Tudo pronto para a sequência do projeto Esporte na Minha Cidade, iniciativa que conta com o patrocínio do governo do Estado e do Grupo Audiolar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Neste domingo (2/6), a Praia do Calhau, em São Luís, será palco das disputas do torneio de Fut7 Beach Adulto Feminino. A rodada de abertura começará às 8h30 com o duelo entre AFA e Nacional.
Na sequência, às 8h45, a bola rola para Sports Club 37 e Grêmio Ribamarense, confronto que fecha a primeira rodada da competição. Ainda na manhã de domingo, será realizada a segunda rodada da fase classificatória do Esporte na Minha Cidade: o AFA vai encarar o Grêmio Ribamarense, enquanto que o Nacional mede forças com Sports Club 37.
Vale destacar que todas as equipes participantes da quarta edição do Esporte na Minha Cidade receberam kits com bolsas esportivas e uniforme completo. Esse material será utilizado pelos times durante a competição. A entrega desses kits ocorreu durante o lançamento oficial do projeto, realizado no fim do ano passado.
Além das disputas do Fut 7 Beach Adulto Feminino, esta edição do Esporte na Minha Cidade também promoveu um torneio de Futebol 7 Sub-12. Nessa categoria, a equipe dos Craques da Veneza sagrou-se campeã ao derrotar o Paredão na grande final.
Todas as informações sobre o Esporte na Minha Cidade e a programação completa de jogos estarão disponíveis nas redes sociais oficiais do projeto (@esportenaminhacidade).
– Pioneira no ensino superior privado em Imperatriz
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A missa e a procissão da celebração do Corpus Christi, em 30 de maio de 2024, tiveram uma católica a menos nos eventos organizados pela Diocese de Imperatriz, no Maranhão: às 8 horas da manhã dessa mesma data, falecia a professora Dorlice Souza Andrade, mais conhecida por Dora.
(Instituída no século XIII, a celebração – também intitulada “Corpus Domini” ou Solenidade do Santíssimo Sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo – estava completando exatos 760 anos de existência, desde que foi realizada a primeira vez, em 19 de junho de 1264, na pequena cidade italiana de Bolsena, na região do Lácio.)
Dorlice Andrade vinha padecendo de problemas gastroenterológicos. Já estivera em grandes hospitais, de Brasília e de São Paulo. Nos últimos dias, internara-se no Hospital Santa Mônica, de Imperatriz, onde faleceu às 8 horas da manhã. O corpo foi velado na Igreja de Santa Teresa d’Ávila, situada na região histórica de Imperatriz e tão antiga quanto à cidade, pois foi obra inicialmente feita pelo frei Manoel Procópio, o fundador da nova povoação de Santa Teresa, em 1852. Após o velório, o corpo foi sepultado no Cemitério Campo da Saudade, o mais “tradicional” do município.
Graduada pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Distrito Federal (atual UniCEUB – Centro Universitário de Brasília), a professora Dorlice era doutora em Ciências da Educação pela UA (Universidad Americana), mestra em Planejamento do Desenvolvimento (UFPA/NAEA – Universidade Federal do Pará / Núcleo de Altos Estudos Amazônicos, criado em 1973) e “Master in Business Administration (MBA)” pela Universidade de São Paulo (USP). Na busca do aperfeiçoamento e atualização, Dorlice participou de vários cursos e seminários voltados para a Educação, no Brasil e no exterior.
Aos 17 anos, idade em que a maioria dos jovens ainda pensa o que fazer da ou na vida, Dorlice Souza Andrade já sabia o que queria e, mais que isso, já fazia o que, desde cedo, desejava: ensinar. Ser professora, educadora.
Sua longa carreira teve início em 1968, em Brasília (DF), onde, até 1975, na rede pública, foi professora do ensino fundamental e ensino supletivo de 1º grau, além de dois anos como secretária escolar. Ainda em Brasília, foi pesquisadora do Endef, o Estudo Nacional de Despesa Familiar, realizado, nos anos de 1974 e 1975, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Antes de ser professora e gestora escolar na capital federal, Dorlice já professava, na cidade natal, sua fé na Educação, inclusive religiosa. Ela nasceu em Formoso, município de Minas Gerais, de mais de 3.600km2 de área territorial e menos de oito mil habitantes (2022), cujas origens históricas vêm de séculos: no ano de 1713, já era distrito. Em Formoso, Dorlice iniciou o exercício de seus dons e dotes, pendores e amores pelo ensino, como educadora, mister e missão que desempenhava inclusive na Igreja católica, como catequista em escolas estaduais e municipais.
Dorlice Souza Andrade estava a um ano de completar exatos 50 anos – meio século – de residência e dedicação a Imperatriz. Ela veio com o marido, o médico goiano Antônio Leite Andrade, e chegou a Imperatriz no dia 29 de maio de 1975. O casal tinha – e teve, e realizou – perspectivas e oportunidades na Saúde e na Educação e expandiram-se profissionalmente.
Em Imperatriz, Dorlice recomeçou sua jornada como educadora: foi professora na Escola Santa Teresinha (das Irmãs Missionárias Capuchinhas) e em cursos pré-vestibulares. Sempre (pre)ocupada com a Educação e o desenvolvimento local, criou, em 1986, o Centro Educacional Renovado de Imperatriz Ltda. (Ceril), escola onde Dorlice, como educadora e de modo pioneiro em Imperatriz e região, implantou, no ensino fundamental e médio, a disciplina Educação Sexual.
Por mais de 15 anos, o Ceril contribuiu para a inovação e o crescimento da Educação de Imperatriz, encerrando seu ciclo para dar lugar à instituição privada pioneira de ensino superior da Região Tocantina – a Faculdade de Imperatriz (Facimp). Com a Facimp, a vontade da professora Dorlice Souza Andrade e do marido Antônio Leite era a de transformar Imperatriz em um grande polo educacional. Desde 20 de agosto de 2001, quando foi entregue à comunidade imperatrizense e regional, a Facimp tornou-se obra de referência, inspirada em visão estratégica e socialmente inovadora, com seus egressos preenchendo, criando e qualificando os espaços do mercado de trabalho no Maranhão e em diversos outros Estados.
Em 2016, a Facimp já contava com diversos cursos de graduação (pelo menos 10), e chegou a ter cursos do “A” de Administração ao “Z” de Zootecnia. Na época, eram milhares de alunos e centenas de colaboradores, com quatro unidades – “campus” central, hospital escola, fazenda escola e clube esportivo e de lazer.
