Skip to content

Maior referência viva em poesia de Angola, a poetisa e historiadora Paula Tavares vem ao Brasil, na quarta-feira (6), especialmente para a edição que fecha o Clube de Leitura CCBB 2023, que, este ano, homenageou os escritores lusófonos. A pesquisadora, ensaísta, cronista e romancista conversará com o público sobre o seu livro Manual para Amantes Desesperados, escolhido em votação aberta.

Além do seu percurso poético de excelência, a curadora Suzana Vargas explica que o desejo de ter Paula Tavares nos encontros do CCBB se deu porque já estava na hora de apresentar ao público brasileiro a principal voz poética feminina de Angola.

“Sua poesia de forte lirismo vem nos contar ou cantar não somente suas escolhas existenciais e amorosas, mas denunciar em quais situações histórico-políticas ela acontece. Tanto na sua prosa como na sua poesia”, contou, em nota, Suzana Vargas, que também é mediadora dos encontros.

Nascida em Lubango, província da Huíla, Paula contou, por e-mail, que todo o sul de Angola, o planalto e a descida até ao mar são as suas geografias. “Guardo de memória a cor das rochas e dos diferentes solos. Guardo cada planta, as flores e os frutos como remédios e cura no cesto de adivinhação. Cada palavra que evoca o cheiro, o som das folhas, o voo dos pássaros  me é necessária para a lavra dos poemas. Viver ali durante a infância e juventude foi como estar fechada num sítio belo e injusto até poder falar”, escreveu Paula.

Sobre se considerar uma escritora feminista, ela disse que os rótulos lhe são difíceis. “Mas é o universo das mulheres que eu conheço melhor. Como poderia escrever sobre outras coisas? Como poderia entender as dores do crescimento, a solidão pesada dos filhos, o significado profundo de cuidar se não trabalhasse com os instrumentos (fontes, palavras, grito) que esses universos me oferecem. Se isso é ser feminista, sou sim sempre numa luta que não acaba”.

Clube de Leitura CCBB

Segundo Suzana Vargas, o balanço da edição de 2023 do Clube de Leitura CCBB é o melhor possível e levou ao projeto um público ávido por conhecer ou reconhecer alguns dos mais importantes autores da língua portuguesa.

“Além de autores de expressão universal, como Mia Couto e José Eduardo Agualusa, passaram por aqui alguns dos principais nomes da literatura nacional, como Conceição Evaristo e Milton Hatoum, e tivemos a alegria de apresentar ao nosso público importantes autores das regiões Norte e Nordeste, como Eliakin Rufino e Cida Pedrosa, para citar apenas alguns. O resultado foi uma programação plural em gênero (poetas, prosadores)  e que manteve a qualidade que já caracteriza nosso Clube de Leitura”, lembra.

O encontro com Paula Tavares ocorrerá no dia 6 de dezembro, às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, no 5º andar do CCBB/RJ, com entrada gratuita. Ingressos estarão disponíveis na bilheteria do CCBB ou pelo site a partir das 9h do dia do encontro.

(Fonte: Agência Brasil)

O Sampaio Corrêa inicia, na tarde deste domingo (3), a caminhada em busca do título da Conmebol Libertadores de Beach-Soccer 2023. Único representante do Brasil na Libertadores, o Sampaio disputa o seu primeiro jogo na fase de grupos da competição continental contra o San Antonio (PAR) a partir das 13h45 (horário de Brasília), na Arena Pynandi, localizada em Luque, na Grande Assunção. O duelo terá transmissão ao vivo pelo canal oficial da Conmebol Libertadores no YouTube.

Vice-campeão da edição de 2022 da Conmebol Libertadores, realizada em junho, na cidade de Iquique, no Chile, o Sampaio Corrêa, que conta com o apoio do governo do Maranhão por meio da Secretaria de Esporte e Lazer (Sedel), montou um elenco forte em busca do inédito título continental. Alguns dos atletas, como o goleiro Bobô, os alas Datinha, Filipe Silva e Zé Lucas, e o pivô Édson Hulk estiveram com a Seleção Brasileira de Beach-Soccer que, recentemente, foi campeã invicta da Liga Evolución, em Salinas, no Equador.

