não vai ser diferente. Iremos para voltar com resultado positivo”, afirmou o judoca Marvin Silva.
A Copa Paraná ocorrerá no Ginásio Professor Almir Nelson de Almeida, em Curitiba (PR).
Fórum Jaracaty
Atividades esportivas, informática e brinquedoteca são oferecidas pelo Fórum Jaracaty, que atua há 20 anos na região do Jaracaty e bairros adjacentes, levando crianças e jovens para o caminho do esporte. Além do judô, o tênis de mesa e o futsal são oferecidos, na sede do projeto, às crianças e jovens. Para a comunidade, o Fórum Jaracaty oferece cursos e palestras com apoio dos patrocinadores e parceiros. Todas as atividades do Fórum Jaracaty são gratuitas.
A sabedoria que emerge dos sonhos, narrativas transmitidas por gerações e as histórias que são escritas no tempo presente se entrelaçam na exposição Araetá: A Literatura dos Povos Originários. A mostra, que pode ser vista no Sesc Ipiranga, zona sul paulistana, apresenta a vasta produção literária indígena brasileira, ao mesmo tempo que presta homenagem à tradição oral dos povos.
Assim, o público, ao entrar na Casa de Saberes, tem a sensação de poder sentar em bancos rústicos de madeira, à volta de uma fogueira, e folhear livros xamânicos, que tratam de filosofia e cosmologia.
“No meio da noite/ bem ao redor da fogueira/ de luta e glória/ muitas histórias ouvimos/ Aqui, estamos!/ E apesar das perdas/ a luta continua no solo sagrado”, dizem os versos da poeta Graça Graúna, que tratam da sobrevivência da cultura dos povos originários e a forma tradicional de transmissão de conhecimentos.
“A escrita não é uma negação da oralidade, é uma complementariedade”, explica o escritor Daniel Munduruku em um dos vídeos que compõe a exposição. Para ele, “a literatura serve como instrumento para atualizar a ancestralidade”.
Histórias
Os livros impressos, alguns por grandes editoras, dividem espaço com cestarias tradicionais e outros trabalhos artesanais. Ao longo da exposição, que se divide a partir dos biomas onde estão localizadas as comunidades de origem dos autores, também há diversas fotos das batalhas que são travadas pelos povos indígenas no tempo presente. Em vários pontos, há imagens, por exemplo, das manifestações contra o Marco Temporal – tese que está sendo julgada no Supremo Tribunal Federal de que os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988.
Em alguns lugares, os versos escorrem pelas paredes, como no poema Makunu'pa, de Sony Ferseck, que desce como um rio sinuoso, na parte da mostra dedicada a artistas da Amazônia. “Caminhos dos peixes/ que se enfeitam/ Nas cachoeiras/ imantí pí pona’/maroko watarikuma/ lavrando na terra/ veios que alimentam/ tesos de buritizal”, dizem os versos da poeta macuxi.
A literatura de cordel, formato tradicional do Nordeste brasileiro, é a linguagem escolhida pela escritora Auritha Tabajara. No livro autobiográfico, que pode ser folheado na exposição, se misturam as vivências tradicionais na comunidade Ipueiras, no interior do Ceará, com dramas contemporâneos, como a disputa da guarda dos filhos e a vida de uma mulher indígena na cidade de São Paulo.
“Hoje, me sinto estudada,/ Só não pude ser doutora,/ À luz da ancestralidade,/ Honro minha genitora./ Ouço seus ensinamentos,/ Tradições e conhecimentos/ De uma grande professora”, diz um trecho da obra Coração na aldeia, pés no mundo, lançada em 2019.
“A Senhora da Noite é a Coruja:/ Ela reflete a sabedoria de nosso Pai,/ O Sol do amanhecer”, dizem os versos do renomado escritor paulista Kaká Werá, que vem logo abaixo da versão em língua guarani. Werá é ainda um dos curadores da mostra.
Em depoimento em vídeo, ele conta sobre a importância da construção de um movimento de literatura indígena brasileira, a partir da década de 1980. “A oportunidade da gente se encontrar, as culturas ancestrais e as contemporâneas”, diz.