Atualmente, com arrendamento ou aquisição por grupo empresarial especializado em tecnologia e gestão de instituições de ensino superior, a Facimp já conta com 60 cursos de graduação, do “A” de Administração ao “T” de Tecnologias Educacionais (este, junto com a graduação em Pedagogia, quem sabe uma inconsciente homenagem à educadora Dorlice Andrade).
Na pós-graduação, onde a variedade acompanha o ritmo da vida, já chega a 118 a quantidade de cursos, do “A” da pós em Administração Pública, ou da pós em Anatomia Humana Clínica e Funcional, ao “U” das pós em Urgência e Emergência Pré-Hospitalar e Hospitalar, ou da pós em User Experience Design (UX), este para os do universo da Informática/Computação aplicado à Administração, ao Marketing e ao Design.
Eis aonde um sonho inicialmente sonhado a dois pode chegar... com possibilidade certa de ir mais, muito mais adiante...
Nessa trajetória de realizações, Dorlice e Antônio Leite fundaram a Clínica da Imagem, de que o casal era proprietário. O casal também entregou-se a causas sociocomunitárias. Por exemplo, Antônio Leite foi presidente do Rotary Club e Dorlice Andrade foi presidente da Casa da Amizade, entidade vinculada ao Rotary. Na gestão de Dorlice (1984/1985), foi construída a primeira escola do Bairro Bom Jesus, entregue, anos depois, ao município de Imperatriz na gestão (1983/1989) do então prefeito José de Ribamar Fiquene, falecido em janeiro de 2011.
Filha de Zoroastro José de Souza, fazendeiro, e Sergina Gomes da Silva, a lembrança de infância mais antiga de Dorlice Souza Andrade era, na cidade natal, a de tomar banho no córrego da fazenda e ordenhar (tirar leite das cabras).
A filosofia de vida profissional da professora Dorlice estava em uma frase do líder Nelson Mandela: “A Educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Até por isso, ela considerava que um momento marcante na sua atividade profissional foi a implantação e funcionamento dos seus dois grandes estabelecimentos de ensino: a escola Ceril e a faculdade Facimp. Dorlice destacava que aprendera muito com a cultura maranhense – aprendizado que era ampliado com as viagens e visitas, profissionais ou turísticas, a diversos países, entre os quais Holanda, Alemanha, México, Estados Unidos, Canadá, Porto Rico, Costa Rica, Argentina, Paraguai, Chile, Portugal, Espanha, Ilhas Caribenhas...
Simplicidade, persistência e permanente expressão de alegria e boas risadas eram características da personalidade de Dorlice Andrade, uma idealizadora e realizadora de sucesso, sempre disponível para as ações engrandecedoras em Imperatriz, cidade que, como ela registrara, escolheu para morar e criar os filhos Alessander (médico radiologista), Anna Kelly (advogada) e Andréia Carla (pedagoga) e brincar e rir com os netos Analice, Aylla, Tarcílio e Gustavo.
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Conhecia Dorlice Souza Andrade e Antônio Leite desde a década de 1970. Ambos eram clientes do banco federal em que eu trabalhava e que foi o ponto inicial de trocas de ideias e esperanças em relação a Imperatriz. Tornamo-nos mais próximos com a participação dos três no Rotary Club Imperatriz.
Como escrevi no texto que fiz sobre o Antônio Leite, em agosto de 2020: “Não demorou e já eu era todo ouvidos e falas em conversas com a professora Dorlice e seus quereres em torno da criação de sua própria escola”. Dei ideias e, sobretudo, sensibilizei, motivei, estimulei e energizei para que fosse atendida ou, ao menos, mitigada a necessidade de mais escolas de referência no município e região. O Ceril foi criado e teve vida longa e próspera.
Depois veio o sonho da Faculdade. Nessa época, eu retornara para Imperatriz, depois de anos em aprendizados de vida e estudos universitários em Fortaleza, Brasília e São Paulo. Sobre a futura Faculdade, eu conversava isoladamente ora com um, ora com outro, ora com o casal Dorlice e Antônio Leite; também, com outras pessoas, a exemplo do amigo desportista e odontólogo Giovanni Ramos Guerra, atualmente presidente reeleito da Confederação Brasileira de Automobilismo, que igualmente colaborava com seu conhecimento, sua disponibilidade, seus esforços e boa vontade para a implantação do curso de Odontologia na futura Faculdade.
Ao final, o casal tomou a decisão, submeteu-se às condições e a um longo processo... e finalmente a Facimp foi criada. Tornei-me um dos diretores da Faculdade, onde convivi ao lado de pessoas boas, trabalhadoras, competentes, entre as quais a própria Dorlice Andrade, diretora-geral, o vice-diretor-geral, economista e professor Edgar Santos, e o diretor acadêmico, o filósofo e professor Domingos Furlan. Como escrevi: “Acompanhei e colaborei com um pouco na dinamização das atividades da Facimp [...]”. “Muitas das vezes, em um automóvel da Faculdade, com motorista, eu viajava para grandes municípios dos Estados vizinhos para apresentar a Facimp aos alunos e professores das escolas de ensino médio, suas opções de cursos, sua estrutura física de primeira qualidade em área total de quase 600 mil metros quadrados, inclusive áreas de expansão”.
Recordo-me de Dorlice contando-me das boas impressões de Antônio Leite acerca de minha biblioteca pessoal. Já contei: “Certa feita, visitando-me, Antônio Leite ficou impressionado com as dezenas de milhares de livros de minha biblioteca particular. Brincando e falando sério, disse que eu tinha mais livros ali do que a Facimp tinha em seu acervo. Olhou um pouco algumas capas e lombadas e perguntou-me se eu venderia uma pequena parte para ampliação da quantidade de volumes da biblioteca da Faculdade. Reticente, conversei sobre que temas interessariam etc. etc. Fiquei de listar alguns milhares de títulos e submetê-los a funcionários especializados da Faculdade. Com algum travo na garganta, desfiz-me de vasta bibliografia, que, creio, deve estar espalhada pelas estantes temáticas da Facimp até hoje”.