O Sampaio Corrêa disputará a Conmebol Libertadores de Beach-Soccer pela quarta vez, reforçando a sua tradição no cenário continental da modalidade. Antes do vice-campeonato de 2022, o Tricolor ficou em quinto lugar no torneio de 2017, realizado em Lambaré, no Paraguai, e conquistou a terceira posição em 2018, no Rio de Janeiro.

Agenda

Após a estreia contra o San Antonio, o Sampaio Corrêa volta a jogar pela fase de grupos nos dias 4 e 5 de dezembro, sempre a partir das 12h. O segundo compromisso tricolor será contra o Sportivo Cerrito (URU), e o último duelo na fase de grupos ocorre diante do Acassuso (ARG).

Forma de disputa

As 12 equipes participantes na Conmebol Libertadores de Beach-Soccer 2023 foram distribuídas em três grupos. Na primeira fase, jogam entre si, dentro de suas respectivas chaves. Os dois primeiros colocados de cada grupo, além dos dois melhores terceiros colocados, avançam para as quartas de final.

GRUPOS DA CONMEBOL LIBERTADORES DE BEACH-SOCCER 2023

Grupo A

Presidente Hayes (PAR), Guaicamacuto (VEN), Unión Lurín (PER) e Hamacas (BOL)

Grupo B:

 Libertad (PAR), Camba Pizzero (CHI), Antioquia (COL) e Victoria Andrés (EQU)

Grupo C

Sampaio Corrêa (BRA), Acassuso (ARG), Sportivo Cerrito (URU) e San Antonio (PAR) 

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Neste sábado (2), é celebrado o Dia Nacional do Samba. A data surgiu por iniciativa de um vereador baiano para homenagear o compositor mineiro, autor do sucesso “Na Baixa do Sapateiro”, pela primeira visita a Salvador. Depois, a data passou a ser comemorada em todo o país.

Dos batuques africanos às rodas de samba como conhecemos hoje, muitos foram os elementos incorporados nessa trajetória, que tem como um dos marcos importantes a casa da famosa baiana Tia Ciata ou Hilária Batista de Almeida. A yalorixá reunia de sambistas a políticos em seu quintal para fazer samba, sempre depois das festas para os orixás. Ali, no coração do território que ficaria conhecido como Pequena África, na região central do Rio de Janeiro, nasceria o primeiro samba a ser gravado, “Pelo Telefone”, do compositor Donga.

Até então, o samba tinha um ritmo mais próximo do maxixe e foi aí que, por volta dos anos 1920, uma turma do Bairro do Estácio, de acordo com os historiadores, viu uma oportunidade de criar uma escola de samba. E foi assim que nasceu a Deixa Falar, uma escola que nunca desfilou.

Mas esse grupo, formado por figuras como Mano Elói, Ismael Silva e Bide, fez também sambas de sucesso, que atravessaram gerações e continuam sendo cantados até hoje nas rodas espalhadas pelo Brasil.

Nascido nos terreiros

Em tese de doutorado sobre a relação do samba, espiritualidade e mulheres de axé, a pesquisadora e jornalista Maíra de Deus Brito, ressalta que o samba nasceu dentro dos terreiros, ganhando outras nuances quando chega ao Rio de Janeiro.

“Quando Tia Ciata, Tia Perciliana, entre outras, saem da Bahia, da região do Recôncavo Baiano, e vão para o Rio de Janeiro, ali, vai ser desenvolvido outro samba, que é um samba urbano, o samba carioca, com temáticas não sagradas”, disse em entrevista à apresentadora Ana Pimenta, no programa Mosaico, das rádios nacionais da Amazônia e do Alto Solimões, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Embora desde o início tenham sido protagonistas na história do samba – apontadas como responsáveis pelos primeiros sambistas cariocas – as mulheres ainda buscam reconhecimento. Na luta por um espaço mais democrático, em 2018, surgiu o primeiro Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba. A cada evento, as sambistas começam a tocar simultaneamente em diversas partes do Brasil e do mundo.