Biblioteca
Para ler com calma, há uma biblioteca com 300e títulos, e bancos artesanais feitos em formato de animais. A construção do espaço buscou obras exclusivamente de autores indígenas, apesar de que parte dos livros de não ficção contam com coautores que não fazem parte dos povos tradicionais. Há, ainda, entrevistas e dicionários de línguas faladas no Brasil.
Visitação
A exposição pode ser vista gratuitamente até 17 de março de 2024. O Sesc Ipiranga funciona de terça-feira a sexta-feira, das 9h às 21h30. Sábados, das 10h às 21h30. Domingos e feriados, das 10h às 18h30.
“Criminoso seria o homem de cor, se na crise mais arriscada, na ocasião em que os agentes do Poder desembainham as espadas dando profundos golpes na Constituição, na Liberdade (...) guardasse mudo silêncio, filho da coação, ou do terror”.
O texto acima está em uma das edições do primeiro jornal da imprensa negra no Brasil: O Mulato ou O Homem de Côr, criado há exatos 190 anos, no dia 14 de setembro de 1833. A mensagem é representativa de uma missão que une comunicadores negros do passado e do presente: a de não se calar diante da intimidação, da violação de direitos e de ameaças à liberdade.
Naquele contexto, o periódico noticiava a prisão arbitrária de um homem negro, Maurício José de Lafuente, acusado de vadiagem e de porte ilegal de arma. O que foi prontamente rebatido por diversas provas. Se avançarmos para os dias atuais, há uma clara continuidade. Movimentos sociais e pesquisadores têm relatado, incessantemente, as abordagens policiais racistas e a criminalização sistemática de negros: o grupo responde por 68% dos que estão hoje em presídios no país, segundo o Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Entre as diferentes formas de enfrentamento do racismo, o jornalismo vem sendo, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência Brasil, uma ferramenta importante de denúncia, debate e reflexão durante quase dois séculos. Diversas vozes e canais de comunicação têm oferecido alternativas aos discursos dominantes de exclusão e desigualdade.
“Desde o início até agora, os veículos da imprensa negra têm em comum esse sentimento de não se sentirem representados e contemplados da maneira correta pela mídia hegemônica empresarial. Eles trazem narrativas importantes de autorreferência, já que são feitos por pessoas negras”, diz Jonas Pinheiro, jornalista na Revista Afirmativa.
“Quando as pessoas contam as próprias histórias, trazem determinadas sensibilidades e perspectivas que são negligenciadas pela grande mídia empresarial, que, na maioria das vezes, é racista”, completa Pinheiro, pesquisador na área de comunicação e cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Homem de Cor: o início
Os primeiros capítulos da imprensa negra no Brasil podem ser contados a partir da trajetória de Francisco de Paula Brito, um homem negro que nasceu em 1809, no Rio de Janeiro. Quando jovem, aprendeu a arte gráfica na Tipografia Imperial e Nacional, ex-Impressão Régia, e seguiu carreira em outros empreendimentos como compositor, diretor das prensas, redator, tradutor e contista.
Francisco de Paula Brito é reconhecido por dois feitos históricos: ter sido o primeiro editor de Machado de Assis, maior nome da literatura brasileira, e o editor do pasquim O Homem de Côr, primeiro periódico da imprensa negra no país. Impresso na Tipografia Fluminense de Paula Brito, do qual era proprietário, o jornal teve apenas cinco edições, mas abriu as portas para todos os que viriam depois.
A partir do terceiro número, o nome foi mudado para O MulatoouO Homem de Côr. A escravidão, ainda em vigor no país, não foi tema do jornal, que estava mais focado em noticiar a discriminação racial contra pessoas negras livres. Durante o ano de 1833, uma das principais bandeiras foi a de atacar as dificuldades impostas aos negros para conseguir cargos públicos civis, políticos e militares. Ainda no mesmo ano, entre setembro e novembro, outros periódicos desse segmento surgiriam inspirados pelo pioneiro: Brasileiro Pardo, O Cabrito, O Crioulinho e O Lafuente.
Demorariam 43 anos até que uma nova manifestação da imprensa negra surgisse. Foi apenas em 1876, no Recife, que começou a circular o jornal O Homem. Pouco depois, será a vez de São Paulo, com A Pátria e O Progresso, ambos em 1899, e de Porto Alegre, com O Exemplo, de 1892. O periódico gaúcho teria a maior duração até ali da imprensa negra, sendo encerrado em 1930, por problemas financeiros.