Eu gostava muito do ambiente físico e humano da Facimp, seus largos espaços, a arborização e, em certos momentos, até o silêncio. Assim, lembro-me da surpresa, quase perplexidade, de Dorlice Andrade e Antônio Leite ante meu pedido de demissão. Escrevi: “Quando pedi para deixar o cargo de direção na Facimp, o fiz para candidatar-me a prefeito de Imperatriz. A bondade despretensiosa de Antônio Leite levou-o a me dizer que eu não precisaria sair, que a Facimp não poderia me perder e que eu entraria de licença de minha diretoria, sem prejuízo da remuneração. Não pude aceitar – e, mais uma vez, Antônio Leite, extremamente correto, providenciou minha dispensa e com direito a seguro-desemprego, benefício que igualmente não quis exercer, estando ainda comigo, guardada, a papelada. Excesso de tolice ética, o meu...”
Eu não sabia de notícia mais recente sobre doença ou internação de Dorlice Andrade. Estando eu fora de Imperatriz e tendo passado praticamente um ano no Rio de Janeiro e São Paulo, desconectamo-nos de conversas pelo telefone, mas mantínhamos, Dorlice e eu, alguma interação via WhatsApp e Facebook (Messenger). Dia 14 de maio deste ano, 16 dias antes de seu falecimento, Dorlice me escreveu no WhatsApp sobre um texto meu acerca do falecimento, em Brasília, do engenheiro Antônio Rodrigues Bayma Junior, um conhecido comum nosso e meu conterrâneo de Caxias (MA), que foi interventor em Imperatriz (1973/1975). Escreveu Dorlice, já quase 10 e meia da noite, há 16 dias: “Meu amigo, Dr. Bayma Júnior. Através dele colocamos energia no Bairro [de Imperatriz] Bom Jesus (primeira lâmpada a ser acesa, ele pediu que eu acionasse o interruptor). // Inclusive tem uma avenida lá, com o seu nome. // Há tempos não o via!...”
Antes, no dia 30 de abril, dia de meu aniversário e Dia da Mulher Brasileira, Dorlice lembrava o marido falecido: “30 de abril de 1947, nasceu Antônio Leite Andrade, em Goiânia – GO”. E prometia, sobre um texto meu: “Boa noite, amigo! // Cheguei hoje de viagem. Amanhã vou concluir a leitura do que você escreveu sobre a mulher...” Sobre homenagens que recebi em São Luís, São Paulo e no Rio de Janeiro, Dorlice escreveu, em 24 de fevereiro passado: “Parabéns! Você é merecedor de todos os títulos!...” Em novembro de 2023, Dorlice agradecia um texto que escrevi: “Obrigado, amigo, pela relembrança... Voltei ao passado... Saudades!... Muitos bons tempos!...” Com os naturais “exageros” entre amigos, Dorlice escrevia, em setembro do ano passado: “Boa noite, meu amigo! // Você é um gênio, sem dúvida nenhuma!... [...]”. Fã declarada dos meus escritos, Dorlice não economizava: “Amo os seus textos!... São sempre pertinentes!...” (abril/2023). “Aprecio muito os seus textos!...” “[...] Só você pra conseguir conciliar, escrever e descrever com conhecimento, amor, clareza... Parabéns.” (novembro/2022). “Boa tarde, meu amigo! // Aprecio muito seus textos, histórias, estórias... // Aprendo bastante com tudo isso! Parabéns!” “[...] Você sempre um admirador, um defensor, enaltecedor das criaturas mais perfeitas, que são as mulheres!!! // Parabéns e obrigada pelas informações de sempre.” (março/2021).
Em outubro/2022, Dorlice escreveu-me sobre textos que publiquei acerca de dois membros da Família Motta Mello, Raquel e Dª Neneca. Estava, como praticamente sempre, de bom-humor, mesmo falando de assunto de morte (um diálogo dela com Dª Neneca Motta Mello). Na mesma oportunidade, lembrou da neta, que estudava inglês na escola da professora Raquel: “O seu curso U R Welcome é aqui próximo à minha residência. Sempre falávamos [...] e ela [Raquel Mello] de vez em quando ligava pra mim”. Sobre Dª Neneca: “Eu conversava muito com a Neneca na residência da Zulica, mãe de Antônio Leite”.
Quando leu um texto que fiz para uma médica e amiga comum nossa, Maria de Lourdes Ponciano de Sena (Lurdinha), a primeira neonatologista de Imperatriz, Dorlice relembrou (junho/2021): “Minha inesquecível amiga, Drª Lurdinha, você se foi muito precocemente...! // Estivemos na festa alusiva ao Dia do Médico no ano de 2019. // Ela e o meu querido sócio, Dr. Byron, como sempre dançando juntos. // Conversamos e rimos muito nos intervalos...! // Inclusive Antônio Leite recebeu uma linda homenagem dos colegas médicos!” -- e, encerrou, premonitoriamente: “Estamos todos de ‘passagem’... Vamos aproveitar os nossos momentos!”
Antes, em março de 2021, ao ler texto meu sobre o professor João Renôr Ferreira de Carvalho, doutor (pela Sorbonne, Paris) e falecido em março de 2016, Dorlice se manifestou: “Quem diria, Doutor João Renôr, tão miúdo, aspecto bem humilde, simples... nascido no interior do Maranhão, faria tanto sucesso na cultura do Estado, do País e até do mundo...! // Parabéns, amigo, por sempre nos transmitir parte do seu conhecimento e da nossa história!!!”
Dorlice, que nem muitos brasileiros, também não se continha em relação à atuação de políticos de nosso país. Ao comentar um texto meu, escreveu: “Boa tarde, meu amigo Edmilson! // Fico indignada com esse tipo de ‘politicagem’ do nosso País! A que ponto o ser humano é capaz de chegar!” – e expressava-se também imageticamente, colocando figurinhas desenhadas com rostos vermelhos de raiva... Noutra oportunidade, criticou: “É muita história! // Só você mesmo para resgatar tudo isso! // Pena que os nossos governantes não fazem questão da preservação!” (outubro/2020).