Cada canto, um samba

A pesquisadora ressalta ainda que, em cada região do país, o samba é influenciado por outros ritmos e valores culturais locais. No Norte, por exemplo, aproxima-se da influência caribenha.

Em 2007, o Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) reconheceu três gêneros do samba carioca como patrimônio cultural: rodas que cantam partido-alto, samba de terreiro e samba-enredo.

“O samba não morre, porque está sempre se reinventando”, destaca a pesquisadora.

Na capital fluminense, as segundas-feiras são marcadas pelo Samba do Trabalhador, comandado por Moacyr Luz, que lota o Clube Renascença, casa referência da resistência negra na cidade. Uma das rodas mais disputadas, recebe tanto turistas como frequentadores assíduos, que cantam o repertório de cor, independentemente se faz ou não sucesso no rádio.

Oswaldo Cruz é um reduto histórico de grandes sambistas, como Monarco, Manaceia e Seu Mijinha. O bairro, formado pela população negra expulsa do centro com as reformas urbanas, tem nele a Feira das Yabás, que resgata a cultura do samba no quintal, típico dos subúrbios cariocas. O evento, que celebra a cultura afro-brasileira, une música e comidas típicas feitas por matriarcas do samba, como Tia Surica.

Caminhos da Reportagem

Para marcar o dia do samba, o programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil, apresenta reportagem sobre o samba na palma da mão, do tambor ancestral, da espontaneidade e do improviso, que mantém seu espaço mesmo diante da profissionalização e do grande sucesso comercial do Carnaval.

O programa vai ao ar neste domingo (3), às 22h, na TV Brasil

(Fonte: Agência Brasil)

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realiza, neste sábado (2) e no domingo (3), a segunda etapa do Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituição de Educação Superior Estrangeira (Revalida) 2023/2. 

Os portões fecharam às 12h para o primeiro turno de provas e abrirão novamente às 15h, para o segundo turno, marcado para começar às 16h, sempre no horário de Brasília. Nessa etapa, são realizadas as provas de habilidade clínica.  

Segundo o Inep, a prova é “estruturada em um conjunto de dez estações, nas quais os participantes realizam tarefas específicas das áreas determinadas, podendo incluir investigação de história clínica, interpretação de exames, formulação de hipóteses diagnósticas, demonstração de procedimentos médicos, aconselhamento a pacientes ou familiares, entre outros contextos”. 

O Revalida é composto por duas etapas (teórica e prática), ambas eliminatórias. Os exames abordam, de forma interdisciplinar, as cinco grandes áreas da medicina: clínica médica, cirurgia, ginecologia e obstetrícia, pediatria, e medicina da família e comunidade (saúde coletiva). “O objetivo é avaliar habilidades, competências e conhecimentos necessários para o exercício profissional adequado aos princípios e necessidades do SUS”, de acordo com o Inep. A participação na segunda etapa depende da aprovação na primeira.

(Fonte: Agência Brasil)

A segunda edição da Taça Grande Ilha de Futebol Society, competição patrocinada pelo governo do Estado, pelo El Camiño Supermercados e pela Potiguar por meio da Lei Estadual de Incentivo ao Esporte, teve seus finalistas definidos após partidas realizadas na última quinta-feira (23), na Arena Olynto, no Bairro Olho d'Água, em São Luís. Olímpica e Instituto Dek avançaram à decisão da categoria Sub-15, enquanto a final do torneio Sub-17 será disputada entre Mercado e Corinthians do Bequimão.

Equipe de melhor campanha na categoria Sub-15 da Taça Grande Ilha, a Olímpica confirmou o favoritismo nas semifinais, teve uma grande atuação diante do Revelação e garantiu vaga na final após goleada por 5 a 1. Já na segunda semifinal, o Instituto Dek teve dificuldades diante do Ferinhas da Vila, mas conseguiu a vitória por 3 a 2 após um duelo equilibrado e emocionante.

