São históricas as violências que se praticam contra a classe das pessoas que têm classe – os professores. Na corrida salarial professores “versus” políticos, por exemplo, os primeiros não levam qualquer vantagem.
Mesmo sendo todos, políticos e professores, servidores públicos, há uns que SE SERVEM do público, do contribuinte. E se servir de atenuante, embarco na onda dos que dizem que o salário dos políticos não é alto: os outros é que ganham pouco. Mas que tem gente, como os professores, ganhando “mais pouco” ainda, ah! isso tem. Que o salário dos professores, especialmente no Brasil e sobretudo os das redes públicas de ensino, não é o ideal, isso não é.
DIA & DINHEIRO
Direito do professor, mesmo, parece, só ao seu dia, 15 de outubro. E olhe lá. Nesse dia, às vezes tem refrigerante aqui, bolinhos acolá. Talvez uns discursos aguados falando sobre “a missão” do mestre. Mas – ou mais – dinheiro, que é bom, necas!, nem pichite. Seria mais intere$$ante que o professor ficasse esquecido no 15 de outubro... e fosse lembrado em todos os outros.
SERVIR & SER VIL
Essa lembrança diária – a justa remuneração – seria um jeito de ir aliviando os males infligidos ao professor, à escola, à Educação. São malefícios que, à maneira de uma legião de diabos, de demônios terrenos, perturbam a alma e a vontade de quem só quer SERVIR (e não SER VIL), de quem só espera o que lhe é justo e o que lhe é devido, para, ao menos, (sobre)viver com dignidade de gente. Nada mais. Mas não! O professor não é reconhecido. Atitudes humilhantes, desconsiderações irracionais, desculpas tresloucadas atrelam-se às respostas aos pedidos de justiça (ou de clemência?) da classe professoral.
CORPO & ALMA
Esquecem-se de que o professor não é só alma, vontade, sacerdócio. Professor não é santo. Professor é, também, corpo, matéria, família a ser sustentada, necessidades a serem atendidas, contas a serem pagas. Mas não. Nada disso. Corre por aí a estória de que o trabalho do professor não tem preço e, vejam só, levam isso ao pé da letra! Colocam os mestres no pé do muro e dão-lhes uma paga que sequer preenche um pé de página, um rodapé.
JOGO & LIÇÃO
Mas não param aí os trocadilhos, as figurações que envolvem o nosso professor. O professor é um jogador, de futebol, driblando sua sobrevivência, fintando suas aspirações com a bola murcha de seu “prestígio” sempre “alto” e seu salário sempre mínimo.
O professor, acostumado a ensinar, desta vez é obrigado a aprender e repetir (a troco de palmatória e puxões de orelha) sua lição quotidiana de sobrevivência e paciência – que só interessa a quem (des)manda em municípios, Estados e neste país.
Essa lição de paciência e humildade, mestres, deve ser esquecida, desaprendida. Pois, convenhamos, boa vontade termina onde começa (ou deveria começar) o bom senso. Quem não quer admitir isso são os nossos governantes, maiores e menores, porque, muitos deles, despreparados, despreocupados, deixam-se embriagar pelo poder e comportam-se como patrões do povo, quando, na verdade, deveriam ser o que de fato são: servidores públicos, funcionários da Nação.
DOCÊNCIA & INDECÊNCIA
Deve-se dizer NÃO ao magistério romântico, o ensino pelo ensino. Há de haver a justa compensação. A docência (doce arte e ciência) não se confunde com a indecência.
Basta de condições e salários injustos ou ilegais ou ilegítimos ou indecentes ou imorais!
Mais recursos, fartos e estáveis, para a Educação!
A mão que se eleva ao quadro-negro não deve baixar-se na mendicância de direitos.
A fonte do direito é o dever – e este, da parte dos professores, vem sendo cumprido.
Para eles, a qualquer tempo, a solidariedade do colega aqui, que ensina em baixa e assina embaixo.* EDMILSON SANCHES
O pequeno município de Tefé, no Amazonas, teve o privilégio de ser o primeiro lugar no país a acompanhar, nesse sábado (14), o eclipse anular do Sol. O fenômeno teve início às 13h29 no horário local e atingiu o ápice às 15h11. Durante cinco minutos, Sol, Lua e Terra ficaram alinhados. Ao olhar para o céu, o disco solar ficou quase todo coberto e escuro, apenas com uma borda fina luminosa à vista, lembrando um anel.
O evento no país e em outras partes do mundo foi transmitido durante o dia no canal do YouTube do Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Com a ajuda de parceiros locais e órgãos internacionais, como Time and Date e a Nasa, o eclipse anular pôde ser visto numa faixa de 200 quilômetros, que foi da costa oeste dos Estados Unidos até o extremo leste do Brasil. A anularidade também foi vista no México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá e Colômbia.
No Brasil, o eclipse anular ocorreu em cidades localizadas no Norte e Nordeste: Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Tocantins, Rio Grande do Norte e Pernambuco. No restante do país, o fenômeno foi parcial. O professor de física Ariel Adorno se emocionou ao acompanhar o eclipse em Juazeiro do Norte, na Universidade Federal do Ceará.
“Um eclipse igual a esse aconteceu em novembro de 1994 e, na época, eu morava em Goiânia. A razão de eu ter feito Física foi esse eclipse. A gente espera que, pela quantidade de pessoas atingidas hoje, esse eclipse também provoque mudanças nas vidas delas para o bem. Especialmente para o lado da ciência. Eu me emocionei algumas vezes. Chorei vendo hoje esse eclipse, lembrando de tudo o que eu passei até chegar aqui”, disse Ariel.
Dúvidas
Josina Nascimento, astrônoma do Observatório Nacional, coordenou a transmissão visualizada por milhares de pessoas e esclareceu as principais dúvidas sobre o eclipse – notadamente se o fenômeno pode ser considerado raro.