Nessa regressão no tempo, ouço Dorlice contando-me, em mensagens por áudio, na tarde (especificamente, pouco antes das 13h) do dia 17 de junho de 2023. Ela fala de uma “lesão no estômago” e de ter estado internada por 32 dias, desde 4 de maio daquele ano, no hospital paulistano Albert Einstein. Antes, já tinha estado por 15 dias em Brasília, onde também se hospitalizara. Mas, mãe coruja, o áudio fala sobretudo dos filhos, de todos estarem com ela em todos mas sobretudo naqueles momentos: “Meus filhos não me abandonaram um segundo!”. Disse o nome de filhos e netos, até de uma filha que estava aniversariando e que secundarizou isto para, é claro, ficar ao lado da mãe. “Ninguém [os médicos do hospital em Brasília] sabia o que eu tinha”, disse Dorlice, antes dos exames no hospital da capital paulista, chateada com o “hospital de ponta” da capital federal que não diagnosticou o que ela, paciente, tinha. Pediu e agradeceu “vibrações positivas”, destacou minhas “orações e energias positivas”, que sabia do meu carinho por ela, “que é muito grande” (ela ressaltou – com a contrapartida de que o carinho dela por mim era de mesma natureza e intensidade). “Tenho certeza de que você vai torcer por mim”.
Presencialmente ou à distância, Dorlice Andrade costumava solicitar-me opinião, aconselhamento, acerca de coisas e causas, ideias e ações, que passavam pela cabeça dela. De modo franco, e sem ônus, eu falava, escrevia, conversava, dizia o que eu pensava... O resultado é que, há umas quatro décadas, ganhei de Dorlice o título de “meu anjo protetor”. Era como me tratava. Uma vez escreveu: “Quanto às minhas palavras sobre você, pode acreditar, são sinceras e verdadeiras... [...]” (novembro/2020). Nem ousei duvidar (rs)...
Lamentavelmente, acho que não desempenhei bem o papel de “anjo protetor”... Se tivesse desempenhado, pelo menos por mim, a alegria viva, a “joie de vivre”, a exultação de espírito e matéria representadas por Dorlice Andrade continuariam com ela, nela – viva e saudável. É assim, creio, que agem anjos protetores.
Mas descubro-me humano.
E humanamente, para uma mulher com tanta alegria de viver, resta reconhecer (e muitos agradecerem) o que em vida Dorlice Souza Andrade pôde fazer nas atividades profissionais e empreendedoriais e até pioneirismos educacionais em prol de gerações de crianças, jovens e adultos, que se beneficiaram de Informações, Conhecimento, Educação...
Paz e Luz, amiga Dora.
E que, do Alto, continue a zelar pelos Filhos e Familiares e pelos Colegas, Colaboradores e Amigos – por todos que ainda teimam resistindo neste lado de cá da Vida.
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Condolências.
* EDMILSON SANCHES
FOTOS:
Dorlice Souza Andrade: como diretora-geral da Facimp, paramentada para solenidade de colação de Grau.
A nadadora Sofia Duailibe está confirmada na sexta etapa da Copa Brasil de Águas Abertas, competição organizada pela Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA). Sofia, que é atleta da DM Aquatic e conta com os patrocínios do governo do Estado e do Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, vai disputar as provas de 1,5km, 2,5km e 5km entre sexta-feira (31/5) e domingo (2/6), na cidade de Fortaleza (CE).
Sofia Duailibe coleciona resultados expressivos nas etapas da Copa Brasil de Águas Abertas. No início de maio, a nadadora maranhense disputou a prova dos 2,5km da Copa Brasil, em Itajaí (SC), e subiu duas vezes ao pódio, conquistando a medalha de ouro na categoria Infantil 2 Feminino e faturando a medalha de bronze na categoria Geral Feminino.
Já no fim de março, Sofia Duailibe foi campeã da categoria Infantil 2 e garantiu o vice-campeonato Geral Feminino na prova de 2,5km da segunda etapa da Copa Brasil, realizada em Maceió (AL). Além disso, a atleta da DM Aquatic faturou o primeiro lugar da categoria Infantil 2 na disputa dos 5km da primeira etapa do Campeonato Brasileiro de Águas Abertas.
Além de se destacar nas competições de águas abertas, Sofia Duailibe também acumula pódios nas piscinas. Sofia faturou a medalha de prata na prova dos 1.500m livre da Copa Nordeste – Troféu Sergio Silva, competição realizada em maio, em Fortaleza (CE), e conquistou três ouros nas provas dos 100m livre, 100m costas e 200m livre do Troféu João Victor Caldas, disputado em abril, em São Luís.
Outros resultados
Sofia Duailibe conquistou vários títulos em provas de águas abertas durante o ano de 2023. A nadadora maranhense superou a marca de 20 pódios em etapas da Copa Brasil de Águas Abertas, com destaque para a conquista de 16 medalhas de ouro, além de ter sido campeã do Desafio do Cassó e da Copa São Luís.
Também em 2023, Sofia Duailibe se destacou nas piscinas, sendo campeã nas disputas do Norte/Nordeste de Natação – Troféu Walter Figueiredo Silva, do Campeonato Maranhense de Natação de Inverno – Troféu João Vitor Caldas, da Copa Norte de Natação / Troféu Leônidas Marques, dos Jogos Escolares Ludovicenses (JELs) e dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs).
A nadadora Sofia Duailibe é patrocinada pelo governo do Estado e pelo Centro Elétrico, por meio da Lei de Incentivo ao Esporte. Ela ainda conta com o apoio do Colégio Literato.
O surfista maranhense Kadu Pakinha, que conta com os patrocínios do governo do Estado e da Potiguar por meio da Lei de Incentivo ao Esporte, brilhou na disputa do Semillero Olas Pro Tour, evento que integra o Circuito Latino-Americano de Surf e foi realizado entre os dias 24 e 26 de maio, na Praia da Macumba, no Rio de Janeiro. Competindo contra os atletas mais promissores da modalidade na América do Sul, Kadu teve um bom desempenho e chegou até as quartas de final da categoria Sub-18, além de competir na categoria Sub-16.
A performance no Semillero Olas Pro Tour reforça o crescimento de Kadu Pakinha no cenário nacional do surf de base. Antes do evento continental, o jovem atleta maranhense garantiu a terceira colocação na categoria Sub-16 Masculino da 1ª etapa do Circuito Tríplice Coroa Sundek Classic Saquarema 2024, que ocorreu no início de maio, na Praia de Itaúna, em Saquarema (RJ).