Na dissertação sobre imprensa negra do século XIX, a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto apresenta uma definição do que caracterizaria esses tipos de veículos: são “jornais feitos por negros; para negros; veiculando assuntos de interesse das populações negras”. Em comum também, a postura de desafiar as tentativas de silenciamento.
“Esses momentos iniciais da imprensa negra no Brasil demonstram que, a despeito de inúmeros contratempos – entre os quais o próprio escravismo e seus instrumentos afins –, negros aqui formularam uma fala própria e tornaram-na pública. Ainda que não tenham alcançado simultaneamente todo o território nacional, esses impressos são parte do esforço coletivo de controlar os códigos da dominação e subvertê-los”, diz o trecho da dissertação de Ana Flávia. Atualmente, ela ocupa o cargo de diretora-geral do Arquivo Nacional.
Século XX
Ao longo do século XX, o número de veículos da imprensa negra se multiplicou. No Rio Grande do Sul, surge o A Alvorada, publicado entre 1907 e 1965, com interrupções. Depois, A Tesoura (1924), A Revolta (1925) e O Tagarela (1929). Em Minas Gerais, circulam A Verdade (1904) e o Raça (1935). Em São Paulo, O Menelick (1915), O Xauter (1916), A Rua (1916), O Bandeirante (1918), O Alfinete (1918), A Liberdade (1919), A Sentinela (1920), Kosmos (1922), Clarim d’Alvorada (1924), Elite (1924), Progresso (1928) e A Voz da Raça (1933). Esse último era publicado pela Frente Negra Brasileira (1931-1937), principal organização negra do país no período.
Mais para a frente, viriam O Novo Horizonte (1946), Mundo Novo (1950), Nosso Jornal (1951), Notícias de Ébano (1957), O Mutirão (1958), além das revistas Senzala (1946) e Níger (1960). No Rio de Janeiro, destaque para A Voz da Negritude (1953).
A maioria das publicações teve vida curta. Em alguns casos, durando poucas edições e não indo além do primeiro ano de vida. O historiador João Paulo Lopes explica que é preciso levar em conta o contexto social daqueles que produziam e liam os periódicos.
“Os custos para publicar um jornal eram altos. Geralmente, o pagamento se dava por meio de rateio entre os editores e os ativistas, se o jornal tivesse vínculo com alguma associação do movimento negro. Outros conseguiam verba com publicidade, o que ajudava a custear a publicação por um tempo maior. E outros dependiam de assinaturas. E quando os leitores eram afetados por crises econômicas, podiam deixar de pagar pelas publicações, o que afetava a circulação. Mas nem tudo era só financeiro. De tempos em tempos, essas publicações sofriam ataques, eram empasteladas em momentos de crise política e ditaduras”, explica o historiador João Paulo Lopes.
Vale mencionar especialmente o caso do jornal Quilombo, liderado por Abdias Nascimento: político, artista, ativista e criador do movimento cultural Teatro Experimental do Negro (TEN). O Quilombo teve dez edições entre dezembro de 1948 e julho de 1950. E adotou agenda política marcante contra “a piedade e o filantropismo aviltantes” em relação à população negra, além de reforçar a importância de uma luta ativa contra o racismo no país.
Com o fim da ditadura, se destacariam jornais fundados por pessoas que passaram pelo Movimento Negro Unificado (MNU), fundado em 1978, tendo como pautas centrais a desconstrução do “mito da democracia racial” e a denúncia do racismo estrutural. Alguns exemplos são o Tição (1977), o Objetivo (1977), Jornegro (1977) , Negrice (1977), O Saci (1978), Vissungo (1979), Pixaim (1979), a Voz do Negro (1984), o Áfricas Gerais (1995), Elêmi (1985), o Irohin (1996) e a revista Raça, de circulação nacional (1996).
"O que existe em uma marca comum, que conecta os jornais desde o Homem de Côr, é a discriminação e o preconceito. Claro, com diferenças de contexto histórico. No século 19, vivemos ainda no seio de uma sociedade escravocrata, e as publicações estão levantando questões do homem negro não escravizado nos primeiros anos do país independente", diz Lopes.
