Dos 2,65 milhões de candidatos inscritos no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), 1 milhão ainda não realizou o pagamento, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. O valor é R$ 60 para cargos de nível médio e R$ 90 para nível superior.
O prazo para pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) se encerra nesta sexta-feira (16). A taxa pode ser paga no banco ou por meio de PIX, fazendo uso de QR Code.
O chamado Enem dos Concursos vai selecionar 6.640 servidores para 21 órgãos públicos federais. A prova – constituída de questões objetivas específicas e dissertativas, por área de atuação – será aplicada no dia 5 de maio em 220 cidades de todas as unidades federativas.
Os inscritos poderão verificar os dados finais no dia 29 de fevereiro, por meio do site da Cesgranrio, que é banca realizadora do processo seletivo e por onde está sendo realizado o processo de inscrição, com o uso da conta gov.br.
Local de prova e resultado
A consulta sobre o local de prova estará disponível a partir do dia 29 de abril. A previsão é que no dia 3 de junho sejam divulgados os resultados das provas objetivas, e preliminares das provas discursivas e de redação. No dia 30 de julho, deve sair o resultado final, indicando a classificação dos aprovados.
De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o concurso foi planejado de forma a promover igualdade de oportunidade de acesso a cargos públicos efetivos, zelando pelo princípio da impessoalidade na seleção dos candidatos em todas as fases e etapas do certame.
A elaboração buscou, também, padronizar procedimentos na aplicação das provas, bem como aprimorar os métodos de seleção de servidores públicos, “de modo a priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público”.
O ministério alerta os candidatos sobre a importância de estarem cientes do conteúdo do edital escolhido. Ao todo são oito documentos que reúnem as regras para concorrer a uma ou mais carreiras divididas por blocos temáticos.
Este ano de 2024, a Receita Federal espera apurar mais de R$ 32 bilhões com a contribuição social feita por empresas vinculadas à Previdência Social. Desse total, pouco mais de R$ 19 bilhões serão distribuídos aos Estados, Distrito Federal (DF) e aos municípios, na forma de salário-educação, para a suplementação das despesas públicas no setor.
Os critérios e valores da distribuição da quota que cabe a cada ente federado foram divulgados, nessa quarta-feira (14), pelo Ministério da Educação (MEC) em uma portaria publicada no Diário Oficial da União. De acordo com o texto, o cálculo da quota estadual e municipal obedece ao previsto em lei e corresponde a dois terços de 90% da arrecadação líquida apurada. A quota federal corresponde ao terceiro terço desse percentual, e os 10% restantes é direcionado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O Censo Escolar é usado como parâmetro para fatiar a quota que cabe aos entes federados, e as unidades recebem conforme a divisão do número de alunos, em cada rede de ensino da educação básica pública, pelo total geral de toda a educação básica pública, multiplicado pela estimativa de arrecadação. Na prática, os Estados, DF e município recebem um salário-educação por vaga, esse valor varia conforme a arrecadação mensal e é disponibilizado no site do FNDE.
Os valores do salário-educação são depositados de forma automática sem que haja necessidade de que a Secretaria de Educação faça adesão ou celebre convênio para liberação do recurso. É necessário apenas que o ente federado mantenha uma conta bancária específica, aberta pelo FNDE em instituição financeira oficial.
* A matéria foi republicada às 13h35 desta quinta-feira (15), para correção dos valores divulgados pelo FNDE
Dos 2,65 milhões de candidatos inscritos no Concurso Público Nacional Unificado (CPNU), 1,1 milhão ainda não pagou a taxa de inscrição, segundo o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos. O valor é de R$ 60 para cargos de nível médio e de R$ 90 para nível superior.
O prazo para pagamento da Guia de Recolhimento da União (GRU) se encerra nesta sexta-feira (16). A taxa pode ser paga no banco ou por meio de PIX, fazendo uso de QR Code.
O chamado Enem dos Concursos vai selecionar 6.640 servidores para 21 órgãos públicos federais. A prova – constituída de questões objetivas específicas e dissertativas, por área de atuação – será aplicada no dia 5 de maio, em 220 cidades de todas as unidades federativas.
Os inscritos poderão verificar os dados finais no dia 29 de fevereiro, por meio do site da Cesgranrio, que é banca realizadora do processo seletivo e por onde está sendo realizado o processo de inscrição, com o uso da conta gov.br.
Local de prova e resultado
A consulta sobre o local de prova estará disponível a partir do dia 29 de abril. A previsão é que, no dia 3 de junho, sejam divulgados os resultados das provas objetivas e preliminares das provas discursivas e de redação. No dia 30 de julho, deve sair o resultado final, indicando a classificação dos aprovados.