Também na temporada de 2024, Kadu Pakinha representou o Maranhão na primeira etapa do Circuito Brasileiro de Surf de Base, um dos eventos mais importantes da temporada, que ocorreu em abril e contou com a organização da Confederação Brasileira de Surf (CBSurf). Na abertura da competição nacional, realizada em Porto de Galinhas, na cidade de Ipojuca (PE), Kadu teve uma boa performance na categoria Sub-18, chegando até à segunda fase e, também, competiu na categoria Sub-16.
Temporada anterior
Kadu Pakinha colecionou ótimos resultados durante o ano de 2023, representando o Maranhão em eventos nacionais de surf. O surfista maranhense ficou entre os quatro melhores colocados nas três etapas do Circuito ASN Puro Suco Nova Geração, em Niterói, e foi semifinalista das categorias Sub-16 e Sub-18 da 2ª etapa do Circuito de Surf Cyclone, no Rio de Janeiro.
Além disso, Kadu Pakinha chegou às semifinais do Canto Open, garantiu a quarta posição na categoria Sub-16 Masculino do Grumari Masters, disputou o Saquarema Surf Pro Am e esteve em duas etapas do Circuito Brasileiro de Surf de Base, onde obteve experiência para os eventos de 2024.
O Ministério do Trabalho e Emprego divulgou, nesta quinta-feira (30), nota corrigindo estimativa divulgada esta semana sobre jovens que não estudam, nem trabalham, mais conhecidos como jovens nem-nem.
De acordo com a pasta, no primeiro trimestre de 2024, o número de jovens entre 14 e 24 anos nessa condição ficou em 4,6 milhões. Um recuo de 0,95% em relação a igual trimestre de 2023, quando 4,8 milhões de jovens não estavam estudando, trabalhando e nem procurando trabalho.
O balanço inicial indicava aumento nesse indicador, o que agora foi corrigido.
Em entrevista à Agência Brasil, a subsecretária de Estatísticas e Estudos do Ministério do Trabalho e Emprego, Paula Montagner, disse que as mulheres jovens são as que mais enfrentam obstáculos. O trabalho doméstico e a sobrecarga do cuidado familiar contribuem para que muitas delas entrem mais tarde no mercado de trabalho.
Para tentar diminuir o universo de jovens que deixam o ensino médio, o governo federal lançou, recentemente, o programa Pé-de-Meia, que oferece incentivo financeiro para jovens de baixa renda permanecerem matriculados e concluírem essa etapa do ensino.
O programa prevê o pagamento de incentivos anuais de R$ 3 mil por beneficiário, chegando a até R$ 9,2 mil nos três anos do ensino médio, com o adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na última série. Mas, segundo Paula Montagner, os efeitos mais significativos desse programa entre os jovens só poderão ser sentidos nos próximos anos.
Ocupação e desocupação
Cerca de 17% da população brasileira é formada por jovens entre 14 e 24 anos, que somam 34 milhões de pessoas. Desse total, 14 milhões de jovens tinham uma ocupação no primeiro trimestre deste ano.
Dentre os jovens ocupados, 45% estavam na informalidade, o que corresponde a 6,3 milhões de indivíduos. Esss porcentagem, segundo Paula Montagner, é maior do que a média nacional, atualmente em 40%.
“A informalidade tem a ver com o fato dos jovens trabalharem predominantemente em micro e pequenas empresas. Jovens que vão muito cedo para o mercado de trabalho e não vão na condição de aprendizes; na maioria das vezes, não têm uma situação de contratação formalizada. Quase sempre eles estão trabalhando como assalariados, sem carteira de trabalho assinada, porque o empregador, por vezes, fica na dúvida se o jovem vai, de fato, desempenhar corretamente as funções, se ele vai gostar do emprego ou não. Então, eles esperam um tempo um pouquinho maior para formalizá-los”, explicou.
Já os jovens que só estudam somam 11,6 milhões de pessoas, e o número de desocupados nessa faixa etária chegou a 3,2 milhões em 2024.
Aprendizes e estagiários
O levantamento também apontou que houve, recentemente, um crescimento no número de aprendizes e de estagiários no país. No caso dos aprendizes, só entre os anos de 2022 e 2024 houve um acréscimo de 100 mil jovens que passaram para a condição de aprendizado. Em abril deste ano, eles já somavam 602 mil, o dobro do que havia em 2011.
Já em relação aos estágios, o crescimento foi 37% entre 2023 e 2024, passando de 642 mil adolescentes e jovens nessa condição para 877 mil neste ano.
Para Rodrigo Dib, da superintendência institucional do Ciee, os resultados dessa pesquisa "mostram que a empregabilidade jovem é um desafio urgente para o Brasil".
“Precisamos incluir essa faixa etária no mundo do trabalho de maneira segura e de olho no desenvolvimento desses jovens a médio e longo prazo”, disse. “São jovens que não têm oportunidades e estão tão desesperançosos que não estão buscando uma oportunidade para dar o primeiro passo na carreira profissional”.
Paula Montagner entende que, para aumentar a inserção produtiva do jovem no mercado de trabalho, é preciso, primeiramente, elevar a escolaridade desse público. “Ele precisa estudar, elevar a escolaridade e ampliar sua formação técnica e tecnológica”, afirmou.
“A gente precisa também reforçar as situações de estágio e aprendizado conectado ao ensino técnico e aos cursos profissionalizantes não só para o jovem buscar uma inserção para sobreviver, mas para ele criar um acúmulo de conhecimento que permita que ele desenvolva uma carreira, para que ele encontre áreas de conhecimento que são do seu interesse”, acrescentou a subsecretária.
O Ministério da Educação (MEC) vai ofertar 80.040 bolsas para estudantes de cursos de licenciatura de todo o país, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), autarquia vinculada à pasta. Lançado na última terça-feira (28), o edital do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid) prevê o investimento de R$ 1,8 bilhão no programa. Pelo edital, caberá às instituições de educação superior apresentarem, no período de 7 de junho a 25 de julho de 2024, os projetos de iniciação à docência.
Cada estudante de licenciatura participante do programa vai receber uma bolsa no valor de R$ 700, em até 60 mensalidades. Também recebem o benefício mensal os supervisores (R$ 1,1 mil) e os coordenadores de área (R$ 2 mil) e institucionais (R$ 2,1 mil).
Segundo o MEC, o objetivo é fortalecer a formação dos futuros professores da educação básica, ao inseri-los na realidade escolar durante o percurso formativo.