“Com a abolição, a luta é contra o racismo estrutural, desdobrado nas mais diversas formas, frentes e caras. Nas instituições, na polícia, no mercado de trabalho, nas escolas, no campo, no acesso à terra”, acrescenta o historiador.
Passado e futuro
Nesse conjunto de periódicos históricos, um em especial prepara edição comemorativa para resgatar debates do passado e repensá-los à luz dos problemas atuais: A revista Tição, de Porto Alegre, que originalmente circulou em 1977. Com artigos de jornalistas, sociólogos e professores, o projeto pretende confrontar os diferentes contextos e analisar em que pontos houve avanços ou retrocessos nos desafios enfrentados pela população negra no país.
Jeanice Dias Ramos, que participou do Tição na década de 1970, é uma das pessoas que lideram o projeto atual, que depende de apoio financeiro para ser finalizado. Mas, assim como ocorreu antes, ela acredita que a importância do tema há de mobilizar diferentes pessoas em torno da revista.
“Naquela época, com todas as dificuldades, era incrível o número de pessoas que queriam participar do Tição. As reuniões de pauta tinham até 70 pessoas. Eram praticamente assembleias ou plenárias. Não era só discussão entre jornalistas, era uma comunidade toda querendo participar”, relembra Jeanice.
“E, se você observar as pautas daquele período, elas continuam novas. Falam de questões até hoje não resolvidas dentro da negritude. Todos os tópicos foram aprofundados na revista, e os problemas são muito atuais”.
Por essa continuidade histórica de lutas e demandas, Jeanice entende que os veículos da imprensa negra vão continuar sendo canais de expressão e denúncia fundamentais no país.
“A mídia negra dá condições para que a comunidade negra se aproprie dos seus próprios problemas. Que consiga visualizar e superar os desafios que são inerentes aos negros. São questões sociais e básicas de sobrevivência. Somos majoritariamente pobres. E temos que lutar diariamente pelo pão, pela condução, pelo trabalho. Não temos uma vida fácil. Falta o viver bem para a comunidade negra. Quando um negro adolescente sai de casa, a mãe fica em pânico. Será que essa criança volta para casa? Essa é a nossa realidade”.
Foi aberta nessa quarta-feira (13), no Espaço de Artes Márcia Sandes, na sede da Procuradoria Geral de Justiça, em São Luís, a nova exposição do artista plástico Fransoufer, intitulada “Maranhão Meu Maranhão”. Composta de 30 telas inéditas, a mostra fica em cartaz até o dia 30 de setembro, de segunda a sexta-feira, das 9 às 15h.
Coordenada pelo procurador-geral de Justiça em exercício, Danilo de Castro, a abertura contou com a participação de integrantes e servidores do Ministério Público do Maranhão, magistrados, artistas plásticos e convidados.
Todas pintadas na técnica acrílica sobre tela, as obras retratam cenas da cultura popular maranhense, sobretudo da Baixada Maranhense, sempre com cores vivas e formas geométricas acentuadas.
Com 48 anos de carreira, Fransoufer, que nasceu no município de Bequimão, em 1958, fez a primeira exposição individual com 15 anos. Segundo ele, desde o início, foi influenciado pelas manifestações culturais, pela religiosidade e pelas festas populares do Maranhão. “Vivi e vivenciei a verdadeira cultura da Baixada Maranhense, como o bumba-boi, tambor de crioula, cacuriá e pajelanças. Todo esse caldeirão cultural eu retrato nos meus trabalhos”, afirmou.
Entre mostras coletivas e individuais, o artista já expôs em vários Estados brasileiros e participou do 5º Salão Internacional de Artes Plásticas, na Bélgica, com a obra “Bumba Meu Boi”, exposta de forma permanente no Museu de Arte Moderna de Bruxelas.
Abertura
Na abertura, Danilo de Castro deu as boas-vindas aos participantes da exposição “Maranhão Meu Maranhão” e declarou sua admiração à obra de Fransoufer. “Para nós do Ministério Público, é um orgulho ter em nosso espaço de arte um artista tão destacado e que já levou, com seu talento, até para o exterior, as belezas do Maranhão”, ressaltou.