De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, o concurso foi planejado de forma a promover igualdade de oportunidade de acesso a cargos públicos efetivos, zelando pelo princípio da impessoalidade na seleção dos candidatos em todas as fases e etapas do certame.
A elaboração buscou, também, padronizar procedimentos na aplicação das provas, bem como aprimorar os métodos de seleção de servidores públicos, “de modo a priorizar as qualificações necessárias para o desempenho das atividades inerentes ao setor público”.
O ministério alerta os candidatos sobre a importância de estarem cientes do conteúdo do edital escolhido. Ao todo, são oito documentos que reúnem as regras para concorrer a uma ou mais carreiras divididas por blocos temáticos.
A partir desta quinta-feira (15), locais de exibição de filmes e cineclubes podem se inscrever para credenciamento na Mostra Difusão, que ocorrerá de 25 de março a 24 de abril. Os espaços que cumprirem as exigências poderão reproduzir, gratuitamente, os filmes que serão disponibilizados na programação da 13ª Mostra Cinema e Direitos Humanos (MCDH), por meio de plataforma streaming.
A inscrição deve ser realizada no siteMapas da Cultura, até o dia 23 de fevereiro. E é necessário criar uma conta e estar logado para concluir a solicitação.
Poderão participar pontos de cultura, instituições educacionais, museus, bibliotecas públicas e comunitárias, espaços e coletivos culturais, movimentos sociais do campo e da cidade, associações, cooperativas, ONGs e qualquer equipamento cultural que promovam atividades abertas às comunidades. É necessário ter equipamento de projeção e sonorização, além de acesso à internet banda larga.
A Mostra Difusão faz parte da programação da 13ª MCDH, que reúne filmes e oficinas nas áreas de audiovisual e educação, em todo o país. Nesta edição, tem como tema Vencer o ódio, semear horizontes, com o objetivo de promover debates sobre democracia, direitos políticos, diversidade religiosa, memória e enfrentamento à tortura e ao genocídio, entre outros.
Produzida pelo Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense, a MCDH foi retomada depois de seis anos sem acontecer. A abertura desta edição ocorreu em dezembro de 2023, no Centro de Artes da instituição, em Niterói, no Rio de Janeiro, com uma palestra do ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida.
De acordo com a organização, foram capacitados mais de 700 professores para a utilização de filmes como ferramenta de ensino. Na Mostra Difusão, como nas edições anteriores, haverá a exibição descentralizada de filmes para promoção dos debates.
Realizada com o Ministério da Cultura (MinC), a iniciativa da pasta de Direitos Humanos e da Cidadania, é considerada uma das principais frentes educativas no setor. A ação, segundo o governo federal, responde às diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH-3) e do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH).
A Campanha da Fraternidade 2024 tem o tema Fraternidade e Amizade Social e o lema Vós sois todos irmãos e irmãs (Mateus 23,8). O lançamento da campanha foi na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília, nesta Quarta-feira de Cinzas (14), dia que marca para as religiões cristãs o início da Quaresma. O período, com duração de 44 dias, com fim na Quinta-feira Santa, é considerado de reflexão e recolhimento para os cristãos até a Páscoa, data de comemoração da ressurreição de Jesus Cristo, depois de seus sofrimentos e morte.
Este ano, a Campanha da Fraternidade completa 60 anos ininterruptos. Nesta edição, a campanha foi inspirada na Carta Encíclica Fratelli Tutti assinada em outubro de 2020, na cidade italiana de Assis, pelo papa Francisco.
Durante a cerimônia de lançamento da iniciativa, foi apresentado um vídeo da autoridade máxima da Igreja Católica sobre a campanha deste ano. Na mensagem, o papa Francisco convida os brasileiros, durante a Quaresma, ao reconhecimento da vontade de Deus de que todos sejam irmãos e irmãs, em uma fraternidade universal.
“Eu me lembro da necessidade de alargar os nossos círculos para chegarmos àqueles que, espontaneamente, não sentimos como parte do nosso mundo de interesses, de estender o nosso amor a todo ser vivo, vencendo fronteiras e superando as barreiras da geografia e do espaço”, disse o papa.
Já o secretário-executivo de Campanhas da CNBB, padre Jean Poul Hansen, esclareceu que o tema e o lema foram escolhidos, há 2 anos, pelos religiosos brasileiros. “Em 2022, tocava o coração dos nossos bispos a realidade do povo brasileiro dividido, polarizado, onde cresce a indiferença, o ódio e a violência. Mas, também tocava o coração dos nossos bispos o rico magistério do amado papa Francisco, que, na sua Encíclica Fratelli Tutti, nos apresentou o remédio para esse mundo: a amizade social”.
O secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, ainda enfatizou que a Campanha da Fraternidade 2024 ocorre em um momento de fortalecimento do compromisso de cuidado com outras pessoas, chamadas pelo religioso de “o próximo”.
“No texto-base, aparecem os sinais de divisões, inimizades, guerras, discórdias, tristeza, perda de sentido da vida. Mas podemos ver também uma Igreja em saída, pessoas comprometidas, podemos ver um empenho maior de uma consciência maior do nosso papel de batizado de cristão neste mundo”, diz dom Ricardo Hoepers.
Sessenta anos
A Campanha da Fraternidade teve início em 1962, na arquidiocese de Natal e, a partir de 1964, se estendeu a todo o Brasil. Naquele ano, o tema foi Lembre-se: você também é Igreja.
Em vídeo, o papa Francisco também destacou o trabalho dos integrantes da CNBB nesses 60 anos da Campanha da Fraternidade. “Um itinerário de conversão que une fé e vida, espiritualidade e compromisso fraterno, amor a Deus e amor ao próximo, especialmente àquele mais fragilizado e necessitado de atenção. Esse percurso é proposto, a cada ano, à Igreja no Brasil e a todas as pessoas de boa vontade desta querida nação”.
No Brasil, o secretário-geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, celebrou as seis décadas ininterruptas da ação evangelizadora, em nível nacional. “São 60 anos de uma vivência eclesial que, em busca de conversão pessoal, comunitária e social, com propostas que unem todas as dioceses e a nação inteira. Sessenta anos de solidariedade e de projetos que salvaram e transformaram vidas. Sessenta anos de coragem e coerência também anunciando o Evangelho e denunciando injustiças”.
Este ano de 2024, a Receita Federal espera apurar mais de R$ 19 trilhões com a contribuição social feita por empresas vinculadas à Previdência Social. Desse total, pouco mais de R$ 37,2 milhões serão distribuídos aos Estados, Distrito Federal (DF) e aos municípios, na forma de salário-educação, para a suplementação das despesas públicas no setor.
Os critérios e valores da distribuição da quota que cabe a cada ente federado, foram divulgados, nesta quarta-feira (14), pelo Ministério da Educação (MEC) em uma portaria publicada no Diário Oficial da União. De acordo com o texto, o cálculo da quota estadual e municipal, obedece ao previsto em lei, e corresponde a dois terços de 90% da arrecadação líquida apurada. A quota federal corresponde ao terceiro terço desse percentual, e os 10% restantes é direcionado ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
O Censo Escolar é usado como parâmetro para fatiar a quota que cabe aos entes federados, e as unidades recebem conforme a divisão do número de alunos, em cada rede de ensino da educação básica pública, pelo total geral de toda a educação básica pública, multiplicado pela estimativa de arrecadação. Na prática, os Estados, DF e município recebem um salário-educação por vaga, esse valor varia conforme a arrecadação mensal e é disponibilizado no sitedo FNDE.
Os valores do salário-educação são depositados de forma automática sem que haja necessidade que a Secretaria de Educação faça adesão ou celebre convênio para liberação do recurso. É necessário apenas que o ente federado mantenha uma conta bancária específica, aberta pelo FNDE em instituição financeira oficial.
Os candidatos ao Concurso Público Nacional Unificado que ainda não pagaram a taxa de inscrição têm até sexta-feira (16) para quitarem a Guia de Recolhimento da União (GRU). O pagamento, no valor de R$ 90 para os cargos de nível superior e de R$ 60 para os de nível médio, pode ser feito em banco, ou pelo PIX, com o uso do QR Code.
Com o período de inscrição encerrado no último dia 9, o “Enem dos concursos” teve 2,65 milhões de candidatos cadastrados, dos quais, 1,28 milhão ainda precisavam pagar a taxa para confirmar a participação no processo seletivo. Entre eles, estão os candidatos que tiveram os pedidos de isenção da taxa negados.
Os concorrentes poderão verificar os dados finais da inscrição no dia 29 de fevereiro, por meio do site da Cesgranrio, que é banca realizadora do processo seletivo e por onde está sendo realizado o processo de inscrição, com o uso da conta gov.br.
A partir do dia 29 de abril, também estará disponível a consulta sobre o local de prova. A previsão é que, no dia 3 de junho, sejam divulgados os resultados das provas objetivas e preliminares das provas discursivas e de redação. No dia 30 de julho, deve sair o resultado final com a classificação dos aprovados.