“O que causa essa sensação de raridade é que, quando ele acontece, só pode ser visto em alguns lugares do planeta. Como a sombra da Lua é pequena, só atinge a Terra em uma faixa estreita. E aí, poucas pessoas entram nesse caminho da anularidade ou da totalidade do eclipse. A maioria o vê como parcial. Mas ele ocorre de anos em anos, com alguma regularidade no planeta”, disse Josina.
Como referência, o último eclipse anular do Sol ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível no Brasil. E o próximo vai ser no dia 2 de outubro de 2024, também sem poder ser observado por aqui. No Brasil, o fenômeno só vai voltar a ser visível no dia 6 de fevereiro de 2027 e, mesmo assim, só de forma completa no Rio Grande do Sul.
Os cursinhos populares voltados para públicos específicos buscam preparar para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de mobilizar lutas sociais. É o caso do cursinho da Educafro Brasil, em São Paulo, voltado para a população negra e periférica, que tem como meta o acesso à universidade e combater a desigualdade educacional.
“Nós temos a missão de entregar à faculdade não só um aluno que passe na prova tradicional da faculdade, nós temos a missão de entregar um aluno questionador e lutador para ajudar a fazer acontecer as grandes transformações que sonhamos”, disse o diretor-executivo da Educafro, frei Davi.
Ele explicou que os estudantes têm aula de cultura e cidadania, com mesma carga horária das demais aulas como português e matemática, em que se trabalha fortemente o combate ao racismo.
“Nosso sonho é que esses alunos que vão ingressar nas universidades públicas tenham a capacidade de questionar o currículo dessas universidades que são exageradamente eurocêntricas e marginalizam todo o saber afro e indígena”, revelou.
“Nós queremos a universidade plural também na sua pedagogia, na sua metodologia. Por exemplo, é um absurdo que grande parte das universidades públicas, dos vestibulares, não cobra livros de autores africanos, isso é um atentado contra nós afro-brasileiros, só cobram livros de autores de origem europeia, isso não está certo”, acrescentou.
Responsabilidade
Outro problema apontado pelo diretor é a falta de responsabilidade de sucessivos governantes que ocuparam o Ministério da Educação ao não garantir a permanência de estudantes negros nas universidades por falta de políticas públicas. Segundo ele, a situação provocou grande estrago aos jovens negros que entraram na universidade e, depoi,s precisaram abandoná-la por dificuldades financeiras.
“O governo federal, quando adotou cotas, prometeu que todos os alunos que tivessem como renda até um salário mínimo e meio, todos eles receberiam, imediatamente, bolsa-moradia e bolsa de alimentação. E o governo até hoje não bota isso em prática”, reivindicou.
Luiz Henrique, de 24 anos, está se preparando para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano por meio do curso preparatório para vestibulares que a Educafro oferece. “A Educafro foi o que nos permitiu ir além do ensino, que geralmente é deficiente, nas escolas públicas, que é oferecido para nós, porém, não só isso, como também a Educafro é um meio de reunir várias pessoas sob a mesma égide, da luta contra o racismo através de pautas sociopolíticas e econômicas”, ressaltou.
Ele pretende fazer a graduação em Engenharia Mecatrônica, Direito ou Engenharia da Computação, mas esse não é um objetivo isolado para o estudante. “Para nós, a importância que damos para o ensino superior se baseia não só na qualidade de ensino e na possibilidade de uma carreira digna a um nível individual, como também na oportunidade de alavancar o coletivo do povo negro a possuir as mesmas possibilidades oferecidas a outras etnias, através de uma rede de apoio e de contatos, tornando o ensino superior de qualidade”, disse.
O estudante aponta ainda que a escolha das profissões passa por um desejo de construção coletiva da sociedade. Sobre a Engenharia Mecatrônica, ele acredita ser uma área importante para a soberania nacional, e relacionou os outros dois cursos diretamente ao combate ao racismo.
“Direito, pois acredito que é o melhor curso para proteger a população negra das injúrias cometidas seja no mercado de trabalho ou pelas instituições que deveriam nos proteger, porém, abusam do poder que é confiado a eles, e Engenharia da Computação, porque é uma área que está em alta, e quero fazer parte dos esforços da população negra para o acesso a essa”, finalizou.
Pontuação
A estudante Pamella Santos, de 38 anos, também está se preparando para a prova do Enem por meio da Educafro. “Eu estou muito determinada e focada nos estudos, pois, desde de que comecei a fazer o cursinho da Educafro, melhorei muito minha pontuação no Enem, coisa que não conseguia nas provas dos outros anos”, contou.
“Eu sou uma pessoa totalmente justa e sempre busco a justiça, a igualdade, a defesa e conhecimento fazendo com que a nossa Constituição seja realmente válida e reconhecida”, disse a estudante, que pretende cursar Direito.
Ela acrescentou que a Educafro teve papel relevante em sua busca pelo ensino superior, porque há a possibilidade de a entidade fornecer computador para quem precisa, os professores têm boa bagagem de conhecimento e há atendimento psicológico à disposição.
O eclipse anular do Sol está previsto para este sábado (14) e poderá ser visto do Brasil. Na ocasião, a Lua vai cobrir a maior parte do disco solar, deixando apenas um anel brilhante na borda. O Observatório Nacional, órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, vai transmitir o eclipse em evento virtual O Céu em sua Casa: Observação Remota, que é uma opção para que as pessoas acompanhem o fenômeno com segurança.
A transmissão virtual terá início às 11h30 da manhã (horário de Brasília) quando o eclipse anular estiver começando na costa oeste dos Estados Unidos, e vai acompanhar todo seu percurso até que chegue ao seu final na costa leste do Brasil em torno das 17h30. Para saber onde o eclipse será visível, observatório indica uma página na internet.