Curadora da obra do artista há 22 anos, Silvânia Tamer destacou o estilo e o compromisso do autor com a cultura popular. “Ele coloca em cada tela sua impressão digital, ressaltando uma pincelada firme, com o uso das cores mais vibrantes, inspirando-se sempre nas cenas da infância e do folclore maranhense”.
O promotor de Justiça Ednarg Marques refletiu sobre a importância da arte na vida social cada vez mais agitada e a preocupação do Ministério Público do Maranhão em valorizá-la. “Quando a nossa instituição fomenta e estimula eventos como este, cumpre o seu papel de garantir direitos fundamentais, como a cultura. A obra de Fransoufer é como um dos poemas mais belos, que faz bem aos olhos, encanta os ouvidos e acalma a nossa alma”.
Dispositivo de honra
Além do procurador-geral de Justiça em exercício, compuseram o dispositivo de honra da solenidade a corregedora-geral do MP-MA, Themis Pacheco de Carvalho; a subprocuradora-geral para Assuntos Administrativos, Regina Leite; o diretor da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), Ednarg Marques; o diretor da Secretaria para Assuntos Institucionais (Secinst), José Márcio Maia Alves; a administradora e o curador do Centro Cultural e Administrativo do MP-MA, Dulce Serra e Francisco Colombo, respectivamente.
Também compuseram o dispositivo o artista plástico Fransoufer, a curadora e a coordenadora-geral da exposição, Silvânia Tamer, e Lena Santos.
Serviço
O quê: Exposição “Maranhão Meu Maranhão”
Quem: o artista plástico Fransoufer
Onde/quando: Procuradori -Geral de Justiça do Estado do Maranhão (Av. Carlos Cunha, 3.261), de 13 a 30 de setembro, das 9h às 15h;
Se fosse um espetáculo para os palcos, seria uma história de drama e suspense. No ato mais recente, uma cena de reviravolta. Porém, não há nada de ficção em uma luta para manter vivos o Teatro Dulcina de Moraes e também a faculdade que leva o nome dessa estrela da arte dramática brasileira. O prédio, no centro de Brasília, projetado por Oscar Niemeyer, é tombado como patrimônio cultural do Distrito Federal desde 2007. O local guarda acervo de mais de 70 anos do teatro brasileiro, mas está ameaçado e, por muito pouco, não foi leiloado nesta semana.
O roteiro de sufoco, em vista de uma dívida estimada em mais de R$ 20 milhões, quase teve um capítulo derradeiro e triste. O leilão, que seria realizado nesta quinta-feira (14), foi cancelado na terça (12), porque não seguiu, no entender da Justiça, os prazos corretos. O cancelamento, de última hora, foi motivo de alívio para a classe artística. Um respiro dentro da história, mas a luta está longe de terminar.
“Isso deu para a gente um tempo de respiro porque nós estávamos correndo com o inventário do acervo, mas com medo da iminência da perda do prédio”, afirmou o ator Josuel Júnior, diretor cultural da Fundação Brasileira de Teatro, entidade criada, em 1955, por Dulcina de Moraes e Odilon Azevedo. Agora, segundo ele, a equipe ganhou tempo para resolver as questões jurídicas e relacionadas ao acervo principalmente.
O secretário de Cultura do Distrito Federal, Cláudio Abrantes, comemorou o cancelamento do leilão. Ele entende que o governo estava apreensivo com o que poderia ocorrer com o espaço criado pela “grande dama do teatro nacional”.
“Foi uma grande notícia. É um patrimônio do Brasil. Esse cancelamento vai nos dar tempo para analisar possibilidades e trabalhar em conjunto para que o espaço seja preservado”.
Mais tempo
A corrida para identificar peça por peça do rico acervo contido no teatro era um desespero para a gestão que assumiu a entidade há pouco mais de um ano. Havia um temor de que, com o leilão, a memória contida em mais de 4,5 mil itens, que ajudam a contar a história do teatro brasileiro trazida por Dulcina de Moraes para Brasília, se perdesse.
“Do acervo têxtil, ou seja, figurinos, vestidos, nós já temos cerca de 500 peças inventariadas. Mas o acervo conta com cerca de 4,5 mil”.
Josuel Júnior calcula que sejam necessários, pelo menos, mais quatro meses de trabalho para conhecer toda a memória do lugar.