Já na categoria Sub-17 da Taça Grande Ilha, o Mercado, dono do melhor ataque da competição, mostrou sua força ao golear o Audaz por 5 a 1 nas semifinais. O segundo finalista é o Corinthians do Bequimão, que passou pelo 15 de novembro com uma vitória por 6 a 5 nos pênaltis, após empate por 3 a 3 no tempo normal.

Taça Grande Ilha

Vale lembrar que os grupos dos torneios das categorias Sub-15 e Sub-17 da segunda edição da Taça Grande Ilha de Futebol Society foram definidos durante a solenidade de lançamento da competição. Ao todo, 24 times participam desta edição: 12 equipes no Sub-15 e outras 12 no Sub-17.

Durante o lançamento desta edição da Taça Grande Ilha, todos os 24 times participantes receberam kits contendo uniforme completo (camisas, calções e meiões) e bolsas esportivas personalizados. Todo o material será utilizado pelas equipes ao longo de toda a competição.

TABELA DE JOGOS

Quinta-feira (23/11) | Arena Olynto (campo 1)

Olímpica 5 x 1 Revelação (Sub-15)

Mercado 5 x 1 Audaz (Sub-17)

Quinta-feira (23/11) | Arena Olynto (campo 2)

Instituto Dek 3 x 2 Ferinhas da Vila (Sub-15)

Corinthians do Bequimão 3 (6) x 3 (5) 15 de Novembro (Sub-17)

(Fonte: Assessoria de imprensa)

Dezenas de maranhenses de excepcional talento contribuíram de modo positivo e permanente no século XIX para a formação da identidade brasileira. Esse foi o tema e é o resumo da conferência “O ‘brain drain’ do Maranhão e a formação da brasilidade”, feita pelo jornalista, administrador, consultor e escritor maranhense Edmilson Sanches, que está no Sudeste do país, onde participa de eventos e tem recebido homenagens pelas atividades profissionais e culturais que desenvolve. O “brain drain”, em uma de suas definições, é a transferência de recursos na forma de capital humano – seres humanos que saem de um lugar e se estabelecem em outro, onde desenvolvem ou exercitam e investem seu conhecimento, qualificação e experiência.

A conferência foi realizada no Rio de Janeiro (RJ), na última quarta-feira (29/11) e transmitida ao vivo pela internet, pelo canal do Instituto Internacional Cultura em Movimento (IICEM), entidade que organizou o evento. A conferência pública é um dos pré-requisitos do IICEM para a outorga do título de Doutor Honoris Causa, além da prova de títulos, produção acadêmica e técnica e cultural e prestação de serviços sociocomunitários, análise de banca examinadora e investigação sobre o candidato.

Além da audiência via internet, participaram ao vivo da conferência os professores doutores Angeli Rose Nascimento, presidente do IICEM, que já esteve no Maranhão como professora convidada da Universidade Estadual (Uema), e Jorge Eduardo Magalhães, coordenador editorial do Instituto.

A exposição de Edmilson Sanches, aplaudida e muito elogiada ao término, fez um “passeio” histórico a partir de 1808, com a chegada de Dom João ao Brasil e, com ele, o aumento ou intensificação da forma de se fazer Literatura e de se escrever em Língua Portuguesa ao modo português, com a reiteração de assuntos da mitologia grega e romana e outros assuntos, nenhum deles vinculados ao Brasil...  até o nascimento de Antônio Gonçalves Dias, maranhense de Caxias, que, em 1846, com seu primeiro livro, não sem razão intitulado “Primeiros Cantos”, praticamente criou ou fundou, no país, o “jeito” brasileiro de se escrever em português, com temas que se referiam à terra e sociedade brasileiras.