“O eclipse anular ocorre quando a Lua, como vista a partir da Terra, parece menor que o Sol [no céu]. Assim, a Lua não cobre o disco solar totalmente, restando um anel luminoso no contorno da Lua. Daí, a razão do nome ‘eclipse anular’”, explicou o doutor em Astrofísica Leonardo Almeida, professor da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
O fenômeno é diferente de um eclipse total, quando a Lua cobre completamente o disco solar, deixando apenas a coroa solar visível. O Observatório Nacional aponta que o eclipse anular ocorre quando a Lua está em seu apogeu, o ponto mais distante de sua órbita da Terra e, nesse momento, a Lua aparece menor, o que permite que esse anel seja visível no eclipse.
Almeida aponta que essa diferença se deve ao fato de que a órbita da Lua ao redor da Terra não é circular, o que faz com que a distância entre ambas varie ao longo do período de translação da Lua.
Tipos de eclipse
“Quando a Lua está mais próxima da Terra, temos um eclipse total; quando a Lua está mais distante, temos um eclipse anular. Nos dois casos, naturalmente, os discos lunar e solar têm de se sobrepor completamente, sem o que se tem um eclipse parcial”, disse o astrofísico. Há, ainda, o eclipse híbrido, que ocorre quando o eclipse anular muda para um eclipse total, ou vice-versa, ao longo do caminho do eclipse.
O especialista ressalta que o eclipse no formato anular não poderá ser visto de todo o país. “Apenas em alguns Estados das regiões Norte (Amazonas, Pará e Tocantins) e Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraíba) do Brasil o eclipse anular poderá ser visto. Nos demais Estados do país, o eclipse será parcial. Isso ocorre porque a visibilidade de um eclipse depende da posição do observador em relação à linha do eclipse”, disse o astrofísico.
O professor Tarciro Mendes, também da Escola de Ciências e Tecnologia (ECT) da UFRN e doutor em Física, explica que é necessário que o observador esteja exatamente sobre a linha “riscada” pela umbra, que é a região onde a sombra da Lua sobre a Terra é a mais intensa. “Contornando a umbra, temos a penumbra, onde os observadores sob ela podem observar um eclipse parcial. Fora da penumbra e da umbra, não é possível observar eclipse algum”, disse.
O físico explicou que, no Brasil, o eclipse começa a ser visto às 14h05 na cidade de Tefé (Amazonas) e acaba às 17h55 na cidade de João Pessoa (Paraíba), considerando o evento completo, tanto anular quanto parcial. “O Brasil é o país do mundo onde a anularidade – período de tempo em que a Lua permanece totalmente dentro do disco solar – terá a maior duração, 55 minutos e 30 segundos”, ressaltou.
Segundo o Observatório Nacional, a anularidade será visível, além do Brasil, nos Estados Unidos, México, Belize, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Costa Rica, Panamá, Colômbia. Em outras partes das Américas – do Alasca à Argentina – um eclipse parcial será visível.
Mendes lembrou que o próximo eclipse anular ocorrerá em 2 de outubro de 2024, mas não poderá ser visto do Brasil, apenas no Chile e na Argentina. “No Brasil, apenas será observado um eclipse parcial nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e uma pequena parte do Nordeste, mais especificamente no sul da Bahia”, disse. Já o próximo eclipse anular a ser observado no Brasil ocorrerá em 26 de janeiro de 2028 e só poderá ser visto completamente nos Estados do Amazonas, do Pará e do Amapá.
O último eclipse anular do Sol ocorreu em junho de 2021, mas não foi visível do Brasil, segundo informações do Observatório Nacional.
A comunidade do Bairro do Vinhais, em São Luís, celebrou o Dia das Crianças de uma maneira bastante divertida, com direito a gincanas, apresentações culturais, dança e muito alto astral. Foi assim que o Festival Recreativo Itinerante, iniciativa patrocinada pelo governo do Estado e pelo El Camiño Supermercados por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, alterou a rotina de crianças na manhã dessa quinta-feira (12), na Praça do Letrado. Todas as atividades proporcionadas pelo projeto foram gratuitas.
Nesta edição, o Festival Recreativo Itinerante levou, para o Vinhais, uma grande estrutura para atender a comunidade com palco, tenda e diversos brinquedos infláveis. As crianças que participaram da iniciativa aproveitaram a manhã para se divertir com brincadeiras lúdicas, gincanas esportivas, pintura facial, além de shows de mágica e de palhaço.
Para a garotada, ainda foi realizado um aulão kids de zumba que fez dezenas de meninos e meninas dançarem. Alguns pais também aproveitaram a oportunidade para participar da atividade ao lado de seus filhos.
Durante o Festival Recreativo Itinerante, houve espaço para uma ação social voltada para a saúde bucal das crianças. Além de um bate-papo sobre a importância e cuidados com os dentes, a garotada participou de um ação de aplicação de flúor.
“Pensamos no Festival Recreativo Itinerante com muito carinho, para proporcionar um dia especial para as crianças do Bairro do Vinhais e adjacências. Além de brincadeiras e apresentações culturais, também conseguimos proporcionar aplicação de flúor para a garotada. Foi um sucesso absoluto. Nosso muito obrigado ao governo do Estado, à Secretaria de Esporte e Lazer e ao El Camiño Supermercados por incentivarem essa importante inciativa”, explicou Anderson Borges, um dos coordenadores do projeto.
Tudo sobre o do Festival Recreativo Itinerante está disponível no Instagram oficial do projeto @festivalrecreativo
O III Festival Mário de Andrade – 85 anos da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade – realizado a partir de hoje e até o dia 15, em São Paulo, celebra a literatura e o livro. O evento gratuito, promovido pela prefeitura, ocupa a Biblioteca Mário de Andrade e outros espaços do centro da cidade.