O acervo, segundo explica, conta mais de 70 anos de história do teatro brasileiro. “A gente precisava mapear todas essas dívidas por meio de relatórios financeiros. Ele foi quase concluído agora em agosto, e nós interrompemos tudo por conta do leilão”. Nada do que está no prédio histórico foi digitalizado.
“A gente está fazendo de tudo para que haja uma sensibilização nacional de entendimento da importância do Dulcina de Moraes. Isso aconteceu nesta semana. Até semana passada, a gente estava tendo que convencer que Dulcina era uma figura importante no teatro brasileiro”, lamenta.
O susto fez, no entender do diretor, com que representantes da sociedade e da classe artística compreendessem o que estava em jogo. O leilão ocorreria, inicialmente, para pagar uma dívida que, contabilizando apenas os 57 processos trabalhistas acumulados, somam mais de R$ 600 mil.
“Inimaginável”
Por iniciativa de artistas e de outras pessoas que frequentam o espaço, foi formada uma vaquinha on-line para tentar angariar R$ 600 mil para evitar o leilão. “Foi uma iniciativa da sociedade que está se mobilizando. Nós entendemos que todas essas dívidas devem e merecem ser pagas. Nós estamos há pouco mais de um ano nessa gestão tentando mapear o que foi que aconteceu no Teatro Dulcina nesses últimos 40 anos para tentar entender a origem dos problemas financeiros”.
O autor da ideia da vaquinha foi o ator Wellington Abreu, do Teatro Scutum, de Brasília. A primeira fase dessa ação solidária se encerra nesta quinta, dia em que iria ocorrer o leilão. Até agora, pouco mais de R$ 6 mil foram doados. “É um teatro de resistência, um ato de amor. É um espaço que não pode acabar”, afirma o artista.
O pesquisador Josuel Júnior explica que as peças trazidas por Dulcina de Moraes para Brasília, na década de 1970, representam um recorte cultural inimaginável para o Brasil. Quando a artista saiu do Rio de Janeiro, além de vir concretizar o sonho de construir a faculdade e de ensinar os jovens a arte do teatro, ela trouxe um acervo histórico pertencente à família.
“O acervo histórico inclui trabalhos realizados pela companhia dela, a mais badalada companhia do teatro do Rio de Janeiro na primeira metade do século XX”. O lote foi adquirido em 1964. Dulcina de Moraes mudou-se para Brasília em 1972. As construções do teatro, da faculdade e das salas começaram em 1973 e terminaram em 1980.
Ditadura
“Quando ela veio para cá, trouxe baús com muitos figurinos, adereços cênicos com decorações. Só que, quando ela trouxe para Brasília, nem tudo foi aberto. Nós tivemos contato, por exemplo, com um álbum original da primeira temporada do Auto da Compadecida [peça de 1955, de Ariano Suassuna]”, diz o pesquisador.
O acervo têxtil inclui as indumentárias cênicas e roupas pessoais de Dulcina de Moraes, tais como vestidos, figurinos diversos, roupas de alta costura, chapéus e pares de sapatos. “Fora isso, a gente tem um acervo que são documentos expedidos pela censura da ditadura militar, incluindo cartas, escritos, manifestos e ofícios relativos a termos da censura em espetáculos teatrais. A gente não conhecia um documento da censura que carimbou todas as páginas de uma peça de teatro”.
O acervo guarda mais de 3 mil fotos que recontam o que foi apresentado no teatro na primeira metade do século XX. Imagens, aliás, desde a década de 1930. “É uma coleção que eu me arrisco a dizer que é a maior relativa ao teatro brasileiro. Isso é raríssimo”, diz Josuel Júnior.
Para fazer o inventário, o pessoal do teatro Dulcina pediu apoio de voluntários que, diante da possibilidade do leilão, passaram a trabalhar sem parar na identificação das peças, das fotografias à indumentária.
Entre as voluntárias, a museóloga Desiree Calvis, que ficou encantada pelo o que descobriu. “A gente começou pelos paletós do Odilon Azevedo [escritor e marido de Dulcina de Moraes]. Nós começamos numa fase que estava faltando luz no teatro. Seguimos uma ordem para garantir que os tecidos ficassem acondicionados de uma forma que não deteriorassem um ao outro”, afirma a pesquisadora.