As bolsas serão destinadas para projetos nas áreas de alfabetização, artes, artes visuais, biologia, ciências agrárias, ciências naturais, ciências sociais, computação, dança, educação bilíngue de surdos, educação do campo, educação especial, educação física, educação indígena, educação quilombola, filosofia, física, geografia, história, letras espanhol, letras inglês, letras língua brasileira de sinais (libras), letras português, licenciaturas interdisciplinares, matemática, música, pedagogia, química e teatro.
A maior quantidade de bolsas será para a Região Nordeste, que ficará com 20.688. Em seguida, vêm o Sudeste, com 16.584; e o Sul, com 12.264. A Região Norte contará com 8.040 bolsas; e o Centro-Oeste, com 7.440.
O MEC informou ainda que, do total, 10.008 bolsas serão destinadas a subprojetos da área de alfabetização, enquanto 5.016 seguem para o Pibid Equidade, que reúne cursos de educação do campo, educação bilíngue de surdos, educação especial inclusiva, educação indígena e educação quilombola.
O procedimento de inscrição é feito pelo Sistema Integrado Capes (Sicapes). Os interessados em submeter propostas precisarão solicitar acesso ao sistema entre os dias 5 de junho e 5 de julho. A divulgação do resultado definitivo está prevista para 17 de setembro. As atividades devem ter início até 13 de dezembro. A vigência dos projetos selecionados é de dois anos, mas o período pode ser prorrogado de acordo com a avaliação da Capes.
O prazo para adesão ao Desenrola Fies, que permite a renegociação de dívidas do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), foi estendido por três meses até o dia 31 de agosto. O período para que estudantes tivessem condições especiais para quitar ou estender o prazo de parcelamento das dívidas terminaria nesta sexta-feira (31).
Em nota, o Comitê Gestor do Fies informou em Brasília, nesta quarta-feira (29), que a baixa adesão e a situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul definiram a dilatação do prazo.
De acordo com o colegiado, apenas 22,8% das estimativas de adesão foram efetivadas. No Estado impactado pelo extremo climático, com muitas chuvas, as adesões esperadas chegaram a 26,8%. “Pedidos de prorrogação foram apresentados por estudantes que perderam seus documentos e bens devido ao alagamento de suas casas”, informou o comitê.
Mudança de prazo
A resolução com a mudança do prazo foi publicada nesta quarta-feira (29), noDiário Oficial da União. As regras para a negociação permanecem as mesmas. O contrato de financiamento precisa ter sido celebrado até o ano de 2017 com débito ainda vigente em 30 de junho de 2023.
Criado em 2001, o Fies tem como meta viabilizar a permanência e conclusão de estudantes de baixa renda familiar no ensino superior, por meio do financiamento dos cursos de graduação em instituições privadas. Desde 2018, o Fies possibilita juros zero aos estudantes com menor renda familiar e uma escala de financiamento para estudantes de famílias de até três salários mínimos.
Para se inscrever, é necessário ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) a partir da edição de 2010, com média de notas nas provas igual ou superior a 450 pontos, além de não ter zerado a redação.
O compositor e multi-instrumentista Hermeto Pascoal é famoso por ser capaz de produzir sons que formam música a partir de praticamente qualquer objeto, incluindo os longos fios brancos de sua barba. Uma faceta menos conhecida do músico, que tem 88 anos e carreira desde a década de 1950, pode ser vista na exposição que abre, nesta quarta-feira (29), ao público. Chaleiras, chapéus, restos de embalagens e inúmeros outros itens mostram que também transforma qualquer coisa em páginas de um livro infinito de partituras musicais.
Sob o título de Ars Sonora, a exposição no Sesc Bom Retiro, na região central paulistana, reúne uma extensa obra que mescla música com artes visuais. Em alguns casos, o curador Adolfo Montejo Navas define os trabalhos como “partituras tridimensionais” ou “poemas-objeto”. Porém os desdobramentos múltiplos vão dificultando as classificações. Como no que ele chama de “ataque dadaísta” – tampas plásticas de privada cobertas de notas musicais – em referência ao artista Marcel Duchamp, que enviou um mictório a um concurso artístico em 1917.
O impulso de transformar qualquer objeto em plataforma para partituras e em trabalhos artísticos não vem de uma ideia, explica Hermeto, mas de um modo de vida. “Criação é a minha respiração”, diz o músico que busca uma originalidade radical e o improviso total. “Às vezes, as pessoas perguntam: como é que vai ser o show hoje? Eu digo: se eu souber, eu não vou mais, porque já não preciso mais tocar”, diz sobre a rejeição que sente a tudo que é premeditado.
“Eu nunca digo é assim. Porque se eu disser é assim, aquilo acabou naquela hora que eu disse. Não tem mais o que eu falei. Já é mentira se eu confirmar depois. Não é mais. Porque a criatividade não é repetitiva. Não existe repetição. Criatividade, entendeu? Esse é o bonito. O nome é bonito: criatividade. Expande o que você imagina, o que você pensa”, explica sobre a filosofia de vida que se desdobra em método de trabalho.
Uma atividade ininterrupta, como se pode ver nas revistas distribuídas em voos comerciais que o artista fez intervenções. As partituras escritas nas páginas não se sobrepõe simplesmente ao conteúdo impresso, mas dialogam os blocos de texto e com as imagens, formando o que o curador define como colagens. Há, ainda, desenhos em telas de pintura, ainda que acompanhados de notas musicais, em trabalhos feitos com canetas coloridas e giz de cera pastel.
Estudo da natureza
Nenhuma dessas linguagens foi estudada por Hermeto, que é autodidata e tem aversão às padronizações dos sistemas de ensino. “Se tem 50 alunos na escola, o professor fala: vocês façam isso assim. Olha, 50 pessoas para fazer a mesma coisa. Você imagina o atraso que eu sempre achei as escolas. Por isso que eu não fui”, diz com humor e ironia.
O aprendizado, Hermeto procurava sentindo o mundo ao redor. Albino e com dificuldades de visão, ele conta que, desde criança, buscava experiências ao se aprofundar na escuta da vida. Deitado no chão do interior rural de Alagoas, ele fazia descobertas que os adultos não compreendiam. “O que era o mato para mim? Era justamente escutar os caçadores, escutar as coisas, até os mais velhos falando, dizendo: esse menino não enxerga nada”, lembra sobre a infância.