O festival deste ano foi construído em torno da Missão de Pesquisas Folclóricas de Mário de Andrade - iniciativa que completa 85 anos este ano, organizada, em 1938, pelo então chefe do Departamento de Cultura de São Paulo e que percorreu as regiões Nordeste e Norte do país com uma equipe especializada, com o objetivo de registrar manifestações culturais e folclóricas.
Nesta sexta-feira (13), haverá a lavagem da escadaria da biblioteca como parte de um ritual de celebração realizado pelo Afoxé Omodé Obá Mãe Liliande. No fim da tarde, na Praça das Artes, será realizada a mesa “Reescrevendo o Brasil: A Missão 85 anos depois”, com o escritor Geovani Martins, a romancista Ana Maria Gonçalves e o autor, xamã e líder Yanomami Davi Kopenawa.
Atrações
Entre as atrações artísticas e mesas de debate, figuram nomes como Tom Zé, Iara Rennó, Katu Mirim, Sidnei Nogueira, Neli Pereira, Cidinha da Silva, Letrux, Veronica Stigger, Arnaldo Lorençato, Dudu Bertholini e Helena Rizzo, além de um espetáculo inédito encabeçado pela Companhia do Latão, que reflete sobre a presença do circo na literatura de Mário de Andrade.
Uma feira de livros contará com 52 participantes, entre livrarias e editoras de grande e pequeno porte e com variados perfis editoriais, aprovadas através de um edital. As bancas estarão no entorno da biblioteca, na Praça Dom José Gaspar e na Avenida São Luís, que terá uma das faixas reservadas para o evento. Nesta edição, a praça terá ainda uma rede de comerciantes de alimentos e bebidas.
A escolha das palavras pode levar a uma boa história em um livro, mas também a um discurso que convença toda uma nação. Para o escritor Gonçalo Tavares, a linguagem é um poderoso instrumento, e a leitura é o treino necessário tanto para se posicionar no mundo, como para ser uma pessoa mais interessante e para combater qualquer tentativa de manipulação. “Eu acho que ler é uma espécie de treino, de arte marcial da linguagem”, diz em entrevista à Agência Brasil.
Gonçalo Tavares nasceu em Luanda, em Angola, e logo se mudou para Portugal. Com mais de 40 títulos publicados, é, atualmente, um dos escritores europeus mais traduzidos em todo o mundo, com livros publicados em 70 países. Tavares recebeu prêmios literários diversos, entre eles o “Prix du Meilleur Livre Étranger 2010”, que, até agora, foi entregue a autores como Robert Musil, Philip Roth, Gabriel García Márquez e Elias Canetti; e o “Prix Littéraire Européen 2011.
Nessa quarta-feira (11), ele participou do Clube de Leitura do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro, onde debateu o livro Uma Menina Está perdida no seu seculo à procura do pai. Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do Banco do Brasil. O projeto vai até dezembro de 2023.
Um dia antes, Tavares conversou com a Agência Brasil sobre a própria produção, sobre o papel da literatura em um mundo cada vez mais digital e voltado para a imagem e sobre o papel da linguagem em todas as relações humanas. Ao mesmo tempo que lemos menos livros – em quatro anos, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores – na internet, lemos e escrevemos bastante: “Toda gente é escritora, só que é escritora de coisas banais”, diz e acrescenta: “isso é assustador. Realmente, estamos a construir analfabetos linguísticos muitas vezes, porque estão apenas a ler SMS, coisas do Facebook muito básicas. Habituou-se a ler mal a linguagem”.
Para o escritor, a leitura torna uma pessoa mais interessante e com mais instrumentos para lidar com a realidade de uma forma crítica. “Eu diria que um dos papeis da literatura é alimentar a lucidez do leitor e, nesse sentido, fazer com que um leitor perceba melhor a realidade, não a histórica, mas a realidade que está a viver nesse momento. Perceba melhor a maldade, perceba melhor os mecanismos do medo, da violência”, diz.
Em Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, Tavares traz literalmente a realidade para a literatura, ao abordar a Segunda Guerra Mundial. Na história, Hanna, uma menina com síndrome de Down, procura o pai em um cenário pós-guerra. Na empreitada, ela recebe a ajuda de um homem, que acaba por aproximar-se desse papel de pai. Questionado sobre as guerras, sobretudo as que estamos vivendo, como de Israel e Palestina, Tavares diz: “é absurdo perceber como o ódio circula, como o ódio passa de geração para geração, como o ódio vai se mantendo”.
Os encontros do Clube de Leitura são mensais e ocorrem presencialmente na Biblioteca Banco do Brasil, no 5º andar do CCBB RJ, sempre na segunda quarta-feira de cada mês. Na quinta e sexta-feira seguintes, há a escolha do próximo livro a ser discutido. Em novembro, o autor será Milton Hatoum e a escolha do livro ocorre por votação aberta nesta quinta (12) e sexta (13), no Instagram do CCBB.
Leia os principais trechos da entrevista:
Agência Brasil:
Para você, o que é a literatura e qual o papel dos livros para a sociedade?
Gonçalo Tavares:
Eu diria que um dos papeis da literatura é alimentar a lucidez do leitor e, nesse sentido, fazer com que um leitor perceba melhor a realidade, não a histórica, mas a realidade que está a viver nesse momento. Perceba melhor a maldade, perceba melhor os mecanismos do medo, da violência. Por exemplo, perceba melhor a relação entre um filho e um pai. Portanto, eu acho que a literatura não é para ficar fechada nos livros, é para ser usada na vida.
Agência Brasil:
Como é o seu processo de escrita e o seu processo de escolha de palavras?