A museóloga não conhecia a história da Dulcina de Moraes, mas viu um chamamento nas redes sociais. Havia um pedido para higienizar, mas ela viu que o trabalho era mais complexo do que isso.
“Eu senti muito interesse de vir mesmo sem entender a dimensão do que iria encontrar. Eu fiquei muito tocada porque não era a história de Brasília, mas do teatro brasileiro”.
Entre as novidades descobertas, um vestido original assinado pelo estilista francês Christian Dior, do ano de 1952. “E não é pouca coisa. A gente encontrou um vestido feito para ela fazer uma peça. Isso mostra a dimensão que ela tinha para o mundo”.
“É necessário que haja mobilização”
O presidente da Federação Brasileira de Teatro, Gilberto Rios, que foi assessor particular de Dulcina de Moraes na década de 1980, afirma que recebeu telefonemas de pesquisadores e artistas estrangeiros na tentativa de receber o acervo da artista. “Mas esse acervo pertence ao povo brasileiro. A gente precisa compreender e entender. A solução passa pela mobilização do povo”, considera.
Ele recorda que Dulcina e Odilon tinham o sonho de garantir dignidade ao artista brasileiro. “Se hoje a profissão do ator existe nesse país, Dulcina de Moraes brigou muito por tudo isso, inclusive pela regulamentação da profissão”. Ele explica que a atriz foi uma mulher que passou a vida inteira dentro do teatro. Ela largou a vida no Rio de Janeiro para levar a arte cênica para a capital federal.
A faculdade, aliás, tem vocação e história que representaram a formação de 70% dos arte-educadores do Distrito Federal. O diretor da faculdade, Fernando Esteban Reynoso, contextualiza que o ensino superior praticado no local está impregnado de lembranças da fundadora.
“Isso gera um fascínio e um amor incondicional. É um teatro cheio de glórias que deveriam ser resgatadas”.
Atualmente, 24 alunos estão fazendo os cursos da faculdade. Mas, por causa de problemas do prédio, como falta de água e luz, os estudantes passaram a ter aulas em outro local, no Centro Cultural de Brasília (CCB). São novos artistas que sonham em voltar para o local tão cheio de histórias e memórias, que devem ir além de sustos e medo. Os artistas querem mostrar que cada cena para tentar salvar o teatro é feita para celebrar uma história de amor.
Quem foi Dulcina de Moraes
Dulcina de Moraes é considerada uma das principais atrizes da história do Brasil. Ela nasceu em 1908 em meio a compromissos profissionais dos pais, os atores Átila e Conchita de Moraes, que se apresentavam pelo interior do Rio de Janeiro. Aos 15 anos de idade, ela estreou na peça Lua Cheia e foi considerada revelação. Ela integrou companhias teatrais até fundar, com o marido, o escritor e ator Odilon Azevedo, um grupo próprio, em 1935. Foi a Companhia Dulcina-Odilon.
A peça Amor, de Oduvaldo Vianna, foi um dos maiores sucessos. Em 1945, outro grande espetáculo marcaria a sua carreira, a peça Chuva, de uma novela de Somerset Maugham. Foi responsável por dar oportunidade a novos artistas, tanto que seguiu o grande sonho de ter uma própria faculdade de arte dramática, construída a partir da década de 1970. Dulcina morreu em 1996, em Brasília, aos 88 anos de idade.
A Escolinha Meninas do Futebol, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado do Maranhão e pela Construnorte Materiais de Construção, por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, realizará, na manhã deste sábado (16), o evento de encerramento da segunda edição do projeto na Associação Atlética Boa Vida, no Bairro Areal, na cidade de Bacabal (MA). No último dia de atividades, as atletas da Escolinha vão disputar um Torneio Interno. A disputa terá início às 8h.
Em sua segunda edição, que teve duração de seis meses, a Escolinha Meninas do Futebol atendeu meninas de 10 a 17 anos com treinos esportivos e acompanhamento pedagógico de forma completamente gratuita. As jovens atletas participaram de aulas teóricas e práticas, voltadas para iniciação e treinamento do esporte, em atividades desenvolvidas por profissionais capacitados, que seguiram uma metodologia especializada e pensada exclusivamente para as participantes do projeto. Além disso, as meninas também receberam alimentação nos dias de treinos.