Os candidatos que permanecerem inscritos disputarão 6.640 vagas em 21 órgãos públicos brasileiros. As provas serão aplicadas em 220 cidades de todos os Estados e Distrito Federal, no dia 5 de maio.
De acordo com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI), que promove o processo seletivo, é importante que, ao longo de todo o concurso, os concorrentes estejam cientes do conteúdo do edital escolhido. Ao todo, são oito documentos que reúnem as regras para concorrer a uma ou mais carreira divididas por blocos temáticos.
Uma tese de doutorado sobre a língua brasileira de sinais (libras) defendida na própria língua brasileira de sinais. O ineditismo da conquista da doutora em linguística Heloise Gripp Diniz, de 48 anos, dá uma ideia dos obstáculos que ela enfrentou até ser a primeira surda a conquistar o título no Programa de Pós-Graduação em Linguística da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Em entrevista por e-mail à Agência Brasil, a pesquisadora carioca conta que é filha de pais surdos e faz parte de uma geração que reivindica o protagonismo também na academia. “Nada sobre nós sem nós”, resume Heloise com a frase que é usada por minorias que buscam participar e liderar a produção do conhecimento sobre si próprias.
Heloise é formada em letras-libras e tem mestrado em linguística pela Universidade Federal de Santa Catarina. Na UFRJ, além de doutora, é professora do Departamento de Libras da Faculdade de Letras.
Sua tese foi sobre Variação fonológica das letras manuais na soletração manual em libras. Afinal, se o português e as outras línguas faladas têm suas variações, as línguas de sinais, como a libras, também têm, explica a doutora. Mas, como fazer uma pesquisa de variações “fonológicas”, sonoras, em uma língua de sinais? Assim como os sons das letras formam as palavras no português, dimensões como a configuração da mão, a orientação da palma, o movimento, a direção e a locação são as partes que compõem o significado transmitido com os sinais.
“Minha pesquisa evidencia que há variação fonológica nas letras manuais de acordo com a soletração manual, destacando a diversidade e a riqueza linguística presentes nesse aspecto da libras”.
Chegar a uma universidade prestigiada e defender uma pesquisa acadêmica sobre sua língua por meio dela própria é não apenas uma honra ou conquista individual, conta ela, mas parte de um avanço de toda uma comunidade surda em ascensão. “Este avanço não apenas celebra as conquistas individuais, mas também fortalece o movimento mais amplo em prol dos direitos, inclusão social e reconhecimento dos povos surdos e das comunidades surdas, tanto acadêmicas quanto não acadêmicas. Essa conquista simboliza um passo significativo rumo à valorização, visibilidade e respeito pelas contribuições e perspectivas únicas dos surdos em todos os aspectos da sociedade.
Confira a entrevista da pesquisadora à Agência Brasil:
Agência Brasil
Como você avalia o cenário da pesquisa linguística em Libras hoje no Brasil?
Heloise Gripp Diniz
As pesquisas linguísticas na área da libras eram anteriormente conduzidas mediante comparação com a língua portuguesa, sem considerar devidamente a estrutura linguística própria da libras. Com o reconhecimento legal da libras como a língua de sinais, conforme estabelecido pela Lei nº 10.436/2002, houve uma mudança significativa na abordagem dessas pesquisas. Agora, as investigações linguísticas em libras são realizadas não apenas em comparação com o português, mas também em conexão com outras línguas de sinais de diversos países, além das línguas orais. Atualmente, a libras é reconhecida como uma língua de sinais legítima, equiparada às línguas naturais, tanto aquelas sinalizadas quanto as orais.
Agência Brasil
A comunidade surda participa dessas pesquisas como pesquisadora ou ainda está mais no lado dos pesquisados? Como vê esse protagonismo?
Heloise Gripp Diniz
Inicialmente, os povos surdos eram convidados a participar como informantes em pesquisas, algumas vezes com a presença de intérpretes de libras. A partir da década de 2000, reconhecidos como minorias linguísticas e culturais, os povos surdos começaram a ser respeitados e valorizados. Um marco desse avanço foi a formação da primeira turma com o maior número de estudantes surdos no primeiro curso de graduação à distância de Letras-Libras (licenciatura e bacharelado), oferecido pelos 15 polos credenciados pela Universidade Federal de Santa Catarina, em 2006. Ao longo dos anos, esses estudantes surdos tornaram-se docentes em diversas universidades e instituições escolares, tanto públicas quanto particulares, em todo o Brasil. Atualmente, o protagonismo surdo está em ascensão, com a presença de mestres e doutores surdos, surdos-cegos, surdos com baixa visão e surdos indígenas em diversas áreas acadêmicas. Esse avanço demonstra uma mudança significativa no reconhecimento e valorização das contribuições dos surdos para o ambiente acadêmico e para a sociedade em geral.