A partir de Gonçalves Dias, Edmilson Sanches discorreu sobre diversos outros maranhenses, que, naqueles anos oitocentos, saíram da terra natal, o Maranhão, e, como se fosse uma fuga de cérebros (“brain drain”), mudaram-se para outros Estados e regiões do Brasil, sobretudo Rio de Janeiro e São Paulo, onde se tornaram verdadeiros “gigantes da cidadania”, na expressão de Sanches, para quem “o ‘brain drain’ do Maranhão transformou-se em ‘brain gain’, ganho de inteligência, para o Brasil”. A exportação de talentos é parte do processo de migração, que, hoje, totaliza mais de 4 milhões e 600 mil brasileiros vivendo fora do Brasil e mais de 184 milhões de pessoas nascidas nos diversos países do mundo e que não se encontram mais na terra em que nasceram.

Entre os nomes elencados por Edmilson Sanches, ressaltam o do filósofo e matemático caxiense Raimundo Teixeira Mendes, classificado pelo conferencista como um verdadeiro “iceberg” na prestação de serviços que contribuíram para a formação, fixação e ampliação da brasilidade ou nacionalidade ou identidade brasileira. Teixeira Mendes é mais conhecido – quando é”, condiciona Sanches – por ser o autor da atual Bandeira do Brasil, que é a parte mais exposta, diz Sanches, pois o filósofo e matemático também foi o redator do dispositivo constitucional que, pela primeira vez no país, separou a Igreja do Estado e declarou a liberdade de crença e culto para os brasileiros (antes, a religião católica era obrigatória constitucionalmente). Teixeira Mendes também foi quem redigiu o texto de leis pioneiras, como as que, pela primeira vez no Brasil, protegeram a mulher trabalhadora, o menor trabalhador, o doente mental e os indígenas (a Fundação Nacional do Índio, antes Serviço de Proteção ao Índio, teria sido criado sob sua inspiração). Teixeira Mendes escreveu sobre tudo isso, tendo deixado mais de quinhentos livros e outras publicações sobre esses e outros assuntos.

Outro nome destacado por Edmilson Sanches foi o caxiense Henrique Maximiano Coelho Netto, o notável escritor, indicado ao Prêmio Nobel, autor mais lido de sua época, responsável pela dignificação da capoeira no Brasil e, entre tantos méritos de repercussão nacional, introdutor do cinema seriado no país, gênero cinematográfico de onde se originaram as novelas e as séries de TV. Coelho Netto era também cineasta, tendo roteirizado e dirigido filme.

Outro nome lembrado por Sanches foi o do odontólogo Aderson Ferro, que era empresário em sua cidade, Caxias, e tinha o sonho de ser dentista. Terminou por ir para a França, onde se formou em Arte Dentária e tornou-se o primeiro brasileiro a escrever um livro de Odontologia, publicado na última década do século XIX, além de ser um dos introdutores da anestesia odontológica no país. Além disso, com a verve natural dos caxienses, após retornar para o Brasil, tornou-se escritor e jornalista e um dos mais combativos abolicionistas, tendo criado jornais e diversas bibliotecas (chamadas “gabinetes de leitura”) no Estado do Ceará, onde seu corpo está enterrado, na cidade de Baturité. Em livro biográfico feito em Fortaleza, Aderson Ferro é considerado “Glória da Odontologia Nacional”.

O ator, desenhista, artista plástico e professor Armando Maranhão foi outro maranhense de destaque. Considerado a “Pedra Angular do Teatro Paranaense”, esse caxiense esteve na Europa, onde estudou com “os maiores entre os maiores nomes do cinema mundial”, na definição de Sanches, como os cineastas Federico Fellini, Luchino Visconti, Michelangelo Antonioni e Laurence Olivier. Após voltar para o Brasil, intensificou seu trabalho em prol do Teatro na capital, Curitiba, e no interior do Estado do Paraná.

Edmilson Sanches trouxe, ainda, diversos grandes nomes de talento maranhenses, que desenvolveram trabalhos pioneiros e de excelência fora do Maranhão “e agregaram mais brasilidade ao Brasil”. Nomes como Ubirajara Fidalgo, considerado o primeiro dramaturgo negro do Brasil, que mereceu do governo federal o “Ano Ubirajara Fidalgo da Cultura”, pelo pioneirismo e pela luta em favor da profissionalização do negro no teatro profissional. Foi lembrado também João Christino Cruz, o caxiense que, depois de estudar agronomia na Alemanha, França e Inglaterra, entre outros países, desenvolveu projeto pioneiro no Maranhão e, também, como deputado federal e presidente da Câmara, foi o responsável pela condução do projeto que criou o Ministério da Agricultura. Christino Cruz é o presidente de honra da Sociedade Nacional de Agricultura.