Gonçalo Tavares:
Eu escrevo de uma forma muitas vezes quase louca, quase animal, sem pensar muito, só a escrever, escrever, escrever. Depois, mais tarde, vejo os livros, edito. É uma fase mais técnica, digamos. Eu digo que há duas fases, uma que eu nem sei bem como faço, uma maneira meio louca de escrever e, depois, demoro muito tempo a tirar apenas uma palavra, uma vírgula, etc. Mas, meu grande entusiasmo na escrita tem a ver com a primeira fase, que eu escrevo três, quatro horas seguidas, sem parar.
Agência Brasil:
Para tratar de temas como a Segunda Guerra Mundial, como é a sua investigação? Você faz alguma pesquisa prévia?
Gonçalo Tavares:
Normalmente, não faço muita investigação, eu gosto de escrever sem saber o que vou escrever. A própria escrita é um momento de eu estar a investigar e eu investigo não dados históricos, não fatos, eu investigo um pouco as personagens. É como se eu estivesse a tentar perceber o que fariam esses personagens nessas situações, quase como se fossem substancias químicas que eu vou juntando, para perceber as reações quando essas substâncias, essas personagens se juntam. Eu não tento chegar a um ponto específico, eu tenho prazer em escrever sem saber o que vou fazer. Em Uma menina está perdida no seu século à procura do pai, eu lembro que eu vi uma imagem, uma fotografia de um homem segurando a mão de uma criança. Essa imagem, de alguma maneira, começou a se movimentar na minha cabeça e, mais tarde, deu origem ao livro. Às vezes basta isso, basta uma imagem.
Agência Brasil:
Em um mundo cada vez mais digital e com cada vez mais imagens, qual o lugar ocupado pela literatura e como formar novos leitores?
Gonçalo Tavares:
O que me parece é que o encanto pela história e a densidade do pensamento, tudo isso continua presente. Eu acho que a imagem traz coisas importantes, mas a literatura permite uma concentração, um isolamento, que mais nenhuma outra arte permite. Eu acho que a literatura é claramente uma arte de resistência em tempos de grupos, do barulho e da desconcentração. Na internet, o link é o salto, e a literatura, pelo contrário, vive da paragem, da concentração num único ponto. Concentrar é etimologicamente ter um único centro. Nesse sentido, a literatura é também um trabalho de concentração. Sendo o século XXI o século do salto e da internet, eu acho que a literatura, não apenas é forte por ela mesma, mas é também um treino que nos permite fazer outros trabalhos de concentração. Se alguém quer treinar a concentração em uma outra arte qualquer, a leitura é a melhor maneira. A leitura permite treinar essa estabilidade mental.
Agência Brasil:
A leitura é também um treino de linguagem.
Gonçalo Tavares:
E eu acho que isso é muito importante porque estamos a ver cada vez mais como a política vive de retórica, do domínio da linguagem, da manipulação da linguagem. Ler bons livros permite que treinemos os truques da linguagem, que percebamos a ironia, a ambiguidade, o duplo sentido, etc. Isso faz com que o bom leitor seja também um cidadão esclarecido a nível de linguagem. Ou seja, quando qualquer político fala com ele, ele entende não, apenas as palavras que o político está a dizer, mas as palavras que ele quer verdadeiramente dizer. Percebe o subentendido. Nesse aspecto, eu acho que ler é uma espécie de treino, de arte marcial da linguagem. Porque, hoje, nós temos que nos defender dos roubos de linguagem. Muitas vezes, não apenas os políticos, mas as religiões, e outras instituições querem nos enganar por via da linguagem. Quem dominar a linguagem vai se defender melhor.
Agência Brasil:
Pesquisas mostram que estamos lendo menos livros, mas ao mesmo tempo, as pessoas leem mais nas redes sociais, nos aplicativos.
Gonçalo Tavares:
Leem e escrevem, toda gente é escritora, só que é escritora de coisas banais.
Agência Brasil:
Tem um trecho de uma entrevista sua que diz: “Eu penso muito que a criação crítica sobre o contemporâneo é uma criação crítica sobre a linguagem, porque, nas democracias, grande parte das batalhas essenciais são linguísticas”.
Gonçalo Tavares:
Realmente, tirando as ditaduras, nas quais a força é o dominante, quando o argumento, em último lugar, é o argumento militar, é o argumento da arma, nas democracias, felizmente, a princípio, a arma é a argumentação e a contra-argumentação. Nesse aspecto, quem estiver mais habilitado, vai sobreviver. A linguagem é um material extraordinário, mas é um material muito manipulável, nós fazemos o que quisermos com a linguagem. Desde os gregos, sabe-se que há um conjunto de truques de linguagem que permitem que alguém que seja bom na linguagem não precise mentir. Eu costumo dizer que políticos que mentem são muito pouco hábeis na linguagem, porque não se precisa mentir. Pode transformar um aumento de preços e qualquer coisa em boa para a população através da linguagem. Nos jornais, temos, diariamente, um trabalho de manipulação da linguagem por parte do governo e uma contra manipulação da linguagem por parte da oposição. Isso por todo lado. O cidadão esclarecido tenta perceber por baixo da linguagem o que está a acontecer naquele lugar. A linguagem é como se fosse uma nuvem, uma névoa, que passa na frente da montanha. Temos que tirar a linguagem da frente para ver a montanha, o que está a acontecer com a montanha.
Agência Brasil:
Apesar de todo o poder da linguagem, a violência faz parte da nossa realidade. Os seus livros trazem esses elementos da realidade, como a própria Segunda Guerra Mundial. Tratando de um conflito bastante atual, como você vê a guerra entre Israel e Palestina?
Gonçalo Tavares:
Infelizmente, não é só [essa guerra]. Temos a guerra na Ucrânia, que para a Europa é uma coisa devastadora. O assustador é perceber como há tanto ódio a circular. Isso assusta muito e, para uma pessoa que vive em um país, apesar de tudo, tranquilo, como Portugal, é absurdo perceber como o ódio circula, como o ódio passa de geração para geração, como o ódio vai se mantendo, embora mudando a tecnologia. Ou seja, a tecnologia mudou, mas o ódio mantém-se.