Agência Brasil
Você foi a primeira surda a ser doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Linguística da UFRJ, e a primeira a defender uma tese inteiramente em libras no programa. O que isso representa?
Heloise Gripp Diniz
É uma imensa honra para nossos povos surdos e as comunidades surdas que, ao longo do século XIX até os dias de hoje, estiveram e ainda estão engajados na luta por movimentos linguísticos e socioculturais. Essa luta visa reivindicar os direitos linguísticos e culturais dos povos surdos, surdos-cegos, surdos com baixa visão e surdos indígenas, incluindo as línguas de sinais de suas comunidades, além da libras. Como filha de pais surdos, reconhecemos que somos os protagonistas das gerações surdas, dando início ao princípio de “Nada sobre nós sem nós”. Esse reconhecimento representa uma continuidade na formação dos primeiros doutores surdos em relação ao mundo de surdos e à libras, destacando figuras inspiradoras como a professora surda Gladis Perlin, que se tornou doutora em 2003. Este avanço não apenas celebra as conquistas individuais, mas também fortalece o movimento mais amplo em prol dos direitos, inclusão social e reconhecimento dos povos surdos e das comunidades surdas, tanto acadêmicas quanto não acadêmicas. Essa conquista simboliza um passo significativo rumo à valorização, visibilidade e respeito pelas contribuições e perspectivas únicas dos surdos em todos os aspectos da sociedade.
Agência Brasil
Seu trabalho de doutorado foi sobre variações fonológicas das letras feitas com as mãos na língua de sinais. Pode explicar um pouco como a fonologia, que é o estudo do som, é abordada no estudo da libras?
Heloise Gripp Diniz
Na libras, a produção de sinais, equivalentes às palavras em português, e o uso de expressões não manuais e corporais fazem parte da modalidade viso-gestual. Nessa modalidade, a comunicação ocorre no aparelho articulatório de maneira tridimensional, diferentemente da produção de palavras no aparelho fonador, que segue uma abordagem linear. Cada sinal em libras é formado pelos parâmetros fonológicos específicos das línguas de sinais, que incluem a configuração da mão, orientação da palma, movimento, direção e locação. Além da produção de sinais, existe o uso de letras manuais por meio do alfabeto manual, no qual cada letra é representada pela forma da mão. Minha pesquisa evidencia que há variação fonológica nas letras manuais de acordo com a soletração manual, destacando a diversidade e a riqueza linguística presentes nesse aspecto da libras.
Agência Brasil
O português falado no Brasil tem muitas variações regionais e até dentro de uma mesma região. Pode falar um pouco sobre a variedade linguística da língua brasileira de sinais?
Heloise Gripp Diniz
Assim como ocorre em todas as línguas humanas, a libras apresenta variedades linguísticas, nas quais os sinais podem ter suas variantes. Semelhante ao português, os aspectos culturais e históricos das comunidades surdas de uma região específica podem influenciar a representação de certos conceitos em sinais, resultando em variação regional na libras. Isso inclui sinais específicos para localidades, tradições locais, alimentos típicos e eventos culturais.
Agência Brasil
Quais são as dificuldades de pesquisar a língua brasileira de sinais quando consideramos, por exemplo, referências acadêmicas, observação dos objetos de estudos e recursos disponíveis?
Heloise Gripp Diniz
A maioria das publicações resultantes de pesquisas linguísticas sobre as línguas de sinais é predominantemente textual, muitas vezes carecendo de ilustrações ou apresentando apenas algumas imagens estáticas. Esse enfoque limitado prejudica a compreensão plena da estrutura linguística da libras. A língua de sinais não se resume apenas aos sinais, mas é complementada pelos morfemas classificadores e pelas expressões não manuais e corporais, bem como pelo espaço da sinalização e o contato do olhar. Além disso, as pesquisas linguísticas nessas línguas muitas vezes são conduzidas principalmente por meio de referências bibliográficas, com uma quantidade reduzida de estudos baseados em experiências e interações diretas com os povos surdos e a libras, bem como com os povos indígenas e suas línguas. Recentemente, contudo, as pesquisas linguísticas sobre as línguas de sinais têm adotado recursos tecnológicos avançados, como o uso de links de vídeos, códigos de barras digitais e QR Codes. São inovações que têm contribuído significativamente para uma representação mais dinâmica e fiel da linguagem de sinais, respeitando, assim, sua verdadeira estrutura linguística. Essa mudança na abordagem de pesquisa promove uma compreensão mais aprofundada e autêntica das nuances presentes nas línguas de sinais.