Sanches falou também sobre o professor Tarquínio Silva, maranhense de Viana, que prestou grande serviço à Educação do próspero município paulista de Santos, onde é qualificado como “Mestre dos Mestres”. Outros nomes foram Nina Rodrigues, criador da Antropologia Cultural e um dos patronos da Medicina Legal no Brasil; e Nunes Pereira, um intelectual sábio, médico-veterinário e antropólogo, biólogo e etnólogo, cujo nome é dado a uma das alas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que, além da Língua Portuguesa, dominava o tupi-guarani, nheengatu, alemão, francês, inglês e italiano. O escritor Carlos Drummond de Andrade escreveu sobre Nunes Pereira, que era homem despojado e morreu pobre: ”Homem de ciência agudamente provido de sensibilidade e visão humanística, eis o que é o caboclo maranhense Nunes Pereira”.

Edmilson Sanches, ao término, disse que maranhenses cruzaram o Brasil de Norte a Sul, emprestando seus talentos e força de trabalho em prol das terras que os acolheram. No Norte, Sanches reforçou com os exemplos de Eduardo Ribeiro, são-luisense que viveu 38 anos e foi jornalista, militar e governador do Amazonas duas vezes, tendo sido modelo de administração, a ponto de a capital do Estado, Manaus, ficar conhecida como a “Paris dos Trópicos”. Em Rondônia, Sanches lembrou o exemplo do caxiense Vespasiano Ramos, escritor de grande talento que foi o precursor da Literatura naquele Estado e ex-território, onde seu corpo foi sepultado. No Pará, Sanches lembrou que a progressista cidade de Marabá foi fundada por um caxiense, Carlos Gomes Leitão, e o nome do município deve-se ao empresário Francisco Coelho, natural de Barra do Corda (MA), que tinha gosto pela poesia de Gonçalves Dias, que deu o título de “Marabá” a um de seus poemas, título que se tornou nome do estabelecimento comercial de Coelho, nas proximidades dos rios Itacaiúnas e Tocantins, hoje centro histórico de Marabá. Segundo Edmilson Sanches, “além de gerar filhos para o Brasil, Caxias tem filhos que estão no nascimento de grandes cidades do país”.

No Sul e Sudeste do país, Sanches lembra a participação de Medeiros e Albuquerque, caxiense, que, a partir do Rio de Janeiro, foi o responsável pela realização da primeira contagem da população do Brasil (Censo Demográfico). Também,  Berredo de Menezes, advogado, professor, escritor com volumosa obra poética traduzida em vários idiomas e considerado exemplo de administrador como prefeito de Vitória, no Espírito Santo. E mais: o médico José Eduardo de Souza, maranhense de Pedreiras, doutor em Cardiologia, pioneiro da chamada Cardiologia Intervencionista e realizador das primeiras cineangiocoronariografias (exame radiológico dos vasos que irrigam o coração) no Brasil, criador da técnica de revestir, com um produto farmacêutico chamado rapamicina, um nanotubo (o “stent”) a ser implantado na artéria, impedindo que este novamente se estreite, o que tem salvado milhares e milhares de pessoas em todo o mundo e propiciou ao maranhense reconhecimento e homenagens no mundo todo. E ainda, João Mendes de Almeida, escritor, jornalista, advogado, deputado, ex-presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, que fundou diversos jornais e foi redator da Lei do Ventre Livre, que garantiu que crianças nascidas de pessoas escravizadas não mais fossem, elas mesmas, escravas. “Só estes exemplos de dignificação legal dos seres humanos que vão nascer e os cuidados para que, adultos, continuem a viver, já justificaria a existência de uma ou mais pessoas”, diz Sanches, que já tem relacionados e documentados cerca de quinhentos nomes maranhenses de destaque nacional e, até, mundial, “os quais – sonha Sanches – integrarão um livro que praticamente já está escrito em minha mente –  a ‘Enciclopédia Maranhense’, de, pelo menos, mil páginas, em dois volumes, projeto já apresentado há anos a diversos agentes públicos e instituições privadas, de todos tendo merecido, o projeto, uma silenciosa negativa ou um sonoro silêncio – que é a forma mais covarde de dizer ‘não’”.