Eu conheço esta criança. O rosto sério... O ar grave...
Essa criança governa o homem. O homem tem medo dessa criança. Medo de envergonhá-la. De não merecê-la.
Eu não posso mudar a criança. Posso colocar nela uns enfeites, tentá-la com um novo brinquedo. Mas é o espírito dela que brinca comigo.
A criança é anterior ao homem. A criança é mais velha que eu.
E eu aprendi a respeitar os mais velhos.
*
Caxias é a fundação, a base, o baldrame, enfim, tudo o que dá sustentação ao erguimento da edificação de mim.
Tenho orgulho e, mais que isso, tenho prazer da infância riquíssima que tive. Não me lembro bem das coisas que fiz há cinco, dez, vinte anos... mas como estão vivos e vívidos os ontens vividos na minha meninice!
As ruas onde morei... As escolas onde estudei...
Menino pobre de infância rica: bom nadador, atravessava de um só fôlego o Rio Itapecuru (que nem de longe se parece com os restos mortais líquidos e incertos de hoje). Décadas depois, em Fortaleza, estava fazendo mergulho no mar, em profundidade de até 40 metros, como mergulhador submarino (mergulho autônomo).
Ainda em criança, costumava ser levado pelos parentes e amigos para pescar, pois eu era o único com "coragem" para, no meio ou nas margens do rio, descer da canoa, afundar-me nas águas, acompanhar a linha da vara de pescar e ir recuperar o anzol que corria o risco de se perder – ou porque fisgara o muçum que teimava em não sair da loca, ou porque, teimando em não se render, o peixe enroscara a linha em vegetações, troncos e galhos no fundo do rio. Era uma festa cada anzol recuperado (devidamente acompanhado de sua “chumbada” e do habitante fluvial que o engolira).
Infância rica de menino pobre: nadar no Porto dos Homens e espiar, por entre o mato, as garotas no Porto das Mulheres. Pegar frutas na quinta do seu Antônio João. Buscar as doces canaranas que se derreavam na outra margem do rio, quebrando-as debaixo d’água, para que o vigia não percebesse o barulho e não atirasse com sua espingarda com carga de sal. Acordar cedinho para catar no chão os caroços das sapucaias abertas na noite pelos morcegos.
Na quinta da Maria Poquinha e em outras quintas e cantos, muito antes de surgir os impedimentos legais (ainda bem que vieram!), caçar passarinhos, de baladeira (não se chamava estilingue), marcando no cabo a quantidade de bichinhos que se pegara. Preparar arapucas e outras armadilhas para bichos de pena e bichinhos do mato. Criar guriatã, canário, sabiá (inclusive sabiá-cagona), pipira, anum, vim-vim (não se chamava gaturamo). Ouvir o canto da rolinha fogo-apagou, do tiziu (passarinho que dava saltos mortais no ar e pousava seguro no galho).
Buscar pequi na chapada, onde também se colhiam frutos como o buriti e frutinhas como coroa-de-frade, canapu, seriguela, cajá, umbu...
Pegar "carona" em carros e carroças, dependurando-se na traseira desses veículos e fazendo pequenas "viagens". Andar – muuuuito – de trem, de São Luís a Teresina, memorizando as estações do percurso – entre outras, Aarão Reis, Cantanhede, Carema, Caxias, Cristino Cruz, Urichoca...
Jogar futebol no Campinho, acima do Bar Vavá, próximo à estação de ferro (hoje a sede do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias), e participar de brigas, depois de jogar areia ou cuspir no rosto do garoto adversário ou desfazer com os pés uma risca no chão (“Aqui é a tua mãe e aqui é a mãe dele”).
Jogar pedras rente à água do rio e saber quem as fazia quicar mais. Banhar-se no rio até os olhos ficarem vermelhos e assoprá-los para voltarem a ficar “brancos”, senão a taca no lombo seria certa. Catar cobre, alumínio e outros metais para vender no quilo.
Nas quitandas do Natinho, do seu Manoel e de outros Natinhos e Manoéis, fazer compras de óleo em medida, querosene em litro para as lamparinas, quarta de arroz, meio litro de farinha...
Bater em bico de lamparina para o murrão sair/subir. Socar arroz no pilão e catar as escolhas no quibano. Limpar as cinzas do fogareiro feito de barro em meia lata de querosene “Jacaré”. Comprar cuim na usina de arroz e misturá-lo com o resto de comida de pratos e panelas (“lavagem”) e colocar nos cochos para alimentar os porquinhos.
Deitar-se na rede, enrolando-se todo de medo da “pesadeira” ou da grande porca que andava pelas ruas altas horas da noite – os adultos diziam...
Ficar cheio de receios e temores ao ouvir a rasga-mortalha grasnando longe, pois se cantasse sobre uma casa significaria que nela em breve morreria alguém.
Disputar campeonatos de futebol (sobretudo no “clássico” Galícia, da Rua da Galiana, contra o Palmeiras, da Rua da Palmeirinha. E depois, ser chamado pelo Zequinha Relojoeiro para jogar no Duque de Caxias Atlético Clube, que ele fundara e dirigia, e tornar-se ótimo ponta-direita, jogando ofensivamente, inclusive em jogos interestaduais, com a camisa 7).
Fazer e vender gaiolas de buriti e papagaios de papel (“sura” era o papagaio sem “rabo” e a “curica”, com; não eram chamados “pipas”). Quebrar lâmpadas e transformar o vidro em pó, para fazer cerol (uma cola ou grude que era passada com as mãos na linha esticada em inúmeras voltas no quintal, onde ficava até secar), e depois disputar nos céus quem cortava a linha de quem.