Agência Brasil
No seu percurso acadêmico, como a falta de acessibilidade já a prejudicou na hora de acompanhar aulas, apresentar trabalhos e conseguir empregos?
Heloise Gripp Diniz
Durante o meu percurso acadêmico no doutorado, enfrentei desafios relacionados à falta de intérpretes de libras e algumas vezes com alguns intérpretes pouco habilitados em nível superior em algumas aulas, o que resultou em prejuízos para o meu aprendizado e participação nas discussões com a turma em sala de aula. A maioria dos professores não tem conhecimento acerca das línguas de sinais e da escrita de sinais, e há uma escassez de conteúdos específicos sobre o tema. Para contornar a questão, alguns professores enviam seu material com antecedência para a equipe de intérpretes de libras, permitindo estudo dirigido antes das interpretações em sala de aula. Além disso, reuniões com professores orientadores às vezes são adiadas devido à disponibilidade limitada da equipe de intérpretes de libras. Esses desafios destacam a necessidade de uma maior conscientização sobre as demandas específicas dos alunos surdos no contexto acadêmico, buscando estratégias mais eficazes para garantir sua plena participação e acesso ao conhecimento.
Agência Brasil
Você é professora do Departamento de Libras na UFRJ. Como avaliaria a inclusão de alunos com deficiência auditiva no seu curso e compararia com a universidade como um todo?
Heloise Gripp Diniz
Os estudantes surdos que ingressam no nosso curso de letras-libras para se formarem professores de libras têm acesso a algumas informações acadêmicas da universidade através de vídeos gravados em libras, disponíveis no site do nosso departamento, e de materiais didáticos acessíveis, como traduções do português para libras por meio de vídeos gravados, uso de legendas e realização de atividades acadêmicas em duas línguas: libras e português, com avaliação diferenciada respeitando a estrutura da libras, conforme previsto no Decreto nº 5.626/2005. Algumas disciplinas são ministradas por professores não fluentes em libras, contando com a presença de intérpretes nas salas de aula e com recursos visuais. Ao avaliar a inclusão dos estudantes surdos na universidade, levamos em consideração as políticas de acessibilidade adotadas pela faculdade de letras aos poucos, pois há um esforço constante para conscientizar toda a comunidade acadêmica ouvinte da universidade sobre os direitos linguísticos e culturais dos alunos surdos. No entanto, reconhecemos a necessidade de melhorias contínuas para assegurar plenamente esses direitos para os alunos, inclusive para nós, os docentes surdos nos espaços administrativos. Isso inclui a avaliação da qualidade de formação e profissionalismo dos intérpretes de libras, bem como o desenvolvimento de cursos de libras destinados a profissionais e técnicos de diversas áreas, capacitando-os para atuação em ambientes escolares e administrativos. Estamos cientes de que ainda há desafios a serem superados, especialmente considerando a presença de estudantes surdos em outros cursos de graduação, como medicina, direito, educação e cursos de pós-graduação em linguística, educação e ciências da literatura na UFRJ.
O número de mulheres aprovadas na terceira edição do curso de graduação em Ciência e Tecnologia, da Ilum Escola de Ciência, em Campinas (SP), foi maior do que de homens pela primeira vez. A faculdade gratuita interdisciplinar em Ciência e Tecnologia integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), sob supervisão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
A lista da primeira chamada deste ano com os nomes dos 40 aprovados foi divulgada, na sexta-feira (2), pela Ilum Escola de Ciência. Dos aprovados, 62,5% são mulheres e o restante 37,5%, homens.
O diretor da Ilum Escola de Ciência e também integrante da Academia Brasileira de Ciência, Adalberto Fazzio, explicou que o resultado faz parte da ampliação do debate na sociedade científica sobre a importância do aumento da presença de mulheres na ciência.
“Temos visto diversas iniciativas Brasil afora para incentivar essa maior entrada de meninas nos cursos das mais diversas áreas da ciência, e essa mudança na sociedade certamente trará inúmeros benefícios a toda comunidade científica e à sociedade de forma geral”, avalia.
Do total dos convocados, 42,5% são da Região Sudeste; 30%, do Nordeste; 15%, do Centro-Oeste; 10%, do Sul; e 2,5%, do Norte.