Essa forma de sentir e entender o mundo abriram as portas de Hermeto para uma carreira de sucesso internacional e para uma obra que parece se estender de maneira infinita. Por isso, Montejo Navas diz que o trabalho de curadoria das peças que integram a mostra foi milagroso, ao gosto de Deus ou do acaso. “São muitas coisas que estão umas se escondendo dentro de outras”, conta sobre as visitas ao ateliê de Hermeto. “Um dia me mostram coisas e, no outro dia, me mostram mais coisas, mas e as outras [vistas anteriormente] quase desapareceram. Tem um certo Triângulo das Bermudas [região do Caribe conhecida pelo desaparecimento de aviões e barcos]”, diz.
A visitação da exposição vai até o dia 3 de novembro de 2024. Mais informações estão na página do Sesc Bom Retiro.
Ontem, 27 de maio de 2024, realizou-se, na “Princesa do Tocantins”, a posse solene dos membros do Instituto Histórico e Geográfico de Imperatriz (IHGI).
Diz-se "posse solene" porque, formalmente, todos os membros (inclusive os que não aparecem nas fotos, não puderam estar presentes) já se encontravam formalmente, oficialmente, estatutariamente empossados, condição que se deu um ano antes, em 27 de maio de 2023, com a lavratura da ata da Assembleia Geral de (re)fundação da Entidade, para os iniciais 40 membros fundadores.
A mesma condição oficial de membros deu-se com a assinatura de ata de Assembleia Geral que, quase um ano depois, elegeu, em 27 de fevereiro de 2024, outros quatro membros (candidataram-se onze), inclusive para ocupação de Cadeiras de membros fundadores que, antes da posse solene de ontem, por motivos pessoais ou por renúncia tácita, optaram por desistir da condição de membro do IHGI. Com esse justo gesto, os antigos membros fundadores oportunizaram que outros interessados – quiçá mais disponíveis e dispostos – pleiteassem, em eleição entre onze candidatos, as vagas desocupadas e/ou aquelas novas, das dez que haviam restado, do total de cinquenta Cadeiras.
E por que, no título deste texto e em seu segundo parágrafo, fala-se em "(re)fundação” e que o IHGI “já nasce... histórico”?
O Instituto Histórico já nasce histórico – bom humor e trocadilho à parte – porque, quando foi (re)fundado em 27 de março de 2023, ele já contava 34 anos! Explica-se: Houve uma fundação primeira do Instituto, em 23 de fevereiro de 1989. Na época, aquela nova entidade tinha como pessoas de frente o jornalista Sebastião Negreiros (da sucursal imperatrizense de “O Imparcial”, jornal de São Luís), Edmilson Sanches, Agostinho Noleto Soares, José de Ribamar Fiquene e outros. Como está na ata de fundação de 23/2/1989, foi eleita a primeira diretoria. Cite-se, “ipsis litteris”: “O senhor José de Ribamar Fiquene foi aclamado entusiasticamente Presidente da nova entidade. Foram aclamados, também, para os demais cargos da diretoria os seguintes membros fundadores: para Vice-Presidente, Sebastião de Almeida Negreiros; para Secretário-Geral, Agostinho Noleto Soares; para Primeiro-Tesoureiro, Maria da Guia Rocha da Silva; para Segundo-Tesoureiro, Hermenegildo Gomes Ferreira. Para o Conselho Fiscal foram eleitos, como membros efetivos, Edelvira de Moraes Barros, Raimundo Jurivê Pereira de Macedo e Edmilson Sanches. Como Suplentes, Ney Vasconcelos Milhomem, Jucelino Pereira da Silva e Edmilson Franco da Silva. Para o Conselho Consultivo, órgão de assessoramento direto da Diretoria, foram aclamados Ulisses de Azevedo Braga (presidente), Frederico de Almeida Rocha, André Paulino d’Albuquerque, Luís Gomes, José de Ribamar Silva Sousa e Ozenir da Costa Gomes, como membros."
Pois bem: os que mais tentavam levar adiante a novel Instituição éramos o Sebastião Negreiros e eu. O Sebastião ficou com toda a papelada (algumas vias comigo) e, homem vivido, experiente em coisas e causas do tipo, ficou de registrar o Instituto no Cartório do 1º Ofício, em Imperatriz.
Assuntos de trabalho e dificuldades na saúde da mulher, entre outros óbices, levaram o velho jornalista Negreiros a ir adiando o registro e consequentes reuniões... até que, por força do ofício, teve de transferir-se para a capital maranhense, São Luís, sede do jornal para o qual há tanto tempo prestava bons serviços.
Com a transferência “ex officio”, Sebastião Negreiros e o Instituto se distanciaram e todos nós diretores e conselheiros e demais membros, levados pela vida, fomos tendo mais o que fazer. Nas décadas seguintes, tentei reativar o Instituto, falava com um, falava com outro, mas a “struglle for life” se impunha e interpunha. Como dizem os ingleses: “The greatest motivation is the struggle for life” (A motivação maior de tudo é a luta pela vida).
Continuando a faina pela reativação do Instituto Histórico, nos anos 2000, fiz contatos com os amigos e professores universitários Jaílson de Macedo Sousa (graduado em Geografia, com mestrado e doutorado nessa Ciência, falecido em 27/1/2021) e Jessé Gonçalves Cutrim (graduado em História, com mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial e em Ciências da Educação). Os dois receberam a boa-nova com entusiasmo e companheirismo. Aí vem a pandemia de covid-19, leva-nos o Jaílson e alunos, Universidade, o município e seu entorno deixam de conter e de contar com o sorridente e competente professor, mestre, doutor, autor de obras indispensáveis sobre a geografia territorial e humana de Imperatriz e região.
De longe, mantinha contato com o Jessé; depois, com o também confrade, colega e amigo professor doutor e escritor Marcos Fábio Belo Matos, à época vice-reitor da Universidade Federal do Maranhão.
Dezenas de pessoas e centenas de telefonemas mais tarde, “fechamos”, isto é, chegamos ao número de 40 membros iniciais do Instituto, até a realização da Assembleia Geral que criou o novo e recriou o velho Instituto.
Portanto, parece óbvio ou natural que um Instituto Histórico, o primeiro, não ficasse na História.