Edmilson Sanches listou ainda: “A primeira música sertaneja gravada no Brasil é de um maranhense. A ideia de banco privado nasceu no Maranhão. Um maranhense foi o primeiro presidente do Banco do Brasil. O primeiro ministro de Ciência e Tecnologia foi maranhense. A primeira romancista brasileira é uma maranhense, Maria Firmina. A primeira tradução de obras de Shakespeare para a Língua Portuguesa foi um maranhense quem fez. A primeira gramática portuguesa no Brasil é de autoria de um maranhense. Um maranhense é o precursor do Parnasianismo. Outro, do indianismo. Aquele outro, do Modernismo nas Artes Plásticas. Um outro é fundador da União Nacional dos Estudantes. Mais outro, o pioneiro da Tradução Criativa. Um maranhense escreveu os primeiros livros de reportagem policial; e outro, é pioneiro na literatura de ficção. Maranhenses foram os primeiros músicos brasileiro a subirem no palco do Rock in Rio. A Avenida Paulista, em São Paulo, deve muito sua existência a Horácio Sabino, filho de Ricardo Leão Sabino, o maranhense que, em Caxias, foi o professor de Gonçalves Dias e incentivou a ida do futuro poeta para Coimbra. A primeira companhia imobiliária do Brasil foi criada por um maranhense, da cidade de Grajaú, daí o nome dos bairros Grajaú, no Rio e em São Paulo, que eram de propriedade daquele maranhense pioneiro. E por aí vão as centenas de contribuições positivas de maranhenses para o nosso país...”

Edmilson Sanches considera positivo para o Brasil esse quase êxodo, essa quase hégira e verdadeira diáspora, ocasionada por fatores os mais variados. Sanches convida à reflexão: “Talvez seja essa a missão do ser humano: fazer a desocultação do oculto, a explicitação do implícito, a visibilização do invisível, criando, inventando, rearrumando, estudando, pesquisando, agindo, fazendo. Em todo o mundo, seres humanos, de modo voluntário ou involuntário, por sua decisão ou forçadamente (como no caso dos refugiados), têm realizado trocas de lugares, mudanças de endereço e, até, adoção de novas nacionalidades. Buscam melhorias – para si e para seu entorno, que é sua comunidade, seu Estado, seu (novo) país. Se, com sua ausência, deixam saudade ou se, em alguns casos, provocam alívio, não importa; importa o que os motiva e o que, de modo positivo, engrandecedor, eles fazem para atender às pulsões e compulsões de seu sadio frenesi e paixões internos, de sua capacidade de pensar, projetar e realizar, de todo modo colaborando para um mundo melhor, como no caso do ‘brain drain’ maranhense do século XIX, quando homens e mulheres superaram as pré-condições obstaculizadoras de, em geral, uma origem humilde, e cresceram e (se) superaram, trazendo mais conhecimento, mais inovação, mais ações e sendo bons exemplos, com uma larga prestação de serviços que, no mínimo, fizeram e fazem do Brasil um país com identidade, com brasilidade – no mínimo, para os pessimistas, um país menos ruim, ou, para outrem, um país melhor, que merece que seu povo, o povo brasileiro, atinja estágios gradualmente mais avançados de qualidade de vida e, por que não?, de felicidade humana”.

(Fonte: Assessoria de comunicação)

Fotos:
Edmilson Sanches e gestores do IICEM (Angeli Rose, presidente, e Jorge Eduardo, coordenador editorial), durante a conferência transmitida ao vivo em 29/11/2023.