A seleção dos aprovados considerou a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); a carta de intenção, com formulário com a manifestação de interesse com relatos de experiências pessoais e escolares; e entrevistas remotas com os pré-selecionados. Metade das vagas foi reservada a estudantes da rede pública de ensino.
Com o lema O Mundo Precisa de Mentes Curiosas e Questionadoras, a Ilum atraiu número recorde de estudantes interessados em se tornar cientistas. A terceira edição do processo seletivo anual registrou 3,9 mil inscrições, de todas as regiões do país, o que resultou em uma média de 97,5 candidatos por vaga, em 2024.
Matrícula
O curso superior em Ciência e Tecnologia tem 3 anos de duração, em período integral. As matrículas para o curso de bacharelado podem ser realizadas pelos 40 selecionados na primeira chamada, desde segunda-feira (6). Para confirmar o interesse, é necessário preencher, digitalmente, os dados cadastrais e enviar a documentação necessária.
No caso de desistência da matrícula, a Ilum Escola de Ciência convocará outros candidatos seguindo as classificações.
O início das aulas será em 4 de março.
Benefícios
Desde a primeira edição, todos os estudantes aprovados terão direito à moradia, alimentação e transporte gratuito durante todo o curso. A escola oferece ainda curso de inglês.
No primeiro dia de aula, o aluno recebe o kit de boas-vindas, com um computador pessoal de última geração, já equipado com os programas necessários para realização das atividades acadêmicas.
O aluno da segunda turma de Ciência e Tecnologia Davi José Araújo Pereira, de 20 anos de idade, que saiu de Barra do Corda (MA), conta como esses benefícios mudaram o curso da vida acadêmica dele.
“O acesso à moradia, computador, alimentação, curso de inglês e o pagamento da passagem para Campinas me permitiram estar aqui. Minha família não teria condições financeiras para proporcionar estar em um lugar como a Ilum e nem em Campinas. Quero continuar na Física, fazer doutorado, após me formar”.
O mesmo entendimento tem a aluna da primeira turma do bacharelado Beatriz Borges, de 21 anos de idade, de Aracaju, que tem o sonho de ser cientista desde criança. “Sou de família humilde, a primeira a ingressar em um curso superior. Sempre estudei em escola pública. Não conseguiria me manter, em Campinas, sem a moradia, alimentação, laptop. A Ilum me permitiu sair de Aracaju e fazer uma faculdade de excelência”.
O aluno da primeira turma do curso Gabriel Torquato de Souza, 19 anos de idade, disse que a escola de ciências mudou a vida dele. “Se não fosse a Ilum, estaria trabalhando e fazendo um curso superior à noite [em Manaus]. A qualidade do ensino aqui é de excelência, e o projeto pedagógico é voltado para interdisciplinaridade”.
Escola de ciência
Criada, em 2021, por professores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (Cnpem), a Ilum Escola de Ciência tem como objetivo formar os cientistas do futuro e, para isso, oferece graduação interdisciplinar e gratuita, com foco na prática em grupo, troca de conhecimentos e experimentação.
A instituição de ensino superior conta com espaços para estudos, trabalhos em equipe e de convivência integrada. O corpo docente usa os quatro laboratórios nacionais considerados de ponta, do Cnpem, ao qual é vinculada.
Toda essa estrutura com equipamentos didáticos avançados é destinada às aulas práticas. Desde o primeiro semestre, os alunos vivenciam uma experiência integrada de imersão no que aprendem em sala de aula.
“Estudar ciência no Brasil não é fácil. As condições não são as mais adequadas. Saber que meu país tem um polo dessa qualidade, me dá muita esperança”, disse a aluna da segunda turma da Ilum Ana Karen de Oliveira Pinto, de 20 anos de idade, natural do Rio de Janeiro.
A Ilum é financiada pelos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Já o Cnpem é uma organização social sem fins lucrativos que integra os laboratórios nacionais de referência para pesquisas nas áreas da saúde, energia renovável, ciências agroambientais, materiais renováveis e tecnologias quânticas. A infraestrutura, com instalações que permitem multiusuários, é aberta à comunidade científica brasileira e internacional.
Nesse centro, trabalham equipes científicas multitemáticas especializadas, que adotam linhas estratégicas de investigações acadêmicas e lideram projetos em parceria com o setor produtivo e industrial, além de formar investigadores e estudantes.
O espaço abriga, também, o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron Sirius, apontado pela comunidade científica como um dos mais modernos aceleradores de elétrons do mundo. Esse complexo da ciência brasileira é usado para investigar a composição e a estrutura da matéria, em variadas formas, com aplicações em inúmeras áreas do conhecimento.