Jogar triângulo ou chucho, inclusive “de revestrés”. Jogar castanhas. Jogar “casa ou bila” com peteca (não se chamava bolinha de gude), fazendo “casas” (buracos) no solo, que às vezes ficava bem compacto, sobretudo após uma chuva. Nesse jogo da peteca, acertar as bolinhas de vidro uma na outra com o “cocão” (peteca grande) ou, na vez do outro jogador, substituindo a peteca pela menor bolinha que se tivesse, chamada “mirulinha”.
Colecionar “dinheiro”, que eram as embalagens de carteiras de cigarro – Minister, Hollywood, Continental, Gaivota... O papel brilhante, metálico, dentro das carteiras, era a “cédula” de menor valor.
Subir nos arcos da ponte de cimento, que une o ancestral Bairro Tresidela ao centro de Caxias. Jogar a câmara de ar de pneu e depois jogar-se da ponte de ferro e ir boiando, Rio Itapecuru abaixo, até o porto mais próximo de casa. Banhar-se no Ouro, no Ponte, na Maria do Rosário, no Iamun (Inhamum). Divertir-se na Veneza e suas piscinas e lagos de água mineral e trazer de lá latas cheias de lama medicinal.
Ver os potes “suando” na bilheira, sinal de água fria, retirada em compridas conchas e bebida em copos de alumínio brilhando de ariado.
Deliciar-se com os doces em vasilhames no petisqueiro, cristais na cristaleira.
Sentar-se em peitoril e, à noite, levar para a calçada mochos, tamboretes e, o fino da bossa, cadeiras de macarrão e cadeiras preguiçosas – e ouvir estórias, “causos”...
Ouvir também a Rádio Mearim de Caxias e o programa do Jairzinho na Rádio Sociedade da Bahia, onde também se ouvia a novela “Direito de Nascer”, com Albertinho Limonta beijando a Isabel Cristina e Dom Rafael dando bronca e Mamãe Dolores sofrendo... (“Ai, Dom Rafael, / eu vi ali na esquina / o Albertinho Limonta / beijando a Isabel Cristina. // A Mamãe Dolores falou: / ‘– Albertinho, não me faça sofrer; / Dom Rafael vai dar a bronca / e vai ser contra o direito de nascer’".).
Ler “romances” (nome que se dava aos folhetos de literatura de cordel), como “Pavão Misterioso”, “O Cachorro dos Mortos”, “O Valente Cancão de Fogo no Inferno”...).
Ler muitos livros na Biblioteca Pública Municipal, desde as enciclopédias "Delta-Larousse" às coleções de Monteiro Lobato e também "Os Irmãos Corsos", "Tesouro da Juventude" e muitos outros títulos e coleções... Sem falar nas revistas em quadrinhos, lidas e depois trocadas em frente ao Cine Rex, mas, sobretudo, em frente ao Cine São Luís. Antes, aos cinco, seis anos, já passara pela "Carta de ABC" e "cartilha", e, sentadinho no chão de terra batida, já ouvira muito Seu Miguel, paraplégico, em uma rede em sua casa, lendo e contando "A História do Imperador Carlos Magno e os Doze Pares de França" – livro antigo de que consegui um exemplar idêntico décadas depois.
Ceder à vizinha, através da cerca feita de talos, xícaras de café em pó, açúcar, sal, arroz, óleo – o que, depois, era retribuído quando fosse a vez de precisarmos.
Erguer canteiros e neles plantar coentro, alface e cebola em folha (cebolinha), para serem vendidos em molhos no Mercado Municipal (hoje a prefeitura). E do dinheiro da venda (eu sempre vendia tudo), mamãe, Dona Carlinda (linda até no nome) me autorizava tirar o suficiente para tomar um gostosíssimo mingau de milho (“chá de burro”, ) com bolo frito de arroz (“orelha”), de bordas crocantes, servidos pela sempre elegante Dona Teresa, superbem arrumada, com belas joias, lindos brincos pendendo nas orelhas...
Auxiliar na construção de casas de taipa e ajudar a cobri-las com folhas de palmeiras. Estudar na escolinha de dona Maria Luíza da Luz Mousinho e ter que bater com a palmatória as mãos dos coleguinhas porque eu era o único a saber soletrar “helicóptero” e “exercício” (sabia até soletrar “Matias”: eme-a-má ti-gui-ti, corta o “t”, pinga o “i”, tira daqui, bota prali, esse-ás Matias...[rs]).
No São João, brincar brincadeiras de roda, espocar foguetes, jogar traques e bombinhas, dançar quadrilha, ter madrinha de fogueira e faca na bananeira...
Comer bolo na festa de Reis, ouvindo os tambores e a cantoria (“Ô meu Divino Espírito Santo!”). Criar carneirinhos que eram presentes de aniversário e ensiná-los a marrar, para desespero de minha mãe, que achava que o animalzinho poderia quebrar a cabeça do “treinador” (e o ensinamento dos mais velhos: “De carneiro que recua é grande a marrada”).
Brincar de pegador, bombaquim, corrida do saco (brinquei muito – era campeão – na Rua Bom Pastor).
Brincar de passa anel (em uma roda de meninas e meninos, colocar uma pedrinha entre as mãos da pessoa escolhida, geralmente uma meninazinha em quem a gente estava de olho...).
Brincar de “boca de forno”:
– Boca de forno? – Forno!
– Jacarandá – Dá!
– Se eu mandar? – Vou!
– E se não for? – Apanha!
– Farão tudo que seu mestre mandar? – Faremos todos!
– E se não fizerem? – Ganharemos bolo!
– Remã, remã….