Vale destacar que todas as atletas participantes da segunda edição da Escolinha Meninas do Futebol ganharam um kit com o material esportivo necessário (uniforme, chuteiras, caneleiras e bolsas esportivas) para participarem dos treinos, além de receberem cadernos e garrafinhas de água individuais.
“A segunda edição da Escolinha Meninas do Futebol foi um grande sucesso. Estamos felizes por ver a animação das atletas durante esses seis meses de atividades e o envolvimento de suas famílias, que entendem a importância de unir esporte e educação. Temos certeza de que essas jovens vão levar esse aprendizado para toda a vida e ajudar na construção de uma sociedade melhor. Mais uma vez, fica o nosso agradecimento ao governo do Maranhão e à Construnorte por todo o apoio às atividades da Escolinha”, diz o coordenador da Escolinha Meninas do Futebol, Kléber Muniz.
Mais informações sobre a Escolinha Meninas do Futebol estão disponíveis nas redes sociais oficiais do projeto (@projetomeninasdofutebol) no Instagram e no Facebook.
O Ministério da Educação (MEC) ofertará, ainda este ano, as vagas que não foram preenchidas no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). A medida faz parte de várias mudanças em discussão pela pasta em um grupo de trabalho que busca retomar o caráter social do programa.
O anúncio foi feito pelo diretor de Políticas e Programas de Educação Superior do Ministério da Educação, Alexandre Fonseca, no seminário Diálogo sobre a reconstrução do Fies, promovido pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes).
“A gente vai retomar as vagas remanescentes. A gente está preenchendo cerca de metade das vagas nos últimos 3, 4 anos. Descontinuaram a abertura de vagas remanescentes. A gente está trabalhando para abrir o Fies agora em setembro, no mais tardar no início de outubro”, disse.
A nova chamada, segundo Fonseca, deverá ser destinada a alunos já matriculados em instituições de ensino superior.
As chamadas vagas remanescentes são aquelas que não foram ocupadas no decorrer do processo seletivo regular, por desistência dos candidatos pré-selecionados ou falta de documentação na contratação do financiamento, por exemplo.
Fonseca ressaltou que o Fies precisa ser pensado em conjunto com outras políticas do MEC de acesso ao ensino superior, como o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que oferece vagas em instituições públicas de ensino, e o Programa Universidade para Todos (Prouni), que oferece bolsas de estudo a estudantes de baixa renda em instituições privadas. Em todos esses programas, foram constatadas quedas tanto nos inscritos quanto no percentual de vagas ocupadas.
“Quando a gente pensa em acesso ao ensino superior, a gente pensa em ocupação das vagas que estão sendo oferecidas. A gente tem que ampliar o acesso, mas ampliar estabelecendo, primeiro, diagnósticos de por que há essa diminuição. A gente tem explicações para isso, teve a pandemia, que não é algo menor, e tem período que o governo federal considerou a universidade como inimiga”, disse.
O Fies é um programa de gestão compartilhada, com a participação, por exemplo, da Caixa Econômica Federal. O MEC é o responsável pelo processo seletivo.
Em nota, a pasta informa que os prazos e detalhamento das vagas remanescentes que serão ofertadas serão anunciados “tão logo sejam consolidadas todas as informações sobre esse novo processo de convocação para ocupação de vagas do Fies”.
Reconstrução
O MEC discute, atualmente, uma reconstrução do Fies. O programa foi criado em 1999 e oferece financiamento a estudantes em instituições particulares de ensino a condições mais favoráveis que as de mercado. O programa, que chegou a firmar, em 2014, mais de 732 mil contratos, sofreu, desde 2015, diversas mudanças e enxugamentos.
Um dos principais motivos para as mudanças nas regras do Fies, de acordo com gestões anteriores do Ministério da Educação, foi a alta inadimplência, ou seja, estudantes que contratam o financiamento e não conseguem quitar as dívidas.
O MEC pretende retomar o caráter social do programa. A pasta deverá lançar, em breve, o Fies Social, que cobrirá 100% dos custos das mensalidades em instituições privadas de ensino superior.