(Prefácio** ao livro do jornalista, escritor e poeta Wybson Carvalho, da Academia Caxiense de Letras)
*
Isto não é um livro. É um libelo acusatório.
Um livro pequeno (“libellus”, em latim). Uma grande denúncia. Um sumário de culpa.
Este livro existe porque uma cidade deixou de existir, exilada de si mesma pelos que, loucos, locupletam-se do “locus” deslocado.
O autor, Wybson Carvalho, não economizou perplexidade, indignação e furor, a não ser pelos limites das letras e linhas de seus versos.
Essa cidade – a “pólis” do Leste maranhense (portanto “polislestiana”, no neologismo wybsoniano) – é uma cidade sem “o perfume dos jardins urbanos”, sem “a linguagem singela do cotidiano”, sem “a romântica pregação dos poetas”, mas com “a inimizade humana” que agora estaciona nela. É o que, logo de face, logo na cara, nos estapeia o “Canto ao Exílio”, poema-paráfrase da “Canção do Exílio”.
Resta saber que dor é mais tormento e tristeza: não rever sua terra e saber-se morrendo, ou (vi)ver sua terra e sabê-la sendo morta.
Nas duas situações, o destino do vivente é tragédia: em uma, engolido pelo oceano; na outra, esmagado por um mar de intrigas políticas, estelionatos eleitorais, incompetências administrativas, embromações burocráticas, corrupções intermináveis.
Wybson Carvalho sabe fazer crítica social e política e sabe documentar descalabros urbanos e administrativos sem renunciar à poesia. Sua poética da denúncia, por ser substantivamente poesia, sobreviverá ainda que se lhe extinguissem os motivos que a levaram a existir. Porque poética é “poiésis”, criação/reconstrução, enquanto o objeto da denúncia é “páthos”, doença/destruição.
O “páthos” do poeta não é transiente nem é dagora. É uma dor – “Dor munícipe” – que nele se impregna e “há muito [foi] iniciada”. Pior, “sem prever o fim”. Por quê? Porque “há anos / a pólis troca-se e se veste / com a mesma roupa”. Portanto, um “Vestuário de forças” (nem precisa dizer: políticas).
Uma cidade inteira dobra o lombo àqueles aos quais ela se abriu e abrigou no coração. No dizer do poeta: “a pólis lestiana curva-se aos adotados”.
São novos-velhos maestros políticos querendo que todos dancem conforme (sua) música. Novos-velhos, gordos e (al)vadios sapos querendo que todos se acocorem em terras tidas como deles.
Quem e quantos não mais dançarão conforme a música nem se acocorarão em terras de Bufos, bufonídeos e bufões, que saltam e salteiam? (E, ainda assim, saltando e assaltando, “o não entregue aos carentes / não sacia a ganância dos abastados”: é como atesta o poema “Negação” reescrevendo o “quanto mais tem, mais quer”).
Das sublinhas e subleituras do poema “Valor patrimonial lestiano”, pode-se inferir: Não são apenas “paralelepípedos” que estão “escondidos nas vias públicas”. Todos sabem que sob o asfalto jaz o... assalto. Nenhum contrato de pavimentação é inocente, embora quase todos sejam impunes.
De ganância e arrogância vai (des)vivendo a “pólis lestiana”. Wybson Carvalho poetifica e pontifica:
arroto da ganância
em estar sem ser...
insolência do indivíduo
ao revelar-se soberbo e atrevido
por benesses do poder
(“Arrogante lestiano”)
E...
o muito para poucos
e dividido aos obedientes
à atitude tabulada e cíclica.
o pouco para muitos
e esmolado à mendicância
sem compor as carências sociais lestianas.
(“Montante lestiano repartido”)
Só um poeta com qualidade literária e coragem cívica saberia enfeixar em poemas assim tanto olhar assim denunciador, tanto sentimento assim de inconformismo – em essência, tanto amor assim pela cidade, amor que o faz tirar do seu embornal de escritor as pedras-palavras a serem atiradas com fundas e baladeiras contra os Golias e Leviatãs do Poder Público.
“Necrópolis”, mais que um livro, ou libelo, poderia ser um grande necrológio. Só não o é porque nem tudo na cidade está morto. O poeta vive – e com ele sua poesia.
E, sabemos todos nós, enquanto há vida, esperança há.
(Re)viva a “pólis”!
* EDMILSON SANCHES
(Publicado há quatro anos, em 12/2/2020).
(**) O livro “Necrópolis” recebeu também prefácio de Quincas Vilaneto.