Após o "mestre" dizer "remã, remã", ele completava com uma tarefa, por exemplo: “Remã, remã, quero que me tragam uma pedrinha de cor preta"; ou "... um caroço de manga"; ou a embalagem de uma determinada carteira de cigarro (que, em outra brincadeira, a ela era atribuído um valor de uma das cédulas de dinheiro da época; etc. etc. Quem não trouxesse, ou quem trouxesse por último (ou outro critério), levaria o “bolo” – que, como sabemos, não era uma comida, mas uma pancada com régua, palmatória, ou com a mão na mão de outrem.
Essas brincadeiras, jogos, tarefas, isso tudo e muito mais, a sadia riqueza que se deve acumular e que ninguém pode roubar.
Mas ocorre o infanticídio, e daí surge o homem, lutando por poucas coisas e brigando por muitas causas.
Feliz Dia da Criança.
* EDMILSON SANCHES
Fotos:
Edmilson Sanches – criança; ministrando conferência em Brasília (DF); e andando pelo Quartier Latin, tradicional bairro de intelectuais e boêmios de Paris.
Uma das principais revelações do esporte maranhense, a nadadora Sofia Duailibe teve um desempenho histórico na 10ª etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) e realizada no último sábado (7) e domingo (8). A atleta da DM Aquatic venceu as seis provas que disputou na competição nacional, sagrando-se campeã das categorias Geral e Infantil I Feminino nas provas de 1,5km, 2,5km e 5km.
Nas últimas sete etapas da Copa Brasil de Águas Abertas, Sofia Duailibe faturou 16 títulos, além de quatro vice-campeonatos e duas terceiras colocações, disputando provas de 1,5km, 2,5km e 5km nas categorias Infantil I e Geral Feminino.
Sofia Duailibe acumula resultados expressivos em competições regionais e nacionais de águas abertas. Em julho, a nadadora maranhense foi campeã geral da prova dos 1.650m feminino e garantiu a primeira colocação do Aquathlon feminino na 10ª edição do Desafio do Cassó, um dos eventos mais tradicionais de águas abertas do Maranhão, que foi disputado em Primeira Cruz, a 215km de São Luís. Já no fim de abril, Sofia venceu a disputa geral dos 2,5 km na Copa São Luís.
Natação
Além de brilhar nas competições de águas abertas, Sofia Duailibe coleciona medalhas nas piscinas. Em setembro, a atleta da DM Aquatic conquistou três medalhas de ouro e uma de bronze no Norte/Nordeste de Natação – Troféu Walter Figueiredo Silva, em Fortaleza.
Sofia Duailibe também teve um excelente desempenho nos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) 2023, realizados em agosto, na piscina da Associação do Pessoal da Caixa Econômica Federal - Maranhão (Apcef-MA), em São Luís. Representando o Colégio Literato, Sofia conquistou quatro medalhas de ouro e registrou o melhor tempo da carreira em três provas da categoria Infantil Feminino (12 a 14 anos) da natação nos JEMs.
Em junho, Sofia Duailibe faturou duas medalhas de ouro nas provas dos 100m costas e 400m livre do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, realizado na piscina do Nina Natação, em São Luís.
Antes dos dois ouros no Maranhense de Inverno, Sofia Duailibe representou o Colégio Literato na categoria infantil feminino dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs), no início de junho, faturando três medalhas de ouro nas provas dos 50m costas, 100m costas e 400m livre.
Sofia brilhou ainda na Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, que foi realizada em abril, em São Luís. A nadadora maranhense conquistou 10 medalhas na categoria Infantil 1 da competição regional: foram cinco ouros nas disputas dos 200m costas, 400m livre, 800m livre, 1.500m livre e 2,5km (águas abertas), quatro pratas nos 50m costas, 100m costas, 200m livre e 200m medley, e um bronze no revezamento 4x50m livre misto.
A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pela Potiguar, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com os apoios da DM Aquatic e do Colégio Literato.
A sexta edição do Projeto Educação e Esporte – Escolinha de Futebol, que conta com os patrocínios do governo do Estado, da Potiguar e das Drogarias Globo por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, está completando nove meses de atividades na Associação dos Veteranos da Caixa-d’Água do Cohatrac, em São Luís. A escolinha, que atende 60 crianças entre 8 e 14 anos, conta com treinos de futebol de campo e aulas de reforço escolar.
Os jovens atletas do Projeto Educação e Esporte recebem acompanhamento de uma pedagoga e de profissionais de educação física nos dias de treinos, que ocorrem duas vezes por semana. Além disso, as crianças ainda participam de um lanche coletivo.
No evento de abertura da sexta edição do Projeto Educação e Esporte, em janeiro, os alunos da escolinha ganharam kits com uniforme completo (camisa, calção e meião), chuteiras, bolsas, caneleiras, squeeze e agenda escolar para participação nas atividades semanais.
Com caráter social, o Projeto Educação e Esporte foi idealizado para aliar o estudo e a prática do futebol à vida de crianças de São Luís. Nas edições anteriores, o projeto foi desenvolvido no Bairro Vila Conceição, na região do Altos do Calhau.
“A sexta edição do Projeto Educação e Esporte é um grande sucesso. Estamos muito felizes por ver a dedicação dos jovens atletas e o apoio das famílias. A união da prática esportiva com a parte educacional é importante na construção de cidadãos e cidadãs de bem. Fica o nosso agradecimento ao governo do Estado, à Potiguar e às Drogarias Globo, por todo o apoio para as atividades da escolinha”, afirma o coordenador do Educação e Esporte, Kléber Muniz.
Projeto Educação e Esporte
Em atividade desde 2016, o Projeto Educação e Esporte já atendeu mais de 300 crianças. O grande diferencial dessa iniciativa é justamente conseguir levar educação e esporte para as crianças. A dinâmica do projeto é bem simples: semanalmente, as crianças participam dos treinos de futebol acompanhados por profissionais de educação física. Paralelamente ao trabalho desenvolvido em campo, a garotada recebe acompanhamento educacional, com aulas que servem como uma espécie de reforço escolar.