Redigi minutas de atas, editais, histórico do antigo Instituto, minibiografias de nomes sugeridos como Patronos e, é claro, o Estatuto do novo IHGI. Nesse documento, já no Artigo 1º, incluí o parágrafo 1º, cuja redação e propósito foi compreendido e aprovado sem questionamento pelos membros da Assembleia Geral de 27/3/2023: "Fica mantida a data de 23 de fevereiro de 1989 como data oficial de criação do IHGI, em homenagem aos esforços dos seus primeiros idealizadores e com o fim de preservar os registros históricos de início da Entidade”.
Pois é: o Instituto Histórico já nasceu histórico...
*
Agradeço aos poucos que não têm pejo no reconhecimento aos que investem tempo, esforço, saúde e outros recursos para iniciar e levar adiante uma causa. De sua fundação até 1989 e de sua fundação até 2023, Imperatriz teve 137 e 171 anos, respectivamente. Em nenhum desses períodos de tempo, antes de 1989 e antes de 2023, alguém procurou esforçar-se para dotar a cidade, o município, a região de uma Entidade assim, ativa e atuante, que só faz (o) bem e nenhum mal faz ao lugar onde se instala e às pessoas com as quais o território dividem.
Os outros sempre têm muitas ocupações... Mas, ainda bem, diversos desses encontram tempo no tempo contado de 24 horas para ombrearem-se e assumirem responsabilidades no erguimento, manutenção e desenvolvimento de uma Instituição.
Quando criei a Academia Imperatrizense de Letras, a Associação de Imprensa da Região Tocantina (Airt), o Sindicato dos Jornalistas e Radialistas (SindjorI; o nome oficial é Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas Jornalísticas e de Radiodifusão de Imperatriz), entre outras Entidades, o mesmo enfrentamento, antes e depois da criação: Com quem começar? Quantos vão prosseguir? Quem está a fim, mesmo, de ir adiante?
Não é fácil – nunca é; se fosse, haveria uma pletora, uma superabundância de Instituições por aí, delas cujo endereço são as axilas de um presidente ou diretor, que levam ao sovaco uma pasta contendo papeis, geralmente estatuto (às vezes, registrado), e submetem a Entidade de celulose e tinta à vileza e vilipêndio de, geralmente, políticos de maus bofes e hálito. São entidades que, por preguiça e má gestão, se tornaram mortos-vivos de aluguel, símiles de zumbis cartorários. (Quem não é ousado, é usado.)
Não é o caso do IHGI. Há (muita) vida e há (muito) talento e há (muita) vontade de, nessa jornada estelar, a Entidade ir até onde ninguém antes foi. Pesquisando, conversando, escrevendo, compartilhando, publicando, divulgando, vão sendo escritos aspectos da geografia de nossa História e vai sendo consolidada a história de nossa Geografia (territorial, humana, social...).
Para isso, e representando todos os membros do IHGI, mais de 30 professores, jornalistas, pesquisadores, diversos integrantes de antigas e tradicionais famílias imperatrizenses, enfim, um conjunto biodiverso de boas pessoas, todos que se apresentaram, nessa segunda0feira (27/5/2024), à Sociedade de que são gente e agente e estão prontos para conhecer e dar a conhecer informações sobre (quase) tudo de (quase) todos. Há muita geografia para andar e muita história para contar...
E uma nota distinta: grande parte, senão a maior parte, dos que, agora mais que antes, estão, via IHGI, comprometidos com a História e a Geografia de Imperatriz não são imperatrizenses.
Pois, como se sabe, há os que nascem em Imperatriz...
... e há os que Imperatriz nasce neles.
Parabéns a todos. Parabéns ao IHGI. Parabéns, Imperatriz.
* EDMILSON SANCHES
ILUSTRAÇÃO:
Fotos e texto compartilhados de Instagram pessoal, enviados por Luís Pereira Santiago, membro fundador do IHGI (Cadeira nº 19).
Ao melhorar a qualidade da educação pública, o governo pretende ganhar a confiança da classe média, a ponto de ela optar por colocar seus filhos em escolas públicas e gratuitas, em vez de privadas. A declaração foi feita, nesta segunda-feira (28), pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia no Palácio do Planalto, onde foram apresentados os resultados do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
De acordo com números apresentados pelo Ministério da Educação, o Brasil recuperou o desempenho de alfabetização que era observado no período pré-pandêmico, atingindo as metas estabelecidas para 2023.
O levantamento mostra que, em 2019, o percentual de estudantes alfabetizados na rede pública do país estava em 55%. Devido à pandemia, este índice caiu para 36% em 2021, mas, em 2023, retomou ao patamar anterior, chegando a 56%.
Metas
Para 2024, a meta de alfabetização almejada pelo governo é de 60% das crianças brasileiras. Este percentual sobe para 64% em 2025 e para 67% em 2026. Nos anos seguintes, as metas sobem para 71% (em 2027); 74% (2028), 77% (2029), até superar os 80% a partir de 2030.
Segundo Lula, o compromisso com essas metas não é algo muito glorioso. “Por que 80% e não 100%? Vamos ser francos. Não tem nenhum motivo de orgulho constatar que em 2019 você só tinha 55% de crianças alfabetizadas na idade certa. E que, com a pandemia, esse número caiu para 36%. E que, agora, a gente voltou para 56%. Ou seja, em 2024 voltamos para 2019. Não deixa de ser um feito extraordinário, mas pode ser melhor. Por isso estamos propondo que, até 2030, a gente chegue a, pelo menos, 80%”, disse o presidente.
“É, claro, uma coisa nobre, mas também uma coisa pequena, porque nós precisamos chegar a 100%. Não tem sentido a gente explicar para qualquer ser humano do planeta Terra que, nesse país, as crianças não são alfabetizadas quando estão na escola”, acrescentou.
Qualidade atrairá classe média
Lula lembrou que as escolas públicas tinham “qualidade extraordinária” quando eram para poucos. “Se você pegar os grandes quadros intelectuais desse país, todos são oriundos das escolas públicas. Mas, quando você universalizou o ensino e colocou [nele] todo mundo, uma parte da sociedade acabou saindo da escola pública, porque ela não tinha a qualidade exigida, e foi para escola particular. Ficou, então, a parte mais pobre da população com a escola pública”, disse o presidente.
“A gente só vai trazer a classe média de volta para educação pública no ensino fundamental quando a gente melhorar a qualidade da educação. Quando isso acontecer, as pessoas de classe média vão preferir colocar seu filho em uma boa escola pública do que na particular”, complementou.